Comportamento e Ética Umbandista
Comportamento e Ética Umbandista
1) Aliando os ensinamentos do saudoso Caboclo das Sete Encruzilhadas ao ideal das três
funções primas de uma casa de Umbanda, como podemos definir os seus obreiros?
Todo médium e sacerdote de Umbanda deve ser: um intermediador das mensagens do Alto, um
terapeuta da alma e um instrutor. Aí está a base da Ética na Umbanda. Qualquer trabalhador
que se esqueça de elevar o pensamento do irmão a Deus, de aliviar a dor de sua alma e de
ajudá-lo a erguer-se e continuar sua luta, terá falhado.
RITUAL INTERNO.
Questões comportamentais dos médiuns e auxiliares dentro do terreiro de umbanda, declinando
responsabilidades e obrigações. Contudo, cumpre destacar que, antes de vestirmos o branco e
dirigirmos até os terreiros, existem procedimentos a serem realizados, os quais denominamos
RITUAL INTERNO. Quando falamos em ritual, imaginamos alguns procedimentos que são
diretrizes para realizar algo ou chegarmos em algum objetivo. Voltado a religiosidade, ritual são
todos os procedimentos que nos levam a nos “conectar”, nos “ligar” ao sagrado, ao divino.
Assim, imaginemos que, durante a semana conturbada, muito difícil seria nos conectar à
espiritualidade quando nossos corações e pensamentos estão desequilibrados ou energeticamente
negativados. Sempre precisamos intensificar nossas vibrações e nossas orações para que, aos
poucos, toda egrégora negativa formada seja dissipada e quebrada.
Seres humanos, passíveis a erros e sujeitos a situações que nos testam, estamos sempre em uma
inconstância. Dara nós que nossas vidas fosse apenas uma linha retilínea sem qualquer embaraço.
Verdadeira utopia! Pois bem! Antes de chegarmos aos terreiros, realizamos nossos ritual interno,
onde intensificamos nossas vibrações, realizamos nossos banhos de ervas, equilibramos nossos
chacras, tudo para que, ao chegarmos no terreiro, possamos nos doar e nos entregar nas
vibrações da espiritualidade superior. Não basta vestirmos uma roupa branca e irmos aos
trabalhos com os corações e pensamentos totalmente impregnados com ódio, mágoa, rancor.
Devemos, seja umbandista ou não, realizarmos nossa reforma íntima, abdicando de muitas
situações, sentimentos que acarretam um mal estar físico, psicológico e espiritual. Se estamos
buscando um aprendizado e sermos melhores a cada dia, nossas atitudes devem ser revistas
constantemente, pois só assim alcançaremos e cumpriremos com um pouco de nossa missão.
Então, de forma sábia, já somos conscientes e estamos cientes de que uma roupa branca ou uma
incorporação não trará sua purificação. Devemos, antes de qualquer ato, abdicar de algumas
situações e nos entregar de copo e alma para aquilo que nos propusemos a realizar. Parece que
basta apenas fechar nossos olhos e incorporar, pois ali a entidade que estará realizando os
trabalhos. Porém, sabemos que não é bem assim! Há uma reciprocidade entre o médium e o
mentor espiritual e ambos devem sempre estar em sintonia, nas mesmas vibrações, pois mesmo
incorporado, pode o médium sofrer uma queda e começar uma fase de mistificação. Salienta-se
na máxima “Umbanda é coisa séria para gente séria”. Responsabilidade inerente a cada um,
principalmente àqueles que trabalham na linhagem de Umbanda ou vertentes espíritas. Devemos
sempre nos vigiar, pautar nossas vidas na retidão de bons princípios e atos, pois contrariado,
infringimos uma lei espiritual: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Devemos realizar reformas
íntimas em nossos corações, em nossos pensamentos. Devemos saber amar e sermos amados,
devemos respeitar, renegar determinadas situações, abdicar de sentimentos errados e renová-los,
saber perdoar e reconhecer nossos erros. Muito apontamos nossos dedos para criticar, para dizer
que não gosta de “fulano ou beltrano”, mas jamais procuramos saber se àquele irmão (ã) está com
algum problema. É tão mais fácil criticar do que estender a mão amiga. Por isso devemos nos
amar, pois quem tem o amor próprio não tem tempo para criticar seu semelhante, mas auxiliá-lo
quando necessário. Ser médium é isso, pois inúmeras vezes seremos chamados para ajudar
àqueles que um dia nos fizeram mal, e por óbvio, não poderemos renegar a isso. Conseguem
observar quantas coisas se escondem atrás de um branco, colares e ritualísticas. De nada adianta
realizarmos tudo isso, quando na realidade nossa carne está voltada para outras situações ou
impregnadas de ódio e falta de amor. Assim, ter em mente que, se desejamos realmente ajudar e
sermos ajudados, muitas coisas precisamos mudar e que sejam internas, voltadas a cada um.
