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Relatório Supervisionado

O documento apresenta 6 tabelas que resumem os principais procedimentos cirúrgicos observados em cães e gatos durante um estágio supervisionado de clínica cirúrgica veterinária, divididos por sistema corporal. As tabelas detalham o número de procedimentos de acordo com sexo e faixa etade dos animais.
Direitos autorais
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Relatório Supervisionado

O documento apresenta 6 tabelas que resumem os principais procedimentos cirúrgicos observados em cães e gatos durante um estágio supervisionado de clínica cirúrgica veterinária, divididos por sistema corporal. As tabelas detalham o número de procedimentos de acordo com sexo e faixa etade dos animais.
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UNIFENAS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Relatório apresentado a UNIFENAS,


como parte das exigências do curso
para a obtenção do título de Médico
Veterinário.

Laila Caroline Alves Silva

Alfenas/ MG
2022/2
PÁGINA DE APROVAÇÃO

Laila Caroline Alves Silva

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

_____________________________ _________________________________
Profª. Andressa Santanna Natel Profª. MSc. Renata Marcon Z. Bruzadelli
Professor Orientador e/ou
Profº Dr.Pedro Ivo Sodré Amaral
Coordenadores de Estágio supervisionado
Medicina Veterinária - UNIFENAS

Alfenas/ MG
2022/2
Após muito empenho, dedicação e força para
concluir o estágio supervisionado dedico esse trabalho a
todos que contribuíram para tal. Foram 60 dias em um
ambiente desconhecido que me deu a oportunidade de
crescer profissionalmente e pessoalmente, conheci pessoas
que se tornaram especiais e que me abriram portas para o
conhecimento e pratica. Mais uma etapa sendo vencida e a
cada dia mais próxima do diploma em mãos, obrigada meu
Deus por tudo isso e muito obrigada família pelo apoio.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4

2 TABELAS ................................................................................................................................... 6

3 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................

3.1 Etiologia........................................................................................................................

3.2 Fisiopatogenia...............................................................................................................

3.3 Sinais clínicos e achados laboratoriais.........................................................................

3.4 TRATAMENTO...............................................................................................

3.4.1 Tratamento alopático....................................................................................

3.4.2 Tratamento cirúrgico.................................................................................................

3.4.2.1 Enxerto cutâneo.............................................................................................

4. RELATO DE CASO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6. REFERÊNCIAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Procedimentos cirúrgicos do sistema digestório observados em
Tabela 1 – cães e gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital
Veterinário Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de
setembro de 2022....................................................................................

Tabela 2 - Procedimentos cirúrgicos do sistema respiratório observados em


cães e gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital
Tabela 2 –
Veterinário Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de
setembro de 2022.............................................................................................

Tabela 3 - Procedimentos cirúrgicos do sistema urinário observados em cães e


Tabela 3 – gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário
Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro
de 2022...............................................................................................................

Tabela 4 - Procedimentos cirúrgicos do sistema reprodutor observados em


Tabela 4 – cães e gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital
Veterinário Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de
setembro de 2022.......................................................................................

Tabela 5 - Procedimentos cirúrgicos do sistema tegumentar observados em


Tabela 5 – cães e gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital
Veterinário Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de
setembro de 2022........................................................................................

Tabela 6 - Procedimentos cirúrgicos do sistema ósseo observados em cães e


gatos durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário
Tabela 6 – Carlos Prates – ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro
de 2022............................................................................................................
1 INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado em dois locais, sendo o primeiro concedido pela


Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais – ANCLIVEPA-SP
no hospital veterinário Carlos Prates, localizado na rua Bom Sucesso, nº 731, bairro
Carlos Prates, Belo Horizonte. O primeiro estágio ocorreu do dia 01/08/2022 a
30/09/2022, de segundas á sextas-feiras no período de 12:00 as 20:00, sendo 8 horas
diárias totalizando 360 horas, supervisionado pela Médica Veterinária Fabiana Augusto
Pereira – CRMV SP 28149. O segundo local de realização do estágio foi concedido
pela Universidade Prof. Edson Antônio Velano, localizada na Rodovia MG-179 km 0.
O segundo estágio ocorreu do dia 05/10/2022 a 28/10/2022, de segundas á sextas feitas
no período de 09:00 as 18:00, sendo 8 horas diárias totalizando 144 horas,
supervisionado pelo Médico Veterinário Philipi Coutinho de Souza.
Ambos os estágios foram desenvolvidos na área de clínica cirúrgica de animais
de companhia, a escolha do primeiro local foi feito baseada nas indicações de
professores e colegas, sendo uma das principais características o alto fluxo na rotina
clínica e cirúrgica de pequenos animais por se tratar de um hospital de baixo custo
visando o atendimento para população de baixa renda situado em uma capital, a escolha
também foi feita pensado na abertura de futuras portas para meu caminho profissional,
sendo a Anclivepa referência em hospitais e pós-graduação de pequenos animais. Já a
escolha do segundo local se deu pelo vinculo já criado com a Universidade, sendo uma
ótima oportunidade de passar os últimos dias da graduação aprendendo mais ainda com
excelentes professores e colegas de Alfenas.
Durante todo o período do estágio foram desenvolvidas diversas atividades
clínicas e cirúrgicas, sendo a segunda o foco maior de ambos os locais, dentre elas o
acompanhamento de procedimentos cirúrgicos desde casos de rotina até casos de maior
complexidade como ovariossalpingo-histerectomia (OSH) eletiva e terapêutica,
orquiectomia, nodulectomia, cesariana, desobstrução uretral, mastectomia, enucleação,
correção de fraturas/luxações, amputação, cistotomia, penectomia, uretrotomia,
uretrostomia, esplenectomia, enxerto cutâneo, entre outros procedimentos. Mesmo sem
ser o foco principal pude acompanhar alguns casos da clinica médica, exames de
imagem e laboratoriais e procedimentos anestésicos. Todas as atividades realizadas
durante o estágio serão apresentadas neste relatório em forma de tabelas.
2 TABELAS

Tabela 1- Procedimentos cirúrgicos do sistema digestório observados em cães e gatos


durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.
Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal
M1 F2 <1 1a3 >3
Enterectomia 2 - - 1 1 2
Enterotomia 3 - - 2 1 3
Gastrotomia 1 - - 1 - 1
Esplenectomia 2 2 1 - 3 4
Esofagotomia 2 - - 1 1 2
Tartarectomia 1 - - - 1 1
TOTAL 11 2 1 5 7 13

1 2
masculino; feminino

Tabela 2- Procedimentos cirúrgicos do sistema respiratório observados em cães e gatos


durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.
Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal
M1 F2 <1 1a3 >3
Estafilectomia 1 - 1 - - 1
Traqueostomia - 1 - - 1 1
Toracostomia 1 - - 1 - 1
TOTAL 1 1 1 1 1 3

1 2
masculino; feminino

Tabela 3- Procedimentos cirúrgicos do sistema urinário observados em cães e gatos


durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.
Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal
M1 F2 <1 1a3 >3
Cistotomia 4 2 - 2 4 6
Uretrotomia 2 - - 1 1 2
Uretrostomia 3 - - - 3 3
Sondagem uretral 8 1 - 4 5 9

TOTAL 17 3 - 7 13 20

1 2
masculino; feminino

Tabela 4- Procedimentos cirúrgicos do sistema reprodutor observados em cães e gatos


durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.
Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal
M1 F2 <1 1a3 >3
OSH eletiva - 10 - 1 9 10
OSH terapêutica - 12 1 2 9 12
Orquiectomia 4 - 1 3 - 4
Cesariana - 4 - 2 2 4
Mastectomia - 6 - - 6 6
Episioplastia - 1 - - 1 1
TOTAL 4 33 2 8 27 37

