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CAPÍTULO 10 - Pistola Glock

O documento descreve as características e especificações técnicas da pistola Glock. Detalha o desenvolvimento da pistola pela empresa Glock e sua adoção por exércitos e policiais. Explica as diferenças entre os modelos Glock 17, 17T e 17P usados para treinamento, instrução e porte.

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CAPÍTULO 10 - Pistola Glock

O documento descreve as características e especificações técnicas da pistola Glock. Detalha o desenvolvimento da pistola pela empresa Glock e sua adoção por exércitos e policiais. Explica as diferenças entre os modelos Glock 17, 17T e 17P usados para treinamento, instrução e porte.

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CAPÍTULO 10: PISTOLA GLOCK1

“De pouco valem as


armas do lado de fora, se
não há prudência dentro
de casa.”
Cícero

10.1 INTRODUÇÃO
A empresa Glock, desde sua fundação, em 1963, na cidade de
Deutsch-Wagram/Áustria, teve suas atividades voltadas ao ramo da metalurgia
e equipamentos em plástico, fabricando desde maçanetas até coldres, facas e
pás para acampamento.
Em 1980, diante da notícia de que o Exército Austríaco buscava
substituir a pistola Walter P-38 por uma arma mais robusta e de fácil
manutenção, o engenheiro austríaco Gaston Glock desenvolveu e lançou, em
pouco mais de seis meses, a pistola que batizou como Glock 17 (porque seria
a décima sétima patente da empresa Glock).
A Glock concorreu com pistolas fabricadas pela Heckler & Koch, Sig
Sauer, Beretta, FN Herstal e Steyer. Com seu sistema inovador de segurança
chamado safe action, que eliminou travas manuais e externas da arma sem
comprometimento da segurança, em apenas dois anos depois do seu
lançamento o Exército Austríaco adotou a pistola Glock como arma
institucional, após submeter a Glock 17 (chamada a mãe das Glocks) a testes
severos, ocasião em que houve apenas uma falha durante as 5 horas de
testes, nas quais foram disparados 10.000 tiros, por diversos atiradores.
Em 1990, após cinco anos da instalação da fábrica nos Estados
Unidos, a pistola Glock já era a arma curta adotada pela maioria das polícias e
forças especiais americanas.

1 Fontes de pesquisa: www.glock.com; Revista Businesswek, set/2009; www.thedailybeast.com,


jan/2012; www.world.guns.ru; www.mundodasmarcas.blogspost.com.br, fev/2012;
www.desciclopedia.ws. www.glocktalk.com; SWEENEY, Patrick. The gun digest book of the Glock, 2° Ed.
Iola, Krausr Publicationes.
No Brasil, a Polícia Federal, em 2005, nos modelos G17, G19 e G26,
todas no calibre 9mm, adotou a pistola Glock como arma institucional,
realizando uma aquisição de 12.000 unidades.

10.2 PRINCIPAIS DADOS TÉCNICOS2

Calibre 9x19mm
Ação Segura (modo ação dupla constante*)
Peso do gatilho 2,5Kg
Curso do gatilho 12,5mm
Sistema de mira Fixo com pontos em tritium
Travas 03 (três) proteções internas
Comprimento total 186mm 174mm 160mm
Comprimento do
114mm 102mm 88mm
cano
Altura 138mm 127mm 106mm
Peso sem carregador 625g 586g 560g
Peso com carregador
905g 841g 740g
cheio
Capacidade do
17 15 10
carregador

O modo ação dupla constante*, da forma como descrito no manual


pode trazer aparente e inicial confusão, vez que alguns se referem ao
funcionamento da Glock como sistema misto, assim considerado pela
singularidade de seu funcionamento.
Esta questão foi posta, na falta de literatura específica, a profissional 3
especializado, que esclareceu ser fundamental fazer distinção entre o

2 Manual de Armeiro Glock. Glock América, 2008


funcionamento do percussor (firing pin) e o funcionamento do mecanismo da
arma, de forma que:
Funcionamento do percussor (firing pin): a pistola Glock possui
um funcionamento do percussor misto, tendo em vista que é necessária uma
manobra manual inicial do ferrolho para que o gatilho consiga capturar o
percussor em estado de repouso. Uma vez manobrado o ferrolho (com a arma
carregada) o gatilho passa a conseguir capturar o percussor e prepará-lo para
o próximo disparo, posicionando a meio curso do desarme.

Ação dupla pura – o Ação dupla constante – o Ação simples – o percussor,


percussor é capturado, percussor, já capturado, é já capturado e armado é
armado e desarmado com armado e desarmado com apenas desarmado com a
a puxada do gatilho. Ex.: a puxada do gatilho. Ex.: puxada do gatilho. Ex.:
Taurus 24/7 Glock Taurus 24/7 Pro

Funcionamento do mecanismo: a ação dupla constante é aquela


em que é necessária a execução de um mesmo movimento para possibilitar o
disparo, ou seja, puxar o gatilho, que estará na mesma condição sempre que
pronto para o disparo, havendo o engaste do percussor, que é posicionado já a
meio curso.

Posição de “pronto” do gatilho da Glock,


“armado” de forma igual para todos os
disparos.
10.3 C
A
RACTERÍSTICAS
É um novo conceito de pistola sem travas externas de segurança, o
que proporciona rapidez na sua utilização, porém sem o comprometimento da

3 Aderson Alves Simião Júnior é armeiro credenciado pela Polícia Federal, inventor de dispositivo
amortecedor de impactos para pistolas e especializado em customização de armas curtas para
competição.
segurança. Também foi inovadora por possuir pequeno número de peças,
facilitando e agilizando a manutenção.
Foram realizados testes de disparos em condições extremas de frio e
calor, excesso de óleo, sem nenhuma lubrificação, submersa na água do mar,
lama e areia e com diversos tipos de munição, tendo a Glock obtido um
excelente desempenho.
Antes do desenvolvimento das características, cumpre registrar que,
além das pistolas adquiridas para os policiais portarem diuturnamente, foram
adquiridas, para fins de formação profissional, pistolas nos modelos G17 T e
G17 P, ambas com mesmo tamanho da G17.

