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UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
MARLENCY ALVES
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A FORMAÇÃO DA CRIANÇA NA
TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL.
Recife-PE
2022
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UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
MARLENCY ALVES
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A FORMAÇÃO DA CRIANÇA NA
TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito parcial para a
obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.
Universo Paulista- Polo Riachuelo.
Orientação: Elisabete Rigolon Lança.
Recife – PE
2022
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4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido esta oportunidade e aos
meus pais que desde pequena sempre me incentivaram a lutar e me esforçar
pelo meu aperfeiçoamento.
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RESUMO
Alfabetização ou Letramento és a questão, qual é o mais importante?
Como detalhou-se ambos são de fundamental importância no crescimento do cidadão
na sociedade e para o mesmo tomar conhecimento de seus direitos e exercer seus
deveres, logo, é desejável que os mesmos sigam juntos durante todo o processo de
ensino-aprendizagem nos anos iniciais de ensino na vida da criança. Dessa forma, o
papel do docente é de suma importância na ampliação do conhecimento da criança,
de modo que a aprendizagem tenha significado, e venha produzir resultados
significativo na vida da criança, para que a mesma venha reproduzir esse
conhecimento fora da sala de aula, com isso a criança poderá ser um agente ativador
do futuro, podendo expressar suas opiniões com autonomia e amadurecimento. Como
se observou o processo de alfabetização de letramento tem passado por várias
mudanças ao longo dos anos buscando melhorias, pois muitas crianças chegavam a
idade avançada e não eram alfabetizadas e letradas. Com, isso seguinte monografia
tem por objetivo destacar a importância dos anos iniciais na vida de uma criança, o
período de passagem da educação infantil para o ensino fundamental I, observar as
interações entre criança/criança, criança/adulto; e observar o desenvolvimento da
criança neste período. Nessa questão iremos trabalhar o processo de alfabetização e
letramento como uma prática pedagógica a ser realizada, é importante destacar que
a consolidação da alfabetização irá acontecer no início do fundamental I, mas não se
deve se desprezar os anos iniciais, pois é de suma importância para essa fase do
desenvolvimento e para consolidação das primeiras etapas da vida da criança que é
crucial para as outras etapas. Para enfatizar esse trabalho será utilizado livros de
autores importantes que serão citados posteriormente, um deles que gostaria de
destacar é o da autora Magda Soares “ Alfabetização e Letramento”, onde ela aborda
questões de teorias e práticas voltadas à alfabetização e Letramento.
Palavras-chave: Letramento, Alfabetização , Práticas Educacionais.
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ABSTRACT
Literacy or Literacy is the question, which is more important? As detailed, both are of
fundamental importance in the growth of citizens in society and for them to become
aware of their rights and exercise their duties, therefore, it is desirable that they
continue together throughout the teaching-learning process in the early years of
teaching in the child’s life. In this way, the role of the teacher is of paramount
importance in expanding the child’s knowledge, so that learning has meaning, and will
produce significant results in the child’s life, so that it will reproduce this knowledge
outside the classroom, with this the child will be able to be na activating agent of the
future, being able to express its opinions with autonomy and maturity. As observed,
the literacy literacy process has undergone several changes over the years seeking
improvements, as many children reached advanced age and were not literate and
literate. With, this following monograph aims to highlight the importance of the early
years in a child’s life, the transition period from early childhood education to elementary
school I, observe the interactions between child/child, child/adult; and observe the
child’s development in this period. In this question, we will work on the literacy and
literacy process as a pedagogical practice to be carried out, it is important to highlight
that the consolidation of literacy will happen at the beginning of fundamental I, but the
initial years should not be neglected, as it is of paramount importance for this stage of
development and for the consolidation of the first stages of the child’s life, which is
crucial for the other stages. To emphasize this work, books by important authors that
will be cited later will be used, one of which I would like to highlight is the author Magda
Soares “Alfabetização e Letramento”, where she addresses issues of theories and
practices aimed at literacy and literacy.
Keywords: Literacy, Literacy, Educational Practices.
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SUMÁRIO
CATALOGRÁFICA………………………………………………………………..... 3
AGRADECIMENTOS………………………………………………………………. 4
RESUMO……………………………………………………………….................... 5
ABSTRACT…………………………………………………………………………... 6
INTRODUÇÃO……………………………………………………………….. 8
CAPÍTULO 1 - Alfabetização e Letramento: conceitos e
implicações nas práticas pedagógicas…………………………….…... 10
CAPÍTULO 2. Aprendizagem e o desenvolvimento
infantil durante a educação infantil…………………………….……….. 15
2.1 O processo de aprendizagem em relação a
psicogênese da leitura e da escrita……………………………….............. 19
CAPÍTULO 3. Ensino Fundamental com duração de 9 anos:
No contexto da educação básica………………………………….....… 24
3.1 A perspectivas permanência das crianças nesta nova
modalidade ……………………………………………….......................... 28
ALFALETRAR……………………………………………………….……..... 31
METODOLOGIA………………………………………………….……….. 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………...………… 33
REFERÊNCIAS……………………………………….…………………..... 34
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INTRODUÇÃO
O processo de alfabetização e letramento sempre chama atenção de
muitos, e entender como é, e de que maneira acontecem nas escolas, com
foco na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental com
duração de 9 anos, pois é nesse período em que as crianças estão
começando a desenvolver interesse por novas coisas, e, sobretudo nessa
ocasião qualquer novidade apresentadas a elas, tendem a captar a
informação e começar a processar seu interesse redescobrindo-se cada vez
mais. Compreender esses dois processos é de suma importância para que, o
trabalho na Educação e nos Anos Inicias do Ensino (Educação Infantil e
Ensino Fundamental I), sejam proveitosos para os sujeitos que nela atuam. Na
realidade em que se vive, a leitura e a escrita são essenciais para o exercício
da cidadania, a todo momento percebe-se grande quantidade de códigos
escritos por toda parte, por isso é imprescindível a compreensão desses
códigos através da leitura, por isso a necessidade de ler e escrever com
autonomia e compreensão de mundo. Com isso, o papel do educador é de
grande responsabilidade, pois, especificamente nos primeiros dois anos do
ensino fundamental segundo a BNCC, há o chamado ciclo alfabetizador, onde
o foco do ensino é o processo de alfabetização e letramento, com isso, deve-
se ao professor (a) a busca por melhores métodos e metodologias que
contribuam para o aprendizado da criança, tendo ela como protagonista do
processo ensino-aprendizagem. Segundo Mello:
O sentido da escrita é gerado pela forma como as crianças percebem e
vivenciam as situações em que se deparam com a escrita e essa definição
guiará sua relação com a escrita e uma gama de atividades escolares que
incluem o uso da linguagem escrita (Mello, 2010).
