Universidade de São Paulo – USP
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Esalq
Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição - LAN
LAN 1458 – Açúcar e Álcool
Preparo do inóculo e Processos industriais
de condução da fermentação
Prof. Antonio Sampaio Baptista 1
PREPARO DO INÓCULO
PREPARO DO INÓCULO PARA INICIAR A
SAFRA
Fermento Prensado
Fermento Reaproveitado do Ciclo Anterior
Fermento Selecionado (cultura pura)
PREPARO DO INÓCULO
Fermento Prensado
Adaptação gradual (vem da panificação)
Minimiza o tempo de partida - dita “partida direta”.
Inóculo: 20 a 25 g de fermento por litro de mosto
(razão em massa de fermento após partida)
Acúmulo gradual de conc. de fermento na dorna
Condições requeridas: resfriamento do mosto (30 a 35
oC).
PREPARO DO INÓCULO
Fermento Reciclado / Selecionado (leite de levedura)
Pressupõe-se a levedura habilitada do ciclo anterior;
108 células de leveduras/mL
25 a 28°C
pH: 3,5 a 4,2
Aumento gradual do teor de açúcar
PREPARO DO INÓCULO
Processo de Melle-
Boinot (década 30)
Evolução:
(1) Substituição do
decantador por filtro de
tela e centrifugação do
fermento.
(2) Diluição do melaço
com caldo tratado.
Preparo do inóculo
6.2 Propagação do fermento selecionado
Processos industriais de condução da
fermentação
PROCESSOS FERMENTATIVOS INDUSTRIAIS
Condução da fermentação
Uma vez preparado o fermento e o mosto, ambos
são adicionados nas dornas de fermentação, ocasião em
que as leveduras irão, de modo gradativo, converter os
açúcares em gás carbônico e etanol.
A adição deve ser de modo contínuo até atingir o
volume útil da dorna, sendo que a vazão de alimentação irá
controlar o brix da mistura.
8
Processos industriais de condução da
fermentação
Introdução
Processos de condução da fermentação:
- Processos descontínuos:(batelada simples) ou batelada
alimentada
- Processo contínuo.
Reciclo de células:
- Ambos os processos podem ser conduzidos com ou sem o
reciclo de células.
9
Processos industriais de condução da
fermentação
Processo descontínuo sem reciclo de fermento
Levedura
Recuperação
do produto
Mosto Dorna Fermentação
Eliminação de
microrganismo
Este processo é o mais seguro quando se tem problemas de manutenção das
condições de assepsia ou se pretende recuperar as leveduras e outros
subprodutos, pois ao final de cada batelada imagina-se que o reator deverá ser
esvaziado e elimina-se o pé-de-cuba. Na próxima fermentação, adiciona-se o
novo mosto e um novo inóculo (pé-de-cuba) para realizar a fermentação. 10
Processos industriais de condução da
fermentação
Processo descontínuo com recirculação de células
Mosto
Recuperação
do produto
Leveduras Dorna Fermentação
alcoólica
Recirculação de
microrganismo
Reciclo de células
Este processo também é chamado batelada com reciclo de células.
11
Processos industriais de condução da
fermentação
Processo contínuo com recirculação de células
Meio de cultivo
Recuperação do
produto
Leveduras REATOR REATOR REATOR
R1 R2 R3
Recirculação do
microrganismo
Este processo é conduzido com o objetivo de aumentar a
produtividade dos reatores
12
Processos industriais de condução da
fermentação
Processo descontínuo alimentado “FED BATCH”
É aquele no qual se imagina inicialmente introduzir o
inóculo, o qual ocupará uma fração do volume útil do
reator da ordem de 10 a 12 % (v/v).
Neste caso, inicia-se a alimentação com o inóculo,
empregando-se uma vazão adequada. Depois adiciona-
se o mosto.
Aguarda-se completar a fermentação e procede-se a
retirada e recuperação do produto.
