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A Estatuária Funerária No Brasil

Este documento discute a representação iconográfica do retratismo burguês na estatuária funerária brasileira entre os séculos XIX e XX. Analisa bustos encontrados em cemitérios de todo o país para identificar elementos que expressam o status social do retratado, como pose, indumentária e atributos. Também investiga biografias de figuras históricas homenageadas para entender como os bustos preservavam a memória e afirmavam a posição social dos mortos.

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A Estatuária Funerária No Brasil

Este documento discute a representação iconográfica do retratismo burguês na estatuária funerária brasileira entre os séculos XIX e XX. Analisa bustos encontrados em cemitérios de todo o país para identificar elementos que expressam o status social do retratado, como pose, indumentária e atributos. Também investiga biografias de figuras históricas homenageadas para entender como os bustos preservavam a memória e afirmavam a posição social dos mortos.

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A ESTATUÁRIA FUNERÁRIA NO BRASIL: A REPRESENTAÇÃO ICONOGRÁFICA


DO RETRATISMO BURGUÊS.

Julliana Rodrigues de Oliveira; Maria Elizia Borges.


Faculdade de Artes Visuais – Universidade Federal de Goiás
[email protected]; [email protected]

RESUMO

Este texto é resultado de um primeiro arrolamento realizado no acervo fotográfico da professora Dra.
Maria Elizia Borges onde foram selecionados monumentos funerários que continham a presença de busto.
Foram encontradas tais estatuárias em cemitérios de várias localidades do país. A partir desse
levantamento pudemos tratar o retratismo burguês como uma produção funerária visivelmente
representada no século XIX e que se estende até o século XX. É feito, portanto, aqui, uma sinopse da
burguesia brasileira com a imagem social que ela faz de si diante e após a sua morte. O busto funciona
como um tipo de “brasão burguês” póstumo. Os elementos iconográficos contidos no busto são variados.
Pudemos analisá-los dentro dos aspectos formais, por representação de gêneros, através das
indumentárias e pelo valor dado ao retratado. A figuração debruça-se do real ao idealizado.

Palavras-chave: Estatuária funerária; retratismo burguês; cemitérios brasileiros

RETRATANDO OS MORTOS

É notória, ao longo da história da humanidade, a necessidade que a sociedade ocidental


tem em retratar seus mortos, uma maneira de resguardar sua memória e/ou como forma de
afirmação social diante dos vivos. Os motivos pelo qual essas representações são feitas,
dependem do local, do período ao qual este pertence e de suas relações sociais, tanto no âmbito
público quanto privado.
Existem representações de mortos, em forma de retrato escultórico, na Grécia Clássica e
na Roma Antiga, entretanto, é em Roma, que se nota de forma mais acentuada esta preocupação
em retratá-los dentro do que eles simbolizaram na vida pública e social. Nesse período, talvez
fosse mais importante a representação pública do morto, do que o apego privado dispensado pela
família a esse ente querido conforme afirma Deborah Borges (2008; p. 36):
2

A importância atribuída ao indivíduo como membro de uma família era muito menor do
que sua localização social. De fato, pode-se dizer que a morte, em Roma, pertencia ao
domínio público, assim como também a vida. O termo “privado”, segundo Veyne
(2002), tinha sentido pejorativo. Ora, segundo a mentalidade do período, tudo o que
uma pessoa fizesse deveria estar de acordo com sua posição social e seus deveres
perante a sociedade, não havendo a noção de privacidade e intimidade que existe hoje.
Portanto, o ambiente privado, local privilegiado da família, não possuía tanto valor
quanto a projeção pública do sujeito – especificamente, do homem chefe de família,
proprietário de bens e direitos.

