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PA e UTI Simonetti

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Alfredo Simonetti MANUAL DE PSICOLOGIA HOSPITALAR 0 mapa da doenga wy Artesa Digitalizado com CamScanner Manual de Psicologia Hospjtay alar 144 iar 6 — Evite tratamenlo © svamente 7el080, sobre " cuidar. rem conflito com Os desejos do paciente ou de sua familie esse eeatia erporte se aproxinit, © CoMeEA A Fantasia do frag Tepe. | éneia ao afastamento, ti as. 7 >a tendéncia ao afastamento, tio co; a evite a tendé mat so terapéutico. evil profissionais de satide. E26 =O psicdlogo no pronto-socorro Pronto-socorro & 0 local destinado a0 tratamento das emer. ‘as médicas. Entende-se por emergencia as s tuagdes Clinicas em que a vida do paciente encontra-se em risco imediato, © por isso requerem tratamento igualmente imediato. Assim, 0 objetivo do pronto-socorro ¢ a estabilizagao das fungdes vitais do paciente eo alivio da dor. Ficam excluidos, portanto, objetivos mais a lon. go prazo, como a cura completa da doenga, ou o tratamento dos aspectos psicoldgicos a ela relacionados. Isso ndo autoriza os pro- fissionais que trabalham no pronto-socorro a agir como se nao hou- vesse um psiquismo ligado aquela emergéncia bioldgica, como se 0 corpo nao fosse também uma pessoa. O aspecto psiquico esta sempre ld, influenciando 0 andamento das coisas. Ocorre que nio € 0 alvo das agdes médicas naquele instante. Essa caracterizagio do atendimento emergencial no pronto-socorro situa o atendimen- to psicolégico em uma espécie de “momento dois”, sendo 0 “mo- mento um” o atendimento médico, e isso tem mesmo sua légica: 0 pronto-socorro é um pronto-socorro médico e nao um pronto-so- toria, nada génci corro psicoldgico, que pode até existir, mas é outra tendo que ver com a psicologia hospitalar. Vejamos um exemplo. Uma paciente deprimida, ha muito em tratamento psiquidtrico, tentou suicidio cortando os pulsos e da en- trada no pronto-socorro com quadro de hemorragia moderada. E 0 momento adequado para chamar um psicélogo? Evidentemente que nao. Em primeiro lugar € preciso resolver 0 problema médico, tes- ‘aurando as condigdes minimas para que qualquer atendimento ps- colégico ocorra. Af sim o psicélogo entra em cena. Digitalizado com CamScanner and parte: Terapeutica ; , 45 set sand psicélogo &chamado a intervir, » Tisco ¢ ahem principio, jl foi controladoe por isto ae” med” rar em ritmo de agitacao e corres; eve on ancia médica, pois ansiedade gers anes op le una sala & em antervengaO do psicdlogo &é que el espe™ ‘ro ritmo, mais acolhedor para 9 Paci fi eta na seguinte fra essa ida mais + ODSICdlogo nig lente. Pode no Pronto-socorro pg, po ponto de vista psicoldgico, as Situacdes de ¢ serizam por uma inundagao do real no simbélico, arac' lhado nesse mar de sensa¢o : Mergéncia se onde o sujei- ; ensag es Cruas ¢ intensas nao encontra vos de fazet valer a simbolizagao como forma de enfrentament ° 0. objetivo do psicdlogo hospitalar € restaurar a simbolizacdo, bus. cando @ palavra como forma de enfrentamento da situagao emergencial. No dizer de Sterian (2000) “..€ a produgdo de um criativo que temos a possibilidade de dar conta do insuporta- espagi aor vee do impossivel”. E interessante notar que nas situagdes mais Porque tudo ja foi fomere dificeis da vida, quando nao ha mais nada a fazer, feito, ainda resta uma coisa a fazer: falar. pronto-socorro € 0 lugar das imprevisibilidades, como a UTI é0 lugar das intensidades, o que exige dos profissionais que traba- ham nesse local uma boa dose de flexibilidade. Costa & Miranda (Angerami, 1998) comentam que “...na unidade de urgéncia nao ha rotinas, e diante desse contexto to diferenciado o que se procura é resguardar ao maximo o paciente, na medida do possivel, pois mui- tas vezes 0 atendimento acontece no corredor, ou entre macas que se espremem, na portaria, no necrotério, do lado de fora do hospital, nas salas de observagao que comportam pacientes, familiares e equipe de satide. E um trabalho que exige