Hidrostática, Hidrodinâmica e Equações Dimensionais: Física
Hidrostática, Hidrodinâmica e Equações Dimensionais: Física
FÍSICA
ENSINO MÉDIO
MATERIAL DO PROFESSOR
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Hidrostática,
hidrodinâmica
e equações
dimensionais
1 CONCEITOS INICIAIS E
PRESSÃO HIDROSTÁTICA
H
istoricamente, esse ramo da Física que estuda a força
exercida sobre os líquidos em repouso foi usada ini-
cialmente para a água — daí o nome começar com o
prefixo hidro-. Hoje sabemos que esse estudo se estende para
os demais fluidos (líquidos e gases). A hidrostática possibilitou
compreender melhor alguns comportamentos e desenvolver
questões tecnológicas úteis aos seres humanos. Hoje, graças a
esse desenvolvimento científico, há freios muito mais eficien-
tes, sistemas hidráulicos de fechamento de porta de aerona-
ves e de foguetes, elevadores, entre outros equipamentos do
cotidiano.
A simples atividade de trocar o óleo do carro utilizando os
elevadores das oficinas seria muito mais difícil se não fossem
aplicados esses conceitos desenvolvidos pela ciência.
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de despertar
IJANSEMPOI/
DREAMSTIME
Macaco mecânico:
é necessário girar
talentos que em uma manivela para
que ele consiga
circunstâncias movimentar o
objeto, em geral
prósperas teriam um carro.
continuado
adormecidos.
Horácio
Orientação ao professor 1.
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A ideia dessa seção é avaliar os co-
nhecimentos prévios dos alunos so-
bre os conteúdos que serão trabalha-
Trabalhador usando mangueira de nível.
dos nesse capítulo. Portanto é a hora Macaco hidráulico:
de eles falarem. Faça-lhes perguntas utiliza o princípio
oralmente e vá anotando as respos- de Pascal para
tas na lousa. Nesse momento não elevar um objeto
se preocupe em explicar-lhes nada. com menos esforço
Caso haja alguma fala equivocada, que se for usado o
anote-a e retome-a quando expli- macaco mecânico.
car-lhes o conteúdo pertinente à fala
equivocada.
A mangueira de nível é um instru- 1. Por que o pedreiro está com essa mangueira na obra?
mento muito antigo, mas ainda uti- 2. A mangueira de nível precisa estar aberta dos dois lados?
lizado até hoje. O conceito envolvido
3. E se ele mexer a mangueira, não vai alterar tudo?
é o dos vasos comunicantes. Caso
um dos dois lados esteja fechado, 4. Na imagem do macaco usado pelos borracheiros, como uma massa tão grande é elevada com
esse conceito não se aplicará. Quan- tão pouco esforço?
to aos macacos, cada um tem um
mecanismo diferente; um deles (o
5. Qual é a diferença na prática entre o funcionamento dos dois macacos acima ao trocar um
mais avançado) usa o princípio de pneu?
Pascal, e o outro usa o princípio de
transmissão por engrenagens. Isso
faz a força tornar-se muito maior.
Entretanto, os alunos não precisarão ROTEIRO DE APRENDIZAGEM
explicar isso — é provável que não
saibam esses detalhes. Estimule-os
a contar casos de troca de pneu;
isso os fará perceber que há muitas Noções básicas Experiência de Torricelli
diferenças entre esses dois tipos de
macaco. Mais adiante, tudo isso será
1
• Conceito de pressão
• Massa específica ou
3 • Vasos comunicantes
esclarecido com o desenvolvimento • Manômetro
do capítulo. densidade absoluta
• Pressão efetiva
2 Teorema de
Stevin 4 Princípio de
Pascal
4
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nas mais variadas situações: intensidade da componente perpendicular dessa força.
nos freios de um carro, em
uma lata de óleo com um Assim, conclui-se que a pressão depende:
furo, nas veias e artérias do • da força perpendicular à superfície: quanto maior a
organismo, em muitas outras. força, maior a pressão aplicada na mesma área.
• da área de contato: quanto maior a área de contato,
Na garrafa térmica, ao exercer pressão menor a pressão para a mesma força.
na parte superior, o café sai pelo orifício Sendo a força dada em newtons, e a área, em m2,
devido ao aumento na pressão interna.
consequentemente se mede a pressão em N/m2, também
conhecida por pascal (Pa), em homenagem ao físico fran-
cês Blaise Pascal (1623-1662); esta é a unidade utilizada no
Sistema Internacional.
CONCEITO DE PRESSÃO Vale frisar: como a pressão é uma grandeza escalar,
Quando se passa cera na carroceria do carro, aplica-se não é representada com a notação vetorial.
certa força em determinadas áreas sucessivas do carro, exer- Observe as figuras e diga qual dos corpos exerce maior
cendo, assim, determinada pressão nessas áreas. Em uma pressão na base de apoio, sabendo que ambos têm mesma
pequena mancha na lataria podemos aplicar a mesma força massa.
de duas maneiras distintas: com o pano na palma da mão
(área de contato entre o pano e a lataria é maior ) ou com o
pano na ponta dos dedos (área de contato entre o pano e a
lataria é menor). Esse procedimento faz a pressão exercida
na superfície ser maior, facilitando a retirada da mancha.
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JETREL/DREAMSTIME
STOCK.XCHNG
Ao passar cera na
carroceria do carro,
aplicamos uma
pressão sobre ela.
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desse corpo.
m
µ=
V
Considere, por exemplo, um bloco de gelo de volume
10 cm3. Medindo-se sua massa, encontra-se m = 9,2 g
Há duas superfícies
em contato com o Assim, sua massa especifica ou densidade absoluta é
solo. Na superfície m 9, 2
d =µ = = = 0,92 g/cm3
de trás, a pressão é V 10
maior para a mesma
força em função
Significa que 1 cm3 de gelo tem 9,2 g de massa.
da menor área. Uma unidade muito usual para expressar a massa es-
pecifica é g/cm3. No SI, a unidade de massa específica é
• No caso de uma faca, é mais fácil usá-la para cortar kg/m3. A relação entre elas é:
se a superfície de área menor (mais afiada) ficar em
g 10−3 kg
contato com o alimento, porque assim a pressão será 1 3
= −6 3 = 103 kg/m3
cm 10 m
maior.
Assim:
• Pregos, alfinetes e percevejos têm pontas muito finas,
1 g/m3 = 103 kg/m3
pois a menor área possibilita maior pressão.
