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Apostila Lingua Inglesa II

1. O documento discute a importância de aprender o alfabeto fonético e a notação fonética da língua inglesa para melhorar a pronúncia. 2. É apresentado o alfabeto fonético da língua inglesa com símbolos que representam os sons vocálicos e consonantais, e é feita uma comparação com os sons da língua portuguesa. 3. O sistema de notação fonética é explicado por meio de exemplos de transcrição fonética de palavras encontradas em dicionários.

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Apostila Lingua Inglesa II

1. O documento discute a importância de aprender o alfabeto fonético e a notação fonética da língua inglesa para melhorar a pronúncia. 2. É apresentado o alfabeto fonético da língua inglesa com símbolos que representam os sons vocálicos e consonantais, e é feita uma comparação com os sons da língua portuguesa. 3. O sistema de notação fonética é explicado por meio de exemplos de transcrição fonética de palavras encontradas em dicionários.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

LÍNGUA INGLESA II

GUARULHOS – SP
1
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2 SÍMBOLOS QUE REPRESENTAM OS SEGMENTOS SONOROS, VOCÁLICOS E

CONSONANTAIS DA LÍNGUA INGLESA ................................................................... 4

3 SISTEMA DE NOTAÇÃO FONÉTICA ..................................................................... 7

4 FONES E FONEMAS VOCÁLICOS E CONSONANTAIS DA LÍNGUA INGLESA 9

5 FONOLOGIA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SOTAQUES DA LÍNGUA INGLESA

...............................................................................................................................10

6 VARIEDADES DE PRONÚNCIA EM LÍNGUA INGLESA ..................................... 14

7 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E OS SEUS DIFERENTES TIPOS............................. 16

7.1 A variação diatópica ............................................................................................ 18

7.2 A variação diastrática .......................................................................................... 20

8 CASOS DE VOZ PASSIVA EM LÍNGUA PORTUGUESA .................................... 22

9 FORMAÇÃO DA VOZ PASSIVA EM LÍNGUA INGLESA ...................................... 25

10 VOZ PASSIVA NOS GÊNEROS DISCURSIVOS ................................................. 28

11 TEMPOS VERBAIS EM LÍNGUA INGLESA ......................................................... 31

12 TEMPOS VERBAIS EM GÊNEROS DO COTIDIANO E DA IMPRENSA ............. 37

13 TEMPOS VERBAIS EM GÊNEROS DO COTIDIANO E DA IMPRENSA EM

PORTUGUÊS E EM INGLÊS .................................................................................... 40

14 OS TIPOS DE PALAVRAS ENVOLVIDOS EM FRASES, ORAÇÕES E

SINTAGMAS ............................................................................................................. 42

15 A RELAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E SINTAGMAS ................................................ 45

16 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM DA SINTAXE ........................................ 50

17 MORFEMAS DERIVACIONAIS DA LÍNGUA INGLESA ........................................ 53

18 MORFEMAS FLEXIONAIS DA LÍNGUA INGLESA............................................... 55

2
19 MORFEMAS LIVRES E PRESOS NO INGLÊS .................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA ............................................................................ 59

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
2 SÍMBOLOS QUE REPRESENTAM OS SEGMENTOS SONOROS, VOCÁLICOS
E CONSONANTAIS DA LÍNGUA INGLESA

Existem símbolos que representam os segmentos sonoros, vocálicos e


consonantais da língua inglesa, ou seja, representam os sons emitidos quando se
pronuncia palavras em inglês. Quando se pronuncia a palavra house, por exemplo, o
“h” tem um som diferente; ele é similar ao som de “r” do português brasileiro. Na língua
portuguesa, o “h” não tem som, como, por exemplo, na palavra “helicóptero”. Assim,
pode-se concluir que, em comparação com a língua portuguesa, os sons apresentam
o seu próprio alfabeto fonético e se diferem uns dos outros, embora apresentem as
mesmas letras para representá-los. É por esse motivo que o alfabeto fonético é
essencial, pois auxilia a conhecer os sons de cada idioma (SANTOS, 2020).
Outro exemplo é a palavra “casa”. Na língua portuguesa do Brasil, a letra “s”
tem som de /z/. Se um espanhol for pronunciá-la, por exemplo, provavelmente ele
pronunciará /cassa/. Isso se deve ao fato de que, no espanhol, não há o som /z/. Pode-
se dizer, então, que cada língua tem suas características sonoras específicas.
Mas é você? Considera que tem uma boa pronúncia da língua inglesa?
Segundo Godoy, Gontow e Marcelino (2006), os brasileiros têm facilidade para
pronunciar palavras em inglês. Ao comparar um brasileiro com um coreano ou chinês
falando inglês, por exemplo, pode-se perceber uma certa dificuldade. Desse modo,
conhecer o alfabeto fonético é imprescindível para o aperfeiçoamento da pronúncia.
A Figura 1, a seguir, apresenta o alfabeto fonético do inglês, representado por
palavras e, no centro, um fone para representar o som emitido. Mas como pronunciar
essas palavras de forma correta? A partir da representação sonora, é possível
identificar os sons e reproduzir as palavras para que um falante nativo, por exemplo,
possa compreender. Lembre-se de que o importante não é ter a pronúncia idêntica à
de um falante nativo, pois não existe problema algum com relação ao sotaque de um
estrangeiro. Só existe problema quando o sotaque afeta a inteligibilidade da língua,
ou seja, quando ocorre uma falta de compreensão e/ou compreensão errada.

4
Figura 1. Alfabeto fonético. Fonte: Ivsanmas/Shutterstock.com.

O Quadro 1, a seguir, apresenta uma comparação entre português brasileiro e


inglês americano.

A partir do Quadro 1, pode-se verificar que existem mais sons no inglês do que
no português brasileiro, tanto de vogais como de consoantes (SANTOS, 2020).
O alfabeto fonético internacional, também conhecido como IPA (International
Phonetic Alphabet), é um sistema de notação fonética criado para descrever os sons
das línguas. A Figura 2, a seguir, apresenta os símbolos de cada consoante da língua
inglesa.

5
Pode-se observar que existem alguns símbolos estranhos, porém grande parte
deles são parecidos com as letras do alfabeto da língua portuguesa. A Figura 2 está
subdividida em cinco grandes grupos em relação ao modo de articulação: plosivas,
aproximantes, nasais, fricativas e africadas. Esses grupos, por sua vez, são
subdivididos em dois grandes grupos em relação ao som produzido: voiced (vozeado
ou sonoro) e voiceless (surdo). O Quadro 2, a seguir, apresenta os símbolos de cada
vogal da língua inglesa (SANTOS, 2020).

6
3 SISTEMA DE NOTAÇÃO FONÉTICA

Após reconhecer o alfabeto fonético, o próximo passo é identificar o sistema de


notação fonética. Um dos meios mais comuns de se ter acesso ao alfabeto fonético é
por meio do dicionário, no qual estão descritas todas as palavras listadas. A Figura 3,
a seguir, apresenta um exemplo de notação fonética (SANTOS, 2020).

7
Na Figura 3, tem-se a descrição fonética da palavra water, que conta com duas
variações: inglês britânico (primeira) e inglês americano (segunda). Em um dicionário
on-line ou aplicativo de língua inglesa, pode-se ouvir as palavras, o que é muito
importante para que se consiga reproduzir de maneira correta e reconhecer os
diferentes sotaques.
Todavia, para identificar o alfabeto fonético, faz-se necessário muito treino.
Considere as seguintes transcrições fonéticas: /pen/ /desk/. Consegue-se facilmente
reconhecer que são pen e desk. Isso se deve ao fato de os símbolos fonéticos serem
muito parecidos com as letras do alfabeto. No entanto, há alguns símbolos que são
bem diferentes e, por isso, causam uma certa estranheza em um primeiro momento.
A Figura 4, a seguir, apresenta os símbolos dos 12 sons das vogais, 8 sons de
ditongos e 24 sons de consoantes surdas e sonoras (SANTOS, 2020).

Outro símbolo que se pode observar na Figura 4 é o uso dos “:” para indicar a
vogal longa. É o caso da palavra door (porta), que é representada por /dɔːr/. A partir
de agora, serão apresentados alguns exemplos para auxiliar na identificação dos
símbolos do alfabeto fonético. Observe a palavra face, cuja transcrição fonética
correta é /feɪs/, e não /‘feɪsiː/. Isso porque não se pronuncia a vogal “e” do final da
palavra. Aprender a identificar os símbolos do alfabeto fonético é uma maneira
excelente de treinar a pronúncia correta, de modo que é de suma importância
conhecer e saber identificar esses símbolos

8
De acordo com Alves, Brawerman-Albini e Lacerda (2017), os brasileiros têm
maior dificuldade em pronunciar vogais do que consoantes, em virtude de palavras
que possuem pares mínimos. É o caso de man (homem) e men (homens). Observe a
transcrição fonética de ambas as palavras: man /mæn/ e men /men/. Há uma pequena
diferença entre elas, a qual só é identificada quando se entende a sua produção. A
vogal de man é mais aberta e, consequentemente, mais longa. A pronúncia clara das
palavras possibilitará uma correta interpretação e compreensão nos momentos de
comunicação oral em língua inglesa (SANTOS, 2020).

4 FONES E FONEMAS VOCÁLICOS E CONSONANTAIS DA LÍNGUA INGLESA

A transcrição fonética de fones e fonemas é fundamental para a correta


reprodução dos sons da língua inglesa, visto que é por meio dela que se consegue
identificar as nuances linguísticas do idioma. Como visto, o alfabético fonético é
utilizado para representar o som das letras. Observe a palavra car. Conforme o
alfabeto fonético, utiliza-se a representação fonética /k/ para a letra “c”.
A Figura 5, a seguir, apresenta algumas transcrições fonéticas de vocábulos do
inglês. Algumas das palavras listadas são: pen/pen/, com transcrições muito
parecidas; class /klɑːs/; e student /ˈstjuːdnt/.

Em um primeiro momento, parece ser difícil identificar a transcrição fonética


das palavras, porém, à medida que se vai treinando, percebe-se que a transcrição
fonética é bem fácil. Lembre-se de que compreender a transcrição fonética é uma
9
maneira de se conseguir identificar os sons e realizar a pronúncia correta das palavras
(SANTOS, 2020).
Pode-se facilmente ter acesso às transcrições de uma palavra por meio de um
dicionário. Ao lado de cada palavra, tem-se a sua transcrição, ou seja, o som que
deverá ser utilizado para que ela seja pronunciada. Atualmente, é possível encontrar
vários aplicativos e sites on-line que auxiliam no treino de transcrição fonética.
Observe alguns exemplos no Quadro 3.

5 FONOLOGIA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SOTAQUES DA LÍNGUA


INGLESA

Na década de 1960, com os estudos do linguista estadunidense William Labov,


surgiu a sociolinguística, como uma reação aos estudos da década anterior,
representados pela linguística gerativista de Chomsky, em 1957, que concebia a
língua como um sistema de princípios universais e a competência que o falante nativo
tem como um conhecimento inato de sua língua, isto é, uma gramática universal
interna, com regras de formação de sentenças gramaticais. Essa teoria considerava
um falante-ouvinte ideal, e a língua, uma unidade abstrata, homogênea e
desvinculada do contexto social. Contudo, Labov criticou essa desvinculação e
considerou fundamental o componente social na análise linguística. Para ele, o objeto
da sociolinguística é o estudo da língua falada em relação ao contexto social, a partir
da comunidade linguística, isto é, o conjunto de indivíduos que interagem verbalmente
e partilham um conjunto de normas relativas aos usos da língua (LABOV, 2008).