Como podemos perceber, o contato da criança com a escrita é de suma
importância para seu desenvolvimento ao longo da vida, e para isso é
necessário por parte do professor(a), um ensino que aguce a curiosidade e
estímulo dos alunos(as).
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Sabe-se que a passagem entre a pré-escola e o ensino fundamental é um
momento crucial na vida das crianças, e suas implicações para membros de
diferentes grupos sociais têm sido objeto de pesquisa ao longo das últimas,
provocando interesses por diversas situação preocupantes na sociedade.
Muitos estudos buscam entender os significados da passagem entre os
distintos espaços de socialização da criança.
Neste sentido a finalidade desta monografia é a busca pela compreensão de
como ocorre a formação da criança da educação infantil para ensino
fundamental em relação a alfabetização e letramento e sua problemáticas, ao
longo do desenvolvimento escolar da criança.
O objetivo geral da pesquisa foi entender de que maneira as crianças estão
sendo alfabetizadas na perspectivas do letramento, na transição da Educação
Infantil para o Ensino Fundamental I. Os objetivos específicos foram: identificar
as metodologias de ensino utilizadas para alfabetizar, e observar as fases do
desenvolvimento infantil, em destaque o desenvolvimento psíquico. Em termos
de estrutura, nesta monografia, num primeiro momento, apresentarei a
introdução. Na sequência, irei discorrer sobre o conceito de alfabetização e
letramento e sobre conceitos e implicações na prática pedagógica. Logo depois,
irei desenvolver outros tópicos importantes. Então, por fim, abordarei as
considerações finais.
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1 Alfabetização e Letramento: conceitos e implicações nas práticas
pedagógicas
Como aprender a ler e a escrever? Quando podemos dizer que uma
criança está alfabetizada(o)? São diversas indagações principalmente na
mente das mães durante os primeiros anos de seus filhos na escola. Mas
através desta pesquisa se definirá essas perguntas.
Primeiramente, alfabetização e letramento são conceitos inseparáveis um
depende do outro, para a criança ser considerada alfabetizada além dela
passar por algumas etapas que irão ser citadas a seguir ela tem que
compreender o que está lendo ou seja ter o poder da interpretação e
entendimento na leitura. Enquanto o termo “alfabetizado” significa aquele ou
aquela que aprendeu a ler e a escrever, o termo “letrado” é usado para
designar um ser que é capaz de utilizar diferentes formas de escrita, e através
dela é capaz de construir e refletir criticamente sobre o que lê e escreve com
consistência e significado.
O termo letramento surgiu em diversos países do mundo, praticamente
ao mesmo tempo, todos sentiram necessidade de dar nome àquilo que não
era alfabetização, que era algo além de saber ler e escrever, que era ter
domínio da leitura e da escrita em práticas sociais. Conforme Soares (2004a,
p. 7):
A precariedade no domínio das competências da escrita e da leitura, que
tem muita importância em todas as áreas da vida do ser humano, são
tratadas de como problemas individuais , e muitas vezes não são vistas como
prioridades nas escolas.
De acordo com Emília, a construção do conhecimento da leitura e da
escrita tem uma lógica individual, embora aberta à interação social, na escola
ou fora dela. No processo, a criança passa por etapas, com avanços e
recuos, até se apossar do código linguístico e dominá-lo.
De acordo com a teoria da Psicogênese da língua e da escrita, toda
criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada. São elas:
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PRÉ-SILÁBICO
A criança começa perceber que a escrita representa aquilo que é falado. Ela
tenta representar a escrita por meio de rabiscos e desenhos. A criança ainda
não consegue relacionar as letras, com os sons da língua falada.
SILÁBICO
A criança começa a perceber a relação entre as letras daquilo que é falado.
Compreende a letra a sua maneira, dando valor de sílaba a cada uma, cada
sílaba representa uma letra.
SILÁBICO-ALFABÉTICO
A criança inicia o entendimento de que as sílabas possuem mais que uma letra
(fará a transição de ora utilizar uma letra para cada sílaba, ora reconhecer os
demais fonemas das palavras e passar a empregá-los). Mistura a lógica da fase
anterior com a identificação de algumas sílabas;
ALFABÉTICO
A criança já consegue reproduzira com qualidade todos os fonemas de uma
palavra, caracterizando a escrita convencional. Domina, enfim, o valor das
letras e sílabas.
Pesquisadores de países como Estados Unidos e França notaram que o
conflito entre aprender a ler e a escrever era um problema diferente, já que
jovens e adultos alfabetizados não conseguiam usar adequadamente a leitura e
a escrita na sua vida social.
Já no Brasil, esses conceitos ainda se misturam, pois se acredita que o
problema do letramento já se dá porque o processo de aprendizagem da leitura
e da escrita é falho. O fato é que são conceitos diferentes e, como cita o Morais
(2012), quando chegaram novas perspectivas teóricas no Brasil, houve uma
reflexão sobre os velhos métodos de alfabetização, o que levou muitos
educadores a negar o uso de tais métodos, mas também a utilizar uma
alfabetização sem metodologia, onde as atividades não eram intencionalmente
elaboradas para ensinar a escrita alfabética. Soares destaca (2004ª, p. 8),
“Embora a relação entre alfabetização e letramento seja inegável, além de
necessária e até mesmo imperiosa, ela, ainda que focalize diferenças, ou seja,
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Fazer do convívio com a cultura escrita, nas práticas sociais da criança, a única
forma de solução dos problemas, não é o bastante, para alfabetizá-la, é
necessário entender que o processo de aprendizado do sistema convencional é
imprescindível durante os anos iniciais do ensino fundamental, porém todo esse
processo deve ocorrer juntamente com os diversos gêneros discursivos,
trabalhando a oralidade, a leitura, a produção textual e a análise linguística, de
forma a sempre proporcionar oportunidade de reflexão à criança, de escrita
espontânea, de compartilhamento de saberes e estar incluída nessa cultura
escrita como agente da prática, usando autonomia e criatividade do saber.
