PROCESSO DO TRABALHO - AULA 2
Profª Pollyana Soares
1.AUDIÊNCIA
No processo do trabalho, a designação para a audiência (inicial ou una) é automática,
realizada no momento do protocolo da petição inicial.
1.1 PRAZO
A audiência somente poderá ser realizada 5 dias após o recebimento da notificação pelo
reclamado. (ART. 841 CLT)
No caso da Fazenda Pública, esse prazo é de 20 dias (Decreto-Lei 779/69, art. 1º, II).
SÚMULA 16 / TST: Presume-se recebida a notificação remetida ao reclamado, 48h após ser
postada, sendo do destinatário a prova do não-recebimento.
ART 841, §1º, CLT: possibilidade de notificação por edital se o reclamado cria embaraços
ou não for encontrado.
ART. 841, §3º, CLT: Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não
poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
1.2. AUDIÊNCIA INICIAL/UNA:
Art. 843 CLT - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o
reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos
de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão
fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria.
É necessário o comparecimento pessoal das partes, sendo facultativa a presença de advogado,
diante do jus postulandi (art. 845 da CLT).
1.2.1Ausências (ART. 844, CLT)
Ausência do reclamante: Arquivamento.
Ausência do reclamado: revelia e a confissão ficta quanto à matéria de fato.
Ausência de ambos: Arquivamento.
#Após a Reforma Trabalhista, mesmo quando ausente o reclamado, presente o advogado na
audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados. (art. 844,
§5º CLT)
Súmula nº 9 do TST - AUSÊNCIA DO RECLAMANTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003 - A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após
contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo.
Súmula nº 122 do TST - REVELIA. ATESTADO MÉDICO (incorporada a Orientação
Jurisprudencial nº 74 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que
presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida à revelia mediante a
apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente, a impossibilidade de
locomoção do empregador ou do seu preposto no dia da audiência. (primeira parte - ex-OJ nº
74 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996; segunda parte - ex-Súmula nº 122 - alterada pela
Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
1.3. AUDIÊNCIA DE PROSSEGUIMENTO:
Não existindo acordo na audiência inicial (caso não se trate de audiência una) e sendo
recebida a contestação, o juiz designará audiência de instrução para colheita de provas.
As partes serão intimadas para comparecimento pessoal e deverão apresentar suas
testemunhas, espontaneamente.
Caso a parte se ausente à audiência em prosseguimento na qual deveria ser ouvida, para a
qual foi pessoalmente intimada com expressa cominação de advertência, o juiz aplicará a
pena de confissão ficta, presumindo-se verdadeiros os fatos alegados pela parte adversa. Tal
presunção poderá, contudo, ser afastada por prova pré-constituída (Súm. 74 do TST).
Se ambas as partes se ausentarem à audiência em prosseguimento, a confissão ficta será
aplicada para autor e réu e o processo será julgado conforme as regras do ônus da prova.
Art. 849 CLT - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo
de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para
a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
1.4. TESTEMUNHAS (ART. 845 CLT)
É dispensado o rol de testemunhas.
Rito ordinário: máximo de 3 testemunhas por parte. As testemunhas comparecerão
independentemente de notificação ou intimação, e a parte tem a liberdade de levá-las e de
apresentá-las ao juiz no momento da oitiva. Caso a testemunha se recuse a comparecer, a
parte indicará tal fato ao juiz, pedindo a intimação pessoal (art. 825 da CLT), o que também
poderá ser determinado pelo juiz, de ofício.
Rito sumaríssimo: máximo de 2 testemunhas por parte. Há necessidade de a parte comprovar
que a testemunha ausente foi devidamente convidada para a audiência para que então seja
deferida a notificação da testemunha.
Art. 848 CLT- Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o
presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os
litigantes.
§ 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se, prosseguindo a
instrução com o seu representante.
§ 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.
1.5. REVELIA:
A revelia nada mais é do que a falta de apresentação de resposta do réu, oportuna mente.
Os litigantes serão notificados pessoalmente das decisões ou por seu representante, na própria
audiência. No caso de revelia, a notificação far-se-á pela forma estabelecida no por edital ( §
1º do art. 841). (Art. 852 CLT).