10
Cabe destacar que a sociolinguística é um ramo da linguística de caráter
multidisciplinar, pois flerta com a antropologia e a sociologia, além de entender a
língua como um complexo heterogêneo, dinâmico e fluido, que é sempre um reflexo
da sociedade que a utiliza. Sendo assim, sob essa perspectiva, todas as línguas
apresentam variações, variando de acordo com os contextos histórico-temporal,
geográfico, social e de uso da língua. Desse modo, dentro de uma mesma
comunidade, podem ocorrer variações, devido a fatores políticos, de escolaridade, de
gênero, religiosos, econômicos, entre outros (ABRANTES, 2012).
Todavia, a variação também pode ocorrer entre diferentes comunidades,
devido, sobretudo, a fatores geográficos, como os diferentes sotaques, por exemplo.
Segundo Monteiro (2008, p. 47-50):

Sotaque: refere-se apenas a diferenças de pronúncia, à maneira como um


falante pronuncia e, por conseguinte, a uma variedade que é foneticamente
e/ou fonologicamente distinta de outras variedades. Idioleto: é a maneira de
falar característica de um indivíduo. Numa comunidade, não há duas pessoas
que falem igualmente, empregando os mesmos tipos de construção sintática,
uma frequência igual na seleção de vocábulos ou uma realização de fonemas
sem distinção. Socioleto: também denominado de dialeto social, é o uso
linguístico próprio de uma classe ou categoria social específica.

Para Mattoso Câmara Júnior (1996, p. 279), “[...] sotaque, também dito
impropriamente acento, é o conjunto de traços fonológicos específicos que
caracterizam a pronúncia numa modalidade regional de uma língua, ou a pronúncia
de uma língua falada por estrangeiros aloglotas [de língua distinta]”. Portanto, o
sotaque é uma variação determinada pelo contexto geográfico, classificada como
diatópica (do grego dia = através de, e topos = lugar). Em relação à classificação
dessas variações, tem-se quatro tipos, um diacrônico e três sincrônicos, conforme
Alkmim (2001 apud MESSIAS, 2015, p. 220):

A variação diacrônica, que resulta de mudanças ocorridas ao longo da história


de uma língua. No plano sincrônico, temos a variação diatópica, causada por
fatores geográficos; a variação diastrática, resultado de fatores sociais, como
idade, sexo, classe social, entre outros. E por último, a variação diafásica ou
estilística, que diz respeito à adequação a um determinado contexto.

Essas variantes podem ocorrer dentro de um país, de um estado, de uma


cidade ou de um grupo de pessoas. Em geral, as modificações são fonológicas, ou
seja, na pronúncia, traço distintivo entre as diversas possibilidades de realização

11
sonora. Desse modo, a mesma palavra é pronunciada de maneira diferente. Por
exemplo, a palavra better (melhor) é pronunciada com a consoante “t” marcada e o
final “er” como “ã” em inglês britânico ('béttar); no inglês norte-americano, mais aberto,
o “t” é pronunciado como “r” ('bérer'); e inglês australiano não pronuncia todas as letras
('bérã). Além disso, pode haver variações no léxico, quando são utilizadas palavras
diferentes para falar da mesma coisa; por exemplo, a palavra calçada é pavement em
inglês britânico, sidewalk em inglês norte-americano e footpath em inglês australiano.
Tomando como base as variantes inglesas estadunidenses e inglês britânico,
um traço distintivo marcante são os fonemas róticos (da família do 'r'; 'r' forte e 'r' fraco).
O inglês britânico é não rótico, ou seja, não se pronuncia o /r/ nas palavras, a menos
que ele seja seguido por uma vogal, como em /red/ ou / bedroom/. Por exemplo, /hard/
é pronunciado como /haad/, e /car/, como / caa/. Já o inglês estadunidense é rótico,
ou seja, o /r/ é pronunciado, de modo que, nos exemplos anteriores, as pronúncias
seriam /hard/ e /car/, com o “r” marcado. Outra característica marcante no inglês
estadunidense é que o “t” entre vogais é pronunciado como um “d” suavizado, o que
faz as palavras writer e rider terem pronúncias bastante similares. Os falantes
britânicos geralmente pronunciam o “t” como /t/.
Na língua inglesa, falada por uma enorme quantidade de pessoas em todo o
mundo, é natural que existem muitas variedades, mas as mais significativas, das quais
derivam as outras, são: o inglês britânico, falado com variações na Inglaterra, na
Escócia, no País de Gales, na Irlanda do Norte e na Irlanda; e o estadunidense.
Apesar do código oficial, tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos, existem
variantes regionais e sociais, e a língua socialmente mais aceita é tida como modelo
e entendida por todos. Pode-se comparar essas variações entre o inglês norte-
americano e o britânico com o caso do português falado em Portugal e no Brasil e as
variações existentes nas regiões desses países. A língua portuguesa é a mesma,
compreendida por todos os falantes, porém há diferenças de pronúncia, de ortografia
e de léxico (ABRANTES, 2012).
Como visto, fonologicamente, existem algumas diferenças principais entre os
sotaques norte-americano, britânico e australiano, bem como o inglês falado por
canadenses, sul-africanos, neozelandeses, entre outros. Essas modificações na
produção de sons da língua se devem aos contextos daquelas regiões. A seguir, serão

12
apresentados alguns exemplos de variações fonológicas no inglês australiano,
canadense e sul-africano para ilustrar essa afirmação.
Muitas vezes, a variação diatópica está associada à etnia colonizadora de uma
comunidade, uma vez que a língua do povo colonizador acaba influenciando a língua
da região colonizada. A Austrália, por exemplo, foi mapeada e reivindicada para a Grã-
Bretanha pelo oficial da Real Marinha Britânica, James Cook, em 1770, para funcionar
como colônia penal. O contato com aborígenes e a chegada gradativa de britânicos
influenciaram a constituição do chamado inglês australiano. Fonologicamente, esse
tipo de inglês se diferencia das demais variantes do inglês, principalmente na
pronúncia das vogais. Em algumas palavras, o som /ei/ é pronunciado /ai/. A palavra
day, por exemplo, é pronunciada como /dai/, e não /dei/, como na maioria das outras
variantes. Outras palavras, como mate (parceiro) e fate (destino), soam,
respectivamente, como /mait/ e /fait/. No geral, a pronúncia do inglês australiano se
aproxima mais do inglês britânico do que do norte-americano, em virtude da influência
histórica do Reino Unido naquele país (ABRANTES, 2012).
No caso do inglês canadense, a pronúncia varia de região para região,
principalmente por ser um país bilingue, anglófono, francófono e de grandes
dimensões. O desenvolvimento da língua inglesa no Canadá incorporou empréstimos
das línguas indígenas e do francês, com ampliação e adaptação do vocabulário e a
criação de novas palavras; mistura expressões estadunidenses e ortografia britânica.
Os falantes nativos de regiões francófonas do país têm um sotaque mais carregado.
O inglês canadense segue o estilo britânico, apesar da proximidade com os
Estados Unidos e de os falantes pronunciarem algumas palavras como os
estadunidenses. Em comparação com o inglês dos Estados Unidos, no inglês do
Canadá, as vogais são pronunciadas de forma mais prolongada, e alguns fonemas
são substituídos quando antecedem consoantes surdas, como no caso da palavra
about, por exemplo, em que se substitui o som /ou/ por /u/. Existem também as
expressões cotidianas próprias do Canadá.
O inglês sul-africano tem por característica a variação por classes sociais,
divididas em três grupos: o inglês falado pelas classes mais altas, muito próximo
fonologicamente do inglês do sul da Inglaterra, como a pronúncia padrão do Reino
Unido, a RP (received pronunciation); o inglês falado pela classe média, com influência
do africâner, língua que deriva do holandês, já que os holandeses se estabeleceram

13
no país desde meados do século XVII até o século XIX; e o inglês falado pela classe
operária e pelos falantes do africâner que têm o inglês como segunda língua, trazido
com a colonização britânica, no século XIX, cuja realização fonológica é fortemente
influenciada pelo africâner, o zulu e outras línguas africanas. Há variações na
pronúncia de vogais e consoantes, como o /I/, que, na maioria das palavras, é
pronunciada com o som de schwa /ə/, ou seja, de forma neutra como a vogal “a” em
about (ABRANTES, 2012).

6 VARIEDADES DE PRONÚNCIA EM LÍNGUA INGLESA

A língua inglesa, além de ser a língua oficial de países como Estados Unidos,
Canadá, Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia, é a língua oficial per jure
(por lei) de 41 estados e territórios soberanos membros da Organização das Nações
Unidas (ONU) e em 27 não soberanos, além de em dois estados não membros da
ONU. Em muitos casos, o inglês não é a língua principal do país, mas é utilizado como
língua internacional, de negócios, na educação e no direito. Além disso, como o inglês
se tornou a língua franca dos séculos XX e XXI, países como o Brasil fazem uso da
língua inglesa como língua estrangeira para relações internacionais e negócios,
turismo, entretenimento, mídia e comunicação com estrangeiros em geral.
Atualmente, o inglês ultrapassou barreiras políticas e passou a pertencer ao mundo.

14
Na obra The Handbook of World Englishes, de Braj Kachru, Yamuna Kachru e
Cecil Nelson (2009), a expansão global da língua inglesa é explicada pela existência
de quatro diásporas, em diferentes períodos histórico-temporais. A primeira refere-se
ao avanço da língua por outras terras da própria Grã Bretanha: País de Gales, Escócia
e Irlanda; a segunda, para as colônias na América do Norte (Estados Unidos) e
Oceania (Austrália e Nova Zelândia); a terceira é aquela que levou o inglês para novos
contextos linguísticos, culturais e sociais, na empreitada colonizadora do império
britânico, como leste, sudeste e sul da Ásia, a África Oriental, Ocidental e do Sul e o
Caribe; e, por fim, a quarta diáspora, a dos dias atuais, em que o inglês, em muitas
instâncias, tornou-se a língua franca (ABRANTES, 2012).
Como pode-se perceber, os sotaques são bastante diversos ao redor do
mundo, e é importante para o falante se comunicar em diferentes situações e
contextos. Os professores de inglês devem oferecer aos alunos oportunidades de
entrarem em contato com a língua inglesa em suas diversas variedades de ritmos e
sotaques, sem privilegiar as culturas hegemônicas, como a Inglaterra e os Estados
Unidos, mostrando aos estudantes que não se trata de línguas diferentes, mas sim de
formas diferentes de se utilizar uma mesma língua. Essas formas caracterizam
identidades próprias de cada localidade e suas necessidades de comunicação.
As variedades não impossibilitam a comunicação entre os falantes da mesma
língua, no entanto, socialmente, é atribuída uma carga maior ou menor de prestígio a
cada uma delas, em virtude de aspectos históricos e econômicos, principalmente. Na
contemporaneidade, o ensino de inglês deve levar em consideração esses aspectos
e preparar os alunos para utilizarem a língua inglesa como língua franca, como forma
de comunicação com outros povos, nativos de países anglófonos ou não. Por essa
razão, os professores devem trabalhar com seus alunos o alfabeto fonético
internacional, a pronúncia de sons individuais, como vogais, consoantes e ditongos,
bem como elementos suprassegmentais, como tonicidade da frase, ritmo e
entonação, para que a sua fala seja inteligível.
Os exercícios de audição também devem ser privilegiados, e as amostras
escolhidas devem contemplar diversas variedades do inglês, como o sotaque
britânico, estadunidense, canadense, irlandês, escocês, galês, indiano, sul-africano,
australiano, entre outros. Trabalhar algumas características fonológicas de cada
variedade apresentada será interessante para o aluno, bem como motivará um debate

15
sobre a variação linguística. Aqui, o professor poderá, ainda, discutir o preconceito
linguístico e a questão do sotaque como marca da identidade de uma região ou país.
Em todos os países anglófonos, existe a língua padrão, ou o Standard English,
uma língua-modelo que obedece à gramática normativa e serve de referência. Essa é
a língua ensinada nas escolas de países em que se fala inglês e a que é ensinada
aos estudantes de inglês como língua estrangeira. De acordo com Carter et al. (2011),
existem várias formas do Standard English no mundo, como o inglês estadunidense,
inglês canadense, inglês australiano, inglês britânico, entre outras. Cada uma dessas
diferentes formas de inglês representa a linguagem culta utilizada oficial e
institucionalmente em determinado país. Elas variam em alguns aspectos na
pronúncia, mas não há muita variação nos aspectos gramaticais. As variedades não
padrão do inglês, ou Non Standard English, são variações do dia a dia, dialetos de
diversos grupos sociais que não seguem as regras do inglês-padrão; como exemplo,
tem-se os patoás (patois), que são diferentes formas, mais ou menos rudimentares,
de comunicação entre falantes de línguas diferentes (ABRANTES, 2012).
Segundo Monteiro (2008, p. 46), dialeto “[...] é uma variedade subordinada a
uma dada língua, que assim seria entendida como a soma de vários dialetos”. O autor
afirma, ainda, que, em geral, um dialeto se circunscreve a uma zona ou região
territorial, que frequentemente coincide com as fronteiras ou barreiras geográficas. Já
para Câmara Júnior (1996, p. 115), os dialetos são “[...] falares regionais que
apresentam entre si coincidência de traços linguísticos fundamentais. Cada dialeto
não oferece uma unidade absoluta em todo o território por que se estende”.
Observando essas definições, pode-se dizer que dialetos são subconjuntos da língua
e possuem menos prestígio do que ela.