As pistolas Glock 17 T (com armação azul) embora tenham capacidade


de realizar disparos reais, somente o fazem com munições específicas do tipo
Simunition, que se destinam ao treinamento alternativo, com a utilização de
equipamentos de proteção adequados.
As munições Simunition, em calibre compatível com o 9x19mm,
possuem uma espécie de tinta marcadora, possibilitando a realização de
treinamentos com situações bem aproximadas àquelas reais, com alcance
aproximado de 10m. Abaixo duas fotos de disparo com a Glock 17 T,
demonstrando o instante em que o projétil de tinta é expulso da arma pela
queima da pólvora e, a seguir, o momento no qual o alvo é atingido pelo
proj
étil,
que
frag
men
ta-se com o impacto.
Já as pistolas Glock 17 P (com armação vermelha) são absolutamente
inertes e utilizadas unicamente para instrução, garantindo a total segurança na
linha de tiro, especialmente naquelas formadas por alunos com pouca ou
nenhuma experiência com armas de fogo.
Evidentemente que, como possuem funções diferentes, as pistolas
pretas, azuis e vermelhas não diferem somente na cor. Foram feitas
modificações no mecanismo de cada um dos modelos citados para adequação
do sistema de funcionamento a cada tipo de finalidade.
As peças que diferem nas pistolas de treinamento, instrução e porte
ordinário são as seguintes:

10.3.1 Cano
O cano na Glock 17 P (vermelha) possui orifícios transversais, como
forma de demonstrar ao público instruendo que a arma não é capaz de efetuar
disparos. Também, a boca do cano é fechada, sem a mínima possibilidade de
expulsão de projétil. O cano da Glock 17 T (azul) é oco e raiado, possui
trajetória retilínea não centralizada no eixo do cano, mas localizada na parte
superior do mesmo;

10.3.2 Bloco de travamento do cano


Esta peça na Glock 17 T é mais alongada e dotada de trilhos e,
evidentemente, é feita de um material menos resistente, já que a energia de um
projétil simunition é bem menor que a de um projétil letal. Na verdade, o bloco
de travamento da Glock 17 T não tranca o movimento do cano, apenas o
mantém posicionado no lugar adequado para a execução do disparo. O cano
na Glock 17 T trabalha fixo, não havendo o movimento de curto recuo, motivo
pelo qual, também não há entalhe na parte externa da câmara de explosão;
10.3.3 Percussor
O percussor da Glock 17 P não é pontiagudo, assim não há como
percutir a espoleta, mesmo porque o alojamento do percussor não possui
abertura frontal que permita a saída da ponta do percussor, ainda que se tente
instalar um percussor pontiagudo. Já o percussor da Glock G17 T possui ponta
para percutir a espoleta. Entretanto, a ponta não está centralizada na
extremidade do percussor, mas localizada na proximidade da borda, na parte
de baixo (como se fosse disparar uma espoleta de fogo circular).

Percussor da G17P Percussor da G17T

Com relação ao percussor é interessante registrar que a Glock tem


como opcional (não foi adquirido pelo DPF) um retém da mola do percussor
com sulcos externos, que facilitam o funcionamento da Glock imersa n’água. A
utilização do retém normal não impede o funcionamento da arma em disparos
submersos, mas o retém chamado “marítimo” possibilita um funcionamento
ainda melhor nestas condições. Ainda que não tenha fornecido uma
justificativa, a Glock somente recomenda a utilização do retém “marítimo” da
mola do percussor na Glock no calibre 9x19mm.

Retém da mola Retém da mola


do percussor do percussor
normal. marítimo.

10.3.4 Rampa de alimentação


As rampas de alimentação das pistolas G17 e G17 P são idênticas,
mas a da Glock 17 T é mais alongada. Isto porque o cano desta arma trabalha
fixo, sem curto recuo. Assim, a rampa não abaixa para admitir a munição,
sendo preciso que a rampa de alimentação seja mais longa para possibilitar o
caminho da munição até a câmara de explosão.

Rampa de Rampa de
alimentação da alimentação da
G17P G17T

10.3.5 Mola do
gatilho
São idênticas na G17 e G17 T. Na pistola de instrução G17 P, a mola
não fica ligada ao alojamento do mecanismo do gatilho e à barra do gatilho. Ela
fica encaixada em uma espécie de suporte, que é acondicionado no alojamento
do mecanismo de gatilho, ficando apenas em contato com a barra do gatilho, e
não presa a este.

Mola do Mola do
gatilho da gatilho da
G17P G17T

Diante das pequenas diferenças existentes entre os modelos G17, G17


T é possível constatar a preocupação da empresa com a segurança do
treinamento, indo além da identificação da finalidade da arma somente pela cor
da armação, impossibilitando:
A montagem de uma G17 (que trabalha com munição real,
grande velocidade e muita energia), com as peças da G17 T, confeccionadas
com materiais menos resistentes, já que esta trabalha com projéteis de baixa
velocidade e pouca energia;
A ocorrência de acidentes, já que a G17 T não realizará o
disparo de munição real.
10.3.6 Ferrolho
Os ferrolhos das Glocks são confeccionados com um tipo de aço
carbono de alta resistência (dureza de 64HRC4), com acabamento oxidado, e
tratado por meio de um processo chamado teniferização, o que confere à peça,
além da aparência fosca, longa durabilidade e alta resistência à corrosão.