Assim, feito essa reflexão, vestimos o branco para ir ao encontro de nossa religiosidade e
dispostos a ajudar àqueles que nos pedem socorro, sejam situações cármicas ou espirituais.
Chegamos ao terreiro, realizamos todos os procedimentos necessários e aguardamos o início de
nossos trabalhos. Por óbvio, tudo deve ter uma hierarquia, a qual devemos observância e
obediência. Respeito as regras espirituais e as impostas pelo líder religioso. Se há uma hierarquia,
há também cargos e funções, as quais são dotadas de responsabilidades e missões que devem
ser cumpridas. Iniciamos com o sacerdote de umbanda (pai de santo), àquele médium que, por
longos e derradeiros anos, foi preparado fisicamente e espiritualmente pela espiritualidade para
que conduzisse e cuidasse de outras pessoas. Ser Sacerdote não é algo fácil ou prazeroso, mas
exige uma responsabilidade consigo e para com os outros, tendo em vista que os cuidados dos
demais médiuns depende exclusivamente daquele sacerdote. Exige abdicação de sentimentos,
pois este será o mais procurado para socorro e não deverá declinar de ajudar o solicitante. Faz
parte de sua missão! Logo no início disse que devemos realizar uma reforma íntima, saber perdoar
e amar. Assim, imaginemos a hipótese de um sacerdote, cujo o qual é espelho e diretriz aos seus
filhos espirituais, renega em ajudar e auxiliar seu inimigo, mesmo que de longas datas. Seria
contraditório dizer algo e praticar o inverso ao ensinado. E claro que isso não só compete ao
sacerdócio, mas a todos nós, desde ateus a religiosos. Cumpre ao sacerdote ter o zelo e a
responsabilidade com suas condutas, seja dentro ou fora do terreiro, pois ele é o espelho dos
demais irmãos. Além dos conhecimentos práticos, magísticos e litúrgicos, deve conhecer a si e aos
seus filhos, sabendo orientar, ensinar e corrigir como se ali estivesse a figura de um pai com laços
sanguíneos. Sacerdote deve respeito e merece respeito, pois ele é a autoridade máxima dentro do
terreiro, mas também passível a erros e correções quando necessária. Lembre-se: somos de carne
e osso! Em questões de hierarquia carnal temos de início os Pais e Mães, mas tudo tem sua base
e logo encontramos como alicerces os médiuns, seja eles novatos ou àqueles que, através do dom
mediúnico, ajudam o próximo. Ser médium também é responsabilidade, mas também gratificação,
pois esse dom lhe foi dado para auxilio e ajuda ao seu próximo. Assim como um objeto de
porcelana que se não cuidado pode quebrar, a mediunidade também. Se mal utilizada, assim como
lhe foi concedido para cumprir uma missão e resgate, ela pode ser retirada. Médium de Umbanda
deve sempre, antes de mais nada, saber suas limitações. Praticar desde o início sua reforma
pessoal, crescer e mudar a cada dia, pois é isso que necessitamos, MUDANÇA!
Reconhecer seus erros, reconhecer quando está cometendo algo errado e corrigir sem medo de
represálias, pois aí estará a simplicidade e humildade do médium de aprender com seus erros. Não
basta apenas ter 30 anos de umbanda, quando em suma realidade internamente não absorveu ou
abdicou de coisas que faz com que o nosso perispirito entre em um verdadeiro estado de
putrefação. Deve sempre seguir nas leis divinas, respeitar as orientações espirituais, reconhecer
seus erros e saber o momento de agir. Se reconstruir a cada dia e entrar em paz consigo mesmo,
renovando suas energias e sua fé. Médium que se doa pela espiritualidade para ajudar, deve ter
em mente que, naquele ato divino, deve esquecer a sacola dos problemas e se abrir de coração,
possibilitando a aproximação dos espíritos falangeiros de luz e permitindo que façam um
acoplamento de energias nossas e as que irradiam, tudo como forma de ajudar àqueles que
chegam até nós. Desta forma, um médium que passa um dia conturbado, com irritações,
certamente não terá uma incorporação por completo e se abusar, transmitirá ao consulente
energias não muito firmes, podendo ali gerar graves problemas espirituais.
