FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)
QUAL É O POTENCIAL DE ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS IMPOSTOS
SOBRE PROPRIEDADE E SOBRE SERVIÇOS DOS MUNICÍPIOS
BRASILEIROS?
Gabrielle Andrade
Orientador: Gustavo Fernandes
SÃO PAULO – SP
2022
1. Introdução
A compreensão da importância da tributação é antiga. O filósofo do século XVI, Jean
Bodin, já dizia que “os meios financeiros são os nervos do Estado”. North (1981)
descreveu o Estado como uma organização cujas fronteiras geográficas são determinadas
pelo seu poder de tributar e a literatura expressa que a capacidade fiscal acarreta governos
de maior qualidade, demonstrando a relevância da tributação para um governo (Moore,
2007; Tilly, 1992). Não se pode ignorar, portanto, que uma importante forma de poder do
Estado é sua capacidade tributária: a quantidade e tipo de recursos que possui.
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) dotou os municípios brasileiros de autonomia
política, administrativa e financeira, a partir de um ideal de que a descentralização
resultaria em mais democracia e eficiência fiscal para o nível local. Dessa forma, a CF/88
estabelece que os governos locais somente podem cobrar impostos sobre propriedade,
serviços e sobre a compra ou transferência de imóveis. Em outras federações, por
exemplo, governos locais podem cobrar impostos sobre o patrimônio e propriedade e
sobre o comércio exterior, como é o caso da Alemanha.
No Brasil, os impostos locais são o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU), o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Além disso, também é possível a cobrança de taxas
de alvará ou licenciamento, taxa de poder de polícia, taxa de iluminação pública, taxa de
coleta de lixo entre outras, além das Contribuições de Melhorias, as quais servem para a
implementação de mudanças que valorizam a municipalidade.
No Brasil, no entanto, esses impostos não atingem o seu potencial de arrecadação. O
potencial de arrecadação é tido como a maior arrecadação que se pode atingir da base
tributária em um determinado período (Reis & Blanco, 1996). Batista (2020) discute que
os municípios que não obtenham, ao menos, seu potencial de arrecadação, são capazes de
gerar déficit nas contas públicas e estimular a evasão fiscal. Os que arrecadam o seu
potencial podem aumentar sua autonomia ao minimizar a dependência de transferências
intergovernamentais.
A geração de receita a partir de imposto sobre a propriedade é tão defasada que, somente
no estado do Rio de Janeiro para o ano de 2014, a arrecadação de IPTU poderia ser, no
limite, 90% maior do que foi (Castro & Santos, 2017). No Brasil, a maioria dos
municípios não atinge seu potencial de arrecadação (Orair & Alencar, 2010). No Ceará,
157 municípios não exploravam nem 10% de sua capacidade arrecadatória (Sobrinho,
2018).
O imposto sobre serviços é mais aplicado no país, todavia sua arrecadação também está
abaixo do potencial. Como estudado por Batista (2020), menos de um terço das capitais
brasileiras empregam mais de 70% de sua capacidade de geração de receita via ISS. O
potencial a ser arrecadado do imposto sobre propriedade e sobre serviços representa um
gap tributário, que pode ser justificado por meio da evasão fiscal ou arrecadação
ineficiente (Viol, 2006).
Ademais, segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF, 2021) retornou que 57,7%,
dos mais de 5 mil municípios analisados, apresentam uma gestão fiscal difícil ou crítica,
ou seja, atingiram resultados inferiores a 0,4 no IFGF, o qual avalia os municípios com
base em quatro indicadores: IFGF Autonomia, IFGF Gastos com Pessoas, IFGF Liquidez
e IFGF Investimentos. Quanto mais próximo a 1, melhor é a gestão fiscal municipal.
Retira-se disso, que gerir os recursos públicos é um problema para 3.024 localidades. A
sustentabilidade das contas públicas é ainda um problema para a administração pública
brasileira. 32,5% das cidades não arrecadam receita suficiente para sustentar suas
estruturas administrativas, representadas pela Câmara Municipal e Prefeitura, e a maior
parte dos municípios dispõe de baixa autônima e alta rigidez orçamentária. A estimativa
do IFGF é de que seriam necessários R$ 4,5 bilhões em transferências para que essas
estruturas fossem custeadas.
Nesse contexto de baixa arrecadação e autonomia dos municípios brasileiros, este
trabalho busca estimar por meio de um modelo de fronteira estocástica, o ponto eficiente
de arrecadação dos impostos sobre propriedades e serviços para o ano de 2019, anterior
a pandemia. O modelo de fronteira estocástica considera que a relação entre insumos
(inputs) e produtos (outputs) possa ser estabelecida por meio de funções, medindo, assim,
a produtividade e a eficiência de uma produção.
A partir da função de produção, é possível definir a produção esperada para cada nível de
insumo e observar a distância entre a máxima produção esperada e a produção obtida, tal
distância é chamada de eficiência ou ineficiência técnica, a depender do resultado
encontrado (Medrano & Migon, 2008). A fronteira de produção estima a produção
máxima para cada nível de insumo, caso a produção esteja na linha da fronteira, ela é
tecnicamente eficiente, uma vez abaixo da fronteira, é tecnicamente ineficiente (Medrano
& Migon, 2008).
A função linear considera que as variações do produto serão absolutas as variações dos
insumos, pressupondo linearidade entre inputs e outputs. Por fim, a função de Cobb-
Douglas apresenta a relação exponencial entre os insumos e a produção, essa relação traz
elasticidade à função, dado que as variações do produto serão relativas as variações dos
insumos. Na função de Cobb-Douglas, os parâmetros se tornam lineares por meio de
transformações logarítmicas (Meeusen & Broeck, 1977).
Os modelos de fronteira estocástica podem ser estimados por meio de regressão no
software RStudio e para esse trabalho, utiliza-se a função de Cobb-Douglas. Os dados
para o cálculo do modelo estão em formato cross-section e contemplam variáveis da base
Finanças do Brasil: Dados Contábeis dos Municípios (Finbra) e da Pesquisa de
Informações Básicas Municipais (Munic).