• Ao caminhar descalço em sua casa nada acontece; mas
se você pisar na tampa de uma caneta, ocorre descon- PRESSÃO EFETIVA
forto porque haverá menor área de contato, e assim,
Considere um recipiente cilíndrico contendo um líqui-
maior pressão.
do de densidade d até a altura h. Calcule o valor da pressão
exercida pelo líquido sobre a base desse recipiente.
MASSA ESPECÍFICA OU
DENSIDADE ABSOLUTA
A pergunta a seguir é uma conhecida brincadeira.
O que pesa mais: 1 quilograma de plumas ou 1 quilo-
grama de ouro?
h
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Inicialmente escrevemos:
F peso m · g
plíquido = = =
A área A
Recorrendo-se à Matemática, lembramos que o volu-
me de um cilindro é o produto da área da base pela altura
(V = A ∙ h).
m
Sabendo que µ = , obtemos:
V
A pluma tem O ouro é um metal de µ · A · h · g
pequena densidade. grande densidade.
plíquido = ⇒ plíquido = µ ∙ h ∙ g
A
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SUSTENTABILIDADE
OLIVIER MORIN/AFP
Realmente, o único lugar que não pode crescer
plantas está no fundo do oceano, porém, após inú-
meras tentativas isso tudo pode estar mudando.
Chamado carinhosamente de Jardim de Nemo a
ideia de Sergio Gamberini, ainda não está pronta
para o mercado, Sergio e seu filho Luca tem sete
biosferas submarinas que operam em torno de seis
metros debaixo d’água em Noli, na Itália.
As biosferas são basicamente sinos de mergu-
lho, bolsões de ar suspenso no fundo da água, que
a equipe Gamberini foi capaz de construir com
base em sua empresa de mergulho Ocean Reef.
O projeto permite que as pessoas possam nadar
até as esferas para analisar o plantio. Pode pa-
recer uma ideia estranha, mas Gamberini disse Plantas que crescem no fundo do mar
em entrevista “Sim, são totalmente orgânicos e podem mudar a forma de culturas agrícolas.
cultivados debaixo no oceano”.
O oceano é o ambiente perfeito para uma planta a crescer. Há uma temperatura constante,
alta umidade e os sais mineiras da água vão entrando gradativamente com a umidade na bolha,
a condensação que goteja através na estufa é sem sal, o que significa um suprimento ilimitado de
água doce.
O melhor de tudo, plantas – especialmente as de folhas verdes, estão florescendo nas condições
certas. A primeira colheita de Sergio foi manjericão; cresceu em quase duas vezes a taxa normal, e
ele disse que a aceleração do crescimento está re-
OLIVIER MORIN/AFP
lacionad[a] com a mudança na pressão do oceano.
“Tenho certeza de que há uma interação ex-
cessiva em suas membranas celulares por causa
da pressão, como se fossem agrotóxicos naturais”
complementou.
Jardim de Nemo acabou de sair de uma Ki-
ckstarter, onde eles arrecadaram US$ 31 130 em
uma meta inicial de US$ 30 000.
O objetivo agora é realizar mais pesquisas
para obter mais respostas. E que, se possível, pos-
samos ter no futuro agriculturas assim, naturais
com ótimo desempenho. O que seria ideal para a
humanidade.
Plantas que crescem no fundo do mar pode[m] mudar a forma de culturas agrícolas. Portal Momento Curioso/Todos, 1º- out. 2015.
Disponível em: <http://momentocurioso.com.br/plantas_que_crescem_no_fundo_do_mar/>. Acesso em 2 mar. 2016.
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Simbolicamente, escrevemos:
pB – pA = µghB – µghA Dp = µ ∙ g ∙ Dh
Unidades no SI
p: Pa g: m/s2 h: m
EXPERIMENTO DE TORRICELLI
A atmosfera terrestre compõe-se de gases que exercem certa pressão na sua superfície. Trata-se da pressão exercida
pela atmosfera ou pressão atmosférica, que varia conforme a altitude. Quanto mais se afasta da superfície (maior a alti-
tude), mais o ar se torna rarefeito, reduzindo-se a pressão atmosférica.
Um experimento muito simples do físico e matemático Evangelista Torricelli (1608-1647) determinou a pressão atmos-
férica ao nível do mar. Ele usou um tubo de quase 1 metro, cheio de mercúrio (Hg), com a extremidade superior fechada.
Tampou a extremidade aberta do tubo e a introduziu numa cuba cheia de mercúrio. Após destampar a extremidade aberta
do tubo, observou que o nível de mercúrio desceu e estabilizou-se na marca 76 cm.
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CONEXÃO
BIOLOGIA
Efeito da postura na pressão sanguínea
O coração é uma “bomba” muscular que, no ser humano, pode exercer pressão manométrica
máxima de cerca de 120 mmHg no sangue durante a contração (sístole) e de cerca de 80 mmHg
durante a relaxação (diástole). Com a contração do músculo cardíaco, o sangue sai do ventrículo
esquerdo, passa pela aorta e pelas artérias, seguindo em direção aos capilares. Dos capilares ve-
nosos, o sangue segue para as veias e chega ao átrio direito com pressão quase nula. Em média, a
diferença máxima entre as pressões arterial e venosa é da ordem de 100 mmHg.
Como a densidade do sangue (ds = 1,04 g/cm3) é quase igual à da água, a diferença de
pressão hidrostática entre a cabeça e os pés em uma pessoa de 1,80 m de altura é 180 cmH2O.
A figura ao final do texto mostra as pressões arterial e venosa médias (em cm de água) para
uma pessoa de 1,80 m de altura, em vários níveis em relação ao coração. Uma pessoa deitada
tem pressão hidrostática praticamente constante em todos os pontos e igual à do coração. Se
um manômetro aberto contendo mercúrio fosse utilizado para medir as pressões arteriais em
vários pontos de um indivíduo deitado, a altura da coluna de mercúrio seria aproximadamente
100 mm, ou seja, 136 cmH2O.
As pressões arteriais em todas as partes do corpo de alguém deitado são aproximadamente
iguais à pressão arterial do coração. Quando o indivíduo está sentado ou em pé, a elevação da
cabeça em relação ao coração faz a pressão arterial ser mais baixa na cabeça. Ela é dada por:
Pa(cabeça) = Pa(coração) – µs g h
[em que] µs é a densidade do sangue, e h, a diferença de nível entre o centro da cabeça e o
centro do coração.