É compreensível que na antiguidade nos deparamos com a existência quase exclusiva de


representações visuais de homens que possuíam algum prestigio social. Mulheres, crianças,
escravos e homens pobres, por não possuírem tal projeção na sociedade, raramente foram
considerados merecedores de tal honraria, todavia deparamos com alguns modelos em museus
lapidários na Europa.
Essa condição se estende ao longo de vários períodos da história ocidental, com exceção da
Idade Média, onde prevalecia o caráter privado da morte e as relações familiares com o falecido.
Tinha-se o costume de representar os nobres e o clero como mortos jacentes. A volta do emprego
do retrato escultórico chegou à sociedade burguesa nos séculos XIX e XX, objeto de estudo desta
pesquisa. Costumava-se representar à memória do patriarca nos túmulos por meio de bustos
idealizados que aos poucos foram perdendo espaço para os retratos memoriais (BORGES, 2010).
Para o entendimento do que se trata essa investigação, torna-se necessário colocar
definidos dois termos essenciais ao desenvolvimento deste trabalho, são eles os conceitos de
retrato e de busto. Segundo Cabral (2008), busto é a representação tridimensional de uma figura
humana que compreende a cabeça, o pescoço, os ombros, o princípio dos braços e parte do tronco
e retrato é a denominação da imagem em duas ou três dimensões de uma pessoa. Pode abranger
somente a cabeça, uma parte do corpo ou ainda a pessoa por inteiro. Para tanto nesse momento,
vamos nos ater mais ao conceito de retrato, por esse, ao nosso entendimento, abarcar o conceito
de busto.
Diante do levantamento de dados realizado por nós, notamos as semelhanças dos bustos
do referido período (séculos XIX e XX), com os retratos fotográficos da mesma época, um
exemplo disso, é a grande quantidade de bustos de perfis dentro das imagens levantadas. Esse
tipo de reprodução é atribuída tanto à representação do retrato do vivo quanto do morto segundo
aponta Fabris (2004; p. 35):

O próprio fato de a frontalidade absoluta não ser privilegiada nos retratos realizados
nos ateliês fotográficos é um indicador social: a burguesia é estimulada a ostentar
aquela mesma assimetria que caracterizava o retrato pictórico do século anterior.
3

Daumier capta muito bem essa disposição numa charge de 1853, que contrapõe duas
atitudes sociais perante a câmara: a do homem natural, rigidamente frontal; a do
homem civilizado, afetadamente lateral.

Existe também uma série de características dos retratos tipicamente burgueses


identificados diretamente nos bustos analisados, como a pose, a indumentária, os atributos,
enfim, todos os elementos que compõem a representação do retratado eram pensados como forma
de afirmar, mais do que beleza ou a memória, uma posição social do mesmo.
Segundo Fabris (2004, p. 30), nesse contexto de construção de uma identidade social,
acessórios e cenários não devem ser analisados em termos de ilusão realista e nem mesmo de
busca de efeitos plásticos. Seu verdadeiro âmbito é a simbologia social: cenário e vestimenta
constituem uma espécie de “brasão burguês”.
Tomando essas referências como sustentação da hipótese de que os bustos são
representações que confirmam o estado social de seus mortos conduzimos esta pesquisa sob a
prerrogativa de investigar os elementos das esculturas cemiteriais do acervo fotográfico da
Professora Dra. Maria Elizia Borges que traduzem esta condição de forma imagética. Para tanto é
importante pontuar a importância do uso de imagem fotográfica no processo de investigação
artística e histórica na pesquisa de campo, aspecto sob o qual se refere Fochi (2011, p. 18):

A utilização de fotografias em pesquisas sociais favorece uma apresentação mais


abrangente, aberta e holística das abordagens; representam dados por elas mesmas,
possibilitam ao pesquisador deduzir enunciados, identificar semelhanças e diferenças;
são incorruptíveis e poderão ficar a disposição de outras pessoas que queiram analisá-
las e elaborar outras interpretações a partir destas.

