Livro Práticas de Biologia Molecular
Livro Práticas de Biologia Molecular
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Práticas de biologia molecular
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Inclui bibliografia
ISBN 978-65-258-0008-0
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.080221703
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APOIO
DEDICATÓRIA
“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para
a sua própria produção ou a sua construção” (Paulo Freire).
“Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (Paulo Freire).
PREFÁCIO
BIOSSEGURANÇA....................................................................................................... 5
PIPETAGEM................................................................................................................18
DIGESTÃO ENZIMÁTICA........................................................................................... 40
CLONAGEM EM PLASMÍDEO................................................................................... 44
EXPRESSÃO HETERÓLOGA.................................................................................... 76
SOBRE OS AUTORES............................................................................................... 92
https://doi.org/10.22533/at.ed.0802217031
SUMÁRIO
SOBRE AS ORGANIZADORAS................................................................................. 93
https://doi.org/10.22533/at.ed.080221703
SUMÁRIO
O ENSINO DE BIOLOGIA MOLECULAR E A IMPORTÂNCIA DOS
EXPERIMENTOS PRÁTICOS
Se por um lado ensinar o dogma central da Biologia Molecular pode ser complexo
e exigir profunda fundamentação teórica, a fixação do conhecimento através da realização
de práticas experimentais pode dar vida e sentido à molécula central da disciplina, o DNA.
Além de melhorar o entendimento, as aulas práticas também despertam o interesse dos
estudantes pela pesquisa científica, sendo um importante motivador e engajador de alunos
em projetos de iniciação científica nas universidades. A experimentação possibilita diminuir
a distância do aprendizado teórico e sua compreensão de maneira aprofundada, facilitada
e motivacional[1].
Não há dúvidas de que a realização das aulas práticas seja uma ferramenta
facilitadora do processo de ensino e aprendizado, entretanto, ela não se restringe à apenas
essa função. A experimentação prática pode desenvolver habilidades que vão além do
conteúdo a ser ministrado. Através do uso de metodologias alternativas de ensino pode-se
também desenvolver o raciocínio científico e senso crítico, promover a interação entre os
estudantes e com o professor, entre outros.
No modelo de ensino “aprendendo fazendo” cabe ao professor, enquanto
agente mediador do conhecimento, incentivar e estimular os estudantes, promovendo
oportunidades durante a aula para que eles se sintam parte do processo e possam discutir
ideias e aprimorar conceitos. Dessa forma, o processo de ensinar e aprender torna-se
muito mais dinâmico e prazeroso, principalmente, quando se trata de um tema complexo
como o dogma central da transmissão da informação genética[2].
As aulas práticas envolvem três etapas igualmente importantes: a preparação do
experimento, a sua condução e por último a interpretação dos resultados obtidos. Cada
uma destas etapas contém elementos importantes para a construção do aprendizado e
desenvolvimento de novas habilidades. A primeira etapa é geralmente realizada com a
ajuda de um técnico de laboratório, que verifica os reagentes e equipamentos a serem
usados. O suporte de um técnico qualificado e com experiência na preparação das aulas
é de extrema importância para o sucesso das práticas. A segunda etapa consiste em ler o
roteiro, entender a teoria e realizar o passo a passo da prática, sempre atento aos detalhes
contidos nas instruções. Nesse momento, o aluno é convidado a fazer parte do experimento
e atuará de forma autônoma. Após a finalização do experimento é realizada a última etapa
do processo, que consiste na análise e interpretação dos resultados. Quando conduzida
de forma conjunta e participativa, essa etapa torna-se extremamente rica, e um importante
espaço para o crescimento do grupo. É importante ressaltar que, mesmo padronizadas,
as aulas práticas podem não alcançar os resultados esperados e, nesse momento, é
fundamental que o professor intervenha e convide os alunos a participar de uma discussão
a respeito dos problemas enfrentados e as possíveis soluções para aquele experimento.
REFERÊNCIAS
[1] Souza, CM; Santos, CB. Aulas Práticas no ensino de Biologia: Desafios e Possibilidades. Id online:
Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v. 13, n. 45(1), p.426-433, 2019.
[3] Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, 25 ed:
p.52, 2004.
REFERÊNCIAS
[1] Borba, CM; Costa, MAF; Pereira, MEC; et al. Biossegurança e Boas Práticas Laboratoriais.
In: Molinaro EM, Caputo LFG, Amendoeira MRR (org). Conceitos e Métodos para a Formação de
profissionais em laboratório de Saúde. Rio de Janeiro - RJ: EPSJV; IOC, 2009.
[2] Barker K. At the Bench: A Laboratory Navigator. Updated Edition. Cold Spring Harbor Laboratory
Press, 2005.
[3] Almeida MFC. Boas Práticas de Laboratório. 2ª ed. São Caetano do Sul - SP: Difusão Editora, 2013.
Links:
Treinamento para o retorno aos Laboratórios de Pesquisa pós pandemia COVID-19. https://www.
youtube.com/watch?v=OeA-klgu7Ok&feature=emb_logo
Biossegurança 5
(OGMs) ou mesmo contaminação com os organismos recombinantes [1]
. Dessa forma,
todos os laboratórios que trabalham com OGMs devem ser certificados pela CTNBio, para
poderem exercer suas pesquisas/atividades de forma correta.
Biossegurança 6
Figura 1- Fluxo de atendimento a acidentes formulado pela CIBio-UFSJ-CCO.
REFERÊNCIAS
[1] Teixeira, P; Valle, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar [online]. 2nd ed. rev. and enl.
Rio de Janeiro: Fiocruz, p.442, 2010.
[2] Secretaria de Saúde da Bahia. Manual de Biossegurança. Universidade Federal da Bahia. Instituto
de Ciências da Saúde. Salvador, 2001.
[3] Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 1: Biossegurança e Manutenção de Equipamentos em
Laboratório de Microbiologia Clínica. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2013.
[4] Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo. Manual de Biossegurança. - Vitória, 2017.
Links:
Biossegurança ações:
https://www.saude.mg.gov.br/ajuda/story/6613-bombeiros-ou-samu-saiba-quem-acionar-em-um-
momento-de-emergencias
http://www.sinaees-sp.org.br/arq/mtegat.pdf
Biossegurança 7
Biossegurança e Boas práticas:
https://www.youtube.com/watch?v=BGYsSqf1lNY
https://youtu.be/KWsd7Z_qtIg
Regras de Laboratório
https://youtu.be/BRDApYgvDqQ
Biossegurança 8
Bioinformática no Ensino de Biologia molecular
OBJETIVO
Conhecer ferramentas de Bioinformática que auxiliam no estudo de genes e
proteínas.
INTRODUÇÃO
A biologia molecular é uma área que está intimamente relacionada à bioquímica
e à genética, quando se trata do estudo do DNA (ácido desoxirribonucleico), RNA (ácido
ribonucleico), proteínas codificadas e dos processos envolvidos no fluxo da informação
genética[1]. Entretanto, com o passar do tempo, algumas “questões biológicas” ainda
permaneciam obscuras na ciência, impulsionando a associação da biologia molecular com
outras áreas, dentre elas a informática. Essa associação deu origem à bioinformática, uma
ciência que visa construir algoritmos computacionais para simular processos biológicos e
resolver “problemas” ou “demandas” provenientes da biologia[2,3].
Dentre as demandas mais importantes na ciência, podemos citar a participação ativa
da bioinformática no sequenciamento de genomas. Após o processo de sequenciamento
do DNA, os pesquisadores se depararam com um enorme arquivo contendo as bases A,
C, G e T, que, por si só, era vazio e não desvendava o código genético. Montar o “quebra-
cabeças” de sequências gerados pelo sequenciamento de DNA foi, sem dúvida, o papel
mais marcante da bioinformática na ciência[1].
A bioinformática vem evoluindo e se associando à diversas áreas (química, física,
estatística, medicina, matemática), com o intuito de responder questões multidisciplinares
e ajudando a predizer e direcionar os estudos in vitro e in vivo[1, 2]. Além de um sistema de
informação computacional e de métodos analíticos aplicados a problemas biológicos, a
bioinformática é também uma área na interseção da ciência experimental e teórica, e não
apenas sobre a modelagem de dados ou “mineração”, por compreender o mundo molecular
que sustenta a vida a partir de perspectivas evolutivas [2, 3]
.
A bioinformática no atual estado da arte abrange modelagem de fenômenos
biológicos, desenvolvimento de algoritmos e estatísticas, a análise da estrutura de
genes, promotores, proteínas, processamento alternativo dos genes (splicing), genômica,
metagenômica, genômica comparativa, transcriptômica, metatranscriptômica, interação
proteína-proteína, modelagem e docking de proteína, entre outros. “A Bioinformática é um
campo emergente da pesquisa, que utiliza ferramentas computacionais avançadas para o
armazenamento, análise e apresentação de dados biológicos e moleculares” [4].
O surgimento da Bioinformática trouxe para o mercado um novo profissional,
com conhecimentos sobre os problemas biológicos, capaz de analisá-los e, a partir dos
resultados encontrados, criar métodos para explicá-los: o bioinformata. Este, possui domínio
MATERIAIS
1 Computador pessoal Desktop, ou Notebook com acesso à internet.
MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Genbank, como saída do gene escolhido, é esperado que seja fornecida
uma sequência de nucleotídeos, cujo cabeçalho deve iniciar por “>” para identificação
nos diversos programas de bioinformática. No ExPASy Translate Tool espera-se como
resultado uma sequência de aminoácidos de tamanho equivalente a um terço da sequência
original. A ferramenta também permite o uso de algoritmos específicos para determinados
organismos. O programa BLAST realiza o alinhamento local de sequências de entrada com
o banco de dados, sendo que o pesquisador pode escolher o tipo de sequência de entrada
e saída e ainda o algoritmo e pontuação a serem usados. O ProtParam calcula vários
parâmetros físicos e químicos para uma determinada sequência de proteína, que incluem
o peso molecular, pI teórico (ponto isoelétrico), composição de aminoácidos, composição
atômica, coeficiente de extinção, meia-vida estimada, índice de instabilidade, índice alifático
e grande média de hidropaticidade (GRAVY). O SWISS-MODEL é um software on-line de
modelagem baseado em homologia de estruturas proteicas totalmente automatizado. Os
resultados são dispostos na ordem de GMQE, QMEAN, “Oligo-State” entre outros, sendo
necessário observar qual score é o mais adequado a sua análise.
Dessa forma, o uso de ferramentas de bioinformática proporcionará ao estudante
uma melhor compreensão da biologia molecular através da caracterização in sílico de um
gene/proteína conhecida ou hipotética de um organismo específico.
REFERÊNCIAS
[1] Pinho, MSL. Pesquisa em Biologia Molecular: Como fazer? Revista Brasileira Coloproct., v. 26, n. 3:
p.331-336, 2006.
[3] Griffiths, AJF; Wessler, SR; Lewontin, RC; Carroll, SB. Introdução a Genética. 9ed. Guanabara
Koogan, 2008.
[5] Araújo, E. O biólogo das telas de computador. Boletim do Conselho de Informações Sobre
Biotecnologia. ano 2, n. 7, 2004.
Links:
Analisando resultados de sequências de genes alinhados com o software BLAST
https://www.youtube.com/watch?v=RzC-V67z5LA
Design de primer para PCR em tempo real usando NCBI Primer BLAST
https://www.youtube.com/watch?v=tGNPkiY0WJU
INTRODUÇÃO
Nos primórdios da ciência, a técnica de pipetagem para volumes pequenos exigia
que o líquido fosse sugado pela boca até a delimitação desejada na pipeta de vidro. O
uso dessa estratégia dificultava a obtenção de volumes exatos e dependia da prática do
usuário, que corria o risco de ingerir o material sugado[1].