De acordo com Soares (2004a, p. 11):
O que lamentavelmente parece estar ocorrendo
atualmente é que a perceção que se começa a ter, de que,
se as crianças estão sendo, de certa forma, letradas na
escola, não estão sendo alfabetizadas, parece estar
conduzindo à solução de um retorno à alfabetização como
processo autônomo, independente do letramento e ante
criatividade
No período em que a criança está em processo de aprendizado da leitura
e da escrita, ela vai precisar ter contato com textos que sejam sobre assuntos
dos quais ela já tenha um conhecimento prévio, algo que tenha a ver com o dia
a dia da criança. Para Cabral (2003, p. 37):
Só somos capazes de entender um texto, mesmo que bem
alfabetizados, quando tivermos algum conhecimento prévio sobre
o assunto (ou seja, um esquema), que se mede pela rede
estruturada de sentidos que a ele se referem.” Sendo assim,
textos cuja única intenção é fixar o fonema de determinada letra,
não auxiliam muito no processo de alfabetização.
É importante destacar que o aprendizado não é de igual modo para todas
as crianças. Irão haver crianças com mais dificuldade, e irão precisar de mais
tempo para aprender a ler e escrever. Em toda sala há uma heterogeneidade,
ou seja, diferença entre alunos(as), destrancando que essa diferença não deve
ser vista com menosprezo ou preconceito, deve ser respeitada pelo
professor(a), não é porque uma criança tem mais dificuldade que outras que irá
ser excluída de uma determinada atividade, pelo contrário deve ser mais
instigada ao conhecimento. Cabe ao professor ser essa ponte auxiliadora entre
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o aprendizado e o aluno (a), para que o mesmo se torne protagonista do
aprendizado, e aquela criança passe a pensar, refletir, aprender e colocar em
prática o aprendizado.
Nesse sentido, é importante destacar, também, essa afirmação de
Vygotsky: “ensinam-se as crianças a desenhar letras e construir palavras com
elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a
mecânica de ler o que está escrito, que se acaba obscurecendo a linguagem
escrita como tal.” (VYGOTSKY, 1991, p. 119).
Pode-se destacaram que alfabetização e letramento são processos
interdependentes e precisam andar juntos durante o processo de aquisição da
língua escrita, mas por algum motivo, durante a história da educação do país se
prioriza um ou outro dificultando o processo. Segundo Soares (2004a, p. 14):
Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das
atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e
escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da
escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do
sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de
habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas
práticas sociais que envolvem a língua escrita –o letramento.
É do professor(a) a tarefa de ampliar os conhecimentos da criança de
modo com que a aprendizagem tenha real significado, que seja algo que ela
use no seu meio social, saiba a importância de aprender e reflita durante o
processo de aprendizagem, desenvolvendo sua criticidade.
Segundo Zapelini, Schlickmann e Hubbe (2015, p. 11):
Vale lembrar que a língua é um sistema de comunicação a
qual se efetiva nas interações sociais. É a partir dessas
interações e interlocuções entre os sujeitos de uma
determinada comunidade, de um lugar onde ocorrem os
discursos entre os sujeitos, que acontece a comunicação,
seja pela língua falada, gestual, ou das diferentes práticas de
textos escritos.
Desta forma, a alfabetização e o letramento precisam andar lado a lado e
por meio das práticas sociais de leitura e escrita, voltadas para seu uso. O
desenvolvimento do processo de letramento “prepara” o estudante,
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independente da faixa de idade para a vida em sociedade, porque saber usar
socialmente a leitura e a escrita [...] tem consequências sobre o indivíduo, e
altera seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais,
políticos, cognitivos, linguísticos e até mesmo econômicos; do ponto de vista
social, a introdução da escrita em um grupo até então ágrafo tem sobre esse
grupo efeitos de natureza social, cultural, política, econômica, linguística.
(SOARES, 2004b, p. 18).
De acordo com a BNCC é de suma importância da continuidade entre a
educação infantil e o ensino fundamental, aprofundando e ampliando as
experiências da criança.
Ela orienta uma passagem saudável com um auxilio que leve em conta a
jornada da criança até chegar ali. Ou seja, que se crie uma ligação entre as
fases, e que a travessia seja lenta, para causar nenhum transtorno na criança e
nem prejudicar seu aprendizado.
Concluída está parte, na sequência, irá se refletir sobre o modo como o
processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil ocorre.
15
2 Aprendizagem e o desenvolvimento infantil durante a educação infantil.
De acordo com Vygotsky (1998), os acessórios referentes à Educação
Infantil representam uma das mais importantes conquistas da nova legislação
educacional. Teve pela primeira vez a honra, de fato, de ser tratada como parte
integrante da Educação Básica, sendo-lhe descritos objetivos claros, que
englobam múltiplas dimensões do desenvolvimento da criança: física,
psicológica, intelectual e social. A partir de então, a criança passou a ser
respeitada e compreendida como ser vivo, e além disso a criança começou a
ser vista como um ser gerador de conhecimento, e não como uma tábula rasa.
A incessante busca em seu atendimento – educar e cuidar – acordou nas
autoridades considerações e iniciativas particulares. Desta forma, medidas
burocráticas influenciaram a conjuntura administrativa e os programas de
atendimentos à infância.
Diante desta novidade , pode-se perceber a necessidade da socialização,
que é fundamental no desenvolvimento infantil, e que, para Vygotsky (1998), é
decisiva para promover uma aprendizagem significativa. Piaget (1990) enfatiza
o processo de construção do conhecimento, centrando seus estudos,
principalmente, no pensamento lógico-matemático. Assim, a visão piagetiana
fundamenta uma educação para possibilitar à criança o desenvolvimento amplo
e dinâmico desde o período sensório-motor até o operatório formal. A escola
deve considerar os esquemas de assimilação da criança, favorecendo a
realização de atividades diferenciadas que provoquem sucessivos
desequilíbrios e reequilíbrios, promovendo a descoberta e a construção do
conhecimento, para levar a criança além, do real, oi seja ao imaginário. Pode-
se também observar a tendência crítica, que merece atenção, na qual, diz que
a educação deve favorecer a transformação do contexto social. A ênfase maior
é dada ao trabalho, onde as atividades manuais são consideradas tão
importantes quanto as intelectuais, e a disciplina e a autoridade são frutos do
trabalho organizado. Esse dinamismo é elemento de mudança social para a
transformação de uma sociedade mais humana e também popular. O trabalho
deve ser uma atividade verdadeira com a participação e integração entre
famílias, comunidade e escola (MACHADO, 2000).
