Dr.
Marcelo Conrado
FISIOLOGIA HORMONAL
APLICADA A HIPERTROFIA
E AO EMAGRECIMENTO
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Dr. Marcelo Conrado
FISIOLOGIA HORMONAL
APLICADA A
HIPERTROFIA E AO
3
EMAGRECIMENTO
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Sobre o autor
Marcelo Conrado de Freitas
é formado em Educação Física. Tem
especialização em Musculação e
Condicionamento Físico (FMU), possui
mestrado em Fisioterapia (UNESP) e
doutorado em Ciências da Motricidade
(UNESP). Possui mais de 30 artigos
publicados em revistas internacionais sobre suplementação
e treinamento. Coordenador pedagógico dos cursos de Pós-
Graduação da UNIGUAÇU.
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Sumário
CAPíTULO 1 - INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO.................................... 7
Dinâmica de funcionamento do sistema endócrino........................................................... 9
Tipos de sinalização.............................................................................................................................11
Estrutura química dos hormônios.............................................................................................. 14
Mecanismo de ação dos hormônios......................................................................................... 15
Controle da liberação de hormônios......................................................................................... 19
CAPíTULO 2 - INSULINA E GLUCAGON................................................................... 24
Como ocorre a secreção da insulina?..................................................................................... 26
Como a insulina estimula a captação de glicose do sangue para as células do
músculo e tecido adiposo?............................................................................................................28
Como a insulina estimula a síntese de glicogênio muscular e hepático?........... 30
Como a insulina diminui o catabolismo muscular?.......................................................... 30
A insulina estimula a síntese de proteínas musculares?..............................................34
Pico de insulina no pós-treino com carboidratos?.......................................................... 36
Por que insulina alta em dieta para a hipertrofia?...........................................................40
Como a insulina inibe a lipólise?................................................................................................... 41
Como a insulina estimula a formação de triglicerídeos?..............................................43
Dietas para o emagrecimento causam redução da gordura corporal por
diminuir a insulina?.............................................................................................................................46
Efeitos do glucagon sobre o controle da glicemia ..........................................................48
5
CAPíTULO 3 - ADRENALINA......................................................................................... 52
Como a adrenalina é produzida?................................................................................................ 53
Como a adrenalina estimula a lipólise?................................................................................... 53
Termogênicos, adrenalina e lipólise.......................................................................................... 56
Como a adrenalina estimula a glicogenólise?..................................................................... 57
Efeitos da adrenalina durante o exercício físico............................................................... 57
CAPíTULO 4 - GH e IGF-1.................................................................................................. 61
Como o GH é produzido?................................................................................................................ 62
GH e jejum................................................................................................................................................ 63
O jejum intermitente emagrece por estimular a produção de GH?....................... 65
O aumento de GH durante o jejum intermitente gera a hipertrofia?..................... 67
Por que o GH aumenta durante o exercício?...................................................................... 67
Que tipo de treino produz mais GH?........................................................................................ 69
Como o IGF-1 é produzido?............................................................................................................ 70
Balanço calórico, ingestão de proteínas e IGF-1................................................................ 71
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CAPíTULO 5 - CORTISOL................................................................................................ 75
Como o cortisol é produzido?...................................................................................................... 76
Como o cortisol aumenta o catabolismo muscular?...................................................... 77
Efeitos do cortisol no fígado e tecido adiposo................................................................... 79
Dietas de emagrecimento aumentam o cortisol?............................................................80
CAPíTULO 6 - TESTOSTERONA.................................................................................. 83
Como a testosterona é produzida?..........................................................................................84
Como a testosterona gera a hipertrofia?..............................................................................86
A musculação aumenta a testosterona?..............................................................................88
Dietas de emagrecimento podem reduzir a testosterona?........................................89
CAPíTULO 7 - TIREOIDE.................................................................................................. 92
Como os hormônios tireoidianos são produzidos?......................................................... 93
Como agem os hormônios tireoidianos?...............................................................................94
O emagrecimento diminui os hormônios tireoidianos?.................................................98
CAPíTULO 8 - HORMÔNIOS QUE CONTROLAM A FOME E A SACIEDADE.
................................................................................................................................................... 102
Controle hipotalâmico da fome e saciedade..................................................................... 103
6
Controle hormonal da fome........................................................................................................ 104
Controle hormonal da saciedade............................................................................................. 106
Como a leptina controla a apetite?......................................................................................... 108
Por que as proteínas geram mais saciedade?...................................................................110
Proteínas e saciedade: Aplicações práticas na hipertrofia e emagrecimento......
.......................................................................................................................................................................112
Por que a fome aumenta ao emagrecer?..............................................................................113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................117
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7
INTRODUÇÃO AO
SISTEMA ENDÓCRINO
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os tipos de sinalização (endócrino, parácrino e autócrino);
• A definição dos termos hormônio, célula-alvo e receptor;
• A compreensão das principais diferenças nos mecanismos
de ação dos hormônios peptídicos e esteroides, bem como dos
hormônios tireoidianos;
• As diferenças entre as ações hormonais exercidas por
receptores da membrana plasmática com aquelas mediadas por
receptores intracelulares;
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• Os mecanismos de controle da secreção hormonal por
retroalimentação;
• Os estímulos básicos para a secreção hormonal.
8
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Dinâmica de funcionamento do sistema
endócrino
O sistema endócrino é constituído por glândulas, hormônios e
receptores. Existem diversas glândulas espalhadas pelo organismo, a
figura 1, resume as principais glândulas endócrinas e seus respectivos
hormônios. Cada hormônio tem a sua função específica, claro,
iremos detalhar estas funções nos próximos tópicos, mas primeiro
é preciso entender que a função de um determinado hormônio só
acontece a partir do momento que o hormônio liga em seu receptor,
uma proteína que pode estar localizada na membrana plasmática ou
no citoplasma. Basicamente o sistema endócrino funciona assim: a
glândula produz o hormônio, esse hormônio pode ir para o sangue
e se ligar em seu receptor na célula de outro órgão (tecido adiposo,
músculo, fígado etc.), no qual a ligação do hormônio ao seu receptor
gera uma mudança na função da célula, ou seja, o hormônio vai
9
exercer a sua função (MOLINA, 2014).
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Figura 1. Principais glândulas endócrinas e seus respectivos
hormônios.
Legenda: Adtaptado de MOLINA (2014).
10
Vamos exemplificar para melhor compreensão da dinâmica
do sistema endócrino utilizando o hormônio insulina (mais detalhes
sobre insulina no capítulo 2). A insulina é um hormônio produzido pelo
pâncreas quando realizamos refeições (período pós-prandial), sendo
que o pâncreas é a glândula e a insulina é o hormônio. A insulina vai
para o sangue e pode atuar em outros órgãos como tecido adiposo,
músculo, fígado, cérebro e etc. Uma das funções da insulina é
promover a entrada de glicose nas células adiposas e musculares, ou
seja, a insulina estimula o transporte de glicose do meio extracelular
(sangue) para o meio intracelular (tecido adiposo e músculo). Mas
esse efeito só acontece a partir do momento que a insulina se liga ao
seu receptor que está localizado na membrana plasmática. Quando
a insulina liga no receptor ocorre uma mudança na função da célula
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que vai levar a entrada de glicose no meio intracelular. Percebam que
a função da insulina é transportar glicose para o meio intracelular,
sendo que isso só acontece quando a insulina (hormônio) liga no
receptor. Fizemos aqui um exemplo para melhor entendimento do
sistema endócrino, para que você entenda que a função da glândula
é produzir hormônios, esses hormônios são moléculas sinalizadoras,
no qual mudam a função da célula por se ligarem em seus receptores
(HALL, 2011). A figura 2 demonstra o mecanismo básico de
funcionamento do sistema endócrino.
Figura 2. Mecanismo básico de funcionamento do sistema
endócrino
11
Legenda: A glândula é um órgão que produz substâncias chamadas de hormônios, no qual vão para a
corrente sanguínea e ligam em seus receptores na célula alvo. A ligação do hormônio no seu receptor
gera uma mudança na função celular, ou seja, o hormônio promove a sua função específica naquela
célula.
Tipos de sinalização
Os hormônios podem agir em uma célula por três formas:
1) sinalização endócrina; 2) sinalização parácrina; e 3) sinalização
autócrina. Na sinalização endócrina a glândula produz o hormônio que
vai para a corrente sanguínea e gera a sua função em outros órgãos
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(MELMED, 2017). Basicamente neste tipo de sinalização o hormônio
é produzido em um local (glândula), mas por meio do transporte via
corrente sanguínea o hormônio age em outro local (célula alvo de
outro órgão). Já na sinalização parácrina e autócrina o hormônio
age no mesmo local que foi produzido. Na sinalização parácrina o
hormônio é produzido por uma célula da glândula e esse hormônio
liga no receptor da célula vizinha. Porém, na sinalização autócrina o
hormônio age na mesma célula que foi produzida. Percebam que na
sinalização endócrina o hormônio é transportado para o sangue, no
qual age em diversos tecidos, no entanto, na sinalização parácrina
e autócrina o hormônio age no mesmo local que foi produzido, não
chegando até a corrente sanguínea (MOLINA, 2014).
Vamos agora fazer um exemplo de sinalização endócrina
12
utilizando o hormônio do crescimento (GH). O GH é produzido pela
glândula chamada de hipófise anterior. Após a produção, o GH cai
na corrente sanguínea e pode agir em outros locais, como no tecido
adiposo, estimulando a quebra da gordura estocada nos adipócitos
(lipólise = quebra de triglicerídeos em ácidos graxos) e no músculo
aumenta a oxidação de gorduras nas mitocôndrias (HALL, 2011).
Notem que o GH foi produzido em uma glândula, mas foi para o
sangue e sua função foi exercida em outro órgão, exemplificando uma
sinalização endócrina. Claro que iremos detalhar o funcionamento
do GH nos próximos tópicos, mas o objetivo aqui é compreender
como funciona uma sinalização endócrina. A figura 3 representa um
exemplo de sinalização endócrina mediado pela ação do GH no tecido
adiposo.
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Figura 3. Exemplo de sinalização endócrina
Legenda: O hormônio do crescimento (GH) é produzido na glândula chamada de hipófise anterior. Após
a produção, o GH cai na corrente sanguínea e pode agir em outros órgãos como o tecido adiposo.
13
Quando o GH liga em seu receptor ocorre um aumento da lipólise, ou seja, quebra de triglicerídeos em
ácidos graxos e glicerol. Este é um exemplo de sinalização endócrina.
Agora vamos fazer um exemplo da sinalização autócrina e
parácrina. O hormônio chamado de Fator de Crescimento Semelhante
à Insulina (IGF-1) é produzido pelo fígado, no qual pode agir de maneira
sistêmica, ou seja, pode atuar em outros órgãos, caracterizando
uma sinalização endócrina. Mas o IGF-1 também pode ser produzido
pelo músculo esquelético, sendo que após a produção o IGF-1 atua
no mesmo local (músculo). A função do IGF-1 no músculo é estimular
a síntese de proteínas musculares e consequentemente tem um
papel importante sobre a massa muscular (MOLINA, 2014). Claro,
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iremos detalhar esse processo nos próximos tópicos, mas usamos
esse exemplo para entender melhor como funciona uma sinalização
parácrina e autôcrina.
Figura 4. Exemplo de sinalização autócrina e parácrina.
Legenda: O hormônio chamado de Fator de Crescimento Semelhante à Insulina (IGF-1) pode ser
produzido pelo músculo esquelético. Após a produção, o IGF-1 age na mesma célula que foi produzida
(sinalização autócrina) ou em células vizinhas (sinalização parácrina). O IGF-1 se liga em seu receptor e
estimula o aumento da síntese de proteínas musculares.
Estrutura química dos hormônios
14
Com base em sua estrutura química, os hormônios podem ser
classificados em proteínas (ou peptídeos), esteroides e derivados de
aminoácidos (aminas). Os hormônios proteicos são constituídos em
torno de 3 a 200 aminoácidos (maioria dos hormônios), sendo que os
receptores dos hormônios proteicos estão localizados na membrana
plasmática, ou seja, o hormônio proteico não entra da célula alvo,
mas somente se liga no receptor que está na superfície da célula.
Os hormônios esteroides derivam do colesterol e são sintetizados
no córtex da glândula suprarrenal, nas gônadas (testículo e ovário)
e na placenta. Os hormônios esteroides são lipossolúveis, circulam
no plasma ligado às proteínas e por ter em sua estrutura o colesterol
conseguem atravessar a membrana plasmática e se ligam em
receptores intracelulares localizados no citoplasma ou no núcleo.
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A testosterona, cortisol, aldosterona e estrogênio são exemplos
de hormônios esteroides. Os hormônios derivados de aminoácidos
são formados a partir do aminoácido tirosina, como por exemplo,
as catecolaminas, noradrenalina e adrenalina, além dos hormônios
tireoidianos. As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) não
entram na célula e ligam em receptores localizados na membrana
plasmática, porém os hormônios tireoidianos conseguem entrar na
célula e agir por receptores localizados no núcleo (SILVERTHORN,
2010).
Tabela 1. Classificação e localização do receptor de diversos
hormônios.
15
Mecanismo de ação dos hormônios
Conforme mencionado anteriormente, os hormônios
exercem seus efeitos fisiológicos, ou seja, mudam a função da
célula quando ligam em seus receptores nas células-alvo, sendo que
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hormônios proteicos ligam em receptores na membrana plasmáticas
e os esteroides, bem como os hormônios tireoidianos conseguem
atravessar a membrana plasmática e ligam em receptores
intracelulares, localizados no citoplasma ou no núcleo (MELMED,
2017).
Agora nós iremos compreender como que esses hormônios
mudam a função da célula a partir do momento em que eles se ligam
em seus receptores, sendo que a maneira de agir é diferente entre
hormônios proteicos e esteroides.
Os hormônios proteicos quando ligam nos seus receptores
na célula alvo gera uma ativação de diversas proteínas no meio
intracelular (também chamadas de segundos mensageiros), no qual
essas proteínas são as responsáveis em promover a mudança na
16
função da célula.
O hormônio proteico é uma molécula sinalizadora que ao se
ligar no receptor na membrana plasmática ativa uma sequência de
proteínas responsáveis em fazer a função específica do hormônio. Os
nomes das proteínas intracelulares serão abordados nos próximos
capítulos, pois nesse momento o mais importante é compreender
que o hormônio proteico age por receptor localizado na membrana
plasmática, no qual a sua função é exercida devido a essa ligação
hormônio-receptor ativar proteínas dentro da célula. É dessa maneira
que age hormônio como insulina, glucagon, GH, IGF-1, catecolaminas
(adrenalina e noradrenalina) entre outros (COSTANZO, 2007). A
figura 5 demonstra o mecanismo de ação do hormônio proteica em
uma célula alvo.
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Figura 5. Mecanismo de ação de hormônios proteicos e
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina).
Legenda: Os hormônios proteicos e as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) ligam em seus
receptores localizados na membrana plasmática. Essa ligação gera uma ativação intracelular de
diversas proteínas que irão exercer a função específica do hormônio.
Os hormônios esteroides agem de maneira diferente em
17
relação aos hormônios proteicos e catecolaminas. Como mencionado
anteriormente, os esteroides possuem em sua estrutura o colesterol,
tornando possível a entrada do hormônio dentro da célula. Em outras
palavras, o hormônio esteroide atravessa a bicamada lipídica da
membrana celular e se liga em receptores localizados no citoplasma
ou no núcleo celular. Quando o hormônio esteroide se liga no
receptor citoplasmático ou nuclear forma-se um complexo chamado
de hormônio-receptor, no qual ambos são direcionados para a fita
de DNA (núcleo). O complexo hormônio-receptor se liga na fita de
DNA e estimula a formação de genes ou RNA mensageiro, processo
chamado de transcrição. Após isso, o RNA mensageiro vai para a
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organela ribossomo, que juntamente com a chegada de aminoácidos
formam-se proteínas, processo chamado de tradução. A função dos
ribossomos é converter o RNA mensageiro em proteínas, sendo que
essas proteínas formadas por estímulo do hormônio esteroide mudam
a função da célula (função específica do hormônio). Basicamente a
função do hormônio esteroide é estimular o processo de transcrição e
tradução para criar proteínas que irão fazer a função que o hormônio
exerce naquela célula. É desta maneira que agem os hormônios
testosterona, cortisol, entre outros, havendo mais detalhes nos
próximos tópicos (Molina, 2014). A figura 6 demonstra o mecanismo
de ação dos hormônios esteroides.
Figura 6. Mecanismo de ação de hormônios esteroides
18
Legenda: Os hormônios esteroides atravessam a membrana plasmática e se ligam em receptores
intracelulares, localizados no citoplasma ou no núcleo. Ao entrar na célula forma-se o complexo
hormônio-receptor, no qual ambos são direcionados para o núcleo celular. O complexo hormônio-
receptor liga na fita de DNA e aumenta a transcrição de RNA mensageiro que posteriormente será
traduzido em proteínas nos ribossomos (tradução). Basicamente o hormônio esteroide estimula
formação de proteínas que irão exercer a sua função específica na célula alvo.
Percebam que hormônios proteicos e catecolaminas agem
de maneira diferente aos hormônios esteroides, sendo que os
hormônios tireoidianos apensar de serem derivados do aminoácido
tirosina também consegue atravessar a membrana plasmática e se
ligam em seus receptores localizados no núcleo, estimulando também
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processo de transcrição e tradução (COSTANZO, 2007).
Controle da liberação de hormônios
Os níveis plasmáticos dos hormônios oscilam durante
o dia, exibindo picos e reduções específicos de cada hormônio.
Essa variação na liberação hormonal é determinada por alguns
mecanismos de controle, os quais incluem fatores hormonais, neurais,
nutricionais e ambientais que influenciam a produção basal e máxima
dos hormônios.