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CONEXÃO
BIOLOGIA
Como funciona a equalização do ouvido no mergulho em apneia?
Saiba como lidar de forma segura com o aumento da pressão no fundo do mar
O verão está ai e uma das atividades mais estocando ar dentro de um circuito fechado que
procuradas é o mergulho em apneia ou mergu- envolve: área interna da máscara de mergulho,
lho somente com o ar dos pulmões ao longo de nariz, nasofaringe, ouvido médio, cavidades aé-
nossa extensa costa. reas da cabeça indo até os pulmões.
O mundo subaquático é belo, mas reserva
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algumas particularidades. Para mergulhar com
segurança é preciso se sentir bem na água e
uma das primeiras sensações quando imergi-
mos é a de uma enorme pressão, sobretudo nos
ouvidos, o que poderá assustar o iniciante no
esporte.
Muitos tomam um susto tão grande que
nem seguem no mergulho, outros forçam os
ouvidos até o ponto de castigar o corpo e se
machucar, outros com alguma facilidade ou ha-
bilidade inata conseguem passar por esse mo-
mento sem muitas complicações. A informação é sempre a principal aliada, preparando
O fato é que o primeiro passo sempre deve- o mergulhador para a prática com segurança.
ria ser o de realizar um curso. A informação é
sempre a principal aliada, preparando o mer- Ao iniciarmos o mergulho indo para o fun-
gulhador para a prática com segurança. do do mar passamos por uma modificação de
Para entender o que acontece no momento pressão que causará um efeito em todas as ca-
da imersão é preciso entender que, ao inspirar- vidades corpóreas preenchidas pelo ar. Quanto
mos o ar na superfície e retermos esse volume mais fundo descermos, maior será essa pres-
de ar para realizarmos o mergulho, estaremos são acumulada. A cada 10 metros aumentamos
1 atmosfera (1 atm).
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VASOS COMUNICANTES
Os vasos comunicantes são consequência do teorema de Stevin. Colocando-se um liquido em recipientes de formas
diferentes, cujas bases sejam ligadas entre si, observa-se que, estabelecido o equilíbrio, todos os vasos apresentam a mesma
altura de líquido. Uma aplicação disso é o nivelamento entre dois pontos feitos na construção civil com mangueira trans-
parente cheia de água.
A B C D
ACERVO PEARSON
Em um recipiente contendo dois líquidos que não se solubilizam, ou seja, líquidos que são imiscíveis, eles se dispõem
de modo que o líquido de maior densidade fica na parte inferior, e o de menor, na parte superior. A separação entre eles
é horizontal.
No caso de água e óleo, por exemplo, colocados no mesmo recipiente, a água, de maior densidade, fica embaixo, e
o óleo, de menor densidade, na parte de cima. Nos vasos comunicantes, eles se distribuem de maneira que as alturas das
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ACERVO PEARSON
trador corresponde aproximadamente a 1,96 atm.
O manômetro de tubo aberto da figura a seguir mostra
a diferença entre os níveis do líquido nos dois ramos do
A
h tubo em U, medindo-se a pressão manométrica do sistema
hA contido no reservatório.
hb Escolhendo os dois pontos A e B mostrados na figura:
(1) (2)
ACERVO PEARSON
O sistema ilustrado
acima apresenta
B dois líquidos de
densidades diferentes.
h
Considerando o princípio de que o sistema esteja em
equilíbrio, e devido à ação da gravidade, podem-se igualar
as pressões nos pontos 1 e 2. Assim:
A B
p1 = p2
patm + µa ∙ ha ∙ g = patm + µb ∙ hb ∙ g
µa ∙ ha. = µb ∙ hb
µ
pA = pB
MANÔMETRO
psistema = patm + plíquido
É um medidor de pressão usado em postos de gaso-
psistema (absoluta) = patm + µgh
lina para calibração de pneus e, na medicina, para medir
pmanométrica = pefetiva do líquido = µ ∙ h ∙ g
a pressão sanguínea. A unidade de medida psi (iniciais da
VALORES E DIVERSIDADE
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PRINCÍPIO DE PASCAL
O físico e matemático Blaise Pascal (1623-1662), que nasceu na
DOMÍNIO PÚBLICO
França, foi notável em vários campos de atuação. Por exemplo, criou
a primeira calculadora manual que se conhece, considerada precursora
dos sofisticados computadores atuais.
Enunciou também o princípio físico aplicado, entre outros disposi-
tivos, nos elevadores hidráulicos dos postos de gasolina e no sistema de
freios e amortecedores dos carros. E tudo isso foi desenvolvido a partir
de conceitos de mais de trezentos anos.
O princípio de Pascal enuncia:
Blaise Pascal.
→ sobre o êmbolo (figura a seguir)
F
que exerça pressão de 0,2 atm. Todos os pontos do líquido sofrem o mesmo acrés-
cimo de pressão. Assim, os pontos A e B apresentam pressões de 0,5 atm e 0,9 atm,
respectivamente.
Uma aplicação importante aparece nos freios hidráulicos usados em automóveis e
caminhões. Quando se exerce força no pedal do freio, produz-se uma pressão trans-
A
mitida integralmente para os freios instalados nas rodas, através de um fluido; neste
caso, óleo.
Uma das mais importantes aplicações do princípio de Pascal é a prensa hidráulica,
B um sistema multiplicador de força.
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ENSINO MÉDIO
→
F1
ACERVO PEARSON
d2
A1 A1 A2
A2
→ d1
F2
→
F2
Esquema de aplicação prática da prensa hidráulica: o
elevador de automóveis usado nos postos de gasolina.
No elevador de automóveis (figura), o ar comprimido, Admitindo-se que não existam perdas na máquina, o
empurrando o óleo no tubo de menor área, produz acrés- trabalho motor realizado pela força do ar comprimido é
cimo de pressão que, pelo princípio de Pascal, se transmite igual ao trabalho resistente realizado pelo peso do auto-
integralmente para o tubo de maior área, sobre o qual se móvel. Desse modo, o deslocamento do automóvel e o do
apoia o automóvel. nível do óleo são inversamente proporcionais às áreas dos
Assim: tubos.
F1 F Ou seja: d1 ∙ A1 = d2 ∙ A2, mas A ∙ d = volume
= 2
A1 A 2 Conclusão: V1 = V2, ou seja, o volume deslocado é o
Como A2 > A1, obtém-se F2 > F1, ou seja, a intensidade mesmo.
da força é diretamente proporcional à área do tubo.