1.5.1 EFEITOS:
1) confissão ficta, considerando-se verdadeiros os fatos articulados em desfavor do réu, o que
também se aplica às pessoas jurídicas de direito público (OJ n. 152 da SDI-1 do TST);
2) impossibilidade de alteração do pedido;
3) curso do prazo independente de intimação;
4) possibilidade de intervenção no processo a qual quer tempo;
5) notificação da sentença do réu revel por via postal (CLT, art. 852).
1.5.2 INAPLICABILIDADE DA REVELIA (art.844, §4º, CLT)
1) Havendo pluralidade de réus, se algum deles contestar a ação, não haverá efeito da
confissão ficta (art. 345, 1, do CPC/2015);
2) quando houver direitos indisponíveis envolvidos;
3) a petição inicial não estiver acompanhada de instrumentos que a lei considere indispensável
à prova do ato (art. 345, III, do CPC/2015);
4) quando as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos (art. 345, IV, do CPC/2015);
5) Matéria de direito e matérias de ordem pública;
6) Quando a matéria depender de prova técnica, como é o caso da insalubridade e
periculosidade (art. 195 da CLT).
2.PROVAS
2.1. ÔNUS DA PROVA:
O AUTOR deve provar o FATO CONSTITUTIVO.
O RÉU incumbe a prova dos FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU
EXTINTIVOS.
A) Fato constitutivo: é aquele que origina o direito pretendido.
EX: Adicional de transferência
B) Fato impeditivo: é aquele que obstaculiza um ou algum dos efeitos derivados da
relação jurídica alegada.
EX: bancário, jornada superior a 6h.
C) Fato modificativo: é aquele que altera o negócio jurídico havido entre autor e réu.
EX: +20 funcionários, controle de jornada
D) Fato extintivo: é quando o réu reconhece o fato articulado pelo autor, mas nega a
pretensão afirmando que já cumpriu a obrigação.
EX: Termo de quitação anual
2.2. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:
O juiz poderá atribuir o ônus da prova de modo diverso, nas seguintes hipóteses:
a) previsão em lei;
b) diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
de cumprir o encargo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário.
Art. 818 CLT. O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do reclamante.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da
prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à
parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído
§ 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da
instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar
os fatos por qualquer meio em direito admitido.
§ 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
6.3. ÔNUS DE PROVA COM RELAÇÃO À JORNADA DE TRABALHO:
É ônus do empregador que conta com mais de 20 (vinte) empregados o registro da jornada de
trabalho (art. 74, § 2º, da CLT).
Não há previsão legal de registro dos intervalos intrajornada, bastando a mera pré assinalação
(art. 74, § 2º, da CLT).
Art. 74 CLT. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados
§ 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da
hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções
expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida
a pré-assinalação do período de repouso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Empregado doméstico: É obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado
doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo. (art.12 da lei
150/15)
Controle de jornada, com horários variados > presunção de veracidade desses documentos
> caberá ao empregado comprovar a falsidade desses registros.
O empregador não apresenta, de forma injustificada, os controles de frequência >
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho alegada pelo autor na inicial >
Todavia, pode ser elidida por prova em contrário.
Cartões britânicos: os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída
uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus probatório, relativo às
horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada alegada pelo trabalhador
se dele não se desincumbir.
Relativização da prova de jornada. Princípio da primazia da realidade: A presunção de
veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser
elidida por prova em contrário.
6.3. DEPOIMENTOS
Art. 821 CLT – Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo
quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis).
Rito ordinário: 3 testemunhas (art. 821 CLT)
Rito sumaríssimo: 2 testemunhas (art. 852-H, § 2º, da CLT)
Rito sumário: 3 testemunhas (ausência de lei, analogia)
Art. 824 CLT- O juiz ou presidente providenciará para que o depoimento de uma testemunha
não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo.
Art. 825 CLT- As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação
ou intimação.
Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento
da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem
motivo justificado, não atendam à intimação.