Vamos compreender aqui alguns exemplos de como os
neurônios podem impactar na liberação de hormônios. O sistema
nervoso autônomo são os neurônios que controlam diversas funções
do organismo de maneira involuntária, sendo dividido em simpático
e parassimpático. O pâncreas e a suprarrenal são exemplos de
glândulas que recebem inervação do sistema nervoso autônomo, no
qual algumas condições do dia a dia podem estimular os neurônios
19
simpáticos ou parassimpáticos e promover a secreção hormonal
nessas glândulas. Por exemplo, durante uma condição de exercício
físico aumenta a atividade do sistema nervoso autônomo simpático,
e isso estimula a glândula suprarrenal a liberar mais adrenalina, um
hormônio que atua estimulando a lipólise no tecido adiposo (quebra
de triglicerídeos em três ácidos graxos e um glicerol), a quebra
do glicogênio no músculo e fígado, e ainda aumenta a frequência
cardíaca. Percebam que o sistema simpático aumenta a produção
de adrenalina, sendo que esse hormônio atua com o objetivo de
fornecer substratos energéticos (glicose, ácidos graxos e glicerol)
para os músculos em contração durante o exercício, bem como maior
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bombeamento de sangue pelo coração para que tenha mais oxigênio
para os músculos que estão trabalhando no exercício (HALL, 2011).
Com relação ao pâncreas, a liberação de insulina pode ser
influenciada por neurônios parassimpáticos e também pelo aumento
de substratos energéticos no sangue (após a refeição). Quando uma
pessoa se alimenta ocorre aumento na atividade do sistema nervoso
autônomo parassimpático, no qual estimula o pâncreas a liberar
insulina. Associado a isso, após a refeição aumenta os substratos
energéticos no sangue (glicose, ácidos graxos e aminoácidos)
que também são fatores que estimulam a produção da insulina.
Percebam que o pâncreas produz a insulina por estímulo neural
(parassimpático) e por aumento na concentração plasmática de
substratos energéticos. Claro, iremos detalhar mais esses processos
20
nos próximos tópicos, mas o objetivo aqui é compreender que os
neurônios e a quantidade de glicose, ácidos graxos e aminoácidos no
sangue podem influenciar a secreção hormonal.
A figura 7 demonstra exemplos de secreção hormonal
mediada por fatores neurais.
Legenda: Exemplo de controla na secreção hormonal por fatores neurais. O sistema nervoso autônomo
simpático estimula a glândula suprarrenal produzir o hormônio adrenalina. Porém, o sistema nervoso
parassimpático estimula o pâncreas a liberar insulina. Lembrando que a insulina é produzida também
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por fatores nutricionais, sendo que o aumento da glicemia aumenta a secreção da insulina.
Os hormônios também podem impactar na liberação ou
na inibição de outros hormônios, chamamos isso de eixo hormonal.
Quando um hormônio estimula a produção de outro hormônio houve
uma retroalimentação positiva, porém quando um hormônio inibe a
produção de outro hormônio ocorreu uma retroalimentação negativa.
O hipotálamo produz diversos hormônios que aumentam a produção
de outros hormônios na hipófise, sendo que os hormônios da hipófise
podem estimular outros hormônios em glândulas periféricas, como
na suprarrenal, na tireoide, no testículo e no ovário. Essa comunição
entre os hormônios do hipotálamo, da hipófise e das glândulas
periféricas são chamadas eixos hormonais (SILVERTHORN, 2010).
Vamos fazer um exemplo aqui sobre eixo hormonal para a
produção do cortisol. Em uma condição de exercício ou estresse o
hipotálamo secreta o Hormônio Liberador de Corticotrofina (CRH),
21
sendo que esse hormônio vai até a hipófise anterior e estimula o
hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH) que em seguida estimula
na suprarrenal a liberação do cortisol. Percebam que um hormônio
foi estimulando a produção de outro hormônio, caracterizando a
retroalimentação positiva.
Quando a concentração do cortisol aumenta no sangue, esse
hormônio atua inibindo a secreção de CRH no hipotálamo e de ACTH
na hipófise anterior, caracterizando uma retroalimentação negativa.
Lembrando que esse efeito de inibição (retroalimentação negativa) é
muito importante para evitar uma hipersecreção hormonal. Outros
eixos hormonais também trabalham por retroalimentação positiva e
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negativa, no qual será detalhado nos próximos tópicos.
Figura 8. Controle na secreção hormonal por
retroalimentação
Legenda: Exemplo de retroalimentação positiva e negativa. A glândula 1 produz o hormônio A que atua
por retroalimentação positiva sobre a glândula 2, estimulando a liberação do hormônio B. No entanto, o
hormônio B atua por retroalimentação negativa na glândula 1, inibindo a produção do hormônio A, efeito
importante para evitar uma hipersecreção hormonal.
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como os hormônios proteicos agem nas células alvo.
2) Explique como os hormônios esteroides agem nas células alvo.
3) Explique a diferença entra a sinalização endócrina, parácrina e
autócrina.
4) Explique a retroalimentação positiva e negativa e cite um exemplo
para cada.
5) Cite um exemplo de como os neurônios e os substratos
energéticos podem impactar na produção hormonal.
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2
CAPÍTULO
24
INSULINA E GLUCAGON
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• O mecanismo que o aumento da glicemia estimula a produção de
insulina no pâncreas;
• O mecanismo que a insulina estimula o transporte de glicose para
o interior da célula muscular e adiposa;
• O mecanismo que a insulina estimula a síntese de glicogênio;
• A influência da insulina sobre a síntese e degradação de proteínas
musculares;
• Os mecanismos que a insulina age na hipertrofia muscular;
• O impacto do pico de insulina no pós-treino sobre hipertrofia e
glicogênese.
• O mecanismo que a insulina bloqueia a lipólise e estimula a
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lipogênese.
• O efeito das dietas para o emagrecimento sobre a insulina e perda
de gordura corporal.
• O estímulo básico para a produção do glucagon no pâncreas;
•
O mecanismo que o glucagon estimula a glicogenólise e
gliconeogênese no fígado;
• O mecanismo que o glucagon evita uma hipoglicemia durante
período de jejum
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Como ocorre a secreção da insulina?
A insulina é produzida pelas células beta do pâncreas, sendo
que o aumento da glicose no sangue é o principal estímulo para
promover a secreção da insulina, condição que acontece no período
pós-prandial. Vamos entender agora os mecanismos fisiológicos
que explicam como o aumento da glicemia estimula a secreção da
insulina no pâncreas. Ao aumentar a glicemia, uma parte da glicose
entra no interior das células beta do pâncreas. Quando a glicose
entra na célula beta ocorre um aumento da formação de ATP pela
glicólise. Com o aumento de ATP ocorre fechamento de canais de
potássio (K+) localizado na membrana plasmática da célula beta. Isso
faz com que o K+ não saia da célula, gerando um acúmulo de K+ no
meio intracelular. O acúmulo de K+ promove uma despolarização
26
da célula beta (alteração na voltagem de negativo para positivo),
sendo que a despolarização causa a abertura de canais de cálcio
que é dependente dessa alteração na voltagem. A entrada de cálcio
no interior da célula beta estimula a translocação de vesículas que
contém Insulina até a membrana celular, sendo que ao chegar à
membrana plasmática a vesícula libera a Insulina para a corrente
sanguínea (MOLINA, 2014). A figura 9 demonstra o mecanismo que
o aumento da glicemia estimula a liberação de Insulina no pâncreas.
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Figura 9. Mecanismo que o aumento da glicemia estimula a
liberação de Insulina nas células beta.
Legenda: Quando a glicose entra na célula beta pelo GLUT2 ocorre um aumento da formação de ATP
pela glicólise. Com o aumento de ATP ocorre fechamento de canais de potássio (K+) localizado na
membrana plasmática da célula beta. Isso faz com que o K+ não saia da célula, gerando um acúmulo
de K+ no meio intracelular. O acúmulo de K+ promove uma despolarização da célula beta (alteração
na voltagem de negativo para positivo), sendo que a despolarização causa a abertura de canais de
cálcio que é dependente dessa alteração na voltagem. A entrada de cálcio no interior da célula beta
estimula a translocação de vesículas que contém Insulina até a membrana celular, sendo que ao chegar
27
à membrana plasmática a vesícula libera a Insulina para a corrente sanguínea.
É importante destacar que a ingestão de proteínas também
aumenta a secreção da insulina no pâncreas, principalmente o Whey-
Protein. Após ingestão de proteínas ocorre aumento de três fatores
que podem estimular a secreção de Insulina tais como: 1) aminoácidos;
2) o hormônio chamado de peptídeo semelhante a glucagon 1 (GLP-
1) e 3) o peptídeo inibidor gástrico (GIP). De maneira sinérgica os
aminoácidos, GLP-1 e GIP atuam na célula beta estimulando a
secreção da Insulina (SALEHI et al, 2012).
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Como a insulina estimula a captação de
glicose do sangue para as células do músculo e
tecido adiposo?
Após as refeições que contém carboidratos a glicose no
sangue aumenta, sendo que parte dessa glicose precisa entrar no
músculo e tecido adiposo para a geração de energia e formação
de glicogênio (músculo). O transporte de glicose para as células
musculares e adiposas é dependente da ação da Insulina e a glicose
só entra no meio intracelular quando o Transportador de Glicose
Tipo 4 (GLUT4) está localizado na membrana celular. A questão é que
o GLUT4 está no citoplasma da célula e nessa condição a glicose
não consegue atravessar a membrana celular. Por isso, a Insulina
estimula a captação de glicose para o músculo e tecido adiposo
28
justamente devido ao fato desse hormônio causar uma translocação
do GLUT4 do citoplasma para a membrana plasmática. Com o GLUT4
na membrana a glicose consegue entrar no interior das células
(ZORZANO et al, 2005).
Agora vamos compreender o mecanismo que a insulina
estimula a entrada de glicose dentro das células musculares e
adiposas. A Insulina se liga ao seu receptor específico localizado na
membrana celular, uma proteína que contém duas subunidades alfa
e duas subunidades beta (IR). Após a ligação extracelular da Insulina
ao seu receptor na região alfa, ocorre a fosforilação (ativação)
intracelular da região beta e com isso há ativação do substrato
do receptor de Insulina (IRS-1). Em seguida ocorre a ativação da
proteína fosfatidilinositol 3-quinase (PI3q) que ativa a fosfatidilinositol
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4,5-bifosfato (PIP2) e fosfatidilinositol 3,4,5-trifosfato (PIP3) na
membrana plasmática. Essas proteínas de membrana levam a
ativação da proteína AKT, também chamada de proteína-quinase
B. A proteína AKT tem como função translocar o GLUT-4 para a
membrana da célula muscular e célula adiposa (DUCLUZEAU et al.
2012). Com o GLUT-4 na membrana plasmática a glicose que está no
sangue consegue entrar no meio intracelular. A glicose ao entrar na
célula muscular terá dois destinos: 1) formação de ATP pela glicólise
e metabolismo aeróbio e 2) Formação de glicogênio muscular. Já
no tecido adiposo a glicose é usada para fazer ATP e em casos de
excesso e superávit calórico (ingestão calórica maior que o gasto)
a glicose poderá ser convertida em ácidos graxos através de um
processo denominado lipogênese de novo.
Figura 10. Mecanismo que a Insulina estimula o transporte
de glicose do sangue para o meio intracelular do músculo.
29
Legenda: A Insulina ao se ligar em seu receptor de membrana (IR) promove ativação do substrato do
receptor de insulina, o IRS-1. Em seguida ocorre ativação da proteína PI3quinase que ativa na membrana
celular as proteínas PIP2 e PIP3 e depois ocorre a ativação da proteína AKT. A proteína AKT causa a
translocação do GLUT4 do citoplasma para a membrana plasmática. Com o GLUT4 na membrana a
glicose consegue entrar na célula muscular. Ao entrar na célula muscular, a glicose pode ser usada para
fazer ATP e glicogênio.
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Como a insulina estimula a síntese de
glicogênio muscular e hepático?
Após a refeição que contém carboidratos ocorre um
aumento na formação de glicogênio no músculo e no fígado, processo
denominado glicogênese. Basicamente quando realizamos refeições
armazenamos glicose na forma de glicogênio com o objetivo de
fornecer glicose ao músculo e glicose ao sangue (glicogênio hepático)
no momento que não há alimentação (jejum).
Agora vamos entender como a insulina estimula a formação
do glicogênio muscular após a refeição de carboidratos. Além de
transportar glicose para o interior da célula muscular e hepática, a
Insulina também ativa uma enzima chamada de glicogênio sintase.
Quando a Insulina se liga no seu receptor na membrana plasmática
30
ocorre a ativação da glicogênio sintase no meio intracelular, no qual
converte a glicose que entrou no célula em glicogênio (JENSEN et al.
2012).
Como a insulina diminui o catabolismo
muscular?
A degradação de proteínas ou catabolismo muscular é
caracterizada pela quebra de proteínas musculares (miofibrilares
e sarcoplasmáticas) em aminoácidos. A organela responsável por
esse processo chama-se proteassoma (BODINE e BAEHR, 2014). É
importante destacar que o catabolismo das proteínas musculares
tem como finalidade fornecer aminoácidos para o organismo durante
períodos em que a glicemia e os níveis de aminoácidos estão baixos
no sangue (jejum e durante o exercício) (CARBONE et al. 2013). Por
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exemplo, o aminoácido alanina proveniente do catabolismo muscular
pode ser usado no fígado para gerar glicose, mantendo a glicemia
estável durante o jejum prolongado.
A atividade do proteassoma é controlada por proteínas
intracelulares. A principal proteína que regula a atividade do
proteassoma é chamada de FOXO (forkhead box O). Essa proteína é
um fator de transcrição, ou seja, é uma proteína que está localizada
no citoplasma da célula, entretanto, após ser ativada, é direcionada
para o núcleo e quando se liga na fita de DNA promove a formação
de enzimas. Basicamente, quando a proteína FOXO for ativada e
translocada para o DNA celular produz as enzimas chamadas de
MURF e ATROGINA-1. Essas enzimas aumentam a atividade do
proteassoma e com isso a degradação das proteínas musculares em
aminoácidos se eleva (BODINE e BAEHR, 2014).
Agora vamos compreender como a insulina que é produzida
31
após as refeições atua para reduzir o catabolismo muscular. A
insulina reduz a degradação de proteínas no músculo devido ao efeito
supressor sobre o proteassoma, ou seja, quando a insulina está alta
no sangue (pós-prandial) a atividade do proteassoma diminui e como
consequência o catabolismo muscular é reduzido (GLASS, 2003).
Durante o período de jejum a concentração de Insulina no sangue
diminui, e isso pode aumentar um pouco a atividade do proteassoma
e o catabolismo muscular. Lembrando que o catabolismo um pouco
mais elevado durante o jejum não tem impacto para reduzir a massa
muscular, sendo que o contexto geral da dieta e treino que mais
interfere se uma pessoa irá ganhar ou perder massa muscular.
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Vamos agora compreender como a Insulina pode bloquear
o catabolismo muscular. Os mecanismos bioquímicos que explicam
a redução da degradação de proteínas pela Insulina são atribuídos
ao fato deste hormônio se ligar em seu receptor na membrana da
célula muscular e ativar no meio intracelular diversas proteínas que
tem como finalidade reduzir a atividade do proteassoma.
Conforme demonstrado na figura 11, primeiramente a
insulina se liga ao seu receptor específico localizado na membrana
celular, uma proteína que contém duas subunidades alfa e duas
subunidades beta (IR). Após a ligação extracelular da Insulina ao seu
receptor na região alfa, ocorre a fosforilação (ativação) intracelular
da região beta e com isso há ativação do substrato do receptor de
Insulina (IRS-1). Em seguida ocorre a ativação da proteína PI3quinase
32
que ativa as proteínas PIP2 e PIP3 na membrana plasmática. Essas
proteínas de membrana levam a ativação da proteína AKT, também
chamada de proteína-quinase B. A função da AKT é inibir o fator de
transcrição chamado de FOXO, basicamente é a AKT que inibe o
catabolismo muscular. Lembrando que um fator de transcrição é uma
proteína que está localizada no citoplasma da célula, e que após ser
ativado, é direcionado para o núcleo da célula (DNA) para promover a
transcrição de genes (RNA mensageiro) e que posteriormente estes
genes podem ser traduzidos em proteínas.
Durante o jejum, a concentração de insulina no sangue é
baixa e o fator de transcrição FOXO se encontra no núcleo celular
(DNA), e produz as enzimas MURF e ATROGINA-1, sendo estas
enzimas responsáveis em aumentar a atividade do proteassoma e,
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consequentemente, a degradação muscular (catabolismo).
A função da insulina é inibir o fator de transcrição FOXO,
sendo que isso acontece devido à Insulina ativar a proteína AKT
no meio intracelular que leva a translocação de FOXO do núcleo da
célula (DNA) para o citoplasma. Isto significa que a Insulina diminui
a degradação de proteínas por retirar FOXO do núcleo celular,
reduzindo a expressão das enzimas MURF e ATROGINA-1 (SANCHEZ
et al. 2014). A figura 11 demonstra os eventos bioquímicos que a Insulina
promove na redução da degradação de proteínas musculares em
aminoácidos.
Figura 11: Mecanismo que a Insulina gera o efeito anti-
catabólico.
33
Legenda: A Insulina ao se ligar em seu receptor de membrana (IR) promove ativação do substrato do
receptor de insulina, o IRS-1. Em seguida ocorre ativação da proteína PI3quinase que ativa na membrana
celular as proteínas PIP2 e PIP3 e depois ocorre a ativação da proteína AKT. Com AKT ativada o fator
de transcrição denominado FOXO é translocado do DNA (núcleo celular) para o citoplasma celular,
reduzindo a expressão das enzimas MURF e ATROGINA-1. Com estas enzimas inibidas ocorre uma
diminuição na atividade do proteassoma e, como consequência, redução na degradação de proteínas
musculares em aminoácidos.