10.3.7 Aparelho de pontaria


Segundo o manual de armeiro Glock, as pistolas podem ser dotadas de
miras fixas ou reguláveis, em polímero ou metal, e do tipo convencional ou
noturna. Veja alguns exemplos de miras:

Conjunto de mira em Conjunto de mira Conjunto de mira


polímero regulável. metálica fixa e metálica regulável.
noturna.

Os três modelos de pistolas Glock adquiridos pela Polícia Federal


possuem alça e massa de mira metálicas fixas, do tipo noturna. Valendo
lembrar que a garantia do tritium5 fornecida pela Glock é de 7 anos, mas pode
durar com eficiência até cerca de 15 anos.
Este tipo de aparelho de pontaria é composto de alça e massa de mira
com inserts luminosos em tritium, substância química que emite certa
intensidade de brilho em baixa luminosidade ou no escuro, facilitando o
enquadramento do alvo.

4O teste Rockell, para identificar a dureza do aço carbono do ferrolho da Glock foi feito de acordo com o
teste padrão, por meio do qual é aplicada uma carga inicial de 10Kgf de carga de cones de diamante
pelo tempo de 10s, aumentando-se até 150kg. A própria máquina fornece a dureza do material.
5O trítio (do latim, tritium) é um elemento radioativo, proveniente do hidrogênio, que atua em reação
com o fósforo para causar o efeito de rádio-luminescência.
Passados os 7 anos vale a pena, eventualmente, comparar o brilho do
aparelho de pontaria com tritium instalado na arma com o brilho de um
aparelho de pontaria tritium novo. Não porque ele perca o brilho de uma hora
para outra. Justamente o contrário, com o passar dos anos o gás vai perdendo
suas propriedades luminosas e ficando, aos poucos, cada vez mais apagado, o
que dificulta a percepção do policial com relação ao desgaste do equipamento.
As alças de mira das pistolas Glock possuem uma altura padrão de
6,5mm. Entretanto, a Glock oferece alças de miras em duas outras alturas
(7,3mm e 6,1mm) para as pistolas no calibre 9mm. A substituição da alça de
altura padrão por outra mais alta ou mais baixa acarretará alteração do impacto
para cima ou para baixo em uma variação de cerca de 50mm em disparos
realizados a 25m.
A tabela abaixo demonstra as dimensões de alças de mira fixas para
as Glock no calibre 9mm, com as devidas representações visuais:

Marcação Altura Concentração dos


(lado direito da alça) (em milímetros) impactos

7,3 Acima do centro

6,9 Acima do centro

6,5 No centro

6,1 Abaixo do centro

10.3.8 Armação
As pistolas Glock possuem armação e todas as demais peças que não
sofrem pressão direta do processo de disparo fabricadas em polímero, um
material plástico extremamente leve (86% mais leve que o aço) e resistente à
corrosão.
Ao longo de 30 anos poucas mudanças foram introduzidas na armação
das pistolas Glock. As mais significativas vieram com a Geração 4, lançada em
2011.

GERAÇÃO 1
A armação desta geração possui apenas
um pino de travamento do cano. Não possui
reentrância ambidestra para polegar nas laterais,
nem trilho para lanterna. A parte da frente do
punho é lisa, não havendo descanso ergonômetro
para os dedos da mão que empunha a arma.

GERAÇÃO 2
A armação (também com apenas um
pino de travamento do cano) não possui
reentrância ambidestra para polegar nas
laterais, mas é dotada de textura
diferenciada nas partes traseira e
dianteira do punho. Não possui descanso
ergonômetro para os dedos que entram
em contato com o punho, nem trilho para
lanterna.

GERAÇÃO 3
Foram acrescentadas na armação (com
um pino de travamento do cano) texturas
diferenciadas nas partes traseira e dianteira do
punho e reentrâncias para os dedos da mão que
empunha a arma na parte frontal do punho e trilho
para acoplar lanterna tática.

GERAÇÃO 4
As laterais do punho passaram a ter texturização RTF (Rough Textured
Frame). A traseira do punho é ajustável, mediante a substituição de placas
traseiras (Back Strap), que podem ser fornecidas em dois tamanhos extras,
permitindo três variações de tamanho da empunhadura: o tamanho pequeno,
sem nenhuma Back Strap, que diminui em 2 mm a empunhadura normal da
Geração 3; o médio, que mantém o tamanho da empunhadura normal; e o
grande, que aumenta em 2 mm a empunhadura normal. O retém do carregador
é alongado e ambidestro.
Internamente os novos modelos também sofreram alterações, como a
mola recuperadora das pistolas grandes e médias (G19 e G17), que passaram
a ter mola recuperadora dupla, nos moldes da pistola pequena (G26). Apesar
de mais significativa, esta mudança não teve sucesso, ocasionando falhas de
alimentação até então inexistentes nas antigas gerações. A peça sofreu
aprimoramento e foi disponibilizada aos adquirentes dos primeiros lotes para
substituição sem custo, providência que solucionou o problema de falha de
alimentação.
Antes do lançamento da Geração 3, a Glock remodulou o punho das
pistolas, que passou a ter ranhuras na parte frontal do punho, para encaixe dos
dedos da mão que empunha a arma. Já antes do lançamento da Geração 4,
novamente a Glock lançou um aprimoramento, que foi a colocação de um
segundo pino de travamento do cano. Os modelos que receberam estas
alterações antes do lançamento da geração seguinte foram chamados por
alguns de “Geração de Transição”.

