0%(1)0% acharam este documento útil (1 voto) 347 visualizações7 páginasGeografia e Práxis Ruy Moreira
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No rumo da praxis transformadora,
ndo podemos ignorar nossa. principal
frente de luta, a luta tedrica. Enfim,
devemos lembrar do que Lénin escre-
veu: “... 0s dirigentes, em particu-
lar, deverao instruirse cada vez mais
sobre todas as questées tedricas, i-
bertar-se cada vex mais da influéncia
das frases tradicionais, pertencentes
us concepgdes obsoletas do mundo, §
fe jamais se esquecer que o socialis.
mo, desde que se transformou numa
ciéncia, exige ser tratado, isto 6, es-
tudado, como uma ciéncia. A tarefa
consistiré, a seguir, em difundir com
zelo cada’ vez maior entre as classes
operdrias, as concepgées sempre mais
claras, assim adquiridas, e em con-
solidar de forma cada vez mais po-
derosa a organizaio do partido e
dos sindicatos”, *
Porque: “... sem teoria revolucioné-
ria nfo ha movimento revolucionsrio.
Nao seria demasiado insistir sobre
essa idéia em uma época, onde 0 en-
tusiasmo pelas formas mais limita
das da aco pratica aparece acompa-
nhado pela propaganda em voga do
oportunismo”."*
BIBLIOGRAFIA
RUY MOREIRA
GEOGRAFIA E “PRAXIS”:
ALGUMAS QUESTOES
“0 problema ideotéoico parece estar no cerne
9 problema epistemotogien da Geografia
Yves Lacoste
(A Geogratia)
“A Linguagem do oprimido tem como objetivo
4 transformacdo, @ linguagem do opressor, a
ternioacao”
Roland Barthes
(Otolesias)
CINCO isos de retiexio do espaco
indicam em nossos dias 0 desen:
volvimento de uma vertente marxista
no pensamento geogrifico:
‘ais, no 0 tad *Geoyatin @ Reside
© marxismo Ihes serve de plano co:
mum, 20 menos, enquanto método
(materialismo dialético e histérico) &
concepeaio de mundo (filosofia mar-
xista). Cada elxo nfio é mais que o
ponto de partida para chegarse & to-
talidade social. Por isso, combinam-se
notavelmente, abrindonos o vislum-
bre, afinal, dos fundamentos defini-
tivos de uma teoria marzista de
Geografia.
Impéese, pois, mais que nunca A Geo-
“Os fildsofos interpretaram 0 mundo
de varias maneiras, resta agora trans-
formé-lo”.* Em outros termos, a ques-
tio de sua “praxis”, cuja definicio
* abre 0 elenco de questdes que sus-
cita toda revolueio no pensamento,
mesmo que parcial, do saber cien:
titieo,
Por decorréncia, os termos como se
coloca cada uma das questées desseelenco. Vejamos sumariamente esta
tematica,
1, A QUESTAO DA “PRAXIS”:
servir & “prixis” da transformacao
radical da soci
A questo central de uma ciéncia é
a do cardter de sua “préxis”.* Se a
produgio cientifica néo visar uma
“préxis” social transformadora, visardé
© fim oposto. Em uma sociedade de
classes nia hd oportunidade para esi
yocos: ou_a ciéncia serve As classes
dominantes, para acumular ainda mais
em_suas_mfos capital e poder, ou
serve as classes dominadas, para
¢arem_em suas Iufas por uma soci
dade nova, sem classes e opressio.
Que tema imediato esta questio cen-
tral das ciéncias poe & Geogratia?
Uma particularmente: sera a Geogra-
fin uma ciéncia fativel de servir a
“préxis" social_transformadora,
ou, como sempre apregoaram’ seus
tedricos mais ilustres, é “por sua
natureza” um saber conservador e
mesmo apolitico?
Sendo uma ciéncia voltada para o
homem, relativamente a seus modos
de consecucdo dos meios de sobrevi-
vénela e de progresso, a Geografia 6
por isso uma ciéncia social. Tal co!
as demais ciéncias sociais, mas del
diferindo, e cada uma das demai
quanto & forma especitica como che
ga ao conhecimento da dialética dos
processos sociais. O conhecimento que
produz, como qualquer conhecimen-
to, tanto pode servir ao poder, como
para colocé-lo em questo; tanto pode
servir aos propdsitos das classes do-
minantes, quanto aos das classes
dominadas.
Na verdade, uma anélise atenta da
historia do’ pensamento geogrético,
revela vir_sendo_a_Geografia_uma
“préxis"_mergulhada, dominantemen-
‘te, nos femas da afirmacio das estru-
turas socials de dominagio de uma_
GIasse-sobre as demais. Uma “praxis”
fa servigo da afirmacdo do poder das
classes domi da_negacio _de
reais mudangas sociais, aquelas capa-
28 de por-lhes os privilégios em ques-
tio; da dominagio do capital sobre
© conjunto da_sociedade; da_repro-
diigo das rélagées capitalistas de pro
ducio; da_escamoteagio da realidade.
