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1. O documento descreve o processo de avaliação psicopedagógica institucional, incluindo a observação inicial do sintoma, o estabelecimento de hipóteses iniciais e a seleção de instrumentos de avaliação. 2. A observação do sintoma é realizada por meio da Entrevista Operativa Centrada na Modalidade de Ensino-Aprendizagem (EOCMEA), aplicada a um subgrupo da instituição. Com base na observação, são levantadas hipóteses sobre os possíveis obstáculos no conhecimento

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1. O documento descreve o processo de avaliação psicopedagógica institucional, incluindo a observação inicial do sintoma, o estabelecimento de hipóteses iniciais e a seleção de instrumentos de avaliação. 2. A observação do sintoma é realizada por meio da Entrevista Operativa Centrada na Modalidade de Ensino-Aprendizagem (EOCMEA), aplicada a um subgrupo da instituição. Com base na observação, são levantadas hipóteses sobre os possíveis obstáculos no conhecimento

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AULA 4

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
INSTITUCIONAL

Profª Ana Paula Picheth


CONVERSA INICIAL

Quando o psicopedagogo inicia seu trabalho institucional, tem como intuito


diagnosticar os entraves que demandam da queixa e promover intervenções que
estruturem e tornem saudáveis os processos relacionais e de aprendizagem no
espaço escolar. Após conhecer, por meio de um contato/entrevista inicial, qual é
a necessidade de apoio que aquele grupo tem, é realizado o enquadramento que
define como, quando e de que forma o trabalho acontecerá. Na sequência, inicia-
se o processo de observação da primeira fase diagnóstica (baseada nas técnicas
de observação dinâmica e temática), que permitirá fazer o primeiro levantamento
de hipóteses que, então, definirá quais instrumentos devem ser utilizados nessa
avaliação, os quais serão explicados no decorrer desta aula.

CONTEXTUALIZANDO

Em um diagnóstico institucional, segundo Carlberg (1998), os sintomas


apresentados são, inicialmente, entendidos como fruto da dificuldade da própria
instituição. Questões como problemas de aprendizagem de um aluno ou de um
grupo de alunos ou da relação do conjunto de professores com seus
coordenadores são analisadas a partir das relações estabelecidas
institucionalmente; e o aluno, o grupo de alunos ou os professores são vistos,
nesse momento, como os “porta-vozes” ou como “bode expiatórios” da instituição.
E é a partir dessa primeira observação que se estabelecem as hipóteses
iniciais e a sequência dos instrumentos avaliativos que serão utilizados. Na aula
2, foi usado como exemplo o seguinte relato:
Uma “queixa” institucional:
“Escola particular de alto nível sofre dificuldades de projeção social e crescimento
potencial, pois há fama de ser facilitadora dos desejos dos pais em detrimento das regras gerais
e, por conta disso, os alunos se tornam muito indisciplinados. Professores não se posicionam em
favor das normas disciplinares e não resistem a eles mesmos serem punidos com advertências ao
não cumprimento dos deveres, tanto com os alunos como com a parte burocrática de entrega de
avaliações, notas e cronogramas gerais.”
Tomando como base essa queixa institucional, é necessário, para fins de
organização dessa nossa aula, estabelecer qual grupo será observado e, a partir
dele, desenvolver todo o processo avaliativo e posteriormente o de intervenção.
Em função do ciclo indisciplinar apresentado na escola ser generalizado, o grupo
de professores ficará como o escolhido para ser observado em ação.