10.3.9 Gatilho
O peso padrão do gatilho é constante: 5,5 libras (2,5kg). Mas pode ser
modificado por meio da troca do conector, da mola do gatilho, mola da trava do
percussor e/ou da mola do percussor.
São três os tipos de conectores: o conector standard, com peso de
2,5Kg; o conector marcado com o sinal “-” (menos), idealizado para as pistolas
utilizadas em competição (G17 L e G4), que baixa o peso do gatilho para
2,0Kg, e o conector como sinal “+” (mais) e que eleva o peso do gatilho para
3,5Kg, para atender o mercado americano.
Além da substituição do conector, é possível alterar o peso do gatilho,
deixando-o mais pesado, instalando o que ficou conhecido por gatilho Nova
York, tendo em vista que foi uma solicitação dos policiais de Nova York, que
acharam o gatilho da Glock muito leve e queriam na pistola um gatilho que se
aproximasse do peso do gatilho do revólver.
Vale ressaltar que os dois modelos de gatilho “NY” devem ser
instalados apenas com o conector standard, com peso padrão de 2,5Kg, não
devendo ser instalado no conector “menos” porque perderia a eficácia e não
pode ser instalado no gatilho “mais” porque tornaria o acionamento do
mecanismo de disparo difícil e pesado.

Gatilho NY de 3,5Kg Gatilho NY de 5Kg

Outra alternativa para deixar o


gatilho da Glock mais pesado é substituir a
mola do percussor (prata, de 24 N) pela mola vermelha (28 N) ou pela mola
azul (31 N). A utilização de molas mais “duras”, que necessitam de mais força
para serem movimentadas, garante também menos falha de percussão,
mesmo no caso de espoletas mais resistentes.

10.4 MECANISMOS DE SEGURANÇA


As pistolas Glock contam com um sistema chamado Safe Action,
composto por 3 seguranças internas, que são desarmadas progressivamente
durante o acionamento do gatilho.
Após o disparo, com a liberação da tecla do gatilho, as travas são
automaticamente armadas.

1 – Trava do gatilho

2 – Trava do percussor

3 – Trava de queda
A) TRAVA DO GATILHO

A trava do gatilho é incorporada no próprio gatilho, sendo necessário o


tracionamento das duas peças simultaneamente para realização do disparo.
Se a trava não for pressionada, o gatilho não se moverá e não
acontecerá o disparo.

Trava do gatilho

B) TRAVA DO PERCUSSOR

A trava do percussor bloqueia o caminho deste. Com o acionamento do


gatilho a parte superior da barra do gatilho (impulsor da trava do percussor6)
empurra a trava do percussor para cima, liberando seu curso até a espoleta.
Ao final do disparo, a trava do percussor, com o auxílio da mola a ela
acoplada, bloqueia novamente o percussor.

C) TRAVA DE QUEDA

6 Nomenclatura adotada somente para fins didáticos.


A trava de queda, em forma de “T” (parte traseira da barra do gatilho),
segura o percussor a meio curso, oferecendo uma resistência à pressão
exercida pela mola do percussor. Isto impede que o percussor siga seu curso
em direção à espoleta no caso de queda da arma.
IMPORTANTE: esta trava, que impede a ocorrência de disparos
acidentais em caso de queda da arma, somente tem eficácia se o gatilho
estiver armado. Se o gatilho estiver premido, o percussor não está sofrendo a
ação da trava.

10.4 NOMENCLATURA DAS PEÇAS EXTERNAS

Massa de mira

Ferrolho Alça de mira

Cano

Retém do ferrolho

Retém do carregador

Armação Retém do cano Punho


Gatilho
Guarda-mato
10.5 DESMONTAGEM DE PRIMEIRO ESCALÃO
Para desmontagem de qualquer arma é necessário manter a mesa de
trabalho limpa e sem nenhum outro objeto a não ser as ferramentas
necessárias e, eventualmente, material para anotações; desmontar a arma,
mantendo uma sequência lógica de peças (isso vai ajudá-lo na remontagem):
respeitar o colega inexperiente, não se adiantando na instrução; manter o
silêncio e chamar o professor para sanar qualquer dúvida sobre a
desmontagem e remontagem do armamento.
Pressionar o retém do carregador para liberá-lo;

Retém do
carregador

Colocar o ferrolho à retaguarda e realizar as inspeções visual


(olhando para o alojamento do carregador e câmara de explosão), tátil
(colocando o indicador da mão de apoio na câmara de explosão, sentindo que
não há munição) e material (realizando um disparo em seco para uma direção
segura);

Puxar levemente o ferrolho para trás e o retém do cano para baixo


por ambos os lados;

Retém do cano
Segurar o retém do cano para baixo enquanto o ferrolho é
empurrado para frente. Pode acontecer que na tentativa de separação do
ferrolho o gatilho arme de novo. Neste caso, deve-se puxar o gatilho e o
ferrolho se soltará da armação;

Segurar o ferrolho com a mão de apoio, retirar o conjunto da mola


recuperadora puxando para o lado ou para cima. E seguida, retirar o cano.

Alimentador

Câmara de
explosão

Coroa Rampa de
alimentação

A Glock, desmontada em primeiro escalão, ficará desta forma:


10.6 DESMONTAGEM DE SEGUNDO ESCALÃO

10.6.1 Carregador

Com um saca-pino pressionar a base interna do carregador, pelo


orifício da base externa do carregador, até que ela fique solta. Em seguida
empurrar a base externa para frente com o auxílio de uma superfície dura ou
fazendo uma alavanca com o saca-pino;

Movimento do Empurrando a base


saca-pino numa superfície dura ou
numa quina de mesa.