Este estudo contribui com o tema ao empregar novas variáveis para a análise do potencial
arrecadatório e estudar ambos os impostos, de serviço e propriedade, e respectivos pontos
ótimos por um período único – 2019, propiciando maior análise. O estudo procede da
seguinte forma. A Seção II fornece o referencial teórico. A Seção III explica a
metodologia utilizada e as variáveis a serem estudadas. A Seção IV apresenta os
resultados e a Seção V conclui.
2. Referencial teórico
Com a descentralização os municípios assumiram competências e atribuições antes
inexploradas pelos municípios, fato que acarretou a baixa qualidade das burocracias
municipais (Melo, 1996; Souza & Carvalho, 1999). Os objetivos de maior democracia e
eficiência fiscal para o nível local também não foram atingidos, dado que é necessária
alta capacidade administrativa local, o que não ocorre no Brasil (Grin et al., 2018).
A base das capacidades do estado é notoriamente a arrecadação (Besley & Persson, 2009;
Cárdenas, 2010; Dincecco & Prado, 2012; Kjaer et al., 2002; Levi, 1988). Além disso, a
capacidade tributária de um governo aumenta a qualidade deste, uma vez que diminui a
corrupção e melhora o nível de democracia. Isso devido a exigência de administração
responsável que a sociedade impõe perante os eleitos (Baskaran, Bigsten, 2013). Nesse
sentido, os investimentos na capacidade tributária são uma forma eficaz de aprimorar a
qualidade do governo e motivar a sociedade a participar do processo político. Além de,
claramente, aumentar a receita do governo em questão (Baskaran, 2014).
No Brasil, municípios são o ente com menor volume de arrecadação (Baião et al., 2017).
As prefeituras de pequeno porte e com baixa atividade econômica correspondem as que
mais apresentam obstáculos na arrecadação e na efetivação de investimentos (Leon-
Moreta, 2017).
O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) é voltado à tributação
de propriedades urbanas construídas, como residências ou estabelecimentos comerciais.
O IPTU é calculado com base no valor venal do imóvel, ou seja, a estimativa de preço da
propriedade estabelecido pelo Poder Público, e pode ser reajustado anualmente, levando
em consideração a valorização do imóvel ou da região ou mudanças na legislação
municipal. Para que o valor venal seja constituído, deve-se elaborar a planta genérica de
valor (PGV), formulada a partir de levantamentos e estudos da legislação e cálculos com
base em dados municipais. Além disso, a CF/88 garante que o IPTU poderá ser
progressivo em razão do valor do imóvel e ter alíquotas diferentes de acordo com a
localização e uso do imóvel.
O IPTU tem função social e fiscal. A função social é pautada no fato desse imposto ser
necessário para implementação de políticas públicas urbanas e sociais, contribuindo para
a qualidade de vida da população. A fiscal, se deve ao fato de que esse imposto é uma
fonte de renda própria para o município (Sobrinho, 2018). A mensuração do imposto
sobre propriedade desconhece padronização nos procedimentos de cadastro e de cálculo
do valor venal dos imóveis, e é frequente o valor venal ser inferior ao valor de mercado.
Isso ocorre devido a desinteresse político e administrativo e ineficiência (Silva & Silva,
2018).
O IPTU é cobrado diretamente do cidadão, que recebe a Notificação de Lançamento em
sua casa com o valor. Nesse sentido, o custo político desse tributo é maior do que o de
impostos embutidos no valor final, como o ISS. Devido a isso, os gestores cobram o
imposto sobre a propriedade de forma simbólica e bem abaixo do valor devido, evitando
se indispor com o eleitorado. Essa situação é mais observada em municípios de pequeno
porte e com menor atividade econômica (Sobrinho, 2018).
Observa-se também o IPTU perde espaço para impostos mais simples e fáceis (Castro &
Santos, 2017) e que trazem menos esforço administrativo (Afonso et al., 2013) e político
(Bahl, 2009; Afonso & Castro, 2014), como o próprio ISS. Além desses, diversos outros
pesquisadores se dedicaram em explicar por que a arrecadação de impostos, mas
especialmente do IPTU, é negligenciada (Giffoni & Villela, 1987; De Cesare, 2005;
Carvalho JR., 2006; Afonso et al., 2013; Batista, 2020).
Em relação ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), tem-se que esse
incide na prestação de serviços realizados por empresas e profissionais autônomos, com
base em alíquotas determinadas pelo Poder Público. Com base na CF/88, o município
deve fixar as alíquotas máximas e mínimas, excluir da incidência as exportações de
serviços para o exterior e regularizar a forma e condições – como isenções, incentivos e
benefícios fiscais – concedidos e revogados.
A participação do ISS na receita tributária já supera 50% da arrecadação tributária em
boa parte dos municípios brasileiros, somente nas localidades com 50 mil a 100 mil
habitantes e 100 mil a 200 mil habitantes que esse percentual alcança 47,9% e 49,87%,
respectivamente (Batista, 2020).
O valor dos serviços no Brasil, já considera o imposto sobre serviços, devido a isso e a
sua incidência em diversas atividades, esse tributo apresenta menor custo político. Tais
aspectos motivaram a consolidação desse imposto como “o pilar de sustentação fiscal dos
grandes municípios” (Castro & Santos, 2017).
Além disso, temos o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) é um tributo
cobrado a quem está comprando um imóvel, para que a transmissão da propriedade do
imóvel seja feita ao comprador. O ITBI também é constituído com base no valor venal
do imóvel e, consequentemente, na PGV.
Santos e Cremonez (2017) elucidam a ausência de estudos sobre as receitas advindas do
ITBI, nesse sentido há poucas informações sobre esse tributo na literatura acadêmica na
área das ciências econômicas. Sobre ele, pode-se dizer que, em 2011, 35% do recurso
arrecadado com o ITBI foi proveniente dos municípios do estado de São Paulo. Esse valor
representou a aproximadamente três vezes a arrecadação do ITBI dos municípios do Rio
de Janeiro, no mesmo ano.
O processo de arrecadação municipal demanda recursos financeiros, técnicos e humanos
(Orair & Alencar, 2010). No caso do ISS, sua administração é árdua ao exigir um
cadastramento repleto de informações sobre prestadores de serviços e imóveis, os quais
devem ser constantemente atualizados. Para o IPTU, a avaliação e atualização da planta
genérica de valores exige processos rebuscados (Orair & Alencar, 2010).