O objeto de estudo dessa pesquisa é, portanto não só as estatuárias em si, mas também os
registros fotográficos realizados por Maria Elizia Borges em 27 cemitérios de diferentes regiões
do país, totalizando 170 imagens de bustos. Pode-se considerar estes cemitérios e este montante
de monumentos funerários com bustos como uma ótima amostragem deste tipo de gênero
existente no Brasil.
No decorrer desse levantamento, foram também encontrados vários bustos de pessoas que
se tornaram historicamente importantes para o país, trazendo assim, a necessidade de se
investigar também os aspectos biográficos delas. Segundo Souza (2011, p. 80), a biografia é
extremamente importante na pesquisa histórica, porque permite, primeiramente, lidar com a
relação real e ficcional; em segundo lugar ela coloca em um plano central, um problema da
narratividade que de certa maneira supõe ser visível no retrato. Portanto, a biografia se torna uma
espécie de laboratório para a exploração teórica e metodológica, porque não é apenas contar a
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história da pessoa. É um processo mais complexo no qual se deve tomar cuidado com as
idealizações em torno do biografado.
Optou-se pela abordagem e interpretação qualitativa na elaboração e interpretação das
analises dos bustos e do levantamento bibliográfico, valendo-nos da descrição feita de maneira
exploratória e generalizando dedutivamente em relação aos objetivos e a problemática da
pesquisa. Primeiro identificamos as fotografias de registro de arte cemiterial no já referido
arquivo àquelas em que há bustos que se encaixam no período histórico explorado por essa
pesquisa; em seguida essas imagens foram mais intimamente observadas, enumeramos os
elementos constituintes desses retratos, identificamos os bustos de figuras historicamente
relevantes para o país e então foi feito o levantamos os dados biográficos dessas pessoas e por
fim obtermos os primeiros apontamentos desta pesquisa. As fotografias desses bustos foram
escaneadas uma a uma e tratadas no programa Adobe Photoshop e separadas em pastas por
localização (cemitério, cidade e estado).
Tivemos que recorrer aos livros de história da arte para compreender sobre o papel dos
bustos no espaço cemiterial no transcorrer dos séculos XIX e XX, bem como sua implicação
social e importância na representatividade dos padrões da época, tomando para tanto, a análise de
artefatos específicos: os monumentos funerários. Nesta primeira fase do trabalho, aqui
apresentada, propomos expor o levantamento dos tipos de bustos com suas devidas
especificidades.

O BRASÃO BURGUÊS POSTUMO

Para equacionar a leitura e análise dos dados, os resultados das primeiras observações
realizadas do acervo fotográfico, foram dispostos seguindo uma classificação voltada à feitura
material do retratado; seus artesões/ escultores; seus modos de representação dentro do contexto
de época e procuramos ainda identificar os bustos de pessoas tidas como ilustres dentro da
historia brasileira.

Tipos de Bustos: Houve uma preponderância de bustos em baixo- relevo: onde o retratado se
coloca em posição de perfil (medalhão)i ou em posição frontal. Existe uma quantidade
representativa de esculturas e de Hermasii e poucos exemplos de altos-relevos.
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Medalhão: Não identificado Herma: Ary Barroso


(Cemitério São João Batista/ RJ) (Cemitério São João Batista/ RJ)
Foto Maria Elizia Borges Foto: Maria Elizia Borges

Materiais empregados: Houve um predomínio de bustos esculpidos em mármore de Carrara


(86), seguido pelos de bronze (83) e dentro de uma peculiaridade deparamos com apenas um
busto em pedra sabão. Estes dados advêm do grande emprego do mármore pela burguesia durante
o fim do século XIX e o começo do século XX, quando a abertura dos portos trazia esta pedra
bruta da Itália para as marmorarias instaladas no Brasil. O emprego desta pedra era sinônimo de
“status social” segundo Maria Elizia Borges (2002, p. 143):

Na primeira fase de ocupação do cemitério foi freqüente o uso do mármore importado


nos túmulos pomposos das grandes figuras do Império e da República. Foi o caso da
Marquesa de Santos, doadora do terreno. Sutilmente, Mario de Andrade alcunhou de
“cupido” o grandioso anjo que encima seu túmulo. Na segunda fase, ocorreu o
empobrecimento do emprego do mármore lavrado que, aos poucos foi sendo substituído
por materiais locais, mas mantendo o uso de figuras marmóreas importadas. Ao mesmo
tempo construíram-se sepulturas monumentais, de propriedade de imigrantes
enriquecidos. Os jazigos mais antigos apagaram-se diante da pomposidade dos
mausoléus dos novos ricos da sociedade republicana e industrial do princípio do século.

Marmoristas/ Escultores Identificados: A maioria das obras funerárias foi realizada por
marmorarias que muitas vezes não tinham a preocupação de se identificar na feitura dos seus
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túmulos; outras vezes as placas de reconhecimento foram colocadas, mas com o passar dos anos
elas desapareceram e hoje não temos como descobrir a origem das obras. Dentro do possível
relacionamos aqui alguns escultores e artistas/ artesãos responsáveis pela feitura de bustos:
Rodolfo Bernadelli (Rio de Janeiro), Décio Villares (Rio de Janeiro), Alfredo Adloff, Giuseppe
Galdenzi e Vitório Livi (Porto Alegre), Luigi Brizzolara e Materno Garibaldi (Italianos em São
Paulo), Colin George (Francês no Rio de Janeiro).