Movimento do
saca-pino
Movimento do
saca-pino

Fazendo uma alavanca,


Firmar o polegar da mão na
com o saca-pino, na mola
armação do carregador e
ou na parte de trás do
puxar o saca-pino para trás.
carregador.
Retirar completamente a base externa, a base interna, a mola do
carregador e o elevador.

Armação do Base interna Base externa


carregador do carregador do carregador

Elevador Mola do carregador

10.6.2 Ferrolho

Atenção: apesar do ferrolho da Glock ser em aço carbono de altíssima


resistência, todo o cuidado no manuseio do ferrolho é pouco porque ele possui
uma parte sensível, que é a parte da frente, no aro aonde a mola recuperadora
é apoiada (destacada nas imagens abaixo). Uma simples queda pode quebrar
o encaixe da mola recuperadora e inutilizar a arma, porque o aro fica bastante
saliente do resto do ferrolho.

Não tão sensível como a parte apontada acima, deve-se ter cuidado
com a parte de trás do ferrolho, especificamente o início dos trilhos. Isto porque
caso haja um amassamento desta parte dos trilhos, o encaixe na armação fica
impedido

Com um saca-pino, empurrar para frente a luva espaçadora com


a mão forte. Logo, e ainda segurando a luva espaçadora, com o polegar da
mão de apoio empurrar para cima a placa da cobertura do ferrolho (o ferrolho
poderá ser apoiado em uma mesa para facilitar os movimentos). O polegar que
empurra a placa de cobertura do ferrolho ao mesmo tempo impede que o
percussor e o apoio da mola do extrator sejam lançados do ferrolho.

Conjunto do
percussor

Apoio da mola
do extrator
Placa de cobertura Ferrolho
do ferrolho

Retirar o conjunto do percussor e o conjunto da barra de


transferência do extrator;

Barra de
transferência
do extrator

Desencaixar a mola da barra de transferência do extrator e o


apoio da mola do extrator da barra de transferência do extrator, conforme figura
abaixo:

Apoio da Mola da barra Barra de


mola do de transferência
extrator transferência do extrator
do extrator
Para desmontar o percussor, puxar a mola em direção à luva
espaçadora e retirar as duas partes que compõem o retém da mola do
percussor. Após, soltar a mola gradativamente até que a mesma fique em
completo descanso. Por fim, retirar a mola do percussor e a luva espaçadora. A
base do percussor pode ser apoiada na palma da mão ou no próprio ferrolho
da arma;

Luva Percussor
espaçadora

Retém da mola Mola do percussor


do percussor

Para soltar o extrator, pressionar a trava do percussor. Após, puxar


a trava do percussor para fora do ferrolho e desconectá-la de sua mola.

Mola da trava
Trava do do percussor
Extrator percussor

10.6.3 Armação

Com um saca-pino, empurrar (da esquerda para a direita) o pino


de travamento do cano superior e, depois, o inferior. Para retirar este último é
necessário pressionar o retém do ferrolho para frente e para cima;
Retirar o retém do ferrolho. Com o saca-pino, fazer uma alavanca
para retirar o bloco de travamento do cano;

Com um saca-pino, empurrar para baixo a mola do retém do cano


e, sem diminuir a pressão, retirar o retém do cano. Se a arma estiver inclinada,
o retém do cano cairá sobre a mesa. Após, fazer uma alavanca com o saca-
pino, para retirar a mola do retém do cano. Como mostra a última figura da
série abaixo, as molas do retém do cano das pistolas G17, G19 e G26 são
diferentes na forma e no tamanho;
G17 G 19 G 26

Com um saca-pino, retirar o pino do alojamento do gatilho.


Retirado o pino, fazer uma alavanca no ejetor para retirar o conjunto do gatilho;

Ejetor

Puxar a barra do gatilho para frente e torcê-la no sentido anti-


horário. Em seguida, com cuidado, soltar a mola do gatilho da mola do gatilho e
do alojamento do mecanismo do gatilho com ejetor. Prestar atenção na posição
da mola do gatilho. A extremidade da mola que se conecta à barra do gatilho
deve estar voltada para baixo e a extremidade da mola do gatilho que se
conecta ao alojamento do gatilho deve estar voltada para cima. A montagem ao
contrário diminui a vida útil da mola, podendo ocasionar, inclusive, o
rompimento prematuro.

Ejetor

Para encerrar a desmontagem do conjunto do gatilho, devem ser


consideradas duas situações: se a pistola for de fabricação mais recente (a
partir da Geração 3): o conector poderá ser retirado simplesmente empurrando
a parte inferior do mesmo por uma abertura na lateral esquerda do alojamento
do gatilho. Se a pistola for de fabricação mais antiga, inserir uma pequena
chave de fenda ao longo do eixo do conector (da parte superior para a inferior).
Fazer uma alavanca (para o lado esquerdo) somente quando a ponta da chave
estiver o mais próximo possível da parte do conector que encaixa no
alojamento do gatilho;

Impulsor da trava
Modelos mais Modelos mais do percussor
novos antigos
Por fim, para retirar o retém do carregador, pressionar (com uma
chave de fenda) a mola do retém do carregador para a direita e para fora, para
que ela se solte, deslizando pela ranhura do alojamento do carregador e
passando pelo entalhe do retém do carregador. Com o auxílio de um alicate,
retirar a mola do retém do carregador.

