CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS FUNCIONAIS
Cada grupo funcional apresenta certas reações características, daí as mesmas
serem utilizadas como reações de identificação. Estas reações são testes
qualitativos que permitem caracterizar uma determinada funcionalidade observando-
se uma transformação química através de mudanças físicas provocadas por uma
reação. Algumas dessas mudanças não são fáceis de serem observadas, mas úteis
num determinado instante particular. Com restrições adicionais, os testes de análise
funcional devem ser realizados à pressão atmosférica e num intervalo de tempo
relativamente pequeno.
A partir da evidência experimental acumulada, deduz-se o grupo funcional, ou os
grupos funcionais, que provavelmente estão presentes na amostra desconhecida, e
realizam-se os ensaios por meio de reagentes apropriados à classificação.
Listados abaixo encontramos os mais importantes testes de análise funcional,
organizados por classes funcionais, inclusive com as instruções para o respectivo
emprego.
ALQUENOS E ALQUINOS
A ligação múltipla é o grupo funcional reativo em alquenos e alquinos devido à
pronta disponibilidade dos elétrons, podendo sofrer uma série de reações químicas
incomuns em outras classes de substâncias orgânicas. Usualmente, os testes de
insaturação mais utilizados para determinar a presença de uma ligação múltipla em
amostras orgânicas são os testes de adição de bromo e oxidação com
permanganato (teste de Bayer).
HALOGENETOS DE ALQUILA
Os testes químicos de identificação de halogenetos de alquila tanto servem
para evidenciar a presença de halogênio (cloro, bromo ou iodo) como para decidir se
a amostra em questão é um halogeneto primário, secundário ou terciário. Os dois
testes mais empregados são: a reação com solução alcoólica de nitrato de prata e a
reação com solução de iodeto de sódio em acetona.
FENÓIS
Os fenóis têm características ácidas. Os valores de pKa variam muito com a
natureza dos substituintes. Os principais testes de identificação de fenóis produzem
cor. São os testes com hidróxido de sódio e com cloreto férrico.
ÁLCOOIS
A identificação dos álcoois primários e secundários é feita com o teste de
Jones e com o teste de Lucas.
ALDEÍDOS E CETONAS
TESTE COM 2,4-DINITROFENILIDRAZINA - Os aldeídos e cetonas reagem com a
2,4-dinitrofenilidrazina em meio ácido para dar 2,4-dinitrofenilidrazonas, usualmente
como um precipitado de coloração amarelo-avermelhada. O produto tem, na maior
parte dos casos, um ponto de fusão definido, o que permite caracterizar o aldeído ou
cetona original.
ENSAIO DE TOLLENS - Este ensaio permite a distinção entre aldeídos e cetonas. A
oxidação do aldeído pelo reagente de Tollens fornece um precipitado de prata
elementar que aparece como um espelho nas paredes do tubo de ensaio. As
cetonas não reagem.
TESTE DO IODOFÓRMIO - Este ensaio é positivo com amostras que contêm os
grupos CH3CO-, ou CH2ICO-, ou CHI2CO-, ligados a um átomo de hidrogênio ou
um átomo de carbono que não tem hidrogênios muito ativos, ou grupos que
contribuem com um grau excessivo de impedimento estéreo. O ensaio permite a
distinção entre cetonas (RCOR) e metilcetonas (RCOCH3). As substâncias que
contêm um dos grupos mencionados não darão iodofórmio se o grupo for destruído
pela ação hidrolítica do reagente, antes da iodação se completar.
TESTE DE FEHLING OU BENEDICT - Os reagentes de Fehling e de Benedict são
usados para promover a oxidação seletiva dos aldeídos, especialmente em
carboidratos. Estes reagentes contêm o íon cúprico (Cu+2) em solução básica,
complexado com o ânion do ácido tartárico (Fehling) ou do ácido cítrico (Benedict).
Ao oxidar-se o aldeído para formar um ácido carboxílico, o complexo azul de Cu+2 é
reduzido a íon cuproso (Cu+), que na solução básica, forma um precipitado marrom-
avermelhado de Cu2O.
ÁCIDO CARBOXÍLICO
TESTE DO pH - Os ácidos carboxílicos são geralmente caracterizados pela sua
capacidade de ionizar e reagir com bases. Os ácidos carboxílicos são solúveis em
solução aquosa de bicarbonato de sódio a 5%, com evolução de dióxido de carbono,
e em solução aquosa de hidróxido de sódio a 5%. Os ácidos carboxílicos solúveis
em água ionizam-se, dando pH menor que 7.
ÉSTERES
TESTE COM CLORETO DE HIDROLIXAMÔNIO - Os ésteres de ácidos carboxílicos
são normalmente caracterizados pela reação com hidroxilamina e cloreto férrico. O
éster reage com cloreto de hidroxilamônio (cloridrato de hidroxilamina), em meio
básico, para dar o sal do ácido hidroxâmico. Este se converte, em meio ácido, em
ácido hidroxâmico, que por sua vez, reage com cloreto férrico, produzindo um
complexo de coloração violácea. A cor varia em intensidade, dependendo do éster.
NITROCOMPOSTOS
TESTE COM SULFATO FERROSO AMONIACAL (para substâncias mononitradas)
– As substâncias orgânicas que possuem grupos oxidantes são capazes de oxidar
hidróxido ferroso (azul) a hidróxido férrico (marrom). A reação ocorre principalmente
com compostos alifáticos ou aromáticos mononitrados, que são reduzidos a aminas.
Compostos nitrosos, hidroxilaminas, nitratos de alquila, alquilnitrilas e quinonas
também costumam oxidar o hidróxido ferroso.
AMINAS
TESTE DE pH EM SOLUÇÕES AQUOSAS - Aminas são substâncias com caráter
básico, isto é, interagem com água para produzir íons hidróxido. O pH da solução
resultante normalmente é maior do que 7.
TESTE DO ÁCIDO NITROSO - As aminas primárias alifáticas ou aromáticas reagem
com ácido nitroso para formar íons diazônio. Os sais de diazônio alifáticos são muito
pouco estáveis e se decompõem com produção de nitrogênio, álcool e olefinas, além
de outros produtos derivados de reações de acoplamento e de reações via
carbocátion. Os sais de diazônio aromáticos são estáveis a temperatura baixa (0 a 5
C) e reagem com fenóis e naftóis, com produção de corantes.
TESTE COM p-N,N-DIMETILAMINOBENZALDEÍDO - Este teste aplica-se
exclusivamente a aminas primárias aromáticas e baseia-se na reação destas aminas
com o p-N,Ndimetilaminobenzaldeído em meio ácido com produção de iminas. Estas
iminas são conhecidas como bases de Schiff e possuem coloração laranja
avermelhada intensa.