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A insulina estimula a síntese de proteínas
musculares?
A síntese de proteínas no músculo esquelético acontece
nos ribossomos, uma organela que está localizada no citoplasma e
também podem estar aderidos ao retículo endoplasmático rugoso.
O ribossomo é constituído por duas subunidades, uma denominada
subunidade maior (60S) e a outra subunidade menor (40S). O ribossomo
é uma máquina macromolecular responsável em produzir proteínas
musculares, como a Actina e Miosina e proteínas sarcoplasmáticas
(WEN et al., 2016). A atividade do ribossomo determina se a síntese de
proteínas está elevada ou reduzida, ou seja, em determinado período
do dia os ribossomos podem estar produzindo muitas proteínas
musculares ou não.
34
A mTOR (mammalian target of rapamycin) é uma proteína
que está dentro da célula muscular e controla a atividade dos
ribossomos. Isso significa que, quando a mTOR for ativada, os
ribossomos irão sintetizar muitas proteínas musculares (aumento na
síntese de proteínas), porém, quando a atividade da mTOR está baixa,
os ribossomos produzem poucas proteínas (redução na síntese
de proteínas) (NADER et al., 2005). Alguns estudos demonstraram
a importância da proteína mTOR para o crescimento muscular. A
inibição desta proteína por um fármaco denominado rapamicina gerou
atrofia muscular, entretanto muitas linhas de evidência indicam que
a hiperativação da mTOR favorece o crescimento muscular (YOON,
2017). Portanto, estimular a mTOR tornou-se um alvo para promover
o processo de hipertrofia muscular, pois essa proteína estimula
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os ribossomos, as organelas responsáveis em criar as proteínas
musculares.
Estudos têm demonstrado que existe uma diferença na
ação da insulina quando se consome carboidratos e proteínas.
É importante destacar que as proteínas também estimulam a
produção de insulina, principalmente o whey-protein. Um estudo
de metanálise (ABDULLA et al., 2016) investigou o efeito da insulina
sobre a síntese e degradação de proteínas musculares em humanos.
Os resultados demonstraram que a insulina só aumenta a síntese de
proteínas na presença elevada de aminoácidos no sangue, ou seja,
após a ingestão de proteínas. Entretanto, a insulina foi eficiente em
reduzir a degradação de proteínas independente da disponibilidade
de aminoácidos no sangue, sendo que esta condição é similar após a
ingestão de uma refeição rica em carboidratos e pobre em proteínas,
no qual ocorre aumento de insulina sem elevar a concentração de
35
aminoácidos.
O estudo conduzido por Figueiredo e colaboradores (2019)
investigou o impacto que a ingestão apenas de carboidratos no pós-
treino (3g/kg) gera sobre proteínas envolvidas na síntese proteica
muscular em indivíduos treinados. Após a ingestão de carboidratos
foi observado uma alta produção de insulina, porém sem efeitos
adicionais sobre a ativação intramuscular da mTOR, sugerindo que
o pico de insulina com apenas carboidratos não ativa a via da mTOR.
Os resultados da meta-análise de Abdulla et al. (2016) e do
estudo de Figueiredo et al. (2019) revela que a insulina produzida sem
presença de aminoácidos, ou seja, após ingestão de carboidratos
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não tem efeito sobre a síntese proteica muscular, porém a insulina
produzida na presença elevada de aminoácidos (ingestão de
proteínas) parece sim promover estímulo anabólico.
Pico de insulina no pós-treino com
carboidratos?
Muitos acreditam que os carboidratos podem estimular
diretamente o anabolismo muscular (síntese de proteínas) devido ao
grande aumento na produção do hormônio Insulina. Uma prática muito
comum é ingerir uma dose elevada de carboidratos no pós-treino para
elevar a Insulina com o objetivo de aumentar o anabolismo muscular.
Entretanto, a ciência não confirma esta hipótese. Após a ingestão de
carboidratos ocorre sim o aumento da Insulina, sendo dependente
36
da dose e do tipo de carboidrato ingerido (simples e complexo). No
entanto, o aumento da Insulina após a ingestão de carboidratos não
favorece o aumento da síntese de proteínas no músculo. Um estudo
de metanálise (ABDULLA et al., 2016) investigou o efeito da Insulina
sobre a síntese e degradação de proteínas musculares em humanos.
Os resultados demonstraram que a Insulina só aumenta a síntese de
proteínas na presença elevada de aminoácidos no sangue, ou seja,
após a ingestão de proteínas. Entretanto, a Insulina foi eficiente em
reduzir a degradação de proteínas independente da disponibilidade
de aminoácidos no sangue, sendo que esta condição é similar após a
ingestão de uma refeição rica em carboidratos e pobre em proteínas,
no qual ocorre aumento de Insulina sem elevar a concentração de
aminoácidos. Estes resultados indicam que uma das funções dos
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carboidratos sobre a hipertrofia muscular é de aumentar a produção
de Insulina e com isso reduzir o catabolismo muscular (degradação
de proteínas). Por isso, nós iremos entender que uma das funções
dos carboidratos na dieta é gerar um efeito poupador no músculo
esquelético, ou seja, diminuir a degradação de proteínas, fazendo a
glicose ser usada como prioridade para fazer energia.
Corroborando com estes resultados, alguns estudos
demonstraram que a ingestão de carboidratos combinado com
proteínas no pós-treino não potencializa a síntese de proteínas
musculares em comparação à ingestão somente de proteínas. O
estudo de Koopman e colaboradores (2007) investigou a influência da
combinação de carboidratos e proteína no pós-treino sobre a taxa de
síntese de proteínas contráteis em homens. Os participantes foram
submetidos em três condições: 1) ingestão de 0.3g/kg de proteínas;
2) ingestão de 0.3g/kg de proteínas mais 0.15g/kg de carboidratos e;
37
3) ingestão de 0.3g/kg de proteínas mais 0.6g/kg de carboidratos,
sendo que a ingestão alimentar foi realizada 60 minutos após a
sessão de treinamento resistido. Os resultados demonstraram
que o aumento da síntese de proteínas musculares foi semelhante
entre as três condições, indicando que o consumo de carboidratos
combinado com proteínas não foi superior para elevar a taxa de
síntese de proteínas comparada à ingestão isolada de proteínas. Estes
resultados não indicam que a ingestão de carboidratos no pós-treino
é desnecessário, mas nos mostra que a função dos carboidratos não
é de elevar de maneira aguda a síntese de proteínas musculares,
pois são as proteínas que fazem esse efeito, ou seja, whey-protein,
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carnes, leite, iogurte etc.
Ingerir carboidratos no pós-treino não é uma regra para
pessoas que treinam uma vez ao dia, indicando que pode ser opcional
ter ou não o carboidrato no pós-treino, pois o mais importante para a
hipertrofia muscular é a dose de carboidratos ingeridos durante o dia.
Porém, em pessoas que treinam duas vezes ao dia é extremamente
importante consumir carboidratos no pós-treino.
A função primária dos carboidratos no pós-treino é gerar a
reposição do glicogênio muscular. O aumento da glicemia aumenta a
produção da Insulina que em seguida estimula a captação de glicose
para o meio intramuscular. Uma parte da glicose que entra na célula
muscular é direcionada para a formação de glicogênio por meio
da enzima glicogênio sintase, sendo esta enzima ativada quando a
38
Insulina se liga em seu receptor na membrana da célula muscular. Em
casos que a reposição do glicogênio é prioridade algumas estratégias
podem ser adotadas: ingestão de carboidratos (0.8 g / kg / h) com
preferência por fontes de carboidratos com índice glicêmico alto (>
70) combinado com proteínas (0.2-0.4g/kg /h) e adição de cafeína
(3-8 mg / kg) no pós-treino. Estas estratégias são muito utilizadas
em atletas que realizam duas sessões de treino no mesmo dia e
necessitam de uma reposição mais acelerada do glicogênio muscular
(KERKSICK et al. 2017).
Outra estratégia muito comum é usar a refeição pós-treino
para consumir alimentos palatáveis com uma alta carga glicêmica
(doces), no qual pode ser interessante para pessoas treinadas.
Existem alguns pontos positivos dessa estratégia que merecem
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ser destacados, como o efeito recompensa e a aderência à dieta.
Por exemplo, sabendo que após o treino terá um tipo de refeição
muito saborosa a chance do indivíduo se dedicar ao máximo no
treino é maior (efeito recompensa). Essa estratégia também pode
acelerar a reposição do glicogênio muscular, pois neste momento a
sensibilidade à insulina é maior e a atividade da enzima glicogênio
sintase é alta (enzima responsável pela síntese de glicogênio), sendo
que boa parte da glicose que está no sangue será direcionada para
formar o glicogênio no músculo (WOJTASZEWSKI et al. 2000).
Algumas pessoas acham que essa estratégia pode gerar ganho
de gordura corporal, porém quando o glicogênio está baixo e a
sensibilidade à insulina é alta (condição no pós-treino), boa parte
da glicemia é direcionada para formar glicogênio no músculo e não
para a lipogênese (conversão de glicose em ácidos graxos no tecido
adiposo).
39
Já relacionado ao efeito dos carboidratos no pós-treino
sobre a degradação de proteínas (catabolismo) os estudos ainda são
um pouco inconclusivos. Alguns estudos demonstraram que após
o treinamento resistido a expressão de proteínas responsáveis em
ativar o catabolismo no proteassoma como o fator de transcrição
FOXO e as enzimas MURF e ATROGINA-1 se mantém elevada (LOUIS,
2007). Isto significa que ao terminar o treino a degradação de
proteínas está ainda um pouco maior e a hipótese é que a ingestão
de carboidratos neste momento seria uma opção para reduzir
rapidamente o catabolismo muscular.
Os estudos que examinam o papel da ingestão de
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carboidratos no pós-treino variam, mas indicam que a ingestão de
carboidratos em uma dose baixa (menor de 40 g) não foi suficiente
para reduzir o catabolismo de proteínas contráteis (KOOPMAN et al.,
2007; RASMUSSEN et al., 2000). Por outro lado, uma dose elevada de
carboidratos no pós-treino (100g) gerou redução da degradação de
proteínas contráteis após o treino (BØRSHEIM et al., 2004), indicando
que possivelmente é necessário uma dose elevada de carboidratos
no pós-treino para suprimir o catabolismo muscular nas primeiras
horas após a sessão. Uma estratégia muito utilizada em indivíduos
bem treinados ou atletas na fase de hipertrofia é direcionar uma
das maiores doses de carboidratos do dia no pós-treino, utilizando
alimentos com carga glicêmica elevada (doces, suco de uva integral,
suco de laranja, etc.).
40
Por que insulina alta em dieta para a
hipertrofia?
Uma dieta rica em carboidratos é essencial para maximizar a
hipertrofia muscular. Claro que é possível ganhar massa muscular com
uma dieta sem restrição de carboidratos (principalmente iniciantes),
mas pensando em efeito máximo na hipertrofia é essencial ter uma
maior ingestão de carboidratos. Os possíveis mecanismos que
explicam este efeito estão associados à influência dos carboidratos
sobre a produção de insulina que de maneira crônica diminui o
catabolismo muscular, gerando o efeito poupador sobre as proteínas
musculares. Se há disponibilidade de glicose e insulina no sangue
menos precisa da gliconeogênese, ou seja, não há necessidade de
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quebrar proteínas musculares para fornecer a alanina, já que tem
bastante glicose no sangue. Por isso, uma dieta rica em carboidratos
reduz a gliconeogênese no fígado. Além disso, a dieta rica em
carboidratos que promove uma alta produção de insulina aumenta o
estoque de glicogênio muscular, e isso consequentemente melhora o
desempenho no treino.
Um estudo demonstrou que os atletas de fisiculturismo
que consumiram mais calorias na dieta (67,5 kcal/kg/dia) ganharam
mais massa muscular e gordura corporal comparado aos atletas
que consumiram menos calorias na dieta (50,1 kcal/kg/dia). O mais
interessante deste estudo foi que o grupo que consumiu mais calorias
se deu pelo fato de ingerir mais carboidratos (12.9g/kg/dia), sendo
que no outro grupo a ingestão de carboidratos foi menor (8g/kg/dia).
Este estudo demonstra a importância do superávit calórico e dos
carboidratos para gerar a hipertrofia muscular no máximo (RIBEIRO
41
et al., 2019).
Como a insulina inibe a lipólise?
As células do tecido adiposo são chamadas de adipócitos,
sendo que no interior dos adipócitos existe o armazenamento de
triglicerídeos, uma molécula constituída por três ácidos graxos e
um glicerol. O termo lipólise significa quebra de gorduras, ou seja,
é basicamente a quebra de triglicerídeos em três ácidos graxos e
um glicerol. Os hormônios adrenalina, GH, cortisol e glucagon ativam
a enzima Lipase Hormônio Sensível (LHS) que atua aumentando a
lipólise, porém esse conteúdo será abordado nos próximos tópicos.
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Já a insulina tem a função de inibir o processo de lipólise no tecido
adiposo, ou seja, toda vez que comemos e produzimos a Insulina o
processo de lipólise diminui (MORIGNY et al. 2016).
Vamos compreender agora o mecanismo que a insulina inibe
a lipólise no tecido adiposo. A Insulina quando se liga em seu receptor
na membrana plasmática do adipócito causa ativação intracelular de
uma proteína chamada de fosfodiesterase 3B, sendo que essa proteína
causa uma inibição da enzima LHS. Com a redução na atividade da
enzima LHS o processo de lipólise diminui. Portanto, no período pós-
prandial a quebra de triglicerídeos em três ácidos graxos e um glicerol
é reduzido principalmente devido a ação da insulina, lembrando
que nesse é um momento de formar triglicerídeos, conforme será
detalhado no próximo tópico. No período de jejum a concentração de
42
insulina diminui, e ao mesmo tempo a concentração dos hormônios
glucagon, adrenalina, GH e cortisol aumentam, favorecendo a lipólise.
A figura 12 demonstra o mecanismo que a Insulina inibe o processo
de lipólise no tecido adiposo.
Figura 12. Mecanismo que a insulina inibe a lipólise no tecido
adiposo.
Legenda: A insulina ao se ligar em seu receptor de membrana (IR) promove ativação da proteína
chamada de fosfodiesterase 3B que atua inibindo a enzima Lipase Hormônio Sensível (LHS). A inibição
da LHS causa uma redução na lipólise, ou seja, ocorre uma diminuição da quebra de triglicerídeos em
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três ácidos graxos e um glicerol.
A insulina também inibe a oxidação de gorduras nas
mitocôndrias, pois gera uma supressão de enzimas que pertencem
à beta-oxidação. Isso significa que após as refeições, principalmente
que contém carboidratos, o organismo irá priorizar o uso de glicose
para fazer energia. Por outro lado, durante o jejum a concentração
de insulina diminui, elevando a lipólise e oxidação de gorduras nas
mitocôndrias, ou seja, durante o jejum o organismo prioriza a gordura
para ser usada como fonte de energia. É importante destacar que
para ocorrer o emagrecimento (redução de gordura corporal)
precisa haver o déficit calórico (gasto calórico diário maior que a
ingestão calórica), pois muitos confundem período de maior queima
de gorduras com emagrecimento.
Como a insulina estimula a formação de
43
triglicerídeos?
Após as refeições ocorre um aumento na formação de
triglicerídeos no tecido adiposo, processo chamado de lipogênese.
É importante destacar que o que vai determinar se uma pessoa irá
ganhar ou perder gordura corporal é o balanço calórico de vários
dias e não apenas uma única refeição, pois não podemos confundir
um período de lipogênese como ganho de gordura corporal ou um
período de lipólise como emagrecimento.
Após a ingestão de gorduras que estão presentes nos
alimentos a lipoproteína de muita baixa densidade (VLDL) no sangue
leva moléculas de triglicerídeos até o tecido adiposo. Para a gordura
entrar no interior do adipócito é necessário primeiramente haver uma
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lipólise na VLDL, ou seja, ocorre a quebra de triglicerídeos em ácidos
graxos que posteriormente entram no meio intracelular do adipócito.
Para isso acontecer é necessária a ativação de uma enzima chamada
de lípase de lipoproteína (LPL) que está localizada na membrana
plasmática do adipócito. A insulina quando se liga em seu receptor
na membrana ativa a enzima LPL, estimulando a entrada de ácidos
graxos para o interior do adipócito. Ao entrar na célula, o ácido graxo
é usado para formar os triglicerídeos (SMITH et al, 2016).
Em uma condição de superávit calórico e excesso de
ingestão de carboidratos pode haver a conversão de glicose em
ácidos graxos no tecido adiposo, processo chamado de lipogênese
de novo. Nessa condição a Insulina promove a entrada de glicose no
interior do adipócito mediado pela translocação do GLUT4. Quando
44
a glicose entra na célula ocorre um aumento da formação de ATP
na mitocôndria. Esse aumento de ATP causa a saída de citrato
(intermediário do ciclo de krebs) da mitocôndria para o citoplasma,
sendo que o citrato é convertido acetil-coa por ação da enzima
citrato liase. Em seguida, o acetil-coa é convertido em malonil-coa
por meio da enzima acetil-coa carboxilase, e por fim a enzima ácido
graxo sintase converte o malonil-coa em ácido graxo (AMEER et al.
2014). A figura 13 resume os mecanismos que a insulina estimula a
lipogênese e a lipogênese de novo.