10.7 VISTA EXPLODIDA DA GLOCK 17

1 Ferrolho 18 Retém do carregador


2 Cano 19 Mola do retém do cano
3 Mola e guia da mola recuperadora 20 Retém do cano
4 Percussor 21 Bloco de travamento do cano
5 Luva espaçadora 22 Alojamento do mecanismo do gatilho
com ejetor
6 Mola do percussor 23 Conector
7 Retém da mola do percussor 24 Mola do gatilho
8 Trava do percussor 25 Barra do gatilho com gatilho
9 Mola da trava do percussor 26 Retém e mola do ferrolho
10 Extrator 27 Pino do alojamento do gatilho
11 Barra de transferência do percussor 28 Pino de travamento do cano
12 Mola da barra de transferência do 29 Elevador
percussor
13 Apoio da mola do extrator 30 Mola do carregador
14 Placa da cobertura do ferrolho 31 Base externa do carregador
15 Alça de mira 31a Base interna do carregador
15a Massa de mira 32 Armação do carregador
16 Armação 33 Pino de travamento do cano
17 Mola do retém do carregador
10.8 VISTA EXPLODIDA DA GLOCK 17 GERAÇÃO 4

1 Ferrolho 17b Placa traseira grande


2 Cano 18 Mola do retém do carregador
3+4 Mola e guia da mola recuperadora 19 Retém do carregador
5 Percussor 20 Mola do retém do cano
6 Luva espaçadora 21 Retém do cano
7 Mola do percussor 22 Bloco de travamento do cano
8 Retém da mola do percussor 23 Alojamento do mecanismo do gatilho
com ejetor
9 Trava do percussor 24 Conector
10 Mola da trava do percussor 25 Mola do gatilho
11 Extrator 26 Barra do gatilho com gatilho
12 Barra de transferência do percussor 27 Retém e mola do ferrolho
13 Mola da barra de transferência 28 Pino de travamento do cano
14 Apoio da mola do extrator 29 Pino do alojamento do gatilho
15 Placa da cobertura do ferrolho 30 Elevador
16 Alça de mira 31 Mola do carregador
16a Massa de mira 32 Base externa do carregador
17 Armação 32a Base interna do carregador
17a Placa traseira média 33 Armação do carregador
33 Pino de travamento do cano
10.8 FUNCIONALIDADE DAS PRINCIPAIS PEÇAS

Os nomes das peças da Glock serão apresentados em duas tabelas.


A primeira fornece a nomenclatura de acordo com a visão explodida da Glock
fornecida pelo fabricante. A segunda tabela apresentará uma nomenclatura
técnica adotada para fins didáticos pelo SAT/ANP, havendo correspondência
gráfica na visão explodida e no restante do material didático, mas não havendo
correspondência nominal na lista de peças oficial.

N° da peça Nome Função


Fazer a ciclagem do armamento (alimentação,
1 Ferrolho
percussão, extração e ejeção).
2 Cano Conduzir e dar estabilidade giroscópica ao projétil.
Mola e guia da mola Absorver o recuo e reconduzir o ferrolho à condição
3
recuperadora inicial.
5 Percussor Percutir a espoleta.
Bloquear mecanicamente o percussor quando
9 Trava do percussor
pronto para o disparo.
Extrair o estojo ou cartucho da câmara de explosão
10 Extrator
e indicar se a arma está alimentada.
Criar uma linha de visada juntamente com a massa
15a Alça de mira
de mira.
15b Massa de mira Criar uma linha de visada junto com a alça de mira.
19 Retém do carregador Reter e liberar o carregador do seu alojamento.
Auxilia no posicionamento do cano e destrava o
20 Retém do cano
ferrolho para desmontagem.
Bloco de travamento do
21 Promover o curto recuo do cano.
cano
Barra do gatilho com
25 Liberar as travas de segurança e efetuar o disparo.
gatilho
Pino de travamento do Manter fixo o bloco de travamento e o retém e mola
28
cano do ferrolho.
Pino do alojamento do
29 Manter fixo na armação o alojamento do gatilho.
gatilho
32 Armação do carregador Armazenar munições e disponibilizá-la ao ferrolho.
Tabela 1 – Nomenclatura Principal – Manual Glock

Página apostila Nome Função


181 Trava do gatilho Impedir disparo acidental.
Conduzir a munição apresentada pelo elevador
184 Alimentador
até a câmara de explosão.
182 Guarda-mato Proteger o gatilho.
184 Coroa Proteger as raias do cano.
Alojar o cartucho, quando apresentado pelo
184 Câmara de explosão
alimentador até o disparo.
Guiar a entrada do cartucho na câmara de
184 Rampa de alimentação
explosão.
191 Ejetor Ejetar o estojo para fora da arma.
Impulsor da trava do Promover a liberação do percussor para o
181
percussor disparo.
Tabela 2 – Nomenclatura Detalhada – SAT/ANP
10.9 MANUTENÇÃO

Sempre que efetuar disparos, não importa a quantidade, fazer a


manutenção da sua arma. Para tanto, utilizar escovas e solventes (WD 40,
Starret M1, etc.), mas nunca utilizar desengraxantes.
Eliminar todo o solvente aplicado com um pano limpo. Caso seja
necessário, em condições extremas, tais como: contaminação das partes
internas com água, lama, areia, lavar sua arma com água e detergente neutro e
secar totalmente, de preferência com ar comprimido.
As pistolas Glock são projetadas para operar adequadamente com
apenas pequenas quantidades de lubrificantes, colocados no lugar certo.
Para a limpeza do cano, utilizar uma escova macia. Se mesmo assim
não forem removidos todos os resíduos de chumbo, utilizar uma escova de
latão. Não deve ser deixado resquício de solvente ou óleo no cano.
A escova de aço não deve ser utilizada, pois a mesma é muita
abrasiva, prejudicando o raiamento do cano. A escova deve ser inserida da
câmara de explosão para a boca do cano, evitando assim danos à coroa.
Aplicar apenas uma minúscula gota de óleo (de preferência, coloque
a gota de óleo na ponta do dedo e passe pelos locais que devem ser
lubrificados) nos trilhos do ferrolho, no cano (a gota de óleo deve ser espalhada
nos três pontos de lubrificação do cano), no ponto de atrito entre o conector e a
barra do gatilho, no ponto de atrito da trava do percussor com o impulsor da
trava do percussor e na região de atrito do conector com o ferrolho, conforme
Ponto de atrito
representação do cano
visual abaixo: Trilhos
com o ferrolho Em volta do cano

Recorte no cano Entalhe no cano

Contato do conector Detalhe do conector


com a barra do gatilho. com a barra do gatilho.
Contato da trava do percussor
com o impulsor da trava do
percussor

Contato do conector
com o ferrolho.