As primeiras pipetas que surgiram eram de pistão de metal. Elas eram delicadas,
quebradiças e apresentavam alto risco de contaminação da amostra e do pipetador. O
marco do aperfeiçoamento da pipetagem em relação a micro volumes ocorreu no final da
década de 1950 pelo alemão Heinrich Schnitger, fundador da empresa Eppendorf, através
do desenvolvimento da micropipeta contendo a ponta de plástico movida a pistão. Essa
pipeta foi patenteada em 1957 e comercializada pela primeira vez em 1961[1].
As pipetas foram aperfeiçoadas ao longo dos anos e no atual cenário, as micropipetas
são indispensáveis ao desenvolvimento da pesquisa científica em diversos campos da
biotecnologia, biologia molecular, bioquímica, fisiologia e outras áreas afins[1]. Em biologia
molecular, é essencial que a pipeta seja utilizada de forma correta e habilidosa para obter
sucesso na condução dos experimentos, visto que, na maioria das vezes, os volumes
usados são demasiadamente pequenos, na ordem de microlitros. Dessa forma, antes de
realizar qualquer experimento, é importante que o usuário receba um treinamento acerca
do funcionamento deste equipamento e pratique exaustivamente até que seja conseguido
sucesso na técnica, para produzir resultados confiáveis[2].
As pipetas podem ser divididas em dois grupos: i) Mecânicas: são as pipetas
volumétricas graduadas e tipo Pasteur e ii) Eletrônicas: são os pipetadores automáticos,
as micropipetas digitais monocanal e multicanal, que têm de 8 a 12 canais simultâneos. No
laboratório de Biologia Molecular as micropipetas automáticas mono e multicanal são as
mais usadas, devido a sua capacidade de permitir a transferência de microlitros na faixa
0,1 µL a 10.000 µL. A nomenclatura das pipetas é dada conforme o volume suportado,
capacidade máxima e mínima de trabalho, por exemplo: a P1.000 permite aspirar/dispensar
volumes entre 200 a 1.000 µL, a P100 de 10 a 100 µL, a P10 de 1 a 10 µL e a P2 trabalha
com volumes de 0.1 a 2 µL.
As pipetas são compostas por 5 partes importantes: o embolo de ajuste do volume,
que também é usado para a sução e dispensa do líquido, a alça para segurar a pipeta, o
display de visualização do volume, a faixa de volume que a pipeta suporta e o botão de
Pipetagem 18
ejeção da ponteira (Figura 1). O primeiro passo da pipetagem é a escolha da pipeta, que
vai variar conforme o volume a ser usado. É necessário determinar o volume específico a
ser usado, o líquido a ser pipetado e também as ponteiras a serem usadas, dado que estas
são específicas para cada pipeta (10, 100, 1.000, 5.000 µL).
MATERIAIS
Reagentes:
3 Caixas de ponteiras: P10, P100 e P1000
1 Placa de 96 poços
Equipamentos:
3 Pipetas monocanal - P10, P100, P1000
Pipetagem 19
MÉTODOS
• Escolher a pipeta desejada, conforme o volume a ser pipetado, e adequar o
micrômetro/display de visualização usando o embolo da pipeta.
Obs:
• A amostra pode ou não ser homogeneizada, dependendo do protocolo seguido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sucesso de qualquer experimento em biologia molecular está intimamente
relacionado ao processo de pipetagem, que deve apresentar precisão na transferência
do reagente. Caso o usuário verifique o mau funcionamento de uma pipeta, ele deve
comunicar ao técnico responsável para ser feita uma limpeza/descontaminação e calibração
do equipamento, evitando assim, que outros usuários comprometam seus experimentos.
Durante a pipetagem os olhos devem estar posicionados na altura do mesmo,
garantindo o acerto e conferencia do menisco. Após aspirar o líquido, é importante
movimentar a pipeta sempre na posição vertical, evitando que o líquido entre em sua parte
mecânica e cause a contaminação e corrosão do seu pistão (parte mecânica interna). Caso
Pipetagem 20
o líquido seja acidentalmente aspirado para dentro da pipeta, ela deve ser desmontada e o
pistão deve ser imediatamente limpo com álcool isopropílico a 70%.
Para evitar contaminação é indispensável trocar a ponteira após cada manipulação e
se possível, usar ponteiras com filtro ou ponteiras de deslocamento positivo para evitar que
o aerossol da amostra passe para o corpo da micropipeta e contamine a próxima amostra.
Se suspeitar de contaminação da micropipeta, ela deve ser limpa e/ou autoclavada,
conforme as instruções do fabricante. A frequência da verificação da calibração depende
do quanto a pipeta é utilizada e da qualidade e condição de uso. Para armazenar as pipetas
de forma correta, é necessário mantê-las na posição vertical em estantes apropriadas e
realizar a conferência de precisão e exatidão das mesmas com periodicidade.
REFERÊNCIAS
[1] Klingenberg, M. When a common problem meets an ingenious mind. EMBO Rep., 6(9): 797-800,
2005.
[2] Miller, JS; Sass, ME; Wong, SJ; Nienhuis, J. Micropipetting: An Important Laboratory Skill for
Molecular. The American Biology Teacher, 66(4): p.291-296, 2004.
Links:
Curiosidades sobre pipetagem
https://www.youtube.com/watch?v=gaNwXV4enWA
Pipetagem 21
Síntese de iniciadores (primers)
OBJETIVOS
Desenhar iniciadores específicos de DNA (primers) para um gene.
INTRODUÇÃO
A técnica de PCR, também conhecida como Polymerase Chain Reaction (reação
em cadeia da DNA polimerase), é a técnica que realiza a amplificação de uma sequência
específica de DNA a partir de um DNA molde (DNA genômico). O desenvolvimento da PCR
revolucionou a ciência e trouxe inúmeros avanços no campo da biologia molecular. A teoria
desta técnica foi proposta por Keppe e colaboradores em 1971, no entanto, somente 14
anos depois o procedimento completo da PCR foi descrito e experimentalmente testado por
Kary Mullis (1985), ganhador do prêmio Nobel de Química do ano de 1993[1].
A PCR é uma das técnicas mais utilizadas na ciência em todo o mundo e apresenta
diversos propósitos e finalidades, sendo eles: sequenciamento de DNA, aplicações no
diagnóstico clínico, identificação de subtipos de vírus, diagnóstico de doenças hereditárias,
identificação de “impressão digital” genética (usado em testes de paternidade e na medicina
forense), detecção de doenças infecciosas, criação de organismos transgênico, entre
outros[1] [2].
Projetar iniciadores específicos é essencial para que a PCR seja bem sucedida. As
primeiras reações de PCR utilizavam primers projetados manualmente, ou seja, baseados
apenas na sua complementaridade com a sequência alvo. Os pesquisadores utilizavam um
algoritmo simples para o cálculo da temperatura de anelamento dos primers (Tm) usando
a fórmula Tm = 2.(A+T)+ [4. (C+G)], onde A, T, G e C são as quantidades de cada base
componente do primer[3].
Atualmente existem diversos softwares disponíveis online e de uso gratuito que
facilitam o desenho de primers, poupando tempo e dinheiro, gastos na padronização de
reações em busca de uma amplificação específica. Esses programas possuem algoritmos
que calculam parâmetros importantes como: a temperatura de anelamento, tamanho,
composição, similaridade com outros genes, conteúdo GC, sentido dos iniciadores,
formação de grampos, homodímeros e heterodímeros, de modo a obter iniciadores capazes
de anelar especificamente na sequência alvo[1, 4].
Para se projetar um par de iniciadores para uma região específica do DNA, é
necessário o conhecimento prévio da sequência alvo, ou seja, o local onde os iniciadores
se anelarão. Ao desenvolver os iniciadores, um deles deve se anelar na fita positiva, que
por convenção é orientada na direção 5´ - 3´ (também conhecida como fita sense) e o outro
iniciador deve ser complementar a fita negativa, que é orientada na direção 3’ - 5 ́ (conhecida
como fita antisense), e os dois devem ter temperaturas de anelamentos próximas ou iguais,
MATERIAIS
1 Sequência nucleotídica no formato FASTA.
MÉTODOS
• Escolher o gene de interesse e clicar duas vezes para abrir a sequência. Obser-
vação: sugere-se que todos os alunos escolham o mesmo gene para desenho
dos iniciadores na aula.
• Após abrir a nova página, clicar em “FASTA” para selecionar a sequência gêni-
ca sem espaços entre os nucleotídeos.
• A Tm para o par de iniciadores deve ser a mesma, e é importante que ela fique
na faixa de 50 a 60 °C (ideal), embora a faixa possa ser expandida para 45-65
°C, caso seja necessário.
• Primer3: http://frodo.wi.mit.edu/primer3/
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É esperado que a projeção dos iniciadores atinja todos os requisitos citados
anteriormente, evitando a construção de um primer com pouca ou nenhuma eficiência,
que muitas vezes só será percebido após várias tentativas de padronização da PCR,
desperdiçando tempo e recursos financeiros.
Algumas vezes a reação pode gerar produtos múltiplos e inesperados, como
fragmentos de tamanhos variados que aparecem como uma escada na eletroforese. Esse
resultado ocorre devido ao anelamento inespecífico dos iniciadores, ou seja, eles se ligam
em regiões fora da sequência alvo. Como resultado pode-se também ser observado a
ausência de qualquer produto de amplificação em decorrência do não anelamento dos
iniciadores ao DNA alvo[1].
O programa BLASTn é uma importante ferramenta na busca de primers específicos,
pois ele compara a sequência do primer com as sequências depositadas no banco de dados
e indica a possibilidade de anelamentos inespecíficos em outras sequências parecidas
(famílias gênicas).
Como a interação entre os primers é espontânea (delta G negativo) e vai depender
do conteúdo de cada um dos primers, é importante a utilização do programa Oligo analyzer
para prever as possíveis interações entre eles (homodímeros, heretodímeros, grampos),
evitando a diminuição do rendimento da PCR devido à baixa ligação à sequência alvo.
Os iniciadores obtidos manualmente podem produzir resultados satisfatórios, no
entanto, é recomendável projetá-los utilizando as ferramentas de bioinformática, para
garantir maior confiabilidade.
REFERÊNCIAS
[1] Lorenz, TC. Polymerase Chain Reaction: Basic Protocol Plus Troubleshooting and Optimization
Strategies. J Vis Exp., (63): p.3998, 2012.
[3] Kubistaa M; Andrade JM; Bengtsson M; Forootan A; Jonáke J; Lind K; Sindelka R; Sjöback R;
Sjögreen B; Strömbom L; Ståhlbergag A; Zorica N. The real-time polymerase chain reaction. Molecular
Aspects of Medicine, 27(2–3): p.95-125, 2006.
[4] Chuang LY; Cheng YH; Yang CH. Specific primer design for the polymerase chain reaction.
Biotechnology Letters, 35: p.1541-1549, 2013.
Links:
Como desenhar primers do zero à PCR:
https://www.youtube.com/watch?v=M5YRPELAE8Y
Polymerase Chain Reaction: Basic Protocol Plus Troubleshooting and Optimization Strategies:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4846334/
INTRODUÇÃO
Em 1869, o Bioquímico suíço Friedrich Miescher, isolou pela primeira vez o DNA
genômico de linfócitos, ao qual chamou nucleína, um material rico em oxigênio, nitrogênio
e fósforo, que foi posteriormente chamado ácido nucleico. Somente em 1929, o Bioquímico
inglês Phoebus Levene revelou que o DNA era composto por bases nitrogenadas (adenina,
guanina, citosina, timina), açúcar e fosfato[1].
A extração e a purificação de ácidos nucleicos a partir de diversas amostras
(bactérias, fungos, tecidos vegetais e tecidos animais) é uma etapa fundamental para o
desenvolvimento de estudos moleculares, incluindo a alta eficiência na amplificação de
segmentos genômicos através da reação em cadeia da polimerase (PCR)[1]. Para cada tipo
de amostra (sangue, tecido, sêmen, bactéria, planta, fungo) vários protocolos de extração
podem ser testados, adaptados e otimizados. Eles podem ser realizados usando kits
comerciais ou mesmo por protocolos caseiros, que podem ser rápidos, práticos, baratos,
livres de contaminação e de toxicidade e, eficazes no que tange à quantidade e qualidade,
dependendo do objetivo desejado[1, 2].
