2 - Trocas gasosas nos animais
A respiração celular nos animais deve-se às trocas gasosas que ocorrem entre o
organismo e o meio, por fenómenos de difusão. A saída e entrada de gases do
organismo ocorre nas superfícies respiratórias dos animais.
As células necessitam, nomeadamente, de obter oxigénio, fundamental para a respiração
aeróbia e eliminar o CO2 resultante da mesma.
2.1 - Superfícies respiratórias
Nos seres multicelulares, o elevado número de células que entra na sua constituição leva
a que nem todas as células estejam em contacto direto com o meio exterior e por isso
nestes animais existem superfícies respiratórias.
2.1.1 - Tipos de superfícies respiratórias:
Nos diferentes animais é possível observar diferentes tipos de superfícies respiratórias,
que incluem…
− tegumento, mais simples;
− brânquias;
− pulmões, que apresentam diferentes grau de desenvolvimento nos diferentes
animais
2.2 - Difusão direta e difusão indireta
Quanto ao modo como se efetuam as trocas entre o exterior e as células, estas podem
classificar-se em:
Difusão direta – quando a troca de gases se efetua diretamente entre as células e a
superfície respiratória. (tegumento e traqueia)
O2
Exterior CO2 Superfície respiratória Células
Difusão indireta- ocorre quando os gases respiratórios são transportados por um fluido
circulante (intermediário entre a superfície respiratória e as células). Neste caso, o O2
difunde-se da superfície respiratória para o fluido circulante e é este que o conduz até às
células; em sentido contrário transporta CO2. (tegumento, branquias e pulmões)
2.3 - Características que permitem, aumentar a eficácia das trocas gasosas:
- Possuem pouca espessura, geralmente apenas uma camada de células a separar os
meios;
- apresentam-se sempre húmidas, facilitando a difusão dos gases;
- São muito vascularizadas, facilitando o contacto com o fluido circulante;
- A sua morfologia permite uma grande superfície de contacto entre os meios.
2.4 - Trocas gasosas através da superfície corporal:
− hidra e a planária - os gases difundem-se diretamente entre a superfície
respiratória e as células (difusão direta). A superfície respiratória desses animais
corresponde à própria superfície do corpo.
− minhoca – na minhoca, a superfície corresponde ao tegumento. Neste caso, o
oxigénio difunde-se do tegumento para o sangue, sendo este que conduz o
oxigénio até às células, em sentido contrário movimenta-se o CO2 (difusão
indireta).
2.5 - Trocas gasosas através de brânquias
As brânquias ou guelras são os órgãos respiratórios da maioria dos animais aquáticos e
são formados por evaginações da superfície do corpo, isto é, prolongamentos do
organismo para o exterior do corpo, assegurando a eficácia das trocas gasosas. É nas
brânquias que ocorre a hematose branquial.
− A quantidade de oxigénio dissolvido na água é inferior à quantidade de oxigénio
presente do ar, verificando-se, nos peixes, um fluxo contínuo de água ao nível
das brânquias.
− Esta água entra continuamente pela boca, passa pelas brânquias e sai pela fenda
opercular.
− Mecanismo de contracorrente - nas brânquias, o sangue e água deslocam-se em
sentido contrário.
● Como oxigénio e o dióxido de carbono se movimentam por difusão
simples, há anulação do gradiente de concentração.
● Se a água e o sangue se movimentassem no mesmo sentido, apenas
metade do oxigénio da água passaria para o sangue. Assim graças a este
mecanismo, o sangue e água circulam em sentido contrário, permitindo
que o sangue contacte sempre com água de níveis de oxigénio superior.
● Logo, é garantido uma elevada difusão do oxigénio da água para o
sangue e do CO2 em sentido contrário.
2.6 - Trocas gasosas através da traqueia:
O oxigénio e o dióxido de carbono são solúveis em água, daí nos animais aquáticos a
sua difusão seja fácil, porém nos animais terrestres é necessária a existência de uma
superfície húmida para que o oxigénio e o dióxido de carbono se possam dissolver.