criatividade do psicélogo para Possibilitar a verbalizagdo dos contetidos emocionais ¢ do doente e do seu acompanhante.” Na situacdio de emergéncia 0 sujeito s6 sente angistia, nao faz metéfora. Com uma oferta de escuta o psicdlogo cria condigdes para Ue as metdforas se instalem com todo o seu poder de enfrentamento ‘Na emergéncia 0 médico trabalha com coisas a fazer 0 psi- Digitalizado com CamScanner Manual de Ps nu sicologia Hosp ar a dizer. Isso vale tanto para as situagdes.)j vivenciadas no pronto-socorro, como também para outros oe existenciais. Por exemplo, numa situagao de separacao ae da, apés ter tentado, sem éxtito, tudo o que podia aa sempre podera falar e falar sobre isso com amigos como forma de lidar com sua dor. E nao podemos deixar e frisar que a fala € 0 proprio campo de trabalho do psicélogo, : Sterian (2000) recomenda que nas situagGes de emergéncia se distinga 0 sujeito na urgéncia do sujeito da urgéncia. O primeito é 9 sujeito que se tora 0 foco das atengdes terapéuticas, ¢ 0 segundo, o sujeito que demanda, que solicita o atendimento em carater de urgén. cia. Os dois podem estar na mesma pessoa ou nao. Um paciente em plena crise cardiaca, com fortes dores no peito chega ao pronto-socor- ro gritando por socorro. Ele é ao mesmo tempo sujeito da urgéncia e sujeito na urgéncia. Mas na situagao de um paciente idoso, que chega ao pronto-socorro desmaiado, acompanhado da filha, que pede, an- gustiada, atendimento para seu pai, © sujeito na urgéncia € 0 pai, mas © sujeito da urgéncia ¢ a filha. E interessante assinalar que muitas crises se diluem ou diminuem quando contemos a angtistia de que nos chama, quando cuidamos de quem solicita o atendimento, ¢ nao do paciente que foi referido como foco do problema. Um aspecto importante sobre 0 pronto-socorro & que, na priti- ca, ele deixou de ser apenas um local de emergéncias médicas ¢ se transformou em “uma grande sala de espera de todos os problemas sociais (Carra in Romano, 1999). A maioria da populagao, para driblar as longas filas de espera dos servigos de satide, recorre a0 pronto- socorro como tinica possibilidade de ser atendida prontamente, mes- mo que seu caso nao seja emergencial. E interessante notar que ess situagiio nao é exclusividade do Brasil, ou dos paises mais pobres, pois também foi detectada em paises do primeiro mundo, com? nos EUA (Gwinn in Romano, 1999). A conseqiiéncia disso para psicd- logo hospitalar é que ele precisa estar preparado para lidar no ape nas com a dimensao psiquica e biolégica do adoecimento, mas tan" bém com a social. Com muita freqiiéncia assistimos 205 psicdloges cdlogo com coisas pessoa rejeita segurar secu amado, Digitalizado com CamScanner Terapeutica equa Pe! M47 se seo de set trabalho em hospitais, passarem da revolta a frustra 01" emas sociais que stame ‘ a no diante dos problem: wa Supostamente estariam atrapa- be do 0 atendimento psicologico propriamente dito, até descobri- qhan yc nio existe MesmMo o tal caso puramente Psicol6gico: ha mn ba im demanda social amalgamada. uma pe p27=0 paciente histérico No pronto-socorro a situagao que mais demanda a atengao do ysicélogo hospitalar é 7 histeria (sindrome do panico, ansiedade, estresse pos-traumatico, transtorno dissociativo, transtorno conversivo, somatizagdes ¢ hipocondria). Embora o nimero de ca- sos de histeria seja pequeno do ponto de vista estatistico, em torno de 5%, (Kaplan & Sadock, 1995), a agitagdio que eles desencadeiam noambiente é tao intensa, demandando tanto tempo, esforco e pa- ciéncia da equipe de profissionais, que a sensagdo que se tem é a de que eles acontecem em demasia. E exatamente Por causa dessas ca- racteristicas, que 0 psicdlogo sera chamado ao pronto-socorro. Abai- xo, apresentamos as estratégias para o seu manejo. Primeiramente € preciso fazer uma recapitulagdo da histeria como entidade clinica especifica. Ainda no existe um consenso so- breas palavras usadas nessa area da medicina, sendo muito freqiien- te encontrarmos a mesma palavra sendo usada com muitos