Toda a historia do pensamento geo-
grafico registrado nos textos consa-
grados 6 a historia dessa “préxis” da
dominacio, a historia do diseurso que
impregna mesmo aqueles ge6grafos
mais combativos, e que a critica re-
cente expressivamente vem denomi-
nando “a Geografia oficial”. a his-
toria do pensamento depurado de toda
postura critica e de qualquer props-
sito de servir as classes dominadas. *
Tal papel a “Geografia oficial” tem
cumprido por um lado como ideolo-
gia, isto é, como invertida e acritica
caso, seus veiculos sio
) as escolas © as midias;
no segundo caso, as instituigdes de
pesquisas e planejamento. *
Enraizada na mente de geragoes de
homens como a imagem da Geogra-
, essa “Geografia dos opressores”
6 um discurso secularmente defini
\ estruturado, sistematizado e popul
\zado. Tudo, 20 contrério e desat
Yloramente, est por ser feito pary
uma “Geografia dos oprimidos”. /
2. A QUESTAO DO DISCUR:
forjar um discurso teérico
claro e critico
Se pretendermos uma “préxis” social
de tipo novo, voltada para a trans-
formacao da’ sociedade a partir de
suas bases, impdese como uma con-
dicdo necessaria a produgio das ferra-
mentas tedricas apropriadas.
© discurso tedrico produzido para de-
fesa e reproducao da dominagio de
classes nio serve como instrumento
le luta contra esta dominagio. O dis-
curso a favor do capital deve, antes
e radicalmente, ser posto em sua or-
inversa, e bombardeado pela cri-
ica de suas determinagbes de classe.
A historicizacéo do pensamento geo-
gréfico 6 um passo fundamental nesse
sentido. Significa anal em seu
proceso de formacao e desenvolvi
mento, suas teses e conceitos funds-
mentais, na teia de relacées de clas-
ses de cada época, isto 6, no con-
texto histérieo das lutas ideoldgicas
No passo da in-
cial realizar 0 res-
gate dos trabathos fragmentdrios de
gedgrafos de vanguarda, como Reclus
© tantos andnimos, que ousaram por
4 Geografia a servico da luta contra 0
iardam sob 0 peso da poeira e da
wrginalizacio ricos subsidios a uma
Geografia critica e atuante,
A critica dos fundamentos epistemo-
Igicos € outro passo fundamental,
porquanto a simples proclamagio no
ymna a Geografia uma “préixis” soci
‘ansformadora, ou um instrumento
as-\
tres questées gerais, postas pela eis.
temologia as ciéncias: a Geogratia,
jPata_que sere” e “para
= A seguir, desdobré-las
epistemolégico, e, portanto, » questio
fundamental das’ trés, a Ultima das
questdes gerais (“para quem serve”)
encontra-se escamoteada na capa da
neutralidade em que os gedgrafos es:
condem seu incomodo papel.
Tais pontos de
conduzidos na
tilo essencial do
que se pretende: a de sua linguagem.
3. A QUESTAO DA LINGUAGEM:
elaborar uma linguagem que seja
propria expresso do real
Sem uma linguagem revolucionada,
pouco so andard na direcio de um
discurso de tipo novo. Assim como
marcha de uma ciéncia nova na
direcdo de uma sociedade nova ficars
bloqueada se realizada no interior de
um discurso teérico velho, um dis-
curso tedrico renovado que mio seja
a expressio da propria realidade so
serviré para esconder os propdsitos
de impedir mudancas reais,‘
A linguagem evidencia-se como ponto
nevrélgico de um discurso te6rico,
porquanto é com ela que o cientista
capta © exprime a realidade captada.
Ela ¢, a0 mesmo tempo, um instru
mento de captacio da realidade e
uma arma para sua transformacio,
Por conseguinte, quanto melhor re-
produza a realidade, quanto mais com
ela confunda-se, maior o poder que
confere de intervenclio. Da linguagem
depende a ordenacio e clareza do
pensamento.
Seu papel para a ciéncia vai além
de servir como meio de comunica-
Jo entre os homens. cféneia
um corpo preciso de conc
categoria um vocab
e amplo.” Servindo
social transformador, me
sa_ser“precisa, incisiva, clara_¢,
Emibora nao se mude uma
nao se muda uma cléncia se nio se
muda sua linguagem.
Sendo uma ciéncia que tem por real
© social, dele ¢ que deve emanar a
linguagem do discurso geografico, por-
quanto toda ciéncia tem por fonte
Uingitistica a propria natureza do real
que visa apreender. Consegilentemen-
te, a_raiz_da_linguagem _geogr:
sio_as_muiltiplas _determiiagoe:
Seu_real: as determinacdes soci
© “modo de producio” dessa
gem combina-se & pritica dagacio. Consiste em converter as de-
terminagoes sociais em categorias de
andlise, para, com estas categorias,
compor um corpo tedrico que, sain-
do do real, a ele reverta como
trumento de investigacao, numa
findével dialética em que ciéncia e
jdade social se aproximem pro-
gressivamente.
Decorréncia importante desse “modo
de producio” da linguagem nova é
que, sendo as multiplas determina.