O Processo de extração de DNA inclui basicamente dois procedimentos principais:
a lise, que consiste na ruptura da membrana e liberação do conteúdo e a purificação, que
é a separação do DNA do debri celular ou pellet (mistura da parede/membrana celular e
demais macromoléculas: proteínas, lipídeos, carboidratos). Após a extração as amostras
de DNA podem também ser submetidas a processos de concentração e de purificação, com
a finalidade de se obter amostras mais puras e em maior quantidade[2].
A extração de DNA pode ser feita de várias formas, usando sais, fenol clorofórmio,
resinas, kits, entre outros. A extração de DNA usando a resina chelex 100, é rápida, simples
e de baixo custo. Trata-se de uma resina iônica constituída de polímeros de Estireno-
Divinilbenzeno pareados com íons iminodiacetato que agem como quelantes, por se
ligarem a íons metálicos polivalentes. A resina chelex, é fornecida em diferentes graus de
pureza, sendo que na biologia molecular é normalmente usado a mais pura, a chelex 100.
Uma importante propriedade desta resina é a atração por cátions divalentes como o Ca²⁺,
Mn²⁺ e Mg²⁺, sendo o último cofator da enzima DNAse, prevenindo a degradação do DNA[3].
A extração pode ocorrer em condições neutras ou alcalinas e nestas condições, a resina
apresenta afinidade aumentada por esses cátions. Além disso, as “beads” da resina são
polares e se ligam a componentes celulares polares depois que a célula é lisada, enquanto
o DNA e o RNA permanecem em solução[4, 5].
Reagentes:
1 mL de água deionizada (autoclavada)
Equipamentos:
Conjunto de micropipetas de P10, P100, P1000
Câmara de banho-maria
Centrífuga
Vortex
MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A extração do DNA é o primeiro passo para a execução de outras técnicas moleculares
e o planejamento do método/protocolo usado, é essencial para garantir o sucesso nas
etapas seguintes [5]. Alguns métodos de extração se destacam pelo rendimento do DNA
extraído, outros pela pureza, outros pelo preço e outros pela praticidade, assim, o protocolo
pode ser escolhido baseado nas etapas subsequentes e também na disponibilidade de
recursos.
A extração pelo método chelex 100 apresentou ótimos resultados quanto a
sensibilidade em testes de PCR, quando comparado com outros métodos de extração,
entretanto, embora apresente alto rendimento é necessário um passo extra para realizar a
purificação da amostra e eliminar contaminantes: proteínas e resina[3, 5].
O DNA, em sua forma original de dupla fita, apresenta alta estabilidade e se mantém
preservado em várias condições: liofilizado, em solução, armazenado a -20 ºC ou no freezer
-80 ºC, podendo ser mantido em laboratório por muitos anos, sem o risco de degradação.
REFERÊNCIAS
[1] Chee Tan S; Yiap Beow Chin. DNA, RNA, and Protein Extraction: The Past and The Present. Journal
of Biomedicine and Biotechnology: p.1-10, 2009.
[2] Alves EA; Souza DS. Biologia molecular. In: Molinaro EM, Caputo LFG, Amendoeira MRR (org).
Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde. v.3. Rio de Janeiro:
EPSJV: p.134-185, 2013.
[3] Scorsato AP; Telles JEQ. Fatores que interferem na qualidade do DNA extraído de amostras
biológicas armazenadas em blocos de parafina. J Bras Patol Med Lab., 47(5): p.541-548, 2011.
[4] Barea JÁ; Pardini MIMC; Gushiken T. Extração de DNA de materiais de arquivo e fontes escassas
para utilização em reação de polimerização em cadeia (PCR). Rev Bras Hematol Hemoter., 26(4):
p.274-281, 2004.
[5] Viana GMR; Barbosa DRL; Carmo EL; Peres JMV; Nascimento JMS; Póvoa MM. Comparação entre
dois métodos de obtenção de DNA a serem usados como protocolos alternativos para a detecção de
parasitas humanos causadores de malária por nested PCR. Rev Pan-Amaz Saude v.1 n.2, 2010.
INTRODUÇÃO
O processo de extração do DNA pode ser realizado através de vários protocolos e
aplicado a diversos tipos de amostra, cada um com suas peculiaridades. Alguns tipos de
extração, embora simples e de alto rendimento, podem necessitar de um passo adicional,
de modo a conseguir uma amostra de DNA sem contaminantes[1].
O processo subsequente à extração, usado a fim de garantir a pureza da amostra
é denominado precipitação do DNA, processo que também pode ser realizado usando
diferentes protocolos e reagentes como: etanol, isopropanol, diferentes tipos de sal ou com
fenol[1, 2, 3]. O uso do etanol é o mais amplamente difundido sendo realizado pela primeira
vez visando concentrar ácido nucleico biologicamente ativo por J. Lionel Alloway e descrito
por seu colega Maclyn McCarty em 1985[2].
A precipitação realizada com álcool, na presença de cátions monovalentes,
promove uma transição estrutural na molécula de ácido nucléico, resultando em agregação
e precipitação do material genético [1, 2, 3]. A dosagem do produto obtido na extração do
DNA é essencial o rendimento do processo de precipitação e também para avaliar a
eficácia da precipitação, ou seja, a pureza da amostra. Para isso, é importante o auxílio
de um espectrofotômetro tipo nanodrop para ler de pequenas amostras de DNA (1 µL) nos
cumprimentos de onda: 230 (carboidrato, resina, fenol), 260 (DNA) e 280 (proteínas)[4, 5].
A seguir será descrito o passo-a-passo de como a precipitação do DNA é realizada
a partir de uma metodologia que utiliza o etanol como o agente principal.
MATERIAIS
Reagentes:
10 mL de etanol 100% gelado
2 Microtubos de 1,5 mL
Papel toalha
Descarte
Equipamentos:
Espectrofotômetro
Centrífuga
Nanodrop
Estufa
MÉTODOS
Precipitação do DNA
• Dosar o DNA em espectrofotômetro para quantificar o DNA a ser precipitado
(µg/µL) e verificar as relações 260/230 nm e 260/280 nm apresentadas pela
amostra. Anotar os resultados na Tabela 1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O DNA é comumente solúvel em álcool, porém, na presença de sal, como o NaAc,
o sódio se liga ao fosfato presente na estrutura do DNA, fazendo com que ele precipite.
O etanol absoluto adicionado também auxilia na precipitação do DNA. A adição do etanol
70%, é utilizado para lavagem do DNA, permitindo a solubilização e remoção dos sais
durante a lavagem[3].
Após a retirada do etanol 70% e secagem do tubo, o DNA pode ser ressuspendido
em água e em seguida dosado. É normal acontecer a perda de DNA durante o processo de
precipitação, então, é importante dosar o DNA para verificar a quantidade inicial e a final,
obtida após a precipitação. O processo de precipitação é aplicado com o intuído de obter
uma amostra pura de DNA, e essa pureza pode ser é verificada pela razão 260/280 nm,
260/230 nm, sendo que valores inferiores a 1,8 são referentes a resultados de amostras
contaminadas com proteínas, carboidratos, resina, etc[4, 5].
REFERÊNCIAS
[1] Oliveira, MCDS; Regitano, LCA; Roese, AD; Anthonisen, DG; Patrocínio, E, Parma; MM, Scagliusi;
SMM, Timóteo; WHB and Jardim, SN. Fundamentos teórico-práticos e protocolos de extração e de
amplificação de DNA por meio da técnica de reação em cadeia da polimerase. EMBRAPA. Disponível
em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/48295/1/LivroProtMolecular.pdf>, 2007.
[3] Green MR; Sambrook J. Precipitation of DNA with Ethanol. Cold Spring Harb Protoc. 1; (12), 2016.
Links:
Como precipitar o DNA
https://youtu.be/3T5DVW-lfT8
INTRODUÇÃO
Descrita pela primeira vez em 1985 por Mullis e colaboradores, a reação em cadeia
da DNA Polimerase, comumente conhecida por sua abreviação em inglês ‘PCR’, é uma
tecnologia simples usada para amplificar in vitro sequências de DNA, a partir de iniciadores
específicos para a sequência alvo[1]. Essa metodologia se baseia no princípio de replicação
enzimática dos ácidos nucleicos[2] e consiste no uso da enzima DNA polimerase derivada de
bactérias termostáveis (Thermus aquaticus). A termoestabilidade da Taq DNA polimerase é
indispensável para a sua atividade nos ciclos repetidos de desnaturação e renaturação em
altas temperaturas, os quais são submetidos aos reagentes da PCR[1].
A amplificação do DNA através da PCR usa como reagentes: i) os primers, que são
oligonucleotídeos que geram especificidade à reação e fornecem as extremidades 3´OH
livres para que a DNA polimerase possa fazer a extensão da cadeia, ii) os dNTPs, que
são os desoxinucleotídeos que irão compor os fragmentos a serem amplificados (A, C, G,
T), iii) o Mg2+, cátion divalente requerido para a atividade da enzima termoestável, iv) um
tampão para manter o pH da reação e v) um molde de DNA, contendo a sequência-alvo
da amplificação[3].
A reação de PCR ocorre em três fases, chamadas de: desnaturação, anelamento
e extensão, todas acontecem em um equipamento chamado termociclador. Na primeira
fase, a amostra é aquecida a 95 ̊C, quando a energia térmica é suficiente para superar a
ligação de hidrogênio entre os pares de base complementares nas duas fitas de DNA, o
que leva à separação e abertura da dupla fita. Na segunda etapa, chamada anelamento,
a amostra é resfriada entre 37 ̊C e 70 ̊C, temperaturas nas quais os primers se ligam
aos seus sítios complementares na fita simples da molécula de DNA. Em sequência, a
terceira fase é a extensão, a temperatura é elevada a 72 ̊C e a Taq polimerase começa a
sintetizar as novas sequências direcionadas da extremidade 5’ a 3’. No final de cada ciclo,
os fragmentos recém-sintetizados servem de modelo para a reação subsequente, o que
resulta na acumulação exponencial do DNA[1].
MATERIAIS
Reagentes:
1 Alíquota da enzima Taq DNA polimerase (0.5 μL/reação)
1 Alíquota do tampão de reação 10X (100 mM Tris-HCl (pH 8,5), 500 mM KCl)
Microtubos de 200 μL
Balde de descarte
Equipamentos:
Conjunto de micropipetas de P10 e P100
1 Termociclador
MÉTODOS
Preparo do pré-mix
É extremamente importante que exista no laboratório uma área específica para a
manipulação dos reagentes da PCR. Ela deve ser mantida limpa e livre de qualquer fonte
de contaminação e para isto, alguns cuidados especiais devem ser tomados:
Concentração Concentração
Reagente Volume
Estoque Final
Primer 1 10 μM 1 μM
Primer 2 10 μM 1 μM
Tampão 10X 1X
MgCl2 50 mM 2,5 mM
Água - -
Taq DNA
0.5 µL 0.5 µL
Polimerase
Volume final 20 μL
Termociclagem
• Programar o termociclador com as condições de PCR apropriadas para cada
par de primers:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado final de múltiplos ciclos é o acúmulo exponencial de um fragmento
específico. Visto que os primers são incorporados ao produto final da amplificação e que a
inserção de sequências específicas no início ou final do primer não alteram a amplificação,
novas informações, como sítios de enzimas de restrição, podem ser incorporadas ao produto
final. Através da PCR é possível detectar: polimorfismos genéticos, mutações pontuais,
deleções, inserções e até mesmo amplificar sequências de interesse para a clonagem em
vetores de expressão, para produzir proteínas heterólogas.
Alguns problemas podem ocorrer durante a PCR, como: erros de pipetagem,
contaminação, ou mesmo não amplificação. Assim, fazer os controles da reação de PCR
é extremamente importante para e entender os resultados obtidos na PCR. O controle
negativo informará a existência de contaminação e o positivo a eficiência da técnica[1, 2, 3].