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Como Saviani (2007) organiza seus estudos sobre a função da escola, é
necessário agora analisar como as crianças se desenvolvem para então
entender como devem ser atendidas as crianças nessa parte do seu
desenvolvimento.
As crianças quando entram na escola descobrem um novo mundo, como
pontua Leontiev (2006, p. 61):
Quando se senta para preparar as suas lições, a criança sente-se, talvez pela
primeira vez, ocupada com um assunto muito importante. Em casa, os irmãos
menores são proibidos de incomodá-la, e mesmo os adultos, às vezes,
sacrificam suas próprias ocupações para dar-lhe a oportunidade de trabalhar.
Isto é muito diferente de seus jogos e ocupações anteriores. O próprio lugar
de sua atividade na vida adulta, na vida verdadeiramente real que a cerca,
torna-se diferente.
Para Vygotsky (2006), a tarefa do docente consiste em desenvolver não uma
única capacidade de pensar, mas muitas capacidades particulares de pensar em
campos diferentes, não a capacidade de atenção, mas desenvolver diferentes
faculdades de concentrar a atenção sobre diferentes matérias. Para o autor o
processo de aprendizagem se inicia antes mesmo do início das atividades
escolares, ele se inicia no momento do nascimento, a interação com adultos e
crianças também é responsável pelo aprendizado, desse modo, a aprendizado
antes da escola deve ser considerado no processo de ensino pelos professores.
Para Vygotsky (2006):
[…] a aprendizagem é um momento intrinsecamente necessário e universal para
que se desenvolvam nas crianças as características humanas não naturais, mas
que são formadas historicamente. Assim acredita-se que todo o processo de
aprendizagem é uma fonte de desenvolvimento que ativa numerosos processos,
que não poderiam desenvolver-se por si mesmos sem a aprendizagem
(VYGOTSKY, 2006, p. 115).
Na visão de Piaget(1987), o desenvolvimento é um processo de equilibrações
sucessivas e, embora seja contínuo, passa por diversas fases ou períodos, os
quais definem um momento de desenvolvimento da criança.
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Pode-se especificar as fases como: sensório-motor, pré-operatória, operatório-
concreta e operatório-formal.
Segundo Piaget (1987), a fase sensório-motor inicia-se no nascimento até os
dois anos de idade aproximadamente. Nela, a criança começa a formular
esquemas para obter uma informação através de perceções sensoriais. Nesse
estágio a criança busca soluções em sua mente e descarta as que podem não
funcionar. Outra fase refere-se ao pré-operacional, esta etapa se estende dos
dois aos seis anos e é marcada pelo aparecimento da linguagem e uma maior
competência nas áreas da inteligência e aprendizagem.
Piaget (1987, p. 222), diz que:
A criança está se tornando mais competente e desenvolve a capacidade de usar
símbolos em pensamento e ação, e consegue lidar mais eficientemente com
conceitos tais como idade, espaço, tempo e moralidade. No entanto ainda não
separa completamente o real do irreal, e grande parte do seu pensamento é
egocêntrico. É incapaz de considerar totalmente o ponto de vista de uma outra
pessoa. É uma criatura fascinante para se observar e conhecer.
O estágio pré-operatório ocorre o surgimento da linguagem, que condiciona
todos os esquemas mentais. A possibilidade de falar habilita um esquema mental
diferente, no qual a função simbólica é primordial. A criança utiliza símbolos para
representar os objetos, os lugares e as pessoas. Ela entende que as palavras
são usadas para designar as coisas que estão ao redor. Na fase operatório
concreto, a criança começam a lidar com conceitos como os números e relações.
Esse estágio passa a manifestar-se de modo mais evidente o que coincide (ou
deve coincidir) com o início da escolarização formal, ou seja, com o Ensino
Fundamental. É caracterizado por uma lógica interna consistente e pela
habilidade de solucionar problemas concretos. Neste momento, o declínio no
egocentrismo passa a ser mais visível.
Conforme Piaget (1987), o ambiente escolar é muito importante porque a
criança irá ter contato com diversos pontos de vista diferentes dos que vê em
casa com seus pais. A criança, aos poucos, chegará à conclusão que não existe
um único modelo inalterável de moralidade. No plano social e moral, os grupos
de discussão entre as crianças começam a favorecer não só a objetivação do eu
e do pensamento, mas também o questionamento da validade e das
18
consequências das normas sociais. A partir desta fase, as normas precisam ser
aceitas para orientarem condutas sociais autenticas.
Outro aspecto importante no estágio operatório concreto refere-se ao
aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela
começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações
físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo,
qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente
comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando
a ação física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente,
tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se
referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou
imaginadas de forma concreta. Isso quer dizer que a capacidade de reflexão
aperfeiçoa-se, mas sempre baseada em situações concretas e lógicas: para
ocorrer a compreensão, são necessárias comparações do que é aprendido com
o que já é conhecido ou está sendo fisicamente visualizado. Essa preocupação
com o julgamento fantasioso só diminuirá com a chegada dos quinze ou
dezesseis anos, pois o adolescente começará a perceber que as pessoas não
estão tão preocupadas com ele do jeito que pensa. Depois que conseguir
amadurecer, o adolescente já será capaz de pensar a respeito de sua própria
identidade e começar a se enquadrar na sociedade. Portanto, é fundamental que
o adulto, para melhor entender as crianças, não as considerem como pequenos
adultos e sim, como uma vida em desenvolvimento que vai mudando e se
qualificando na medida em que crescem.
Para Luria (2006) o envolvimento da brincadeira dentro do processo de
aprendizado da escrita na infância é de uma importância, em seus estudos o
autor pontua o processo da aprendizagem da escrita passa por alguns estágios.
Para Vygotsky (2006) é fundamental que no processo existam práticas como
o jogo de faz de conta, o desenho e o gesto.
A seguir irá se argumentar um pouco sobre a psicogênese da leitura e da
escrita.