Ges de uma sociedade as mesmas
para todas as ciéneias sociais, as ca-
tegorias de andlise s&o-Ihes 'basica-
mente as mesmas, e confundem-se as
suas expressOes. Por conseguinte, as
expresses perdem e feudalidade po-
sitivista que as compartimenta em
‘campos rigidamente demarcados, a0
modo das corporacées medievais. Co-
‘mo linguagem de ciéncia social, nada
que se refira & sociedade ou que ex-
primam as demais ciéncias socials é
estranho & linguagem geografica. Sio
geograficas, como sociol6gicas, histo-
riograficas, econdmicas, antropoldgi-
cas, toda expressao que reproduza a
sociedade e toda categoria que dé
conta de seu conhecimento. Nesta
questo, cabe a critica a “Geografia
oficial”, como certa concepgio posi-
tiviste de marxismo, que atribui & his-
toria a propriedade do materialismo
, compartithandoa com a so-
, evidentemente, a economia
importante, 6 a
definitiva da “fronteira”
do social thes seja em
comum 0 objeto do conhecimento €
intervencao.
4, A QUESTAO DA EPISTEMOLOGIA:
Apés a critica de Lacoste, tornouse
consenso entre grande parte dos geé-
grafos reconhecer-se que a Geogratia
encontra-se ainda em sua fase pré-
cientifica. Por conseguinte, sem haver
realizado seu “corte opistemol6gico”.
© tema da epistemologia, no entan-
to, pressupde o tema da ideologia,
fundamentalmente articulando-se nes-
ta questo teoria, epistemologia e
ideologia.
Os fundamentos de um discurso te6-
rico derivam da perspectiva ideol6-
gica em que este se ponha. Contudo,
qualquer discurso s6 contribui com
a realizagio de suas propostas ideo-
quando fundado em sélida
istemoldgica. Teoria e episte-
mologia geram-se mutuamente, e, nis:
fazemos nossas as palavras de
yn Santos: “Acreditamos que uma
que nio gera, ao mesmo tem:
po, a sua propria epistemologia, &
imitil porque nao ¢ operacional, do
mesmo modo que uma epistem
que nao seja baseada numa teoria é
maléfica, porque oferece instrumen-
tos de aniilise que desconhecem ou
deformam a realidade”.* Mas, embora
niio decorram da ideologia, ‘teorin ©
epistemologia nela se enraizam for-
temente.
Um “corte epistemol6gico” 56 se ope:
ra radicalmente em uma se
emerge de fundo mergulho critico nos
proprios fundamentos em que a cién-
cia est apoiada. No caso da Geogra-
, © naturalismo e o historicismo
Linear,
‘Naturalismo e historicismo linear sio
duas formas de reducionismo que se
impuseram as
sobretudo na
uma guinada na evolucao da
fia e da ciéneia, em face do novo
caréter que adquirem as lutas de clas:
ses a partir da ascenséo da burguesia
ao poder. Maream um retrocesso nos
debates em toro da natureza do mé
todo cientifico das “ciéncias huma-
nas” e da evolucio das sociedades,
dominantes no ambiente intelectual
da época. Herdeiros do mater
mecanicista e do idealismo ol
Tedwem a noha da determinagao
do determinismo e concorrem para
ssvaziar a concepgio de movimento
sociedade de todo seu carter dia-
-0, contribuindo para despojar as
critica mais radical.
A Goografia 6 atingida_duplamente.
lesemboes no-deteriniismo ratzelia.
na_institui¢ho_da_“Geografia
‘A_vertente historicista, redu-
10 os —fendmenos_sociais a_leis
\éricas ngarsssemone no pos-
segunda na “escola francesa” de Geo-
jrafig. Uma e outra constituirao as
matrizes do pensamento geogrifico
mundial até o final da primeira dé
cada do século XX.
Nascida_nesse_processo, a Geogratia
moderna” foi provayelmente_a unica
ciéneis social que acele nao se rebela.
Ciencia posta_a servico do-poder, a
Geografia_teria que afirmarse_acri-
tica_a_partir de si mesma,
virtude de tal filiacgio, a Geo-
Ha firmase como um discurso de
pares dialéticos sem an-
sm contradigBes, como: ho-
0, regio e nagio, campo
lade e politica, ciéncia e politica, es-
pago e tempo, sintese ¢ andlise...Um
repertério inesgotavel!
rlosamente, seus teéricos prot
mam a sintese como seu propési
etre George, na mais sdlida e cons-
lana, afirma ser
tese e de que?
Bintese dos conecimentos « “pareiais”,
“resultados parciais” das
“ciéncias de andlise”. Derivando desta
func&o totalizadora de resultados par-
ciais, 0 método da Geografia emerge
da totalizagdo dos métodos das cién-
cias que “coordena”. No pode haver
maior malabarismo.