REFERÊNCIAS
[1] Rameshi, R; Munshi, A; Panda, SK. Polymerase chain reaction. The National Medical Journal of
India, Vol.5, No.3, 1992.
[2] Staněk, L. Polymerázová řetězová reakce: princip metody a využití v molekulární patologii.
Polymerase chain reaction: basic principles and applications in molecular pathology. Cesk Patol., 49(3):
p.119-21, 2013.
[3] Green, MR; Sambrook, J. Polymerase chain reaction. Cold Spring Harb Protoc. 1; (12), 2016.
Links:
PCR - Conceito e etapas:
https://youtu.be/tYY9B1_Crqs
Animação 3D:
https://youtu.be/5YlfZwzRPa4
INTRODUÇÃO
No início da década de 1950 alguns estudos foram publicados com intuito de relatar
a resistência de algumas cepas bacterianas contra infecções por bacteriófagos[1]. No ano
de 1971 os pesquisadores Kathleen Danna e Daniel Nathans mostraram pela primeira vez
que a enconuclease R (KpnI) isolada de Klebsiella pneumoniae possuía a capacidade de
cortar o DNA do vírus símio 40 (SV40), produzindo fragmentos específicos e de forma
reprodutível, ou seja, sempre com o mesmo padrão de fragmentos[5]. Esse mecanismo foi
mais tarde descrito como uma forma de defesa do hospedeiro contra material genético
exógeno, atuando de forma a fragmentar o material genético do invasor e restringindo sua
entrada, daí o termo enzimas de restrição[1].
As enzimas de restrição, também conhecidas como endonucleases de restrição,
são proteínas que reconhecem sequências de DNA curtas, específicas e frequentemente
palindrômicas. Essas sequências são compostas por 4 – 6 nucleotídeos, que são clivadas
dentro do sítio de restrição ou adjacentes às suas sequências de reconhecimento (pontas
cegas ou coesivas)[2]. Há quatro classes de enzimas de restrição, sendo que as pertencentes
à classe II são as mais utilizadas na área da biologia molecular, elas necessitam de Mg2+
para atuarem. As endonucleases do tipo I, III e IV são menos empregadas devido à baixa
especificidade de corte, realizado distante do sítio de restrição e, porque, geralmente, essa
reação é dependente de ATP[1].
As enzimas de restrição ficaram conhecidas como tesouras moleculares e sua
descoberta proporcionou um avanço significativo no desenvolvimento da tecnologia do DNA
recombinante. Essas tesouras moleculares permitiram a clonagem de fragmentos do DNA
de um organismo em plasmídeos, que foram inseridos em outros organismos (hospedeiro),
criando na biologia molecular uma gama de possibilidades. A descoberta de que o DNA
de diferentes espécies podiam ser clonados e propagados em outras espécies, marcou o
início da clonagem dos genes e expressão de proteínas recombinantes, tendo a insulina
humana, ganhado destaque naquela época[2, 3, 4]
Além da clonagem, as enzimas de restrição têm sido muito utilizadas em diversas
técnicas moleculares como: diagnóstico molecular, mapeamento, manipulação do DNA
recombinante, análise de polimorfismos, entre outros. Ao utilizar diferentes combinações
de enzimas de restrição, há muitas maneiras possíveis de caracterizar e manipular o DNA[1].
Digestão enzimática 40
MATERIAIS
Reagentes:
Aliquota das enzimas de restrição que serão utilizadas para a digestão dupla (ex:
BamHI e HindIII).
Aliquota de BSA
Água Milli-Q
Gases de algodão
Microtubos 500 μL
Parafilme
Equipamentos:
Espectrofotômetro Nanodrop
Banho-maria
Rack estante termoestável para microtubos (ou um suporte com gelo para os
microtubos).
MÉTODOS
Digestão enzimática 41
• Dosar a amostra de DNA usando espectrofotômetro (260 nm)
Reagentes Volumes
Tampão 10X
Enzima 1
Enzima 2
DNA (μg/μL)
Volume Final 20 μL
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A nomenclatura das enzimas de restrição deriva do nome científico da espécie onde
é extraída seguido da sua ordem de isolamento. Por exemplo, a enzima EcoRI, é a primeira
endonuclease a ser isolada da estirpe R da bactéria Escherichia coli[5].
As enzimas de restrição devem ser selecionadas considerando a sequência do
inserto a ser clonado, do plasmídeo que receberá o inserto (sítio múltiplo de clonagem) e o
propósito (subclonagem em outro vetor). Após o planejamento e execução da digestão dupla
é esperado que o inserto de interesse seja retirado do plasmídeo de origem. Entretanto,
em algumas condições, algumas enzimas podem cortar o DNA em locais inespecíficos,
ou seja, em sequências diferentes do seu sítio de restrição. O nome deste fenômeno é
“atividade estrela” (star activity) e acontece quando a reação de digestão do DNA não
segue as condições consideradas ótimas para o funcionamento da enzima, descritos pelo
fabricante.
A digestão do DNA será avaliada através de eletroforese em gel de acrilamida ou
agarose, sendo que a escolha do gel irá depender do tamanho dos fragmentos esperados
na reação. Para confirmar a digestão, é importante aplicar no gel a mesma amostra, não
digerida (controle negativo) e ao padrão de peso molecular.
Digestão enzimática 42
REFERÊNCIAS
[1] Felice FD; Micheli G; Camilloni G. Restriction enzymes and their use in molecular biology: An
overview. J Biosci, v. 44, n. 38: p.1-8, 2019.
[2] Bennett SP; Halford SE. Recognition of DNA by Type II Restriction Enzymes. Current Topics in
Cellular Regulation, v. 30, n. 1: p.57-104, 1989.
[3] Celie PHN; Parret AHA; Perrakis A. Recombinant cloning strategies for protein expression. Current
Opinion in Structural Biology, v. 38, n. 1: p.145-154, 2016.
[4] Vajo O; Fawcett J; Duckworth WC. Recombinant DNA Technology in the Treatment of Diabetes:
Insulin Analogs. Endocrine Reviews, v. 22, n. 5: p.706-717, 2001.
[5] Roberts, RJ; et al. A nomenclature for restriction enzymes, DNA methyltransferases, homing
endonucleases and their genes. Nucleic Acids Research, v. 37, n. 7: p.1805-1812, 2005.
Links:
Enzimas de restrição do DNA
https://www.youtube.com/watch?v=jCThfx-7tnM
Digestão enzimática 43
Clonagem em plasmídeo
OBJETIVO
Promover a ligação do inserto ao plasmídeo pET-21a (+).
INTRODUÇÃO
A clonagem molecular é uma técnica da engenharia genética também conhecida
como tecnologia do DNA recombinante, clonagem gênica ou manipulação gênica. Esta
tecnologia permite combinar partes ou sequências distintas de DNA, incluindo aquelas
provenientes de organismos distintos, sendo capaz de produzir várias cópias dessas
combinações genéticas. A tecnologia do DNA recombinante (rDNA) foi realizada pela
primeira vez por Paul Berg, professor da Stanford University (USA), em 1972. A descoberta
veio quando Berg utilizou enzimas de restrição e uma DNA ligase para criar a primeira
molécula de DNA recombinante, resultando em um Prêmio Nobel em Química no ano de
1980 [1, 2].
Para ter sucesso na clonagem gênica, é importante ter em mente a finalidade do
experimento, para que os materiais e estratégias sejam planejadas adequadamente.
Por exemplo, um vetor de expressão bacteriano pode ser utilizado para expressar uma
proteína humana em bactérias, entretanto, não terá sucesso se o hospedeiro for uma célula
eucariota.
Existem quatro tipos de vetores de clonagem: i) o plasmídeo, ii) os fagos, iii) os
cosmídeos e iv) os YAC’s e BAC’s (yeast/bacterial artificial chromossomes). Esses vetores
se diferem no tamanho do fragmento de DNA que conseguem incorporar, na capacidade
de expressar em determinados tipos celulares e no tempo de expressão. O mapa do vetor
contendo a localização do promotor, dos sítios de restrição/sítio múltiplo de clonagem,
do marcador de resistência à antibiótico ou gene repórter, devem ser cuidadosamente
analisados antes de iniciar o experimento (Figura 1)[ 3].
Um ponto que deve ser considerado, juntamente com a escolha do vetor, é a célula
escolhida para realizar a expressão gênica. O vetor e o hospedeiro estão intimamente
ligados, principalmente pelo promotor presente no vetor que só responde a determinados
tipos de células. Portanto, se o vetor não corresponder ao tipo celular escolhido, a expressão
gênica pode não ocorrer.
De posse do vetor e inserto, o próximo passo da clonagem gênica é a ligação,
reação executada pela enzima ligase. Essa enzima é extremamente importante para as
células, pois está envolvida na replicação celular (junção dos fragmentos de Okazaki) e
no sistema de Reparo (atua em quebras de fita simples/dupla unindo as cadeias). Essa
enzima forma duas ligações fosfodiéster covalentes entre a extremidade 3’ hidroxila de
um nucleotídeo (“recetor”) com a extremidade 5’ fosfato de outro nucleotídeo (“dador”),
Clonagem em plasmídeo 44
na presença de energia fornecida pelo ATP. Assim, as extremidades coesivas de dois
fragmentos de DNA, obtidos por ação de enzimas de restrição, tendem a emparelhar
devido à complementaridade das bases, e a ligação dos fragmentos é feita pela ação da
ligase do DNA[3, 4, 5].
MATERIAIS
100 ng de vetor
50 ng de inserto
1 Microtubo de 0,2 mL
1 Descarte
Equipamentos:
Termociclador ou banho-maria
Centrífuga
Clonagem em plasmídeo 45
METODOLOGIA
• - Dosar o veto e o plasmídeo a ser usado na prática (260 nm)
Reagente Quantidade
Vetor de DNA 100 ng
Inserto 50 ng
Tampão Ligase (10X) 1 µL
T4 DNA Ligase 0,1- 1 µL
Água Milli-Q Completar para 10 µL
Tabela 1: Cálculo dos reagentes usados na ligação.
Clonagem em plasmídeo 46
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O marco científico da clonagem e expressão heteróloga bem sucedida foi
representada pela produção da insulina recombinante no ano de 1977, que promoveu o
tratamento de pacientes diabéticos[3, 4, 5].
A prática da clonagem gênica usa como produtos provenientes de outras práticas:
1-síntese de primers, 2- extração do DNA genômico, 3-PCR, digestão enzimática do
inserto e do plasmídeo e por fim, 4- a ligação. Aqui, os produtos da digestão enzimática
dupla, tanto do plasmídeo quanto do produto de PCR (inserto), foram ligados de forma
unidirecional, na presença da enzima DNA ligase. Essa enzima permitiu o pareamento
dos fragmentos digeridos e a reconstrução das ligações fosfodiéster entre as duas fitas
de DNA utilizando a energia liberada pelo ATP. Essa união forma o que chamamos DNA
recombinante. Nos passos seguintes veremos como ocorre a inserção deste DNA dentro
de uma célula hospedeira, no processo de eletroporação [6, 7, 8]
.
O sucesso da reação de ligação depende da adição dos reagentes nas concentrações
e volumes corretos, visto que o funcionamento da DNA ligase depende diretamente da
sua concentração, da concentração de ATP, do tamanho e coesão dos fragmentos, da
temperatura, e por fim, do pH da reação, que deve estar entre 7,8 e 8,0. Outros fatores
responsáveis pelo insucesso da reação podem estar relacionados a complementariedade
das extremidades do vetor e a sucessivos descongelamentos do tampão de ligação que
contém ATP, devido às cargas negativas dos grupos fosfatos em pHs entre 5 e 8. Essas
cargas negativas geram repulsão dentro da própria molécula de ATP e com uma certa
sequência de descongelamentos pode resultar na sua degradação[9].