Saber reconhecer sua inaptidão para trabalho em dias ruins, é ter a ciência que somos seres
limitados e ainda ter a humildade de assim saber. É ter, antes de mais nada, amor ao seu
semelhante, pois não transmitirá vibrações maléficas e dará ao consulente a oportunidade que seja
ajudado de outras formas, com outros guias. É não ser egocêntrico e o centro das atenções, afinal
Umbanda não é espetáculo, mas religião. Médium nenhum pode se achar “o melhor”, pois em sede
de espiritualidade todos somos leigos. Temos ciência do básico, mas do máximo, um eterno
dilema. Assim, cabe o médium vigiar seus sentimentos, respeitar seu irmão e amá-lo. Quem ama
jamais terá a preocupação de entrar em questões que desagradam ou atém mesmo que te
coloquem a beira de um abismo. Deve sempre estudar, questionar seu dirigente, manter zelo na
incorporação, manter sigilo do que é confiado. É claro que o que é confiado é para o guia, mas
quando tratamos de mediunidades conscientes, o médium lembrará de tudo. Seria muito ruim e
antiético revelar algo que não lhe compete a terceiros. Consulta-se os guias e jamais o médium.
Lembre-se sempre que somos apenas veículos para que irmãos de luzes se comuniquem e
pratiquem a caridade. Não somos mais nada que isso! Como canais, devemos ter ética e postura
durante a gira e até depois dela. Canal que esteja danificado ou poluído, será difícil uma passagem
de elementos essenciais a nossa jornada e vida. E da mesma forma deve se portar àqueles
médiuns que, embora não incorporem, auxiliam dentro do ritual. Chamamos de Cambonos
(cambones), os quais são de extrema importância, pois auxiliam as entidades incorporadas e ficam
atentos quando algo de errado está acontecendo durante a gira. São eles que prestam auxilio e
muitas vezes têm ciência do que se passa com determinado consulente. Ser cambono é
RESPONSABILIDADE, assim como todos os demais cargos exigem, e um manto de SEGREDO.
Quando um consulente chega defronte a entidade espiritual, ali expões segredos dos mais diversos
tipos que, se necessário, deverá ter uma atuação imediata do guia espiritual. Se solicitado o auxílio
do cambono, este deve se doar e ajudar, mas jamais ao término, expor o que estava se passando
na vida daquela pessoa. Olha que situação desconfortável que não geraria. Não devemos, de
forma alguma, espalhar aos quatros cantos do mundo o que se passa dentro de uma gira de
umbanda. Assim como devemos mantar nossa “sacola de problemas” em casa para irmos a gira,
quando saímos do trabalho umbandista devemos esquecer nossa “sacola religiosa” lá dentro.
Pensa você se um padre ou pastor revelasse todos os segredos que forem lhes confiados no ato
da confissão. Certamente geraria um caos. Por qual motivo então na umbanda tem que ser
diferente?
Tudo que se passa deve se manter em segredo e esquecido quando não estar mais no terreiro.
Somos regidos por uma lei espiritual e uma lei carnal, sendo que podemos sofrer punições quando
acometidos em erro. Nossos comportamentos e atitudes devem ser condizentes com que
pregamos. Devemos saber nossa posição e respeitar as hierarquias, regras e até mesmo regras
que não foram impostas pelo guia ou pai de santo, mas que a nossa consciência diz.
Se contrariarmos ela, com certeza não deitaremos com a mesma paz anterior que antes. Aliás, já
não deitamos confortavelmente, pois somos pecadores. Não sabemos perdoar, não sabemos
amar, mas pior seria se fizéssemos algo que prejudica muito mais a terceiro.
Então, os comportamentos e atos dentro da umbanda devem ser seguidos a risca. Em caso de
falhas, perdoados seremos, mas consequentemente sofreremos uma reprimenda por termos sidos
negligentes, antiéticos e desrespeitosos com a casa em que trabalhamos, com seu dirigente e o
pior, com o próprio plano espiritual. Saiba, que papel não faz ninguém melhor que o outro, mas
são nossos atos que nos tornam diferente de muitos. Por isso, ame, para de criticar, saiba ouvir e
olhe para seu próximo como irmão e seu semelhante. Você não é melhor, mas alguém em
evolução como todos os demais mortais dessa terra.