‘Mas que importincia podem ter in-
congruéncias de método e de episte-
mologia para um saber cientifico que
optou por ser uma ideologia ou um
‘mapa detalhado e completo? Para tan-
to, bastam uma boa colagem, para a
fungio ideoldgica, e 0 dominio da es-
tatistica e da matemética, para a fun-
cdo cartogratica. Nao ha receita mais
racional ¢ pratica. Todos os “abstra-
tos” problemas das ciéncias, verda-
deira perda de tempo, resolvemse na
Geografia com meios “concretos”: a
entrevista, as técnicas quantitativas
eas técnicas cartograficas. Se a teoria
tornarse uma necessidade, resolve-se
a questo com a “teoria dos mode-
los” e a “tooria dos sistemas”. Com-
pletese com uma boa tintura de
marxismo.
“Sistema de dicotomias”, a Geogratia
possi uma estrutura interna forte.
mente desintegrada. Por sua extrema
diviséo interna, necesséria ao abarca-
mento da totalidade da “relacio ho-
mem-meio”, a Geografia mais parece
a propria interdisciplinaridade. Orga-
nizada segundo o exemplo mais ilus-
tre de concepgio positivista de cién-
cia, a Geogratia lembra um armério,
repleto de gavetas. Um armédrio taxo-
nOmico. Cada gaveta é um sub-ramo,
cada qual contendo os “dados” cata-
Iogados sob seu rotulo. No seu todo,
essa Geografia-armario é um conjunto
de rotulos, um completo e rigoroso
sistema de classificacio.
5, A QUESTAO DA CRITICA
HISTORICA:
criticamente
samento geografico”
Nenhum campo de saber ‘opera um
salto qualitativo em seus fundamen
tos epistemoldgicos, se este salto nio
for 0 produto de um mergulho cri-
tico em seus fundamentos histéricos.
aiquadros das lutas sociais de van-
guarda de nosso tempo. A busca de
uma_Geografia critica e afuante deve
dade. Deve ser parte organica desses
movimentos sociais, ao mesmo tem-
lpo produto e instrumento deles. O
encontro de uma “Geografia Nova”
86 pode vir da luta por um espaco
novo numa sociedade nova.
Talvez esteja aqui a razio maior da
vitalidade encontrada nas demais
cias sociais, como a histéria, a socio-
Jogia e a economia politica. Incor-
poradas &s lutas burguesas dos sécu-
los XVII ao XIX, ¢ as lutas opersrias
€ socialists dos’ séculos XIX e XX,
em tals ciéncias desenvolveram-se ¢
apuraramse discursos de vanguarda,
As classes sociais em luta, num tem-
po, 0 “terceiro estado” contra a aris.
ia feudal, e, em nosso tempo,
es trabalhadoras contra a bur
instrumentos ideoldgico e cientifico
de combate. Em cada uma
desenvolvem-se, em permanente luta,
duas vertentes a partir da segunda
metade do século XIX: a que se volta
contra a continuidade do processo
de revolucéo social encabecado pela
Durguesia, que agora procura fredlo
uma vez tornada classe dominante,
ea que, herdando este passado, pugna
pelo avanco da revolugio social para
além do limite democritico-purgués,
na direco do socialism.
‘A segunda vertente nao desenvolveu-
se na Geografia, a nfio ser muito
Enquanto nas demais
iais verificase o salto da
fase socialista utépica e anarquista
para a fase do marxismo, acompa-
nhando a evolugao do socialismo en-
quanto movimento e concepeio de
sociedade, em Geografia ficamos na
primeira fase, com os trabalhos de
Reclus e Kropotkine.*
m
desafia a critica do pensamento gt
grafico, a Geogratia perfilou semy
a0 lado das classes de retagual
lutas socials vol. ( Quando se poo a sorvico da burgue:
tadas para_a_transformagio da socie- | esta é jé uma classe em clara past
gem para a contrarevolugaio social.
Na historia dessa “Geogratia dos
*, trés importantes fases
istram 0 que afirmamos
manancial de informagdes.sele-
adas sobre producio,
fas de recursos e forcas de resis:
ise distinguese das demais em
fungéo e reproduz nesta funcao
srminagdes histricas da época,
1 fase reflete o baixo nivel
aria e cataloga informagées sobre|
espacos territoriais e seus pov
que as classes dominantes se ser
‘em seu exereicio de conquistas
butagio aos povos dominados, e de
acumulacdo de capital por via da tro-
ca de produtos e eseravos. O advento
do capitalismo impéethe substan
mudanca. Em um primeiro momento,
© da imediata passagem do colonia
lismo para 0 imperialis
juas demais refletem a mundial
pfogressiva do modo de pro-
ialista. AS duas_primeiras
wduzem a estrutura social propria,
0s -modos de produgio _précapita:
, nos quais ha dominineia das
inelassuperestruturais sobre _o
junto da _sociedade, reservando-se_
stnela econdmica 0 papel de ul-
determinacéo, Enquanto a ter.