2
TEMA 1 – OBSERVAÇÃO DO SINTOMA

Para dar início à observação do sintoma, releia a queixa que foi verbalizada
pelo diretor da escola, dentro do quadro na seção anterior.
Carlberg (2010) define como esse trabalho será orientado:

A queixa é a expressão de uma dificuldade enfrentada pela Instituição


Escola que, geralmente, está verticalizada em um grupo.
Dentro dela temos diversos subgrupos e em um ou mais deles, estarão
depositados os “problemas”: na turma “x” ou na turma “y”; ou nos
professores; enfim, um subgrupo estará sendo indicado como o depósito
da problemática da instituição.
É com um desses subgrupos, portanto, que a equipe de coordenação
psicopedagógica iniciará seu projeto de pesquisa, pois estará
entendendo o mesmo como o portador dos sintomas institucionais [o
que, para o estudo dessa aula, será realizado com o grupo de
professores]. Essa escolha, porém, não é simples, pois em uma
Instituição são muitos os problemas e a equipe de coordenação deverá
estar bem preparada para, durante a queixa e seu processo de análise,
fazer a escolha mais adequada.
Definido o subgrupo que servirá de amostragem [para detecção das
causas que envolvem a queixa institucional], passa-se para a tarefa
seguinte: selecionar e organizar uma atividade que será proposta ao
grupo possibilitando observar o seu modelo de funcionamento, ou o seu
modelo de ensino-aprendizagem.

A mesma autora idealizou um instrumento para a observação e análise do


sintoma, o qual denominou Entrevista Operativa Centrada na Modalidade de
Ensino-Aprendizagem (EOCMEA). Fundamentado no modelo da Entrevista
Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA), usado em psicopedagogia clínica,
prevê uma aproximação do objeto de estudo a fim de perceber o que o grupo
sabe, e não, simplesmente, o que o grupo não sabe.
Esse saber é relativo à operatividade em grupo e do grupo. O objetivo é,
portanto, pesquisar a dinâmica (o que o corpo fala), a temática (o que é
verbalizado) e o produto. A intenção não é a pesquisa isolada desses aspectos,
mais a articulação entre eles e seu significado (Carlberg, 1998).
Carlberg (1998) defende, ainda, que a EOCMEA deve ser composta
preferencialmente por três profissionais, já que o instrumento será aplicado em
grupos: dessa forma, um coordenador e dois observadores funcionarão como uma
unidade operativa, sem haver uma hierarquia entre eles.
Observar o sintoma é, portanto, um dos passos mais importantes de um
diagnóstico psicopedagógico institucional, pois é a partir de tais observações que
se delineia o processo diagnóstico como um todo.
Organizar qual será a atividade realizada na EOCMEA, nas palavras de
Carlberg (2010):
3
demanda tempo e discussão, pois desde a consigna, até a quantidade
de materiais escolhidos deverão ter um objetivo para análise do grupo.
Se a quantidade de materiais por exemplo, for exatamente igual ao
número de elementos do grupo, isso poderá nos impedir de observarmos
como é que o grupo compartilha, ou como é que o grupo lida com a falta.

Para deixar mais claro como se dá a aplicação da EOCMEA, temos um


exemplo de uma consigna:

"Olá! Eu sou (apresentar-se a equipe). Como vocês já devem saber pela (pessoa
responsável da instituição), estamos aqui para descobrir com vocês o que sabem e o que já
aprenderam.
Para que isso aconteça, trouxemos alguns materiais* que estão sobre a mesa para que
confeccionem, em grupos de cinco pessoas, uma escultura de papel que represente o professor
atuando nesta escola. Cada professor contribuirá fazendo e participando do trabalho e vocês terão
até às 11 horas para completar fazer essa tarefa. Agora são 10 horas ".

* Materiais: folhas de revista, jornal, cola, tesoura, durex ou fita crepe, canetinhas
coloridas.
Essa atividade da EOCMEA é um ponto fundamental para o diagnóstico,
pois dela serão levantados as hipóteses e os instrumentos para analisar a
instituição.