1 2
masculino; feminino

Tabela 5- Procedimentos cirúrgicos do sistema tegumentar observados em cães e gatos


durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.
Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal
M1 F2 <1 1a3 >3
Sutura 3 - - 2 1 3
Nodulectomia 2 2 - - 4 4
Enxerto cutâneo 1 - - - 1 1
TOTAL 6 2 - 6 8

1 2
masculino; feminino
Tabela 6- Procedimentos cirúrgicos do sistema ósseo observados em cães e gatos
durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário Carlos Prates –
ANCLIVEPA, no período de 01 de agosto a 30 de setembro de 2022.

Procedimento Sexo Idade (anos) Subtotal


M1 F2 <1 1a3 >3
Fenda ventral 1 1 - 1 1 2
Sutura íleo-femoral - 1 1 - - 1
Trocleoplastia - 1 - 1 - 1
Sulcoplastia troclear - 1 1 - - 1
Osteossíntese 1 2 2 1 - 2
TOTAL 2 6 4 3 1 7

1 2
masculino; feminino
3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Etiologia

Os sarcomas de tecidos moles são um grupo de neoplasias com características


histológicas e comportamento similares de origem mesenquimal (SILVEIRA et al,
2011). Eles podem ter origem a partir do ectoderma primitivo ou mesoderma
embrionário, podendo se desenvolver em músculos, tendões, ligamentos, cápsulas
articulares, fáscias, nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Os STM incluem uma ampla
variedade de tipos histológicos, como fibrossarcoma, tumor de bainha de nervo
periférico, mixossarcoma, lipossarcoma, leiomiossarcoma, rabdomiossarcoma,
hemangiopericitoma, histiocitoma fibroso maligno e sarcoma indiferenciado
(CAVALCANTI, 2019).
Na maioria dos casos sua etiologia é desconhecida, mas pode estar relacionada a
alguns fatores como, trauma, vacinação, materiais estranhos ou injeções principalmente
em gatos, há alguns casos isolados da ocorrência do STM relacionado a lesões prévias e
infecções parasitarias por Spirocera lupi (CASTRO; CAMPOS; MATERA, 2019). Cães
e gatos podem ser acometidos, sendo a maioria dos casos o desenvolvimento em cães de
médio e grande porte, porém, não há nenhuma predisposição racial ou de gênero
aparente. Podem ser acometidos cães de qualquer idade, sendo a maioria de meia idade
ou idosos, sendo a médio no momento do diagnóstico entre 10 e 11 anos
(CAVALCANTI, 2019).

3.2 Fisiopatogenia

Os STM são massas aderidas aos tecidos adjacentes, envolta por uma
pseudocápsula composta por tecido conjuntivo peritumoral, onde 60% dos casos
ocorrem nos membros de cães, seguido pelo tronco (35%) e cabeça (5%). Tendem a não
serem doloridos, exceto nos casos que comprime inervações (SILVEIRA et al, 2011).
Esses tumores normalmente apresentam crescimento lento, mais em alguns
casos podem ter um crescimento rápido em conjunto com hemorragia intratumoral e
necrose. Com o crescimento do tumor o tecido normal se atrofia e se torna cumprido
formando uma cápsula fibrosa e espessa (peseudocápsula) ao redor do tumor, porém,
essa cápsula não é um limite para o crescimento do tumor, lesões de alto grau
geralmente crescem mais rápido levando a ruptura da cápsula e infiltração ao redor do
tumor. Essa área além da pseudocápsula é denominada zona reativa e serve como
importante ponto de atividade neoplásica (CAVALCANTI, 2019).
O potencial metastático do STM é pouco descrito, geralmente assume-se um
baixo a moderado potencial metastático, quando ocorrem, preferencialmente são em
pulmões, sendo rara as metástases para linfonodos regionais (CAVALCANTI, 2019).