Vários vetores estão disponíveis no mercado para expressão de proteínas
recombinantes em diferentes hospedeiros. A Escherichia coli é um modelo padronizado
em muitos laboratórios devido à praticidade do crescimento dessa célula, entretanto, é
importante lembrar que essa célula não faz modificações pós traducionais. Os plasmídeos
mais comuns para expressão heteróloga nesse modelo são os da série pET (plasmid for
expression by T7 RNA polimerase) que também apresentam marcadores de resistência a
antibióticos, como a ampicilina.
REFERÊNCIAS
[1] Os princípios da clonagem molecular: DNA recombinante. KASVI, 2017. Disponível em: <https://
kasvi.com.br/clonagem-molecular-dna-recombinante/>. Acesso em: 08 de outubro de 2021.
[2] ARAGÃO F. A trajetória dos organismos transgênicos. EMBRAPA. Disponível em: <https://www.
embrapa.br/olhares-para-2030/artigo/-/asset_publisher/SNN1QE9zUPS2/content/francisco-jose-lima-
aragao?inheritRedirect=true>. Acesso em: 08 de outubro de 2021.
Clonagem em plasmídeo 47
[3] Vedoneli NCPS; CASTRO VP. Manual de Construção de Vetores de Expressão. Universidade De
São Paulo. Ribeirão preto, 2016.
[5] Siqueira FF. Caracterização molecular, clonagem e expressão de isoformas da toxina alfa de
Clostridium perfringens e sua aplicação na imunização de animais. Tese (Doutorado em Genética) -
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, p.42, 2013.
[6] Molinaro EM; Caputo LFG; Amendoeira MRR. (Org.). Conceitos e métodos para a formação de
profissionais em laboratórios de saúde. v. 3. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2013.
[8] Pascal J.M. DNA and RNA ligases: structural variations and shared mechanisms. Current Opinion in
Structural Biology. Epub, 18(1): p.96-105, Feb, 2008.
[9] Chauhan T. What is DNA Ligase? And How T4 DNA Ligase Works? Genetic Education, 2019.
Disponível em:<https://geneticeducation.co.in/what-is-dna-ligase-and-how-t4-dna-ligase-works/#The_
function_of_DNA_ligase_in_recombinant_DNA_technology>. Acesso em: 08 de janeiro de 2022.
Links:
Clonagem de DNA e DNA recombinante
https://youtu.be/EDF_T0t7gN0
Clonagem em plasmídeo 48
ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA NÃO
DESNATURANTE E COLORAÇÃO
OBJETIVO
Desenvolver habilidades quanto ao preparo do gel de acrilamida, montagem da
cuba, realização da eletroforese e revelação do gel através da coloração por prata.
INTRODUÇÃO
A eletroforese em gel é uma técnica bioquímica para separação de moléculas com
base na sua carga elétrica e peso molecular. A separação de partículas utilizando a carga
elétrica foi proposta por Tiselius em 1937, mas só foi aplicada para separação de DNA em
meados dos anos 60 por Vin Thorne[1, 4].
Os ácidos nucleicos (DNA e RNA) são exemplos de moléculas que possuem carga
elétrica (negativa), devido à presença do grupo fosfato na molécula. Essa característica é
usada para impulsionar a migração destas moléculas através de um gel utilizando corrente
elétrica e pode separá-las conforme o tamanho. Uma vez isolado o fragmento de DNA
de interesse, ele pode ser utilizado para diversos propósitos: PCR, clonagem, digestão
enzimática, sequenciamento, etc[1, 2].
O gel de eletroforese pode ser obtido usando diferentes reagentes que formam
malhas, dentre eles os mais usados são a acrilamida e a agarose. A acrilamida é um dos
principais e mais versáteis materiais para a produção do gel eletroforético. A reação de
ligação entre a molécula linear de acrilamida a uma molécula ramificada da bisacrilamida
é capaz de gerar uma malha fina o suficiente para apresentar resistência à passagem das
moléculas de DNA. A polimerização da mistura de acrilamida é conseguida pela adição de
persulfato de amônio, que vai ceder o átomo de enxofre que se posicionará na junção entre
as moléculas de acrilamida na formação do polímero. Essa reação é catalisada pela adição
do Temed (N,N,N′,N′-Tetrametiletilenodiamina), tudo sempre na presença do tampão TBE
(Tris borato EDTA)[2].
A concentração de acrilamida total para a produção do gel pode ser alterada de
acordo com a faixa de tamanho do DNA de interesse, de forma que a malha fique mais ou
menos fina (Tabela 1). A eletroforese também pode ser realizada no modo desnaturante,
com a adição de componentes como ureia e formamida, que vão manter o DNA em fita
simples durante a eletroforese[2].
Figura 1: Mapa do Padrão de Peso Molecular 1Kb DNA Ladder RTU da empresa Simply®.
Perfil eletroforético de um padrão de peso molecular mostrando o padrão migratório de
fragmentos de diferentes tamanhos pontuados à direita (base pair: pares de base), e bandas
de diferentes intensidades relacionadas com a concentração de cada fragmento pontuado à
esquerda (DNA mass: massa de DNA).
Visto que o gel está polimerizado entre placas de vidro com aparato (pente) para
Tamanho dos
Concentração do Azul de Bromofenol Xileno Cianol
fragmentos separados
Gel (%) (pb) (pb)
(pb)
3,5 100 a 1000 100 460
5,0 100 a 500 65 260
8,0 60 a 400 45 160
12,0 50 a 200 20 70
15,0 30 a 150 15 60
20,0 5 a 100 12 45
Tabela 2: Migração dos corantes Azul de Bromofenol e Xileno Cianol em diferentes
concentrações de géis de poliacrilamida não desnaturante.
O experimento eletroforético é então realizado através da aplicação de uma voltagem
específica, que é diretamente responsável pela velocidade de migração. Voltagens em
média de 80 a 120 V são recomendadas na eletroforese em poliacrilamida.
Após a finalização da corrida, a posição do(s) fragmento(s) de DNA no gel precisa
ser revelada. Para isto é usada a coloração por prata, um reagente com alta sensibilidade,
que consegue marcar o DNA presente no gel, mesmo que este esteja em concentrações
muito baixas. A coloração por prata é um método de simples execução, em que são usadas
três soluções específicas para tratar o gel: 1) a solução fixadora, que é responsável por
estabilizar o DNA e evitar sua dispersão pelo gel; 2) a solução corante, que contém os
íons de prata, responsáveis por se ligar no DNA e por fim 3) a solução reveladora, que
possui formaldeído na sua composição e promove a oxidação dos íons de prata ligados
ao DNA. Nessa etapa ocorre a revelação do gel, com o aparecimento de regiões escuras
correspondentes às bandas/fragmentos de DNA[3].
Reagentes:
3 mL de Bis acrilamida 29:1
10 mL de Água deionizada
70 µL de Persulfato de amônio
4 µL Temed
1 L de TBE 1X
1 rolo de Parafilme
Equipamentos:
Cuba vertical com placas, pentes, espaçadores e fios
Fonte de eletroforese
Transiluminador
Agitador de placa
SOLUÇÕES
5 g de Bis-acrilamida
TBE 5X
54 g de Tris base
3,72 g de EDTA
250 mL de solução com prata (0,5 g de nitrato de prata para 250 ml de solução
fixadora)
MÉTODOS
10 mL de gel 8%
2,66 mL de bisacrilamida
5,27 mL de água
2 mL de TBE5X
70 μL de Persulfato de amônia
4,0 μL de Temed
Tabela 3: Protocolo para produção de 10 mL de gel de poliacrilamida 8%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira observação que deve ser feita com a coloração em prata é a aparição
das bandas do padrão seguido pela aparição das bandas da amostra. A coloração de prata
marcou sua amostra com intensidade suficiente para análise? Deve-se analisar o padrão
de bandas da amostra com o conhecimento prévio da amostra. As bandas do padrão se
separaram o suficiente para permitir distinção entre elas com qualidade? Uma corrida mais
extensa pode ajudar na separação das bandas que vai facilitar a validação do resultado, por
outro lado, a aplicação de alta voltagem pode elevar muito a temperatura de todo sistema,
o que gera deformidades na migração do DNA pelo gel. Quantas bandas foram observadas
na amostra? A coloração de prata é capaz de marcar DNA em baixas concentrações,
revelando contaminantes na sua amostra. Essa banda é difusa ou bem definida? Alterações
no pH das soluções tamponantes podem levar a uma corrida difusa das amostras de DNA
no gel; tempo excessivo em soluções corantes têm o mesmo efeito. Qual o tamanho das
REFERÊNCIAS
[1] Cantor CR; Smith CL. Genomics: The Science and Technology Behind the Human Genome Project.
Copyright John Wiley & Sons, Inc: p.596, 1999.
[2] Slater GW; Guillouzic S; Gauthier MG; Mercier JF; Kenward M; McCormick LC; Tessier F. Theory of
DNA electrophoresis (~ 1999 –2002 ½). Electrophoresis, 23(22-23): p.3791-3816, 2002.
[3] Bassam BJ; Caetano-Anollés G; Gresshoff PM. Fast and sensitive silver staining of DNA in
polyacrylamide gels. Analytical Biochemistry, 196(1): p.80-83, 1991.
[4] Roberts GA; Dryden DTF. DNA Electrophoresis: Historical and Theoretical Perspectives. DNA
Electrophoresis: p.1-9, 2013.
Links:
Eletroforese - Técnica e equipamentos
https://youtu.be/Y-sl523tDEE
Animação da eletroforese
https://youtu.be/ZDZUAleWX78
INTRODUÇÃO
A eletroforese em gel de agarose, assim como no caso de géis de poliacrilamida,
é uma metodologia desenvolvida nos anos 60. A agarose oferece algumas vantagens em
relação à acrilamida, como menor custo, rapidez e facilidade no preparo do gel. No entanto,
sua resolução é menor que a poliacrilamida, porém é o suficiente para separar ácidos
nucleicos através do tamanho utilizando suas cargas negativas para forçar a migração.
O preparo do gel de agarose é mais simples, a adição da agarose em pó em tampão
salino TAE ou TBE, seguida de aquecimento é suficiente para acelerar a dissolução da
agarose que ao se resfriar, solidifica em forma de gel. Esse gel é montado em fôrmas
horizontais com formação de canaletas para aplicação das amostras e mergulhado
também em tampão TAE ou TBE. Assim, como realizado na pratica do gel de acrilamida,
as amostras de DNA são preparadas em tampão de carregamento, composto por glicerol,
que é responsável por carrear a amostra para o fundo do poço e dos corantes: azul de
bromofenol e xileno cianol, que auxiliam no acompanhamento visual da corrida[1, 2].
A escolha da voltagem também é importante na eletroforese em gel de agarose.
Voltagens altas podem levar ao aquecimento do sistema e consequente derretimento da
agarose, o que compromete o experimento, 10 V/cm de distância entre os eletrodos da
cuba eletroforética é a voltagem aconselhada para o experimento, cerca de 80 V para
as cubas convencionais. O padrão de peso molecular com fragmentos conhecidos de
DNA, também é usado no gel de agarose para comparação com as bandas da amostra e
estimativa dos tamanhos da amostra. Ao fim da corrida, o gel é banhado em uma solução
contendo brometo de etídio, composto capaz de intercalar a molécula de DNA, revelado ao
ser exposto à radiação UV. Uma banda ou fragmento de DNA de interesse pode, inclusive,
ser retirada e purificada a partir do gel e, posteriormente, ser usada em futuros ensaios [1, 2].
Nota: O brometo é um potente agente mutagênico, a manipulação deve ser feita
com luvas e o material contaminado deve ser mantido separado dos demais.
MATERIAIS
Reagentes:
0,4 g de Agarose
1 Erlemeyer de 250 mL
1 µL de Brometo de etídeo
1 Fonte de eletroforese
1 Espátula
Transiluminador
SOLUÇÕES
100 mL- Solução de EDTA dissódico (Na2 EDTA) 0,5 M (pH 8,0)
MÉTODOS
Preparação do Gel:
• Pesar 0,4g de agarose em um erlenmeyer e adicionar 40 mL de TAE (1X), tam-
par com papel filme.