sentidos diferentes. “Histeria” é 0 termo mais usado para designar todos os transtomos neurdticos, mas o cardter pejorativo e discriminatério que ela foi adquirindo ao longo da histéria fez nascer uma tendéncia moderna que procura evitar 0 seu uso em fungio de termos mais descritivos, com disturbio neurovegetativo (DNV), distirbio Conversivo ou dissociativo, somatizagao, psicossomatica, neurose Conversiva, ete, Além dessa variagao terminolégica cientifica, ha tam- “ uma série de nomes jocosos pertencentes ao folclore médico e ae a “piripaque”, “chilique”, “frescura”, “dramatizagao", a cults ; dentre outros, o que demonstra a maneire com is neara essa doenga: como falsificagao, engodo. Isso re- Digitalizado com CamScanner a Manual de Psicologia Hospitalar sulta muitas vezes em uma atitude, por parte da equipe de Profissio- nais da saiide, de desconsideragao ¢ irritago diante dos pacientes com quadros neurdticos. A historia de histeria é uma historia de mulheres (Trilat, 1991), A propria palavra “histeria” é proveniente do grego “histero”, que significa utero. Na Antiguidade, Hipdcrates ¢ Platdo, assimilando crengas milenares, entendiam o ttero como um organismo vivo, um “animal sem alma”, dotado de certa mobilidade que, em suas migrag6es para as partes superiores do corpo feminino, provocavam diversos sintomas cujo tratamento consistia em “atrair” esse animal de volta para baixo por meio de odores agradaveis aplicados sobre a vulva da mulher. Na Idade Média, os fenémenos a que chamamos “conversivos” eram ti- dos como demoniacos, aproximando perigosamente as histéri- cas das bruxas. Bem mais tarde, j4 no século XIX, Charcot re- cupera a histeria para o campo da ciéncia, seguindo-se de Freud que introduz a fascinante nogdo de inconsciente e aponta para uma génese sexual da doenga. Modernamente uma interpreta- ¢4o simplista dessa génese sexual impregna 0 folclore popular € 0 imaginario dos médicos, com a nogao de que a histeria seria uma doenga de mulheres mal-amadas. As estatisticas médicas atuais demonstram que efetivamente a histeria acomete mais mulheres do que homens, atingindo, com mais freqiiéncia, mu- Theres jovens na segunda ou terceira década da vida, mas tam- bém demonstra que ela atinge, em muitos casos, os homens (Kaplan & Sadock, 1995). QUADRO CLINICO DA HISTERIA — os sintomas mais freqiientemente vistos no pronto-socorro sio os seguintes: Convulsées e crises psicomotoras semelhante a uma crise epi- léptica, mas sem achado neurolégico e com alto grau de teatralidade. Paralisia, fraqueza muscular, distiirbios da marcha e anestesiais que raramente provocam queda e danos sérios. Pseudociese (gravidez psicologica). iia iain Digitalizado com CamScanner - Terapautica arte: Terape tics gut . paciente apresenta uma atitude de certa indiferenga que é relacionada c ‘a que ¢€ inadequada quando relacionada com a suposta gravidade de ‘ “ a Sta Bravidade dos sintomas alegados (“La Belle Indifference”), Um estado de estupor carac Zado pela : auséncia de Tespos- tas ao meio ambiente, acompanhada de mutismo e auséncia de movimentos voluntarios. Hipocondria que € a preocupagao exagerada, repetitiva, sem pases objetivas, com 0 prprio corpo, ou com a possibilidade de se vira ficar doente, geralmente acompanhada de solicita- ao intensa de cuidados médicos. Ataques de panico, definidos como crise de ansiedade extre- ma, repentina e incontrolavel, com a sensag3o de morte imi- nente ou medo de enlouquecer, e acompanhada de palpita- goes, falta de ar, dor no peito e nauseas. Dores crénicas, geralmente cefaléia ou dores musculares, sem nenhum achado médico que as justifique. Note-se que todos esses sintomas mimetizam uma doenga or- ginica, que consiste geralmente em problemas cardiacos ou neuro- légicos, e por isso os pacientes procuram um pronto-socorro e nao os consultorios de psicdlogos. O DIAGNOSTICO DA HISTERIA — O diagnéstico da his- teria éum diagnéstico de exclusao, ou seja, antes de se afirmar que se trata um quadro histérico é preciso descartar, por