3.3 Sinais clínicos e achados laboratoriais

Os sinais clínicos variam conforme a localização anatômica do tumor. O


principal achado é uma massa palpável em torno de um nervo periférico, acompanhada
de dor ou não, e perda de função motora local. Quando a localização é dada em membro
ocorre a claudicação do membro afetado (GHENO, 2021). A claudicação pode ser
crônica e progressiva em membros torácicos, porém pode começar, em raros casos, com
quadros agudos (COSTA, 2016). Podem ser observados outros sinais como atrofia
muscular, redução do tônus muscular e redução dos reflexos flexor e de retirada
(GHENO, 2021).
Não apresentam alterações laboratoriais evidentes em hemograma e exames
bioquímicos. No entanto, quando secundários a linfomas podem ser observada
hipercalcemia (COSTA, 2016).

3.4 TRATAMENTO

3.4.1. Tratamento alopático

A radioterapia associada à cirurgia parece resultar em adequado controle de


recidiva local, e pode ser considerada como uma alternativa à cirurgia quando a exérese
ampla com margens não é possível (CASTRO; CAMPOS; MATERA, 2019). A
radioterapia mostra-se ineficiente, entretanto, como única modalidade de tratamento, na
tentativa de controle ou redução dos STM (CAVALCANTI, 2019).
O papel da quimioterapia no tratamento de cães com STM ainda não está bem
definido, parece ter maior benefício em melhorar o controle local do que o sistêmico,
terão algumas situações onde a quimioterapia terá indicação (CASTRO; CAMPOS;
MATERA, 2019). Atualmente, a quimioterapia sistêmica adjuvante para o STM é
utilizada apenas para tumores de alto grau ou de tipos histológicos específicos
(CAVALCANTI, 2019).
A eletroquimioterapia (EQT) vem ganhando importância e demonstrando bons
resultados no tratamento local de tumores sólidos, principalmente nos casos em que a
excisão cirúrgica com margens não é possível, ela tem a finalidade de aumentar a
absorção do fármaco antineoplásico pelas células tumorais através dos pulsos elétricos.
Pesquisas avaliaram a utilização da EQT no leito cirúrgico concomitantemente á
ressecção cirúrgica sem margens de segurança em cães com STM em membros, em
mais de 90% dos cães o protocolo promoveu remissão completa com intervalo livre da
doença de 730 dias (CAVALCANTI, 2019).

3.4.2. Tratamento cirúrgico

A cirurgia representa o tratamento de melhor escolha para os STM, sendo a


remoção da massa na maioria dos casos (STM de grau I) resolutiva dispensando
tratamentos adicionais (CAVALCANTI, 2019). Um dos princípios fundamentais da
oncologia cirúrgica é a completa excisão em bloco (DERNELL et al., 1998;
EHRHART, 2005). Alguns autores relatam margens mínimas de 2 a 3 cm de tecido
normal ao redor do tumor e um plano limpo facial profundo, outros recomendam uma
abordagem mais agressiva, indicando a ressecção do tumor com até 5 cm ao seu redor e
até dois planos teciduais de profundidade (CAVALCANTI, 2019).
Em alguns casos de acometimento do STM em membro pode ser necessário a
ressecção radical envolvendo procedimentos mutilantes como a amputação. Esse
procedimento é viável uma vez que o paciente acometido é jovem e não tem a
possibilidade de obter margem cirúrgica adequada e também quando não há outras
opções adjuvantes disponíveis: radioterapia, quimio ou eletroquimioterapia,
(CAVALCANTI, 2019).
Em casos onde há a possibilidade da exérese da massa com margem cirúrgica
adequada podem assumir um caráter extenso e complexo, com a necessidade de técnicas
reconstrutivas, e em casos de excisão incompleta do tumor deve-se considerar uma
terapia adjuvante adicional uma vez que esses animais apresentam mais chances de
recidiva local (CAVALCANTI, 2019). O termo cirurgia reconstrutiva, refere-se a
utilização de técnicas de reconstrução tecidual, como flaps, e enxertos na correção de
defeitos de pele traumáticos quando fechamento primário não é possível devido ao
excesso de tensão tecidual (FOSSUM 2014).
3.4.2.1 Enxertos cutâneos