Cada Terreiro de Umbanda é uma Casa de Deus e dos Orixás. Então, todos os umbandistas
deveriam ter livre acesso a todos os Terreiros, assim como ocorre com os irmãos de outras
crenças. Quando Médium de outro Terreiro em visita , tomar passe, estudos, ou qualquer que seja
a situação a que veio, sempre orientar o diálogo direto com os Pais Espirituais. Dar um passe sim,
mas nunca mexer na coroa do médium. Dentro do Terreiro a falta de ética existe também desde o
sacerdote até os médiuns. O sacerdote, por questões de afinidade pessoal ou financeira, acaba
dando a médiuns novos a posição de Pais Pequenos ou privilégios sem ao menos conhecer a
mediunidade de tal pessoa. E os médiuns mais velhos, com anos de cumplicidade, são deixados
de lado. Médiuns do Terreiro desprovidos de ética e respeito começam a visitar Terreiros sem ao
menos comunicar seus sacerdotes e estes ficam sabendo por terceiros. Médiuns que se acham
autossuficientes convidam médiuns da Casa para participar de Giras em sua Casa ou chamam
médiuns da corrente para fazerem trabalhos de descarrego e desobsessão seja onde for e não
comunicam seus sacerdotes. Sei que existe médiuns muito capazes, mas não lhes dá o direito de
fazerem uso de médiuns do Terreiro que frequentam. Médiuns mais velhos que deveriam dar o
exemplo de humildade e receber com amor e orientar irmãos mais novos, se sentem ameaçados e
maltratam os irmãos mais novos. Médiuns insatisfeitos com a conduta do sacerdote, ao invés de
conversar diretamente com o mesmo, inflamam suas insatisfações com outros médiuns, dando
inicio à FOFOCA. Toda Casa quando recebe irmãos que saíram de outras Casas por motivos
diversos, se quiser entrar em sua corrente, deveria frequentar no mínimo 3 meses na assistência.
Todo Sacerdote deveria orientar sempre médiuns de outras Casas a buscarem sua raiz e não
querer aumentar a sua corrente. Todo médium ao sair de uma Casa, deveria sair pela porta da
frente. Do mesmo modo como entrou, pedir a benção, guardar para si o que foi bom e o que não foi
deixar na Casa, e não sair comentando e difamando-a, pois enquanto frequentou lhe serviu.
Então relembrando:
Um sacerdote jamais deve inflamar um desentendimento com quer que seja. Deve sempre tentar
buscar a harmonia:
1 – Se existem visitantes de outras Casas, receba com harmonia, pois são irmãos de fé;
2 – Se identificar médiuns de outra Casa, receba também com harmonia e em ambas as situações
(1 e 2), jamais coloque as mãos em sua coroa, pois tem quem cuida dela.
3 – Sempre orientar o diálogo direto com os Pais Espirituais. Dar um passe sim, mas nunca mexer
na coroa do médium.
4 – A Curimba é sagrada e movimenta energias em seu Terreiro. Jamais desfaça de seus ogãs por
causa da visita, mas receba os visitantes com harmonia, oriente a seus ogãs a sempre tratar bem e
não fazer cara feia quando a outra Curimba puxar um Ponto em tom ou melodia diferente. Apenas
acompanhar.
5 – Se existem médiuns de outras Casas fazendo cursos em seu Terreiro, trate-os com respeito.
Não se esqueça que são irmãos de fé.
Sacerdotes exigindo que alunos de cursos venham em suas Giras e que venham participar de
atividades de Terreiros e, ainda, que exigem ser chamados de Pai ou Mãe. Isso é falta de ética e
de humildade para com o sacerdote que, na confiança, mandou seus filhos para aprender e não
serem assediados.
Durante visita, sua Curimba foi maltratada e que não deixam participar das festividades ou evento.
Isso é falta de irmandade, respeito e ética!
Sacerdotes manifestados orientam médiuns de outras Casas a deixarem seus Terreiros por
motivos diversos e virem para sua Casa. Um Guia de luz recebe o médium com amor e o orienta a
voltar e conversar com seus Pais e não o convida para sua corrente.
Ser umbandista não é fácil – todos aqueles que levam a Umbanda a sério sabem disso, mas será
que é a Umbanda que dificulta a nossa caminhada?