Art. 830 CLT. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada
para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário
competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.
EXERCÍCIOS
1. (FGV/OAB/XXVI Exame-2018) Uma sociedade empresária ajuizou ação de
consignação em pagamento em face do seu ex-empregado, com o objetivo de realizar o
depósito das verbas resilitórias devidas ao trabalhador e obter quitação judicial da
obrigação. No dia designado para a audiência una, a empresa não compareceu nem se
justificou, estando presente o ex-empregado.
Indique, de acordo com a CLT, o instituto jurídico que ocorrerá em relação ao processo.
a) Revelia.
b) Remarcação da audiência.
c) Arquivamento.
d) Confissão ficta.
COMENTÁRIO
Um dos princípios mais importantes do processo do trabalho é o princípio da oralidade, pelo
qual os atos processuais são praticados perante o juiz. Nesse contexto, a audiência trabalhista
assume papel relevante, de forma que na maioria dos processos há necessidade do
comparecimento das partes em juízo, momento em que será produzida grande parte das
provas, bem como será buscada a conciliação. Na audiência inaugural há necessidade do
comparecimento pessoal das partes, sendo facultativa a presença de advogado, diante do jus
postu landi (art. 845 da CLT). Se o reclamante (autor) se ausentar à audiência inaugural,
hipótese verificada nesta questão, a ação será arquivada.
1.C
2. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA-2016) Em reclamação
trabalhista, na qual você figurava como advogado da ré, seu processo era o primeiro da
pauta de audiências, designado para as 9h00min. Entretanto, já passados 25 minutos do
horário da sua audiência, o juiz ainda não havia comparecido e você e seu cliente tinham
audiência em outra Vara às 9h40min.
Nesse caso, de acordo com previsão expressa na CLT, assinale a opção que apresenta o
procedimento a ser adotado.
a) O advogado e o cliente poderão se retirar, devendo o ocorrido constar do livro de registro
de audiências.
b) O advogado e o cliente deverão aguardar até que se completem 30 minutos para, então, se
retirar e consignar o ocorrido em livro próprio.
c) O advogado e o cliente deverão tentar inverter a pauta de audiências, comunicando ao
secretário de audiências que estarão em outra Vara para posterior retorno e realização da
assentada.
d) O advogado e o cliente deverão se retirar e depois juntar cópia da ata da audiência da outra
Vara com a justificativa pela ausência.
COMENTÁRIO
Trata-se da aplicação do art. 815 da CLT, segundo o qual à hora marcada, o juiz ou presidente
declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer. Todavia, se ate 15 (quinze) minutos
após a hora marcada o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes, inclusive o
advogado e o cliente, poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.
2.A
3. (FGV/OAB/XV_Exame - 2014) Jorge, que presta serviços a uma companhia aérea na
China, é autor de um processo em face da Viação Brasil S/A, sua ex-empregadora. Na
data da audiência, Jorge estará, comprovadamente, trabalhando na China.
Considerando que Jorge tem interesse no desfecho rápido de seu processo, deverá
a) requerer o adiamento para data próxima.
b) dar procuração com poderes específicos ao seu advogado para que este o represente.
c) fazer-se representar por outro empregado da mesma profissão ou pelo seu sindicato.
d) deixar arquivar a demanda e ajuizar uma nova
COMENTÁRIO
No que toca ao comparecimento pessoal do reclamante na audiência trabalhista, é possível ao
trabalhador nomear um representante que faça parte de sua categoria profissional ou exerça a
mesma profissão (art. 843, § 2º da CLT), desde que tenha uma justificativa razoável para a
sua ausência, acompanhada da devida comprovação. Só que, nesse caso específico, a presença
do colega de profissão do empregado na audiência ou do sindicato só tem como efeito evitar o
arquivamento da demanda, já que não é possível colher o seu depoimento.