7 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E OS SEUS DIFERENTES TIPOS

Segundo a Teoria da Complexidade (LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2007),


toda língua é considerada um sistema complexo e dinâmico, que está em constante
evolução para atender às necessidades comunicativas de seus falantes. Assim, é
como se os falantes “moldassem” a língua para tornar a comunicação mais efetiva.
Contudo, apesar de as línguas estarem em constante transformação, essas
mudanças não são um processo individual e aleatório. Existe uma convencionalidade

16
por trás delas, e o sistema que organiza as línguas deve continuar a oferecer aos seus
falantes os recursos necessários para que os significados circulem (FARACO, 2005).
Em outras palavras, embora as línguas estejam abertas a todo tipo de influência e
estejam em constante transformação, elas ainda, de alguma forma, mantêm uma
identidade (PARAGUASSU, 2019)
Quando você ouve um indiano falando, pode até achar que o inglês que ele fala
é diferente do inglês que você está habituado a ver nos filmes americanos; no entanto,
você é capaz de reconhecer que ele está falando inglês, mesmo que o inglês indiano
tenha recebido incontáveis influências e se distanciado, em muitos aspectos, do inglês
britânico de seus colonizadores.
Assim, a variação é o resultado da língua em uso. Esse fenômeno de
transformação das línguas, seja ele causado pelo tempo, seja pelo espaço, pelo meio
social ou por uma situação discursiva, é chamado pelos linguistas de variação
linguística.
Veja, a seguir, os principais tipos de variação linguística

 Variação diatópica (espaço): Quanto maior o número de falantes e


maior a sua dispersão geográfica, maiores as chances de variação. A
variação diatópica pode ocorrer dentro de um mesmo país/região ou
entre diferentes países. Na Figura 1, você pode visualizar as variações
da língua inglesa somente no Reino Unido.
 Variação diacrônica (tempo): É o conjunto de mudanças de uma língua
verificadas ao longo de sua história. As línguas mudam através dos
tempos, garantindo sua continuidade, e se renovam para atender às
novas demandas comunicativas da sociedade.
 Variação diastrática (social): Quando as diferenças na comunicação
resultam de fatores como a classe social, a idade, a origem étnica ou o
nível de instrução. Veja os exemplos a seguir:
■ Registro técnico: uso de terminologia e determinadas formas de
construção verbal na comunicação profissional;
■ Gíria: uso de vocabulário próprio de determinados grupos: surfistas,
blogueiros etc

17
 Variação diafásica (discurso): Quando as diferenças na comunicação
resultam da situação em que se encontra o falante. Um falante
proficiente deve ser capaz de adequar o seu registro de língua às
diferentes situações comunicativas:
■ Situação formal: implica um registro de língua mais cuidado;
■ Situação informal: admite um registro de língua mais espontâneo.

7.1 A variação diatópica

A variação diatópica diz respeito ao espaço geográfico. Ela pode ocorrer entre
países ou dentro de um mesmo país/região. Quando pensamos em língua e Brasil,
imediatamente nos vem à cabeça a grande e rica variedade linguística existente em
nosso país, certo? O Brasil é um país de proporções continentais e com vários
estados, o que potencializa as variedades linguísticas. Mesmo que todos os brasileiros
falem português, cada região apresenta suas diferenças linguísticas, e essas
variedades podem ganhar forma tanto no léxico (vocabulário) quanto na sintaxe
(estrutura da língua) e na fonologia (pronúncia e sotaque).
Os exemplos de variação lexical são infindáveis. Temos ainda exemplos de
variação gramatical (sintaxe), que é quando a estrutura da língua muda, saindo do
padrão usual, como acontece com a expressão “sei não”, usada em algumas regiões
do Brasil, ao invés de “não sei”. No campo da fonologia, as diferenças também são
muitas. As diferentes pronúncias e sotaques entre as regiões brasileiras são uma
marca de nosso país (PARAGUASSU, 2019).
Até aqui estamos falando de variação diatópica dentro do mesmo país, mas, se
pensarmos no português em nível mundial, a variação também é grande. Temos a
variedade europeia, as variedades africanas, a variedade timorense e a variedade
brasileira.
No caso do inglês, por ser a língua mais falada do mundo, se considerarmos
nativos e não nativos, é natural que as variedades sejam ainda maiores.
Considerando-se somente o inglês falado como língua oficial, temos variedades do
inglês em todos os continentes, até mesmo na América do Sul, na Guiana. Além das
variações entre países, ainda temos as variações regionais. Se pensarmos nos

18
Estados Unidos, no Reino Unido, na Austrália, só para citar três grandes regiões com
falantes nativos do inglês, as variedades linguísticas são incontáveis.
Veja a seguir algumas diferenças entre o inglês da Inglaterra e o inglês da
Escócia
Algumas palavras dessas duas variedades do inglês possuem a mesma forma,
mas têm sentidos diferentes. Um exemplo é gate, que na Escócia quer dizer “estrada”
e na Inglaterra quer dizer “portão”.
Já outras palavras e expressões são apenas típicas da Escócia, e é bem
possível que um inglês, ou outra pessoa que não fale inglês escocês, não
compreenda. Acompanhe:
 Dinnae = don’t
 Wee = small
 Kirk = church
 Lassie = girl

Agora vejamos, no Quadro 1, algumas expressões diferentes entre o inglês


americano e o inglês australiano (PARAGUASSU, 2019).

O inglês americano parece se assemelhar mais com o que consideramos ser


o inglês padrão. Mas estaria o inglês americano correto e o inglês australiano errado?
Ou apenas estamos mais habituados ao inglês americano, pois ele é o inglês
dominante no mundo, por diversas razões econômicas, sociais e culturais? Quando

19
assistimos a um filme no cinema ou na TV, na grande maioria das vezes, é o inglês
americano que ouvimos, o que nos dá a falsa impressão de que este deve ser o
padrão a ser seguido. Contudo, o inglês australiano, bem como as outras formas de
inglês espalhadas pelo mundo, não está errado, é apenas uma variante da língua
inglesa; estudar essas variantes enriquece o nosso conhecimento da língua e abre
inúmeras possibilidades como profissionais de idiomas.

7.2 A variação diastrática

A variação diastrática, também chamada de variação social, ocorre quando as


diferenças na comunicação resultam de fatores como a classe social, a idade, o
gênero, a origem étnica ou o nível de instrução do indivíduo. A variação diastrática
decorre, portanto, das diferenças entre os estratos socioculturais (nível culto, nível
popular, língua padrão), ou seja, são as variações que acontecem de um grupo social
para outro. A variação diastrática está relacionada com a identidade dos falantes e
sua relação com a organização sociocultural e econômica da comunidade.
Vejamos, a seguir, alguns exemplos de variação diastrática por diferentes
fatores, como contexto social, idade e sexo (PARAGUASSU, 2019)
Contexto social: Quando a pessoa muda sua fala de acordo com seus
interlocutores. Por exemplo: pessoas que falam um determinado dialeto em sua
comunidade.
Idade: O uso do léxico particular, como o caso de gírias (“maneiro”, “esperto”),
indicando que o falante, dependendo de suas escolhas lexicais, pertence a
determinada faixa etária.
Sexo: A duração de vogais como recurso expressivo, como em “maravilhoso”
e o uso frequente de diminutivos, como “bonitinho”, que costuma ocorrer mais na fala
feminina.
A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser fonética,
lexical ou sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo.
Vejamos, a seguir, alguns exemplos de variação diastrática fonética, lexical e sintática
no inglês.
Variação diastrática fonética: A missão da consoante final das palavras,
comum na fala dos negros americanos. Por exemplo: past (pas’), hand (han’).

20
Variação diastrática lexical: Algumas palavras e expressões são utilizadas
somente dentro de determinadas comunidades, seja essa comunidade determinada
por sua origem étnica, seja por interesses em comum (tribo de skatistas), pela idade
(adolescentes) etc. As gírias, portanto, são uma forma comum de variação diastrática
lexical. Veja algumas gírias utilizadas atualmente pelos adolescentes, principalmente
quando estão se comunicando via celular e mídias sociais (MORIN, 2019):

 Awks: awkward.
 Cancel: a rejection of a person, place or thing.
 Cheddar: money.
 Dope: cool ou awesome.
 Goat: greatest of all time.
 Gucci: good ou cool.
 Hundo P: 100 percent certain.
 Lit: amazing.

Variação diastrática sintática: A variação diastrática sintática ou gramatical,


frequentemente, modifica a estrutura padrão da língua. Por exemplo: She ain’t no
good (double negative) e She don’t know (o verbo auxiliar não é conjugado da forma
adequada)
É na variação diastrática que talvez o preconceito linguístico esteja mais
presente. As pessoas, em geral, costumam comparar o seu modo de falar com o de
outras pessoas e julgá-lo de acordo com os seus padrões, discriminando o que é
diferente, seja por diferença de classe social (“os pobres falam errado”), seja de região
(“a fala caipira”) ou até mesmo por diferenças de orientação sexual (“os gays falam de
um jeito afetado”). Como explica Margos Bagno ([2019?]), esse preconceito se vale
de dois rótulos: o “errado” e o “feio”, que, mesmo sem qualquer fundamento real, já se
solidificaram como estereótipos. Ainda segundo o autor:

Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que


está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para
discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características
socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de
instrução, nível de renda etc. (BAGNO, [2019?], disponível on-line).

21
8 CASOS DE VOZ PASSIVA EM LÍNGUA PORTUGUESA

A voz passiva é uma construção sintática em que um objeto direto ocupa a


posição de sujeito, que é quem sofre a ação, como em “O tesouro foi descoberto pelo
navegador”. Existem duas possibilidades de formação da voz passiva em português:
utilizando um verbo auxiliar na maior parte das vezes o verbo “ser” mais o particípio
de um verbo transitivo, como no exemplo anterior; ou fazendo uso do pronome
apassivador “se”, como em “Finalizou-se o acordo” (ABRANTES, 2020).
A primeira possibilidade é denominada voz passiva analítica, e a segunda, voz
passiva sintética, ou impessoal. Acompanhe a estrutura da voz passiva analítica:

Examinando o exemplo “O tesouro foi descoberto pelo navegador” e passando


a oração para a voz ativa, temos que “O navegador descobriu o tesouro” e
percebemos que, na voz ativa:

 O navegador” é o sujeito, que é o agente;


 “Descobriu” é verbo transitivo direto;
 “O tesouro” é objeto direto.

22
Seguindo a definição estrutural que adotamos no início do texto, confirmamos
que, na construção passiva, o objeto direto no caso, “o tesouro”, ocupa a posição de
sujeito, e é quem sofre a ação, ou seja, “é descoberto”, e “o navegador” passa a ser o
agente da passiva, ou seja, o responsável por aquela ação. A escolha de uso da voz
ativa ou passiva pelo enunciador depende da visibilidade que se deseja dar ao
acontecimento em determinada situação comunicativa, se maior ao navegador ou ao
tesouro, usando-se a voz ativa ou passiva, respectivamente.
Nem sempre o agente da passiva é mencionado, como nas orações “Diversos
discos de jazz já foram lançados” ou “Aquelas igrejas foram construídas por volta do
século XII”. O enunciador pode não saber quem é o agente da passiva, ou seja, quem
lançou os discos ou construiu as igrejas, ou não deseja torná-lo explícito, como em
“Fala-se que aquele diretor é corrupto”, em que, provavelmente, o enunciador sabe a
origem dos comentários a respeito do diretor, mas prefere não divulgar as fontes
daquela informação (ABRANTES, 2020).
Observe agora exemplos de voz passiva sintética.
Verbo na 3ª pessoa do singular ou plural + partícula se:

a) Fala -se que aquele diretor é corrupto.


b) Construíram -se igrejas por volta do século XII.
c) Lançaram -se diversos discos de jazz.