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Figura 13. Mecanismo que a insulina estimula a lipogênese
no tecido adiposo
Legenda: A insulina ao se ligar em seu receptor de membrana (IR) promove ativação da enzima Lipase
de Lipoproteína (LPL) que estimula a quebra de triglicerídeos em ácidos graxos na VLDL, sendo que o
ácido graxo entra no interior do adipócito para ser convertido em triglicerídeos. Além disso, em uma
condição de ingestão calórica excessiva a insulina estimula a lipogênese de novo. Quando a Insulina liga
no IR a glicose entra no adipócito por meio do GLUT4, sendo que a glicose é usada para fazer ATP na
mitocôndria. Com o aumento de ATP o citrato sai da mitocôndria para o citoplasma sendo convertido
em acetil-coa pela enzima citrato liase (CL). Acetil-coa é convertido em malonil-coa por ação da enzima
45
acetil-coa carboxilase (ACC) que em seguida ocorre a reação de malonil-coa para ácido graxo mediado
pela enzima ácido graxo sintase (AGS).
Na condição de excesso de ingestão calórica a insulina
poderá aumentar a expressão e atividade das enzimas citadas acima.
Quando a insulina se liga em seu receptor na membrana plasmática
do adipócito pode também ativar um fator de transcrição chamado
de Proteína de Ligação ao Elemento Regulador de Esterol (SREBP-1).
Um fator de transcrição é uma proteína que quando está localizada
no citoplasma da célula não exerce efeito, mas quando é direcionada
ao núcleo celular e se liga na fita de DNA pode aumentar a transcrição
de RNA mensageiro que é convertido em proteína. Basicamente a
insulina quando liga no seu receptor ativa a translocação de SREBP-1
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do citoplasma para a fita de DNA (núcleo), sendo que SREBP-1
estimula a formação de enzimas da lipogênese, como a citrato liase,
acetil-coa carboxilase e ácido graxo sintase (AMEER et al. 2014).
Isso explica o em partes a expansão do tecido adiposo em uma
condição de superávit calórico excessivo. Além disso, esse efeito
da insulina sobre a lipogênese também acontece no fígado, sendo
que a ingestão calórica excessiva pode desencadear um acúmulo
de gordura no fígado, causando a esteatose hepática. A figura 14
mostra o mecanismo que a Insulina estimula o SREBP-1 e aumenta a
formação de enzimas lipogênicas.
Figura 14. Ativação de SREBP-1 pela Insulina e aumento na
expressão de enzimas da lipogênese.
46
Legenda: A Insulina ao se ligar em seu receptor de membrana (IR) promove ativação do fator de
transcrição chamado de Proteína de Ligação ao Elemento Regulador de Esterol (SREBP-1). Após ativado
pela Insulina o SREBP-1 é translocado do citoplasma para o núcleo celular e na fita de DNA promove
a transcrição de RNA mensageiro que posteriormente será traduzido em enzimas da lipogênese, tais
como: citrato liase (CL); acetil-coa carboxilase (ACC) e ácido graxo sintase (AGS).
Dietas para o emagrecimento causam
redução da gordura corporal por diminuir a
insulina?
Muitas pessoas escolhem a dieta para emagrecer com
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base na produção de insulina, ou seja, alegam que a melhor dieta
para emagrecer é aquela que mais diminui a produção da insulina,
uma vez que este hormônio bloqueia a lipólise e a oxidação de
gorduras. Porém, isso não tem respaldo científico e fazer a escolha
da dieta baseada na insulina é um erro que pode levar ao fracasso no
emagrecimento. Claro, a dieta low carb e jejum intermitente podem
ser usados para emagrecer, sendo que realmente essas dietas
irão diminuir a produção de insulina, entretanto, não é por reduzir a
insulina que essas dietas vão promover a perda de gordura, mas sim
através do déficit calórico.
Para uma dieta ser efetiva para o emagrecimento é
necessário ter o déficit calórico, independente da composição dos
macronutrientes. As pesquisas mostram que o emagrecimento é
similar quando comparado a diferentes tipos de dieta com o mesmo
déficit calórico (low carb, low fat, jejum intermitente, cetogênica etc.),
47
indicando que o que realmente emagrece é o déficit calórico e não a
redução da insulina, pois as dietas que promovem maior redução de
insulina (low carb/jejum intermitente) não gerou maior emagrecimento
do que as dietas com maior produção de insulina (low fat/high carb)
quando o déficit calórico foi equiparado (FREIRE et al. 2020). Isso
significa que a aderência é um dos principais pilares para escolher o
tipo de dieta para emagrecer, ou seja, é necessário escolher a dieta
que o paciente conseguirá seguir no longo prazo.
A perda de peso corporal acaba sendo mais rápida em dieta
com restrição de carboidratos, sendo que muitas pessoas acham
que essa perda de peso é proveniente somente da redução da massa
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gorda, porém isso não é verdade. Ao restringir carboidratos na dieta
ocorre maior redução da insulina e isso faz com que a eliminação
de sódio pela urina seja maior. Esse efeito faz o organismo eliminar
mais água corporal, refletindo diretamente no peso corporal total.
Associado a isso, a restrição de carboidratos faz o glicogênio muscular
diminuir, justamente devido à menor disponibilidade de insulina e
glicose no sangue. A maior eliminação de água corporal somado a
queda do glicogênio muscular explica o motivo que na dieta low carb
o peso corporal diminui mais rápido, indicando que a perda rápida de
peso no início não necessariamente acontece somente pela redução
da massa gorda (BLOMAIN et al. 2013).
Efeitos do glucagon sobre o controle da
glicemia
48
O glucagon é um hormônio proteico de 29 aminoácidos
secretado pelas células alfa do pâncreas e desempenha uma
importante função na regulação da homeostasia da glicemia durante
o jejum por efeitos antagonistas sobre a ação da insulina. A secreção
de glucagon é inibida pela hiperglicemia (níveis elevados de glicemia)
e estimulada pela hipoglicemia (níveis baixos de glicemia).
Vamos agora entender como age o glucagon durante o jejum
para evitar uma queda drástica da glicose no sangue. Lembrando que
os neurônios e as hemácias dependem da glicose para fazer energia,
por isso, o glucagon tem uma importante função em não deixar a
glicemia diminuir muito para que não falte glicose para estas células
(neurônios e hemácias).
Durante o jejum a glicemia diminui, pois grande parte da
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glicose entra nas células devido à ação da insulina. A queda da
glicemia estimula a secreção do glucagon, no qual esse hormônio
vai até o fígado e estimula duas vias bioquímicas a glicogenólise e a
gliconeogênese que faz o fígado produzir mais glicose para o sangue
durante o jejum (HALL, 2011).
A glicogenólise é a quebra de glicogênio em glicose, sendo
que o glucagon ao se ligar em seu receptor na membrana da célula
hepática ativa proteínas intracelulares. Ao se ligar no seu receptor,
o glucagon ativa uma proteína que fica na membrana plasmática
chamada de Adenilato Ciclase, sendo que a sua função é converter
ATP que está dentro da célula em AMP cíclico. O AMP cíclico ativa
uma proteína no citoplasma chamada de Proteína Kinase A (PKA).
Em seguida, a PKA gera ativação da enzima fosforilase, responsável
em fazer a quebra do glicogênio em glicose (glicogenólise). A glicose
sai da célula hepática e é direcionada para o sangue (MOLINA, 2014).
49
Ao mesmo tempo, o glucagon estimula a gliconeogênese,
processo que acontece somente no fígado. A gliconeogênese é uma
via bioquímica que converte compostos que não vem de carboidrato
em glicose, como o glicerol (proveniente da lipólise do tecido adiposo),
aminoácido alanina (proveniente do catabolismo muscular) e lactato
(produto final da glicólise anaeróbia). Em uma condição de jejum
prolongado a lipólise aumenta no tecido adiposo para fornecer o
glicerol e ao mesmo tempo o catabolismo muscular no proteassoma
também aumenta para fornecer a alanina, sendo que esses dois
substratos energéticos são usados no fígado para gerar glicose.
O glucagon estimula a via da gliconeogênese por ativar
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enzimas importantes nesse processo. Quando o glucagon liga em
seu receptor na membrana plasmática vai estimular a PKA (conforme
detalhado acima), sendo que a PKA além de ativar a fosforilase também
ativa as enzimas da gliconeogênese, tais como: glicose-6-fosfatase,
fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK). A ativação das enzimas
via glucagon aumenta a gliconeogênese, fornecendo mais glicose
para o sangue durante o jejum. A figura 15 demonstra o mecanismo
que o glucagon aumenta a glicogenólise e a gliconeogênese durante
o jejum.
Figura 15. Mecanismo que o glucagon aumenta a glicogenólise
e gliconeogênese no fígado.
50
Legenda: Ao se ligar no seu receptor, o glucagon ativa uma proteína que fica na membrana plasmática
chamada de Adenilato Ciclase, sendo que a sua função é converter ATP que está dentro da célula em
AMP cíclico. O AMP cíclico ativa uma proteína no citoplasma chamada de Proteína Kinase A (PKA). Em
seguida, a PKA gera ativação da enzima fosforilase, responsável em fazer a quebra do glicogênio em
glicose (glicogenólise). Ao mesmo tempo, a PKA também ativa as enzimas da gliconeogênese tais como
glicose-6-fosfatase (G-6-F) e fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) que irão converter glicerol,
alanina e lactato em glicose. Esse efeito do glucagon faz o fígado produzir mais glicose para evitar uma
hipoglicemia durante o jejum.
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) A dieta rica em carboidratos favorece a hipertrofia
muscular. Portanto, explique a relação entre carboidratos, insulina e
ganho de massa muscular.
2) Explique o efeito da ingestão de carboidratos e do pico de
insulina no pós-treino para pessoas que treinam duas vezes ao dia.
3) Descreva como a insulina bloqueia a lipólise no tecido
adiposo durante o período pós-prandial.
4) Explique a relação entre superávit calórico, insulina e
ganho de gordura corporal.
5) Descreva as ações do glucagon durante o jejum para
evitar a hipoglicemia.
51
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3
CAPÍTULO
52
ADRENALINA
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os estímulos para produzir a adrenalina;
• Os mecanismos que a adrenalina estimula a lipólise no tecido
adiposo;
• Os mecanismos que a adrenalina estimula a glicogenólise.
• O efeito da intensidade do exercício sobre a produção de
adrenalina;
• A relação entre adrenalina e termogênicos.
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Como a adrenalina é produzida?
A adrenalina é um hormônio derivado de um aminoácido,
sendo sintetizadas a partir do aminoácido tirosina. A adrenalina é
produzida pela glândula suprarrenal, sendo que o aumento na atividade
do sistema nervoso autônomo simpático é o principal estímulo para
produzir a adrenalina. Isso significa que condições que aumentam a
atividade simpática, como exercício físico, estresse, condições de
perigo a produção de adrenalina aumenta (SILVERTHORN, 2010).
Além disso, a condição de hipoglicemia (jejum) também pode
aumentar a síntese de adrenalina. Este hormônio gera diversos efeitos
no organismo, havendo ação no sistema cardiovascular, respiratório,
músculo, tecido adiposo, fígado e sistema gastrointestinal. Nos
próximos tópicos iremos compreender melhor como a adrenalina age,
sendo que sua principal função é produzir substratos energéticos
para o sangue proveniente do tecido adiposo, músculo e fígado,
53
bem como aumentar os batimentos cardíacos, velocidade de fluxo
sanguíneo e concentração, sendo que essas respostas fisiológicas
são importantes durante uma condição de alerta, exercício físico e
estresse.
Como a adrenalina estimula a lipólise?
A adrenalina estimula a lipólise no tecido adiposo, pois sua
finalidade é aumentar a quantidade de ácidos graxos e glicerol no
sangue que serão utilizados em outros tecidos para gerar energia
durante as condições de exercício físico, estresse e perigo. Durante
essas condições citadas a atividade simpática aumenta, estimulando
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a liberação de adrenalina na glândula suprarrenal. Em seguida, a
adrenalina cai na corrente sanguínea e vai até o tecido adiposo
estimular a lipólise.
Primeiro é importante lembrar que dentro dos adipócitos
existe um estoque de gordura chamado de triglicerídeos ou
triacilglicerol. Basicamente uma molécula de triglicerídeos é
constituída por três ácidos graxos e um glicerol (Triglicerídeos = 3
ácidos graxos + 1 glicerol). Portanto, a lipólise é a quebra da molécula
de triglicerídeos em três ácidos graxos e um glicerol. O processo de
lipólise nada mais é do que a mobilização de ácidos graxos e glicerol
do tecido adiposo para o sangue, sendo extremamente importante
durante o jejum e exercício físico, pois o ácido graxo é usado na
mitocôndria de outros tecidos para gerar ATP e o glicerol pode ser
54
convertido no fígado pela via da gliconeogênese.
Vamos compreender agora como a adrenalina age nos
adipócitos para estimular a lipólise. A adrenalina se liga no receptor
chamado de beta-adrenérgico, no qual essa ligação gera uma ativação
de uma proteína localizada na membrana plasmática chamada de
adenilato ciclase. A ativação da adenilato ciclase promove a conversão
intracelular do ATP em AMP cíclico, sendo que o aumento de AMP
cíclico ativa a proteína quinase A (PKA). A PKA tem como função
ativar a lipase hormônio sensível (LHS), considerada uma enzima
chave para ativar a lipólise. São três enzimas que controlam a lipólise,
primeiro a lipase de triglicerídeos (ATGL) converte o triglicerídeo em
diacilglicerol e libera um ácido graxo. Em seguida enzima LSH que
foi ativada pela PKA via adrenalina atua convertendo diacilglicerol
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em monoacilglicerol e libera mais um ácido graxo. Por fim, a enzima
lipase de monoacilglicerol (LMG) separa o monoacilglicerol e um
ácido graxo e um glicerol (FRÜHBECK et al. 2014). Percebam que
três ácidos graxos foram gerados, assim como um glicerol. A figura
16 demonstra o mecanismo que a adrenalina estimula a lipólise no
tecido adiposo.
Figura 16. Mecanismo de ação da adrenalina para estimular
a lipólise no tecido adiposo.
55
Legenda: A adrenalina se liga no receptor chamado de beta-adrenérgico, no qual essa ligação gera uma
ativação de uma proteína localizada na membrana plasmática chamada de adenilato ciclase. A ativação
da adenilato ciclase promove a conversão intracelular do ATP em AMP cíclico, sendo que o aumento de
AMP cíclico ativa a proteína quinase A (PKA). A PKA tem como função ativar a lipase hormônio sensível
(LHS), considerada uma enzima chave para ativar a lipólise. São três enzimas que controlam a lipólise,
primeiro a lipase de triglicerídeos (ATGL) converte o triglicerídeo (TG) em diacilglicerol (DG) e libera um
ácido graxo. Em seguida, a enzima LSH que foi ativada pela PKA via adrenalina atua convertendo DG em
monoacilglicerol (MG) e libera mais um ácido graxo. Por fim a enzima lipase de monoacilglicerol (LMG)
separa o MG e um ácido graxo e um glicerol. Percebam que três ácidos graxos foram gerados, assim
como um glicerol.
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Termogênicos, adrenalina e lipólise
Algumas substâncias termogênicas podem aumentar a
lipólise. A cafeína aumenta a lipólise e o gasto energético por ativar
o sistema nervoso simpático, sendo que após a ingestão de cafeína
ocorre um aumento na concentração plasmática de adrenalina, bem
como um aumento pequeno do gasto energético, em torno de 50 a
100 kcal (HURSEL et al. 2010). De maneira sinérgica a cafeína aumenta
no meio intracelular do adipócito a quantidade de AMP cíclico, sendo
que isso promoverá maior ativação de PKA e consequentemente
da enzima LHS. O efeito da cafeína no emagrecimento é pequeno,
ou seja, não podemos esperar grande resultado no emagrecimento
com a suplementação de cafeína até porque o aumento do gasto
energético é pequeno. Lembrando que a cafeína é uma substância
56
ergogênica, ou seja, quando usada no pré-treino (60 minutos antes)
na dose de 3 a 6 mg por quilo de peso corporal pode aumentar o
desempenho no treino (GOLDSTEIN et al. 2010).
Outra substância que pode aumentar a lipólise é a ioimbina,
sendo que seu principal mecanismo de ação para aumentar a lipólise
é bloquear o receptor alfa adrenérgico nos adipócitos. Quando a
adrenalina se liga no receptor beta adrenérgico a lipólise acontece,
porém, quando a adrenalina liga no receptor alfa adrenérgico a
lipólise não acontece. Isso significa que a ioimbina inibe o receptor alfa
adrenérgico permitindo assim que grande parte da adrenalina se ligue
no beta-adrenérgico (MCCARTY et al. 2002). São poucos os estudos
que avaliaram o efeito da ioimbina sobre o emagrecimento, sendo
que um estudo verificou uma maior redução de gordura corporal com
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uso de 20 mg de ioimbina em combinação com treinamento resistido
em atletas de futebol. (OSTOJIC et al. 2006). A dose mais usual de
ioimbina varia entre 5 a 20 mg durante o período de jejum ou pré-
treinamento.
Como a adrenalina estimula a
glicogenólise?
No fígado e no músculo a adrenalina promove a quebra do
glicogênio em glicose, processo chamado de glicogenólise. Esse
processo é importante durante o exercício físico e condições de
estresse já que a quebra do glicogênio hepático gera glicose para
o sangue e a quebra do glicogênio muscular fornece glicose para o
músculo. Basicamente a adrenalina age estimulando a produção de
glicose para o sangue e músculo para suprir a demanda energética
durante o treino ou estresse.
57
O mecanismo que a adrenalina estimula a glicogenólise está
associado ao fato da adrenalina se ligar ao receptor beta adrenérgico
na membrana plasmática da célula hepática e muscular, sendo que
esta ligação promove a ativação da enzima fosforilase, responsável
em promover a quebra de glicogênio em glicose (glicogenólise)
(MOLINA, 2014).
Efeitos da adrenalina durante o exercício
físico
O exercício físico é um grande estímulo para produzir
adrenalina, pois o esforço físico aumenta a ativação do sistema
nervoso autônomo simpático. A produção de adrenalina durante o
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exercício é essencial para gerar substratos energéticos para suprir
a demanda do exercício, pois a adrenalina aumenta a lipólise e a
glicogenólise, fornecendo ao sangue ácidos graxos, glicerol e glicose.