CONEXÃO
HISTÓRIA
Blaise Pascal e suas duas irmãs, Jacqueline e Gilberte, foram educados em casa, por seu pai,
Étienne Pascal, que foi um juiz e membro da “Noblesse de Robe”, uma classe de aristocratas
franceses cujo título vinha de seus cargos administrativos ou judiciários. A família residiu em
Clermont-Ferrand, na França, durante o século XVII.
Tanto Blaise quanto sua irmã mais nova, Jacqueline, foram prodígios intelectuais. Blaise foi
matemático, físico e filósofo cristão, este último por influência de sua irmã Jacqueline. Os dois
eram muito amigos e compartilhavam interesses, leituras e cuidaram um do outro.
Jacqueline, por sua vez, foi filósofa, teóloga, poeta, escreveu tratados sobre educação, me-
mórias de práticas jurídicas, biografias e autobiografia. A maior parte de suas poesias foi escrita
antes de sua entrada para o convento de Port-Royal. No começo de sua adolescência, Jacqueline
escreveu principalmente sobre política e romance, mas depois se inclinou para temas espirituais.
Também na adolescência, Blaise Pascal começou a estudar formas de desenvolver uma má-
quina de calcular. Por conta do seu trabalho nessa área, ele é considerado um dos inventores das
calculadoras mecânicas.
As cartas trocadas por Blaise e Jacqueline mostram que os irmãos discutiam profundamente
sobre sobre filosofia e sobre a escolha de Jacqueline em ir para Port-Royal e se tornar freira. Blai-
se e seu pai eram contra a decisão dela, mas Jacqueline abdicou de sua herança e insistiu em se
dedicar à sua vocação. Ela se tornou uma grande defensora do direito das mulheres em seguirem
sua vocação independente de suas condições econômicas e da opinião dos pais.
Fonte: <http://www.iep.utm.edu/pascal-j/#H4>. Acesso em: jun. 2016 (em ingês).
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1. Um corpo de determinado peso, atuando sobre o 4. As dimensões de uma piscina de fundo plano hori-
êmbolo menor de uma prensa hidráulica, mantém zontal de um clube social são 25 m de comprimen-
elevado um peso P = 480 N. Supondo que a área to e 10 m de largura. Sabe-se que a água que en-
do êmbolo maior é 8 vezes a área menor, determi- che essa piscina exerce força F = 4,5 ∙ 106 N sobre o
ne o peso do corpo atuando no êmbolo. piso dela. Determine a profundidade dessa piscina.
Aplicando a fórmula do princípio de Pascal, e levando em
consideração que o êmbolo maior é 8 vezes a área do menor Dados: g = 10 m/s2 e dágua = 1 g/cm3
(Aêmb maior = 8 × Aêmb menor), obtemos 60N.
Pr = F/A = 4,5 ∙ 106/(25 ∙ 10) = 18 000 N/m2
Pr = µ ∙ h ∙ g 18 000 = 1 000 · h ∙ 10
h = 1,8 m
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ENSINO MÉDIO
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Ar APROFUNDAMENTO
Água 10. Unicamp-SP — Os reguladores de pressão são acessó-
rios de segurança fundamentais para reduzir a pressão
de gases no interior dos cilindros até que se atinja sua
h
pressão de utilização. Cada tipo de gás possui um re-
gulador específico.
a) Tipicamente, gases podem ser armazenados em ci-
B
lindros a uma pressão interna de P0 = 2,0 × 107 Pa
a) 0 e ser utilizados com uma pressão de saída do regu-
b) 1 · patm lador de P1 = 1,6 × 107 Pa. Considere um gás ideal
c) 10 · patm mantido em recipiente fechado a uma tempera-
d) 1 000 · patm tura inicial de T0 = 300 K. Calcule a temperatura
e) 100 · patm final T1 do gás se ele for submetido isovolumetri-
camente à variação de pressão dada acima.
8. UEG-GO — A pressão atmosférica no nível do mar vale b) Quando os gases saem dos reguladores para o cir-
1,0 atm. Se uma pessoa que estiver nesse nível mergu- cuito de utilização, é comum que o fluxo do gás
lhar 1,5 atm em uma piscina estará submetida a um (definido como sendo o volume do gás que atra-
aumento de pressão da ordem de vessa a tubulação por unidade de tempo) seja mo-
a) 25% nitorado através de um instrumento denominado
b) 20% fluxômetro. Considere um tanque cilíndrico com a
c) 15% área da base igual a A = 2,0 m2 que se encontra
d) 10% inicialmente vazio e que será preenchido com gás
nitrogênio. Durante o preenchimento, o fluxo de
gás que entra no tanque é medido pela posição da
9. UPE-PE — Considere as afirmações a seguir, que ana-
esfera sólida preta do fluxômetro, como ilustra a
lisam a situação de um carro sendo erguido por um
figura abaixo. A escala do fluxômetro é dada em
macaco hidráulico.
litros/minuto. A medida do fluxo de nitrogênio e
I. O macaco hidráulico se baseia no princípio de Ar-
sua densidade d = 1,0 kg/m3 permaneceram cons-
quimedes para levantar o carro.
tantes durante todo o processo de preenchimen-
II. O macaco hidráulico se baseia no princípio de Pas-
to, que durou um intervalo de tempo Dt = 12 h.
cal para levantar o carro.
Após este intervalo de tempo, a válvula do tanque
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d) 20 atm
N2
e) 19 atm
N2
Entrada
Terreno
natural
Cisterna
Terra
11. Epcar Afa-SP — A figura abaixo representa um macaco compactada
a) 2 000.
b) 16 000.
A B c) 1 000.
Líquido d) 4 000.
e) 8 000.