3.C
4. (FGV/OAB/XII Exame-2013) Em 10/04/2013 a empresa AlfaBeta Ltda. recebeu cópia
da petição inicial de ação em face dela ajuizada, com notificação citatória para audiência
no dia 14/04/2013. Nesta data, com pareceu apenas o preposto da ré, munido da
respectiva carta e carteira de trabalho, sem portar defesa, requerendo oralmente o
adiamento da audiência. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) O juiz deverá manter a audiência e aplicar a revelia por ausência de defesa.
b) O juiz deverá adiar a audiência pela exiguidade de tempo entre a citação e a realização da
audiência.
c) O juiz deverá manter a audiència, podendo o preposto apresentar defesa oral no prazo legal
de 20 minutos, já que vigora o "jus pos tulandi".
d) Face aos principios da celeridade e economia processual, o juiz deverá manter a audiência,
mas em razão da presença da ré, evi dente o ânimo de defesa, não aplicará à revelia.
COMENTÁRIOS
De acordo com o artigo 841 da CLT, entre a data do recebimento da notificação pela
reclamada e a data designada para a audiência deverá ser respeitado o prazo mínimo de 5
(cinco) dias, sob pena de nulidade. Importante lembrar que nos casos que envolvam a Fazenda
Pública esse prazo será contado em quádruplo, ou seja, deverá respeitar o lapso temporal de
20 dias, nos termos do art. 1°, Il do Decreto-Lei 779/1969. No caso em tela, a revelia não
poderá ser aplicada, uma vez que a reclamada se fez substituir pelo preposto (art. 843, §1º, da
CLT).
4.B
5. (FGV/OAB/X_Exame - 2013) Em reclamação trabalhista movida contra um
município, este não comparece à audiência inaugural. Diante dessa hipótese, assinale a
afirmativa correta.
a) Não se cogita de revelia porque o direito é indisponível.
b) Aplica-se a revelia contra o ente público.
c) Não há revelia, mas se aplica a confissão.
d) O juiz deve designar audiência de instrução, haja vista tratar-se de ente público.
COMENTÁRIOS
No processo do trabalho, a revelia se dá com o não compareci mento da parte reclamada em
audiência inaugural, ainda que se trate de pessoa jurídica de direito público, conforme
entendimento dado pela OJ 152 da SDI-1 do TST. Portanto, não deve ser designada nova
audiência de instrução.
5.B
6. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA - 2016) O juiz, em sede de
reclamação trabalhista, após ouvir os depoimentos pessoais das partes, deu início à
oitiva de testemunha da parte ré, já que o autor não produziu a prova testemunhal.
Como as três testemunhas da empresa permaneceram na sala de audiência durante toda
a audiência, o juiz ouviu cada uma delas sem que as outras se retirassem.
De acordo com a CLT, assinale a opção que indica o procedimento a ser adotado pelo
advogado da parte autora.
a) Deverá ser requerida a invalidação dos depoimentos.
b) Não há nada a ser requerido, pois o procedimento foi normal visando à celeridade e à
economia processual.
c) Deverá ser requerido o adiamento da audiência para a produção de prova testemunhal pelo
autor.
d) Deverá ser requerida a oitiva das testemunhas como informantes.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, ocorreu a contaminação da prova testemunhal, tendo em vista que as
testemunhas ouviram os depoimentos uma das outras. Segundo o artigo 824 da CLT, o juiz ou
presidente providenciará para que o depoimento de uma testemunha não seja ouvido pelas
demais que tenham de tenham de depor no processo. Dessa forma, a parte deverá requerer a
invalidação dos depoimentos, que não devem ser utilizados como prova no processo.
6.A
7. (FGV/OAB/XIX Exame - 2016) José ajuizou reclamação trabalhista em face da
sociedade empresária ABCD Ltda., requerendo horas extras. A sociedade empresária
apresentou contestação negando as horas extras e juntou os cartões de ponto, os quais
continham horários variados de entrada e saída, marcados por meio de relógio de ponto,
O advogado do autor impugnou a documentação.
Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) Na qualidade de advogado do autor, você não precisará produzir qualquer outra prova, pois
já impugnou a documentação.
b) Na qualidade de advogado da ré, você deverá produzir prova testemunhal, já que a
documentação foi impugnada.
c) Na qualidade de advogado do autor, o ônus da prova será do seu cliente, razão pela qual
você deverá produzir outros meios de prova em razão da sua impugnação à documentação.
d) Dada a variação de horários nos documentos, presumem-se os mesmos inválidos diante da
impugnação, razão pela qual só caberá o ônus da prova à empresa ré.