1.1 Primeiro levantamento de hipóteses

A matriz diagnóstica apresentada pela Epistemologia Convergente, quando


relacionada à instituição escolar, é muito semelhante à Matriz Diagnóstica
apresentada por Visca (1987), pensando na clínica. Essa matriz organiza e
sequencializa dados dessa instituição para que se faça sua leitura e interpretação.
Após a realização da primeira atividade para observar o sintoma revelado
no contato inicial do psicopedagogo com a instituição, é possível fazer o primeiro
levantamento de hipóteses sobre o futuro diagnóstico.
Essas hipóteses estarão relacionadas ao que já discorremos
anteriormente, que são os obstáculos no âmbito do conhecimento, da interação,
da estrutura e do funcionamento.
Utiliza-se, nesse primeiro momento de atividade, um registro das
observações dinâmica e temática e as hipóteses percebidas nessas relações em
ação. Feito isto, é elaborado o primeiro sistema de hipóteses que, na sequência,
será alimentado pelo uso de outros instrumentos que validarão ou não as
primeiras hipóteses e farão surgir novas.
Após a análise dos registros obtidos na primeira atividade realizada com o
grupo de professores, foi organizado o seguinte sistema de hipóteses:

4
Hipóteses do âmbito do conhecimento:

 Houve bom nível cognitivo entre os professores

Hipóteses do âmbito da interação:

 Não houve dificuldade na organização em grupos, porém cada um


escolheu sua equipe de acordo com o segmento em que atua na instituição.
 As equipes da educação infantil e ensino fundamental I acolheram com
entusiasmo a atividade. Ensino fundamental e médio apresentaram
conduta evitativa (ficavam papeando ou enrolando para definir a ação e
começar) e contrafóbica (movimento de querer terminar logo a atividade
para evitar a ansiedade que esta provocou).
 Quando as coordenadoras entraram no ambiente, o ritmo da
espontaneidade e criação diminuiu para uns e foi motivo de provocar a
exibição do material em criação para elas.
 Alguns deboches em situações de questionamentos feitos por colegas de
um grupo ao outro.

Hipóteses do âmbito funcional:

 Dificuldade no cumprimento da consigna estabelecida e do horário


combinado.
 Pouco planejamento nas equipes para a ordem na execução da atividade.

Hipóteses do âmbito estrutural:

 Atenção mais concentrada quando na chegada de alguém da equipe de


gestores da instituição.

O primeiro levantamento de hipóteses não se caracteriza como diagnóstico,


porém é uma referência para que se institua uma lista de instrumentos avaliativos
que pode indicar e/ou confirmar quais as causas que explicam os sintomas
apresentados pela instituição e que, posteriormente, definirão as bases do
processo de intervenção.

TEMA 2 – INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

Assim que o primeiro levantamento de hipóteses é realizado, é necessário


que, a partir das percepções obtidas, organize-se um rol de instrumentos
avaliativos que confirmarão ou não as hipóteses levantadas.