Se usarmos a passiva sintética, a impessoalidade e a indefinição do agente se


tornam marcantes, como no exemplo “Fala-se que aquele diretor é corrupto”, ou
“Construíram-se aquelas igrejas por volta do século XII”, ou ainda “Lançaram-se
diversos discos de jazz”.
No caso da passiva analítica, é possível incluir um agente da passiva, se ele
for relevante no contexto comunicativo, como em “Diversos discos de jazz já foram
lançados por gravadoras importantes”, ou “Aquelas igrejas foram construídas por volta
do século XII por artistas e artesãos”. Já quando se opta por utilizar o pronome
apassivador “se” essa inclusão não é possível. A ausência de agente se dá pelo fato
de ele ser desconhecido ou irrelevante do ponto de vista do enunciador.
Outro ponto a ser destacado é que a partícula “se” pode ser pronome
apassivador, como nos exemplos b e c, ou índice de indeterminação do sujeito.

23
Lembrando que, para que exista a voz passiva, é preciso haver objeto direto, ou seja,
o verbo deve ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto, e o verbo concordará
com o sujeito. No caso de verbos intransitivos, transitivos indiretos ou verbos de
ligação, a partícula “se” será sempre índice de indeterminação do sujeito, e a
conjugação será na 3ª pessoa do singular.

O uso da voz passiva sem a indicação de um agente garante impessoalidade


ao enunciado. Essa é a característica de alguns tipos de linguagem, como a
acadêmica, que pretende ser objetiva e coloca o foco nas ações e processos que
envolvem as pesquisas científicas, e não nos pesquisadores; e a linguagem
jornalística, no gênero notícia, por exemplo, para marcar a objetividade, a
imparcialidade e o compromisso do jornal com a veracidade dos fatos. Em algumas
situações o enunciador tem a intenção de ocultar o agente, e usa também a voz
passiva, como em “Fomos informados que…” ou “Foi-me enviada essa gravação
atestando a prática ilícita”. Jornalistas usam bastante esse recurso para não expor a
fonte que lhes forneceu a informação (ABRANTES, 2020).
Em relação à voz passiva sintética, a concordância verbal vai variar de acordo
com a partícula “se”, que poderá ser partícula apassivadora, no caso de verbos
transitivos diretos ou diretos e indiretos, e índice de indeterminação do sujeito, no caso
de verbos intransitivos, transitivos indiretos e verbos de ligação. No caso de sujeito
indeterminado, a concordância verbal será na 3ª pessoa do singular, como: “Fala-se
muito sobre os relacionamentos”, “Precisa-se de manicures”, “Confia-se nas pessoas”.
No caso do “se” como partícula apassivadora, a concordância verbal se dará de
acordo com o sujeito da oração. É o caso de “Comeu-se a pizza”, “Comeram-se a
pizza e o bolo”.
No português brasileiro coloquial, principalmente no seu uso oral, quando não
há alteração de sentido, a preferência é pela voz ativa, como, por exemplo,
24
“Amassaram o meu carro”, em vez de “O meu carro foi amassado”. Já em língua
inglesa, embora no inglês falado a voz ativa seja a preferida, a voz passiva é muito
utilizada (ABRANTES, 2020).

9 FORMAÇÃO DA VOZ PASSIVA EM LÍNGUA INGLESA

A voz passiva é bastante usada em inglês, sendo formada pelo verbo auxiliar
“to be” + verbo principal no particípio passado. Veja no Quadro 1 a estrutura
relacionada ao sistema verbal de acordo com Quirk et al. (1985).

O verbo “get”, embora não seja um verbo auxiliar em termos sintáticos, é usado
na construção da voz passiva em contextos informais, em substituição ao verbo “to
be” (QUIRK et al., 1985). Veja os exemplos a seguir:

 The cat got run over (by a bus).


 James got beaten last night.
 The house is getting rebuilt
 Such criticisms will get treated with the contempt they deserve
 This story eventually got translated into English

25
Quando há dois objetos temos também duas maneiras de se formar a voz
passiva, como no exemplo a seguir:

 The professor gave the students the books.

Temos aqui os dois objetos, “the students” e “the books”, e duas possibilidades
de voz passiva: “The students were given the books” e “The books were given to the
students”.
Embora, como regra geral, verbos transitivos possam formar voz ativa ou
passiva, há algumas exceções, em que as orações ativas (transitivas) e as passivas
não têm uma correspondência perfeita. Podem-se distinguir cinco tipos de limitações
dessa correspondência perfeita, associadas a verbo, objeto, agente, significado e
frequência de uso (QUIRK et al., 1985), como mostrado a seguir.

 Verbos que só admitem voz ativa: verbos intransitivos, de ligação e


certos transitivos: have, lack, hold, become, resemble, suit.
 Verbos que só admitem voz passiva: be born, said or reputed to be, be
drowned (se não foi afogado por alguém).
 Em relação ao objeto, algumas restrições se aplicam quando este é uma
oração. Por exemplo: “John thought she was attractive”, “John hoped to
meet her”, “John enjoyed seeing her”. Para transformar uma dessas
orações em voz passiva mantendo o mesmo sentido, muitas
modificações são necessárias e, muitas vezes, não é possível.
 Em relação ao agente da passiva (by John), este normalmente é
opcional e deve ser omitido se for desconhecido, redundante ou
irrelevante (ABRANTES, 2020).
 Em relação ao significado, algumas vezes não há correspondência
perfeita de significado entre as frases na voz ativa e na voz passiva. Por
exemplo: “Every schoolboy knows one joke at least” × “One joke at least
is known by every schoolboy”. Enquanto na primeira frase a
interpretação é de que todo garoto de escola sabe pelo menos uma
piada ou outra, na segunda o sentido é de que uma piada específica é
conhecida de todos os garotos de escola.

26
 Em relação à frequência de uso temos que a voz passiva é mais usada
em textos informativos, objetivos e de estilo impessoal, como artigos
científicos e notícias de jornal.

Depois de examinar a formação da voz passiva e as limitações de


correspondência entre voz ativa e passiva, veja as situações em que se usa,
preferencialmente, essa voz, segundo Swan (2009):

 Omissão do agente, comum em textos científicos. Por exemplo: “The


results have not yet been analyzed”.
 Destaque da informação nova. Por exemplo: “This picture was painted
by my grandmother”.
 Manutenção do mesmo sujeito quando se refere à mesma pessoa em
orações consecutivas. Por exemplo: “He waited for two hours then a
doctor saw him”
 Expressões longas com valor emocional, geralmente colocadas ao final
do enunciado. Por exemplo: “I was annoyed by Mary wanting to tell
everybody what to do”
 Gramática e significado. Alguns verbos não admitem o significado na voz
ativa. Por exemplo, to be born: “I was born in 1969”
 Ênfase no agente ou na ação. Por exemplo: “I’ve got work to do” (ênfase
na pessoa); “There is a lot of work to be done” (ênfase na ação).

Como você pode perceber, o uso da voz passiva na língua inglesa, a exemplo
da língua portuguesa, traz visibilidade para a ação ou o objeto, e não para o sujeito.
Além disso, textos mais impessoais e mais formais fazem uso da voz passiva
(ABRANTES, 2020).
E quais são os tipos de voz passiva existentes na língua inglesa? Seguindo a
classificação de Quirk et al. (1985) temos as passivas verdadeiras (centrais), as
semipassivas e as pseudopassivas. E como essas orações se distinguem umas das
outras? Bem, as passivas verdadeiras apresentam uma correspondência perfeita
ativa-passiva:

27
 My father made this violin this violin was made by my father;
 This conclusion is hardly justified by the results the results
hardly justify this conclusion.

As semipassivas representam uma classe mista que traz propriedades tanto


verbais quanto adjetivas. São semelhantes às passivas verdadeiras, pois têm ativas
análogas, como em:

 We are encouraged to go on with the project (the results) encouraged;


 us to go on with the project;
 Leonard was interested in linguistics linguistics interested Leonard.

Por outro lado, suas propriedades adjetivas incluem a possibilidade de


coordenar o particípio com um adjetivo, como em “We feel rather encouraged and
content”, “Leonard seemed very interested in and keen on linguistics”
As pseudopassivas não admitem transformação em voz ativa ou a possibilidade
de adicionar um agente da passiva. Apenas a forma superficial do verbo no particípio
passado sugere que sejam consideradas passivas. Exemplos: “The building is already
demolished”; “The modern world is getting more highly industrialized and mechanized”
(ABRANTES, 2020).

10 VOZ PASSIVA NOS GÊNEROS DISCURSIVOS

A voz passiva representa uma situação em que o sujeito é paciente e o agente


é omitido ou tem sua importância reduzida. A voz passiva é utilizada, normalmente,
em textos formais e impessoais, pois não enfatiza marcas de autoria e pessoalidade
28
na ação relatada. Alguns gêneros, como os artigos científicos e projetos de pesquisa,
por exemplo, utilizam a voz passiva, pois o nome dos pesquisadores não é mais
importante do que as ações e processos que envolvem as pesquisas; além disso, a
linguagem é mais formal e objetiva. Vejamos um exemplo:

 O monitoramento da região será realizado por meio de medições do nível


de água no subsolo.

Não se pretende dizer quem fará esse monitoramento ou analisará os


resultados, mas sim a ação que está sendo realizada pelos pesquisadores da região.
O que deve ser buscado é uma verdade que fala por si, que convença pela própria
evidência e que não contenha traços de subjetividade que poderiam vir a desmerecê-
la. Em suas recomendações técnicas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) sugere que os textos acadêmicos apresentem parágrafos curtos, objetividade,
clareza, concisão, e que sejam escritos em terceira pessoa do singular (ABRANTES,
2020).
No caso do gênero notícia de jornal essas mesmas características se aplicam,
e busca-se aqui também a objetividade e a impessoalidade. Em algumas situações, o
jornalista prefere dar ênfase ao acontecimento e não ao agente, como em “Two people
were robbed on 5th Avenue yesterday” (“Duas pessoas foram roubadas na Quinta
Avenida ontem”), porque não se sabe quem foi o ladrão, ou prefere-se chamar a
atenção para o roubo naquele endereço.
Em placas e cartazes de produtos e serviços o uso da passiva também é muito
frequente, como em “English spoken here”, uma simplificação de “English is spoken
here”. O importante é que o inglês é falado nesse lugar, e não quem é a pessoa que
fala o idioma.

29
O propósito comunicativo será sempre o que definirá o uso de voz ativa ou
passiva em determinada situação. Observe que nas propagandas de remédios, por
exemplo, temos a utilização da voz ativa para convencer o consumidor, como “Use
XYZ e sinta o alívio imediato”, “Não viaje sem levar com você o ABC para te proteger
dos imprevistos” e assim por diante. No entanto, como os remédios podem causar
algum efeito colateral nos consumidores, a voz passiva também é usada: “O médico
deve ser consultado”. Essa informação aparece em letras menores nos anúncios por
escrito ou na TV; não se dá destaque à informação, apenas se cumpre a
regulamentação exigida pelo governo (ABRANTES, 2020).