COMENTÁRIOS
O pedido de reconhecimento de horas extras é fato extraordinário e constitutivo do direito do
reclamante, razão pela qual incumbirá a José o ônus da prova de sua realização, de acordo
com o art. 818 da CLT. Destaca-se que quando o empregador tiver mais de 20 (vinte)
empregados (alteração de 10 para 20 empregados com a recente Lei da Liberdade Econômica,
Lei n. 13.874/2019) o ônus da prova será invertido, incumbindo ao reclamado apresentar os
cartões de ponto. Além disso, o ônus da prova também será invertido se o empregador
apresentar cartões de pontos com horário britânico, ou seja, invariável, o que não ocorreu no
caso em tela.
7.C
8. (FGV/OAB/XII Exame-2013) Carlos Alberto foi caixa numa instituição bancária e
ajuizou reclamação trabalhista, postulando o paga mento de horas extras, já que em
uma das agências, na qual trabalhou por dois anos, cumpra jornada superior à legal.
Em contestação, foram apresentados os controles, que no continham sobrejornada, e por
essa razão foram expressamente impugnados pelo acionante. Na instrução, o banco não
produziu prova, mas Carlos Alberto conduziu uma testemunha que com ele trabalhou
sete meses na agência em questão e ratificou a jornada mais extensa declarada na
petição inicial. Diante desta situação e de acordo com o entendimento consolidado do
TST, assinale a afirmativa correta.
a) Uma vez que a testemunha trabalhou com o autor somente sete meses, este é o limite de
tempo que limitará eventual condenação.
b) Se o juiz se convencer, pela prova testemunhal, que a sobrejornada ocorreu nos dois anos,
poderá deferir as horas extras em todo o período.
c) Uma vez que a testemunha trabalhou com o autor em período inferior à metade do tempo
questionado, não poderá ser fator de convencimento acerca da jornada.
d) Considerando que os controles foram juntados, uma única testemunha não poderia servir de
prova da jornada cumprida.
COMENTÁRIOS
Ainda que a testemunha Carlos tenha trabalhado apenas 07 (sete) meses com o reclamante, a
decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao
tempo por ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedi mento
questionado superou aquele período (OJ nº 233, da SDI-1, do TST). Portanto, o juiz poderá
deferir as horas extras em todo o período requerido por Carlos Alberto (dois anos). Ainda que
os cartões de ponto tenham sido juntados aos autos, a testemunha poderá servir de prova da
jornada cumprida, uma vez que tais controles não fazem prova absoluta, mas relativa, razão
pela qual podem ser afastados por outros meios de prova, inclusive a testemunhal.
8.B
9. (FGV/OAB/VII Exame - 2012) Josenildo da Silva ajuizou reclamação trabalhista em
face da empresa Arca de Noé Ltda., postulando, o pagamento de verbas resilitórias, em
razão de dispensa imotivada: de horas extraordinárias com adicional de 50% (cinquenta
por cento); das repercussões devidas em face da percepção de parcelas salariais não
contabilizadas e de diferenças decorrentes de equiparação salarial com paradigma por
ele apontado. Na defesa, a reclamada alega que. após discussão havida com colega de
trabalho, o reclamante não mais retornou à empresa, tendo sido surpreendida com o
ajuizamento da ação; que a empresa não submete seus empregados a jornada
extraordinária; que jamais pagou qualquer valor ao reclamante que não tivesse sido
contabilizado e que não havia identidade de funções entre o autor e o paradigma
indicado. Considerando que a ré possui 10 (dez) empregados e que não houve a juntada
de controles de ponto, assinale a alternativa correta.
a) Cabe ao reclamante o ônus de provar a dispensa imotivada. as
b) Cabe à reclamada o ônus da prova quanto à diferença entre funções do equiparando e do
paradigma.
c) Cabe ao reclamante o ônus de provar o trabalho extraordinário.
d) Cabe à reclamada o ônus da prova no tocante à ausência de paga mento de salário não
contabilizado.