Se desejar, passe uma camada fina de silicone spray em toda parte


externa, limpando o excesso. Também é interessante passar silicone nos
carregadores e na parte interna do alojamento do carregador, tendo em vista
que o carregador será expulso do alojamento com mais facilidade.

10.9.1 Observações
Usar óleo de boa qualidade e, de preferência, de maior
viscosidade.
Jamais colocar óleo no canal do percussor.
Lembrar: a Glock foi projetada para funcionar com pouquíssimo
óleo. O excesso de óleo ou graxa pode facilitar o acúmulo de pó e outros
resíduos.

10.10 REMONTAGEM
a) Com auxílio de um alicate, instalar a mola do carregador (de cima
para baixo) e, pelo lado direito, recolocar o retém do carregador na ranhura
interna do alojamento do carregador;
b) Encaixar, no alojamento do mecanismo do gatilho, o conector e a
mola do gatilho, tendo o cuidado para que a mola seja encaixada na forma de
“S”, ou seja, com a extremidade traseira para cima e a dianteira para baixo;

Detalhe da
mola do
gatilho
Encaixe do
conector

c) Puxar a barra do gatilho para frente e, com um movimento de


torção da direita para esquerda, recolocar a barra do gatilho no alojamento do
conjunto do gatilho, encaixando a “trava de queda” na fenda existente na parte
superior do alojamento do conjunto do gatilho;

d) Encaixar o conjunto do gatilho no alojamento e colocar o pino do


alojamento do gatilho
e) Com auxílio de um saca-pino, encaixar a mola retém do cano e
mantê-lo pressionado para a recolocação do retém do cano, prestando atenção
na posição do retém (parte mais larga para baixo e com a saliência superior
voltada para o punho);

f) Recolocar o pino de travamento do cano superior, encaixar o


retém do ferrolho e pressionando-o para cima e para frente, recolocar o pino de
travamento do cano inferior. O pino de travamento inferior deve ser colocado
da direita para esquerda, porque facilitará o encaixe do retém do ferrolho;
Pode ser colocado o pino inferior primeiro, mas o cuidado deverá ser
dobrado para que a mola do retém do ferrolho não fique por cima do pino
superior, o que causará pane (a arma ficará aberta após cada disparo, mesmo
com o carregador cheio).

Posição correta da mola Posição errada da mola


do retém do ferrolho do retém do ferrolho

g) Terminada a remontagem da armação, unir a barra de


transferência, a mola e o apoio da mola do extrator. Também unir novamente a
mola e trava do percussor;

h) Montar o conjunto do percussor, encaixando a luva espaçadora e


a mola. Com muito cuidado tencionar a mola do percussor para encaixar as
duas partes do retém da mola do percussor. Depois de colocadas as duas
metades do retém da mola do percussor, soltar gradualmente a tensão da mola
do percussor. Cuidado! Não é incomum escapar a mola tencionada quando
uma das metades do retém da mola do percussor já está encaixada! Isso fará
com que a mola do percussor e a metade do retém sejam jogada com energia
para fora de seu alojamento. O tamanho reduzido da mola e, principalmente,
da metade do retém poderá dificultar, e muito, a localização das peças;
i) Inserir a trava do percussor e mola da trava no alojamento próprio
no ferrolho (com a mola para voltada para dentro do alojamento). Em seguida,
colocar o extrator enquanto é feita uma leve pressão no retém do percussor;

j) Agora recolocar o conjunto do extrator e da barra do extrator em


seus respectivos alojamentos.

k) Com a ajuda de um saca-pino empurrar a luva espaçadora para


que seja possível o início da recolocação da placa protetora do ferrolho. Com o
mesmo saca pino, pressionar o apoio da mola do extrator e terminar a
colocação da placa. Cuidado! Se o saca-pino escapar do apoio da mola do
extrator, o conjunto do apoio, mola e barra de transferência do extrator podem
ser lançados com energia para fora do alojamento e ficar difícil sua localização;

l) Encaixar o elevador na mola do carregador e introduzir este


conjunto na armação do carregador. A reentrância do elevador (que levanta o
retém do ferrolho e deixa a arma aberta quando acaba a munição do
carregador) deve ser posicionada no sentido oposto aos lábios da armação do
carregador;
Reentrância do Lábios do
elevador carregador

m) Com o polegar da mão de apoio pressionar a mola do carregado,


encaixar a base interna do carregador. Uma vez encaixada, manter
pressionada até que a base externa do carregador seja recolocada

corretamente;

n) Montar o ferrolho na armação, encaixando a parte traseira do


ferrolho nos trilhos frontais da armação e deslizar o ferrolho até o total encaixe
à retaguarda, manobrando a arma.