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2.1 O processo de aprendizagem em relação a psicogênese da leitura e da
escrita.
Através de suas pesquisas Emília Ferreiro (1986) trouxe um novo olhar sobre
a alfabetização. Suas ideias trazem uma nova teoria, chamada Psicogênese da
Língua escrita. Suas pesquisas, realizadas juntamente com Ana Teberosky, se
deu devido os altos índices de rendimento escolar apresentados por México e
Argentina. A autora afirma que os conhecimentos têm uma gênese, explicando
quais são as formas iniciais de conhecimento da língua escrita. Por meio de sua
teoria, orienta como as crianças chegam a ser leitores, antes de sê-lo. À
concepção da alfabetização, a Psicogênese da Língua Escrita apresenta um
suporte teórico construtivista, para tanto o conhecimento logo deve aparecer e
deve ser produzido pelo indivíduo, que passa a ser analisado como sujeito e não
como objeto do processo de aprendizagem.
As ideias pedagógicas de alfabetização que vem sendo elaboradas tendo
como referência teórica o construtivismo interacionista piagetiano e, mais
especificamente, a psicogênese da língua escrita descrita por Ferreiro e
Teberosky (2011), têm cumprido o papel de transmitir um corpo de ideias, cuja
origem é a pesquisa em psicolinguística, dentre as quais uma das mais
importantes é a de que as crianças, em seu processo de alfabetização,
constroem hipóteses sobre o que a escrita representa.
Ferreiro (1990), assim detalhou esse desenvolvimento, organizado em três
grandes períodos: o primeiro período caracteriza-se pela busca de parâmetros
de diferenciação entre as marcas gráficas figurativas e as marcas gráficas não-
figurativas, assim como pela formação de séries de letras como objetos
substitutos, e pela busca de condições de interpretação desses objetos
substitutos.
O segundo período é caracterizado pela construção de modos de
diferenciação entre o encadeamento de letras, baseando-se alternadamente em
eixos de diferenciação qualitativos e quantitativos. E o terceiro período é o que
corresponde à fonética da escrita, que começa por um período silábico e culmina
em período alfabético, o qual Oliveira (1994), ressalta:
20
A grande meta, se assim podemos dizer, dos dois primeiros anos de vida, a
organização do corpo no meio, a consciência de si como sujeito das próprias
ações sensor-motor num contexto significativo, é condição da formação e
utilização do símbolo, que vem a ser a grande experiência humana. (OLIVEIRA,
l994, p. 25).
Com isso, indo para às teorias pedagógicas do desenvolvimento infantil,
Vygotsky (1998), eu seu livro “Formação social da mente”, aponta que:
Contrariando o que aprenderam nos seus cursos de formação, de que primeiro
a criança se desenvolve para depois aprender, os professores passaram a
trabalhar a partir do pressuposto de que, aprendizado e desenvolvimento estão
inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança (VYGOTSKY, 998, p.
9l).
Pode-se concluir que os seus alunos(as) não fazem conhecimentos sozinhos
e que o papel das outras crianças é de suma importância no processo de
apropriação do conhecimento. Assim, as ideias de Ferreiro (1990) sobre a
alfabetização em processo, evidenciam que esta começa desde cedo, já na
educação infantil, com a leitura, mesmo sem saber ler as palavras as crianças do
infantil I-II, por exemplo devem ser estimuladas a leitura de imagens ilustrativas,
através dessas imagens, elas começam a ler o mundo também, pois passam a
associar as imagens dos livros as imagens do dia a dia, e esse aprendizado
nunca termina, mas se processa em constante evolução, como objetos culturais
do conhecimento, são adquiridas por um processo de autoconstrução, no
confronto e interação da criança com o meio. Assim, pode-se utilizar a teoria de
Piaget, usando a explicação sobre o desenvolvimento da criança no ato de ler e
escrever, do ponto de vista cognitivo. Os aspectos fundamentais da evolução
psicogenética acontecem a partir de dois anos (assim que a criança consegue
pegar no lápis). É a época das garatujas. Hoje, o aprendizado não está mais
formado, único e exclusivamente, a figura do professor. As relações se alteram e
as crianças aprendem, também, umas com as outras. Com a criança desde o
primeiro período, sendo estimulada a ousar e a colocar no papel o que pensa,
através da linguagem escrita, o que antes para o professor significava puros
21
rabiscos, hoje ganha outro significado.
O que foi exposto do trabalho de Ferreiro e Teberosky (2011) é o que se
menciona à hipótese silábica, uma divisão, em níveis, das noções de escrita
pelas qual a criança passa, ao longo de seu aprendizado. São estes níveis: pré-
silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético, como citado anteriormente, a
princípio a criança passa pelo processo imitação mecânica do ato do adulto ao
escrever. Mas, a nível conceitual, a criança já dá nome aos seus rabiscos. Ela
pode os nomear como: ‘é o papai’, ‘o caminhão dele’, ‘minha casa’.
À medida que a criança vai se desenvolvendo nos seus estágios cognitivos e
que lhe é dada oportunidade com materiais impressos e de desenho, ela vai
avançando cada vez mais conhecimento. É de suma importância nesta fase o
estímulo da criança a folhear revistas, jornais, fotos, levando-a a interpretar
gravuras e colocar à sua disposição lápis de cera, pincel e folhas brancas, para
representação gráfica de seu pensamento.
No nível pré-silábico, as crianças produzem riscos e/ou rabiscos típicos da
escrita que a criança tem como forma básica (modelo de letra cursiva ou bastão).
De acordo com essa avaliação, Carraher e Rego, (l981, p. 10), investigaram as
possíveis relações entre a superação do realismo nominal e os processos da
alfabetização. As crianças não separam os elementos das palavras, fazem
sempre uma leitura global do que está escrito. (Cada letra ou sinal vale pelo todo).
Diante disso, Ferreiro e Teberosky (2011) destacam que as crianças exploram
então critérios que lhes permitem variações sobre o eixo qualitativo – variar o
repertório das letras que se utiliza de uma escrita para outra; variar a posição das
mesmas sem modifica a quantidade. Nesses dois primeiros períodos, o escrito
não está regulado por diferenças ou semelhanças entre os significados sonoros.