5
Dentre os diversos instrumentos que podem ser utilizados numa
investigação institucional, nem sempre todos serão necessários, pois cada
sintoma se estrutura numa causa com suas demandas específicas. Muitos desses
instrumentos são os mesmos utilizados numa avaliação clínica, mas nem todos
os elementos avaliativos da clínica se aplicam na instituição, pelo fato de a queixa
ser coletiva e de a demanda ser grupal e não individual. A forma como alguns
deles serão utilizados permitirá a análise dos resultados em relação ao que se
objetiva em cada encontro.
Os recursos avaliativos costumeiramente utilizados são entrevistas,
observações de aula, de recreio e de atividades extrassala, técnicas projetivas,
dinâmicas de grupos, levantamentos estatísticos e documentais da instituição,
visita às redes sociais e observação constante dos movimentos relacionais do
grupo avaliado e dos demais durante o processo de realização do diagnóstico
institucional. Tem-se, com isso, a intenção de perceber se alunos e/ou professores
mudam seu comportamento frente a diferentes grupos de convívio e atuação, o
que desencadeia más condutas ou a não compreensão da consigna. Os papéis
que desempenham, os vínculos com a aprendizagem, a relação entre teoria
(documentos e combinados) com a prática, histórico de documentos e registros,
como notas, número de alunos matriculados, rotatividade de professores, entre
outros.
Com base no primeiro sistema de hipóteses apresentado no modelo de
avaliação institucional que adotamos como referência para esta aula e a fim de
elucidar de forma abrangente um procedimento técnico do psicopedagogo na
instituição, serão escolhidos os seguintes instrumentos: entrevista com um
professor de cada segmento de ensino (educação infantil, ensino fundamental I,
ensino fundamental II e ensino médio), assim como com dois alunos (ensino
fundamental II e ensino médio), uma coordenadora e um funcionário
administrativo. Busca-se perceber, nessas entrevistas, como a pessoa se vê no
seu papel, como enxerga a instituição e o quanto isso lhe dá orgulho, satisfação
ou incômodo. É preciso também observar uma aula de cada segmento de ensino,
assim como o recreio, uma aula extraclasse e uma reunião pedagógica, para
verificar o modelo de aprendizagem estabelecido e a diferença de desempenho,
comportamento e qualidade dessas relações. Outra prática adotada é uma
dinâmica em grupo com a equipe de professores que se revelar (após
observações), com maior dificuldade, resistência ou questionamentos. Por fim,

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ressalta-se a importância de usar as técnicas projetivas numa intenção de
perceber as relações vinculares com o aprender na instituição e a busca de
levantamentos estatísticos e históricos que respaldem as hipóteses já levantadas,
bem como aquelas que surgirão após a aplicação desses instrumentos
avaliativos.

TEMA 3 – ENTREVISTAS

O que norteia um momento psicopedagógico de entrevista é tanto fazer a


coleta de informações, como observar a dinâmica e a temática do entrevistado,
para ter dados comparativos em relação à queixa institucional apresentada.
Seguem, na sequência, sugestões de roteiro para entrevistas, conforme ficou
determinado a partir do primeiro levantamento de hipóteses:

 Professores (educação infantil, ensino fundamental I, ensino fundamental


II e ensino médio — um de cada segmento), dois alunos (ensino
fundamental II e ensino médio), uma coordenadora e um funcionário
administrativo.

As perguntas devem ser adaptadas conforme a função, a idade e o nível


de compreensão. Da mesma forma, podem ser eliminadas e adaptadas, assim
como novas questões podem ser inseridas nessa lista. O roteiro é apenas uma
sugestão. Um bom exemplo de como um questionamento pode ser adaptado para
o entrevistado é o seguinte:

 Para o professor e coordenação: “O não aprender de um aluno te


incomoda? O que você faz sobre isso?”
 Para o aluno: “O que é feito quando um aluno não aprende?”

O questionário pode seguir o seguinte roteiro:

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Nome: ________________ Função:_______________ Data __/__/__

1. Há quantos anos exerce sua profissão? Quantos anos tem?


2. Gosta do que faz?
3. O que mudaria na sua prática hoje?
4. Relate uma situação muito desafiadora que você teve de resolver na escola:
5. Conte uma história de sucesso na sua atuação:
6. Você considera justa sua remuneração?
7. Qual o seu trabalho especificamente (descritivo da função)? Cumpre com todas essas
obrigações?
8. O não aprender de um aluno te incomoda? O que você faz sobre isso?
9. O que seus familiares dizem sobre você ser professor?
10. O que as pessoas pensam sobre essa instituição de ensino que você trabalha? E você,
o que pensa?
11. Discute pontos de vista diferentes dos seus?
12. Se tem algo não muito certo com a educação, quem ou o que poderíamos
responsabilizar?
13. Compartilha suas descobertas e práticas pedagógicas com colegas da escola?
14. A coordenação é disponível e apoia o trabalho do professor?
15. Se você tivesse que mudar de cargo aqui dentro, qual você queria exercer? Por quê?
16. Percebe-se moderno e atualizado para falar a linguagem do seu aluno? Considera isso
importante?
17. O que dificulta o seu trabalho nessa escola?
18. No que é bom trabalhar aqui?
19. O que você mudaria?
20. Onde gostaria de estar daqui a cinco anos?
21. Três defeitos seus e três qualidades:
22. Três defeitos dessa escola e três qualidades:
23. Você sabe qual o intuito desta entrevista e do trabalho psicopedagógico nessa
instituição?
24. Se ganhasse o poder de falar e ser ouvido e atendido, o que falaria agora para quem
dirige essa escola?