A própria atualização da planta é um problema em si, dado que os valores venais estão
abaixo do mercado, principalmente o valor dos imóveis mais valorizados, que têm seu
valor de mercado ampliado rapidamente. Nessa situação a alíquota desses imóveis são
cada vez mais defasadas e a base de cálculo do imposto se torna mais regressiva entre os
contribuintes (Orair & Alencar, 2010).
Sabe-se que burocracias municipais mais profissionalizadas detêm maior chance de
arrecadação de imposto patrimonial (Marenco et al., 2017) e estudiosos associam o déficit
de capacidade técnico-administrativa com as ausências de ordem financeira (Grin &
Abrucio, 2018a; Souza & Carvalho, 1999, p.204).
Além de se preocupar com o déficit e as dificuldades de arrecadação, os governos locais
devem pensar na sustentabilidade financeira de seu território. A sustentabilidade
financeira é tida como a capacidade de gerenciar riscos e choques financeiros de eventos
já pensados no período de planejamento financeiro, e, a partir dessa antecipação, ajustes
de receitas e despesas são desnecessários (EU, 2015; IFAC, 2013). Alguns eventos, no
entanto, são mais propícios de prejudicarem a sustentabilidade financeira.
No caso de democracias desiguais, como no Brasil, as elites locais podem prejudicar tal
autonomia e sustentabilidade, ao se eximir da cobrança de impostos. Quando isso ocorre,
há o prejuízo à disciplina fiscal e à estabilidade econômica, a restrição do investimento
em capital humano e do fornecimento de serviços sociais. Portanto, arrecadar mais, exige,
naturalmente, a tributação das elites, que dificultam esse processo ao influenciarem
decisões políticas. Como a tributação das elites é uma tarefa árdua, é imprescindível
mobilizar apoio público para exercer pressão sobre os políticos e conter o antagonismo
sobre as elites econômicas a serem tributadas (Fairfield, 2013).
A vontade política e a tributação municipal estão relacionadas e o estudo de Christensen
e Garfias (2020) acerca da relação entre a Política de Tributação da Propriedade e os
incentivos eleitorais no Brasil enfatiza essa conexão. Os municípios que realizam
atualizações cadastrais de IPTU, aumentam aproximadamente 10% o recebimento deste
imposto e os prefeitos com mandato limitado, ou seja, sem reeleição, são, em média, 15%
mais inclinados a atualizar o cadastro. Em municípios pobres e extremamente desiguais,
o efeito do limite de prazo no cargo é ainda maior. Apesar disso, prefeitos com mandato
limitado não são os mais dispostos a reformar a lei municipal do IPTU ou revisar as
fórmulas que certifiquem a avaliação fiscal de propriedades.
3. Metodologia
Para que se estime o potencial de arrecadação municipal dos impostos sobre propriedade
e sobre serviços em um determinado período, é possível se apoiar no modelo de fronteira
estocástica (Batista, 2020; Sobrinho, 2018; Orair & Albuquerque, 2017).
O imposto sobre a propriedade está relacionado ao estoque de propriedade existente em
uma cidade, enquanto o imposto sobre serviço está atrelado a produção de serviço em um
determinado municípios. Nesse sentido, possuem composições, consequências e efeitos
dinâmicos distintos.
Entende-se que o valor do IPTU é explicado a partir da valorização dos imóveis de um
município, no entanto, não há uma base de dados confiável que disponibilize esses dados.
Portanto, calculou-se o potencial de arrecadação do IPTU com base em medidas
administrativas e econômicas. As medidas econômicas dizem respeito ao PIB municipal,
população local, a área do município e quanto de transferências correntes o município
recebeu em 2019. As medidas administrativas, dispostas na Munic, estão relacionadas ao
número de imóveis residenciais cadastrados e ao ano da última atualização da planta
genérica de valores.
Essas medidas serviram para elaborar um modelo de possa substituir o dado de
valorização dos imóveis e entender em quanto a arrecadação de imposto sobre
propriedade está defasada. Dentro da lógica da fronteira estocástica, o valor do IPTU
arrecadado é o resultado (output) e as variáveis citadas acima são os insumos (input).
Devido a especificidade do imposto sobre serviços, outras variáveis e medidas foram
empregadas. As medidas econômicas que ajudam a mensurar o potencial do ISS são o
PIB de serviços municipal, a população local e quanto os municípios receberam de
transferência corrente em 2019. As medidas administrativas, presentes na Munic, dizem
respeito a informatização do cadastro de ISS.
Com base nessas medidas foi elaborado um modelo capaz de compreender quanto a mais
pode-se arrecadar de imposto sobre serviços. De acordo com os conceitos de insumos e
resultados do modelo de fronteira estocástica, as variáveis presentes nas medidas
econômicas e administrativas do ISS representam os insumos (input) e o ISS arrecadado
é o resultado (output).
Elaborou-se também um modelo que contemplasse os mesmos inputs para ambos os
impostos e uma dummy específica de cada tributo. Nesse sentido, utilizou-se somente as
variáveis que representam as medidas econômicas, caracterizadas pelo PIB municipal,
população, área territorial do município e pelas transferências correntes, para
compreender um modelo de fronteira estocástica para cada tributo analisado.
Além disso, o modelo do IPTU contempla uma dummy que qualifica se a Planta Genérica
de Valores foi atualizada nos últimos dez anos e o modelo do ISS contempla uma dummy
que informa se o cadastro do ISS é informatizado. Por fim, adicionou-se a interação entre
essas duas variáveis dummies. Caso o município tenha respondido “sim” para ambas as
perguntas, considera-se o número 1, caso uma ou duas respostas sejam negativas, têm-se
o 0.
As municipalidades possuem jurisdição para realizar estudos e implementarem suas
próprias alíquotas tributárias. Dessa forma, observa-se também a imprescindibilidade da
atualização da Planta Genérica de Valores. Caso a PGV seja atualizada anualmente, como
permitido pela legislação, o valor do IPTU e do ITBI serão condizentes com a realidade
socioeconômica da região, não havendo cobranças defasadas aos mais favorecidos.
Caso os cidadãos ou empresas não paguem seus tributos, multas, previdências, entre
outras taxas exigidas pelo Governo, as pessoas jurídicas ou físicas adquirem um débito
com órgãos públicos. Segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
(PGFN) de 2018, a dívida ativa da União era de R$ 2,196 trilhões, sendo 44% desse valor
irrecuperável. De acordo com o relatório da PGFN, do total da dívida, 71% são débitos
tributários, 22% são previdenciários, 6% não tributários e 1% do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS).