Outra situação comunicativa em que a voz passiva é utilizada é para se fazer


uma crítica sem mencionar os nomes dos autores envolvidos no objeto da crítica. Por
exemplo: “Muitos erros foram cometidos na gestão da empresa”. Ainda que não seja
difícil descobrir quem são as pessoas criticadas, não explicitar nomes é um ato de
cordialidade e demonstra profissionalismo e respeito pelas pessoas envolvidas.
O uso da voz passiva é uma maneira de impessoalizar a linguagem. Ela é
bastante usada em textos dissertativo-argumentativos, como as redações de
concursos públicos e de ingresso em universidades brasileiras. A indeterminação do
sujeito e a omissão do agente da passiva também ajudam a deixar a linguagem ainda
mais impessoal.
A utilização desse recurso é corriqueira em diversos gêneros discursivos
sempre que se deseja, por alguma razão, dar foco à ação, ao acontecimento, e não
ao agente, por ser desconhecido, irrelevante ou por não se desejar falar dele, e para
tornar o texto impessoal. O efeito causado no receptor é modificado quando se faz
uso da voz passiva; cria-se uma distância maior entre enunciador e receptor. Por
exemplo, em uma carta pessoal causaria estranheza construções do tipo “O livro foi
lido por mim semana passada”, ou “As aulas foram assistidas por minha filha”. No
entanto, o contexto é sempre o que vai determinar as escolhas do enunciador,

30
quaisquer que sejam os gêneros do discurso. Se dissermos a alguém “A coreografia
foi executada lindamente pelo corpo de baile”, damos destaque à coreografia.
Se usarmos a voz passiva em um gênero como tirinhas, por exemplo, pretende-
se um efeito, que pode ser de ironia, como em “Desculpe, mas você não pode ir
conosco, Snoopy. Cachorros não são permitidos no ônibus escolar”. O foco aqui são
os cachorros, e não quem não permite a presença deles no ônibus escolar. A ironia
se dá pelo fato de o cachorro estar aguardando o ônibus com as crianças, e se
sentindo como um deles. As crianças levam o cachorro com elas em todos os lugares,
mas há restrições, como a falta de permissão para que ele os acompanhe no ônibus
escolar. A expressão fisionômica das crianças e do cachorro dão o tom para a situação
comunicativa e o uso da voz passiva (ABRANTES, 2020).

11 TEMPOS VERBAIS EM LÍNGUA INGLESA

O sistema verbal em língua inglesa, vamos começar por diferenciar as


características tempo, aspecto e modalidade (QUIRK et al., 1985).
O tempo se refere ao momento em que a ação ocorre: se no momento presente,
se no passado ou no futuro. Morfologicamente, ou seja, em relação à forma da
palavra, em inglês só temos diferenciação entre o presente e o passado, enquanto o
futuro será formado por combinações de palavras, que expressarão a intenção do
falante em relação ao futuro, se é um futuro incerto, planejado, certo ou previsto.
Sendo assim, observe:

 She drives very well. A sentença “Ela dirige muito bem” está no presente
simples.
 She drove me home yesterday. A sentença “Ela dirigiu e me levou para
casa ontem” está no passado simples. A forma do verbo foi modificada
de drive para drove para indicar que a ação ocorreu em momento
anterior nesse caso, ontem.
 She will drive to São Paulo next July. A sentença “Ela dirigirá para São
Paulo em julho” está no futuro simples, mas a forma do verbo drive não
é modificada. É necessário um verbo auxiliar (will) para que se entenda
que a ação ocorrerá no futuro.
31
Aqui cabe chamar a atenção para o fato de que o falante poderia expressar o
futuro de outras maneiras, dependendo de sua intenção, como, por exemplo, She is
going to drive to São Paulo next July, que, em português, poderíamos traduzir também
como “Ela viajará para São Paulo em julho”, mas o uso do going to indica que se trata
de um futuro planejado. Talvez ela já tenha pedido férias no trabalho e pesquisado
hotéis para se hospedar. O enunciador poderia ainda dizer She is driving to São Paulo
next July. Neste caso a tradução para o português seria a mesma, “Ela dirigirá para
São Paulo em julho”, mas a intenção do enunciador é de que essa viagem está certa,
talvez ela tenha assinado as férias e reservado o hotel em que vai se hospedar.
Em relação ao aspecto, focaliza-se aqui se a ação expressa pelo verbo está
completa ou em progresso. O aspecto se refere à forma como o falante compreende
a ação ou estado. Aqui temos quatro aspectos: simples, progressivo, perfectivo e
perfectivo-progressivo. Examinemos cada um desses aspectos (ABRANTES, 2020).
O aspecto simples descreve a ação completa, permanente, habitual ou factual,
como, por exemplo:

 Water boils at 100ºC (ação permanente e factual).


 We went to the club yesterday (ação completa, finalizada).
 She takes the bus to work at 0700 every day (ação habitual).

O aspecto progressivo descreve ações temporárias ou em progresso, como,


por exemplo:

 I’m currently living in Pernambuco (ação temporária, no momento).


 I’ve been working as a teacher for 20 years (ação em progresso, continuo
trabalhando como professora).
 I was sleeping when the telephone rang (ação em progresso no
passado).

O aspecto perfectivo é usado para expressar duas temporalidades, para situar


no tempo uma ação que tenha ocorrido antes de outra, ou seja, examina-se um
momento específico e fala-se de ações ocorridas até aquele momento. Por exemplo:

32
 Na sentença She has left home, so you can’t talk to her now, olha-se a
partir do presente algo que ocorreu antes. Nesse caso o momento em
que ela saiu não é importante, mas sim o fato de ter saído.
 Se o tempo fosse relevante na enunciação, o passado simples teria sido
usado para marcar a ação completa de ela ter saído em um momento
específico: She left home one hour ago, so you can’t talk to her now.
 No exemplo I have always enjoyed reading in English, trata-se de uma
situação que começou antes do presente e continua até agora,
possivelmente sendo verdadeira também no futuro (ABRANTES, 2020).

Esse olhar para um ponto específico na linha do tempo pode acontecer também
no passado e no futuro. Veja os exemplos:

 She had left home, so she couldn’t talk to you. Em determinado momento
em que ela não pôde falar com você (passado) essa impossibilidade se
deu pelo fato de ela ter saído antes.
 It was 2017 and I had loved my trip to Scotland. Nesse caso, marca-se o
passado (2017) e algo que ocorreu antes daquele ano. Novamente, você
pode perceber aqui a intenção do falante.
 Se o período da viagem fosse importante para a enunciação, o passado
simples teria sido usado para marcar a completude da ação: I loved my
trip to Scotland in 2013.

O aspecto perfectivo também pode ser utilizado para falarmos de uma ação
ocorrida antes de determinado momento no futuro:

 By 2027 I will have retired, ou seja, o tempo futuro é 2027, e, antes


daquele ano, eu terei me aposentado.
 Se o momento da aposentadoria fosse importante o enunciador diria I
will retire in 2026, por exemplo, marcando uma ação completa no futuro.

Pode-se também combinar os aspectos perfectivo e progressivo para formar o


aspecto perfectivo-progressivo. Partindo dos conceitos já apresentados, pode-se

33
compreender que esse aspecto enfatiza a duração de uma ação, pois se trata de uma
situação que estava em progresso antes de determinado momento da linha do tempo.
Por exemplo:

 I have been running, and I am still tired, ou seja, a corrida ocorreu antes
do momento presente em que ainda estou cansada. Aqui o falante
enfatiza a continuidade da corrida. As opções poderiam ter sido:
 I’ve run and now I’m tired (ação que ocorreu antes do tempo presente),
ou
 I ran this morning and I’m still tired (ação completa no passado).

Pode-se ainda utilizar esse aspecto para ações em progresso em determinado


momento do passado ou do futuro, como em I had been running and I was tired. O
falante esteve correndo antes do momento do passado em que estava cansado. Veja
o exemplo em um momento futuro:

 By December 2020, I will have been running for a year, and I will be
thinner. Em determinado momento no futuro, dezembro de 2020, terei
corrido continuamente por um ano, e estarei mais magra

Você deve ter percebido que o aspecto depende da intenção do falante, o que
ele entende que deve enfatizar na comunicação. Pensando então na relação tempo-
aspecto, chegamos a 12 tempos verbais, constituídos por 3 tempos passado,
presente, futuro e 4 aspectos simples, progressivo, perfectivo e perfectivo-
progressivo para expressar ideias de maneira adequada. Veja um resumo no Quadro
1 (com as formas contratas dos verbos auxiliares) (ABRANTES, 2020).

34
Em relação à modalidade, ela é definida como a característica que denota o
tom de determinada sentença, ou seja, expressa a intenção do enunciador. Aqui
temos três modos principais (COLLINS, 2005):

 Modo indicativo: Também nomeado declarativo, é usado em


afirmativas e orações principais, expressa a realidade ou o que se
acredita ser a realidade, traz o sujeito antes do verbo, I want to talk to
you, por exemplo.
 Modo interrogativo: Usado quando se faz uma pergunta. Traz o sujeito
após o verbo principal ou auxiliar: Where is your mother? Did you go to
the cinema?
 Modo imperativo: Usado para se dizer a alguém para fazer alguma
coisa. Normalmente, omite o sujeito e usa a forma base do verbo, como
em Give me your hand, ou Show me your homework, por exemplo.

Há outro modo, como o modo subjuntivo, que expressa desejo, sugestão,


possibilidade, ou, em outras palavras, ao contrário do modo indicativo, não apresenta
uma realidade, mas uma possibilidade. Normalmente integra frases subordinadas, nas
quais o verbo aparecerá na forma básica, sem inflexões, como em She suggested that
Ana get a job, Her teacher recommended that she study more ou She suggested that
she study hard. Em relação ao uso do subjuntivo para expressar desejos e condições,
temos: I wish I were younger, If she were here she would tell all the truth.

35
A modalidade difere do tempo verbal e do aspecto porque não se refere
diretamente a nenhuma característica do evento, mas simplesmente ao status da
proposição (PALMER, 2001).
A modalidade diz respeito à atitude do enunciador e pode ser expressa por
meio de verbos modais, que transmitem ideias particulares. Associados aos verbos
principais, os verbos modais demonstram:

 Certeza: will, must;


 Vontade: will;
 Possibilidade: may, might, can, could;
 Obrigação, proibição: must, mustn’t;
 Recomendação: should;
 Permissão: can, could, may
 Convite: shall;
 Pedido: would;
 Habilidade: can, could.

Os verbos modais não se comportam como os outros verbos, pois não sofrem
flexão de pessoa e tempo e nem se combinam com verbos auxiliares. Existem ainda
os chamados semimodais, que, a exemplo dos modais, expressam ideias
particulares e se associam aos verbos principais; no entanto, diferem dos anteriores
por sofrerem flexão de pessoa, tempo verbal e se combinarem aos verbos auxiliares
be, have e do. Temos então:

 Necessidade ou obrigação: need


 Hábito passado: used to;
 Coragem: dare;
 Habilidade: be able to, manage to;
36
 Aviso ou recomendação: had better;
 Obrigação: ought to, have to;
 Necessidade: have to.

12 TEMPOS VERBAIS EM GÊNEROS DO COTIDIANO E DA IMPRENSA

O sistema verbal se ajusta ao gênero, que, segundo Bakhtin, é a materialização


da língua. Cada atividade humana elabora seus gêneros, formados por enunciados
que refletem as condições e as finalidades para as quais eles foram criados.
Gêneros do discurso são formas relativamente estáveis de enunciados do
ponto de vista temático [assunto], composicional [estrutura formal] e estilístico [forma
individual de escrever ou falar] (BAKHTIN, 2003), dados os contextos e situações
específicas de comunicação. As próprias atividades e o contexto em que ocorrem
determinam a sua construção composicional, ou seja, o conteúdo, a forma e o estilo
dos enunciados. Os gêneros estão no dia a dia dos falantes, e são tantos quantos
forem as atividades humanas e as suas necessidades de comunicação.
Bakhtin (2003) classifica os gêneros em primários e secundários de acordo
com o nível de complexidade que apresentam. Os primários se referem a situações
comunicativas cotidianas, espontâneas, não elaboradas, informais, que sugerem
uma comunicação imediata. São exemplos de gêneros primários o bilhete, o diálogo
cotidiano, a lista de supermercado, as receitas culinárias, entre outros. Os gêneros
secundários, normalmente mediados pela escrita, aparecem em situações
comunicativas mais complexas e elaboradas, como na imprensa, na área acadêmica,
jurídica, literária entre outras (ABRANTES, 2020).
Aqui vamos examinar os tempos verbais utilizados em alguns gêneros do
cotidiano e da imprensa. Examinemos primeiro alguns gêneros cotidianos: bilhete,
conversa informal, receita culinária e postagem em rede social.
O bilhete é uma comunicação breve e informal entre pessoas que tem
proximidade. A linguagem é bastante coloquial e despretensiosa, com marcas da
oralidade, admitindo apelidos, gírias e abreviações. Os tempos verbais variam
dependendo do propósito comunicativo, como um convite, um relato, uma solicitação;
e os modos podem ser indicativo, interrogativo ou imperativo; os verbos modais são
bastante utilizados também.
37
A conversa informal é um gênero oral e espontâneo, com verbos usados no
presente, passado e futuro, dependendo do propósito comunicativo. A linguagem é
informal, gírias e apelidos podem ser utilizados. Os modos indicativo, interrogativo e
imperativo podem ser usados. As marcas da fala estão presentes, como pausas,
hesitações, mudanças de assunto, repetições, paráfrases, tom de voz, velocidade da
fala.
As receitas culinárias apresentam, após a lista de ingredientes e suas
quantidades, o modo de fazer o prato desejado. Para isso usa-se o modo imperativo.
As postagens em redes sociais também são bastante variadas em termos de
sistema verbal, e a linguagem poderá ser formal ou informal dependendo do
propósito comunicativo, se a postagem é pessoal ou profissional.
Para os gêneros da imprensa, mais elaborados, temos grande variedade de
opções, sejam gêneros jornalísticos em diferentes suportes, como no jornal
impresso, na versão digital ou no telejornal, sejam os anúncios publicitários, também
presentes em veículos impressos como jornais e revistas, na internet ou na TV e no
rádio, ou ainda em outdoors e outros suportes menos convencionais, como na
adesivagem de ônibus e trens, elevadores, prédios, pontos de ônibus, etc.
Comecemos pelos gêneros jornalísticos e tomemos como exemplo a notícia e
a reportagem (ABRANTES, 2020).