meio de exa- me fisico e exames auxiliares, a ocorréncia de uma doenga organi- ca, Apesar disso, ha certas caracteristicas que, quando presentes, sugerem fortemente, segundo Brown (1990), 0 diagnéstico de his- teria, Sao elas: + Ossintomas so vagos, a queixa é mal definida e nao esto de acordo com os padrdes anatémicos ¢ fisioldgicos. * Os sintomas geralmente so precipitados por situagdes estressantes, A gravidade alegada dos sintomas nao é coerente com 0 nivel de funcionamento do paciente na vida didria. O paciente é freqiientemente sugestiondvel. Digitalizado com CamScanner | Manual de Psicologia Hosp 50 Bia Hospitatay . Presenga de histérico psiquidtrico. O paciente consegue, devido aos sintomas, suporte fisico ¢ emocional de outras pessoas. Além dessas caracteristicas genér tifique também uma causagao de ordem psicolégica. As situacdes existenciais que costumam funcionar como desencadeantes de qua- dros histéricos, ainda que tal seja negado pelo paciente, sio: separa. ¢ao amorosa, traigio conjugal, brigas familiares, falecimento de pes- soa prximas, gravidez indesejada e desejada, abortamento, solidio, filhos saindo de casa, doengas recém diagnosticadas, doengas cronj. cas, cirurgias proximas, dependéncia quimica, problemas finance). ros, problemas legais, entre outros, Vale ressaltar que situagdes po- sitivas ¢ desejadas tais como realizagao de planos, casamentos ¢ pro- mogées de trabalho também podem criar estresse suficiente para as, € desejdvel que se iden desencadear quadros histéricos. O TRATAMENTO — 0 tratamento emergencial da histeria no pronto-socorro tem duplo objetivo: resolver a crise atual e facili- tara aderéncia do paciente a um tratamento ambulatorial subseqiiente que possa evitar nova crises. As principais técnicas disponiveis ao psicélogo para a abordagem da histeria no pronto-socorro so as seguintes: . ESCUTA CONTINENTE — ouvir de maneira tranqiiila 0 que 0 paciente e seus acompanhantes tém a dizer. E claro que em um pronto-socorro ninguém tem tempo para longas historias, mas no pouco tempo que o psicdlogo puder passar com 0 pa- ciente é fundamental que nao se mostre apressado e agitado, ja que ansiedade gera ansiedade. 7 ANAMNESE DIRIGIDA — dirigir o relato mediante pergun- tas sobre os pontos que nao ficaram claros no relato esponta- neo e também sobre os aspectos de maior interesse clinico como, por exemplo, a ocorréncia de crises semelhantes no passado, possivel uso de drogas, histéria psiquiatrica, medi- camentos em uso, situagdes estressantes nos tiltimos dias, ete. . EXPLICAGAO — explicar para 0 paciente, numa linguage™ Digitalizado com CamScanner ve seat da Parte: Terapéutica nda we cle entenda, como acontecem seus do-o em relagiio a gravidade desses ad : soda morbidade ¢ da eronicidade de tas eee ponto muito importante € conversar com os familiares, fa prando-se de que a familia nao esta atrapalhando 0 trebalho do psicdlogo, mas faz parte do trabalho do psicélogo, ae na histeria € muito freqiiente que uma situagio alae desencadeante da crise. Acolher ¢ orientar a familia tem alto valor terapéutico. yoc= NAO TEM NADA — nunea diga para um paciente com quadro histérico frases do tipo “vocé nao tem nada”, “isso éemocional”, ou “é da sua cabega”. Nao o diga porque no é verdade e porque nao ajuda em nada, servindo apenas de des- moralizagaio psicoldgica. A pessoa com histeria tem, sim, al- guma coisa, tem uma doenga. O problema € que essa doenga nao aparece em exames € também nao pode ser explicada por meio de uma lesio cerebral, mas ¢ uma doenga. Dizer que € emocional ou que é “da sua cabeca” acaba por sugerir que se trata de uma inven¢ao pessoal, ou que 0 paciente poderia mui- to bem controlar a crise com forga de vontade, ¢ nao € isso 0 que acontece: a crise histérica é vivenciada pela pessoa como algo “maior do que eu”, e sobre a qual, forga de vontade pare- ce nao ter muito poder. E melhor dizer para o paciente que ele tem, sim, um problema, e que esse problema tem tratamento. Entretanto, se ele nao fizer 0 