TEMA 4 – OBSERVAÇÃO DE AULAS

A observação da aula de um professor deveria ser uma atividade


corriqueira nas escolas, pois é uma das funções do Coordenador Pedagógico. Ter
foco na observação da aula, isto é, saber o que olhar naquele tempo em que ficará

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na classe, é essencial e três aspectos precisam ser levados em consideração Veja
quais são eles no relato de Massucato e Mayrink (2012):

1- Antes de ir para a sala de aula, planejo o que observar e recorro às


“rotinas dos professores”. A planilha do planejamento proposto pelo
professor, para a semana, me possibilita verificar qual aula é possível
observar naquele dia, o conteúdo e a atividade que será proposta aos
alunos. Neste momento, estou buscando um foco para a observação,
por exemplo, uma leitura compartilhada ou uma atividade com
agrupamento produtivo. Em seguida, organizo alguns materiais que
levarei para a observação: planilha em que registro as observações [...],
a proposta curricular que contém as expectativas de aprendizagem e as
orientações didáticas.
2- As crianças já estão acostumadas com a minha presença na sala,
então é bastante tranquilo, pois o coordenador não pode “tumultuar” o
andamento da aula do professor. [...]
3- Depois da observação da aula, faço a devolutiva ao professor, que
consiste em discutirmos a aula, com o apoio da planilha de observação.
Nesse momento, retomo a aula que ele deu, discutimos o conteúdo
trabalhado, os procedimentos utilizados e a organização dos alunos. Se
ocorreu tudo bem na aula, reforço seus procedimentos, mas, se algo
ficou a desejar, faço orientações e sugestões. Tudo fica registrado na
planilha e, ao final, o professor assina tomando ciência, principalmente,
das mudanças que precisam acontecer. [...]
[Assistir a uma aula] tem um objetivo muito importante, que é o de
sermos parceiros no desenvolvimento do processo ensino/
aprendizagem dos alunos. Também é importante salientar que isso
subsidia [o coordenador] na elaboração da formação coletiva.

Evidentemente, a escola que tem essa prática não demonstrará, na


avaliação diagnóstica do psicopedagogo, dificuldades em permitir e compreender
a importância desse elemento investigativo. As escolas mais resistentes ou
inexperientes com essa rotina precisam preparar seus professores para que
percebam esse caminho natural e técnico, que os auxiliará posteriormente com
respostas às queixas apresentadas, o que levou o psicopedagogo até essa etapa
de atuação dentro da escola.
Um bom modelo a ser usado para observação na sala de aula é o seguinte:

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ANÁLISE DE DESEMPENHO DE AULA

Professor: ____________ Disciplina:_______________ Série/Turma: ______ Data __/__/__