• Esperar o líquido esfriar, até que seja possível segurar o recipiente sem se
queimar (aproximadamente 5 minutos).
• Aplicar todo volume do tubo em um dos poços do gel (12 μL). Fazer esse pro-
cedimento com todas as amostras.
COLORAÇÃO
• Retirar o gel da cuba e colocar na solução de coloração de brometo de etídeo
por cerca de 30 minutos na câmara escura ou cobrindo o recipiente com papel
alumínio.
• Capturar as imagens.
Obs: o Transiluminador emite luz UV para excitar o Brometo de etídeo. Proteja o
rosto, mãos e principalmente os olhos utilizando face shield ou óculos de proteção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O brometo de etídeo vai marcar o DNA em um sinal luminoso que pode ser
visualizado através do transiluminador e pode ainda ser registrado ou documentado a
partir de equipamento de imagem conectado. A qualidade das bandas reveladas deve ser
analisada em relação à definição e separação das bandas do padrão. Algumas questões
devem ser consideradas durante as análises, como: quantas bandas foram observadas
REFERÊNCIAS
[1] Charles R; Cantor CL. Smith Genomics: The Science and Technology Behind the Human Genome
Project. John Wiley & Sons, Inc. Copyright © 2004.
[2] Stellwagen NC. Electrophoresis of DNA in agarose gels, polyacrylamide gels and in free solution.
Eletrophoresis, 30(S1): p.188-S195, 2009.
Links:
Eletroforese horizontal de DNA em gel de agarose:
https://www.youtube.com/watch?v=vL3EfRx78P0
INTRODUÇÃO
Em 1928 Fred Griffith descreveu que o material biológico de uma cepa de
Streptococcus patogênico foi capaz de transformar em patogênica uma cepa de
Streptococcus não patogênica[1]. Posteriormente, foi descoberto que esse material
transformador é o DNA[2, 3, 4]. Além dessa captação natural do material genético do ambiente
descrita por Griffith, há outros dois processos naturais nos quais as bactérias podem obter
DNA exógeno: a conjugação e a transdução. A conjugação consiste na transferência de
DNA de uma célula para outra célula por contato direto e a transdução é transferência do
material genético através das infecções por bacteriófagos (vírus de bactérias)[5, 6, 7].
A partir dessas observações surgiu a necessidade de desenvolver sistemas de
transferência de genes mais eficientes, em que o DNA deve ser facilmente transferível
e mantido de forma estável em qualquer espécie bacteriana. A inserção de moléculas
exógenas em células vivas pode ser obtida, por vários métodos distintos, sendo os dois
principais o choque térmico e a eletroporação, onde as células são submetidas às mudanças
de temperatura e ao choque elétrico, respectivamente. Em ambos os métodos a função é
abrir momentaneamente a membrana celular e permitir assim, a entrada das moléculas de
interesse para o interior da célula.
A eletroporação é amplamente utilizada para inserção de genes e também de drogas
e em uma célula viva. Nessa técnica, as células são submetidas a um intenso e curto pulso
elétrico, o que provoca flutuações térmicas espontâneas dos lipídios de membrana. Como
consequência, ocorre a abertura de poros hidrofílicos e o aumento da permeabilidade da
bicamada lipídica[8].
Durante a eletroporação as células passam por uma sequência de fases: primeiro
ocorre a formação momentânea dos poros decorrente do curto e intenso pulso elétrico;
em seguida, ocorre uma expansão do tamanho dos poros que é dependente do tempo de
duração dos pulsos elétricos e geralmente, tem duração de micro a milissegundos; por fim,
após a aplicação do pulso elétrico, ocorre a recuperação da membrana que consiste no
fechamento dos poros com duração vários minutos[9].
A técnica de eletroporação foi, inicialmente, introduzida por Potter et al. em 1984[10]
com a transformação de células de mamíferos. Em seguida, a técnica foi aplicada em
protoplastos de plantas por Watts et al., 1987[11] e neste mesmo ano, Chassy et al., 1987
MATERIAIS
Reagentes:
1L Meio LB (L-Broth) autoclavado
Equipamentos:
Capela de fluxo laminar
Centrífuga refrigerada
Shaker a 37 ºC
Espectrofotômetro
Autoclave
Meio LB (L-Broth):
10g de Bacto-triptona
5g de extrato de levedura
5g de NaCl
MÉTODOS
Pré-inóculo bacteriano
• Irradiar a capela de fluxo laminar com luz UV (Ultravioleta) por 20 minutos.
Inóculo bacteriano
• Irradiar a capela de fluxo laminar com luz UV (Ultravioleta) por 20 minutos.
• - Incubar sob agitação (300 RPM) a 37 ºC, até que a cultura atinja a OD600 (den-
sidade óptica a 600 nm) de 0,4 – 0,6.
Leitura da OD600:
• Ajustar o espectrofotômetro para a leitura a 600 nm.
• Caso não tenha atingido o valor desejado (0,4 - 0,6), incubar a cultura nova-
mente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As etapas de preparo de células eletrocompetentes devem ser rigorosamente
seguidas para otimizar a obtenção de células com alta eficiência de transformação. Uma
dessas etapas, é o recolhimento das células de E. coli, que deve ser realizada na fase
exponencial tardia de crescimento, o que é conseguido através das leituras regulares da
REFERÊNCIAS
[1] Griffith F. The significance of pneumococcal types. J Hyg., 27(2): p.113-159, 1928.
[2] Avery OT; MacLeod CM; McCarthy RL. Studies on the chemical nature of the substance inducing
transformation of Pneumococcal types. J Exp Med., 79(2): p.137-158, 1944.
[3] McCarty M; Avery OT. Studies on the chemical nature of the substance inducing transformation
of Pneumococcal type 2. Effect of desoxyribonuclease on the biological activity of the transformation
substance. J Exp Med., 83(2): p.89-96, 1946.
[4] McCarty M; Avery OT. Studies on the chemical nature of the substance inducing transformation
of Pneumococcal type 3. An improved method for the isolation of the transforming substance and its
application to Pheumococcus type-II, type-III, and type VI. J Exp Med., 83(2): p.97-104, 1946.
[5] Johnsborg O; Eldholm V; Havarstein LS. Natural genetic transformation: prevalence, mechanisms
and function. ResMicrobiol., 158(10): p.767-778, 2007.
[6] Chen I; Christie PJ; Dubnau D. The ins and outs of DNA transfer in bacteria. Science, 310: p.1456-
1460, 2005.
[8] Neumann E; Toensing K; Kakorin S; Budde P; Frey J. Mechanism of electroporative dye uptake by
mouse B cells, Biophys. J., 74(1): p.98-108, 1998.
[9] Leontiadou H; Mark AE; Marrink SJ. Molecular dynamics simulation of hydrophilic pores in lipid
bilayers. Biophysical Journal, 86, p.2156-2164, 2004.
[11] Watts JW; King JM; Stacey NJ. Inoculation of protoplasts with viruses by electroporation. Virology,
157: p.40-46, 1987.
[13] Lelie D; Vosson J; Venema G. Effect of plasmid incompatibility on DNA transfer to Streptococcus
cremoris. Appl. Environ. Microbiol., 54: p.865-871, 1988.
[14] Calvin NM, Hanawalt PC. High-efficiency transformation of bacterial cells by electroporation. J
Bacteriol., 170: p.2796-2801, 1988.
[15] Kim AY; Blaschek HP. Construction of an Escherichia coli–Clostridium perfringens shuttle vector
and plasmid transformation of Clostridium perfringens. Appl Environ Microbiol., 55: p.360-365, 1989.
Links:
Sistema de eletroporação
https://www.bio-rad.com/webroot/web/pdf/lsr/literature/4006217A.pdf
INTRODUÇÃO
Neumann e colaboradores, em 1982, publicaram o primeiro estudo sistemático feito
em relação a eletroporação através da transferência eficiente de DNA plasmidial às células
de camundongos. Durante a década de 1990, Tsong publicou um conjunto de artigos que
apresentou de forma clara o que é o processo de eletroporação e suas aplicações, a partir
da compreensão da biofísica. A eletroporação se tornou, no século XXI, umas das técnicas
de transfecção mais utilizadas devido a sua fácil execução e versatilidade, podendo,
inclusive ser aplicada a diversos tipos célulares[1].
A técnica de eletroporação ocorre quando um campo elétrico pulsado é aplicado
nas células em suspensão, promovendo a polarização da membrana e a formação
de nanoporos, e, aumentando assim, a permeabilidade celular. Durante esse período
pode ocorrer a entrada de diversos compostos para o interior da célula, como produtos
químicos, medicamentos, RNA, DNA ou peptídeos. Após a passagem do pulso, a célula irá
retornar ao seu estado inicial, recuperando sua integridade celular[2]. No campo da biologia
molecular, o processo de eletroporação é muito utilizado para transformar bactérias,
leveduras e protoplastos vegetais, que recebem um novo material genético e adquirem
novas características[3].
MATERIAIS
10 mL de meio de cultura LB sem antibiótico
03 Cubetas
03 Microtubos de 1.5 ml
Equipamentos:
Conjunto de micropipetas de P10, P100, P1000
Eletroporador
Shaker 37º C
Autoclave
pHmetro
Banho-maria
Centrífuga
Freezer -80º C
Freezer -20 ºC
Geladeira
Estufa 37 ºC
MEIOS DE CULTURA
Meio LB
10 g NaCl
10 g Peptona
5 g Extrato de levedura
MÉTODOS
Eletroporação
• Na capela de fluxo laminar, identificar as cubetas e coloca-las no gelo. Fazer o
mesmo procedimento com os tubos contendo as células competentes.
• Realizar 3 reações:
• Colocar 100 μL da cultura sob a placa de petri com meio sólido e antibiótico.
• Analisar os resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Antes de realizar a eletroporação, as células precisam receber um tratamento
adequado para se tornarem “eletrocompetentes”, ou seja, serem capazes de receber
DNA exógeno. Esse tratamento permite também que as células sejam armazenadas por
longos períodos no freezer a -70°C. Após descongeladas, as células eletrocompetentes
são misturadas ao material genético, que após o pulso elétrico, pode ser transferido para
as células.
A inserção do novo material genético pelas células pode ter como finalidade, por
exemplo, a expressão de novas proteínas, processo conhecido como expressão heteróloga.
Após o pulso elétrico as células precisam se recuperar do estresse sofrido para poderem
aumentar a população e começar a produzir suas proteínas, inclusive aquelas inseridas
via plasmideo. Assim, imediatamente após a eletroporação o meio LB não deve conter
antibiótico, porque a resistência será conferida após a inserção do plasmídeo contendo o
gene de resistência ao antibiótico.
Alguns cuidados devem ser tomados durante o processo de eletroporação como,
ligar a luz ultravioleta da capela ou fluxo laminar antes de todos os procedimentos, para
evitar contaminação. Ao incubar as placas de petri elas devem permanecer com as tampas
voltadas para baixo e com lado do ágar para cima, para evitar a condensação da água e
possível contaminação.
REFERÊNCIAS
[1] Shi J, Ma Y, Zhu J, et al. A Review on Electroporation-Based Intracellular Delivery. Molecules, 23(11):
p.3044, 2018.
[2] Luft C, Ketteler R. Electroporation Knows No Boundaries: The Use of Electrostimulation for siRNA
Delivery in Cells and Tissues. J Biomol Screen., 20(8): p.932-942, 2015.
Links:
Conceito de eletroporação
https://www.youtube.com/watch?v=InBnhL47IKo&feature=youtu.be
INTRODUÇÃO
A extração e purificação de plasmídeos consiste em uma técnica fundamental
e necessária na biologia molecular, utilizada nas etapas de clonagem, expressão de
proteínas, sequenciamento, transformação de organismos, introdução de modificações em
sequências, mutagênese sítio-dirigida, ou mesmo para manter os plasmídeos em estoque.