Esses substratos energéticos são direcionados para o músculo ativo,
sendo usados nas células musculares para formar ATP (energia).
Ao mesmo tempo, a adrenalina aumenta a quebra do glicogênio
muscular, gerando localmente glicose para o músculo, conforme
detalhado anteriormente.
A intensidade e o volume do exercício podem impactar na
quantidade de adrenalina produzida (MORA-RODRIGUEZ et al. 2000).
Durante o exercício intenso, como o HIIT ocorre uma maior ativação
simpática do que o exercício leve ou moderado (KATAYAMA et al, 2019).
No HIIT a adrenalina vai causar uma quebra do glicogênio muscular
58
durante os estímulos intensos, visto que exercício de alta intensidade
aumenta a dependência do glicogênio muscular. Ao mesmo tempo,
a adrenalina aumenta a concentração de ácidos graxos no sangue
via lipólise no tecido adiposo, no qual essa gordura será mais usada
durante as pausas entre séries.
Durante o aeróbio contínuo a produção de adrenalina
também aumenta. É importante destacar que o volume também pode
influenciar a produção de adrenalina, pois quanto maior a distância
ou tempo do aeróbio mais tempo a concentração de adrenalina fica
elevada no sangue. A adrenalina no aeróbio moderado também atuará
gerando quebra do glicogênio e lipólise, no entanto, a dependência
do glicogênio muscular é menor no exercício moderado.
Outro efeito da adrenalina durante o exercício físico é no
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sistema cardiovascular. A adrenalina aumenta a frequência cardíaca,
elevando o bombeamento de sangue. De maneira sinérgica, a
adrenalina também gera vasoconstrição nas grandes artérias, pois
isso aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo. Aumentar a quantidade
de sangue e a velocidade que o sangue circula é muito importante
durante o exercício, pois isso levará mais substratos energéticos ao
músculo ativo no treino. Lembrando que os capilares do músculo
que está sendo usado no exercício (ativo) entram em vasodilatação
para facilitar a entrega do oxigênio e de substratos energéticos
ao músculo. Isso significa que se uma pessoa está treinando
quadríceps os capilares deste músculo entram em vasodilatação,
porém a adrenalina gera uma vasoconstrição nas grandes artérias
para justamente o sangue circular mais rápido e chegar com maior
velocidade no músculo ativo (MOLINA, 2014).
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como a adrenalina estimula a lipólise no tecido
adiposo, mencionando os mecanismos de ação por meio do receptor
beta-adrenérgico.
2) Explique a diferença entre a ligação da adrenalina no
receptor beta-adrenérgico e alfa-adrenérgico.
3) Explique como a adrenalina age durante o exercício físico
para fornecer mais substratos energéticos ao músculo.
4) Explique a relação entre adrenalina, cafeína e lipólise.
5) Explique como a ioimbina atua na lipólise.
60
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4
CAPÍTULO
GH E IGF-1
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os estímulos básicos do dia a dia para produzir o GH;
61
• Os efeitos fisiológicos que o GH gera no tecido adiposo,
fígado e músculo;
• Os efeitos que o GH gera durante o jejum;
• Os mecanismos que o GH aumenta por estímulo do exercício;
• O tipo de treinamento que mais produz GH;
• A relação entre GH, jejum intermitente e emagrecimento;
• Os mecanismos que o IGF-1 aumenta a síntese de proteínas
musculares;
• A influência do treino, do balanço calórico e da ingestão de
proteínas sobre o IGF-1.
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Como o GH é produzido?
O Hormônio do Crescimento (GH) é um hormônio peptídico
de 191 aminoácidos liberado pela glândula adeno-hipófise ou hipófise
anterior. O GH tem um papel fundamental no crescimento por
estimular aumento da massa óssea e massa muscular. Por isso, os
níveis circulantes do GH aumentam durante a infância, atingem seu
pico durante a puberdade (fase de crescimento) e diminuem com
o envelhecimento (MOLINA, 2014). Grande parte do efeito do GH
no crescimento é atribuída ao fato do GH estimular a produção de
outro hormônio chamado de Fator de Crescimento de Semelhante à
Insulina (IGF-1), sendo que este assunto será abordado nos tópicos
abaixo.
A liberação do GH ocorre em surtos pulsáteis, sendo que
62
a maior parte da secreção acontece durante o sono. Além do sono,
outros fatores também podem aumentar a secreção do GH, tais como:
exercício físico, principalmente de alta intensidade, período de jejum
(hipoglicemia) e condição de déficit calórico (gasto calórico maior que
ingestão calórica). Além das funções relacionadas ao crescimento, o
GH exerce um papel importante no metabolismo energético, gerando
efeitos sobre o tecido adiposo, fígado e músculo esquelético (HALL,
2011).
Antes de entender as funções do GH, vamos compreender
como o GH é produzido. Primeiramente o hipotálamo produz o
Hormônio Liberador do Hormônio do Crescimento (GHRH) que ao cair
na corrente sanguínea vai até a hipófise anterior estimular a secreção
do GH. A grelina é outro hormônio que estimula a secreção do GH. A
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grelina é produzida pelas células gástricas quando o estômago está
vazio e esse hormônio estimula a sensação de fome no hipotálamo
e ao mesmo tempo aumenta a produção de GH. Portanto, durante o
sono e jejum ocorre um aumento na produção de GHRH e grelina que
atuam estimulando a produção do GH na hipófise anterior (MELMED,
2017).
GH e jejum
Durante o jejum a glicemia diminui, sendo um importante
estímulo para ocorrer o aumento na secreção de GHRH. Ao mesmo
tempo, durante o jejum o estômago está vazio, promovendo maior
liberação de grelina. Ambos GHRH e grelina estimulam a produção
do GH na hipófise anterior, ou seja, durante o período de jejum o GH
aumenta. Uma das principais funções do GH no momento de jejum
é evitar uma queda drástica da glicemia (hipoglicemia), pois assim
63
como o glucagon, o GH age preservando a glicose no sangue durante
o jejum para não faltar às hemácias e aos neurônios (MØLLER et al.
2009).
Vamos compreender como o GH atua no metabolismo
durante o jejum para evitar a hipoglicemia. O GH aumenta a lipólise
no tecido adiposo, ou seja, aumenta a quebra de triglicerídeos em
três ácidos graxos e um glicerol, indicando que o GH aumenta a
concentração de ácidos graxos e glicerol no sangue (OTTOSSON et
al. 2000). De maneira sinérgica, o GH aumenta a gliconeogênese no
fígado, sendo que o glicerol proveniente da lipólise do tecido adiposo
será usado no fígado para fazer glicose. Percebam que o GH fornece
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o glicerol (lipólise) e ainda estimula o fígado a converter esse glicerol
em glicose, sendo este um dos mecanismos que explica a ação do GH
para evitar uma hipoglicemia durante o jejum. Ao mesmo tempo, o GH
gera resistência à insulina no músculo esquelético. Isso significa que o
GH atrapalha a ação da insulina em promover a entrada de glicose no
músculo. Esse efeito do GH tem como principal objetivo reduzir o uso
de glicose no músculo para que a glicose fique no sangue, disponível
para hemácias e neurônios. Durante o jejum, o músculo esquelético
usa os ácidos graxos (proveniente da lipólise) como principal fonte
de energia, sendo que isso acontece em partes pela ação do GH no
músculo.
O GH aumenta a captação de ácidos graxos do sangue
para o músculo e ainda aumenta atividade mitocondrial, elevando a
64
oxidação de gorduras nas mitocôndrias (HALL, 2011).
De maneira gerar o GH atua no jejum para evitar uma
hipoglicemia por quatro motivos, tais como: 1) aumenta a lipólise
no tecido adiposo; 2) aumenta a gliconeogênese no fígado; 3) gera
resistência à insulina no músculo; e 4) reduz a oxidação de glicose
e aumenta a oxidação de gorduras no músculo. Basicamente o GH
durante o jejum faz o organismo usar mais ácidos graxos como fonte de
energia e preserva a glicose no sangue para os neurônios e hemácias
(MOLINA, 2014). A figura 16 resume os principais mecanismos que o
GH atua no jejum para evitar a hipoglicemia.
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Figura 16. Ação do GH durante o jejum para evitar a
hipoglicemia.
Legenda: A produção de GH aumenta durante o jejum, principalmente devido ao estímulo de grelina e
GHRH. Nesta condição o GH aumenta lipólise no tecido adiposo, gera resistência à insulina no músculo,
aumenta a oxidação de gorduras no músculo e estimula a gliconeogênese. O GH faz o organismo usar
mais ácidos graxos como fonte de energia e preserva a glicose no sangue para os neurônios e hemácias.
O jejum intermitente emagrece por
estimular a produção de GH?
65
O aumento de GH durante o jejum é defendido por muitos
como um diferencial para a perda de gordura induzida pela dieta
que utiliza a estratégia jejum intermitente. Porém, nós iremos
compreender que esse aumento de GH não é determinante para
gerar emagrecimento. Outros alegam que o aumento de GH além
de emagrecer vai promover a hipertrofia muscular, pois o GH é um
hormônio anabólico. Entretanto, essa afirmação também não faz
sentido e não tem respaldo científico.
Primeiro vamos falar sobre o emagrecimento. O GH aumenta
sim durante o jejum, pois nesse momento sua função é manter a
glicose no sangue para disponibilizar as hemácias e aos neurônios.
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Durante o jejum o GH aumenta a lipólise, oxidação de gorduras e gera
resistência à insulina no músculo, basicamente faz o organismo usar
mais gorduras e menos glicose como fonte de energia. Esse efeito
é extremamente importante, pois as reservas de gordura no tecido
adiposo são muito maiores do que a de carboidrato que está na forma
de glicose no sangue e glicogênio (fígado e músculo).
Vamos entender agora o motivo que esse período de jejum
com GH alto não tem relevância no emagrecimento. Os estudos
demonstraram que dieta com restrição calórica tradicional gera
perda de gordura corporal de maneira similar a uma dieta com o
mesmo déficit calórico que usa o jejum intermitente, demonstrando
que o fator mais importante para emagrecer é o déficit calórico e não
o período de jejum (SEIMON et al. 2015).
66
A redução da gordura corporal só acontece quando a pessoa
atinge o déficit calórico por vários dias, ou seja, para reduzir o estoque
de gordura é necessário que o organismo gaste mais energia do que
consome. Se uma pessoa faz o jejum intermitente e no final de vários
dias não consegue atingir o déficit calórico o emagrecimento não
acontece, mesmo produzindo muito GH durante o jejum. Isso significa
que a estratégia de jejum intermitente só irá emagrecer se fornecer
o déficit calórico, por isso deve ser inserida para pessoas que vão ter
uma boa aderência a esse tipo de dieta, que irão conseguir fazer a
estratégia no longo prazo.
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O aumento de GH durante o jejum
intermitente gera a hipertrofia?
Vamos agora compreender o motivo que o aumento de GH
durante o jejum não gera hipertrofia. Durante o jejum a concentração
plasmática de IGF-1 diminui, sendo que ao cair os níveis de IGF-1 a
produção de GH aumenta justamente para evitar uma queda ainda
maior do IGF-1, ou seja, quando o IGF-1 diminui o GH aumenta. No
entanto, o IGF-1 é o hormônio que realmente gera aumento de
síntese de proteínas musculares, porém durante o jejum o IGF-1 está
reduzido (RAHMANI et al. 2019). Associado a isso, durante o jejum
a concentração plasmática de aminoácidos e de insulina está baixa
e o cortisol aumenta (MELMED, 2017), indicando um ambiente mais
favorável para a degradação de proteínas musculares (catabolismo).
Lembrando que um período de catabolismo não tem impacto para
reduzir a massa muscular, sendo que é o contexto geral da dieta
67
e treino que determina se uma pessoa terá o ganho ou a perda de
massa muscular.
Por que o GH aumenta durante o
exercício?
Durante o exercício físico o GH é mais produzido,
principalmente de alta intensidade (WIDEMAN et al. 2002). Isso
significa que durante um Treinamento Intervalado de Alta Intensidade
a produção de GH aumenta, bem como durante uma musculação
feita com séries próximas ou até a falha concêntrica combinado
com pausas curtas entre séries (< 2 min). Interessante observar
que durante esse tipo de exercício a produção de lactato é maior,
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pois neste tipo de exercício a glicólise está sendo mais utilizada para
formar ATP. Como o lactato é produto final da glicólise, se estamos
usando muito a glicólise, mais lactato será produzido.
Alguns estudos têm sugerido que o lactato pode estimular a
secreção de GH. Por exemplo, o estudo de Salgueiro e colaboradores
(2014) verificou se o lactato pode ativar o eixo somatotrófico e
estimular a liberação de GH em ratos. Assim, ratos Wistar adultos
foram tratados agudamente com lactato de sódio [15 ou 150 μmols]
e a concentração sérica de GH e a expressão do RNAm do GH
aumentaram 30 minutos após as injeções de lactato. Os resultados
demonstram que o lactato gerou ativação do eixo somatotrófico,
mostrando seu possível papel na liberação do GH. Esses resultados
indicam que o lactato pode desempenhar uma grande influência
68
no aumento da secreção de GH em condições de exercício de alta
intensidade.
Um dos objetivos do aumento de GH durante o treinamento
de alta intensidade é aumentar a lipólise e oxidação de gorduras,
principalmente durante as pausas entre séries, pois durante o
estímulo de alta intensidade o glicogênio muscular acaba sendo
usado de maneira predominante. Além deste efeito no metabolismo
energético, o GH produzido durante o exercício pode aumentar a
produção do Fator de Crescimento Semelhante à Insulina-1 (IGF-1), um
hormônio que aumenta a síntese de proteínas musculares, processo
que iremos detalhar nos próximos tópicos.
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Que tipo de treino produz mais GH?
Vários estudos têm demonstrado que quando o exercício
produz muito lactato a secreção de GH é maior. O estudo de Gonzalez
(2016) demonstrou que o treinamento resistido com repetições
moderadas, combinado com intervalos curtos de descanso (70%
1RM, 10-12 repetições e intervalo de descanso de 1 minuto) mostra
aumento superior do lactato sanguíneo, concentração sérica de
lactato desidrogenase e de GH quando comparado ao treinamento
resistido com carga alta, baixas repetições combinado com intervalos
de descanso mais longos (90% 1RM, 3-5 repetições e intervalos de
descanso de três minutos).
Relacionado à escolha de exercícios, o estudo de Shanner
e colaboradores (2014) verificou que a realização de 6 séries com
10 repetições no agachamento livre gerou maior produção de GH,
testosterona e cortisol comparado ao exercício leg-press 45° em
69
homens treinados. Assim, o estudo sugere que exercícios livres que
solicitam grandes grupos musculares promovem uma maior liberação
hormonal comparado a exercícios máquinas.
Do ponto de vista prático, realizar a musculação com carga
moderada/baixa próximo ou até a falha concêntrica combinado
com pausas curtas entre séries (<2min) e exercícios que solicitam
grandes grupos musculares são variáveis que irão estimular ainda
mais a produção do GH, ficando elevado no sangue até 30-60 minutos
após o treino. Esse aumento de GH pode estimular o IGF-1 que atua
aumentando a síntese de proteínas musculares, entretanto, é preciso
ter cautela ainda em afirmar que esse aumento de GH e IGF-1 no
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pós-treino gera hipertrofia, pois alguns estudos têm sugerido que
outros mecanismos são mais importantes para a musculação gerar
a hipertrofia (FINK et al, 2018; MORTON et al. 2018).
Como o IGF-1 é produzido?
O GH estimula no fígado a secreção do IGF-1 que vai cair na
corrente sanguínea e agir de maneira sistêmica, ou seja, o IGF-1 vai se
ligar em seus receptores e mudar a função celular de outros tecidos
como músculo, osso etc. O IGF-1 também pode ser produzido pelo
músculo esquelético, sendo que o GH também aumenta a produção
de IGF-1 muscular.
Mas como o IGF-1 pode gerar uma sinalização anabólica no
músculo esquelético? O IGF-1 chega até a célula muscular e se liga
70
em seu receptor de membrana plasmática, ativando as proteínas
PI3 quinase, proteína quinase B (AKT) e, por fim, mTOR. Portanto, o
IGF-1 aumenta a ativação da mTOR que irá estimular os ribossomos a
construir proteínas musculares (CLEMMONS et al. 2009).
Figura 17. Mecanismo que o IGF-1 aumenta a síntese de
proteínas musculares
Legenda: O IGF-1 chega até a célula muscular e se liga em seu receptor de membrana plasmática,
ativando no meio intracelular a proteína PI3 quinase, a proteína AKT e, por fim, mTOR. Portanto, o IGF-1
aumenta a ativação da mTOR que irá estimular os ribossomos a construir proteínas musculares.
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Estudos em animais mostraram que a expressão de IGF-
1 permaneceu elevada no tecido muscular com efeitos miogênicos
(crescimento muscular) em até 72 horas pós-exercício (SCHOENFELD
et al. 2010). Alguns estudos também demonstraram que após a
musculação a produção de IGF-1 aumenta, sendo considerado um
dos mecanismos que a musculação gera aumento da síntese de
proteínas musculares (SCHOENFELD et al. 2010). No entanto, ainda
se discute se realmente o aumento de IGF-1 e testosterona após a
musculação é determinante para a hipertrofia muscular, pois o mais
importante para ter o ganho de massa muscular não é aumentar o
hormônio no sangue, mas sim aumentar a quantidade de receptores
na célula muscular (FINK et al. 2018; MORTON et al. 2018). Em outras
palavras, o que adianta ter um pequeno aumento do hormônio no
sangue se não há receptor suficiente? Essas questões ainda são
amplamente discutidas na ciência.