Observação: para a criança chegar ao pré-silábico 2, é muito importante o
contato com as letras convencionais a partir do próprio nome e do alfabeto móvel,
senão ela ficará por muito tempo nos níveis anteriores. Nessa fase também se
trabalha com textos orais e escritos, frases e palavras, escrita espontânea dentre
outras atividades.
Conforme conceitos teóricos de Piaget (l997, p.27), em toda e qualquer
conduta há interdependência entre os aspectos afetivos (motivação), interesse
(vontade) e intelectuais.
22
Quando pensamos em relação ao interesse e motivação das crianças em
relação ao estudos, podemos dizer que estão interligados, as crianças só se
interessam por aquilo que são instigadas e motivadas, de forma diferente elas
não vão ter interesse, e além disso o que for passado para a criança deve está
no seu nível de entendimento, entretanto esse entendimento tem a possibilidade
de ser ajustado ao que já foi aprendido. Em geral, não há interesse, desvinculado
de recursos internos e nem o inverso. Sendo assim, um estímulo qualquer só
será interpretado pela criança se for assimilado por sua organização intelectual.
A criança começa a descobrir que as partes da escrita (suas letras) podem
corresponder a outras tantas partes da palavra escrita (suas sílabas).
Já num grau mais elevado, as crianças empregam nas suas escritas vogais e
até consoantes tendo já o seu valor convencional. (Empregam vogais ou
consoantes das sílabas das palavras que querem escrever). A criança, mesmo
treinando as famílias incansavelmente, não as emprega na sua escrita silábica.
É importante também descobrir o processo de construção do aluno (que é
subjacente a qualquer método de alfabetização). O aluno tem o seu método
próprio de aprender e muitas vezes não aprende com o método que lhe é
proposto pela escola.
A base alfabética compreendida independentemente de qualquer
ensinamento formal. Gradativamente as crianças se voltam para as sílabas,
representeando-as com uma ou mais letras.
Cada aluno tem uma forma própria de aprender, e isto tem que ser reconhecido
pelo professor. A criança interage ativamente com seu meio, construindo suas
próprias ‘categorias de pensamento’ ao mesmo tempo em que organiza o
Mundo. (FERREIRO E TEBEROSKY, 2011, p 21).
A transição por esse nível é feita pelas crianças de forma natural. Entretanto,
a evolução na escrita dependerá dos estímulos e oportunidades que lhe serão
oferecidos. Com isso,não existe correspondência pré-fixada. Os estágios
evoluem, segundo a teoria de Piaget (1975), como uma espiral, de maneira que
cada estágio engloba o anterior e o amplia. Cada nível tem sido caracterizado
por determinadas conquistas que se tornam parte integrante daquelas
23
pertencentes ao nível imediatamente posterior, a título de conteúdo necessário à
construção de uma forma mais ampla de conhecimento, ou seja cada conquista
é depende da outra, pois ambas se integram e participam do processo evolutivo
e cognitivo da criança.
Conforme propostas pedagógicas das Diretrizes Curriculares da Educação
Infantil (BRASIL, 2010), as instituições pré-escolares deverão prever condições
para o trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos
que assegurem: o reconhecimento, a valorização, o respeito e a interação das
crianças com vistas ao seu processo de alfabetização. Nesse contexto, na visão
de Mello (2004, p. 70), “[…] à medida que vai crescendo, a criança vai
mergulhando cada vez mais no mundo da cultura humana…” Nesse processo vai
necessitando de atividades complexas como a escrita.
A seguir irá se falar um pouco sobre o ensino fundamental com duração de 9
anos.
24
3 O Ensino Fundamental com duração de 9 anos: No contexto da educação
básica.
Falando do Ensino Fundamental, com nove anos de duração, essa é a
etapa de maior duração da Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14
anos. Existem, portanto, adolescentes e crianças que, ao durante esse período,
vivem ima série de mudanças ligadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos,
sociais, emocionais, entre outros. Como já mostrado nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº
7/2010)28, essas transformações trazem desafios à elaboração de currículos
para essa fase de escolarização, de modo a superar as interrupções que ocorrem
na transição não somente entre as fases da Educação Básica, mas também entre
as duas fases do Ensino Fundamental: Anos Iniciais e Anos Finais. De acordo
com Saveli (2009), a Lei nº 11. 274 de 06 de fevereiro de 2006, que ampliou o
Ensino Fundamental para nove anos – dos 6 aos 14 anos traz em seu bojo o
princípio de uma política pública afirmativa, pois com a determinação do
cumprimento desse dispositivo legal os maiores beneficiados foram as crianças
das classes populares que, a partir de 2006, tiveram direito de iniciar mais cedo
o seu processo de escolarização.
Segundo Esméria Saveli isso ocorre porque as crianças das classes mais
privilegiadas já estavam, majoritariamente, incluídas, desde muito cedo, no
sistema de escolarização obrigatório em classes de alfabetização, pré-escolar e
até mesmo de 1ª série, em escolas particulares, conforme documento do
Ministério da Educação (2004). Dessa forma, compreendemos que a antecipação
da obrigatoriedade escolar, com matrícula e frequência obrigatória a todos os
brasileiros, a partir dos seis anos de idade, ampliando, desse modo, o Ensino
Fundamental para nove anos de duração, é uma política pública afirmativa da
equidade social e com conteúdo de valores democráticos e republicanos.
Porém está ampliação do Ensino Fundamental tem gerado uma série de
polêmicas, dentre elas, está a que diz respeito ao corte etário para a entrada da
criança no primeiro ano do Ensino Fundamental. Nesse caso, as polêmicas estão
centradas em dois posicionamentos: os que são favoráveis à matrícula e à
25
inclusão no primeiro ano do Ensino Fundamental de Nove Anos, das crianças de
seis anos completos ou a completar durante o ano em curso, e os que defendem
o corte etário no mês de março. Isto é, defendem que só poderão ser
matriculadas, nesse primeiro ano, as crianças que completarem seis anos até o
início do ano letivo.