Ótimo Bom Regular
1. Contextualiza a aula. Problematizar, questionar.
2. Utiliza e varia exemplos para facilitar o conteúdo. Está atento aos alunos visuais, cinestésicos e auditivos.
3. Está atento às dúvidas levantadas. Tira as dúvidas sem priorizar o quê e a qual aluno responder.
4. Corrige atividades, está atento aos questionamentos Presta atenção durante a correção dos erros mais comuns e
e erros. perguntas.
5. Utiliza o tom de voz audível e faz uso correto dos A tonicidade diferenciada garante a atenção dos alunos.
timbres.
6. Equilíbrio emocional. Mantém o equilíbrio em todas as situações, mesmo quando
desafiado.
7. Utiliza o livro didático. Uso regular do livro (atividades e textos).
8. Atividades. Regularidade e constância na aplicação das atividades
de casa.
9. Presta atenção nos conflitos, comportamentos Concentra-se na exposição da aula e ao mesmo tempo
negativos e os soluciona. observa os comportamentos não compatíveis.
10. Atento para as habilidades propostas no As habilidades propostas para o conteúdo trabalhado
planejamento. correspondem às ações.
11. Mantém a sequência das ideias. Mesmo com interrupções por questionamentos,
exemplos ou conflitos, consegue retornar a sequencia
da aula.
12. Utiliza vocabulário de acordo com série/ turma. Matém a compatibilidade entre o nível do vocabulário
utilizado em aula e o que utiliza nas avaliações.
13. Interage com o aluno. Relaciona-se com os alunos estabelecendo empatia, sintonia
e respeito.
14. Dinamismo. Comportamento ativo, motivado que entretém e
estimula a aprendizagem.
15. Utiliza recursos tecnológicos corretamente. Utiliza textos, imagens, vídeos e mídias em geral.
16. Mantém o quadro organizado. Caligrafia legível, conteúdo bem sequenciado, fácil
entendimento e visibilidade.
17. Direciona os trabalhos em grupo. Planejamento-monitoramento da participação dos
alunos. Elaboração do roteiro completo.
18. Segue o planejamento. Cumpre o que foi planejado.

Observações: ________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________________

TEMA 5 – OBSERVAÇÃO DE ALUNOS

Na análise diagnóstica, um dos aspectos ricos de elementos, hipóteses e


realidade são as pessoas em situação espontânea (como alunos no recreio) ou
diferentes das convencionais (aulas extraclasse, passeios, momentos de
integração: festas comemorativas, aniversários, eventos).
Após o acompanhamento de aulas, pode surgir uma hipótese sobre o agir
do aluno estar relacionado ou não àquela aula ou ao professor. Observar o
comportamento dos alunos distantes da sala de aula (objetivando comparar se a
ação do professor influencia nesse comportamento) faz parte da atuação

10
psicopedagógica que é viver esses espaços, percebendo-os e relacionando dados
e informações que vão subsidiar o diagnóstico educacional.
Segundo Iavelberg (2010), nos intervalos que acontecem entre aulas, no
recreio, assim como nas aulas extraclasse, encontram-se momentos importantes
da rotina escolar. O recreio, muitas vezes é um dos únicos momentos em que os
alunos podem agir livremente e fazer escolhas: com quem conversar, de quem se
aproximar, onde e como brincar. É a ocasião que os convida a explorar diferentes
trajetórias, contatos e aprender algo mais sobre as relações em grupo.
A convivência entre os alunos nesse tempo livre é uma boa referência, pois
é um cenário de crianças e jovens explorando diferentes espaços e atividades e
revelando o clima relacional.
A observação atenta sobre como acontecem as relações no recreio,
inclusive na forma de interagir dos adultos que cuidam desse intervalo com as
crianças/jovens, ajuda o psicopedagogo educacional a perceber os problemas
que existem naquele grupo. Muitas vezes, é no pátio que notamos um aluno que
se destaca como líder ou outro que se mantém isolado dos outros. Da mesma
forma, a constatação dos ambientes mais frequentados e dos vazios também
lança uma ideia sobre quais são os investimentos e as intervenções necessários
para reorganizar o espaço físico da escola.
Sobre o mesmo assunto, temos ainda a análise de Bento (2017):