71
Balanço calórico, ingestão de proteínas e
IGF-1
Alguns estudos observaram uma redução na taxa de síntese
de proteínas musculares em poucos dias de déficit energético
(gasto energético diário maior que consumo energético). Pasiakos
e colaboradores (2010) demonstraram que jovens saudáveis
submetidos a 10 dias de déficit calórico obtiveram uma redução de
1 kg de peso corporal e diminuição de 16% na taxa de síntese de
proteínas musculares em repouso, mesmo consumindo uma dieta
hiperproteica (1.5g/kg/dia). Achados semelhantes foram observados
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após 5 dias de déficit calórico, resultando em uma redução de ~ 30%
na taxa de síntese de proteínas musculares e diminuição na ativação
de mTOR e proteínas que regulam a síntese proteica no músculo
(ARETA et al., 2014). Portanto, quando pessoas são submetidas a
um déficit calórico, em poucos dias a capacidade do músculo em
sintetizar proteínas musculares diminui.
Estudos indicam que o déficit calórico diminui a produção de
IGF-1 e isso em partes poderá reduzir a taxa de síntese de proteínas
musculares (ALEMANY et al. 2008). Em condições de déficit calórico
a produção de IGF-1 diminui, e uma das maneiras que o organismo
reage para evitar uma redução drástica de IGF-1 é aumentando a
produção do GH. Muitas pessoas acham que esse aumento de GH
favorece a hipertrofia mesmo em déficit calórico, ou durante uma
72
estratégia de jejum intermitente, mas isto não é verdade, pois o
hormônio que realmente é anabólico é o IGF-1 e que nestas situações
está com a concentração plasmática menor.
Um estudo comparou a influência do déficit calórico e do
superávit calórico por sete dias combinado com treinamento resistido
sobre a concentração sanguínea de IGF-1 em homens saudáveis.
Após os sete dias, houve uma redução na concentração sérica
de IGF-1 no grupo que estava em déficit calórico, porém no grupo
que estava em superávit calórico o IGF-1 não foi alterado (NEMET
et al., 2004). A ingestão baixa de proteínas na dieta também pode
reduzir a produção de IGF-1 (ALEMANY et al. 2008), indicando que
a combinação de déficit calórico e baixa ingestão de proteínas pode
reduzir a massa muscular em partes pela queda de IGF-1.
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Os resultados destes estudos mostram duas coisas: 1) Em
uma dieta para a hipertrofia o superávit calórico e ingestão proteica
adequada (1.6 a 2.2 g/kg/dia) mantém estável a concentração
sanguínea de IGF-1; e 2) Em uma dieta para o emagrecimento com
déficit calórico a concentração de IGF-1 pode reduzir, sendo essencial
que o déficit calórico seja combinado com maior ingestão de proteínas
(1.6 a 3.0 g/kg/dia) e musculação para ocorrer à preservação da
massa muscular.
73
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como o GH atua no jejum para evitar a hipoglicemia.
2) Explique porque o aumento de GH durante o jejum não significa
emagrecimento.
3) Explique porque o aumento de GH durante o jejum não significa
que vai haver a hipertrofia muscular.
4) Qual o efeito do balanço calórico sobre a produção de
IGF-1? Quais estratégias utilizar em uma dieta de déficit calórico
para não ocorrer uma perda de massa muscular?
5) Explique como o IGF-1 atua na hipertrofia muscular.
5
CAPÍTULO
CORTISOL
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os estímulos básicos do dia a dia para produzir o cortisol;
• Os efeitos fisiológicos que o cortisol gera no tecido adiposo, fígado
75
e músculo;
• Os efeitos que o cortisol gera durante o jejum e exercício;
• O mecanismo que o cortisol aumenta o catabolismo muscular e a
gliconeogênese;
• A influência das dietas para o emagrecimento e o balanço calórico
sobre o cortisol.
• O impacto da ingestão de carboidrato sobre o cortisol.
Como o cortisol é produzido?
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Como o cortisol é produzido?
O hormônio cortisol é produzido na glândula suprarrenal,
também chamada de adrenal. Este hormônio é estimulado
principalmente em resposta ao estresse, ao exercício físico, a redução
da glicose no sangue (jejum) e logicamente pode elevar durante
condição de déficit calórico, ou seja, em dietas de emagrecimento.
A liberação do cortisol é pulsátil (oscila durante o dia) e
estimulada diretamente por um eixo hormonal que envolve hipotálamo
e hipófise. Primeiro o hipotálamo produz o hormônio corticotrófico
(CRH) que vai até a hipófise anterior para estimular o hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH). A liberação de ACTH é pulsátil, com
cerca de 7 a 15 episódios por dia. A estimulação da liberação de
cortisol ocorre 15 minutos após o surto de ACTH.
76
Uma importante característica da liberação do cortisol é
o fato de que, além de ser pulsátil, ele segue um ritmo circadiano,
peculiarmente sensível à luz, sono e estresse. A liberação de cortisol é
maior durante as primeiras horas do dia, e a concentração do cortisol
no sangue diminui à medida que o dia prossegue. Isso significa que
a concentração do cortisol é maior no período da manhã do que no
período da noite (MELMED, 2017). Em consequência de sua liberação
pulsátil, os níveis circulantes do hormônio variam durante todo o dia,
e isso tem um impacto direto na interpretação dos níveis de cortisol,
com base na hora de coleta da amostra de sangue. Lembrando que
o cortisol inibe a biossíntese e a secreção do CRH e do ACTH, em um
exemplo de regulação dos hormônios por retroalimentação negativa,
com o objetivo de evitar uma hipersecreção (COSTANZO, 2007).
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Figura 19. Mecanismo que o cortisol é produzido.
Legenda: Durante condições de jejum, estresse, exercício físico e déficit calórico a produção do cortisol
aumenta. Primeiro o hipotálamo produz o hormônio corticotrófico (CRH) que vai até a hipófise anterior
para estimular o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH estimula a secreção do cortisol na
glândula suprarrenal, sendo que após isso o cortisol cai na corrente sanguínea para agir em outros
tecidos.
Como o cortisol aumenta o catabolismo
muscular?
Uma das principais funções do cortisol no metabolismo é
77
evitar a hipoglicemia durante o período de jejum, agindo de maneira
sinérgica com o glucagon e GH. Para isso ocorrer, este hormônio
aumenta a degradação de proteínas no músculo esquelético
fornecendo o aminoácido alanina que é direcionado para o fígado e
por meio da gliconeogênese este aminoácido é convertido em glicose.
Isso significa que o cortisol aumenta no sangue em condições de jejum
prolongado, exercício físico e estresse com o objetivo de fornecer
mais glicose para o sangue.
Vamos agora compreender como o cortisol pode aumentar
o catabolismo muscular, ou seja, o processo de degradação de
proteínas. O cortisol é um hormônio esteroide, isso significa que a
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ação desse hormônio ocorre por meio de um receptor localizado
no citoplasma celular. O cortisol atravessa a membrana plasmática
e se liga em seu receptor no citoplasma, denominado receptor de
glicocorticoide (GR). Após a ligação o cortisol e receptor GR são
direcionados para o núcleo celular para interagir com a fita de DNA e
promover um aumento da transcrição gênica de proteínas envolvidas
no catabolismo muscular, como FOXO, MURF e ATROGINA-1 (BRAUN
et al. 2015). Portanto, o cortisol aumenta a atividade do proteassoma
conforme demonstrado na figura 19.
Figura 19. Mecanismo que o cortisol aumenta a degradação
de proteínas musculares no proteassoma
78
Legenda: O cortisol atravessa a membrana plasmática da célula muscular e liga no receptor de
glicocorticoide (GR) localizado no citoplasma. O hormônio Cortisol e o receptor GR são direcionados
para o núcleo celular para interagir com a fita de DNA e aumentar a transcrição gênica de FOXO que por
sua vez aumenta a expressão das enzimas MURF e ATROGINA-1, elevando a atividade do proteassoma
e a degradação de proteínas contráteis em aminoácidos.
É importante destacar que o aumento do catabolismo
durante o jejum e durante o treino não tem impacto para gerar
redução da massa muscular, pois é o contexto geral da dieta e
treino que vai determinar se o indivíduo vai ganhar ou perder massa
muscular. Por exemplo, se uma pessoa está em déficit calórico, não
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faz musculação e ainda está consumindo pouca proteína poderá ter
redução da massa muscular, pois o ambiente está mais favorável
para o catabolismo muscular. Se uma pessoa faz musculação, está
com dieta hiperproteica e com superávit calórico poderá ter ganho
de massa muscular, mesmo produzindo cortisol durante o treino e
períodos de jejum.
Efeitos do cortisol no fígado e tecido
adiposo
Como foi detalhado anteriormente, uma das funções do
cortisol é aumentar a produção de glicose no fígado, pois em condição
de jejum, estresse e exercício físico a glicose no sangue precisa
ficar estável para ter o suficiente para os neurônios e hemácias. No
fígado o cortisol estimula a gliconeogênese, ou seja, a conversão
do aminoácido alanina em glicose, bem como glicerol e lactato em
79
glicose (HALL, 2011).
Vimos anteriormente que o cortisol estimula o catabolismo
muscular para fornecer o aminoácido alanina, que é direcionado para a
gliconeogênese no fígado. Agora vamos compreender como o cortisol
estimula a via da gliconeogênese. O cortisol atravessa a membrana
plasmática por ser um hormônio esteroide e se liga no receptor de
glicocorticóide no meio intracelular. Após a ligação, ambos (cortisol
e receptor) são direcionados para o núcleo e na fita de DNA estimula
a transcrição de enzimas relacionadas a gliconeogênese como a
glicose-6-fosfatase e a PEPCK (MOLINA, 2014).
No tecido adiposo o cortisol estimula a lipólise, no qual esse
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efeito pode ser gerado devido ao aumento da resistência à insulina
no tecido adiposo, ou seja, diminui o efeito da insulina em bloquear
a lipólise. O cortisol também pode ativar a via dos receptores beta-
adrenérgico, gerando ativação da lípase hormônio sensível, uma
enzima importante no processo de lipólise (OTTOSSON et al. 2000).
Diante disso, em uma condição de estresse, jejum e exercício físico o
aumento do cortisol contribui para a ativação de vias como a lipólise
no tecido adiposo e a gliconeogênese.
Por outro lado, em uma condição de produção excessiva
de cortisol como em casos de estresse crônico, este hormônio atua
estimulando o armazenamento de gordura na região abdominal
(lipogênese). Existe uma associação direta entre estresse e acúmulo
de gordura central (VAN DER VALK et al. 2018), no qual essa condição
80
está associada fortemente à gênese de doenças cardiovasculares.
Dietas de emagrecimento aumenta o
cortisol?
O balanço calórico e a quantidade de carboidratos na
dieta também podem modular a produção de cortisol, sendo que
dietas hipocalóricas e a restrição de carboidratos (low carb) podem
potencializar a produção deste hormônio (CALBET et al., 2017;
WALDMAN et a., 2018).
A dieta low carb pode aumentar a produção de cortisol,
principalmente devido à limitação na oferta de glicose pela
alimentação. Quando a glicose é ofertada de maneira insuficiente
ocorre ajustes fisiológicos no organismo para aumentar a produção
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de glicose, principalmente o fígado terá essa função. Na dieta low
carb, a glicemia e insulina ficam baixas e isso estimula a maior
produção de cortisol. Esse hormônio age aumentando o catabolismo
muscular em aminoácidos, justamente para fornecer a alanina que no
fígado é convertida em glicose pela gliconeogênese (cortisol também
aumenta a via da gliconeogênese).
Portanto, em uma restrição de carboidratos o catabolismo
muscular e a gliconeogênese tende a aumentar para suprir a ausência
de glicose pela alimentação, claro que é importante combinar dieta
low carb com ingestão de proteínas mais alta (1.6 a 3.0 g/kg/dia) e
musculação para gerar efeito poupador na massa muscular.
81
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como o cortisol é produzido pelo eixo hipotálamo-
hipófise-suprarrenal.
2) Cite os principais fatores que influenciam a produção de cortisol
durante o dia.
3) Descreva os mecanismos que explicam o efeito do cortisol
durante o jejum prolongado para evitar a hipoglicemia.
4) Explique a relação entre restrição de carboidratos e catabolismo
muscular.
5) Explique o motivo que um período de cortisol alto (jejum e
exercício) não significa que haverá redução da massa muscular.
82
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6
CAPÍTULO
TESTOSTERONA
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• O mecanismo de produção da testosterona;
• As maneiras que a testosterona é transportada no sangue; 83
• O mecanismo que a testosterona age na célula-alvo;
• A metabolização da testosterona na célula-alvo;
• O mecanismo que a testosterona gera impacto na massa
muscular;
• O efeito do treinamento sobre a testosterona;
• O impacto do balanço calórico da dieta sobre a testosterona;
• A relação entre ingestão de gorduras e produção de testosterona.
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Como a testosterona é produzida?
A testosterona é um hormônio derivado do colesterol que
tem uma ação anabólica considerável no tecido muscular. A maioria
da testosterona é sintetizada e secretada pelas células de Leydig dos
testículos pelo eixo hipotálamo-hipófise-testicular (homens), com
produção em menor quantidade pelos ovários (mulheres) e a glândula
adrenal. No homem a produção de testosterona é controlada por três
glândulas, o hipotálamo, a hipófise anterior e o testículo.
Primeiramente o hipotálamo produz o hormônio de
liberação das gonadotrofinas (GnRH) que em seguida estimula a
hipófise anterior o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-
84
estimulante (FSH). O LH vai até as células de Leydig do testículo e
estimula a síntese de testosterona, bem como o FSH também vai ao
testículo, mas estimula a espermatogênese nas células de Sertoli.
É importante destacar que a testosterona gera inibição de GnRH,
LH e FSH por feedback negativo, explicando o fato de usuários de
esteroides do sexo masculino ter uma redução na concentração de
LH e FSH, caracterizando a inibição do eixo da produção endógena
de testosterona (MOLINA, 2014).
Após a produção, a testosterona vai pra corrente sanguínea.
No sangue a testosterona pode ser transportada de três maneiras:
1) Testosterona livre; 2) Testosterona ligada na proteína albumina; 3)
Testosterona ligada em uma proteína denominada Globulina Ligadora
de Hormônios Sexuais (SHBG). A Testosterona livre e a testosterona
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ligada à albumina são consideradas testosterona biodisponível, ou
seja, é a testosterona que vai agir e estimular a hipertrofia muscular.
Entretanto, a testosterona ligada no SHBG é considerada testosterona
inativa, indicando que aumentar a concentração de SHBG no sangue
pode reduzir a quantidade de testosterona biodisponível. A grande
maioria da testosterona está ligada à albumina (38%) ou à SHBG
(60%), com os 2% restantes circulando em estado livre. A produção
de testosterona em homens fica em torno de 500 ng/dL e de mulheres
em torno de 50 ng/dL, e claro, existe uma grande variabilidade de
pessoa para pessoa. A figura 20 resume como a testosterona é
produzida no homem.
Figura 20. Eixo hormonal para a produção de testosterona
no homem
85
Legenda: O hipotálamo produz o hormônio de liberação das gonadotrofinas (GnRH) que em seguida
estimula a hipófise anterior o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH). O LH
vai até as células de Leydig do testículo e estimula a síntese de testosterona, bem como o FSH também
vai ao testículo, mas estimula a espermatogênese nas células de Sertoli. No sangue a testosterona pode
ser transportada de três maneiras: 1) Testosterona livre; 2) Testosterona ligada na proteína albumina;
3) Testosterona ligada em uma proteína denominada Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais (SHBG)
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Do sangue a testosterona vai agir em outros tecidos. Por
ser derivada do colesterol a testosterona atravessa a membrana
plasmática e ao entrar na célula alvo a testosterona pode ter três
destinos, tais como: 1) A testosterona liga no receptor androgênico
(AR) no citoplasma, formando o complexo hormônio-receptor. Ambos
são direcionados para núcleo celular e na fita de DNA causa um
aumento da transcrição de RNA mensageiro que posteriormente são
convertidos em proteínas nos ribossomos, sendo que essas proteínas
promovem a função específica da testosterona naquela célula; 2) A
testosterona pode ser convertida em di-hidrotestosterona (DHT)
por ação da enzima 5alfa redutase; e 3) A testosterona pode ser
convertida em estrogênio por ação da enzima aromatase (MELMED,
2017).
86
Como a testosterona gera a hipertrofia?
A testosterona é o principal hormônio anabólico, ou seja,
tem uma grande influência na hipertrofia muscular. O mecanismo no
qual a testosterona gera aumento da massa muscular é multifatorial.
A testosterona age na célula muscular por meio do receptor
androgênico, sendo que após a ligação da testosterona ao receptor
androgênico, ambos são direcionados para o núcleo celular para
ocorrer à interação com a fita do DNA e aumentar a transcrição de
genes relacionados ao processo de síntese de proteínas musculares,
como a mTOR. Além disso, a testosterona pode aumentar o número
de receptores androgênicos, de ribossomos, de células satélites e
mionúcleos no músculo esquelético (SINHA-HIKIM et al., 2003).
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Quando uma pessoa usa esteroide a concentração de
testosterona no sangue aumenta, caracterizando uma condição
suprafisiológica. Entendam que ao aumentar a quantidade de
testosterona no sangue a nível suprafisiológico as adaptações
citadas acima são potencializadas, ou seja, o indivíduo terá aumento
da síntese de proteínas musculares nos ribossomos e isso promove
o aumento da massa muscular. Esse aumento da síntese proteica
pode ser explicado ao fato da testosterona estimular a via da mTOR
e ao mesmo tempo elevar a quantidade de receptores androgênicos,
ribossomos e mionúcleos, havendo um aumento de toda a maquinaria
celular responsável em gerar a hipertrofia muscular (ROSSETTI et al.,
2017). A figura 21 resume os principais efeitos da testosterona para
gerar o ganho de massa muscular.