A pesquisadora ainda destaca […] É interessante que nós educadores, neste
momento, de tanta polêmica sobre o corte etário para a entrada da criança na
escolaridade obrigatória, lancemos um olhar para a escola pública e tentemos
desvendar quais os principais problemas que ela precisa enfrentar para acolher
essas crianças no 1º ano do Ensino Fundamental. A inclusão das crianças de 6
(seis) anos completos ou incompletos exigem o quê da escola? A criança de 6
(seis) anos completos ou a completar deixa de ser criança porque está incluída
no 1º ano do Ensino Fundamental? O Ensino Fundamental não é uma etapa da
Educação Básica? Respostas a essas perguntas e outras tantas, podem ajudar-
nos a ter mais clareza da necessidade de entender a infância como um período
mais longo do que só até 6 (seis) anos e a desconstruir a crença de que há uma
dicotomia intransponível entre educação infantil e anos iniciais do Ensino
Fundamental.
No que tange aos antecedentes dessa legislação, pode-se salientar que a
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 4.024/61
garantia quatro anos de Ensino obrigatório. Em 1971, em plena ditadura militar,
é realizada a Reforma de Ensino com a implantação da Lei 5.692/71. A nova lei
ampliou para oito anos o ensino obrigatório, atendendo o aluno dos 07 aos 14
anos. A segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº
9394/96, já permitia a entrada de crianças de seis anos nesse nível de Ensino,
de acordo com o Art. 87, § 3º, inciso I: “[…] matricular todos os educandos a partir
de Sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos, no ensino
fundamental” (LDB, 1996, p.12).
A Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001, que aprovou o Plano Nacional da
Educação (PNE, p. 35), sinalizava a ampliação do ensino fundamental obrigatório
para nove anos de duração colocando em seus objetivos e metas: “Ampliar para
nove anos a duração do ensino Fundamental obrigatório com início aos seis anos
de idade, à medida que for sendo universalizado o atendimento na faixa de 7 a
14 anos”. ( BRASIL, 2001).
26
Conforme o PNE, a determinação legal de implantar de maneira gradativa o
Ensino Fundamental de Nove Anos, têm como intenções: “oferecer maiores
oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e
assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças
prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”.
Garantir o acesso e a permanência de toda população brasileira nesse nível
de ensino é fundamental, pois excluir da escola crianças que estão na idade
própria de frequentá-la, seja por quaisquer motivos, é “[…] a forma mais perversa
e irremediável de exclusão social, pois nega o direito elementar de cidadania,
reproduzindo o circulo da pobreza e da marginalidade e alienando milhões de
brasileiros de qualquer perspectivas de futuro” (PNE, 2001: 28).
A Lei Federal nº 11.114 aprovada em maio de 2005, alterou os artigos 6º, 32
e 87 da LDBEN nº. 9.394/96 instituindo a obrigatoriedade escolar para as
crianças de seis anos, sem alterar a duração do Ensino Fundamental.
Art. 6º. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a
matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no
ensino fundamental. […]
Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de
oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos
seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão
mediante: […]
Art. 87. § 3º I – matricular todos os educandos a partir
dos seis anos de idade, no ensino fundamental, atendidas as
seguintes condições no âmbito de cada sistema de ensino:
[…]
Em 6 de fevereiro de 2006, foi promulgada a Lei Federal nº 11.274, que
estabeleceu o Ensino Fundamental de nove anos de duração com a inclusão das
crianças de seis anos de idade, alterando os artigos 32 e 87 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional. Com a reformulação da redação os mesmos
27
artigos passaram a ser redigidos da Seguinte maneira:
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos
6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de
2006 […]
Art. 87. § 2º O poder público deverá recensear os
educandos no ensino fundamental, com especial atenção
para o grupo de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos de idade e de
15 (quinze) a 16 (dezesseis) anos de idade.
§ 3º Cada Município e, supletivamente, o Estado e a
União, deverá:
I – matricular todos os educandos a partir dos 6 (seis)
anos de idade no Ensino fundamental; […]
É importante trazer o destaque que, trazer segurança às crianças de seis
anos o direito à educação formal é resultado de antigas lutas no âmbito das
políticas públicas de educação, pois há muito tempo existem reivindicações no
sentido da democratização do direito à educação.
Considera-se essa decisão, política primordial, uma vez que, vivemos em
um país de grandes desigualdades sociais, em que são, portanto, fundamentais
a busca de medidas que venham afirmar a igualdade e combater toda forma de
exclusão social.
28
3.1 A perspectivas de permanência das crianças nesta nova modalidade
Pode-se destacar que o Ensino Fundamental de Nove Anos é um movimento
mundial, e que são inúmeros os países que o adotam. De acordo com Batista
(2006:1):
A duração da escolarização obrigatória brasileira era uma das menores da
A duração da escolarização obrigatória brasileira era uma das menores da
América Latina. No Peru, ela tem onze anos. Países como a Venezuela, o
Uruguai e a Argentina prevêem uma escolarização compulsória de dez anos.
Além disso, o Brasil era o único da América Latina cuja educação
obrigatória se iniciava aos sete anos. Na maioria dos países latino-
americanos (assim como na América do Norte e Europa), ela começa aos
seis anos, embora as crianças argentinas, colombianas e equatorianas
ingressem aos cinco.
Tendo em vista o ingresso da criança de seis anos no Ensino Fundamental, a
Educação infantil, passa, então, a contemplar as idades de zero a cinco anos,
sendo alterado o texto da constituição Federal, pela Emenda Constitucional nº 53
de 20 de dezembro de 2006, que Determina a Educação Infantil de zero a cinco
anos:
Art 7º. [...]XXV – assistência [...] desde o nascimento até cinco anos de idade em creches e pré
–escolas; [...]
Art. 208 [...] IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até cinco anos de
idade;
Sem dúvidas, o avanço da obrigatoriedade escolar representa um progresso
extraordinariamente necessário na busca de inclusão das crianças das classes
populares nos sistemas educacionais brasileiro. contudo, é fundamental cogitar não
exclusivamente nas possibilidades de aproximação dessas crianças à escola, uma vez
que, o direito à educação requer mais do que prometer o ingresso exige, igualmente, a
garantia de constância e aprendizagem com qualidade.
Entende-se que o acesso à educação obrigatória mais cedo constitui-se em
um instrumento de luta política onde todas as crianças, inclusive as das classes
populares, podem usufruir da igualdade de oportunidades. Segundo documento
29
do Ministério da Educação (2006), a entrada antecipada da criança no Ensino
Fundamental, objetiva garantir a criança um período maior de convivência
escolar, ampliando suas oportunidades de aprendizagem.