Contempla-se abaixo um quadro síntese com as variáveis dependentes e variáveis
independentes do trabalho, além do sinal esperado.
Variável dependente Variável independente Sinal esperado
PIB municipal +
IPTU com medidas econômicas e População local +
administrativas Área do município +
Transferências correntes +
Número de imóveis residenciais
+
cadastrados
Ano da última atualização da Planta
+
Genérica de Valores
PIB municipal de serviços +
ISS com medidas econômicas e População local +
administrativas Transferências correntes +
Informatização do cadastro do ISS +
PIB municipal +
População +
Área do município +
Transferências correntes +
IPTU com medidas econômicas e
Planta Genérica de Valores foi
dummy +
atualizada nos últimos 10 anos
Interação entre dummies de Planta
Genérica de Valores atualizada e +
cadastro de ISS informatizado
PIB municipal +
População +
Área do município +
ISS com medidas econômicas e Transferências correntes +
dummy Cadastro de ISS informatizado +
Interação entre dummies de Planta
Genérica de Valores atualizada e +
cadastro de ISS informatizado
Fonte: elaborada pela autora
3.1. Modelo Estimado
Em uma fase preliminar, buscou-se levantar quais são os dados disponíveis para a
estimação do modelo de fronteira estocástica. Dessa forma, buscou-se analisar os dados
da Finbra e Munic, os quais trariam informações de temas distintos, como dados
econômicos e dados sobre os recursos humanos, sobre a gestão, governança, articulação
interinstitucional, entre outros, ou seja, seria possível obter informações sobre a
estruturação do setor público municipal.
O Finbra é organizado pela Secretaria Nacional do Tesouro e divulga as receitas e
despesas de todos os municípios brasileiros. As informações advindas dessa base
serviram para captar a receita com o imposto sobre propriedade e serviços, além das
receitas e transferências correntes para o ano de 2019.
A Munic tem como objetivo agregar as informações sobre a estrutura, dinâmica e o
funcionamento das instituições públicas municipais. Os temas disponíveis na Munic
mudam anualmente, em 2019, ela apresentava informações sobre: recursos humanos por
vínculo, recursos para a gestão, comunicação e informática, governança, articulação
interinstitucional, segurança pública e direitos humanos. Enquanto a de 2020: recursos
humanos por vínculo, habitação, transporte, agropecuária, meio ambiente, gestão de
riscos e de desastres e covid-19. Por isso, para este estudo utilizei a Munic mais recente
que possuía o tema “Recursos para a Gestão” presente, representada pelo ano de 2019.
As variáveis de “Recurso para a Gestão” são relevantes para a estimação do potencial de
arrecadação do IPTU e do ISS. Para o IPTU utilizei as informações acerca do número de
imóveis residenciais cadastrados e o ano da última atualização da planta. Para o ISS, as
variáveis conferem à informatização do cadastro de ISS.
Para consolidar as informações, uma base de dados cross-section para o ano de 2019 foi
elaborada, porém sem as informações acerca do ITBI, visto que são inexistentes na
Munic. Para identificar o potencial de arrecadação tributária dos impostos sobre a
propriedade e sobre serviços dos municípios brasileiros no ano de 2019 e buscar possível
ineficiência na coleta desses tributos, foi utilizado o modelo de fronteira estocástica.
O modelo de fronteira estocástica considera que a relação entre insumos (inputs) e
produtos (outputs) possa ser estabelecida por meio de funções, medindo, assim, a
produtividade e a eficiência de uma produção. A função utilizada é a de Cobb-Douglas,
a qual apresenta a relação exponencial entre os insumos e a produção.
Tal relação traz elasticidade à função, uma vez que as variações do produto serão relativas
as variações dos insumos. Na função de Cobb-Douglas, os parâmetros se tornam lineares
por meio de transformações logarítmicas (Meeusen & Broeck, 1977).
Os modelos de fronteira estocástica foram estimados por meio de regressão no software
RStudio e para esse trabalho, utiliza-se a função de Cobb-Douglas. Os dados para o
cálculo do modelo estão em formato cross-section e contemplam variáveis da base
Finanças do Brasil: Dados Contábeis dos Municípios (Finbra) e da Pesquisa de
Informações Básicas Municipais (Munic).
A relação exponencial entre produção e insumos da função de Cobb-Douglas é obtida por
meio da fórmula:
𝑘
𝛽
𝑌𝑖 = 𝛼 ∏ 𝑋𝑗 𝑗 𝑒𝑖
𝑖
𝑗=1
Sua estimação por MQO é realizada por meio da transformação logarítmica abaixo:
𝑘
ln(𝑌𝑖 ) = ln(𝛼) + ∑ 𝛽𝑗 ln(𝑋𝑗𝑖 ) + ln(𝑒𝑖 )
𝑗=𝑖
Onde:
𝛽𝑗 = beta que traz a elasticidade produto para o j-ésimo insumo
𝛼 = produtividade total dos fatores, considerando o efeito na produção que não
são advindos dos insumos
𝑒𝑖 = erro de previsão
O beta indica a elasticidade do produto. Caso:
∑𝑘𝑗=𝑖 𝛽𝑗 = 1: retorno constante de escala, ou seja, a produção cresce
proporcionalmente aos insumos;
∑𝑘𝑗=𝑖 𝛽𝑗 < 1: retorno decrescente de escala, ou seja, a produção cresce menos
proporcionalmente aos insumos; e
∑𝑘𝑗=𝑖 𝛽𝑗 > 1: retorno crescente de escala, ou seja, a produção cresce mais
proporcionalmente aos insumos.
Ademais, a função de Cobb-Douglas considera a ineficiência nos erros do modelo:
ln(𝑌𝑖 ) = 𝛼 + 𝛽 ln(𝑋𝑖 ) + 𝑣𝑖 − 𝑢𝑖
Ou:
𝑌𝑖 = 𝑒 𝛼+𝛽 ln(𝑋𝑖 )+𝑣𝑖 −𝑢𝑖 = 𝑒 𝛼+𝛽ln(𝑋𝑖 ) 𝑥𝑒 𝑣𝑖 𝑥𝑒 −𝑢𝑖
Onde:
𝑣𝑖 = erro aleatório; e
𝑢𝑖 = variável não negativa relacionada à ineficiência técnica.