10.11 INCIDENTES DE TIRO

Importante! Todo procedimento de solução de pane deve ser sanado


com todo cuidado, pois envolve grande risco de disparo.
10.11.1 Chaminé

É caracterizada quando há falha na ejeção da cápsula, fazendo com


que o ferrolho “morda” o culote do estojo, que fica preso na janela de ejeção
em um ângulo de 90°, impedindo a ejeção do mesmo e uma nova alimentação.
Outra forma de chaminé ocorre quando o estojo fica preso na janela de
ejeção em um ângulo de 45°, o que se chama de “chaminé cruzada”.
Esse incidente ocorre quando o atirador segura a arma sem firmeza
(mão frouxa), quando o ejetor está danificado ou quando há pouca pólvora no
cartucho fazendo com que não haja força suficiente para o ferrolho trabalhar
em seu ciclo completo.
Também ocorre quando o atirador, inadvertidamente encosta o polegar
da mão de apoio no ferrolho, causando uma desaceleração do mesmo,
ocorrendo, também, a chaminé.

Para solucionar esta pane basta espalmar a mão de apoio,


movimentando-a energicamente em cima do ferrolho, no sentido da massa de
mira para a alça, até a mão chocar-se com o estojo em “chaminé”, retirando o
estojo da janela de ejeção

10.11.2 Nega

Também conhecida como falha da munição. Pode ocorrer pelo


emprego de cartuchos velhos, contaminados por óleo ou solvente. Também
espoletas velhas ou munição recarregada sem controle de qualidade podem
causar esta pane.
Embora não seja uma “nega” propriamente dita, a percussão irá falhar,
ocorrendo um disparo em seco, se o atirador não inserir corretamente o
carregador no seu alojamento.
Ainda, se a nega ocorrer por quebra do percussor não será possível
sanar a pane de imediato.
A solução desse tipo de pane é o que se chama de “bate, puxa e vai”,
ou seja, dar uma batida na base do carregador, ciclar o ferrolho e acionar o
gatilho.

10.11.3 Alimentação incompleta

Neste tipo de pane o cartucho não fica corretamente alojado na câmara


de explosão, o que ocasiona o fechamento incompleto do ferrolho.
Pode ser causada por recarga de má qualidade ou amassamento do
cartucho ou por impurezas grudadas no projétil ou cartucho. Outra hipótese é a
provável ocorrência de ferrugem ou sujeira nas paredes da câmara da arma ou
na rampa de alimentação.
O atirador também pode dar causa a esta pane quando, ao alimentar a
arma, conduz o ferrolho à frente, impedindo que a arma faça a ciclagem da
maneira regular.
Talvez seja possível o sanamento desta pane efetuando uma batida
com a palma da mão de apoio na parte traseira do ferrolho.
Se não for solucionada a pane desta maneira, será necessário puxar o
ferrolho à retaguarda para expulsar a munição que entrou completamente na
câmara de explosão. Às vezes, simplesmente dar uma pequena puxada no
ferrolho pode resolver a pane.

10.11.4 Travamento do ferrolho


Ocorre quando o ferrolho
permanece travado na posição fechada,
apresentando dificuldade para sua a
abertura.
Pode ocorrer por recarga de má
qualidade, quando o estojo fica estufado
por excesso de pressão, amassamento
do cartucho ou do projétil.
O travamento do ferrolho também pode advir da pane de alimentação
incompleta, quando o atirador força a entrada da munição.
Para sanar esta pane é necessário segurar o ferrolho fortemente com a
mão de apoio em forma de concha e dar uma (ou mais) batida(s) com energia
na parte de trás do punho da arma.

10.11.5 Dupla alimentação

Esta pane ocorre quando já existe uma munição ou estojo não extraído
da câmara de explosão e o carregador empurra outra munição para o mesmo
lugar.
Normalmente esta pane pode ser resolvida seguindo os seguintes
passos:

Travar o ferrolho à retaguarda;


Liberar o carregador;
Fechar o ferrolho;
Reinserir o carregador;
Manobrar o ferrolho para extrair e ejetar o estojo e alimentar a
arma.
Em alguns casos, esta pane pode ser sanada com maior velocidade
apenas com a rápida liberação e reinserção do carregador. A própria arma
realizará o fechamento do ferrolho pela ação da mola da mola recuperadora.
Com este movimento a arma poderá ser naturalmente alimentada. Se a cama
de explosão ficou vazia, o atirador deverá manobrar o ferrolho para nova
alimentação.
10.12 MITOS
Glock não enferruja. Enferruja, sim! Principalmente no retém do
ferrolho;
Nunca acionar o gatilho da arma em seco. Nunca é um adjetivo
muito absoluto. Se por um lado o acionamento em seco aprimora o treinamento
e, de certa forma, proporciona um ajuste das peças, é inegável que o risco de
quebra do percussor aumenta. Então, acionar o gatilho em seco o mínimo
possível e, se o objetivo for treinamento utilizar uma cápsula deflagrada,
munição de manejo (inerte) ou munição para treino (que possui uma mola em
seu interior);
Bater com força na base do carregador para encaixe na arma. É
um procedimento que não deve ser feito, salvo para sanar uma “pane seca”,
pois com a batida muito forte os lábios do carregador podem bater no ferrolho,
sendo danificados, o que levará à falha na alimentação;
Tirar as munições do carregador para que a mola descanse.
Também não é necessária essa prática, pois a mola do carregador, assim
como qualquer outro tipo de mola, é projetada para ter a vida útil avaliada pela
quantidade de compressões e descompressões e não pelo tempo que fica
comprimida ou estendida;
Misturar no carregador munição ogival e ponta oca. Não deve ser
feito. Além de provocar diferença no disparo da arma devido à diferença de
munição (quantidade, tipo de pólvora e peso do projétil), em uma situação de
confronto é impossível saber qual a munição que sairá naquele disparo.

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