Nessas condições, o fator de multiplicação de força
deste macaco hidráulico e o trabalho, em joules, rea-
→
lizado pela força F , aplicada sobre o pistão de menor 14. UECE-CE — Considere um cubo imerso em água, con-
área, ao levantar o veículo bem lentamente e com ve- forme a figura a seguir.
locidade constante, são, respectivamente,
a) 4 e 2,0 ∙ 104. → →
c) 16 e 2,0 ∙ 104.
d) 16 e 1,25 ∙ 103. →
FIII
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15. UPE-PE — Um tanque de uma refinaria de petróleo Os densímetros instalados nas bombas de
deve ser preenchido com 36 000 m de óleo. Esse pro- 3 combustível permitem averiguar se a quan-
cesso será realizado por um navio petroleiro que está tidade de água presente no álcool hidratado
carregado com 100 000 m3 de óleo. Sabendo que a está dentro das especificações determinadas
vazão de transferência de óleo do navio para o tanque pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
é igual a 100 litros por segundo, estime a quantidade O volume máximo permitido de água no ál-
de dias necessários para a conclusão da transferência. cool é de 4,9%. A densidade da água e do ál-
a) 1 cool anidro são de 1,00 g/cm3 e 0,80 g/cm3,
b) 2 respectivamente.
c) 3 Disponível em: <http://nxt.anp.gov.br>.
Acesso em: 5 dez. 2011 (adaptado).
d) 4
e) 5 A leitura no densímetro que corresponderia à fração
máxima permitida de água é mais próxima de
a) 0,20 g/cm3.
ESTUDO PARA O ENEM
b) 0,81 g/cm3.
16. Enem — Uma pessoa, lendo o manual de uma ducha
c) 0,90 g/cm3.
que acabou de adquirir para a sua casa, observa o grá-
d) 0,99 g/cm3.
fico, que relaciona a vazão na ducha com a pressão,
e) 1,80 g/cm3.
medida em metros de coluna de água (mca).
14 Competência 5 — Entender métodos e procedimentos próprios
das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
12 Habilidade 17 — Relacionar informações apresentadas em dife-
rentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências
10 físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, ta-
belas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
Vazão (L/min)
4
18. Enem — Para realizar um experimento com uma garra-
fa PET cheia de água, perfurou-se a lateral da garrafa
2
em três posições a diferentes alturas. Com a garrafa
0 tampada, a água não vazou por nenhum dos orifícios,
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pressão estática (mca) e, com a garrafa destampada, observou-se o escoa-
Nessa casa residem quatro pessoas. Cada uma delas mento da água, conforme ilustrado na figura.
toma um banho por dia, com duração média de 8 mi-
nutos, permanecendo o registro aberto com vazão má-
xima durante esse tempo. A ducha é instalada em um
ponto seis metros abaixo do nível da lâmina de água,
COMPANHIA ILUSTRADA/GUS-
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ENSINO MÉDIO
2 TEOREMA DE ARQUIMEDES
N
este capítulo vamos estudar um assunto muito intri-
gante e uma sensação por que certamente todos nós
já passamos.
Quando estamos dentro da água, sentimos que ficamos
mais leves. Obviamente é só uma sensação — nosso peso con-
tinua exatamente o mesmo. Essa sensação decorre do fato de
atuarem no corpo imerso na água forças diferentes daquelas
que atuam no corpo fora da água.
Na situação da foto de abertura deste capítulo, note que tan-
to o mergulhador como a tartaruga estão imersos na água — isso
torna mais fácil seu deslocamento vertical do que se estivessem
imersos no ar. Essa simples constatação nos auxilia a entender
inúmeras situações do cotidiano.
Vamos também estudar a análise dimensional. Muitas ve-
zes a análise dimensional de um evento físico nos ajuda a des-
vendar questionamentos que, sem ela, não conseguiríamos ou
teríamos muito mais dificuldade. A Física está presente no dia
a dia, ajudando-nos a desenvolver a tecnologia, a fim de me-
lhorar a nossa qualidade de vida.
Orientação ao professor 1.
A intenção dessas perguntas não
é iniciar as explicações, e sim de
avaliar os conhecimentos prévios
dos alunos. Eles já estudaram o
que é densidade e o que faz um
corpo afundar ou flutuar. Entre-
tanto, as atividades aumentam em
complexidade, e é de esperar que
eles tenham mais dificuldades para
responder às últimas perguntas, que
são menos intuitivas.
Respostas esperadas: Sabemos que corpos enormes podem flutuar enquanto pequenos corpos afundam. Entretanto
1. Carro e helicóptero afundam na
água. Navio e iceberg flutuam na há grandes corpos que também afundam, e pequenos corpos que boiam.
água. 1. Dê dois exemplos de corpos grandes que afundam e dois exemplos que flutuam na água.
2. Areia e prego afundam na água.
2. Dê dois exemplos de corpos pequenos que afundam e de corpos pequenos que flutuam na água.
Bolinha de isopor e pena flutuam
na água. 3. O que acontece quando um navio que está inicialmente flutuando e após sofrer, por exemplo,
3. Ele tem a sua massa aumentada, uma colisão e danificar o seu casco, afunda?
mas o volume é o mesmo. Os
alunos provavelmente não for-
4. E um avião, afunda ou flutua no ar?
malizarão a resposta dessa ma- 5. E um balão, afunda ou flutua no ar?
neira – possivelmente dirão que
a água invade a parte interna da
embarcação. Estimule a conversa
para eventualmente responde- ROTEIRO DE APRENDIZAGEM
rem à questão de maneira mais
rigorosa cientificamente.
4. O avião afunda no ar. Ele voa se
estiver a uma velocidade adequa-
da. Os conceitos de “afunda” ou
“flutua” pressupõem o corpo es- 1 Princípio de Arquimedes — empuxo
• Valor do empuxo
tático em relação ao solo. No caso,
o avião não flutua quando está
em funcionamento – ele voa, isto
é, desloca-se através do ar.
5. Depende. Quando o balão está
cheio de ar quente, ele flutua.
Quando o ar em seu interior está
a uma temperatura ambiente, ele
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES — EMPUXO
afunda.
É fácil perceber o empuxo: quando se mergulha um corpo num líquido, seu peso parece diminuir
(peso aparente), chegando às vezes a parecer nulo (quando flutua). Isso ocorre devido à presença de uma
força vertical de baixo para cima, exercida no corpo pelo líquido, a qual recebe o nome de empuxo.
O empuxo se deve à diferença das pressões exercidas pelo fluido (líquido ou gás) nas superfícies
em todas as direções. Como a pressão aumenta com a profundidade, as forças aplicadas pelo fluido
na face inferior do corpo são maiores que as exercidas na face superior. A resultante dessas forças, o
empuxo, é vertical, de baixo para cima.