Enxertos cutâneos são segmentos livres de pele e epiderme que são transferidos
para um leito receptor distante. Os enxertos podem ser de espessura total (epiderme e
toda derme) ou parcial (epiderme e uma porção da derme). Eles serão usados quando
não for possível a reconstrução de defeitos por justaposição direta nem por retalhos de
pele, sendo a maioria em membros e tronco (FOSSUM 2014), seja em decorrência de
traumas, queimaduras ou por ressecção de neoplasias (OLIVEIRA 2012).
Enxertos coletados do mesmo animal denominados aloenxertos são mais uteis
enquanto outras opções como enxertos da mesma espécie ou de espécies diferentes
denominados aloenxertos e xenoenxertos respectivamente acabam sendo rejeitados,
porém, podem ser uteis quando usados temporariamente para cobrir ou proteger grandes
áreas queimadas ou desnudas (FOSSUM 2014). Há também uma quarta opção descrita
que caracteriza o enxerto entre gêmeos idênticos denominado isoenxerto (SCHEFFER
et al, 2013)
A cicatrização bem sucedida do enxerto dependerá da vascularização e
drenagem adequadas que deverá ocorrer entre o sétimo e oitavo dia de pós-operatório
(FOSSUM 2014). O leito receptor deve conter tecido de granulação saudável (não
exuberante), adequada vasculatura, deve estar limpo e sem infecção (SCHEFFER et al,
2013). Locais adequados para suportarem um enxerto podem ser, músculo saudável,
periósteo e peritendão podem suportar um enxerto cutâneo, já locais como ossos,
cartilagens, tendões e nervos sem o seu tecido conjuntivo sobrejacente não toleram
enxertos (FOSSUM 2014). O momento em que ocorre a anastomose entre os vasos do
enxerto e os vasos do local enxertado é chamado inosculação, isso ocorre em até 22
horas após a colocação do enxerto (SLATTER 2007).
O contato adequado entre o enxerto e o leito receptor é essencial para aderência
e viabilidade do enxerto, para isso o local receptor precisa estar livre de resíduos e
irregularidades, ser imobilizado utilizando suturas e ataduras para minimizar o seu
movimento sobre a ferida facilitando a adesão (FOSSUM 2014). As bandagens auxiliam
também na absorção de líquidos e proteção contra traumatismos. Devem ser mantidas
por no mínimo 2 a 3 semanas, variando de trocas diárias a trocas a cada 2 a 4 dias
(SCHEFFER et al, 2013), o acúmulo de líquido dentro ou abaixo do enxerto e
movimentação impedem que se desenvolvam boas conexões vasculares entre o enxerto
e o leito receptor (FOSSUM 2014).
4. RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário Carlos Prates – ANCLIVEPA unidade