13
Processos industriais de condução da fermentação
Processo descontínuo alimentado “FED BATCH”
As células separadas retornam ao sistema a fim de se iniciar
um novo período de alimentação, o que evita a necessidade
de se preparar um novo inóculo.
Nota: a alimentação do reator com vazão constante não é
obrigatória.
Este sistema de condução da fermentação também permite
uma grande flexibilidade operacional no uso do reator.
14
Processos industriais de condução da
fermentação
PROCESSOS INDUSTRIAIS DA CONDUÇÃO DA
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
Processos de fermentação em batelada
alimentada;
Processos de fermentação contínua;
15
Processos industriais de condução da
fermentação
Processos fermentativos para a condução da fermentação
- Processos contínuos - com reciclo de células
- Processos descontínuos - sem reciclo de células
BRASIL:
- Predomina processos de fermentação em batelada
alimentada, com reciclo de células.
- Os processos contínuos de fermentação, existentes no
país, também usam reciclo de células.
16
Processo de Melle-
Melle-
Boinot (década 30)
17
Processos industriais de condução da
fermentação
Batelada Alimentada: Processo Melle-Boinot
(1) Alta eficiência na fermentação: conversão de
açúcar em álcool (88 a 92 %);
(2) Simplicidade, rapidez, alta pureza;
(3) Produtividade : 7,5 g de etanol/L de vinho/h;
(4) Menor consumo de insumos do que a contínua;
(5) Melhor uso das dornas do que a batelada simples.
18
Processos industriais de condução da
fermentação
Cuidados técnicos:
1) Teores alcoólicos no vinho de 8 a 10 %, com tempo de
fermentação de 4 a 8 horas;
2) Adequado pré-tratamento do mosto – peneiragem /
caleagem (pH-5,6 a 5,8) / aquecimento/ decantação/
resfriamento;
3) Assepsia de processo e de tubulações (moenda até dorna);
19
Processos industriais de condução da
fermentação
CUIDADOS TÉCNICOS:
4) Tempo de tratamento ácido do fermento - 2 a 3 h e pH na faixa
de 2,5 -2,8 (controle de contaminantes);
5) Contaminação intensa na fermentação apenas o tratamento ácido
e uma centrifugação podem não ser suficientes. Há casos de haver
necessidade do uso de antibiótico após a centrifugação ou até
eventualmente uma nova centrifugação.
20
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
Pesquisa: 45 a 55 anos
Indústria: 35 anos
Cuidados 1) Adaptação das atuais dornas (batelada) unidas por tubulações
e saindo do fundo p/ cima da seguinte.
conceitos
2) 1as dornas executam 70% da fermentação e as últimas como
técnicos
segurança (evitar perdas de ART);
3) Resfriamento do mosto - trocadores de calor a placa, externos à
dorna e também agitação por circulação forçada na lateral ao
fundo;
21
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
4) Recirculação do fermento tratado c/ abaixamento de pH em
cascata (controle de infecção);
Cuidados
e 5) Conhecimentos cinéticos da fermentação p/ otimização e
conceitos redução do volume e tempo;
técnicos 6) Evitar acúmulo de sólidos, c/ formação de grandes depósitos;
22
Figura 4 - Fluxograma do processo de fermentação contínua
23
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
Vantagens dos processos contínuos
- Rendimento industrial igual ao Melle-Boinot;
- Maior produtividade do que a batelada alimentada;
- Menor volume de dornas, redução dos equipamentos em
geral;
- Amplas possibilidades de automação ou grande parte
automatizadas e informatizadas;
24
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
Vantagens dos processos contínuos
-Redução ampla de operações como limpeza, enchimento,
esvaziamento, transferência de fermento, resultando em
redução de mão-de-obra e tempo de operação;
- É um avanço tecnológico.