Nota-se que o erro de previsão (𝑒𝑖 ) foi decomposto em 𝑣𝑖 e 𝑢𝑖 . O 𝑣𝑖 representa os choques
aleatórios, como variáveis não observadas e erros de mensuração e o 𝑢𝑖 corresponde aos
objetos relacionados à ineficiência técnica.
Nesse sentido, a produção é formada por três componentes, o determinístico (𝑒𝑥𝑝(𝛼 +
𝛽 ln(𝑋𝑖 )), o erro aleatório (𝑒𝑥𝑝(𝑣𝑖 )) e a ineficiência (𝑒𝑥𝑝(−𝑢𝑖 )).
A distribuição do erro aleatório admite valores positivos e negativos, enquanto a
distribuição da ineficiência técnica admite somente valores positivos.
Ademais, a função máxima de produção calculada para o nível de insumo 𝑋𝑖 é obtida por:
𝑌̂𝑖 = 𝑒 𝛼+𝛽ln(𝑋𝑖 )
Caso não haja ineficiência técnica (𝑢𝑖 ), a produção máxima para a observação 𝑖 será:
∗
𝑌̂𝑖 = 𝑒 𝛼+𝛽 ln(𝑋𝑖 )+𝑣𝑖
Pode-se calcular também a diferença entre a máxima produção e a produção sem
ineficiência técnica, tido como a eficiência técnica (𝐸𝑇𝑖 ):
𝑌̂𝑖
𝐸𝑇𝑖 = ∗
𝑌̂𝑖
A eficiência técnica também pode ser calculada a partir da seguinte fórmula:
𝑌𝑖
𝐸𝑇𝑖 = 𝑘
𝑒𝑥𝑝(𝛼 + ∑𝑗=𝑖 𝛽𝑗 𝑋𝑗𝑖 )𝑥𝑒𝑥𝑝(𝑣𝑖 )
Para o objetivo do trabalho, de identificar o potencial de arrecadação tributária dos
impostos sobre a propriedade e sobre serviços dos municípios brasileiros no ano de 2019
e identificar possível ineficiência na coleta desses tributos, desenhou-se a seguinte função
de Cobb-Douglas para o IPTU e para o ISS, buscando elencar o que explica a arrecadação
desses tributos.
Para o IPTU, a função definida está abaixo.
𝐼𝑃𝑇𝑈 = 𝛽0 + 𝛽1 (ln 𝑃𝐼𝐵𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙) + 𝛽2 (ln 𝑖𝑚ó𝑣𝑒𝑖𝑠𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑎𝑖𝑠𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠) +
𝛽3 (ln 𝑎𝑛𝑜𝑑𝑒𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜𝑑𝑎𝑃𝐺𝑉) + (𝛽4 (ln 𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) +
𝛽5 (ln 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜) + 𝛽6 (á𝑟𝑒𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙) +
𝛽7 (ln 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑑𝑒𝑚𝑜𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑎) + 𝛽8 (ln 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠𝑛𝑎𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎çã𝑜𝑝ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎)
Para o ISS, a função definida foi a seguinte:
𝐼𝑆𝑆 = 𝛽0 + 𝛽1 (ln 𝑃𝐼𝐵𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙𝑑𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜𝑠) + 𝛽2 (ln 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜) +
𝛽3 (𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜𝑑𝑒𝐼𝑆𝑆𝑖𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑡𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜) + (𝛽4 (ln 𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) +
𝛽5 (ln 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠𝑛𝑎𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎çã𝑜𝑝ú𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎)
Ademais, o presente trabalho também se propôs a elaborar um modelo de fronteira
estocástica que considerasse os mesmos insumos, mas para produtos diferentes. Messe
sentido, desenhou-se as funções semelhantes para o IPTU e para o ISS.
Como dito anteriormente, os insumos para o IPTU e para o ISS são os mesmos, mas o
produto – o imposto – é alterado, a fim de compreender se essas variáveis possuem
impactos diferentes na coleta dos impostos analisados.
Para o modelo do IPTU desenvolveu-se a função abaixo:
𝐼𝑃𝑇𝑈 = 𝛽0 + 𝛽1 (ln 𝑃𝐼𝐵𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙) + 𝛽2 (ln 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜) + 𝛽3 (ln á𝑟𝑒𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙)
+𝛽4 (ln 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) + 𝛽5 (𝑃𝐺𝑉𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎𝑛𝑜𝑠ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜𝑠10𝑎𝑛𝑜𝑠)
+𝛽6 (𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑑𝑢𝑚𝑚𝑖𝑒𝑠)
Para o modelo do ISS desenvolveu-se a função abaixo:
𝐼𝑆𝑆 = 𝛽0 + 𝛽1 (ln 𝑃𝐼𝐵𝑚𝑢𝑛𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙) + 𝛽2 (ln 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜) + 𝛽3 (ln á𝑟𝑒𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙) +
𝛽4 (ln 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) + 𝛽5 (𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜𝑑𝑒𝐼𝑆𝑆𝑖𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑡𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜)
+𝛽6 (𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑑𝑢𝑚𝑚𝑖𝑒𝑠)
4. Resultados
Essa seção dispõe dos resultados da estatística descritiva e dos resultados da função de
Cobb-Douglas
Após estabelecer a metodologia, realizou-se a análise da estatística descritiva das
variáveis de interesse e dos resultados da função de Cobb-Douglas, a fim de cumprir o
propósito desse trabalho, de identificar o potencial de arrecadação tributária dos impostos
sobre a propriedade e sobre serviços dos municípios brasileiros no ano de 2019, além de
buscar possível ineficiência na coleta desses tributos.
4.1.Estatística descritiva
A tabela abaixo apresenta a estatística descritiva das treze variáveis de interesse, dispostas
na primeira coluna, e calculando sua média, mediana, mínimo e máximo. No entanto, há
espaços da tabela que não foram ocupados, pois se referem às variáveis não numéricas, o
que impossibilita o cálculo das medidas descritivas.