28
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
Peso
29
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
CONEXÃO
CONEXÕES
P + ∆P > E’
E’
Submarino
afunda HISTÓRIA
Um navio vazio flutua com grande parte do cas-
co fora da água. À medida que vai sendo carregado,
ele imerge cada vez mais. Antigamente, muitos na-
vios transportavam excesso de carga e naufragavam
em viagem. Há cerca de 85 anos, Samuel Plimsoll
P + ∆P (1824-1898) persuadiu o Parlamento britânico a
aprovar uma lei exigindo que todos os navios tives-
sem uma linha pintada no casco, para indicar a linha
Figura 2 da água quando o navio tivesse a maior carga com-
patível com sua segurança. Desse modo, nenhum
navio pode zarpar de um porto britânico se a linha
Plimsoll estiver abaixo da água. HEMERA/GETTY IMAGES
E’ > P’
Submarino
emerge
E’
P’
Figura 3
30
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
ISTOCK/GETTY IMAGES
Entretanto, uma tempes-
tade acaba por naufragar
o navio a que estavam
ligados, deixando-os para
sobreviver com limitadís-
simos recursos e sob uma
pressão insustentável.
Escrito por três estreantes
e um diretor novato, Sob
pressão (2015) é estrela-
Mas, diferentemente do navio, o submarino pode controlar sua flutuação, do por Danny Huston e
de acordo com sua densidade (d =m/v, em que d é a densidade, m a massa e Matthew Goode.
V o volume) comparativamente com a da água em que está imerso, permitin- Sob pressão (Pressure).
Direção: Ron Scalpello.
do sua imersão ou emersão. Para isso, o submarino tem tanques de lastro que Produção: Alan Mckenna
podem ser preenchidos por água ou ar. Quando o submarino está na superfície, e Jason Newmark. Reino
os tanques de lastro estão cheios de ar e a densidade total do submarino é me- Unido: Sony Pictures,
2014.
nor que a da água ao seu redor (o submarino flutua). Na submersão, o próprio
peso da embarcação faz com que a água flua naturalmente pelas aberturas de
alagamento distribuídas no fundo do casco. Os tanques de lastro se enchem de
água, e o ar que ali estava escapa do submarino até que sua densidade total seja
maior do que a da água que o cerca, e então o submarino afunda. Para manter
o submarino em uma determinada profundidade, regula-se a quantidade de ar e
água dentro dos tanques de lastro de maneira que sua densidade total seja igual
à da água ao seu redor (o submarino fica submerso e em equilíbrio).
Para que haja a emersão, ar comprimido é bombeado para os tanques de
lastro (o que também é feito em caso de acidente, mas com ar comprimido a
alta pressão, para que a subida à superfície seja mais rápida) e a água é forçada
para fora do submarino até que sua densidade total seja menor que a da água
ao seu redor.
31
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
CONEXÃO
CONEXÕES
Como os peixes sobem e afundam na água? Para saber como isso funciona, você precisa com-
Os peixes são um pouco como os pássaros ou insetos preender as diversas forças que atuam no ar e debaixo
voadores: apresentam mecanismos embutidos que permi- da água. Apesar de esses ambientes parecerem muito
tem que eles se movam para cima e para baixo e de um diferentes para nós, a água e o ar são na verdade mui-
lado para outro em seu ambiente. Mas os métodos que per- to similares. Ambos são fluidos, substâncias com massa,
mitem ao peixe fazer isso estão mais próximos dos princí- mas sem forma. Na Terra, um objeto imerso em um flui-
pios por trás das máquinas voadoras feitas pelo homem, do do (como um peixe ou uma pessoa) experimenta duas
que os métodos de voo naturais. A maioria dos peixes sobe forças principais:
e afunda na água do mesmo modo que um balão cheio de • a força para baixo da gravidade;
hélio ou um balão de ar quente sobe e desce no ar. • a força para cima do empuxo ou flutuabilidade.
32
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
1. Pesquisadores constatam que uma tartaruga de massa d) Sua densidade é menor que a densidade do líqui-
10 kg e volume 0,006 m3 e colocada totalmente den- do (dcorpo < dlíquido).
tro da agua (μ = 1 g/cm3). e) O valor do peso aparente do bote e nulo
Use g = 10 m/s2 (daparente = P – E = O).
a) Qual é o valor do peso da tartaruga?
b) Qual é a intensidade da força de empuxo que a 3. Uma bola é colocada em um tanque que contém
água exerce na tartaruga quando totalmente 20 000 litros de água e, depois, em um jarro que con-
imersa na água? tém apenas 2 litros de água. Em qual dos dois reci-
c) Qual é o valor do peso aparente da tartaruga na pientes a bola sofrerá maior empuxo? Justifique sua
água? resposta.
d) Desprezando o atrito com a agua, determine a O empuxo será o mesmo, porque ele depende da densidade do líquido.
aceleração vertical da tartaruga quando estiver
Como os dois recipientes contêm água, o empuxo será o mesmo.
parada imersa na água.
a. P = mg = 10 ∙ 10 = 100 N
b. E = μáguaVobjeto = 1 000 ∙ 0,006 ∙ 10 = 60 N
4. Uma pequena esfera de vidro cai com velocidade
c. Paparente = P – E = 100 – 60 = 40 N
d. FR = P – E e a = 4,0 m/s2 constante em um líquido em repouso contido em um
recipiente. Com relação aos módulos das forças que
2. Considere agora um bote inflável que flutua nas águas atuam sobre a esfera, peso P, empuxo E e a força de
calmas de um lago. Das afirmações seguintes, apenas atrito viscoso Fa, é correto afirmar que:
uma é falsa. Identifique-a. a) P = E
a) O peso do barco e nulo. b) P = Fa
b) Ele encontra-se em equilíbrio (P = E). c) P = E + Fa
c) O volume de líquido que ele desloca e menor que d) P = E – Fa
o seu volume (Vdeslocado < Vcorpo). e) P = Fa – E
33
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
ACERVO PEARSON
to. Considera-se fluido ideal aquele que não seja viscoso
(sem atrito interno), de densidade constante e velocidade
de escoamento constante com o tempo em certo ponto.
Do princípio proposto por Daniel Bernoulli (1700-
-1782), resulta: Pressão na asa do avião. Em carros de corrida, a
aerodinâmica do veiculo faz a P2 ser maior que a P1.
34
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
ACERVO PEARSON
to de líquido no interior de tubos de diferen-
tes diâmetros, considerando A como a área e v Orientação ao professor . Em hi-
drodinâmica, a equação de continuida-
como a velocidade de escoamento, obtém-se: de deve ser deduzida e analisada com
cuidado, bem como a influência da ve-
locidade na pressão.