Certamente que não. Ao contrário disso, a Umbanda existe, entre outros fatores, para facilitar
nossa caminhada e amenizar a os ferimentos que os espinhos da vida nos causam. A Umbanda é
perfeita, quanto a isso não resta dúvida, nós umbandistas – e antes disso, seres humanos – é que
não somos perfeitos e, não raras vezes, deixamos que a nossa imperfeição interfira no bom
andamento dos trabalhos e rituais de Umbanda, maculando o seu nome e possibilitando a
generalização negativa aos olhos do leigo. Quantos umbandistas, durante a gira, não se
concentram em seus afazeres, às vezes nem conseguindo se concentrar para “dar a cabeça” às
entidades, porque se concentram mais na atitude dos seus irmãos-de-fé?
Quantos outros se orgulham em dizer que do lugar que ocupam no terreiro percebem tudo o que
acontece durante a gira (e usam as observações para levantar críticas depois)? Deveriam observar
melhor as próprias línguas, mantendo-as caladas e dentro de suas bocas, impedindo que saiam
bifurcadas, espalhando sua peçonha por onde passam. Existem também aqueles que adoram
criticar as atitudes dos novatos, acusando-os de mistificação e querer colocar o carro na frente dos
bois. Que isso acontece é fato, mas os mais experientes deviam ter o dever de ser sábios e,
portanto, a obrigação de orientar os mais novos. Os inexperientes erram por desconhecimento e
falta de orientação, os mais velhos erram por não conseguir conter sua maledicência.
Não faltam também aqueles que, durante uma gira, acham que são os seres mais importantes da
face da terra, por desempenharem algumas funções. O sacerdote muitas vezes se acha a própria
encarnação de Zambi, o ogã acredita que a gira não funciona sem ele, o pai pequeno olha os
demais como se estivesse sobre um pedestal e assim vai. Cada qual se acha a peça-chave da gira
e esquece que ela constitui uma corrente, na qual cada elo é de extrema importância e que se um
fraquejar, todo o corpo mediúnico estará comprometido. Não podemos esquecer aqueles que
vestem o branco e são umbandistas apenas nas horas que dura a gira. Terminados os trabalhos,
trocam a roupa e voltam à sua vida mundana, pouco se importando em melhorar enquanto filhos
de Zambi. Tudo que aconteceu durante a gira não lhes serviu em nada como aprendizado. Triste o
ser que vivencia uma experiência, qualquer que seja, e não tira dela uma lição. E quando um filho-
de-fé decide seguir outro caminho, ir para outro terreiro ou mesmo afastar-se da religião por algum
tempo? Não são raros os sacerdotes de Umbanda que correm praguejar contra esse filho, inclusive
tomando à frente de suas entidades para bradar em tom ameaçador (a fim de intimidar os demais
filhos) que o “fulano voltará para cá se arrastando, pedindo perdão por ter saído”. É triste ouvir
essas palavras proferidas por alguém que se diz “pai” ou “mãe” do terreiro, justamente a pessoa
que deveria abençoar o filho que partiu e lhe desejar boa sorte, deixando as portas abertas para
que um dia voltem, caso seja seu desejo. Mas preferem praguejar, demandar, ameaçar e intimidar.
Será que pessoas que agem assim estão realmente preparadas para exercer o sacerdócio?
Mas com certeza os dois grandes males da maioria dos terreiros são a fofoca e a vaidade. Ervas
daninhas que enquanto não são arrancadas de vez, pela raiz, não deixam os trabalhos fluírem da
maneira como deveriam. Como auxiliar os necessitados quando somos nós os maiores
necessitados no que se refere à moral e ética religiosa. Teria inesgotáveis exemplos de quanto os
umbandistas podem nos decepcionar, mas levaria horas escrevendo e esse texto se tornaria
cansativo e repetitivo. Com certeza já decepcionei muito também, mas não podemos deixar de
alimentar a chama da evolução. Erramos sim, e já diz o velho ditado que errar é humano, mas é
preciso aprender com o erro e a partir dele buscar o aprimoramento. Mas infelizmente não é isso
que vemos acontecer. Obviamente sou contra qualquer tentativa de unificar uma codificação de
Umbanda, pois sua diversidade é sua grande riqueza, mas estabelecer uma conduta ética, não
apenas como umbandista, mas como seres humanos, não custa nada a ninguém. E não podemos
esquecer que somos o espelho da nossa religião, nossas atitudes são apontadas como positivas
ou negativas pelos leigos para enaltecer ou denegrir a imagem da Umbanda.
Amo a Umbanda, nem sempre concordo com os umbandistas. Assim como toda a humanidade
ainda precisamos evoluir muito.