Dentre os inúmeros benefícios do recreio, listamos quatro pontos que


confirmam o valor que esse intervalo tem na vida de cada aluno.
1. A interação com os colegas: relações sociais saudáveis são um
excelente complemento para a aprendizagem. Sentir-se seguro no
ambiente escolar e ser aceito socialmente são fatores que impactam
diretamente a capacidade de compreender e assimilar os conteúdos
acadêmicos ensinados na sala de aula.
2. Durante o recreio os alunos desenvolvem habilidades essenciais
para a vida fora da escola: estratégias de negociação, comunicação,
cooperação, resolução de problemas, tomada de decisão.
3. A capacidade de concentração de um aluno precisa ser renovada
– líquido, alimento e movimento são os três elementos que funcionam
como combustível para o cérebro e permitem que ele mantenha o foco
durante a aula.
4. Pesquisas recentes confirmam que, depois de um período
concentrado na aprendizagem de um conteúdo, o cérebro precisa de um
intervalo para espairecer. Durante esse período, ele continua a trabalhar
em segundo plano, organizando o conteúdo no qual esteve focado por
algum tempo e buscando memórias que deem sentido ao que está
tentando aprender. O período de recreio serve também como um
intervalo que ajuda neste processo.

Já foi observado que alunos com comportamento desafiador e dificuldades


de aprendizagem podem mostrar-se cooperativos e justos em brincadeiras livres

11
no recreio. Também há alunos que se comportam bem com determinado
professor e não com outro, e há os que se revelam com comportamento
equivalente em qualquer relação que tenham na escola. Esses são dados que
alimentarão o processo de verificação da causa que emergiu no sintoma de
“escola indisciplinada”, trazida como emergente da Instituição.
Nas ocasiões em que um aluno ou turma apresentem dificuldades com o
professor (ou grupo de professores), cabe observá-los em outras esferas para
validar ou não as possíveis causas do sintoma sinalizado como queixa e ir
constituindo o diagnóstico que permitirá um rol de sugestões de intervenção para
o crescimento e melhoria dos movimentos de aprender desse grupo.

FINALIZANDO

Chegamos num momento da disciplina de Avaliação e Intervenção


Psicopedagógica Institucional em que os conceitos e estratégias começam a fazer
sentido. Já no contato inicial entre o psicopedagogo e a instituição escolar, alguns
aspectos precisam ser considerados, porque dali se identifica uma queixa e é dela
que nasce a estrutura que será apresentada como procedimento avaliativo e de
diagnóstico. Cabe ressaltar que, nessa etapa, é necessário considerar a
importância de estabelecer um enquadramento adequado com a instituição e ser
conhecedor da técnica de observação temática e dinâmica, elemento que vai
permear toda a ação avaliativa.
Baseado nas primeiras impressões que acompanham o relato da queixa,
se estabelece a atividade inicial da ECOMEA com o grupo escolhido, que nesse
caso foi o dos professores. A ECOMEA revela possibilidades e o primeiro
levantamento de hipóteses que serão confirmadas ou não por meio de
instrumentos avaliativos a serem aplicados no referido grupo. Na próxima aula,
conheceremos os demais instrumentos, bem como o segundo e o terceiro
levantamento de hipóteses, o diagnóstico e a devolutiva.

LEITURA OBRIGATÓRIA DA DISCIPLINA:

Texto de abordagem teórica

Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição,


sim. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0103-84862010000300011>. Acesso em: 21 jul. 2018.
12
Texto de abordagem prática

O conflito e a busca de alternativas dos professores da rede pública: uma


intervenção psicopedagógica. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cap/
v7n13/v7n13a07.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2018.

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Disponível em: <http://www.revistaurbanova.com.br/4-beneficios-do-recreio-para-
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em: <http://espaopsicopedagogico.blogspot.com/2010/01/psicopedagogia-
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ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

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(Org.). Psicopedagogia: um enfoque sistêmico. São Paulo: Empório do Livro,
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Moreno/Camila Salles Gonçalves, José Roberto Wolff, Wilson Castello de
Almeida. São Paulo: Ágora, 1988

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<https://gestaoescolar.org.br/conteudo/661/hora-do-recreio-as-licoes-do-
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