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis de interesse
Variável Média Mediana Mínimo Máximo
População total 37,728 11,631 781 12,252,023
Área territorial 1,516.5 414.2 0 159,533.3
Densidade demográfica 119.937 25.064 0.049 14,207.573
Transferências Correntes 85,510,000,000 33,450,000,000 1,162,000,000 18,500,000,000,000
Número de imóveis 12,554 2,774 0 2,899,949
residenciais cadastrados
Cadastro imobiliário - - - -
informatizado
PGV informatizada - - - -
Ano da atualização PGV 2015 2017 2004 2019
Cadastro de ISS
Cadastro de ISS - - - -
informatizado
PIB municipal 1,326,594 190,971 15,515 763,805,985
PIB serviços 638,075 54,864 2,318 528,380,119
IPTU 9,925,000,000 228,500,000 14,000 11,300,000,000,000
ISS 14,000,000,000 682,700,000 1,026,000 17,130,000,000,000
Fonte: elaborada pela autora
Com base na Munic de 2019, pode-se obter informações sobre as variáveis não numéricas
e da variável que informa o ano da última atualização da Planta Genérica de Valores, as
quais estão representadas pelos Gráfico 1 ao Gráfico 5.
Dentre os 5.596 municípios dispostos na amostra, 4.458 contam com o cadastro
imobiliário informatizado, enquanto 745 não possuem, como apresentado no Gráfico 1.
Gráfico 1: Municípios com o cadastro imobiliário informatizado
Fonte: elaborada pela autora
No que tange à informatização da Planta Genérica de Valores, presente no Gráfico 2,
nota-se que 1.389 municípios não a informatizaram e 3.114 já dispõem desse mecanismo.
Gráfico 2: Municípios com Planta Genérica de Valores informatizada
Fonte: elaborada pela autora
O Gráfico 3 demonstra quando ocorreu a última atualização da Planta Genérica de
Valores nos municípios analisados. Como pode-se observar, 2.958 não disponibilizaram
essa informação, mas dos municípios que disponibilizaram, a maioria atualizou a planta
em 2018, 485 atualizaram em 2017 e 266 municípios atualizaram no ano em que a
pesquisa foi realizada, em 2019. Um município não atualiza desde 2004 e boa parte das
prefeituras, mais especificamente, 1.111, fizeram sua última atualização entre 2009 e
2016.
Gráfico 3: Ano da última atualização da Planta Genérica de Valores
Fonte: elaborada pela autora
Referente aos dados do ISS, retira-se que o número de municípios sem o cadastro de ISS
é baixíssimo, somente 162 não possuem, perante os 5.406 que realizam o cadastro, vide
Gráfico 4.
Gráfico 4: Municípios com cadastro do ISS
Fonte: elaborada pela autora
Por fim, o Gráfico 5 apresenta que 4.918 municípios dispõem do cadastro de ISS
informatizado, enquanto a pequena minoria de 488 não possui.
Gráfico 5: Municípios com cadastro de ISS informatizado
Fonte: elaborada pela autora
A Munic é uma pesquisa anual, no entanto nem todas contam com informações sobre os
recursos para a gestão. Dentre as existentes, a mais recente a apresentar esse tópico é a de
2019, a qual foi usada nesse trabalho, e anterior a ela, a Munic de 2012 também
disponibiliza essas informações.
Nesse sentido, há uma diferença de 7 anos a ser analisada. Para isso, realizou-se a variação
dos dados disponíveis para ambas as pesquisas.
Entre 2012 e 2019 há um aumento de 0,06% na quantidade de municípios com cadastro
imobiliário e um incremento de 1,10% nos que não possuem cadastro imobiliário. Nesse
período, há um acréscimo de 1,25% nos municípios que cobram IPTU, enquanto há uma
diminuição de 19,67% dos municípios que não cobram esse imposto.
No que tange a Planta Genérica de Valores, há um crescimento de 20,40% nos municípios
em que a PGV existe e há uma redução de 676,54% nos municípios em que a PGV não
existia. De acordo com os dados, há um decrescimento de 10,31% nos municípios que
apresentam a PGV informatizada e um aumento de 37,51% dos que não possuem a PGV
informatizada ao longo dos anos.
Ademais, têm-se que a quantidade de municípios que contam com a existência do
cadastro do ISS aumentou em 5,53% entre 2012 e 2019, enquanto a quantidade dos
municípios que não apresentam o cadastro diminuiu 482,05%. Nessa mesma linha, o
número de municípios com cadastro de ISS informatizado cresceu em 7,99% e os que não
possuíam o cadastro informatizado diminuiu em 19,26%.
Compreender essa variação é importante para perceber como se deu o esforço municipal,
ao longo dos sete anos analisados, em implementar ou aprimorar essas medidas
administrativas relacionadas a coleta dos tributos municipais.
4.2. Arrecadação do IPTU e do ISS com base em medidas econômicas e
administrativas
Com o intuito de entender quais são as variáveis que impactam a arrecadação municipal
do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), realizou-se a estimação do modelo de
fronteira estocástica, a fim de compreender como aumentar o potencial arrecadatório
desses tributos.
Na Erro! Fonte de referência não encontrada. podemos observar os resultados do
modelo de fronteira estocástica para o IPTU. Nota-se que diversas variáveis são
significantes ao nível de 1% (***p<0.01), como o PIB municipal, a quantidade de imóveis
residenciais cadastrados, a população e a densidade demográfica.
O aumento de 1% no PIB municipal, traz um amento de 1.391% na arrecadação de IPTU,
enquanto o número de imóveis residenciais cadastrados gera um aumento de 0.862%
desse tributo.
Ademais, o aumento de 1% na população acarreta diminuição de -0.802%, enquanto as
transferências correntes recebidas pelos municípios são significantes ao nível de 10%
para a arrecadação do IPTU, e o aumento de 1% dessas, traz uma diminuição de 0.246%.
O Sigma Sq concerne ao erro padrão do componente da ineficiência técnica (𝑢𝑖 ). Para
essa fronteira estocástica, a estimativa é significativa a 1%, nesse sentido, há diferenças
significativas entre as ineficiências do IPTU.
O Gamma tange ao erro padrão do componente da ineficiência técnica (𝑢𝑖 ) sob o erro
padrão do erro aleatório (𝑣𝑖 ). A estimativa indica que 8.85% da variabilidade não
explicada pelos insumos, é devida ao componente de ineficiência técnica (𝑢𝑖 ). Dessa
forma, a ineficiência técnica é importante para explicar a arrecadação do IPTU.