Belo Horizonte, um paciente canino, SRD, 14 anos de idade, pesando 8,8kg, não
castrado, apresentando um nódulo de consistência firme, de aproximadamente 6cm, não
ulcerado em região radioulnar em membro torácico esquerdo. O tutor relatou que a
massa apareceu a alguns meses sem saber dizer ao certo e que estava apresentando
crescimento acelerado nos últimos dias, sem outras alterações significativas no animal.
Na avaliação clínica do paciente, o mesmo não apresentou nenhum sinal de dor
ou sensibilidade a palpação da massa, não foi relatado pelo tutor e nem observado no
exame claudicação, na avaliação neurológica o animal possuía sensibilidade a dor
superficial e profunda do membro. O paciente estava em estado de alerta e todos os
outros parâmetros clínicos estavam dentro da normalidade. Foi solicitado pelo médico
veterinário responsável exames laboratoriais e citologia aspirativa por agulha fina da
lesão, no hemograma não havia alterações e no bioquímico notou-se uma elevação de
alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA). A citologia mostrou resultado
sugestivo para tumor de bainha de nervo periférico. Diante do quadro geral do paciente
e avaliação minuciosa pela clínica médica, cirúrgica e anestesiologista optou-se pela
retirada da massa através de uma nodulectomia.
O animal foi encaminhado para a cirurgia para a excisão da massa neoplásica,
em primeiro momento com o animal já no centro cirúrgico foi avaliado pelo anestesista
todos os parâmetros basais e feito uma pré-oxigenação e medicação pré-anestésica
(MPA), foi utilizado a associação de metadona 0,3 mg/Kg/IM e cetamina 1 mg/Kg/IM a
qual foi suficiente para tranquilização do paciente seguida de canulação venosa da veia
cefálica com cateter 22G prosseguindo com a indução anestésica. Foi utilizado para
indução fentanil 2,5 mcg/Kg/IV, propofol 3 mg/Kg/IV e midazolam 0,3 mg/Kg/IV,
seguida de intubação orotraqueal com tubo 6,5mm. A manutenção foi feita com
isoflurano em circuito semi-aberto e foi realizado bloqueio local do plexo braquial com
bupivocaína 2mg/Kg. Durante o transanestésico foi realizado meloxicam 0,1 mg/Kg/SC
e amoxilina 20 mg/Kg/SC, no pós-operatório foi feito dipirona 25 mg/Kg/SC e tramadol
5 mg/Kg/SC.
Foi feita tricotomia ampla e antissepsia do local (Figuras 1 e 2) e realizada a
incisão em torno da neoplasia, buscando-se a realização da ressecção do tumor em
profundidade, retirando-se as fáscias musculares com margem cirúrgica de
aproximadamente 3cm (Figura 3) e realizou-se ligadura de vasos com caprofyl 3-0.
1 2 3

Figuras 1 e 2: lesão distal de radio e ulna envolvendo ossos do carpo; Figura 3: ressecção da massa;

Diante ao tamanho da massa era uma grande probabilidade a realização do


autoexerto cutâneo para a síntese da ferida cirúrgica após remoção da neoplasia. O local
de escolha como leito doador foi a região do flanco esquerdo, foi realizada tricotomia
ampla e antissepssia do local de coleta de acordo com a marcação do tamanho do leito
receptor com auxilio de gaze (Figuras 3 e 4). Após a coleta do enxerto (Figura 5), o
defeito foi fechado em elipse, redução do espaço morto com Caprofyl 2-0, redução do
subcutâneo com padrão Cushing e Caprofyl 2-0 e dermorrafia com padrão simples
separado e Nylon 3-0.

3 4 5

Figuras 3: marcação do tamanho do leito doador; Figura 4: tricotomia do leito doador; Figura 5:
coleta do enxerto;

O enxerto foi preparado com a retirada do tecido adiposo e subcutâneo com o


auxílio de uma lâmina de bisturi e, em seguida realização de fenestras com incisões
paralelas com distancia de aproximadamente 5mm uma da outra para confecção de
enxerto em malha (Figuras 6 e 7).
6 7

Figura 6: tecido subcutâneo e adiposo do enxerto que foi retirado; Figura 7: fenestras
realizadas no enxerto para confecção em malha;

O enxerto foi implantado no leito receptor e ajustado (Figuras 8 e 9), sendo


suturado com padrão de sutura simples interrompido com fio nylon 4-0 (Figura 10).
Após o termino da implantação do enxerto foi realizado a limpeza com solução
fisiológica estéril e colocado gazes embebidas em gel de contato visando evitar
aderência e duas camadas de bandagem visando a absorção e proteção. No pós-
operatório foi prescrito amoxicilina 20mg/Kg/BID por 10 dias, dipirona 25mg/Kg/BID
por 5 dias, meloxicam 0,1mg/Kg/SID por 3 dias e tramadol 4mg/Kg/TID por 5 dias.