A notícia relata por escrito acontecimentos de forma estruturada (ainda que o


suporte seja o rádio ou a TV, trata-se de um texto escrito que é lido) para que os
leitores ou ouvintes se atualizem em relação aos eventos da sociedade. Portanto, o
propósito comunicativo é o de informar o público. Nesse caso, os verbos utilizados
serão, em sua maioria, no tempo pretérito, já que relata o que se passou, embora o
presente e o futuro sejam usados também para estabelecer relações necessárias com
os fatos relatados. Os aspectos simples, progressivo e perfectivo devem ser usados

38
para expor os fatos de modo adequado na relação temporal, e o modo normalmente
é o indicativo.
Veja o exemplo de fragmentos de uma notícia (CHISAFIS, 2019, documento
on-line):

 French unions are staging a second round of mass street


demonstrations as the country entered its sixth day of a nationwide
strike and transport standstill over proposed plans to change the
pensions systems.

E ainda:

 The government will be watching Tuesday’s turnout after being caught


off-guard by the scale of last week’s protests when at least 800,000
people took part in one of the biggest demonstrations of trade union
strength in a decade.

Aqui temos, na primeira parte, uma ação progressiva no presente (are staging)
sobre fatos passados (entered e proposed) que podem afetar o futuro (to change).
No segundo fragmento temos o futuro progressivo simples, ou seja, uma ação que
estará em progresso no futuro (will be watching), as formas nominais de verbos,
gerúndio e particípio (being caught), e o evento passado (took part).
Tanto a notícia quanto a reportagem são caracterizadas por apresentar,
principalmente, verbos no pretérito no modo indicativo, pois apresentam informações
sobre eventos passados. Na reportagem, a variabilidade de verbos, aspectos e
modos tende a ser mais ampla, já que, além dos fatos, estão presentes a opinião e
a especulação, já que o grau de objetividade é menor do que na notícia, pois há uma
interpretação dos fatos narrados. Nos trechos interpretativos, o uso do tempo
presente é recorrente. O modo indicativo ainda predomina, mas os modos
interrogativo, imperativo e subjuntivo podem ser utilizados (ABRANTES, 2020).
O editorial é um gênero com finalidade persuasiva, escrito normalmente pelo
editor-chefe, e não é assinado, já que representa o ponto de vista do jornal ou revista.

39
A linguagem é formal e os verbos são utilizados em diferentes tempos, aspectos e
modos.
Outro gênero muito presente na imprensa são os anúncios publicitários, cuja
função é convencer o consumidor a comprar um produto ou serviço, enaltecendo
suas qualidades. O modo imperativo é utilizado, e os verbos no presente, passado e
futuro podem fazer parte do anúncio.

13 TEMPOS VERBAIS EM GÊNEROS DO COTIDIANO E DA IMPRENSA EM


PORTUGUÊS E EM INGLÊS

Diferentes línguas refletem diferenças culturais, diferentes maneiras de estar


no mundo, estruturar o pensamento e, consequentemente, expressá-los de maneira
diversa. Por exemplo, o português brasileiro tende a usar frases mais longas que o
inglês; o uso do imperativo é visto como mais autoritário em português do que em
inglês, e assim por diante. Nos gêneros do cotidiano e da imprensa, embora as
características dos enunciados sejam relativamente estáveis (BAKHTIN, 2003) e
compartilhem características de conteúdo, composição e estilo, o que facilita o ensino
de língua inglesa, elas trazem algumas diferenças em relação à própria língua por
conta do filtro cultural de uma e outra língua.
Por outro lado, essas diferenças culturais tornam o processo de ensino-
aprendizagem mais rico, pois permitem que se compare e contraste os mesmos
gêneros discursivos construídos na língua portuguesa e na língua inglesa, trazendo
para a sala de aula a dimensão sociocultural do Brasil e de países anglófonos, como
universos a explorar. A área de pesquisa que estuda a variação de gêneros
discursivos em diferentes culturas é a retórica contrastiva. Os pesquisadores dessa
área dão enorme importância ao contexto de produção, circulação e uso dos gêneros
discursivos, pois acreditam que o contexto sociocultural em que o escritor e o leitor
estão inseridos molda sua maneira de escrever e ler qualquer texto (GRABE;
KAPLAN, 1996).
Para ilustrar algumas diferenças, vejamos o gênero reportagem, que tem por
objetivo explícito tratar um acontecimento de forma aprofundada, contendo elementos
de comprovação, diferentes pontos de vista, estratégias argumentativas e descrição
detalhada. Como objetivo não explícito, temos a formação de opinião dos

40
interlocutores em relação a determinado assunto. Esse gênero circula em jornais e
revistas impressos ou on-line, para públicos diversos, fatores que alteram o formato
da reportagem. Predominam nesse gênero os tipos textuais narração, descrição,
argumentos e diálogo. A composição utiliza-se de outros gêneros, como a entrevista,
o gráfico, a charge, a fotografia. Em relação ao estilo, apresentam-se as estruturas
gramaticais (pronomes, verbos, modais, etc.) e de vocabulário.
Comecemos com a estrutura da reportagem para atentar ao estilo: o título
apresenta uma simplificação da linguagem, com o uso, muitas vezes, de formas
nominais do verbo. A fonte é maior e tem função de chamar a atenção do leitor. O
subtítulo vem abaixo do título e o completa, trazendo o assunto de forma resumida. O
primeiro parágrafo é o chamado lead, comum também à notícia, onde se respondem
as seguintes perguntas sobre o acontecimento: o quê?, quem?, quando?, onde?, com
quem?, e por quê? Aqui se informa o que é mais importante e interessante sobre o
assunto abordado. O corpo da reportagem traz detalhes, opiniões e possibilidades de
interpretação. Normalmente, utiliza-se o recurso gráfico do box, caixa de texto
diferenciada para dar destaque a um ponto específico, combinada com gráficos,
tabelas, fotos.
Como a reportagem é um gênero que relata acontecimentos, apresenta a
predominância de verbos no presente e no pretérito, aspecto simples e modo
indicativo. Segundo Koch (2008), a recorrência de determinado tempo verbal tem
função coesiva, indicando ao leitor que se trata de comentário ou relato sob um ponto
de vista retrospectivo. Os parágrafos são curtos e a preferência se dá por frases
simples e períodos não muito complexos para que o interlocutor mantenha a atenção
no conteúdo (ABRANTES, 2020).
No caso de reportagens em língua inglesa, essa tendência é ainda mais
evidente. O texto é mais estruturado do que o português, sendo constituído por cinco
partes: título, linha com nome do autor, lead, explicações e informações adicionais.
Em linhas gerais, você pode perceber que os textos escritos em língua inglesa são
mais objetivos e diretos, e que os marcadores de discurso (primeiro, segundo,
terceiro...) são amplamente utilizados. Além disso, o português brasileiro admite maior
flexibilidade na formulação das frases, com frases mais longas e uso de adjetivação
maior, aspectos inaceitáveis em um texto em língua inglesa.

41
Essas diferenças são menos perceptíveis em textos jornalísticos, embora na
reportagem fiquem mais visíveis por conta da maior extensão do texto, mas gêneros
tanto do cotidiano quanto de outras esferas comunicativas, como jurídica, literária,
entre outras, sofrerão modificações de acordo com a língua de produção do texto oral
ou escrito.

14 OS TIPOS DE PALAVRAS ENVOLVIDOS EM FRASES, ORAÇÕES E


SINTAGMAS

As línguas possuem palavras de diferentes tipos, as quais, para fins de análise


linguística, são especificadas de acordo com suas características de constituição e
conceito. São essas características em comum que estabelecem diferentes classes
de palavras. Além dessas particularidades, deve-se considerar a função que cada
uma das palavras exerce nas unidades de análise do discurso, como em frases
(sentences), orações (clauses) e sintagmas (phrases). Por exemplo, se for
considerada de forma isolada, a palavra “olhar” pode ser tanto um verbo quanto um
substantivo. Na oração “O gato gosta de olhar pela janela”, “olhar” assume o papel de
verbo, pois está exprimindo uma ideia de ação do sujeito (“gato”), o que ele faz. Já em
“O olhar do gato é atento”, “olhar” assume a posição de sujeito, sendo, portanto, um
substantivo, graças à presença do artigo definido “o”. Assim, percebe-se que se faz
necessária a inserção de um termo em um contexto para, então, se definir qual é a
sua classe gramatical e a sua função dentro de uma unidade discursiva de análise
(AVILA, 2017)
Além da presença de classes gramaticais específicas que indicam as funções
de determinadas palavras (p. ex., o caso do artigo definido em relação ao substantivo),
existem outras formas de se identificar os termos de uma frase ou oração e suas
funções. Um exemplo disso se dá por meio da ordem na qual tais elementos aparecem
dispostos em uma frase ou oração. Em língua inglesa, a ordem em que as palavras
aparecem é menos flexível do que em muitas outras línguas (CELCE-MURCIA;
LARSEN-FREEMAN, 1999). Uma das razões para isso é o desenvolvimento histórico
que a língua percorreu, o qual levou à perda de muitas características do seu sistema
de flexões oriundas da sua raiz germânica, que marcava número, gênero e caso em
sujeitos e nomes. Com a perda dessas particularidades, a língua inglesa desenvolveu

