PPM IV – aula 07 – Prof.
Rafael Sá 17/10/2018
Isadora B.
Pleuropatias
INTRODUÇÃO
Embriologia: origem do mesoderma (cavidade celômica) assim como o pericárdio e peritônio.
Apresenta camada de células mesoteliais e tecido conjuntivo.
Anatomia: o pulmão é envolvido pelas pleuras, sendo uma parietal e outra visceral, formando
entre elas, a cavidade pleural, um espaço virtual.
Irrigação:
Parietal: Vasos da circulação
sistêmica
Visceral: Circulação pulmonar
e ocasionalmente artérias
brônquicas
Drenagem linfática: absorção do
líquido acumulado no espaço
virtual; fluido de 1 a 20 mL.
Fisiologia: Lei de Starling
Dinâmica de formação e absorção
do líquido pleural
Pressões hidrostáticas e coloidosmóticas dos capilares dos folhetos pleurais
Coeficiente de filtração
PRINCIPAIS DOENÇAS PLEURAIS
Derrames Pleurais
Pneumotórax
Neoplasias Pleurais
DERRAMES PLEURAIS
Definição: Acúmulo de líquido no espaço pleural
Sintomas:
Dor pleurítica (mais precoce):
Surge na fase inspiratória
Dor em pontada ou facada
Geralmente bem localizada
Inflamação do folheto parietal (inervado pelos nervos intercostais)
Inflamação na porção central (situação especial):
Nervo frênico
Dor referida no ombro homolateral ou base torácica homolateral
Dispneia (mais tardia):
Associada com dor
Associada com derrame pleural volumoso
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Derrame associado à doença do parênquima pulmonar
Derrame associado à obstrução dos brônquios
Derrame associado à insuficiência do VE.
Exame Físico:
1. Inspeção
Sinais de esforço respiratório
Abaulamento dos espaços intercostais: derrame volumoso
2. Palpação
Expansibilidade pode estar diminuída
Frêmito toracovocal pode estar ausente ou diminuído
3. Percussão
Macicez no local em que a lâmina de líquido é mais espessa
Macicez ausente nos derrames pequenos
4. Ausculta
Murmúrio vesicular está ausente ou diminuído
Pode ocorrer atrito pleural (no início da formação) e estertores bolhosos (limite
superior, promovidos pela área de atelectasia).
Exames Diagnósticos
1. Radiológico:
Opacificação homogênea homolateral obliterando o
seio costofrênico e constituindo, no seu limite superior,
a forma de um menisco côncavo ou parábola
(Parábola de Damoiseau – sinal patognomônico de
derrame pleural).
Derrame de pequeno volume: pode não ser visível na
radiografia. Talvez possa ser visível no Perfil,
obliterando o seio costofrênico posterior, no qual o
ângulo é mais profundo.
Derrame volumoso: desvia as estruturas do
mediastino, exceto quando a atelectasia total está
associada.
Derrame infrapulmonar: localiza-se entre o diafragma e a superfície pulmonar
Radiografia em póstero-anterior (PA): hemicúpula diafragmática está elevada
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Radiografia em Hjelm-Laurell (decúbito lateral – pode falar só Laurell): líquido
pleural mobiliza-se escorrendo para a face lateral do tórax. Diferencia derrame
pleural de espessamento pleural.
2. Ultrassonografia (não é muito utilizado, é um exame adicional)
Também visualiza derrame pleural
Útil nos derrames septados
Útil para toracocentese guiada
3. Tomografia (é mais utilizado para diagnóstico diferencial)
Boa visualização
Diferencia lesões pleuropulmonares: massa, linfangite carcinomatosa,
linfonodomegalias mediastinas, lesões ósseas osteolíticas.
Investigação Etiológica
1. Toracocentese
Diagnóstico
Alívio nos derrames volumosos
Aspecto do líquido:
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Amarelo citrino
Amarelo-âmbar
Sero-hemorrágico
Hemorrágico
Translúcido ou Opalescente
Exsudato ou Transudato
Obs.: na toracocentese deve tomar cuidado com lesão do feixe vásculo-nervoso na borda
inferior da costela. Progredir a agulha na borda superior do arco costal inferior ao local de
punção.
2. Biopsia da pleura
3. Análise Bioquímica
Critérios de Light (diferenciar os tipos de derrame)
Exudato:
- Relação proteína do líquido pleural e a sérica é superior a 0,5
- Relação DHL do líquido pleural e a sérica é superior a 0,6
- DHL do líquido pleural é maior do que dois terços do limite superior
normal da DHL sérica
Transudato
PNEUMOTÓRAX
Definição: Presença de gás no espaço pleural
Sintomas:
Dispneia - O grau de dispneia depende do volume e presença de doença pulmonar
associada
Exame Físico
1. Inspeção: Pode evidenciar abaulamento dos espaços intercostais
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2. Palpação
Expansibilidade diminuída
FTV diminuído ou ausente
3. Percussão: Som timpânico (bem próximo da percussão de asma)
4. Ausculta: Ruídos respiratórios diminuídos a ausentes
Exames Diagnósticos – RX Tórax:
Hipertransparência no hemitórax acometido com ausência de vascularização
Desvio colateral de traqueia
Presença de linha pleural
Melhor avaliação: posição ortostática em expiração
Etiologia
1. Espontâneo Primário
Ruptura espontânea de bolhas subpleurais localizadas no ápice dos pulmões
Biotipo longilíneo
Entre 20 a 30 anos
Dor pleurítica e dispneia aguda
2. Espontâneo Secundário
Indivíduos com doenças pulmonares, principalmente DPOC (Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica)
Grande dispneia
Muitas vezes é necessário realizar drenagem torácica
3. Traumático Iatrogênico
Causado por procedimentos invasivos: toracocentese, aspiração transtorácica por
agulha, punção venosa profunda ou ventilação mecânica.