celta_fase reproduz a estrutura™ 80:
al do modo de producéo capitalista,
qual a instincia, econémica soma
infneia e determinacio sobre .o
junto da Sociedade]
‘surge, ilustrando 0 pFimetro
correspondendo ao periodo em
© capital nio detém ainda 0 con-
Gireto da produgio. £ 0 perio
da acumulacao primit
a sua realizagio o capital neces
a controlar a produgdo pela via da
ler da circulagéo. Este controle
direto, externo, m
japel das insténeias superestruta-
"a. Em um segundo mo-
, fornece os argum
sagio da dominacao e
exploracio pelos burgueses europeus
aos demais povos, em especial
cada no determinismo, fornece 0
gumento e a estratégia da domi ‘a ideoldgica como a juridico-
a ica, como condicéo de ‘subordi-
igo da produc&o 4 realizacio_da
lagdio do capital.(A fase de cién-
a Surge em face da mudanca dos
ros da acumulagao capitalista. Cor-
ssponde a0 momento em que,
do pelo salto nas forcas produ-
fas verificado com o surgimento da
jlogia industrial, o capital passa
controle direto da produco, co:
mandando-a a partir de suas proprias
idrio, ideolagia © cléncin
tais so as fases sucessivas da
téria da Geografia como instrumento
das classes dominantes. A_ps
de_uma_a outra fase é um salto dado
no interior de um mesmo espago_de
ias_classes_dominan.
Tes, Se ontem ‘a Geografia serve a
‘ominacao pelos senhores de eser
vos, serve hoje & dominagio pelo
pital. Em todos estes momentos a
tiria da inventariagdo-catalogagio
mantém-se embutida nas de ideologia
@ cignela. A fungio ideoldgica serve
ara esconder 0 cardter de classes
Ga sociedade capitalista ea explore
co da mais-valia ao trabalhador. A
ungio de ciéncia serve como fores
produtiva, As tnés serve a acumt
Tngio. do capital, AGeogratia presta
seis servigos.as_classesdominantes
melhor talvez que as demais_cién-
soclais, realizando-os_em_todos—
‘os nivels da estrutura da sociedade:
como cartografia_(instincia_juridieo~
politica), como. “coneepeio de_mun—
do” Gnsiancia {deolsica) e como for-
ca_produtiva_(instancia_econémica),
Como um saber de tamanha expres
sfo politica fleou divorciado tanto
~ tempo dos movimentos sociais de van-
guarda e dos demais sabores? Como
0s ativistas politicos mais conscientes
movimentos puderam desco:
se na prética prescindiram
de seu uso e com ele se bateram?
que o gedgrafo revela pela
pela sociedade e pelas cién-
iais 0 mesmo desprezo que 0
a sociedade e os cientistas
sociais ‘revelam pela Geografia. Tal
divoreio decorre por conseguinte, ao
menos parcialmente, da alienagio do
geégrafo e da Geografla para com as
Tutas das classes dominadas. Al
cdo @ primeira vista incompreensiv:
se considerarmos que a relagio
ciedadenatureza, tida como a prépria
esséncia da Geografia, 6 igualmente
a esséncia de qualquer reflexio mais
profunda sobre os destinos do homem.
6. A QUESTAO DO NATURAL:
rever os conceitos de natureza
@ sociedade e de relagéo homemmeio
Observa Marx que a historia dos ho-
mens é inseparavel da histéria da
natureza, pela mesma razio que a
historia da natureza é inseparavel da
historia dos homens. A razio esta
waum mesmo plano histéria dos homens segunda, a forma-sociedade, que 20
historia da natureza mesmno tempo contém e nega a pr
A este tema Marx dedicou imimeras meira. O processo do trabalho, ex
paginas, sobretudo da Ideotogia le. presso na divisso social de trabalho,
ind, dos Manuscritos de i814 ¢ do 6 0 agente real desse movimento.
Grundrisse. © tamoso 0 texto de En- Portanto, a histéria dos homens é a
gels A Transformacéo do macaco em historia da transformacio permanen-
homem pelo trabalho e sua Dialétioay tee continua da natirezi em socie-
da Natureza. * ‘dade, pela _via_do_processo_do_traba:
Por conseguinte, a relagio homem-” Iho, B a histéria da converstio das
meio 6 na verdade uma relacio so- formas naturais em formas socia
ciedadenatureza, yodemos concebé- nO processo da qual dé-se a homini-
la como uma idade estruturada zacio do homem. Freqtientemente nos
de relagées. Dialeticamente complexa esquecemos de que uma mesa, uma
e determinada historicamente, cada construgo, um piio, uma estrada, um
forma de relacio sociedadenstureza, trator, um aparelho doméstico 'e 0
encontrada variando no espago eno proprio homem, nfo sfio mais que
tempo, reproduz seu tempo histérico, formas socializadas da natureza.
s6 podendo ser definida em sua con’ Evidentemente, a transmutagio nio
cretude histérica, € uma evolugdo direta e linear. A
Suponhamos uma fragio de territério mudanca de forma 6 uma mudanca
de delerminadas caracteristicas natu. de estrutura. A porgio de territé
ais, em um ponto qualquer do pla que nos serviu de exemplo, defines
neta. Oogue af jedemos deno- primitivamente como uma fofalidade
‘imeira natureza,)Tmaginemos estruturada natural, organizadora_de
agora um gFIpO-de omens atuando um espacofisiog. Sua incorporagio
nela, para transformié-la em meios de pela histérla humana converte-a em.
produgdo e de subsisténcia, Este ato uma totalidade estruturada sob deter-
de transformagao 6 um processo or minagdia_social, organizadora_de_um
giniado e permanente de trabalho espago socal. O CURED permane® 6
coletivo, implicando em travamento faesmp, mas’. espago” modifica
de relagdes sociais 4 exemplo da di- por isso, diferenciamse territério e
visio social de trabalho, Teremos com tsyaco, TerritOrlo.€-o-lugar ou tots.