tratamento, aquele problema pode sua vida, bem como a de seus familiares, em um com direito a inimeras visitas a médicos dos de melhora esponta- transforma! verdadeiro inferno, € prontos-socorros. Pode haver perio nea, mas em geral o problema nao de: mento especifico que idealmente se cons ¢ remédios em alguns casos. CONTROLE SITUACIONAL — Controlar a agitagdo na sala de emergéncia, evitando que se forme uma platéia para © paciente ¢ encontrar um local onde ele poss passar wm saparece sem um trata- titui de psicoterapia, Digitalizado com CamScanner 152 Manual de Psicologia Hospta SPitalar tempo em descanso © observagaio. Durante esse Period de repouso o psicdlogo deve fazer varias “minivisitas® maca do paciente. O paciente com quadro histérico Piora bastante com excessiva platéia ou com a total auséncia de platéia: ha que se encontrar uma dose certa de atencio, MEDICAGAO — diversas classes de remédios podem aju. dara controlar os ataques histéricos: antidepressivos, benzodia. zepinicos, entre outros. Cada um desses remédios funciona diferentemente e tem efeito colaterais diversos, por isso ¢ im. portante uma. programagao individualizada para cada pacien. te. No pronto-socorro geralmente sio administrados remédios com efeitos sedativos, sao os chamados calmantes, ENCAMINHAMENTO — controlada a crise é hora de fa- zer 0 encaminhamento para o tratamento ambulatorial sem 0 qual o paciente estara de volta a sala de emergéncia em poucos dias. O encaminhamento para a psicoterapia ambulatorial nao pode ser a primeira coisa a ser feita pelo psicdlogo, caso contrario tal encaminhamento se transfor- ma em “empurramento”. Se antes de qualquer atendimen- to o psicdlogo for logo dizendo “vocé nao tem nada fisi- co, vocé precisa de psicoterapia”, 0 paciente nao se sente escutado, pode até concordar em procurar terapia mas 0 que acontece mesmo é0 efeito “Joao-bobo”: ele vai, mas volta, volta ao pronto-socorro. O encaminhamento pres- supde um acolhimento inicial do paciente para depois, num segundo momento, sugerir que ele procure atendimento mais prolongado. O CERTO E O ERRADO — no pronto-socorro, como em qualquer outra parte do hospital, o psicdlogo nao deve bus- car apenas 0 que esta errado no paciente (sintomas, con portamento agitado, resisténcia), mas deve procurar (am bém o que estd certo naquela pessoa (a angiistia, @ falha na simbolizagao, 0 conflito psiquico, tudo isto ¢ verdadeiro). Digitalizado com CamScanner ry ja parte: Terapeutica est PRONTOSOCORRO NAO CORRA. ANDE (ansied RESTAURARAFALA (simbolizagao, metifors, ete) ro NA URGENCTA 4 SUIEITO DA URGENCIA EXCLUIR PATOLOGIAS ORGANICAS, ESCUTA CONTINENTE ANAMNESE DIRIGIDA inde gera ansiedade) CONTROLE SITUACIONAL vock NAO NADA EXPLICACAO OCERTO E 0 ERRADO ACOLHIMENTO FAMILIAR ENCAMINHAMENTO # EMPURRAMENTO. Quadro 14: Estratégia para 0 atendimento psicolégico no pronto-socorro £28 = O paciente na UTI AUTI, Unidade de Terapia Intensiva, é 0 local onde sao interna- dos os pacientes em estado grave e necessitados de cuidados médicos intensivos. As agGes ali desempenhadas sao diuturnas, répidas e preci- sas, exigindo o maximo de eficiéncia da equipe. Contém o limite entre avida e a morte. Na maioria das vezes siio areas restritas a circula- gio, principalmente de pessoas estranhas a equipe multiprofissional, onde os familiares tém pouco ou nenhuma acesso (Romano, 1999). No dizer do psicdlogo Francisco Toro, a UTI “é um lugar de intensidades”. Tudo € intenso na UTI: 0 tratamento, os riscos, as emogées, 0 trabalho, os custos e a esperanga. A estratégia basica do Psicdlogo na UTI é criar canais para o escoamento dessas intensida- des por meio da palavra falada, e embora 0 foco primario de atendi- mento seja o paciente, o psicdlogo se vé muitas vezes escutando os Outros personagens dessa cena: médicos apressados, enfermeiras atarefadas e familiares angustiados, Digitalizado com CamScanner_ Manual de Psicologia Hospjta lar 154 ‘As caracteristicas da UTI favorecem o surgimento de sintomas Jagicos. Sebastiani (2001) descreve