25
Processos industriais de condução da
fermentação
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
Desvantagens do processo contínuo
O processo exige uma indústria que possua um
adequado sistema de tratamento de caldo para a
destilaria ou que trabalhe apenas com diluição de
xarope e méis para garantir a homogeneidade de
mosto, uma vez que o processo possui
dimensionamento crítico e adapta-se à faixas
estreitas de variações de mosto;
26
Processos industriais de condução da
fermentação
3.2. PROCESSOS CONTÍNUOS
Desvantagens do processo contínuo
Exige um bom gerenciamento dos processos
e sistemas anteriores a fermentação para
que possam manter fluxos e qualidade
estáveis ao processo.
27
28
Processos industriais de condução da
fermentação
3.3. RECUPERAÇÃO DO FERMENTO
29
3.3. RECUPERAÇÃO DO FERMENTO
Microrganismos: 0,5 a 20 m.
Será que entram por esta
abertura “tão pequena” ??!!
Centrifuga separadora do levedo do vinho 30
- saída do vinho por pressão pelo centro superior -
Processos industriais de condução da
fermentação
3.3. RECUPERAÇÃO DO FERMENTO
Tratamento ácido:
Diluição do leite de levedura com água (proporção – 1:1),
homogeneização e adição de ácido sulfúrico (pH 2,5 a 2,8).
Tempo de exposição de 2 a 3 horas.
Efeitos do tratamento ácido
1) Latência de bactérias láticas.
2) Redução de contaminantes.
3) Limpeza química da superfície celular das leveduras.
4) Reduz a contaminação bacteriana pelo abaixamento de pH.
31
Processos industriais de condução da
fermentação
3.3. Recuperação do Fermento
Vantagens:
1) Elevado rendimento alcoólico na fermentação;
2) Maior rapidez de fermentação pelo maior teor de
levedo recuperado;
3) Facilita a obtenção de etanol de melhor qualidade;
4) Diminuição das incrustações nos aparelhos de
destilação.
32
Processos industriais de condução da
fermentação
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de etanol por via fermentativa é feita
exclusivamente com uso de leveduras, da espécie
Saccharomyces cerevisiae;
O teor de açúcar no mosto é muito importante para definir a
rota metabólica de degradação do açúcar adotada pela levedura;
O preparo do fermento pode ser feito de três formas: cultura
pura, fermento prensado e aproveitamento de reciclos de outros
processos. Esta prática deve anteceder o início da colheita a
cana de 7 a 30 dias.
33
Processos industriais de condução da
fermentação
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o preparo do inóculo e do mosto se
procede a condução da fermentação. Este
processo para a produção de etanol, em geral, é
realizado em batelada alimentada ou em
processo contínuo;
O processo de fermentação em batelada
alimentada é o mais usando na indústria de
etanol brasileira;
34
Processos industriais de condução da
fermentação
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No futuro, com a melhoria do padrão
tecnológico das usinas, espera-se que a
fermentação contínua ganhe mais espaço nas
usinas do Brasil;
O tratamento ácido é importante porque pode
garantir o reciclo das leveduras com baixa taxa
de contaminação e permite melhorar a
produtividade na indústria.
35
Processos industriais de condução da
fermentação
Referências
1 - PAYNE, J.H. Operações unitárias na produção de cana-de-açúcar.
São Paulo: NOBEL, 1989. 245p.
2 - RIBEIRO, C., BLUMER, S., HORII. Fundamentos de tecnologia
sucroalcooleira: tecnologia do açúcar. Piracicaba: ESALQ/Depto de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição, V.2, 1999. 66p.
3 - USHIMA, A.K., RIBEIRO, A.M.M., SOUZA, M.E.P., SANTOS N.F.
Conservação de energia na indústria do açúcar e do álcool. São
Paulo, IPT, 1990. 796p.
4 - BORZANI, W., SCHIMIDELL, W., LIMA, U.A., AQUARONE, E.
Biotecnoliga Industrial. Edgard Blücher:São Paulo, 2001. 540p.
vol.II.
5 - COPERSUCAR. Centro de Tecnologia. Divisão Industrial -
Fermentação. 434p., 1987.
6 - ROSE, A.H. & HARRISON, J.S. The yeasts. 2 nd ed. Academic
Press, London, 1987, vol. 2 nd. 309 p.
36