A escolha de um sacerdote
A escolha de um sacerdote para lhe orientar em sua vida espiritual deve seguir um cuidadoso
sistema onde você é a prioridade, trazer para sua vida um elemento que você desconhece pode
comprometer o seu futuro.
Além de comprometer sua vida espiritual, você muitas veze, pode ter grandes prejuízos em sua
saúde.
O envolvimento com pessoas que muitas vezes não correspondem a um comportamento moral
adequado pode traumatizar e criar sequelas que jamais serão curadas, afastando para sempre o
individuo de sua crença.
Um sacerdote deve ter um comportamento exemplar por várias razões, mas a mais importante
delas é, ao longo da vida, adquirir o direito de ser cultuado como antepassado depois de sua
morte.
Enganar, muitas vezes ,tem uma razão que só a pessoa consegue explicar.
A insegurança e o medo, se explica mas não se justifica, muitas vezes a mentira é antecipada pelo
comportamento, tudo poderia ser previsto, só não poderia ser explicado.
Quem tem orixá bem assentado , jamais será enganado. O desejo de acertar muitas vezes cega a
razão.
As carências emocionais e espirituais afloram e nos deixamos influenciar por títulos, diplomas e
histórias que em um momento de maior lucidez jamais acreditaríamos.
Todos somos vítimas, mas temos que aprender com os fatos, precisamos evoluir com o tempo e
crescer com as experiências.
Deixe o tempo passar e os problemas poderão ser solucionados, suas tristezas vão diminuir,e
certamente você vai sair dessa uma pessoa mais forte,mais experiente e mais segura,não vai lhe
fazer falta o que você nunca teve,pelo menos da maneira que você pensava.
Pode acontecer que você tenha somente uma vasilha com uma pedra dentro e que esteja cercado
de pessoas que jamais deveria confiar.
É saber respeitar para ser respeitado, é saber, amar para ser amado, é saber
ouvir para ser escutado, é saber dar um pouco de si para receber um pouco de
Deus dentro de si.
É saber que a Umbanda não faz milagres, quem os faz é Deus, e quem os recebe
os mereceu.
É saber que uma casa de Umbanda, não vende nem dá salvação, mas oferece ajuda aos que
querem encontrar um caminho.
É ter respeito por sua casa, por seu sacerdote e pela Religião de Umbanda
como um todo: irmandade.
É,saber que nem sempre estamos preparados ... que é necessário sacrifícios,
tempo e dedicação para o sacerdócio.
É entrar em um terreiro sem ter hora para sair, ou sair do terreiro após o
último consulente ser atendido.
É, mesmo sem fumar e beber, dar liberdade aos meus guias para que eles
utilizem esses materiais para ajudar ao próximo, confiando que me deixem
sempre bem após as sessões.
É me dar ao meu Orixá para que ele me possua com sua força e me deixe um
pouco dessa força para que eu possa, viver meu dia-a-dia, numa luta
constante em benefício dos que precisam de auxílio espiritual.
É sofrer por não negar o que sou (Umbandista), e ser o que sou com
dignidade, com amor e dedicação.
É acreditar, mesmo nos piores momentos, com a pior das doenças, estando um
caco espiritual e material, que os Orixás e os guias, mesmo que não possam
nos tirar dessas situações, estarão ali, ao nosso lado, momento a momento
nos dando força e coragem; ser Umbandista é, acima de tudo, acreditar nos seus
Orixás e nos guias, pois eles representam a essência e a pureza de Deus.
É saber respeitar o que o outro faz como Umbanda, mesmo que seja diferente
da nossa, mas sabendo que existe um propósito no que ambos estão fazendo.
É chorar, sorrir, andar, respirar e viver dentro de uma religião sem querer
nada em troca.
É ter vergonha de pedir aos Orixás por você, mas não ter vergonha de pedir
pelos outros.
É não ter vergonha de levar uma oferenda em uma praia ou mata, nem ter
vergonha de exercer a nossa religiosidade diante dos outros.
É estar sempre pronto para servir a espiritualidade seja no terreiro, seja, numa encruza, seja na
calunga, seja no cemitério, seja na macaia, seja nós
caminhos... em qualquer lugar onde nosso trabalho seja necessário.
É se alegrar por saber que a Umbanda é uma religião maravilhosa, mas também
sofrer porque os Umbandistas ainda são tão preconceituosos uns com os
outros.
É ficar incorporado 5, 6 horas em cada uma das giras, sentindo seu corpo
moído, e, ao mesmo tempo, sentir a satisfação e o bem estar por mais um dia
de trabalho.