42
uma ordem mais fixada de termos, respeitando a ordem canônica de sujeito, verbo e
objeto (SVO), ordem esta que também é a mais produtiva e recorrente em língua
portuguesa.
Segundo Celce-Murcia e Larsen-Freeman (1999), em língua inglesa, essa
ordem mais ou menos fixa dos elementos trabalha juntamente às preposições, classe
de palavra fundamental para auxiliar a atribuição semântica de objetos indiretos nas
orações. É a partir de uma preposição que se constitui um verbo como transitivo
indireto, e é ela que define a natureza da relação estabelecida entre o sujeito e o
objeto indireto em questão. Sendo assim, é possível compreender que se permite
certa flexibilidade e inserção de termos, contanto que a ordem canônica se mantenha
estabelecida e sem modificações que infrinjam os princípios da língua inglesa (p. ex.,
a exclusão do sujeito pronominal em uma oração, expresso por meio de pronomes
pessoais do caso reto ou de substantivos que substituam essa função e sentido).
Silva (2017) apresenta, em seu livro sobre sintaxe da língua inglesa, a ordem
canônica e a ordem não canônica em orações. De forma complementar, apresentam-
se como algumas possíveis construções da língua inglesa: (a) “The cat eats dry food”
(“O gato come ração” ordem S, V, O), em que “The cat” é o sujeito; “eats”, o verbo; e
“dry food”, o objeto direto; (b) “The cat eats from the feeding bowl” (“O gato come do
pote de comida”, ordem S, V, Prep–O), em que “The cat” é o sujeito; “eats”, o verbo;
“from”, a preposição; e “the feeding bowl”, o objeto indireto, assim considerado por ser
precedido de uma preposição. Percebe-se, aqui, a aplicação da ordem considerada
mais fixada dos termos, ainda com alguma possibilidade de inclusão. Essa ordem,
mais ou menos fixada, se estabelece a partir de variáveis linguísticas e históricas
(AVILA, 2017).
Assim como no português e no inglês, há outras línguas que apresentam a
mesma ordenação sintática canônica. Segundo Celce-Murcia e Larsen-Freeman
(1999), sistemas linguísticos como o cantonês e o árabe egípcio coloquial seguem a
mesma linearidade de apresentação dos elementos em uma frase e oração. Línguas
como japonês, coreano, turco e farsi, por sua vez, apresentam o ordenamento S–O–
V, ao passo que versões clássicas de línguas semíticas, como o hebreu e o árabe,
dispõem seus elementos oracionais em V, S, O.
Especificamente para a língua portuguesa e a inglesa, deve-se considerar três
constituintes básicos e as classes gramaticais que podem funcionar como tais

43
constituintes: sujeito, verbo e objeto. O sujeito é o agente responsável por exprimir a
ação em uma oração, é a origem de funcionamento de um verbo. Esse constituinte é
representado na língua portuguesa e na inglesa por meio de pronomes pessoais do
caso reto e nomes próprios em inglês e português.
Já o verbo é a palavra que exprime ação, responsável também por expressar
o modo e o tempo de uma frase, por meio dos atributos relacionados à flexão verbal.
É desempenhado pela classe gramatical “verbo” e pode aparecer também como uma
locução verbal (i.e., quando dois ou mais verbos expressam conjuntamente uma ação)
em ambas s línguas.
Por fim, o objeto é o receptor da ação do sujeito, suscetível à resultante da ação
verbal. Esse constituinte é expresso, de forma geral, por meio de pronomes (“o”, “a”,
“os”, “as” como objetos diretos ou “me”, “you”, “his”, “her” etc. em inglês; e “lhe”, “lhes”
e pronomes oblíquos como objetos indiretos ou caracterizados quando precedidos de
preposição). O Quadro 1, a seguir, resume os constituintes mais importantes da
oração (AVILA, 2017).

44
15 A RELAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E SINTAGMAS

A ordem em que os termos de uma oração aparecem possibilita o pleno


entendimento de uma mensagem, considerando-se sempre o sistema linguístico em
jogo. Assim, compreender a sintaxe da língua inglesa é um aspecto importante para
o estudo dessa língua (AVILA, 2017).
Em uma oração como “I gave my best friend a book for his achievement”, Carter
e McCarthy (2010) oferecem subsídios para compreender que “I” é a pessoa que deu
o livro, e não “my best friend”, já que é “I” a pessoa que aparece antes do verbo
principal “gave” nessa oração. Tal suposição só se faz possível porque, em língua
inglesa, os sujeitos somente aparecem antes de verbos em frases afirmativas. Além
disso, a partir da ordenação dos termos, depreende-se a relação que se estabelece
45
entre eles. É isso que possibilita a identificação do objeto indireto e do objeto direto e
a associação entre esses termos, além do sentido que eles carregam.
Silva (2017) apresenta os diferentes tipos de termos que compõem as orações
em língua inglesa, além de exemplificar de forma bastante esclarecedora a função de
cada uma dessas unidades. Além disso, existe a possibilidade de relação entre
unidades maiores do que os termos internos de uma oração. A relação entre as
próprias orações pode se dar de forma autônoma ou dependente. É possível
caracterizar essas relações de duas formas: orações coordenadas (independent
clauses) e orações subordinadas (subordinate clauses).
As orações coordenadas não estabelecem funções sintáticas entre si, ou seja,
podem aparecer conjuntamente, porém não são interdependentes. Em uma frase
como “She studied a lot and went home earlier that day”, as orações “She studied a
lot” e “ (she) went home earlier that day” possuem sentido de forma independente. A
significação de cada oração não se dá a partir da sua relação uma com a outra, pois
não há uma correspondência sintaticamente direta. Percebe-se, portanto, que,
embora não haja uma relação sintática entre essas orações, é possível estabelecer
uma relação de paralelismo entre elas, sinalizada pela conjunção “and”, palavra de
ligação (linking word) que sinaliza ideia de adição, muito comum em orações
coordenadas (AVILA, 2017).
Em contrapartida, as orações subordinadas possuem relação sintática entre si
e, como o próprio nome indica, expressam alguma forma de subordinação, isto é,
dependência em relação à oração principal. Exemplos simples de orações
subordinadas são encontrados em conditionals na língua inglesa, pois essas orações
condicionais estabelecem uma associação necessária e explícita entre causa e
consequência. Assim, na frase “If you study a lot, you will get a good result.”,
depreende-se que o ato de “obter um bom resultado” oração subordinada à oração
principal depende de maneira direta da ideia de “If you study a lot”.
Existem diferentes tipos de orações subordinadas, as quais são classificadas
de acordo com a natureza da relação que estabelecem com referência à oração
principal, podendo ser: oração subordinada substantiva (quando tais orações fazem o
papel de um substantivo), oração subordinada adjetiva (quando tais orações
modificam um substantivo e acabam por funcionar como um adjetivo) e oração
subordinada adverbial (quando tais orações funcionam como adjuntos adverbiais do

46
verbo da oração principal). O estabelecimento de função de cada tipo dessas orações
é basicamente similar em língua inglesa e em língua portuguesa, uma vez que as
classes gramaticais envolvidas nessas funções são relativamente equivalentes.
É importante destacar que as relações entre constituintes também podem se
dar em níveis internos à oração. Além da noção de subordinação entre orações, é
possível se definir níveis e relação de subordinação entre os constituintes das
orações, chamados de sintagma (phrase). Os sintagmas são unidades de análise
menores subjugadas a uma oração. Essas unidades estabelecem uma relação de
distribuição e funcionalidade em relação ao núcleo do sujeito de uma oração, além de
estarem vinculadas ao núcleo do predicado de uma oração. Dessa forma, ao se
estudar o sintagma de uma oração, faz-se necessário o estudo do grupo de palavras
relacionado a esses constituintes maiores (AVILA, 2017).
Além das orações, há um tipo de ordenamento estabelecido para os sintagmas.
Celce-Murcia e Larsen-Freeman (1999) estabelecem a funcionalidade desse
ordenamento: as regras de estruturação básica dos sintagmas em língua inglesa
propiciam ao falante um instrumento de análise e compreensão linguística, composto
por três propriedades básicas: linearidade, hierarquia e categorização. A linearidade
diz respeito ao fato de que as palavras e os morfemas em língua inglesa devem
respeitar uma determinada ordem para serem formados, uma vez que o sistema não
permite que todas essas unidades ocorram ao mesmo tempo. A ordenação S–V–O é
um bom exemplo de aplicação da propriedade de linearidade.
A hierarquia, por sua vez, concebe uma relação de subordinação entre os
constituintes de uma dada unidade de análise, uma vez que apenas a linearidade não
daria conta do fato de que algumas palavras e expressões se agrupam juntas, por
forças linguísticas e sistemáticas. Ou seja, não se pode, simplesmente, conceber um
determinado conjunto de palavras e aplicar sobre elas todas a regra de linearidade,
pois essas palavras possuem relações distintas entre si, que interferem de forma
direta nessa organização. Além disso, esses grupos de palavras estabelecem
relações com outros grupos, até que se atinja uma unidade maior. Na Figura 1 é
possível perceber de forma ilustrativa como essa relação de hierarquia se dá,
considerando-se o verbo da oração como foco de subordinação interno dos sintagmas
envolvidos.

47
Por fim, a categorização concebe a ideia de que algumas palavras funcionam
de forma muito diferente ou de forma similar entre si, e, a partir dessa similaridade, se
estabelece um sistema de caracterização funcional. Um exemplo de categorização
ocorre quando é possível assemelhar palavras ou sintagmas a partir da sua forma de
distribuição, ou seja, quais posições elas podem ocupar em uma frase ou as
possibilidades de flexão que elas apresentam (AVILA, 2017).
Celce-Murcia e Larsen-Freeman (1999) ilustram a categorização por meio das
palavras “child” e “cookie”, que, por serem substantivos contáveis, podem, sob um
prisma morfológico, receber flexão de plural e, sob uma óptica sintática, ocupar a
posição de sujeito ou de objeto. Além disso, ao considerar um verbo transitivo, deve-
se considerar que coocorre, também, uma função de sujeito e de objeto ou que pode
haver flexão de tempo sobre ele (no caso da língua inglesa, consideram-se como
flexões de tempo possíveis somente as de presente e de passado, já que são as
únicas que podem ser expressas como flexão morfológica diretamente no verbo).
Considerando os exemplos apresentados, tem-se, nos verbos e nos substantivos,
categorias lexicais (aqui, portanto, recai a ideia de categorização). Além disso, existem
categorias de sintagma, como sintagmas nominais (constituídos por meio de um
nome) ou sintagmas preposicionais (constituídos por meio de preposições).
48
A aprendizagem e o estudo da sintaxe da língua inglesa propiciam uma
aquisição mais significativa da língua. O domínio do componente formal da gramática
se estabelece como uma boa forma de análise, ainda mais se comparado à língua
materna do aprendiz (AVILA, 2017).
A maneira como os elementos se organizam em um texto (escrito ou falado,
verbal ou não verbal) difere entre as línguas, e isso não é diferente quando se
consideram o inglês e o português. Dessa forma, o reconhecimento das classes
gramaticais e dos constituintes sintáticos envolvidos nas partes do discurso e a
compreensão acerca do funcionamento dessas partes em ambas as línguas são
tópicos de estudo de extrema relevância. O Quadro 2, a seguir, apresenta os
constituintes da oração estudados nesta seção.

49
É relevante mencionar a importância da aprendizagem da sintaxe para
contextos diários de uso da língua inglesa, visto que, para além da análise de termos
de uma frase ou oração fora de um contexto, o entendimento dos seus princípios
básicos possibilita uma experiência de compreensão ampla da língua, apreensão
adequada dos sentidos de uma mensagem e competência na leitura e escrita de
textos formais em inglês. Todas essas potencialidades possibilitam o acesso a novas
realidades culturais, diferentes tipos de conhecimento (uma vez que o acesso a
periódicos científicos está massivamente ligado à produção em língua inglesa) e
maiores chances de sucesso profissional, acadêmico e pessoal. Essa é a premissa
básica que rege a próxima seção, que diz respeito à importância de se aprender a
sintaxe da língua inglesa (AVILA, 2017).