ACERVO PEARSON
V1 A2 V2
A1
CONECTIVIDADE
CONEXÕES
35
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
Orientação ao professor . Devido ao vento, decorrente do aumento da velocidade da massa de ar, a pressão externa à janela diminui de
36 acordo com a equação de Bernoulli. A diferença entre a pressão interna (maior) e a externa (menor) quebra a janela, e os fragmentos de vidro são
jogados para fora.
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
ACERVO PEARSON
b) equação de Bernoulli.
c) princípio de Arquimedes. Colarinho
d) princípio de Pascal.
e) princípio de Stevin. Tórax
Busto
Cintura
3. Considerando a teoria da mecânica dos fluidos, indi- Cintura
continuidade.
( ) O empuxo que atua sobre um submarino submer-
so é diretamente proporcional à profundidade em GRANDEZAS FUNDAMENTAIS DA
que ele se encontra. MECÂNICA E UNIDADES
( ) A pressão média da água contra uma represa in- Nas relações com grandezas físicas, podem-se efetuar
depende da profundidade da água; entretanto de- adição, subtração e comparação de grandezas de mesma
pende do volume de água armazenado. natureza.
( ) Uma vela acesa (densidade = 0,80 g/cm3), flutuan- É fácil perceber que não há sentido em perguntar: o
do em água (densidade = 1 g/cm3), mantém-se que e maior; o tempo para ir da Terra à Lua ou o compri-
sempre em equilíbrio, ocupando a posição verti- mento de um barbante?
cal. Quando a chama apagar, ao entrar em conta- Isso porque tempo e comprimento são grandezas de na-
to com a água, toda a vela terá queimado. turezas diferentes. Esse é o princípio da homogeneidade
37
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
ISTOCK/GETTY IMAGES
Dê a equação dimensional de:
a) área.
• Sabendo que a unidade de área é m2, obtemos:
[área] = L ∙ L = L2
Observação: representa-se a equação dimensional
de grandeza escrevendo a grandeza entre colchetes.
b) força centrípeta.
• Lembrando que
m ⋅ v2
Fc =
R
então:
O cronômetro e um
( )
2
[Fc ] = [ ]R[ ]
medidor de tempo.
m ⋅ v
2
M ⋅ L ⋅ T −1
=
[] L
[F ] = L ⋅ M ⋅ T
c
−2
[Ec ] = [ ]R[ ]
m ⋅ v
2
M ⋅ L ⋅ T −1
=
tempo T
[] 1
[Ec ] = L2 ⋅ M ⋅ T −2
ISTOCK/GETTY IMAGES
Funcionamento do sistema
GUY SHAPIRA/DREAMSTIME
de freio automotivo
O sistema de freio automotivo é simples de
ser compreendido, e trabalha com os princípios
e conceitos da hidráulica.
Um sistema hidráulico fechado que conta
com o auxílio de diversos componentes de di- Cilindro-mestre de atuação.
ferentes funções para criar pressão, conduzir o
fluido hidráulico e para a geração de força que
O fluido de freio está em todo o sistema;
será aplicada nos componentes de atrito.
portanto, os êmbolos, quando se deslocam,
O motorista é a peça-chave para o aciona-
acabam deslocando todo o fluido no sistema;
mento do freio. Quando o motorista aciona o
assim, os itens de atuação, como pinça e cilin-
pedal de freio, o sistema entra em funciona-
dro de rodas, também vão deslocar seus êmbo-
mento. A haste que está ligada ao pedal tam-
los no mesmo curso.
bém está ligada ao servofreio, que por sua vez
A pinça de freio recebe o movimento do
tem a função de auxiliar o motorista na frena-
fluido que entra em contato com seu êmbolo in-
gem. O servofreio cria um vácuo interno em
terno. O êmbolo ou pistão interno possui uma
duas câmaras separadas; quando o motorista
determinada área onde o fluido vai entrar em
aciona o pedal de freio acaba dando passagem
contato e gerar uma determinada força de ação
para o ar entrar em uma das câmaras; assim, a
sobre esse pistão.
haste é direcionada para frente porque a outra
O pistão atua sobre as pastilhas e sapatas
câmara está sob constante vácuo do motor.
com lonas onde entram em contato com o dis-
co, na dianteira, e tambor na traseira. Essas
peças geram atrito e diminuem a velocidade da
roda, e consequentemente do veículo.
PHOTOGGIN/GETTY IMAGES
ISTOCK/GETTY IMAGES
Disco de freio.
ISTOCK/GETTY IMAGES
ROCHA, Gionei; SPRING, Alan; SILVA, Deivis. Funcionamento do sistema de freio automotivo. Portal InfoMotor, maio 2009. Disponível
em: <http://www.infomotor.com.br/site/2009/05/funcionamento-do-sistema-de-freio-automotivo/>. Acesso em: 7 mar. 2016.
39
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
40
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
kx 2 P = m⋅g
Epe =
2 p
g=
F m
F = k⋅x ⇒ k =
x L ⋅ M ⋅ T −2
LMT −2
[ g] = = LT −2
M
[k] = L = MT −2 ∆x
Velocidade: V =
MT −2 ⋅ L ∆t
[Ep] = 1 = L2MT −2 L
[ V ] = = LT −1
41
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
1. Imagine um recipiente esférico com água dentro. 1. Uma estrela de plástico está presa por um fio ao
Esse recipiente tem um canal circular de entrada fundo de um recipiente com água a temperatura
comum raio de 2 cm e cinco canais também circu- ambiente. Sabe-se que o volume dessa estrela é
lares de saída. Espera-se que a vazão de entrada 5 dm3, e sua massa é 200 g. Qual é o empuxo sofri-
seja exatamente igual à vazão de saída nos cinco do pela estrela? Considere a aceleração da gravida-
canais. Sabe-se que os canais de saída são todos de 10 m/s2 e a densidade da água 1 g/cm3.
iguais e que os atritos são desprezíveis. Nesse caso, 50 N
qual deve ser o raio dos canais de saída?
Vazãoentrada = Vazãosaída
Para isso, a área da seção circular do canal de entrada deve ser
2. Um corpo maciço cilíndrico de diâmetro 3,0 cm é
igual à soma das áreas das seções circulares dos canais de saída: composto de duas partes cilíndricas distintas, uni-
Aentrada = Asaída das entre si por um adesivo de massa desprezível.