8 transmmutagio © que podemos deno- fied de nee
rminar Gequnda naluresa) Sendo assim, estruturaglo do espago. NiO s° con-
a segunda ‘Tabireza uma naturest funde om 0 espago fisico e com 0
Teza original conquanto seja.a menna 20800, social, embara cemporte am
a natureza que temos, porquanto os ‘bow, Qs tmrsitorio, 4,,0 , assentamento
homens nao a fizeram desaparecer: 0, espace, eeomrstica,
Deve ficar claro que 0 espago tis
transformaranm-na
s6 se geografiza quando hi soci
A primeira natureza permanece em
er Ra zagio da natureza, Ha tempos atras
esséncia na segunda natureza, numa
fusio dialética em que passam a ser @ comum em Geogratia 0 emprego
ea nfoser, a um s6 tempo, a mesma da linguagem culturalista da “escola
‘Antes que dois lados de uma americana” de Geografia, cujo expoen-
temos pois uma unidade dia- te foi Carl Sauer. Seu propdsito era
entre sociedade ¢ natureza. 0 de, pela reconstituigio do proceso
por meio do qual a “paisagem fisica”
se transforma em “paisagem hume-
jue uma soma matemdtica de
dois lados, temos uma mudanca qua-
m
mecgpeenl ae eget ot tad
as duas formas de paisagem
am 0 proceso da evolucio,
uma concepefio errOnea, por:
© que estd em curso é um
‘eso de conversio da natureza
sociedade. O processo de trans
6, antes, um proceso social.
formas que a natureza ad-
formas sociais, antes que
ar claro ainda que a con-
cima de espaco geo-
1a estrutura demarca
de vista a teoria lo-
uma teoria do espaco.
que a teoria tocacio
ria de lugares, enquan-
espaco é uma teoria
de relacdes de classes
: os lugares definem-
ing dela, e nao o inverso,
teoria do’ espaco prescinde
no se reduz a eles, mes-
08 em seu conjunto,
ia de natureza metodo
deve tirar ainda de tudo
sxposto: 0 papel regente das
jes sociais sobre a natu
ide © 0 espaco. Pode-se
um “sistema” de determina-
ybando num todo integrado
jes naturais e determina.
com 0 primado destas
\S as determinacGes do
‘iam. a um $6 tempo, mas
. Oposicdes de contrarios.
rigor, podese falar do
de determinagées como um
de contradicoes.
Se oe dee eee)
do das miultipias determinagdes. Elo
de um sistema de transportes, a os-
trada 6 uma correia de transmissao
de uma estrutura espacial de relagées.
‘Uma vez brotada da transmutaco do
espaco fisico em espaco social, a es:
trada atua como instrumento de con-
tinuidade do processo,
ela mesma, determinacio.
tornandose,
7. A QUESTAO DO SOCIAL:
formular uma teoria do espaco
que seja uma teoria da sociedade
© proceso de socializagio da_natu:
reza materializase em uma totatidade
estruturada de relagées com determi.
nantes sociais, Temos, entio, a tota-
lidade estruturada e as miiltiplas de
terminagdes, uma brotando da outra,
numa dialética em que ora a totali-
dade estruturada tornase determina-
clo, ora as milltiplas determinagdes
tornamse totalidade estruturada.
Sendo um todo organizado, a totali-
dade adquire em cada canto e para
cada tempo feigdes proprias, expri-
midas sob diferentes formas ‘sociais.
Todavia, sendo estruturas em movi.
mento, estas formas sociais sio for-
‘magées sociais. Face 20 papel de de-
terminagéo em wltima instancia do
econdiico no conjunto das ml
determinagées da totalidade :
falase das formagies sociais como
formagées econémico-sociais. Desse
modo, 0 processo de socializacio da
natureza é um processo de producéo
de formacées _econémico-sociais.
Expresso. material visfvel do pro-
cesso de socializagio da natureza, a
forma do arranjo espacial é por con-
seguinte a forma material visivel da
estrutura da formagio econémico-so-
cial. Em seu todo, o espaco_geogrs-
fico € uma formagiio sdcioespacial,
{sto 6, uma expressfio fenomenica da
formagio econdmico-social.
Na base da estrutura global de cada
formagio econdmico-social esté @ ar-
ticulagao de diferentes modos de pro-
5lagio, um modo de produgio hege-
moniza os demais, tecendo # unidade
do todo da formacao econdmico-so-
cial. Esta unidade, 0 modo de produ-
do hegem6nico tece por intermédio
de suas relacdes de producéo, que
atuam interligando as relagdes de pro-
dugio dos demais modos de producio
por meio da organizacio e canaliza-
go do fluxo das diferentes formas
de excedentes. Articulando a unidade
da formacéo econdmico-social, as re-
lagées de producéo do modo de pro-
ducéo hegem6nico dominam e regem
© todo. Sao elas as relagées de pro-
ductio dominantes e que exercem a
determinagio em ultima instancia so-
bre o todo da formacio econémico-
social.