É sentir a força do soar dos atabaques, sua vibração, sua importância, sua
ação, sua força dentro de uma gira e no trabalho espiritual.
É ser Umbandista, mesmo que outros digam que o que você faz, sua prática,
sua fé, sua doutrina, seu acreditar, sua dedicação, seu suor, suas lágrimas
e sacrifício não sejam Umbanda.
É saber que existe vaidade mesmo quando alguém diz que não têm vaidade:
vaidade de não ter vaidade.
É saber o que significa a Umbanda não para você, mas para todos.
É saber que as palavras somente não bastam. Deve haver atitude junto com as
palavras: falar e fazer, pensar e ser, ser e nunca estar...
É saber que a Umbanda não vê cor, não vê raça, não vê status social, não vê
poder econômico, não vê credo. Só vê ajuda, caridade, luta, justiça, cura,
lágrimas, aflição, alívio, raiva, amor, mau e bom, mal e bem ... os
problemas, as necessidades e a ajuda para solucionar os problemas de quem a
procura.
É saber que a Umbanda é livre; não tem dono, não tem Papa, mas está aí para
ajudar e servir a todos que a procuram.
É saber que você não escolheu a Umbanda, mas que a Umbanda escolheu você.
Agora aquele que não gosta de seguir doutrina e regras que não para em casa alguma e sai aos
quatros ventos falando que nenhum terreiro de Umbanda presta atenção :
Devemos ter muito cuidado com este tipo de médium e pessoas pois existe alguns filhos e adeptos
da religião que acham que a casa que tem que se adaptar aos seus costumes não ele se adaptar a
casa. A realidade e uma só quem não tem humildade para abaixar as orelhas e aprender se
doutrinar , se educar nunca nenhum terreiro de Umbanda vai prestar nunca vai permanecer em
religião ou terreiro Algum.
MALDITOS SACERDOTES!!!
Falando em bom senso, não misture suas crenças pessoais (senso comum) com fundamento de
Umbanda. São coisas distintas. Não é porque você sonhou que uma entidade disse uma coisa que
isso se torna um fundamento de Umbanda. Talvez você esteja delirando. Não é porque você acha
que determinados elementos devam (ou não) ser usados ou evitados, que sua vontade deve ser
feita. As entidades não devem deixar de beber ou fumar, de usar determinados paramentos, de
usar certos procedimentos só porque você quer. Você não é o papa da Umbanda e, sinto informar,
sabe bem menos que as entidades e os orixás: esses sim, os verdadeiros mestres a quem
devemos ouvir para nortear o nosso culto. Os fundamentos da Umbanda vêm do Astral, da
Espiritualidade Maior, e não do seu ego, às vezes tão mesquinho. Também não se ache o baluarte
da Umbanda. Na Umbanda verdadeira impera a simplicidade e não existe lugar para super-heróis
(ou supostas entidades que assim se acham e já baixam se dizendo chefes de falange). Converse
com um preto velho se tiver dúvidas quanto a isso. Não existe entidade mais sábia que um preto
velho... paradoxalmente não existe também entidade mais humilde. Portanto, se quer contribuir
tanto para uma boa Umbanda, comece sendo humilde. Outro bom conselho: aprenda a controlar a
sua língua. Ela não tem osso, pode serpentear de um lado para outro, falando de tudo e de todos.
E fica a dica: quem fala de todas as pessoas para você, certamente fala de você para todas as
pessoas. Quer montar um terreiro de Umbanda? Ótimo... mas primeiro assuma a religião para a
sua família, vizinhos e amigos. Vamos honrar a roupa branca que vestimos, e não ter vergonha
dela. Salve Oxalá e a brancura do seu manto. Tenha culhão para assumir aquilo em que você
acredita. Não pratique a Umbanda às escondidas... não é vergonha nem crime ser umbandista, a
Carta Magna do país nos garante isso. Se você tem medo de assumir a Umbanda o problema está
em você, não nos outros. Siga seu caminho. Se não conseguiu fazer com que os irmãos-de-fé da
sua casa sejam seus cordeiros, procure um lugar com pessoas menos inteligentes, que talvez
caiam em sua conversa. Mas não tente abrir um terreiro se não tiver culhão para isso. E ao sair
dessa casa, deixe-a em paz. Deixe seu sacerdote em paz, os filhos-de-fé em paz, seus
fundamentos em paz. Você será esquecido por eles mais rápido do que pensa se deixá-los em
paz. Não caia do jogo mesquinho de tentar ficar aliciando às escondidas os filhos dessa casa
(aqueles mesmos que você tanto criticava) para migrarem para o seu pseudo-terreiro. Além de
anti-ético, isso é muito feio. E além de tudo, você vai (tentar) tirar alguém de uma casa para levar
para onde, se ainda não teve culhão (além de preparo) para montar um terreiro?