Para isso, devemos verificar:
Acanal entrada = 5Acanal saída A primeira parte, de 6,0 cm de altura, é compos-
Consideramos D o diâmetro do canal de entrada e d o diâmetro dos ta por uma material de densidade volumétrica
canais de saída e escrevemos: 0,30 g/cm3. A segunda parte, de 0,6 cm de altura,
D2 D2
π = 5π é composta por um metal de densidade volumé-
4 4
trica 7,0 g/cm3. O objeto encontra-se em repouso,
Substituindo, obtemos:
d = 1,26 cm ∴ r = 0, 63cm parcialmente imerso na água, cuja densidade volu-
métrica é 1,0 g/cm3.
Nas condições descritas relativas ao equilíbrio está-
tico do objeto, e considerando aproximadamente
igual a 3, determine:
a) a massa total em gramas do objeto cilíndrico.
Dados: μC = 0,3 g/cm3; hC = 6 cm; μL = 7 g/cm3; hL = 5 cm; μA = 1
g/cm3; D = 3 cm ⇒ ⇒ R = 1,5 cm.
A massa do objeto (M) é a soma das massas que compõem o
cilindro.
M = 3 ⋅ 2,25 (0, 3 ⋅ 6 + 7 ⋅ 0,6) ⇒
⇒ M = 40,5g
3
2. Um bloco de massa específica 900 kg/m flutua em
um líquido de massa específica 1 400 kg/m3, fican-
do parte de seu volume submerso. O bloco tem
altura de 8 cm. Qual é a parte do bloco que está
imersa?
O que se deseja calcular é a parte do bloco que está
imersa. Nesse caso ocorre equilíbrio estático, em b) a altura em centímetros da parte do cilindro
que vale a igualdade: P = E
imersa na água.
mg = µVsubg
Como µ = m/v, obtemos Como o objeto está em equilíbrio, as forças nele atuantes, empuxo
µblocoVbloco = µfluidoVsubmerso e peso, estão equilibradas.
Em que M 40,5
V = Abase × h E = P ⇒ A Vsub g = Mg ⇒ A π R2 hsub = M ⇒ hsub = 2 =
π R A 3 ⋅ 1,52 ⋅ 1
900 × 8 =1 400 h
hsub = 6 cm.
h = 5,14 cm
42
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
DESENVOLVIMENTO
5. UFR -R — Um cilindro homogêneo flutua em equilí-
A tragédia de um voo entre o Rio de Janeiro e Paris pôs
brio na água contida em um recipiente. O cilindro tem
em evidência um dispositivo, baseado na equação de
3/4 de seu volume abaixo da superfície livre da água,
Bernoulli, que é utilizado para medir a velocidade de
como ilustra a figura 1.
um fluido, o chamado tubo de Pitot. Esse dispositivo
Para que esse cilindro permaneça em repouso com a
permite medir a velocidade da aeronave com relação
sua face superior no mesmo nível que a superfície livre
43
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
4
14. PUC- — A frase “Isso é apenas a ponta do iceberg”
B
é aplicada a situações em que a extensão conhecida
de um determinado fato ou objeto é muito pequena,
2
comparada ao restante, ainda encoberto, não revelado.
No caso dos icebergs nos oceanos, isso ocorre porque:
0 1 2 3 V (m3)
44
FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
16. Unesp — A diferença de pressão máxima que o pul- O pó de café jogado no lixo caseiro e, princi-
mão de um ser humano pode gerar por inspiração é palmente, as grandes quantidades descarta-
em torno de 0,1 · 105 Pa ou 0,1 atm. Assim, mesmo das em bares e restaurantes poderão trans-
com a ajuda de um snorkel (respiradouro), um mer- formar em uma nova opção de matéria-prima
gulhador não pode ultrapassar uma profundidade má- para a produção de biodiesel, segundo estu-
xima, já que a pressão sobre os pulmões aumenta à do da Universidade de Nevada (EUA). No
medida que ele mergulha mais fundo, impedindo-os mundo, são cerca de 8 bilhões de quilogra-
de inflarem. mas de pó de café jogados no lixo por ano.
O estudo mostra que o café descartado tem
15% de óleo, o qual pode ser convertido em
biodiesel pelo processo tradicional. Além de
reduzir significativamente emissões prejudi-
ciais, após a extração do óleo, o pó de café é
ideal como produto fertilizante para jardim.
Revista Ciência e Tecnologia no Brasil, n. 155, jan. 2009.
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10 11 12 13 15 16 18 19 21 23 25 27 29 33
20 22 23 25 26 28 29 31 33 35 37 39 43
25 28 30 31 33 34 36 38 40 42 44 48
30 33 35 36 38 39 41 43 45 47 50 50
35 38 40 41 43 44 46 48 50 50
40 43 45 46 50 50 50 50
Considerando que a aceleração da gravidade local é
de 10 m/s2, a densidade da água do lago, em g/cm3, é 50 50 50
a) 0,6. d) 2,4.
b) 1,2. e) 4,8.
c) 1,5.
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FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
QUADRO DE RESPOSTAS
Conceitos iniciais e pressão hidrostática
1. A 5. B 9. D 12. D 16. C 20. A
2. B 6. C 10. a) T1 = 240 K 13. E 17. B
3. C 7. C b) p = 90 Pa 14. A 18. A
4. C 8. C 11. C 15. E 19. C
Teorema de Arquimedes
1. D 5. 6N 9. A 13. V = 27 km3 17. B 21. E
2. D 6. D 10. C 14. B 18. C
3. E 7. 24 s 11. B 15. 4 19. B
4. A 8. v = 396 km/h 12. C 16. E 20. E
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMAUDI, U. Imagens da física. São Paulo: Scipione,1995.
BRUNET, Leonardo Gregory; GEHRING, Sonia Terezinha; CÉLIA, Maria Helena Curcio. São Paulo: Edusp, 2002.
CARRON, W.; GUIMARÃES, O. As faces da física. São Paulo: Moderna, 2002.
FOGIEL, Max. The high school physics futor. New Jersey: Research and Education Association, 2014.
HALLIDAY, D; RESNICK, R. Fundamentos de física 1. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2013.
NICOLAU et. al. Física, ciência e tecnologia. São Paulo: Moderna, 2012.
TALAVERA, A. C. et al. Física: ensino médio. São Paulo: Nova Geração, 2005.
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FÍSICA 8
ENSINO MÉDIO
15-07543 CDD-530.07