O isolamento de DNA plasmidial tem sido usado por décadas[1–3] e continua sendo
um dos métodos mais utilizados nos laboratórios de biologia molecular. A purificação do
plasmídeo envolve duas etapas: lise bacteriana e isolamento do DNA.
Em 1969, Clewell e Helinski conseguiram isolar o DNA circular de E. coli utilizando
na lise celular a enzima lisozima e o detergente desoxicolato de sódio, seguido de
centrifugação[1]. Mais tarde, em 1978, Colman e colaboradores desenvolveram um novo
método, que envolveu a lise bacteriana na presença de lisozima e do detergente Triton
X-100, seguido da purificação em cromatografia de hidroxiapatita na presença de altas
concentrações de fosfato e ureia [2]. Logo em seguida, em 1979, Birnboim e Doly publicaram
um novo método, em que a lise foi realizada empregando NaOH e SDS, seguida da
precipitação do DNA plasmidial através da adição de acetato de sódio ao lisado[3].
A técnica descrita por Birnboim e Doly é empregada até os dias atuais e seu princípio
está na desnaturação alcalina (pH ~12) do DNA cromossômico de alto peso molecular,
enquanto o DNA circular covalentemente fechado permanece em fita dupla, visto que
suas fitas são topologicamente entrelaçadas. O controle adequado do pH é crucial, pois
após a neutralização, o DNA cromossômico renatura para formar um coágulo insolúvel,
juntamente com proteínas e restos celulares. Em contrapartida, o DNA plasmidial retorna
a forma nativa de forma mais rápida que o DNA genômico, e assim, o DNA do plasmídeo
fica solúvel no sobrenadante. Isto garante que DNAs de plasmídeos grandes e pequenos
possam ser extraídos por este método[3,4].
MATERIAIS
3 mL de cultura de bactéria E.coli contendo plasmídeo de interesse em meio LB
Microtubos de 2 mL
Equipamentos:
Microcentrífuga
Autoclave
SOLUÇÕES
Solução I: TE pH 8
25 mM Tris pH8
10 mM EDTA pH 8
0,2 M de NaOH
MÉTODOS
• Crescer 3 mL de cultura em meio LB + ampicilina (100 µg/mL), durante 16 a18
horas.
• Dosar o DNA.
Obs: Para remover o RNA da preparação, acrescentar TE pH 8 contendo 20μg/mL
de Rnase, incubar a 37º C por 0,5-1 hora. Para reduzir a contaminação do DNA purificado
com proteínas, pode ser empregado a extração com mesmo volume de fenol: clorofórmio:
álcool isoamílico e/ou clorofórmio: álcool isoamílico. Misture por inversão várias vezes e
centrifugue na velocidade máxima por 2 minutos a 4 ºC. Transfira a fase superior para um
tubo novo e o DNA é então precipitado através da adição de álcool (0,6-0,8X volume de
isopropanol ou 2,5X volumes de etanol) na presença de sais. Após a lavagem com etanol
70% para remoção do excesso de sais, o DNA é solubilizado em TE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para melhor rendimento do processo, garanta que o pellet de bactérias seja
completamente solubilizado na solução I, não deixar grumos de células, pois dificulta a
interação com a solução de lise.
O SDS, um detergente aniônico, possui a função de lisar as membranas da célula
e desnaturar as proteínas celulares, enquanto o NaOH eleva o pH do extrato para valores
muito alcalinos (pH 12 a 12,5). Nestas condições, ocorre a desnaturação diferencial do
DNA, o DNA cromossomal será desnaturado, enquanto o DNA plasmidial circular e menor
permanece inalterado. Ao incorporar o Acetato de Potássio (ou Acetato de Sódio) com pH
5,5, o extrato é neutralizado sob condições de alta concentração de sais, fazendo com que
o DNA cromossomal precipite, enquanto que o DNA plasmidial permaneça em solução. A
adição dessa solução também causa a precipitação de proteínas complexadas ao SDS,
REFERÊNCIAS
[1] Clewell DB; Helinski DR. Supercoiled circular DNA-protein complex in Escherichia coli: purification
and induced conversion to an open circular DNA form. Proc Natl Acad Sci USA., 62(4): p.1159-1166,
1969.
[2] Colman A; Byers MJ; Primrose SB; Lyons A. Rapid purification of plasmid DNAs by hydroxyapatite
chromatography. Eur J Biochem., 91(1): p.303-310, 1978.
[3] Birnboim HC; Doly J. A rapid alkaline extraction procedure for screening recombinant plasmid DNA.
Nucleic Acids Res., 7: p.1513-1523, 1979.
[4] Sambrook J; David WR. Molecular cloning: a laboratory manual Vol 1. Cold Spring Harbor
Laboratory Pr. 2001.
Links:
Extração de DNA plasmidial
https://www.youtube.com/watch?v=nsv8py5ujA0&ab_channel=Abnova
INTRODUÇÃO
A tecnologia do DNA recombinante surgiu no início dos anos 1970 e possibilitou
a produção de proteínas heterólogas que apresentam grande interesse comercial e
tecnológico. Dentre essas proteínas, está a insulina, cuja expressão de forma recombinante
a partir de 1977 possibilitou o tratamento efetivo de pacientes diabéticos. Dentre os
organismos utilizados para a produção de proteínas heterólogas, estão as bactérias gram
negativas, como a Escherichia coli. Este é um dos hospedeiros mais utilizados para esse
propósito, por ser bem caracterizado geneticamente, ter à disposição inúmeros plasmídeos
de expressão, possuir elevada taxa de multiplicação, fácil cultivo, baixo custo e alto
potencial de produção[1, 2].
A utilização do sistema bacteriano para a expressão de proteínas heterólogas
possui duas principais desvantagens: i) o dobramento incorreto da cadeia proteica e
ii) a produção de proteínas insolúveis, ou seja, em corpúsculos de inclusão. Durante o
processo de expressão, é desejável que a proteína recombinante esteja na forma solúvel
e na conformação estrutural correta, ou seja, biologicamente ativa. No entanto, caso
ocorra o mau dobramento das proteínas produzidas, a molécula fica sujeita à degradação
proteolítica no citoplasma da bactéria. Isto porque essas proteínas em sua conformação
incorreta são rapidamente degradadas como forma de reciclagem de aminoácidos[3].
Outro problema que pode surgir é a formação de corpúsculos de inclusão, que são
agregados insolúveis formados pelo acúmulo da proteína expressa. A maioria das proteínas
heterólogas produzidas em E. coli podem estar na forma de corpúsculo de inclusão. Isto
porque essas células apresentam alto nível da expressão citoplasmática e uma pequena
quantidade de chaperonas no seu citoplasma, que são as proteínas que auxiliam no
dobramento correto das cadeias proteicas em crescimento. Por outro lado, a formação
de corpúsculos de inclusão fornece uma grande quantidade de proteínas, o que facilita a
produção e purificação em larga escala[2].
Para a produção de proteína heteróloga em sistema de expressão que utiliza o
modelo E. coli, é necessário a utilização de um plasmídeo de expressão bacteriano. O
plasmídeo deve possuir uma origem de replicação, possibilitando a duplicação do número
de cópias do gene de interesse e um promotor para transcrição e tradução do gene de
interesse. O promotor é uma das regiões mais importantes para a transcrição do gene, pois
controla a velocidade da transcrição do gene. Assim, um promotor forte aumenta a taxa de
produção de mRNA, e a produção da proteína de interesse. Os promotores bacterianos
Expressão heteróloga 76
mais utilizados nos plasmídeos de expressão são: lac, trp, T7[4].
Diversos plasmídeos bacterianos são utilizados para a expressão de proteínas
recombinantes, dentre eles temos os plasmídeos da família pET (plasmid for expression
by T7 RNA polimerase), muito utilizados para expressão em células E. coli. Os plasmídeos
dessa família possuem o promotor T7-Lac, que permite a expressão da proteína heteróloga
sob o controle do repressor lac, o que reduz assim, o backgroud de expressão da proteína
de interesse na ausência do agente indutor. A indução da transcrição é obtida através
da adição de um análogo de lactose sintético e não degradável (tiogalactopiranosídeo de
isopropila, IPTG), o qual se associa ao repressor, de modo a inibi-lo, deixando o promotor
livre para a interação com a RNA polimerase e consequente transcrição do gene de
interesse[4,5].
Ao utilizar os plasmídeos da família pET, as proteínas expressas por células de E.
coli podem ser purificadas por cromatografia de afinidade, pois o plasmídeo possui uma
sequência que codifica seis resíduos do aminoácido histidina em fusão na porção N-terminal
da proteína de interesse (His-Tag). A His-Tag possui grande afinidade por alguns íons
metálicos, como Ni2+, Cu2+ e Co2+, o que permite com que o produto em fusão seja separado
de outras proteínas existentes no meio, com pureza de até 95%[2,4].
MATERIAIS
Célula ou clone de E. coli transformada com o plasmídeo contendo gene de interesse
(ex: pET-21a + gene de interesse)
Alíquota de IPTG 1 M
2 Microtubos de 2 mL
Equipamentos:
Nanodrop
pHmetro
Shaker (temperatura de crescimento ótimo para E. coli – 37° C e rotação 180 RPM).
Expressão heteróloga 77
Autoclave
MÉTODOS
• O primeiro passo é realizar um pré-inóculo na capela de fluxo laminar. Adicionar
10 mL de meio de cultura ao tubo de fundo cônico estéril de 50 mL.
• Com o auxílio de uma ponteira, coletar células de uma colônia isolada da placa
que contenha as bactérias eletroporadas com o plasmídeo contendo o gene de
interesse.
• Incubar o frasco no shaker a 37 °C a 180 RPM até atingir uma densidade optica
(DO) entre 0,6 e 0,8. O tempo para atingir esta DO varia conforme a linhagem
bacteriana utilizada, sendo, o tempo usual, entre 2,5 e 4 h.
• Medir a densidade optica (DO) do inóculo após 1,5 h de incubação. Caso o valor
esteja próximo do ideal (ex.: A>0,450), monitorar a DO a cada 20-30 minutos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do pré-inóculo crescido, um inóculo de 1% será realizado e o crescimento
bacteriano acompanhado através da medição da DO. Após duas a três horas, é esperado
que a DO do inóculo atinja valores entre 0,6 e 0,8 e então, nesse ponto, o agente indutor
(IPTG) deve ser adicionado na concentração desejada. A cada duas horas uma alíquota
deve ser retirada até completar 4 horas de expressão proteica. Essas alíquotas devem ser
Expressão heteróloga 78
centrifugadas e o pellet ressuspendido em tampão de amostra (DTT), e utilizadas para
verificar a expressão através de uma eletroforese SDS-PAGE.
Espera-se que o indutor (IPTG) promova a expressão seletiva da proteína de fusão,
que terá um aumento gradual de expressão a cada hora. O T0, será usado como controle
negativo, ou seja, momento onde não se espera a produção da proteína de interesse,
seguido pelos demais tempos, onde se espera um aumento da quantidade da proteína
expressa. Para análise dos resultados é necessário o conhecimento prévio do tamanho da
proteína de fusão (proteína recombinante) e aplicação de um padrão de peso molecular.
REFERÊNCIAS
[1] Vajo O; Fawcett J; Duckworth WC. Recombinant DNA Technology in the Treatment of Diabetes:
Insulin Analogs. Endocrine Reviews, v. 22, n. 5: p.706-717, 2001.
[2] Idalia VMN; Bernado F. Escherichia coli as a Model Organism and Its Application in Biotechnology. -
Recent Advances on Physiology, Pathogenesis and Biotechnological Applications, cap. 13: p.253-274,
2016.
[3] Huo L; et al. Heterologous expression of bacterial natural product biosynthetic pathways. Natural
Product Reports, v. 36, n.10: p.1412-1436, 2019.
[4] Wingfield PT; Palmer I; Liang SM. Folding and Purification of Insoluble (Inclusion Body) Proteins from
Escherichia coli. Curr Protoc Protein Sci., v. 78:6: p.51-65, 2014.
[5] Davy AM; Kildegaard HF; Andersen MR. Cell Factory Engineering. Cell Systems, v. 4, n.3: p.262-
275, 2017.