Em todas as situações a conduta sacerdotal deve ser sempre a de ser neutro! A conduta
sacerdotal é muito importante, pois ela será o espelho da religião! Ética entre os Umbandistas é um
assunto muito sério e tenho ultimamente me deparado com muitas situações que me fazem pensar
em desistir, mas prefiro pensar num futuro melhor.
Já no terreiro a estrutura é mais próxima a uma monarquia, onde se tem a figura do Pai ou Mãe de
Santo, que acaba sendo sempre o líder até o seu desencarne. Seus sucessores são escolhidos
dentro do que a espiritualidade determina e a eles é dado o nome de pais ou mãe pequenos. Em
algumas denominações é possível usar outros nomes, tais como: Capitães, Zeladores, Adjuntos,
Braço-Direito, etc…
A hierarquia serve para estruturar o trabalho, logo é o Dirigente espiritual (pai de santo/mãe de
santo) quem irá dar abertura aos trabalhos espirituais, evocando os Orixás e dando passividade
para manifestação do guia-chefe do terreiro. Logo depois os demais médiuns tem a anuência de
permitirem a incorporação. Na finalização do trabalho, ocorre da mesma forma, ou seja, todos os
médiuns desincorporam e apenas o guia-chefe do dirigente espiritual permanece para dar a última
palavra e, então vai embora.
Logo, permanecer em terra, salvo raras exceções (como no caso dos guias dos pais e mães
pequenos) é uma tremenda falta de respeito pela hierarquia do terreiro. As entidades sabem disso,
logo não vão descumprir a lei da casa. Então, se alguma entidade ficou em terra, sem a outorga do
chefe da casa, pode ter certeza que é o médium em um processo de desequilíbrio.
Os pais pequenos não são melhores que os demais, eles apenas estão a frente do trabalho na falta
do dirigente. Também são eles que respondem durante as giras de desenvolvimento, para facilitar
o trabalho dos dirigentes. Acabam ajudando nas reuniões de estudo e também são os contatos
mais fáceis com os trabalhadores, servem de ponte entre o chefe da casa e o corpo mediúnico.
Com isso, claro, implica-se ter muito mais responsabilidades e deveres. Quem acha que um cargo
desse é dado para simples promoção pessoal, está completamente enganado a respeito das
atribuições do mesmo. Os pais pequenos são os que vão levar bronca do Dirigente Espiritual e
receberão as críticas e reclamações do corpo mediúnico.
Esses pais e mães pequenos podem estar sendo preparados tanto para tocar o terreiro na falta em
definitivo dos dirigentes – caso eles desencarnem e nenhum outro dirigente seja indicado – ou
também, sendo conduzidos a abertura de suas próprias casas. Assim nasce mais um terreiro com a
mesma filosofia ou pelo menos muito próxima do terreiro matriz, propagando a palavra de fé,
amor e caridade da religião umbandista.
A Umbanda é bem formatada hierarquicamente até mesmo no plano astral, onde as linhas se
dividem em falanges e sub-falanges. Todos os termos são de cunho militar. Não é raro ouvir dizer
que um espírito-guia é mais um Soldado de Umbanda, assim como seus “cavalos”. Os espíritos
não se promulgam grandes sabedores e entidades poderosas. Digamos que um médium receba um
Caboclo Pedra Roxa, que é extremamente mais evoluído – para o leigo mais poderoso – do que o
caboclo do pai de santo que é um Flecha Dourada. Mesmo assim, o caboclo Pedra Roxa irá se
ajoelhar perante o Flecha Dourada e prestar reverência, assim como seguir o que esse caboclo diz,
pois ele é o CHEFE dessa casa.
O que ocorre é que falta muita humildade para os trabalhadores de Umbanda. Isto faz com que
eles sucumbam a suas vaidades e desperdicem tempo manifestando péssimas manias e ações, ao
invés de praticar a caridade espiritual.
Acho – e aqui ressalto o ACHO – que devemos permitir sempre que o guia faça o trabalho do
jeito dele, sem afetações ou carências. Deixando o personalismo de lado, podemos aprender muito
e servir humildemente aos nossos amados guias e mentores espirituais. Pense nisso!