Tabela 2: Arrecadação do IPTU com base em medidas econômicas e
administrativas
V. Dependente:
Log (IPTU)
Intercept -20.052
Log (PIB municipal de serviço) 1.391***
Log (número de imóveis residenciais cadastrados) 0.862***
Log (última atualização da Planta Genérica de Valores) 2.870
Log (transferências correntes) -0.246*
Log(população) -0.802***
Área territorial -0.000***
Sigma Sq 2.774***
Gamma 0.885***
Note: *p<0.1; **p<0.05; ***p<0.01
Fonte: elaborada pela autora
Ademais, esse modelo apresenta uma média de eficiência de 40.98%, ou seja, há um
potencial de arrecadação do IPTU de 59.02%, para o ano de 2019.
Na Erro! Fonte de referência não encontrada. podemos observar os resultados do
modelo de fronteira estocástica para o ISS. No que tange a esse imposto, o PIB municipal
de serviço é altamente significante, assim como as transferências correntes que os
municípios recebem. Ambas são significantes ao nível de 1%, com ***p<0.01.
O aumento de 1% no PIB municipal de serviços, acarreta um aumento de 0.707% na
arrecadação do ISS, enquanto o aumento de 1% nas transferências correntes recebidas,
gera um aumento de 0.619% no ISS.
Não obstante, as variáveis administrativas não são estatisticamente significantes,
mostrando um padrão diferente em relação ao IPTU.
O Sigma Sq concerne ao erro padrão do componente da ineficiência técnica (𝑢𝑖 ). Para
essa fronteira estocástica, a estimativa é significativa a 1%, nesse sentido, há diferenças
significativas entre as ineficiências do ISS.
O Gamma tange ao erro padrão do componente da ineficiência técnica (𝑢𝑖 ) sob o erro
padrão do erro aleatório (𝑣𝑖 ). A estimativa indica que 30.63% da variabilidade não
explicada pelos insumos, é devida ao componente de ineficiência técnica (𝑢𝑖 ). Dessa
forma, a ineficiência técnica é importante para explicar a arrecadação do ISS.
Tabela 3: Arrecadação ISS com base em medidas econômicas e administrativas
V. Dependente:
Log (ISS)
Intercept -4.401***
Log (PIB municipal de serviço) 0.707***
Log (população) -0.037
Cadastro de ISS informatizado – recusa 0.967
Cadastro de ISS informatizado – sim -0.036
Log (transferências correntes) 0.619***
Sigma Sq 0.582***
Gamma 0.306***
Note: *p<0.1; **p<0.05; ***p<0.01
Fonte: elaborada pela autora
Com base nesse modelo de fronteira estocástica do ISS, têm-se que a eficiência média de
73.63%, para o ano de 2019. Nesse sentido, há um potencial de 26.37% nesse período.
4.3. Arrecadação do IPTU e do ISS com base em medidas econômicas e dummy
Com o intuito compreender se as mesmas variáveis influenciam a arrecadação dos
impostos municipais estudados nesse trabalho, realizou-se a estimação do modelo de
fronteira estocástica que contemplasse os mesmos inputs para ambos os impostos, a
dummy que informa se a Planta Genérica de Valores foi atualizada nos últimos 10 anos
para o modelo do IPTU, a dummy que contempla se o cadastro do ISS é informatizado
para o modelo do ISS e uma interação entre essas duas variáveis dummies para os dois
modelos. Caso o município tenha respondido “sim” para ambas as perguntas, considera-
se o número 1, caso uma ou duas respostas sejam negativas, têm-se o 0.
Dessa forma, os modelos contemplam as variáveis do PIB municipal, população, área
territorial do município e pelas transferências correntes, além das dummies, para
compreender cada output.
Na Tabela 4 têm-se os resultados do modelo de fronteira estocástica. Nota-se que todas
as variáveis consideradas no modelo são significantes ao nível de 1% (***p<0.01).
Apesar disso, somente o PIB municipal impacta positivamente o IPTU. Ao ocorrer o
aumento de 1% neste, há um aumento de 1.782% no IPTU.
A população, a área territorial e as transferências correntes recebidas impactam
negativamente o IPTU. Quando há o aumento de 1% na nessas variáveis, o IPTU tem
uma diminuição de 0.065%, 0.329% e 0.385%, respectivamente.
Os municípios que tiverem atualização da Planta Genérica de Valores nos últimos dez
anos arrecadam 0.335% a mais de IPTU do que aqueles que não tiveram e esse resultado
apresenta um alto nível de significância.
Por fim, a variável de interação entre as dummies demonstra que se um município
apresenta a Planta Genérica de Valores atualizada e o cadastro do ISS informatizado, sua
arrecadação é 0.136% maior do que aqueles que não possuem, mas esse resultado não é
significativo.
Ademais, para essa fronteira estocástica, o Sigma Sq é significativo a 1%, assim sendo,
há diferenças significativas entre as ineficiências do IPTU. O Gamma indica que 89.2%
da variabilidade não explicada pelos insumos, é devida ao componente de ineficiência
técnica (𝑢𝑖 ). Nesse sentido, a ineficiência técnica é extremamente importante para
explicar a arrecadação do IPTU.
Tabela 4: Arrecadação IPTU com base em medidas econômicas e dummy
V. Dependente:
Log (IPTU)
Intercept 1.782*
Log (PIB municipal) 1.729***
Log (população) -0.065
Log (área territorial) -0.329***
Log (transferências correntes) -0.385***
PGV atualizada nos últimos 10 anos 0.335***
Interação entre dummies -0.136
Sigma Sq 3.657***
Gamma 0.892**
Note: *p<0.1; **p<0.05; ***p<0.01
Fonte: elaborada pela autora
Esse modelo possui uma eficiência média de 37.22%, portanto, apresenta um potencial
de 62.78%.
Na Tabela 5 são apresentados os resultados do modelo de fronteira estocástica. Com base
nela, observa-se que a grande maioria das variáveis consideradas no modelo são
significantes ao nível de 1% (***p<0.01) e impactam positivamente o ISS, exceto a
variável da população e a dummy que informa se o município possui cadastro do ISS
informatizado, que possuem nível de significância de, respectivamente, 5% e 10%.