Figura 21. Mecanismos que a testosterona gera a hipertrofia
muscular
87
Legenda: A testosterona aumenta o número de receptores androgênicos, expressão da proteína mTOR,
número de ribossomos, mionúcleos e células satélites. Esses efeitos aumentam a síntese de proteínas
musculares. O aumento de testosterona no sangue a nível suprafisiológico com uso de esteroides
potencializa esses efeitos, promovendo o ganho de massa muscular.
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A musculação aumenta a testosterona?
Após a musculação pode haver um pequeno aumento de
testosterona no sangue, sendo que o pico acontece 60 minutos
após o treino (FINK et al. 2018). Alguns estudos têm sugerido que
esse aumento de testosterona é pequeno, não havendo impacto
significativo para estimular a síntese de proteínas musculares
e a hipertrofia. Pesquisas têm demonstrado que o aumento do
receptor da testosterona (androgênico) é mais importante para
a hipertrofia do que o pico plasmático que acontece no pós-treino
(MORTON et al., 2018). Esse tipo de afirmação nos faz refletir, pois
o que adianta aumentar um pouco o nível de testosterona se não há
receptor suficiente no músculo? Podemos exemplificar isso com o
uso de fitoterápicos como o tribulus terrestris que gera um pequeno
88
aumento na testosterona, porém sem efeitos no ganho de massa
muscular, mas sim melhora apenas da libido. Por isso, a variação de
testosterona dentro dos limites fisiológicos pode não impactar muito
na hipertrofia.
Quando uma pessoa faz musculação ocorre um aumento
no conteúdo de receptores androgênicos no tecido muscular, ou
seja, uma das adaptações que a musculação promove é elevar a
quantidade de receptores androgênicos, e claro, esse aumento pode
atingir um platô em pessoas bem treinadas (MORTON et al., 2018).
Em ratos, o aumento do conteúdo do receptor androgênico parece
ser de maneira específica ao tipo fibra, com aumentos maiores para
as fibras de contração rápida (tipo II) (DESCHENES et al., 1994).
Estes resultados podem explicar em partes o motivo que as fibras
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tipo II tem maior capacidade hipertrófica do que as fibras tipo I, pois
com mais receptor androgênico maior ligação com a testosterona e
aumento da síntese de proteínas musculares. Portanto, o aumento
de receptores androgênicos parece melhorar o potencial de ligação
da testosterona em nível celular no músculo esquelético e maximizar
a capacidade hipertrófica.
Dietas de emagrecimento podem reduzir
a testosterona?
O déficit calórico é uma condição essencial para ocorrer a
perda de gordura, conforme foi mencionado nos tópicos anteriores.
Isso significa que qualquer dieta só vai promover o emagrecimento
se houver déficit calórico. Alguns estudos demonstraram que o
déficit calórico severo pode gerar uma redução de testosterona e
um aumento na concentração plasmática de SHBG (ALEMANY et al.
2008; HENNING et al. 2014). Uma das possíveis explicações que o
89
déficit calórico aumenta o SHBG é devido ao fato da insulina diminuir
no sangue durante esta condição. A produção do SHBG acontece no
fígado, sendo que a insulina pode reduzir a produção do SHBG. Em
outras palavras, o déficit calórico diminui a insulina e isso aumenta o
SHBG (STRAIN et al., 1994).
Foi demonstrado que uma dieta com déficit calórico
aumentou a concentração sanguínea de SHBG e reduziu a
concentração de testosterona (CALBET et al., 2017; CANGEMI et
al., 2010; MAESTU et al., 2010), sendo que esses efeitos podem
acontecer com maior magnitude quando o déficit calórico é
muito elevado (acima de 1000 kcal). Lembrando que uma pequena
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oscilação na concentração de testosterona pode não interferir na
massa muscular, porém, se o déficit calórico for severo poderá ter
uma maior redução na concentração de testosterona no sangue,
sendo extremamente importante em pessoas não obesas que
querem emagrecer usar um déficit calórico moderado (~500 kcal)
com musculação e dieta hiperproteica (1.6 a 3.0g/kg/dia) para
preservar a massa muscular. Em pessoas obesas o déficit calórico
pode ser um pouco acima de 500 kcal, uma vez que nessas pessoas
as chances de ter redução de massa muscular são menores.
A restrição acentuada na ingestão de gorduras também
pode reduzir a produção de testosterona. As gorduras ingeridas na
dieta exercem importantes funções no organismo, como reserva
energética, formação das membranas celulares, síntese de vitamina
90
D e de hormônios esteroides como a Testosterona. A ciência vem
demonstrando que uma dieta de baixa ingestão de gorduras pode
afetar o metabolismo da testosterona e reduzir a sua produção
(DORGAN et al. 1996). Por esse motivo é importante estar atento
na quantidade de gorduras ingeridas, sendo recomendado que a
ingestão de gorduras seja no mínimo entre 0.5 g/kg/dia.
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como a testosterona é produzida no homem e na mulher.
2) Cite as três maneiras que a testosterona é transportada no
sangue, apontando qual é a metabolicamente ativa e inativa.
3) Explique como o aumento de testosterona a nível suprafisiológico
com uso de esteroides exerce efeitos na hipertrofia muscular.
4) Explique o motivo que um pequeno aumento de testosterona
dentro dos limites fisiológicos pode não impactar na hipertrofia
muscular.
5) Descreva como a musculação e a dieta pode impactar no
metabolismo da testosterona.
91
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7
CAPÍTULO
TIREOIDE
92
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os mecanismos que os hormônios tireoidianos são produzidos;
• Os mecanismos que os hormônios tireoidianos agem na célula-
alvo;
• A influência dos hormônios tireoidianos sobre a taxa metabólica
basal;
•
O efeito dos hormônios tireoidianos sobre a lipólise e no
metabolismo energético;
• O impacto do emagrecimento sobre os hormônios tireoidianos;
• A relação entre hormônios tireoidianos, termogênese adaptativa
e emagrecimento.
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Como os hormônios tireoidianos são
produzidos?
A tireoide é uma glândula que produz os hormônios
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), sendo que esses hormônios
exercem uma grande importância sobre diversas reações químicas
que acontecem no metabolismo. A produção dos hormônios
tireoidianos envolve o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. Primeiro o
hipotálamo produz o hormônio liberador de tireotrofina (TRH) que
em seguida estimula a produção do hormônio tiroestimulante (TSH)
na hipófise anterior. O TSH vai até a tireoide e estimula a produção de
T3 e T4 (MOLINA, 2014).
Quando ocorre um aumento na concentração de T3 e T4
no sangue ocorre inibição do eixo, pois os hormônios tireoidianos
bloqueiam a produção de TRH no hipotálamo e de THS na hipófise
anterior. Um exemplo disso é quando pessoas usam hormônios
93
tireoidianos com a finalidade de perder gordura, já que estes
hormônios são termogênicos. Ao aumentar os níveis dos hormônios
tireoidianos no sangue por via exógena a produção endógena de
T3 e T4 diminui. Isso explica o fato do reganho de gordura corporal
após a interrupção do uso destes hormônios (ABID et al. 1999), já que
a recuperação do eixo leva dias e com a queda plasmática de T3 e
T4 o metabolismo diminui, criando um ambiente mais favorável para
ganho de gordura.
Importante mencionar que tireoide produz mais T4 do que
o T3, sendo que ao entrar na célula alvo o T4 é convertido em T3
por ação enzimática de desiodinases, sendo que cerca de 80% da T4
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produzida pela tireoide sofrem desiodação na periferia.
Como agem os hormônios tireoidianos?
Os hormônios tireoidianos (T3 e T4) derivam do aminoácido
tirosina, mas esses hormônios conseguem atravessar a membrana
plasmática por meio de canais. O hormônio T4 ao entrar na célula é
convertido em T3 por ação de enzimas chamadas de desiodinases.
Isso significa que é o T3 o hormônio que mais age na célula alvo.
Os receptores de hormônios tireoidianos são expressos em
praticamente todos os tecidos, no qual são localizados no núcleo
celular (HALL, 2011).
Vamos entender agora o mecanismo de ação do hormônio
T3 na célula alvo. Ao entrar na célula o hormônio T3 liga no seu
94
receptor que está localizado no núcleo celular, formando o complexo
hormônio-receptor. O T3 juntamente com seu receptor estimula
na fita de DNA a transcrição de RNA mensageiro (genes) que irão
ser traduzidos em proteínas pelos ribossomos. Basicamente o
T3 estimula a formação de proteínas no meio intracelular, sendo
que essas proteínas geram os efeitos específicos do T3 naquela
célula. A figura 23 representa o principal mecanismo de ação
dos hormônios tireoidianos sobre a célula alvo. Percebam que a
ação do T3 é nuclear, aumentando o processo de transcrição e
tradução. Importante destacar que o hormônio T3 também age
por ativar proteína intracelular, processo chamado de ação não-
genômica (MOLINA, 2014), no qual iremos detalhar este conteúdo
nos próximos tópicos.
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Figura 23. Mecanismo de ação dos hormônios tireoidianos
Legenda: Quando o hormônio T4 entra na célula alvo é convertido em T3 por ação da enzima iodinase.
Ao entrar na célula o hormônio T3 liga no seu receptor que está localizado no núcleo celular, formando o
complexo hormônio-receptor. O T3 juntamente com seu receptor estimula na fita de DNA a transcrição
de RNA mensageiro (genes) que irão ser traduzidos em proteínas pelos ribossomos. As proteínas que
foram formadas por estímulo do T3 exercem as funções específicas do hormônio naquela célula.
Os hormônios tireoidianos exercem efeitos em diversos
tecidos, impactando diretamente no gasto energético do organismo.
Vamos compreender primeiramente o efeito dos hormônios
95
tireoidianos sobre a velocidade do metabolismo, bem como seu efeito
na taxa metabólica basal.
O gasto energético total (GET) de uma pessoa durante
o dia pode ser dividida em quatro componentes, tais como: 1) taxa
metabólica basal (70% do GET); 2) efeito térmico dos alimentos (10%
do GET); 3) gasto energético em atividades diárias (15% do GET);
e 4) gasto energético em exercício físico. A taxa metabólica basal
pode sofrer influência pela idade, sexo, peso corporal, bem como
quantidade de massa magra. Entretanto, alguns hormônios como os
da tireóide e a leptina também podem impactar na taxa metabólica
basal (KIM et al. 2008).
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Existe uma relação entre concentração de hormônios
tireoidianos e o quanto que o organismo gasta energia em repouso
(taxa metabólica basal). A figura 24 mostra que ao aumentar
a concentração plasmática dos hormônios tireoidianos a taxa
metabólica basal aumenta, sendo que condição de hipertireoidismo
pode ocorrer um aumento de até 10 a 30 % na taxa metabólica basal.
A figura também mostra que a redução na concentração plasmática
dos hormônios tireoidianos gera uma redução na taxa metabólica
basal, no qual condição de hipotireoidismo pode haver uma redução
de 10 a 45 % na taxa metabólica basal. Logicamente que uma mudança
drástica na taxa metabólica basal pode impactar na quantidade
de gordura corporal, pois ao gastar menos energia em repouso a
facilidade de ter um superávit calórico é maior, promovendo o ganho
96
de gordura corporal, sendo que essa condição é muito comum em
pessoas com hipotireoidismo.
Figura 24: Relação entre concentração de hormônios
tireoidianos e taxa metabólica basal.
Legenda: Adaptado de Hall (2011)
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O principal mecanismo que explica o efeito do T3 sobre o
aumento da taxa metabólica basal é associado à influência que este
hormônio gera sobre as mitocôndrias, principalmente no músculo
esquelético. O hormônio T3 aumenta a atividade mitocondrial,
acelerando a oxidação de glicose e ácidos graxos. Além disso, o T3
aumenta a atividade e expressão da proteína desacopladora (UCP),
sendo localizada na membrana interna da mitocôndria. Quando a
UCP é estimulada ocorre passagem de prótons e elétrons do espaço
intermembranas para dentro da matriz mitocondrial, sendo esse
processo gera calor e consequentemente gasto energético. Isso
significa que o T3 aumenta a atividade de UCP, elevando a produção
de calor e gasto energético (HARPER et al. 2008).
Além de elevar a taxa metabólica basal, os hormônios
tireoidianos podem exercer funções no metabolismo da glicose. No
músculo esquelético o T3 aumenta a captação de glicose do sangue
97
para o meio intracelular. Alguns estudos têm demonstrado que o T3
pode aumentar a translocação de GLUT4 para a membrana celular
e ainda aumentar a expressão (quantidade) de GLUT4 no músculo
esquelético (CHIDAKEL et al. 2005).
Outro efeito do T3 é aumentar a lipólise no tecido adiposo. O
hormônio T3 aumenta a expressão e atividade dos receptores beta
adrenérgicos, ou seja, aumenta a quantidade dos receptores que são
estimulados pela adrenalina (PUCCI et al. 2000).
Percebam que o T3 exerce efeitos interessantes para gerar
perda de gordura, pois aumenta a taxa metabólica basal, atividade
mitocondrial e ainda a lipólise. Por esse motivo o uso de hormônios
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tireoidianos vem sendo usado para acelerar a perda de gordura,
mas é importante lembrar que o aumento na concentração destes
hormônios no sangue gera inibição do eixo, ou seja, diminui a produção
de TRH e TSH, reduzindo a produção endógena dos hormônios
tireoidianos. Durante o uso exógeno destes hormônios o efeito da
perda de gordura será otimizado, porém após a interrupção do uso o
reganho de gordura acaba sendo facilitado, pois o retorno normalizado
na produção endógena de T3 e T4 leva alguns dias, fazendo com
que o metabolismo fique mais lento durante esse período e isso cria
um ambiente mais favorável para o armazenamento de gordura.
Lembrando que o reganho de gordura pode acontecer mesmo
realizando a redução gradual na dose de hormônios tireoidianos,
sendo essa prática muito comum para minimizar o efeito rebote.
98
O emagrecimento diminui os hormônios
tireoidianos?
O déficit calórico e a perda de peso podem impactar na
produção dos hormônios tireoidianos. Diversos estudos mostraram
redução na concentração sanguínea de T3 em pessoas que
emagreceram, sendo que a redução de T3 é proporcional à quantidade
de peso perdido, ou seja, se uma pessoa perde muito peso corporal a
redução na produção de T3 é maior. A queda de T3 no sangue com o
emagrecimento pode gerar uma pequena redução da taxa metabólica
basal, processo denominado de termogênese adaptativa (MÜLLER
et al 2013).
O termo “termogênese adaptativa” significa uma adaptação
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termogênica com o processo de emagrecimento, no qual é a redução
da taxa metabólica basal independente da perda de peso. Lembrando
que ao reduzir o peso corporal já existe uma queda da taxa
metabólica basal, pois com menor massa gorda ou massa muscular
o gasto em repouso diminui. Isso significa que quando uma pessoa
emagrece ocorre redução na taxa metabólica basal, sendo que este
efeito é explicado por dois motivos: 1) redução do peso corporal;
e 2) termogênese adaptativa gerada pela queda de T3 no sangue.
Lembrando que a queda da taxa metabólica basal é proporcional à
quantidade de peso perdido, ou seja, se um obeso perde 30 kg a taxa
metabólica basal irá cair mais em comparação a uma pessoa não
obesa que perde 5 kg.
A termogênese adaptativa também pode acontecer devido à
redução na produção de leptina. A leptina pode aumentar a atividade
do sistema nervoso autônomo simpático, ou seja, a perda da massa
99
gordura faz reduzir a produção de leptina que consequentemente
ocorrerá uma redução na atividade simpática e gasto energético em
repouso (MÜLLER et al. 2013).
É importante destacar que não é a queda do metabolismo
que mais explica o platô no emagrecimento, pois a queda da taxa
metabólica basal é pequena. O fator que mais pode fazer uma pessoa
parar de emagrecer ou até mesmo ter o reganho de peso é o aumento
da ingestão calórica desencadeada pelo aumento da fome (detalhes
no próximo capítulo). Por exemplo, para cada quilo perdido o gasto
energético diminui em torno de 20-30 kcal e a ingestão calórica
aumenta em torno de 100 kcal (HALL et al. 2018). Percebam que
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pra cada quilo de peso perdido a quantidade de calorias ingeridas
é maior do que a quantidade de calorias perdidas pela redução da
taxa metabólica basal. Portanto, se a curto prazo (1 a 6 meses) uma
pessoa para de emagrecer, provavelmente isso está acontecendo
devido ao aumento da ingestão calórica e não muito devido a queda
da taxa metabólica basal.
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Explique como os hormônios tireoidianos são produzidos.
2) Descreva como os hormônios tireoidianos agem na célula
alvo.
3) Explique por qual mecanismo os hormônios tireoidianos
aumentam a taxa metabólica basal e a lipólise no tecido adiposo.
4) Por que pode haver reganho de peso após a interrupção
do uso exógeno de hormônios tireoidianos?
5) Explique a relação entre o emagrecimento com hormônios
tireoidianos e a termogênese adaptativa.
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HORMÔNIOS QUE
102
CONTROLAM A FOME E A
SACIEDADE
Neste capítulo, você irá aprender sobre:
• Os mecanismos fisiológicos que estimulam a fome e a
saciedade no hipotálamo;
• A influência hormonal sobre a fome e saciedade;
• Os mecanismos que a grelina aumenta a fome;
• Os mecanismos que hormônios intestinais, insulina e leptina
aumentam a saciedade;
• Os mecanismos que a ingestão de proteínas gera mais
saciedade;
• O efeito do emagrecimento na fome e hormônios que
controlam o apetite.
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Controle hipotalâmico da fome e
saciedade
O hipotálamo é um órgão que além de produzir hormônios
controla a fome e a saciedade. É no hipotálamo que a sensação de
fome acontece durante o jejum, bem como a saciedade após a ingestão
alimentar. O aumento da sensação de fome ou saciedade acontece
por ativação de certo tipo de neurônio no hipotálamo, sendo que esse
processo é controlado por alguns hormônios (AUSTIN et al. 2008).