4. Traumático Não Iatrogênico
Fechado ou Penetrante
Fechado: Não há comunicação do espaço pleural com o ambiente atmosférico,
ruptura da pleura visceral, ar proveniente da árvore traqueobrônquica.
Pneumotórax Hipertensivo: Grande acúmulo de ar. Abaulamento do hemitórax
acometido. Deteriorização cardiovascular. Urgência médica: reduz o retorno
venoso e o débito cardíaco; provoca insuficiência respiratória.
Conduta inicial: Punção com agulha calibrosa no segundo espaço intercostal
anterior até que um dreno torácico seja inserido
Tratamento:
Pequeno volume, paciente saudável: Conduta conservadora, repercussão clínica:
drenagem necessária.
Pneumotórax de pequeno e médio volume: Aspiração com cateter percutâneo do tipo
válvula de Heimlich (unidirecional)
Pneumotórax sintomático ou superior a 30%: Drenagem em selo d’água
Pneumotórax recorrente: Pleurodese (instilação de talco por dreno de tórax).
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NEOPLASIAS PLEURAIS
1. Mesotelioma Benigno da Pleura:
Tumor raro e de bom prognóstico
70% origem visceral, podendo invadir o parênquima pulmonar e a parede torácica
Massa ao raio-x
10%: derrame pleural associado
Tratamento: tumorectomia
2. Mesotelioma Maligno da Pleura
Origem nas células mesoteliais
Espaço pleural em 80% e peritônio em 20%
Exposição ao asbesto aumenta sua incidência
75% cursam com derrame pleural
Prognóstico ruim e tratamento ineficaz
Caso Clínico
ANAMNESE
Identificação: Rodolfo, masculino, 65 anos, caucasiano, evangélico, viúvo, operário em indústria de
construção civil, natural de Patos de Minas – MG, procedente de Presidente Prudente – SP
QD: “Falta de ar há 3 horas”.
HMA: Paciente relata dispneia intensa há cerca de 3 horas associado a dor torácica em topografia
de base do hemitórax direito. Procurou atendimento médico na UBS Cohab, sendo transferido de
ambulância ao Pronto Socorro da Clínica Médica do HRPP.
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ISDA: Geral: nega; Pele e anexos: nega; Cabeça e Pescoço: nega; Oftalmológico: nega;
Cardiológico: nega; Pulmonar: nega; Gastrointestinal: nega; Urológico: nega; Urinário: polaciúria há 3
dias (aumento da frequência urinária); Neurológico: fosfenas (pontos brilhosos) há 2 semanas.
Antecedentes Pessoais:
HAS, DM2, Hiperplasia Prostática Benigna.
Medicações em uso: enalapril, glibenclamida e finasterida, não sabe a dosagem.
Nega alergias
Cirurgia de desvio de septo há 27 anos
Hepatite A, tratada há 1 ano
Tabagista 90 maços/ano (60 cigarros/dia há 30 anos)
Nega etilismo, devido sua religião.
Mora sozinho em casa de alvenaria alugada de 3 cômodos
Antecedentes Familiares: Mãe faleceu devido a IAM (infarto agudo do miocárdio). Avó materna
falecida devido a câncer de ovário.
EXAME FÍSICO GERAL
REG, emagrecido, orientado, taquipneico, AAA (acianótico, anictérico e afebril), corado, mucosas
úmidas, Tax 35,5, FR 25 irpm, PA 90x60 mmHg, FC 96 bpm
EXAME FÍSICO TORÁCICO
Tórax em tonel
Expansibilidade e elasticidade diminuídas em hemitórax direito
FTV diminuído em hemitórax direito
Som timpânico em hemitórax direito
MV diminuído em hemitórax direito
EXAME FÍSICO CARDÍACO
2 bulhas rítmicas hiperfonéticas com sopro sistólico ++/6+ em foco mitral
EXAME FÍSICO ABDOMINAL
Abdome plano, flácido
RHA+
Ausência de dor à palpação abdominal
DB negativo
MMII: Ausência de edema de membros inferiores. Pulsos femorais, poplíteos, pediosos, tibiais
anteriores e posteriores normais e simétricos.
Exames Laboratoriais
Hb 11,5g/dl
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Isadora B.
Ht 34,5%
Leucócitos 6200
Plaquetas 170.000
Glicemia 90 mg/dl
Creatinina 0,8
TGO 32 TGP 25
Exame para TB - Baciloscopia de escarro: negativo
Exames Radiológicos: RX tórax PA - Observa-se uma área hiperaereada (parte preta do lado
esquerdo – pouco denso).
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: Pneumotórax hipertensivo (muito ar na pleura), enfisema subcutâneo
e insuficiência mitral.
CONDUTA IMEDIATA: Toracocentese de alívio (só transferir o paciente quando ele estiver estável).