Questão de gênero e idade aparente: Houve preponderância por bustos de homens, sobretudo,
de homens com aparência de mais velhos, sendo estes correspondentes a 101 bustos do total
observado, em seguida há uma grande número (32) de bustos de homens adultos e 7 de jovens.
Uma pequena parcela corresponde a bustos de mulheres sendo estes 13 de mulheres mais velhas,
13 de adultas e apenas três de jovens. O que há de atípico é a presença de um único busto de
criança.

Indumentárias: Tratando busto como uma escultura idealizada da sociedade burguesa,


detectamos uma presença maciça de trajes sociais masculinos característicos da época: terno e
gravata (longa ou borboleta); algumas vezes o homem veste-se com trajes condizentes com a sua
profissão como o casaco militar, a vestimenta do clero e até a beca de graduação; todos possuem
cabelo curto, bigode e a barba passam a ser uma identidade visual dos homens mais velhos, assim
como o uso dos óculos. Quanto à representação feminina, elas normalmente vestem o meio corpo
do vestido composto de manga, gola com botões e babados conforme o figurino de época, seus
cabelos geralmente são apresentados em forma de coque ou em modelo curto Chanel. A
vestimenta da mulher muitas vezes agrega colares, brincos e broches. Tanto os bustos de homens
quanto de mulheres são algumas vezes complementados com atributosiii que têm significado
cristão como ramo e coroa de flores, ramo de oliveira e livro; ou que têm conotação profissional,
no caso a medalha de honra, de atleta e a caneta de pena.
Homens ilustres: Dentro do material levantado conseguimos perceber a importância de se
colocar o busto em túmulos de pessoas que se tornaram representativas do seu período, dada a
importância que tiveram na área da política e na das artes.Citamos aqui alguns exemplos:
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→ Presidente Manuel Ferraz de Campos Salles – Cemitério da Consolação/ SP


(15-2-1841* 28-6-1913 +) – político.

→ Julio Prates de Castilho – Cemitério da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia/ Porto


Alegre-RS (29/06/1860 * 24/10/1903 +) – político.

→ Bento Quirino dos Santos – Cemitério da Saudade/ Campinas-SP


(18/04/1837 * 26/12/1914 +) – político.

→ Manoel de Moraes Barros Júnior – Cemitério da Saudade/ Piracicaba-SP

( 01/05/1836 * 20/12/1902 +) – político.

→ Presidente José Prudente de Moraes – Cemitério da Saudade/ Piracicaba-SP (4-10-1841 *


3/12/1902 +) – político.

→ José Ferraz de Almeida Júnior – Cemitério da Saudade/ Piracicaba-SP (08/05/1850 *


13/11/1899 +) – artista plástico.

→ Presidente Olegário Maciel – Cemitério do Bonfim/ Belo Horizonte -MG (08/10/1855 *


05/09/1933 +) – político.

→ Manoel Borba – Cemitério Santo Amaro/ Recife-PE (19/03/1864 * 11/08/1928 +) –


político.

→ Joaquim Nabuco – Cemitério Santo Amaro/ Recife-PE (19/08/1849 * 17/01/1910 +) –


político.

→ Getúlio Vargas – Cemitério Municipal Jardim da Paz/ São Borja-RS

(19/04/1882 * 24/08/1954 +) – político.

→ Alberto Maranhão – Cemitério São João Batista/ RJ (02/10/1872 * 01/02/1944 +) –


político.

→ Ary Barroso – Cemitério São João Batista/ RJ (7/11/1903 * 9/2/1964 +) – músico.

→ Cônsul Diogo Duarte Silva – Cemitério São João Batista/ RJ (10/07/1774 * 24/05/1857 +)
- Diretor do Banco do Brasil.
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→ Floriano Peixoto – Cemitério São João Batista/ RJ (30/04/1839 * 29/06/1895 +) –


político.

→ José de Alencar – Cemitério São João Batista/ RJ (01/05/1829 * 12/12/1877 +) – escritor.