Cada modo de produc particular
zase por uma estrutura social global,
derivada diretamente da natureza de
suas relagdes de produciio. Nas con-
digdes da apropriagio privada dos
meios de producio, esta estrutura
social € uma estrutura de classes
sociais, porque se compori, basica-
mente, das relacdes entre donos
niodonos dos meios de producio,
ineluindose a propria forga de tra.
balho. Da natureza da relaco de pro-
priedade, derivaré a natureza de es-
trutura de classes, jogando papel im-
portante nessa diferenciacdo de estru.
tura social a forma da propriedade
da forca de trabalho e da sua com:
Dinacio com a propriedade das de-
mais foreas produtivas (meios de pro-
duo). No modo de producio escra-
vista, a forea de trabalho pertence a0
senhor de escravos, junto com 0 res-
tante das forgas produtivas; no modo
de producio asiitico, pertence & co-
munidade, junto com o restante das
forcas produtivas; no modo de pro-
ducio feudal, pertence ao camponés,
junto com. 0 restante das forgas pro.
dutivas @ excec&o da terra, sobre a
qual tem a posse mas nfo a proprie-
dade; no modo de producio capita-
lista, pertence ao proletario, separan-
26
A estrutura social em todos est
modos de produgio expressa-s
forma de relagdes de dominanci
uma classe sobre as demais, exercer
do 0 conflito entre dominantes © d
minados 0 papel de motor princips
dos processos sociais.
Ao se articularem em uma formacii
econdmico-social as relagdes de pr
dugio de cada modo de producio,
articulam-se as classes sociais pr
prias a cada um. Ao nivel da form:
do econdmico-social a estrutura
classes é una e complexa, enfeixand
uma complexa gama de contradi
sociais. Estas explodem nfo mais ap
is entre dominantes e dominados;
nas mesmo no selo das classes
Expresso fenoménica da formacé
econémico-social, 0 espaco geogréfic
contém toda sua delicada trama,
GOes de classes e ao mesmo temp
determinandoas, Sua organizagio ¢|
movimentos tem na base os antag
nismos de classes que esto na base|
da organizagaio e movimentos da fo1
magio econOmico-social, Sem grand
precistio e rigor, a dialética do espa-|
co pode assim ser resumida: tese =
classes dominantes; antitese = clas}
inadas; sintese = arranjo|
sdades de classes 0 espaci
Se organiza segundo a estrutura de
classes do lugar, e, uma vez assim|
organizado, reverte sobre a estrutura|
de classes, sobredeterminando.a." As|
lutas de classes regem a dialética d
espago, e a dialética do espago
as lutas de classes, Cade classe 5
define seu espaco proprio de
téncia, estampando seu cardter naj
morfologia e organizacio desse espa-
lades de estratificagio}
lasses socials definem-se
or seus lugares geogrificos, e estes|
elas classes que nele organizam sua|
éncia, Nas sociedades mais dem«
craticas, 0 espaco caracteriza-se pelo
relagdes antagonicas de classes que
m a dialética do espaco, nio sio
les socials. S6
srvagio critica devassa a dissi-
mostrando que mesmo nes-
que 0 originam. Emergindo a
rutura de classes da natureza das
\gOes de produgio, estas € que
10 na origem da estrutura e mo.
10s do espaco, determinando-o
. Mas hé aqui uma
a _compreensio
lade: aquela en-
jrutura e conjuntura. Podemos
ressiclas nos seguintes termos: € a
ra da formacao sdcioespacial
que comanda seus movimen-
rocessos e formas.
de classes sio correlacoes
que tecem uma conjuntura
a. Embora tenha a estrutura
ise e origem, a conjuntura poli-
m face da ‘continua alteraclo
lagao de forcas entre as clas-
Js em conflito, caracterizase
jor intensidade de movimen-
Adquire, por esta razio, a pro-
de de, através dela, poderse
lar a propria estrutura que Ihe
na base. Papel que Marx e En-
expressam na clissica assercio:
lutas de classes so 0 motor da
1e leitura da formacao econdmico-
Todavie, como “toda ciéncia
sublinha Marx, é preciso aprender a
fazer a leitura, O arranjo espacial —
nfo a confundamos com a morfolo-
gia do espaco, com a paisagem pura
e simples —, como tudo mais em
uma formacSo sécio-espacial organi-
zada com base em antagonismos de
classes sociais, tende a produzir-se
sob a determinacéo da ideologia da
classe dominante.