uma Sindrome da UTI. psicopatol oe “A cadéncia de atividades constantes na UTI. assim caracterizada: nas 24 horas do di dormir intermitente do enfermo, a auséncia do contato como noe do externo, a falta de uma conversa, de orientagao acaba trazendo para a pessoa, com mais de trés dias de UTI, uma perda inicial de tempo cronolégico, que, aos poucos, V i se agravando coma perda da consciéncia de tempo e de espago fisico, de tal forma que com- portamentos estranhos comegam a parecer. Frases desarticuladas, fuga de idéias, atitudes obsessivas, ocorrendo nao raro derivagao para quadros delirantes ¢ desconfiguragées da imagem perspectiva real. E perceptivel que a alteragéo senso-perceptiva se inicia coma auséncia de estimulos simples, como 0 contato com o dia e a noj- te, e vai se agravando 4 medida que 0 proprio circulo circadiano do paciente passa por um processo de desorganizagdes em fun- cao da auséncia de atividade, da acgao de farmacos, das oscila- ges de consciéncia, da falta de estimulos especificos, etc. 0 aten- dimento psicolégico na UTI fornece ao paciente estimulagao psi- quica, visual, oferecendo orientagao temporal, reforgando ativi- dades que o paciente goste e tenha condigées de realizar, orientan- do visita de familiares e trazendo informagGes sobre o mundo ex- terno. Sao “pequenas medidas que podem prevenir a sindrome da UTI”. (Sebastiani, 2001). Em termos praticos 0 atendimento psicologico na UTI apre- senta ao psicdlogo um desafio extra, a saber: 0 fato de a maioria dos pacientes internados apresentar dificuldade de falar, por estarem em estado inconsciente, sob sedagiio, confusos, ou “entubados” (liga- dos por uma cnula endotraqueal aos aparelhos de respira i cial), ou ainda deprimidos. O que faz entio o psicdlogo, ja que tr balha essencialmente com a palavra, quando esta nao esta ace: ao paciente? E simples: cria, inventa novas formas de linguage™- Para Miller (1978) “...0 que é proprio da psicanilise ¢ operat sobre 0 a rotina repetida intimeras vezes, 0 acordar ¢ Digitalizado com CamScanner arte: Terapeutica segunda Po a gintoma mediante a palavra, quer seja essa palavra da pessoas em anilise quer seja a interpretagdo do analista,” anannstlle ie oy + Se o paciente estiver consciente, a linguagem nao-verbal deve screver bilhet comunicagao gestual, pequenos ‘0 bastantes eficientes. importante mencionar que o obje~ toque’ 5 eee tivo da comunicagao nessas situagdes é menos passar informagées e muito mais marcar pr — facilitar a expressiio das emogoes giminuir a solidao. O contetido da comunicagao é secundario: 0 que conta realmente € a possibilidade de relacionamento humano, é 0 canal aberto para 0 “outro”. Quando for o caso de o paciente estar inconsciente, ainda assim a fala estd mantida como forma privilegiada de comuni- cacao. Sabemos, pelo relato de muitos pacientes que estiveram em coma, que, embora nao fossem capazes nem de falar nem de escutar, ainda assim registraram 0 que ouviram. Entao, se o pa- ciente no fala, o psicdlogo fala para ele, sobre ele, diz, por exemplo, ao pé do ouvido, baixinho, como esta indo o trata- mento, 0 quanto a familia deseja sua recuperagao e outras coi- sas positivas esperangosas. Isso ajuda muito e é coerente com o principio técnico em psicologia, o qual diz que quem no fala éfalado. E preciso nao recuar diante do siléncio, nem do coma: ainda ha subjetividade ali. E29 = Sexo no hospital O que acontece com a sexualidade do paciente durante o adoecimento? A literatura sobre psicologia hospitalar é muito pobre em rela- ao a esse tema. Praticamente nao existem referéncias. J4 a observa- gio mais freqiiente ¢ cuidadosa dos profissionais de enfermagem evidencia, como era de se esperar, diversas manifestagdes de sexua- lidade nos pacientes internados. E uma sexualidade na maioria das vezes modificada sob o impacto da doenga, mas presente, & se essa sexualidade ndo é muito discutida entre os profissionais tal se deve, Digitalizado com CamScanner

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