Os neurônios orexígenos NPY/AgRP aumentam a sensação de fome.
Isso significa que a ativação destes neurônios faz o indivíduo sentir
mais fome (jejum). Por outro lado os neurônios anorexígenos POMC/
CART aumentam a sensação de saciedade, ou seja, a ativação destes
neurônios faz o indivíduo sentir saciedade (pós-prandial).
Existem alguns fatores que controlam o apetite, dentre
eles o fator hormonal, sendo que existem hormônios que são
103
secretados por estímulo da ingestão alimentar e outros que são
produzidos durante o jejum. Por exemplo, quando o estômago está
vazio as células gástricas produz o hormônio grelina, no qual age
no hipotálamo estimulando a sensação de fome. Existem diversos
hormônios produzidos pelo intestino, como a colecistoquinina, que é
produzida quando chega alimento no duodeno e estimula a sensação
de saciedade no hipotálamo. O peptídeo YY (PYY) e o peptídeo
semelhante a glucagon 1 (GLP-1) também são secretados pelo intestino
após a ingestão alimentar e aumentam a sensação de saciedade no
hipotálamo. A insulina também é produzida após a ingestão alimentar
e age juntamente com CCK, GLP-1 e PYY estimulando a saciedade
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(WREN et al. 2007).
Por fim, existe um hormônio chamado de leptina que é
produzido pelo tecido adiposo e gera saciedade no hipotálamo.
A leptina é produzida proporcionalmente a quantidade de tecido
adiposo, ou seja, se um indivíduo tem mais gordura corporal produz
mais leptina e se o indivíduo é eutrófico produz menos leptina (KLOK
et al. 2007). Nós iremos entender com mais detalhes como esses
hormônios atuam durante o jejum para estimular a fome e no período
pós-prandial para gerar a saciedade.
Controle hormonal da fome
No período de jejum a sensação de fome aumenta, indicando
que os neurônios orexígenos NPY/AgRP foram ativados, pois por
104
meio da ativação destes neurônios no hipotálamo a sensação de
fome acontece. O principal hormônio que estimula a fome, ou seja,
ativa os neurônios NPY/AgRP é a grelina. A grelina é produzida pelas
células gástricas, especificamente quando o estômago está vazio.
Isso significa que se o estômago está vazio a grelina é produzida para
estimular a fome, e fazer o indivíduo se alimentar com a finalidade de
fornecer mais substratos energéticos para o organismo. Por outro
lado, quando o estômago está cheio a produção de grelina pelas
células gástricas diminui. Percebam que a produção da grelina é
dependente do conteúdo gástrico.
O mecanismo que a grelina estimula a fome no hipotálamo
vem sendo estudado. Após a produção (estômago vazio) a grelina
cai na corrente sanguínea e vai até o hipotálamo, no qual se liga em
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seu receptor nas células hipotalâmicas. A ligação da grelina ao seu
receptor na membrana plasmática ativa no meio intracelular uma
proteína chamada de Proteína Quinase Ativada por AMP (AMPK)
que posteriormente ativa os neurônios NPY/AgRP, aumentando a
sensação de fome no hipotálamo. De maneira sinérgica a ativação de
AMPK no hipotálamo via grelina também ativa e transloca um fator de
transcrição chamado de FOXO para o núcleo celular que ao se ligar
na fita de DNA promove a transcrição de genes relacionados aos
neurônios NPY/AgRP (ANDREWS et al. 2011).. A figura 25 demonstra
os possíveis mecanismos que a grelina estimula a sensação de fome
no hipotálamo.
Figura 25. Mecanismos que a grelina aumenta a sensação
de fome no hipotálamo.
105
Legenda: A ligação da grelina ao seu receptor na membrana plasmática ativa no meio intracelular uma
proteína chamada de Proteína Quinase Ativada por AMP (AMPK) que posteriormente ativa os neurônios
NPY/AgRP, aumentando a sensação de fome no hipotálamo. De maneira sinérgica a ativação de AMPK
no hipotálamo via grelina também ativa e transloca um fator de transcrição chamado de FOXO para
o núcleo celular que ao se ligar na fita de DNA promove a transcrição de genes relacionados aos
neurônios NPY/AgRP.
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O aumento da fome durante o jejum é explicado em partes
pelo fato da maior concentração de grelina no sangue, porém é
importante lembrar que na condição de jejum, a concentração de
insulina é menor e ao mesmo tempo o intestino produz menos CCK,
PYY e GLP-1, indicando que durante o jejum a concentração sanguínea
é baixa de hormônios que estimulam a saciedade.
Controle hormonal da saciedade
Após a ingestão alimentar a sensação de saciedade
aumenta, indicando que os neurônios anorexígenos POMC/CART
foram ativados e ao mesmo tempo houve inibição dos neurônios NPY/
AgRP. Existem alguns hormônios que estimulam a saciedade, como a
insulina, CCK, PYY e GLP-1, sendo que todos eles são secretados por
106
estímulo da ingestão alimentar. Além disso, a leptina produzida pelo
tecido adiposo também gera saciedade (AUSTIN et al. 2008), porém
o detalhamento dos seus efeitos será abordado no próximo tópico.
A insulina é produzida no pâncreas em resposta ao aumento
da glicemia e de aminoácidos no sangue, no qual cai na corrente
sanguínea e pode ir até o hipotálamo para aumentar a saciedade. O
mecanismo que a insulina promove a saciedade no hipotálamo está
relacionado a inibição dos neurônios que aumenta a fome (NPY/AgRP).
Primeiro a insulina se liga em seu receptor na membrana plasmática
da célula do hipotálamo. Essa ligação ativa no meio intracelular o IRS-
1 que posteriormente ativa as proteínas chamadas de PI3 quinase
e AKT. Quando AKT é ativada o fator de transcrição FOXO sai do
núcleo e vai até o citoplasma, ou seja, a insulina promove a saída do
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FOXO da fita de DNA, pois isso diminui a ativação dos neurônios que
geram fome (NPY/AgRP). Ao mesmo tempo, quando a insulina liga no
receptor ocorre inibição da AMPK, bloqueando os neurônios NPY/
AgRP. Observem que a insulina atua bloqueando os neurônios de
fome, e isso contribui para a sensação de saciedade que acontece
no período pós-prandial (YU et al. 2009).
Após a ingestão alimentar o intestino secreta CCK, PYY e
GLP-1. O mecanismo que explica o motivo que a alimentação estimula
esses hormônios está relacionado ao fato da passagem do alimento
do estômago para o duodeno (intestino). Quando o alimento chega
ao intestino ocorre distensão mecânica da parede intestinal e ao
mesmo tempo ocorre uma queda do pH no duodeno (acidose), pois
o suco gástrico acaba passando do estômago para o intestino. A
distensão da parede intestinal e a queda do pH são os principais
estímulos para o intestino produzir CCK, PYY e GLP-1. Percebam que
107
a distensão da parede intestinal e a queda do pH só acontece quando
há a ingestão alimentar, sendo que os três hormônios vão para a
corrente sanguínea e agem no hipotálamo estimulando os neurônios
anorexígenos POMC/CART, aumentando a sensação de saciedade
(WREN et al. 2007). A figura 26 demonstra o quadro hormonal após
a ingestão alimentar que desencadeia a sensação de saciedade no
hipotálamo.
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Figura 26. Quadro hormonal após a ingestão alimentar que
estimula a sensação de saciedade no hipotálamo
108
Legenda: Após a ingestão alimentar ocorre redução na concentração sanguínea de grelina e aumento
na concentração de insulina, CCK, PYY e GLP-1. Esse quadro hormonal gera maior ativação de
neurônios POMC/CART e menor ativação de neurônios NPY/AgRP, gerando o aumento da saciedade
no hipotálamo.
Como a leptina controla a apetite?
A leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo, sendo
que a sua concentração no sangue é proporcional à quantidade de
gordura corporal. Isso significa que pessoas obesas produzem mais
leptina do que pessoas eutróficas, e quando uma pessoa emagrece
a produção de leptina diminui. A leptina exerce diversas funções no
organismo, dentre essas funções, a leptina aumenta a saciedade no
hipotálamo e ao mesmo tempo ativa o sistema nervoso autônomo
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simpático, elevando o gasto energético (KLOK et al. 2007). Devido
a esses efeitos da leptina, muitos pesquisadores acreditaram que
descobriram a cura da obesidade, porém a administração de leptina
em humanos obesos não foi eficaz para a perda de peso.
Você deve está se perguntado o motivo que o obeso come
muito, pois a concentração sanguínea de leptina é alta, sendo que
essa pessoa deveria ter mais saciedade. Na obesidade pode ocorrer
a resistência à leptina e a insulina no hipotálamo. O excesso de tecido
adiposo produz proteínas inflamatórias que vão até o hipotálamo e
inibe a ação da leptina e da insulina em gerar saciedade. Basicamente
o obeso tem muita leptina e insulina circulante, porém quando esses
hormônios ligam em seus receptores no hipotálamo não conseguem
gerar efeitos intracelulares para promover a saciedade (JUNG et al.
2013). Lembrando que o excesso de ingestão alimentar na obesidade
pode ser explicado também por motivos comportamentais, pois
109
normalmente essas pessoas exercem hábitos sedentários e escolhas
alimentares de má qualidade, bem como alta densidade calórica.
Vamos compreender o mecanismo que a leptina gera
saciedade no hipotálamo. A leptina liga no seu receptor localizado
na membrana plasmática da célula hipotalâmica. Essa ligação gera
ativação de proteínas intracelulares como a proteína chamada de
Janus quinase (JAK) que posteriormente ativa a proteína STAT3.
Basicamente a leptina ativa a via JAK/STAT que tem como função
estimular neurônios POMC/CART e ao mesmo tempo inibe os
neurônios NPY/AgRP, gerando saciedade.
Lembrando que o emagrecimento gera redução da produção
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de leptina, sendo um dos motivos que a fome aumenta quando uma
pessoa emagrece, sendo esses detalhes mencionados nos próximos
tópicos.
Por que as proteínas geram mais
saciedade?
Os estudos têm demonstrado que a saciedade é maior após
a ingestão de uma refeição com mais proteínas em comparação
a ingestão de uma refeição com menos proteínas e com mais
carboidratos ou gorduras (BRENNAN et al. 2012). Vamos primeiramente
compreender o mecanismo que as proteínas geram mais saciedade
e depois entender como podemos usar esse conhecimento para o
objetivo de emagrecimento ou hipertrofia.
110
Ao consumir proteínas ocorre maior produção dos hormônios
CCK, GLP-1, PYY e ao mesmo tempo maior redução de grelina. Isso
acontece porque as proteínas quando passam do estômago para
o duodeno (intestino) geram mais distensão na parede intestinal
e maior queda no pH, potencializando a produção de CCK, PYY e
GLP-1, sendo que todos esses hormônios estimulam a saciedade no
hipotálamo.
O CCK além de gerar saciedade pode impactar na motilidade
do estômago, ou seja, o CCK sai do intestino e vai até o estômago e
inibe o esvaziamento gástrico. Isso explica o motivo que ao ingerir
proteínas o esvaziamento gástrico é mais lento, pois existe uma alta
produção de CCK. Com o estômago esvaziamento mais lentamente
a produção de grelina é menor no período pós-prandial, pois este
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hormônio é secretado de acordo com o volume gástrico (HALL,
2011). Observem que após a ingestão de proteínas ocorre um grande
aumento de hormônios que geram saciedade (CCK, GLP-1 e PYY) e
uma redução do hormônio que gera fome (grelina) mediada por ação
de CCK no estômago, sendo que esses efeitos também acontecem
quando ocorre consumo de carboidratos e gordura, mas em menor
proporção que as proteínas. A figura 27 resume os principais
mecanismos que as proteínas geram mais saciedade.
Figura 27. Mecanismos que as proteínas geram mais
saciedade
111
Legenda: Após a ingestão de proteínas ocorre maior distensão da parede intestinal e queda no pH
no intestino. Esses efeitos promovem uma alta produção de CCK que diretamente gera saciedade no
hipotálamo, mas também inibe o esvaziamento gástrico. Com o estômago esvaziando de maneira lenta
a produção do hormônio que gera fome (grelina) é menor no período pós-prandial.
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Proteínas e saciedade: Aplicações
práticas na hipertrofia e emagrecimento
Esse maior efeito de saciedade que as proteínas geram é
muito importante no emagrecimento. Sabemos que o déficit calórico
é uma condição essencial para o emagrecimento acontecer, sendo
que nesta condição a fome aumenta. Um dos principais motivos que
faz uma pessoa desistir da dieta é a fome que a dieta proporciona,
então, consumir mais proteínas na dieta vem sendo uma ótima
estratégia para a perda de peso. Os estudos mostraram que dietas
hiperproteicas geram maior perda de gordura corporal do que dietas
hipoproteicas (LONGLAND et al. 2016), sendo que a dose normalmente
utilizada é de 1.6 a 3.0 g/kg/dia. A dieta hiperproteica é uma ótima
maneira de gerar maior aderência a dieta por maior saciedade e ainda
112
preserva ou aumenta a massa muscular em déficit calórico.
Em fase de hipertrofia muscular ou em dietas com superávit
calórico é muito comum ver as pessoas exagerando no consumo
de proteínas, pois acreditam que quanto mais proteína na dieta
maior os ganhos. No entanto, existe um grande corpo de evidências
científicas mostrando que o efeito da proteína na hipertrofia acontece
até uma determinada dose diária, sendo que ultrapassar essa
dose a hipertrofia não acontece mais e os aminoácidos extras são
eliminados pela urina através da formação de ureia. A recomendação
de proteína para a hipertrofia fica em torno de 1.6 a 2.2 g/kg/dia,
sendo que ultrapassar esses valores além de não ganhar mais massa
muscular pode ocorrer muita saciedade e atrapalhar a ingestão de
carboidratos. Uma condição muito comum é ver pessoas em fase de
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hipertrofia não conseguindo consumir carboidratos, pois existe um
excesso de proteína na dieta.
Por que a fome aumenta ao emagrecer?
A ciência vem demonstrando que o emagrecimento aumenta
a sensação de fome (SUMITHRAN et al. 2011). QQuando uma pessoa
inicia o plano alimentar para perder gordura a motivação é maior
e ao mesmo tempo ainda não ocorreram as alterações hormonais
que o emagrecimento gera, fazendo com que a aderência à dieta
seja maior no começo. Isso explica o fato das pessoas seguirem com
maior facilidade a dieta nas primeiras semanas, até mesmo quando
existe um extremismo da restrição calórica.
Quando uma pessoa perde gordura corporal ocorre redução
na produção de leptina, pois com menos tecido adiposo, menor é a
secreção de leptina. Além disso, quando uma pessoa está em déficit
113
calórico a produção de insulina é menor e ao mesmo tempo ocorre
maior secreção de grelina. Os estudos também têm demonstrado que
ao emagrecer a produção dos hormônios intestinais são alteradas,
como redução na secreção de CCK, PYY e GLP-1 (SUMITHRAN et
al. 2011). Observem que o processo de emagrecimento faz aumentar
no sangue hormônio que gera fome (grelina) e diminui no sangue
hormônios que geram saciedade (leptina, insulina, CCK, PYY e GLP-
1). A figura 28 demonstra os mecanismos hormonais que a fome
aumenta com o emagrecimento.
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Figura 28. Fatores hormonais que explicam o aumento da
fome com o emagrecimento.
Legenda: O emagrecimento promove alterações na produção de hormônios que controlam a fome e a
saciedade. Ao emagrecer aumenta a produção da grelina, o hormônio que estimula a fome. Associado a
isso, o emagrecimento diminui a produção de hormônios que geram saciedade, como a leptina, insulina,
CCK, PYY e GLP-1. Esse quadro hormonal favorece a ativação dos neurônios que estimulam a sensação
de fome (NYP/AgRP) e reduz a ativação de neurônios que estimulam a saciedade (POMC/CART).
114
O aumento da fome é o principal fator que explica a desistência
na dieta, o platô no emagrecimento e até mesmo o reganho de peso
(efeito sanfona). Ao emagrecer a ingestão calórica pode aumentar e
eliminar o déficit calórico, gerando platô no emagrecimento ou até
mesmo pode ocorrer o superávit calórico, promovendo o reganho de
peso. Muitas acham que o que faz uma pessoa parar de emagrecer é
devido ao fato do emagrecimento tornar o metabolismo lento, como
mencionado anteriormente. Embora ocorra sim a redução do gasto
energético em repouso, porém essa queda é pequena, sendo que o
aumento da ingestão alimentar acaba gerando maior impacto sobre
o platô no emagrecimento. Por exemplo, para cada quilo perdido
o gasto energético diminui em torno de 20-30 kcal e a ingestão
calórica aumenta em torno de 100 kcal (HALL et al. 2018). Percebam
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que o aumento no consumo de quilocalorias é muito maior do que a
redução do gasto com o emagrecimento, tornando o fator que mais
influencia o platô no emagrecimento, bem como o reganho de peso
(efeito sanfona).
115
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QUESTÕES PARA MAIOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1) Descreva como a grelina atua durante o jejum para
estimular a sensação de fome.
2) Explique fisiologicamente o motivo que após a refeição a
sensação de saciedade aumenta.
3) Descreva o mecanismo que as proteínas geram mais
saciedade do que carboidratos e gorduras.
4) Explique o motivo que na obesidade a fome não é suprimida
mesmo com alta produção de leptina.
5) Descreva o motivo que a fome aumento no processo de
emagrecimento.
116
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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review and meta-analysis. Diabetologia v. 59, n.1, p. 44-55, 2016.
ABID, M; BILLINGTON, C. J.; NUTTALL, F. Q. Thyroid
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