− os insetos e outros artrópodes possuem um sistema respiratório constituído por
uma rede de traqueias. Esta rede vai-se ramificando em tubos cada vez mais
pequenos, que terminam nas traquíolas. As traqueias dos insetos contactam com
o exterior através de pequenos orifícios localizados na superfície do corpo,
denominados espiráculos.
NOTA: o ar entra pelos espiráculos, passa para as traqueias e destas para as traquíolas.
− O oxigénio difunde-se diretamente nas células – difusão direta – em sentido
contrário difunde-se o dióxido de carbono;
− Os insetos são animais que apresentam um sistema circulatório aberto e portanto
pouco eficiente, deste modo seria de esperar que os insetos apresentassem uma
reduzida taxa metabólica, contudo, pelo contrário estes apresentam uma taxa
metabólica elevada, o que implica um elevado aporte de oxigénio às células,
indicando assim que nestes animais o sistema circulatório não participa no
transporte de gases respiratórios, pois estes difundem-se diretamente da
superfície respiratória para as células sem a intervenção do sistema circulatório.
2.7 - Trocas gasosas através de pulmões:
Os pulmões são as superfícies respiratórias, invaginadas no interior do corpo
(prolongamentos da superfície corporal para o interior do corpo), mais evoluídas que
existem. Todos os vertebrados terrestres os possuem, embora se encontrem diferentes
graus de complexidade entre os diferentes grupos animais.
− Anfíbios: os anfíbios apresentam como superfície respiratória os pulmões e o
tegumento. Como nestes animais os pulmões são muito simples (não têm
alvéolos) e, portanto, pouco eficientes, a hematose pulmonar é complementada
pela hematose cutânea (trocas ao nível da pele);
No entanto para assegurar a eficácia do tegumento como superfície respiratória
estes animais são obrigados a viver em zonas húmidas.
− Reptéis: os repteis apresentam o corpo coberto por escamas impermeabilizantes,
logo não podem efetuar trocas gasosas através da pele. A superfície respiratória
dos répteis corresponde aos pulmões, estes são ligeiramente mais desenvolvidos
que os dos anfíbios;
− Aves: as aves têm como modo de locomoção o voo, que exige a produção de
grandes quantidades de energia, assim as aves apresentam, um sistema
circulatório eficiente, que assegura uma eficaz oxigenação das células, e um
sistema respiratório eficaz que assegura uma eficiente oxigenação do sangue ao
nível dos pulmões. O sistema respiratório das aves é constituído por pulmões e a
difusão dos gases respiratórios é indireta. No entanto, para além de pulmões as
aves apresentam sacos aéreos, que embora não participem nas trocas gasosas,
são extremamente importantes pois:
● Funcionam como reservatórios de ar melhorando assim a eficácia da
ventilação;
● Tornam a ave menos densa, facilitando o voo;
● Auxiliam a dissipação do calor produzido durante o voo;
Para que o ar possa efetuar um trajeto completo no sistema respiratório das aves são
necessários dois ciclos ventilatórios, que incluem duas inspirações e duas expirações.
Traqueia → sacos aéreos posteriores → pulmões → sacos aéreos anteriores → traqueia
1º ciclo respiratório → 1º inspiração e 1º expiração
Respiração das aves
2º ciclo respiratório → 2º inspiração e 2º expiração
− Mamíferos: a superfície dos mamíferos é constituída por pulmões, as trocas
gasosas ocorrem ao nível dos alvéolos pulmonares, por difusão indireto, em que
o oxigénio, em que o oxigénio se difunde dos alvéolos para o sangue que o
conduz até ás células. Para que o ar efetue um circuito completo pela superfície
respiratória é necessário apenas um ciclo ventilatório, ou seja, uma inspiração e
uma expiração.