COMENTÁRIOS
O ônus da prova incumbe ao reclamante quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao
reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
reclamante. A dispensa imotivada constitui fato impeditivo do direito de Josenildo, razão pela
qual incumbe à empresa Arca de Noé Ltda. o ônus da prova. Por outro lado, a identidade de
funções entre o paradigma e o equiparando, o trabalho extraordinário e o pagamento não
contabilizado devem ser provados pelo reclamante, pois se trata de fatos constitutivos de seu
direito, nos termos do art. 818 da CLT e Súmulas 6, VIII, 212 e 338, 1, do TST.
9.C
10. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias - 2011) No Processo do Trabalho, em
relação ao ônus da prova, assinale a alternativa correta.
a) É do empregador quanto à alegação de inexistência de vínculo de emprego, se admitida a
prestação de serviços com outra qualidade.
b) É sempre do empregador nas reclamações versando sobre horas extras.
c) É sempre da parte que fizer a alegação, não importando o comportamento da parte contrária
a respeito.
d) É sempre do empregador nas reclamações versando sobre equiparação salarial.
COMENTÁRIOS
O ônus da prova incumbe ao reclamante quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao
reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
reclamante. A alegação de inexistência de vínculo empregatício, se admitida a prestação de
serviços com outra qualidade, constitui fato impeditivo do direito do reclamante, razão pela
qual incumbe à reclamada o ônus da prova. No que tange às reclamações versando sobre
horas extras, em regra, será ônus do empregado prová-las. Contudo, quando o empregador
tiver mais de 20 (vinte) empregados o ônus da prova será invertido, incumbindo ao reclamado
apresentar os cartões de ponto. Além disso, o ônus da prova também será invertido se o
empregador apresentar cartões de pontos com horário britânico, ou seja, invariável. Destaca-
se que quando se tratar de equiparação salarial, fato constitutivo do direito do autor, caberá a
ele provar a identidade de funções, tudo de acordo com o art. 818 da CLT e Súmulas 6, VIII,
212 e 338, 1, do TST.
10.A
11. (FGV/OAB/V_Exame-2011) A respeito da prova testemunhal processo do trabalho, é
correto afirmar que
a) em se tratando de ação trabalhista pelo rito ordinário ou sumaríssimo, as partes poderão
ouvir no máximo três testemunhas cada; sendo inquérito, o número é elevado para seis.
b) apenas as testemunhas arroladas previamente poderão comparecer à audiência a fim de
serem ouvidas.
c) no processo do trabalho sumaríssimo, a simples ausência da testemunha na audiência
enseja a sua condução coercitiva.
d) as testemunhas comparecerão à audiência independentemente de intimação e, no caso de
não comparecimento, serão intimadas "ex officio" ou a requerimento da parte.
COMENTÁRIOS
(a) No rito sumaríssimo cada parte poderá arrolar no máximo 02 (duas) testemunhas, nos
termos do art. 852-H, § 2º, da CLT. De forma diversa, no rito ordinário a parte poderá indicar
até 03 (três) testemunhas. Porém, quando se tratar de inquérito, poderá ser elevado para 06
(seis) testemunhas (CLT, art. 821)
(b) Não há necessidade de arrolamento prévio das testemunhas para que possam ser ouvidas
pelo juízo, uma vez que elas devem comparecer à audiência independentemente de intimação,
de acordo com o art. 825 da CLT.
(c) No rito sumaríssimo, se a testemunha não comparecer em juízo, somente será deferida a
sua intimação se for comprovado que ela foi convidada e não compareceu. Nessa hipótese, se
a testemunha intimada não comparecer para depor, o juiz poderá determinar sua imediata
condução coercitiva (CLT, art. 852-H)
(d) A alternativa está correta, tendo em vista que o art. 825 da CLT determina que no processo
do trabalho as testemunhas devem comparecer na audiência independentemente de
notificação ou intimação. As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva.
11.D