Se, por um lado, 0 gedgrafo pode e
dove resgatar o arranjo espacial como
leitura da formagio econdmico-social,
por outro lado, ndo pode perder de
vista a adverténcia de José de Souza
Martins: “... a funcao da forma é a
de revestir de coeréncia aquilo que
€ contraditério e tenso. E por isso
negacio mediadora das relagies que
expressa”."' Revestida da ideologia
dominante, toda forma no entretanto
pode ser convertida em instrumento
de conhecimento da esséncia, seguin-
do a proposta de Marx de “... des-
cobrir a esséncia na aparéncia...”,
como também pode ser uma “men-
na feliz expressfio de
© caminho seguro do método é 0 da
insergio do arranjo espacial (das for
mas) no jogo das suas determinagdes
miltiplas, sobretudo as determina.
‘Ges de classe, para desvendar as con-
tradigSes sociais que atuam como
motor da histéria de dada formacao
econdmico-social.
Sendo 0 arranjo espacial a expressiio
fenoménica da estrutura da formacao
econémico-social, o conhecimento das
contradigées sociais que o regem em
sua organizagio e movimentos nos
pOe no conhecimento da propria dia-
ética social da formacao econémico-
social. As contradigoes que regem 0
espaco_siio_as que regem a socie-
dade. Sob este modo de conceber 0
espaco, © conhecimento das formas
sociais’¢ processos sociais do espaco
€ em si 0 conhecimento das formas
e processos da sociedade, e 0 pro.
eesso de conhecimento do espaco é
am© que 6 preciso ¢ combater-se a falsa
‘questo “conhecer 0 espaco ou a so-
ciedade?”, que conduz ao método erra-
do e mal esconde errénea concepcio
de espaco. $6 0s que dicotomizam
espago e sociedade a tomam por te-
ma, Dessa concepgio dicotémica do
espaco, 56 resulta a inversio do mé
todo, porquanto, de um instrumento
de conhecimento das contradicées so-
ciais determinantes dos processos so-
ciais, a anilise do espaco se trans-
forma em mais um biombo para a
ele chegarse. Sob a concepgio dico-
tomica do espaco, o método também
se dicotomiza, desdobrando a anilist
do espaco em dois momentos: prime’
ro, conhecer 0 espago; a seguir, pas-
sar-se ao conhecimento da sociedade.
Antes de uma questio de método,
sobreleva'se uma questiio de concep:
co tedrica, Nio se trata de “enten-
dendo-se 0 espaco, entenderse a so-
ciedade”, porquanto o espaco é a
propria ‘sociedade, sua forma feno-
ménica. O espaco geografico é um
espago-sociedade, um espago social,
uma forma s6cio-espacial. A reflexio
do espaco ¢ em si a reflexio da so-
ciedade. Uma teoria do espaco é uma
teoria da sociedade.
‘Mas a dicotomia “espaco e sociedade”
serve a duplo propésito. De um lado,
deforma a natureza social do espag
sua natureza de formagio econdmico-
social, numa reedicio refinada da di-
cotomia “homem e meio”. Por outro
lado, desvia do processo do conhe-
cimento 0 fato de o homem ser 0
sujeito e 0 objeto de sua histéria,
porquanto separa o espaco de seu
processo de produeéo pelo trabalho
social.
A diferenca dessa “Geografia de dico-
tomias”, que volta 0 conhecimento
para 0 fortalecimento da dominacio
de classes ¢ para a dissimulacio das
contradigdes sociais aos olhos das
classes dominadas, uma “Geografia
da dialética social” tem por propé-
sito voltar 0 conhecimento para a
mm
estrutural da sociedade a favor
Ges para seus problemas. E que s
pode ser obra deles.
JOAO MARIANO DE OLIVEIRA
REVENDO CRITICAMENTE
A GEOGRAFIA
into 0 tempo tem sido desde ha mutto
‘de longas e profundas reflexbes filo
is © epistemoldgicas, a reflexio sobre
‘par, 0 espaco, parece Ygnorada nfo so-
wente pelos filésojos, mas mesmo por aque-
‘cuja projissio é estudar-the 0 contedo
08 gedgratos"
A. Lipietz
(A. perspectiva que ora so delineia
nao se reveste de um cariter
trangiiilo e pacifico, Pensar a Geo-
ainda, é a proposicao
tendo em vista a perspectiva de pen-
nte. De modo mais
suldade nfo se coloca
critica, e sim, naquela dé~ehegar a
uma proposta nascida da reflexao que
permitiu empreender a. critica.
Embora a colaboracio nossa possa
ser simplista, é bom lembrar que a
Geografia tem sido, continuamente,
apresentada como uma rea de conhe-
cimento, que poder-se‘ia dizer “amplo
© complexo”. Por um lado, se ex
pressa como um prolongamento das
cigncias voltadas para a natureza,
abrangendo os mais variados ramos
de estudo das ciéneias naturais. “Seu
necer um quadro, mais exatamente
uum volume, no interior do qual se
inserem os fatos econdmicos e so-
ciais” (Pierre George, 1966). Por ou-
tro lado, ela também se apresenta
‘turais apenas como fatores da orga-
nizagio da vida econdmica e social,
e atribuilhes especificamente como
objeto de estudo das diferentes for-
mas de submissio ou de dominacao
dos homens em relagdo a0 meio na-
tural que eles ocupam e controlam,
de conformidade com as téenicas ¢ as
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