8 9 10
0

Figura 8 e 9: implantação do enxerto no leito receptor; Figura 7: sutura do enxerto no leito receptor;

Paciente retornou para primeira troca de curativo no 2º dia pós-operatório,


enxerto com bom aspecto, coloração rosada e sem áreas de necrose (Figura 11), foi
utilizado solução fisiológica para limpeza e feito novo curativo com gazes embebecidas
em gel e nova bandagem. O paciente retornou para a segunda troca de curativo após 5
dias do procedimento (Figura 12) e o enxerto estava bem coaptado, sem secreção, sem
inflamação, foi iniciado tratamento tópico do enxerto com sulfadiazina de prata. Após 9
dias de pós-operatório o paciente retornou e foi realizado mais uma troca de curativo
onde o enxerto apresentava-se com a presença de um exsudato característico de
inflamação (Figura 13), porém, sem áreas de necrose, foi continuado o tratamento
tópico com sulfadiazina de prata. Com 14 dias de pós-operatório, foi feita a retirada dos
pontos (Figura 14) e com 21 dias foi observada a completa cicatrização das bordas do
enxerto (Figura 15).

11 12

Figura 12: 2 dias de pós-operatório; Figura 12: 5 dias de pós-operatório;


.

13 14 15

Figura 13: 9 dias de pós-operatório; Figura 14: 14 dias de pós-operatório; Figura 15: 21
dias de pós-operatório;
O exame histopatológico foi sugestivo de sarcomas de tecido mole, para esse
tipo de neoplasia é necessário a realização de imuno-histoquimica para diagnostico
definitivo. Após 4 meses do procedimento animal segue saudável sem indícios de
recidiva.

TERMO DE CONCENTIMENTO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Técnicas cirúrgicas avançadas no tratamento de neoplasias vêm sendo


rotineiramente estudadas e empregadas na Medicina Veterinária, visando diminuir
técnicas radicais como amputações de membros. As cirurgias reconstrutivas, desde as
mais complexas até as mais simples quando bem empregadas seguindo um bom
planejamento juntamente com conhecimento adequado do profissional estão se tornando
cada vez mais uteis gerando bom resultado estético e funcional quando em função de
cicatrização e de diminuição de infecções.

6. REFERÊNCIAS

CASTRO, Patrícia Ferreira de; CAMPOS, Andressa Gianotti; MATERA, Julia Maria.
Sarcoma de tecidos moles em cães: a ressecção cirúrgica cura?. Revista de Educação
Continuada Em Medicina Veterinária e Zootecnia do Crmv-sp. São Paulo, v.17, n.2, p.
48-54, Ago/Ago. 2019.

CAVALCANTI, Ellen Bethânia de Oliveira. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA,


HISTOPATOLÓGICA E MORFOMÉTRICA DOS SARCOMAS DE TECIDOS
MOLES EM CÃES E IMPACTO NO PROGNÓSTICO. 2019. 52f. Dissertação -
UNIVERSIDADE VILA VELHA, Vila Velha, 2019.

DENNIS, M. M. et al. Prognostic factors for cutaneous and subcutaneous soft tissue
sarcomas in dogs. Veterinary Pathology, v. 48, n. 1, p. 73–84, 2011. Disponível em: .
Acesso em: 12 abr. 2015.
DERNELL, W. S. et al. Principles of treatment for soft tissue sarcoma. Clinical
Techniques in Small Animal Practice, v. 13, n. 1, p. 59–64, 1998. Disponível em: .
Acesso em: 12 abr. 2015.

FOSSUM, Theresa Welch. Cirurgia de Pequenos Animais. 4 ed. Rio de Janeiro:


Mundnial, 2014.

GHENO, Brenda Picoli. SARCOMA DE TECIDOS MOLES EM CANINOS:


RELATOS DE CASOS. 2021. 34f. Monografia - UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA CATARINA, Curitibianos, 2021.

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