Links:
Operon Lac.
https://www.youtube.com/watch?v=7_FrhNHBSW4
Expressão heteróloga 79
Gel de poliacrilamida SDS-PAGE
OBJETIVO
Verificar a expressão, permitir o fracionamento e conferir a massa molecular do
conjunto de proteínas que compõem o extrato proteico estudado.
INTRODUÇÃO
Após a expressão da proteína alvo do estudo, é importante conferir a presença da
mesma e também verificar o tamanho relativo ou peso molecular da molécula. Somado a
isso, após as etapas de purificação e fracionamento por cromatografia, também é adequado
verificar a pureza da amostra, ou seja, quão bem uma determinada etapa de purificação
removeu as proteínas contaminantes. A técnica de Eletroforese em Gel de Dodecil Sulfato
de Sódio-Poliacrilamida (SDS-PAGE) é amplamente utilizada para monitorar cada uma
destas etapas, por se tratar de um método simples, rápido e relativamente barato[1].
A eletroforese envolve a migração de moléculas eletricamente carregadas em
soluções devido a um campo elétrico aplicado entre um ânodo e um cátodo. Trata-se
de uma técnica amplamente difundida e já em 1897, Kohlrauch descreveu a ordem da
migração eletroforética de íons, suas concentrações relativas e explicou o comportamento
de substâncias em movimento em um campo elétrico. Mais tarde, em 1930, Tiselius publicou
sobre a eletroforese de contorno móvel, que permitiu estudos das propriedades físico-
químicas de proteínas. Ele mostrou que bandas nítidas de moléculas ionizadas podiam ser
obtidas em tubos de vidro em forma de U e as bandas de proteínas podiam ser detectadas
por fotografia com luz ultravioleta[2].
A eletroforese em solução livre de Tiselius estava sujeita a uma baixa resolução
devido à mistura dos componentes, ocupava grande espaço físico e exigia vários miligramas
de proteína. Então, por volta de 1950, surge a eletroforese em papel, na qual o papel de
filtro serve como meio de suporte. O método foi um sucesso e permitiu a análises com
menores quantidades de amostra, de forma mais barata, maior resolução na separação e
visualizados através da coloração das proteínas[3].
A eletroforese em géis de poliacrilamida (PAG) foi descrita em 1959 por Raymond
e Weintraub[4]. Em 1967, foi relatada a relação proporcional entre a migração eletroforética
de proteínas em PAG e seu peso molecular na presença de SDS[5]. Posteriormente, foi
introduzido o gel de placa para facilitar a resolução simultânea de várias amostras[6,7] e
um sistema tampão modificado inicialmente introduzido para melhorar a solubilização e
resolução das proteínas[1].
O sistema descontínuo desenvolvido por Laemmli[1] tem sido usado e modificado
por vários laboratórios. A técnica de SDS-PAGE é útil para separar moléculas de acordo
com seu tamanho, na qual sua estrutura é composta por um gel de empilhamento na parte
MATERIAL
2 Placas de vidro para eletroforese
2 Pipetas de vidro: 10 mL
5 mL SDS 10%:
1 L Tampão Tris-Glicina/Eletroforético
Equipamentos:
Fonte eletroforética
Tampão da amostra:
2,5 mL de Tris-Cl 0,5 M, pH 6,8 (0,125 M)
2 mL de glicerol (20%)
1 mL de β-mercaptoetanol (10%)
Tampão Tris-Glicina/Eletroforético
3 g de Tris (0,025 M)
1 g de bisacrilamida
Solução de coloração:
45 mL de metanol (45%)
45 mL de água
45 mL de água
MÉTODOS
• Limpar as placas de vidro, espaçadores e pentes e montar o sanduíche: placa
maior, posicionar os espaçadores nas extremidades dessa placa, colocar a pla-
ca menor e por último fazer a vedação lateral e inferior do sistema.
3,3 mL de água
4 mL de acrilamida/bisacrilamida (29:1)
0,004 mL de TEMED
2,85 mL de água
0,005 mL de Temed
• Inserir o pente entre as placas do sanduíche até que fique totalmente apoiado
sobre a placa menor anterior. Evitar a formação de bolhas entre os dentes do
pente e a solução do gel de empilhamento. Caso necessário, adicionar solução
de gel para preencher quaisquer áreas vazias.
• Aplicar cada uma das amostras proteicas nas canaletas individuais seguintes.
• Separar as placas de vidro para acessar o gel, posicionar uma espátula entre as
placas na parte superior e inclinar cuidadosamente para liberar o gel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O SDS atua como um agente solubilizante, é um detergente que desnatura as
estruturas terciárias e secundárias, e também recobre as proteínas com cerca de uma
molécula de SDS para cada resíduo de aminoácido. Desta forma o SDS contribui com
uma grande carga final negativa, tornando a carga intrínseca da proteína insignificante[8].
Ainda contribui para a total abertura e linearização da estrutura proteica, a adição de
β-mercaptoetanol, composto responsável por reduzir as ligações dissulfeto. Assim, ao
serem submetidas a um campo elétrico, as proteínas completamente desnaturadas e
recobertas pelo SDS negativo, migram em direção ao eletrodo positivo sendo separadas
conforme as massas moleculares.
O APS e o Temed catalisam a polimerização da acrilamida. O APS forma radicais
livres de oxigênio em solução aquosa catalisados pelo Temed, uma amina terciária. Os
radicais livres atuam na polimerização de acrilamida e bis-acrilamida, formando a matriz
do gel [9].
Após a eletroforese, as proteínas são visualizadas pela adição de um corante, como
o Coomassie R-250 que dão cor às bandas de proteína de forma reversível. Isto porque
em um meio ligeiramente ácido, o ânion corante é atraído eletrostaticamente pelos grupos
NH3+ da proteína e formam um complexo firme, mas que pode ser removido totalmente
alterando o pH[10].
Obs: Acrilamida é um composto neurotóxico, cancerígeno e mutagênico. Por isso,
é necessário cuidado ao manusear essa substância, principalmente o pó. Evitar qualquer
contato com a pele e os olhos, para isto, faça o uso de máscara e luvas e certifique-se
de que a ventilação do ambiente é adequada. Pesar com cuidado, evitar a formação e
dispersão de poeira, não inalar o pó ou vapores de acrilamida.
REFERÊNCIAS
[1] Laemmli UK. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of bacteriophage T4.
Nature, 227: p.680-685, 1970.
[5] Shapiro AL; Vinuela E; Maizel IV. Molecular weight estimation of polypeptide chains by
electrophoresis in SDS-polyacrylamide gels. Biochem. Biophys. Res. Commun., 28: p.815-820, 1967.
[6] Reid MS and Bieleski RL. A simple apparatus for vertical flat-sheet polyacrylamide gel
electrophoresis. Anal. Biochem., 22: p.374-381, 1968.
[7] Studier, FW. Bacteriophage T7. Science 176 (4033): p.367-376, 1972.
[8] Nelson DL; Cox MM. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6 ed. Porto Alegre:Artmed, 2014.
[9] Maurer HR. Disc Electrophoresis and Related Techniques of Polyacrylamide Gel Electrophoresis De
Gruyter; 2nd REV. and Expand. 1971. Reprint ed. Edição, 1978.
[10] St Groth FS; Webster RG; Datyner A. Two new staining procedures for quantitative estimation of
proteins on electrophoretic strips. Biochim Biophys Acta., 71: p.377-391, 1963.
Links:
Animação da técnica de SDS-PAGE
https://www.youtube.com/watch?v=i_6y6Z5UvwE&ab_channel=BiologywithAnimations
RT-PCR
A Reverse transcription polymerase chain reaction (RT-PCR) é uma evolução
da técnica de PCR, sendo capaz de quantificar um RNA específico utilizando a enzima
transcriptase reversa para gerar DNA complementar (cDNA) a partir de um molde de
RNA. Após esse procedimento, ocorre a reação em cadeia da polimerase com intuito de
amplificar o cDNA presente, caso ele seja o equivalente ao primer utilizado.
A RT-PCR pode ser utilizada na análise de expressão gênica, visto que é possível
analisar o RNA responsável pela síntese proteica. Além disso, essa técnica é amplamente
utilizada para diagnosticar infecções, uma vez que ocorre a amplificação e detecção do
cDNA quando um vírus está presente na amostra. Na pandemia do novo coronavírus
(Covid-19), essa técnica foi considerada padrão ouro no diagnóstico, uma vez que a técnica
permite identificar a presença do vírus em amostras com baixas quantidades de carga
viral[7].
CRISPR-CAS9
O Nobel de Química de 2020 foi concedido à duas pesquisadoras pela técnica de
CRISPR, inspirada pela forma como as bactérias utilizam seu sistema imune primitivo.
Basicamente, com essa técnica é possível modificar genomas com precisão e eficiência
nunca antes alcançada[8, 9, 10].
Nas bactérias, o locus CRISPR é uma região no seu material genético que é
“misturada” com trechos de DNA de vírus que as infectaram no passado. Quando uma
espécie de vírus, que já teve seu material genético incorporado ao DNA da bactéria, invade
esse microrganismo, ela gera um RNA a partir desse trecho específico que se associa à
enzima Cas-9 e cliva o DNA viral, inativando-o[9].
A partir disso, como a ciência aplicou esse sistema na biologia molecular e engenharia
genética? É simples, na célula existe um núcleo formado por cromossomos com longas
cadeias de DNA. Com o auxílio da CRISPR, um trecho do material genético alvo é “cortado”
e um RNA formulado com a sequência alvo de interesse serve como transportador que
REFERÊNCIAS
[1] Jean Gayon. From Mendel to epigenetics: History of genetics, C R Biol, 016;339(7-8): p.225-230,
2016.
[3] Sanger F; Coulson AR. A rapid method for determining sequences in DNA by primed synthesis with
DNA polymerase. Journal of molecular biology, v. 94, n. 3: p.441-448, 1975.
[4] Heather JM; Chain B. The sequence of sequencers: The history of sequencing DNA. Genomics, v.
107, n. 1: p.1-8, 2016.
[5] Mardis ER. Next-Generation Sequencing Platforms. Annual review of analytical chemistry, v. 6:
p.287-303, 2013.
[6] Jain M. The Oxford Nanopore MinION: delivery of nanopore sequencing to the genomics community.
Genome biology, v. 17, n. 1: p.1-11, 2016.
[7] Freeman WM; Walker SJ; Vrana KE. Quantitative RT-PCR: pitfalls and potential. Biotechniques.
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[8] Zhang PH; Marraffini L; Barrangou R; Fauci A; Plummer F. Prêmio Nobel de Química 2020 a la
edición génica con tecnología CRISPR/Cas9. MEDICINA (Buenos Aires), v. 80, n. 6: p.738-740, 2020.
[9] Driehuis E; Clevers H. CRISPR/Cas 9 genome editing and its applications in organoids. American
Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology, v. 312, n. 3: p.257-265, 2017.
REFERÊNCIAS
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2004.
[2] National Research Council. How Students Learn: Science in the Classroom. Washington. p.264,
2005.
Sobre os autores 92
Sobre as organizadoras
DÉBORA DE OLIVEIRA LOPES - Cursou Ciências Biológicas (licenciatura) pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2001), onde também realizou Mestrado (2003), Doutorado (2007) e
Pós-doutorado (2008) na área de Bioquímica e Biologia molecular. Foi pesquisadora Sênior
da Capes (2018), onde realizou um projeto de pesquisa junto à Universidade de Surrey
(Inglaterra). Atualmente é professora Associada III da Universidade Federal de São João
del Rei (UFSJ), onde coordena o laboratório de pesquisa de Biologia Molecular CT-Infra II
(Finep) junto ao programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS-UFSJ). É vice
presidente da comissão interna de Biossegurança da UFSJ-CCO e tutora do grupo PET
Bioquímica (MEC). Atua nas áreas de biologia molecular, bioinformática e bioquímica.
Sobre as organizadoras 93