→ Marc Ferrez – Cemitério São João Batista/ RJ (07/12/1843 * 12/01/1923 +) – artista


plástico e fotógrafo.

→ Príncipe Sebastião de Belfort – Cemitério São João Batista/ RJ (05/07/1708 * 15/03/1775)


– corte imperial.

→ Alberto Santos Dumont – Cemitério São João Batista/ RJ (20/7/1873 * 23/7/1932 +) –


cientista.

→ Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac – Cemitério São João Batista/ RJ (16/12/1865 *
28/12/1918 +) – escritor.

A FIGURAÇÃO DEBRUÇA-SE DO REAL AO IDEALIZADO.

Homenagear os mortos com seus bustos era uma pratica que não pertencia as classes mais
baixas da sociedade brasileira, este era um costume que tinha um custo caro acessível a poucos.
Isso fica claro ao observarmos, que mesmo sendo feita a análise de imagens de todas as regiões
do país, existe uma espécie de padrão dentre os representados ali, trata-se de homens que são
chefes de família, bem sucedidos, que usam roupas sérias e inerentes a classe social a que
pertence que eram retratados com expressão forte, digna e de forma idealizada segundo o padrão
de beleza clássica advinda da arte greco-romana, conforme referendamos no início do capítulo.
Eles concentram mais em cemitérios de cidades de grande porte.
Estas feições não significam o retrato fiel do indivíduo, mas sim exemplos de ícones
burgueses, assunto que pretendemos trabalhar com mais detalhes na próxima fase dessa pesquisa.
Caberá ainda refletir sobre esse “busto de características da raça ariana” que de certa forma copia
os valores da cultura européia. Pretendemos também estudar a posição que o busto ocupa dentro
do monumento como um todo, além de detalhar mais as feições do retratado advindas do retrato
memorial grego, romano, neoclássico e realista que se acham presentes nos cemitérios
secularizados brasileiros.

i
Para José Francisco Alves (2004): o medalhão pode ser esculpido dentro de uma forma de medalha circular ou oval.
9

ii
De acordo com José Francisco Alves (2004): a Herma representa um busto onde às costas o peito e os ombros são
cortados em planos verticais.
iii
Segundo Moura (1983, p. 50), atributos são objetos portadores de significados identificadores do retratado, objetos
esses que se incorporavam definitivamente àquelas figuras, funcionando como o seu “emblema distintivo”.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.

ALVES, José Francisco. A Escultura Pública de Porto Alegre: história, contexto e significado. Porto
Alegre: Artfolio, 2004.

BORGES, Déborah Rodrigues. Registros de memória em imagens: usos da fotografia mortuária em


contexto familiar na cidade de Bela Vista de Goiás (1920 – 1960). 2008. Dissertação (Mestrado em
Cultura Visual). Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de
Goiás.

BORGES, Maria Elizia. Arte Funerária no Brasil (1890 – 1930): Ofício de Marmoristas Italianos em
Ribeirão Preto. Belo Horizonte: Editora Arte, 2002.

______________. Arte funerária: representação do vestuário da criança. Locus: Revista de História. Juiz
de Fora, v. 5, n. 2, jul. – dez. 1999.

______________. A Fotografia como Ornamento e Objeto de Memória em Túmulos Brasileiros. IV


Encontro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). 2010.

CABRAL, Maria Madalena Roberto (org.). Iconografia: documentação histórica e fotográfica do acervo
artístico no município de Goiânia. Goiânia/GO, 2008.

CUNHA, Almir Paredes. Dicionário de Artes Plásticas: Volume I. Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 2005.

FABRIS, Annateresa. Identidades Virtuais: uma leitura do retrato fotográfico. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2004.
10

FOCHI, Graciela Márcia. Morte, cemitérios e jazigos: um estudo do cemitério municipal de Joinville.
Universidade da Região de Joinville. Programa de pós-graduação; Mestrado em patrimônio cultura e
sociedade. Joinville SC. Fevereiro: 2011.

MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de Moura (org.). Retratos Quase Inocentes. São Paulo: Nobel, 1983.

SOUSA, Cíntia Guimarães Santos. “Quando falo Paulo Bruscky...” A nova história biográfica e os
sentidos de uma vida: Os outros, o eu-outro, o nós e as relações entre historicidades e processos de
criação artística. 2011. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História da
Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás, Goiânia/GO.

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