A tabela abaixo demonstra que quando há o aumento de 1% no PIB municipal, o ISS
aumenta 0.870%. No que tange à população e à área territorial, têm-se que o ISS cresce
menos, quando esses expandem. O aumento de 1% na população e na área territorial traz
um aumento de 0.077% e 0.032% no ISS, somente.
As transferências correntes, por sua vez, são responsáveis pelo aumento de 0.359% do
ISS, ao serem ampliadas em 1%, a dummy do cadastro do ISS informatizado demonstra
que os municípios sem cadastro atualizado tem arrecadação de -0.0092% e a variável de
interação entre as dummies demonstra que se um município possui a Planta Genérica de
Valores atualizada e o cadastro do ISS informatizado, sua arrecadação é 0.080% maior
do que aqueles que não possuem.
Além disso, o Sigma Sq é significativo a 1%, assim sendo, há diferenças significativas
entre as ineficiências do ISS. O Gamma indica que 39.3% da variabilidade não explicada
pelos insumos, é devida ao componente de ineficiência técnica (𝑢𝑖 ). Assim, a ineficiência
técnica é importante para explicar a arrecadação desse imposto.
Tabela 5: Arrecadação ISS com base em medidas econômicas e dummy
V. Dependente:
Log (ISS)
Intercept -3.913***
Log (PIB municipal) 0.870***
Log (população) 0.077**
Log (área territorial) 0.032***
Log (transferências correntes) 0.359***
Cadastro de ISS informatizado -0.092*
Interação entre dummies 0.080***
Sigma Sq 0.635***
Gamma 0.393***
Note: *p<0.1; **p<0.05; ***p<0.01
Fonte: elaborada pela autora
De acordo com esse modelo, a eficiência média do ISS em 2019 foi de 70.05% e apresenta
um potencial 29.95%.
5. Discussão dos Resultados
Após os modelos idealizados e os resultados observados, têm-se o seguinte quadro:
Sinal Resultado Potencial
Variável dependente Variável independente
esperado obtido estimado
PIB municipal + 1.391***
População local + -0.802***
Área do município + -0.000***
IPTU com medidas
Transferências correntes + -0.246*
econômicas e 59.02%
Número de imóveis residenciais 0.862***
administrativas +
cadastrados
Ano da última atualização da 2.870
+
Planta Genérica de Valores
PIB municipal de serviços + 0.707***
População local + -0.037
ISS com medidas Informatização do cadastro do ISS 0.967
-
econômicas e - recusa 26.37%
administrativas Informatização do cadastro do ISS -0.036
+
- sim
Transferências correntes + 0.619***
PIB municipal + 1.729***
População + -0.065
Área do município + -0.329***
Transferências correntes + -0.385***
IPTU com medidas
Planta Genérica de Valores foi 0.335*** 62.78%
econômicas e dummy +
atualizada nos últimos 10 anos
Interação entre dummies de Planta -0.136
Genérica de Valores atualizada e +
cadastro de ISS informatizado
PIB municipal + 0.870***
ISS com medidas
População + 0.077** 29,95%
econômicas e dummy
Área do município + 0.032***
Transferências correntes + 0.359***
Cadastro de ISS informatizado + -0.092*
Interação entre dummies de Planta 0.080***
Genérica de Valores atualizada e +
cadastro de ISS informatizado
Fonte: elaborada pela autora
Nesse sentido, percebe-se que a maioria das medidas econômicas e administrativas
consideradas nesse trabalho são significativas e trazem o resultado esperado nesse estudo.
Observa-se também que há um potencial a ser alcançado pela administração pública, no
que tange a coleta dos impostos sobre propriedade e sobre serviços, o que corrobora com
a literatura existente.
De acordo com estudos passados, a arrecadação de IPTU no estado do Rio de Janeiro, em
2014, poderia ser até 90% maior do que a arrecadação efetiva desse imposto (Castro &
Santos, 2017) e no Ceará, 157 municípios não exploravam nem 10% de sua capacidade
arrecadatória (Sobrinho, 2018). No que tange ao ISS, menos de dois terços das capitais
do país utilizam mais de 70% de suas capacidades na geração de receita via ISS (Batista,
2020).
As limitações desse estudo concernem ao período de análise de somente um ano e na falta
de dados sobre as informações municipais que tangem às medidas administrativas do
IPTU e do ISS, o que dificulta a análise contínua dos dados.
6. Conclusão
O presente artigo se centrou em identificar o potencial de arrecadação tributária dos
impostos sobre a propriedade e sobre serviços dos municípios brasileiros no ano de 2019
e identificar possível ineficiência na coleta desses tributos. O intuito desse trabalho é
contribuir para o tema ao elucidar quanto de defasagem há na coleta de impostos
municipais, incentivando os governantes a aumentarem sua eficiência tributária.
Conclui-se que em 2019, havia um potencial de 59.02% para a arrecadação do IPTU e
26.37% para a arrecadação do ISS. Com base no modelo de fronteira estocástica, mais
especificamente pela função de Cobb-Douglas, percebe-se que para potencializar a da
arrecadação do IPTU deve-se atuar na estimulação do PIB municipal e realizar o
cadastramento constante dos imóveis residenciais.
Nesse sentido, o potencial de arrecadação pode ser aprimorado caso haja melhoria da
eficiência na coleta dos impostos sobre propriedade e sobre os serviços, não sendo,
portanto, o aumento da alíquota desses impostos a única solução para maior arrecadação
estatal.
Nesse trabalho, a eficiência é mensurada pelas variáveis independentes aqui discutidas,
as quais necessitam ser otimizadas. Caso isso não ocorra, o potencial de arrecadação não
será atingido, uma vez que existe ineficiência.
As limitações e dificuldades encontradas no estudo consistiram na falta de dados
contínuos sobre as informações municipais, no que tange aos recursos para a gestão, como
dados do cadastro do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto Sobre
Serviços (ISS). Somente para o ano de 2019 há uma gama de informações passíveis de
serem utilizadas nesse trabalho. Ademais, houve a limitação da representatividade do
resultado, uma vez que a nossa amostra considera somente um ano, e não traz o histórico
do potencial de arrecadação. Nesse sentido, as próximas pesquisas acerca do tema podem
fazer uso dos dados em painel e considerar variáveis com diversos anos para a observação.
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