A experiência de professores, que atuam ou atuaram nas primeiras séries da
escola obrigatória e pesquisas educacionais, têm mostrado que as crianças que
iniciam a escolarização mais cedo são melhores sucedidas no processo de
aprendizagem da leitura e da escrita. De acordo com Batista (2006: p.2), “se as
crianças são matriculadas mais cedo, a escola pode dispor de condições mais
adequadas para alfabetizá-las, incluindo aquelas pertencentes a meios
populares e pouco escolarizados”.
Já de acordo com (SAVIANI, 1999, p.53): “[…] no caso da pedagogia da
existência e da essência, a burguesia constrói os argumentos que defendem a
pedagogia da existência contra a pedagogia da essência, pintando esta última
como algo tipicamente medieval”
Dizendo de um diferente maneira, a inclusão da criança das classes
populares mais cedo na escola obrigatória permite a mesma uma familiarização mais
prematuro com um universo cultural mais abundante o que possibilita melhores
condições para o seu aprendizado da leitura e da escrita. Não basta falar que todos,
sem qualquer exceção, têm o mesmo direito de ir à escola, é importante também que
tenham a mesma possibilidade. As crianças das classes menos privilegiadas, como
todas as outras crianças, têm o direito de estar em uma escola organizada
Que atenda as suas singularidades, a principal delas é o direito de viver a sua infância
e se constituir no sujeito adulto que teve oportunidade de usufruir do direito de
frequentar a escola.
.
Na esfera do Ensino Fundamental, é necessário, hoje, com a ampliação
desse ensino para nove anos, pensar nos modos de viabilizar a garantia de que
as necessidades e singularidades infantis sejam reconhecidas e atendidas nas
instituições escolares, e que o trabalho pedagógico do ensino fundamental
realize-se de maneira articulada com o trabalho desenvolvido nos espaços de
educação infantil (KRAMER, 2003).
Incluir as crianças mais novas na escola obrigatória exige tratamento político,
administrativo e pedagógico. No aspecto político, aumenta o número de crianças
30
incluídas no sistema Educacional. Dessa forma, beneficia, principalmente, as
crianças oriundas das classes populares. Uma vez que, as crianças, desta faixa
etária, pertencentes às classes mais privilegiadas já se encontram,
majoritariamente, incorporadas ao sistema de ensino nas classes
de pré-escola ou na primeira série do Ensino Fundamental, em escolas privadas.
Com isso observa-se que a inclusão, simplesmente, da criança de seis
anos no Ensino Fundamental não garante a melhoria da qualidade do ensino,
mas todos sabemos que a criança que, desde muito cedo, tem contato com o
mundo da leitura e da escrita e outros aprendizados curriculares e culturais, é
melhor sucedida no seu processo de alfabetização e letramento.
Para finalizar, irá se falar um pouco sobre Alfaletrar.
31
4.0 Alfaletrar: Conceito Fonético
Para concluir o argumento, será encerrado com o pensamento do livro de
Magda Soares, Alfaletrar, onde ela declara que seu lema é : “Ler e escrever,
um direito de toda Criança.” É importante ressaltar que toda criança tem essa
direito e merece se Alfaletrar, ninguém jamais poderá tirar esse direito que já foi
garantido a cada uma desde o nascimento.
Magda traz um novo formato de ensino e fala sobre a consciência fonética,
para ela a Alfabetização e o Letramento com o uso fonético é mais produtivo. A
autora explica que “[...] vencida a fase da apropriação do sistema alfabético e
das normas ortográficas básicas, a leitura é que se torna mais fácil que a
escrita” (SOARES, 2020, p. 196). Essa sistema fonético seria utilizando o som
que a letras produzem na hora da fala, a autora defende que esse sistema
vence , o antigo modo de aprendizado, no qual se utiliza caligrafias, e a junção
das letras. O trabalho de consciência fonética é grandioso, mas existem
professores que ainda trabalham com o modelo antigo e defendem seu método
de ensino. Mas afinal qual será o melhor método? Na verdade o melhor método
é aquele que estimule a criatividade e potencial do aluno, que ele se sinta
desafiado a buscar mais, o melhor método é a dedicação e estímulo por parte
do professor (a).
A autora apresenta propostas de sistematização da aprendizagem das
relações fonemas-letras: jogo “Onde moram os fonemas”, “Jogo das casinhas”,
auto ditado, atividades que levam as crianças a diferenciar a escrita de palavras
que começam com o mesmo fonema, entre outros.
Para concluir este respectivo trabalho, pode-se destacar que levar a leitura
e a escrita para a vida de uma criança forma mais do que um futuro ou escritor:
o hábito de e escrever incentiva a criatividade, desperta a imaginação, estimula
o pensamento crítico e muito mais. E, justamente por conta disso, é que se dá a
tamanha importância da leitura desde o início do aprendizado da criança, e
levar isso fazendo uma transição da educação infantil para o ensino
fundamental I.
32
METODOLOGIA
Foram utilizadas fontes de pesquisas como: artigos e livros de estudo.
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso cheguei ao final da pesquisa, acredito que chegar ao final de uma
pesquisa, não é ter pesquisado tudo, mas acredito que a obtenção do
conhecimento foi promissora, pesquisar e descrever sobre Alfabetização e
letramento é muito bom, e muito importante para a sociedade, pois este é um
assunto que nunca perde sua significância, e sempre será pesquisado e
discutido.
No decorrer da minha pesquisar pude perceber que a educação é um
processo construtivo dia após dia, é necessário dedicação, capacitação,
responsabilidade e amor, de ambas as partes, tanto do professor como do
aluno(a) em questão. No processo de transição escolar, no qual foi o foco desta
pesquisa, percebi que este momento de transição vem acompanhado duma
mistura de sentimentos, indagações e mudanças nas crianças, neste quesito, o
educador ou educadora tem um papel muito importante, pois ele vai está
vivenciando esses momentos com os alunos(as), por isso que é tão importante
a capacitação e o entendimento.
Desde modo concluí que ainda há muito a ser investigado para que os
efeitos dessa mudança em nossa estrutura educacional e nas
crianças possam ser compreendidos.
34
REFERÊNCIAS
_______. Lei 11.274, 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30,
32 e 87 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
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anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis)
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_______. Emenda Constitucional n. 53. Dá nova redação aos arts. 7º,
23,30,206,208,211 e 212 da Constituição Federal a ao art. 60 do Ato das
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