16 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM DA SINTAXE

O estudo do componente formal da língua entrega ao estudante de língua


estrangeira ferramentas de análise, compreensão e comparação para o estudo
autodidata e independente. Entretanto, não se pode ignorar o fato de que aprender
uma língua e desenvolver suas habilidades quanto a ela está diretamente relacionado
com o uso que dela se faz. A forma como o aprendiz fará uso da língua desenvolvida
por ele apropriada dependerá de seus objetivos e aspirações pessoais. Os materiais
didáticos não devem atrapalhar esses objetivos, mas sim ser uma ferramenta para o
pleno desenvolvimento deles.
Dessa forma, faz-se fundamental trazer a sintaxe da língua inglesa para o
âmbito comunicativo da língua, uma vez que a prática comunicativa estreita laços
sociais e culturais e torna qualquer aprendizagem realmente significativa. Por isso,
considerando o ambiente acadêmico, tem-se em mente o estudo da língua estrangeira
como ponte para o conhecimento e o desenvolvimento cultural. Assim, o estudo da
sintaxe pode se tornar relevante de diferentes formas: na escrita, na fala, na
compreensão e na interlocução.
A relevância comunicativa da sintaxe na escrita está academicamente
relacionada com oportunidades profissionais. Desenvolver boas habilidades de escrita
em língua inglesa certamente é um diferencial no meio acadêmico, ambiente no qual
há propagação de estudos e pesquisas de diversos periódicos e institutos publicados

50
nessa língua. A partir da escrita adequada e consistente, o aprendiz se torna
autônomo para fazer suas próprias publicações, escrever projetos de pós-graduação
e relatórios e se candidatar a postos profissionais e acadêmicos no âmbito
internacional. Além disso, manter uma comunicação escrita conveniente com
orientadores, chefes, gestores e colegas de trabalho e pesquisa só tem a potencializar
a vivência do aprendiz em diferentes ambientes, tanto profissionais quanto pessoais.
Além da habilidade escrita, a habilidade de comunicação falada também pode
potencializar essas experiências, garantindo, inclusive, o avanço no âmbito científico.
Assim, desenvolver a habilidade de fala em uma língua estrangeira é fundamental
para o progresso na competência comunicativa, bem como entender a forma como os
elementos sintáticos se organizam no discurso para saber expressar, por exemplo,
qual o tópico de uma conversa ou mostrar relação de importância. Um exemplo disso
se dá na diferença de apresentação de pessoas do discurso em inglês e em
português: há, na língua portuguesa, uma tendência de colocar o “eu” como primeiro
agente de uma oração quando há mais de um ocupando esse espaço de sujeito (“Eu,
Pedro e Estela fomos à festa”).
Já em inglês, essa tendência não se repete, pois a preferência por colocar-se
como último em uma listagem de sujeitos (“Pedro, Estela and I went to the party”).
Embora tal ordenamento não seja entendido como errado ou incompreensível por
falantes de inglês (sejam eles nativos dessa língua ou de outras línguas estrangeiras),
entender os meandros sintáticos de uma língua auxilia na efetivação semântica e
pragmática de transmissão de uma mensagem, objetivo altamente desejável ao se
conceber a comunicação em inglês, por exemplo. Portanto, aqui também reside a
relevância da sintaxe para a interlocução (AVILA, 2017).
Ser capaz de compreender o ambiente à sua volta e os acontecimentos é
quesito fundamental para o aprendiz se desenvolver de forma produtiva e com senso
crítico nas suas experiências. Assim, a habilidade de compreensão de uma língua
estrangeira está ligada, também, à competência comunicativa. Isso se dá porque se
comunicar não é apenas estar apto a produzir uma língua, e sim também ser receptor
ativo dela. Por isso, a compreensão do componente sintático garante a comunicação
bem-sucedida, além de promover ao aprendiz de línguas a possibilidade de ser um
agente atuante e transformador, e não apenas um receptor passivo e periclitante de
ideias e mensagens incompletas.

51
Celce-Murcia e Larsen-Freeman (1999) pontuam, por exemplo, que os
aprendizes podem vir a recair em erros e mal-entendidos de natureza fundamental
por ainda não terem a devida apreciação de quais elementos de uma frase ou
sintagma são obrigatórios e opcionais em inglês ou, ainda, em qual ordem os
elementos obrigatórios devem aparecer. Um dos exemplos clássicos de mal-
entendido por parte de alunos básicos se refere ao desconhecimento acerca da ordem
prevista entre substantivos e adjetivos em língua inglesa: adjetivos precedem
substantivos; assim, tem-se “black cat” no lugar de “cat black”, referente a “gato preto,
por exemplo.
No entanto, o desconhecimento também acaba por atrapalhar o entendimento
e a comunicação de aprendizes mais avançados, haja visto que a língua inglesa
possui uma ordenação bem mais fixa do que a língua portuguesa no que diz respeito
a grupos de adjetivos (“An old Italian man” é preterido em relação a “An Italian old
man”, uma vez que adjetivos pátrios ou gentílicos devem vir antes dos adjetivos que
expressem opinião, por exemplo (AVILA, 2017).
Essa ordem certamente pode variar de acordo com a função de cada adjetivo
em uma dada oração, dependendo do sintagma nominal ao qual ele (s) estiver (em)
ligado (s), porém há uma estrutura de ordenamento mais ou menos fixa, que segue a
seguinte ordem: quantidade, valor/opinião, tamanho, temperatura, idade, forma, cor,
origem e material. Para um falante aprendiz, não há uma relação lógica acerca desse
conhecimento puramente formal da língua, por isso, o conhecimento acerca desses
fatos linguísticos se mostra tão relevante e determinante em uma aprendizagem
significativa e para a comunicação efetiva entre pares.

52
17 MORFEMAS DERIVACIONAIS DA LÍNGUA INGLESA

Os morfemas presos podem ser derivacionais ou flexionais de acordo com as


modificações que trazem para as palavras às quais se acoplam. Pois bem, no
processo de formação de palavras, ou seja, na criação de novas palavras a partir de
palavras existentes, temos a operação morfológica de derivação. Está se dá a partir
do acoplamento de certos morfemas às palavras já existentes na língua. Nesse
processo, os morfemas podem se acoplar antes da raiz da palavra, quando se
denominam prefixos, ou após a raiz da palavra, denominados sufixos. Prefixos e
sufixos recebem o nome de afixos. Veja os exemplos:

 Impossible (prefixo in).


 Likeable (sufixo able)

Os morfemas derivacionais sempre modificam o significado da palavra e, por


vezes, sua classe gramatical e categoria sintática. Por exemplo, na palavra unfairly,
que apresenta dois morfemas derivacionais, -un e -ly, o morfema -un modifica o
significado do morfema fair, que é a raiz da palavra, formando uma nova palavra,
unfair, que é o oposto de fair. Por outro lado, o morfema -ly transforma o adjetivo unfair
em advérbio de modo, unfairly (ABRANTES, 2020).
Em inglês, o morfema derivacional pode ser um prefixo ou um sufixo e a
modificação ocorrida na palavra variará se juntar-se a um ou outro. Normalmente, o
sufixo derivacional modifica a classe gramatical das palavras envolvidas. Por exemplo:

 O sufixo -ly, como você viu, transforma adjetivos em advérbios (slow-


slowly).
 Ness transforma adjetivos em substantivos (slow-slowness).

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 Ize transforma adjetivos em verbos (modern-modernize).
 Al transforma substantivos em verbos (recreation-recreational).
 Fy transforma substantivos em verbos (glory-glorify).
 Able transforma verbos em adjetivos (drink-drinkable).
 Ance transforma verbos em substantivos (deliver-deliverance).

Já o prefixo derivacional não modifica a classe gramatical, mas apenas o


significado das palavras. Exemplos:

 Un- (healthy-unhealthy, do-undo).


 Re- (new-renew)
 Pre- (view-preview)
 Mis- (behave-misbehave).
 Sub- (way-subway)

A produtividade, ou a capacidade de formar novas palavras, dos morfemas


derivacionais pode ser desde muito limitada até bastante extensa, a depender de
serem preservados em poucas palavras e não usados para formar novas palavras, ou
se são encontrados em muitas palavras e, ainda, usados para criar novas palavras
(ABRANTES, 2020).
Um exemplo de sufixo improdutivo é o -th, como em warmth, width, depth e
wealth, enquanto um exemplo de sufixo produtivo é o -able, em available, unthinkable,
admirable ou honorable. Brinton (2000, p. 86) chama atenção para o fato de que “[...]
afixo se acopla a qual raiz é sempre um processo arbitrário e imprevisível, não é uma
questão de regra, e deve ser estabelecido para cada raiz (como em um dicionário).
Ou seja, a derivação é parte do léxico, não da gramática de uma língua”. Veja a seguir
no Quadro 1 alguns exemplos de palavras formadas por derivação e as mudanças.

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Os sufixos derivacionais alteram a classe das palavras, além do seu significado.
Já os prefixos derivacionais alteram apenas o significado, sem alterar a classe
gramatical. Chamamos de verbalização (tornar verbo), substantivação (tornar
substantivo), adverbialização (tornar advérbio) e adjetivação (tornar adjetivo) os
processos de transformação de categorias gramaticais para outras.

18 MORFEMAS FLEXIONAIS DA LÍNGUA INGLESA

Os morfemas flexionais não criam novas palavras, mas são aqueles que
indicam relações gramaticais, como a indicação de número, gênero, pessoa, tempo
verbal, aspecto, comparativos, possessivos e superlativos. Aplicam-se a todas as
palavras de uma determinada classe. Por exemplo: os substantivos são marcados
quanto ao número e os verbos são marcados quanto à pessoa, ao tempo e ao modo.
Esses morfemas são limitados no sistema linguístico da língua inglesa, admitindo
apenas oito possibilidades: plural e indicação de posse para substantivos,
comparativos e superlativos para adjetivos, e para verbos temos as marcas de terceira
pessoa do singular, passado particípio e aspecto progressivo (ABRANTES, 2020).
Os morfemas flexionais só admitem sufixos, apenas um por palavra, e quando
adicionados não modificam o significado das palavras ou a sua classe gramatical.
Como sua função é estabelecer significado gramatical, esses sufixos se posicionam
sempre ao final da palavra, após a raiz e os sufixos derivacionais. Veja no Quadro 2
a seguir exemplos de substantivos, adjetivos e verbos.

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Quando falamos She has got two guitars, no primeiro exemplo, não
modificamos o significado da palavra guitar (violão) ou a sua classe gramatical
(substantivo), apenas o número é afetado (ABRANTES, 2020).
Quando a forma flexionada de uma palavra e a própria palavra não são
cognatas, há uma irregularidade no paradigma (lista de formas flexionadas de uma
raiz) e temos o processo linguístico chamado supletismo. Como exemplo, vejamos o
adjetivo tall. O paradigma desse adjetivo é o comparativo taller e o superlativo tallest.
Já o adjetivo good é irregular, pois o comparativo é better e o superlativo best. A raiz
da palavra varia de good para o morfema preso bet. O mesmo ocorre com o verbo go,
por exemplo, cujo passado é went, particípio gone.

56
19 MORFEMAS LIVRES E PRESOS NO INGLÊS

Os morfemas livres, ou independentes são aqueles que carregam o significado


de maneira autônoma, são sempre a raiz das palavras, como boy, food, in e on. Esses
morfemas ocupam uma posição de grande potencial para a substituição. Podem se
ligar a outros morfemas, livres ou presos. Os morfemas que só ocorrem em
combinação com outros são chamados presos, como -ed, -s, -ing, -ful, im- e dis-. São
afixos, ou seja, prefixos e sufixos, que se juntam aos morfemas livres para formar
novas palavras (morfemas derivacionais) ou obedecer a uma relação gramatical
(morfemas flexionais).
O morfema é uma abstração e a sua realização concreta é o morfe, segmento
real dentro de uma palavra, representado foneticamente. E por que essa diferença?
Porque algumas vezes o morfema não tem uma realização concreta, embora
saibamos que ele existe. Nesse caso chamamos morfema zero, pois não apresenta
uma realização fonética ou explícita; não há equivalente no nível do fonema. Por
exemplo, como Brinton (2000, p. 76) nos esclarece: “[...] o passado do verbo let
consiste no morfema let com a adição do morfema que marca o passado. Este não
tem expressão concreta. Ou o plural de fish, que seria {fish}+ {pl} e o plural não tenha
realização concreta” (ABRANTES, 2020).
A importância, portanto, de se distinguir morfema e morfe é que nem sempre
há uma correspondência exata entre um e outro, como no caso do morfema zero, e
os morfemas podem se combinar e serem realizados concretamente de diversas
maneiras.
A partir da distinção entre morfema e morfe pode se analisar uma palavra de
duas formas: “morfologicamente, em morfes, e morfemicamente, em morfemas,
reconhecendo as unidades abstratas com sentido presente” (BRINTON, 2000, p. 79).
Examine os exemplos no Quadro 3.

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Outra característica dos morfemas na língua inglesa é que são pronunciados
de forma diferente em diferentes contextos. Por exemplo, o tempo verbal passado é
concretizado de três maneiras: [t] em verbos que terminam em consoantes mudas
(exemplo, jump), [d] em consoantes sonoras, vogais ou ditongos (exemplo, play) e [id]
em palavras terminadas em t ou d (exemplo, root e wed). Ou seja, há diferença no
som do morfema flexional [ed], mas não no significado (passado simples); o mesmo
acontece com o plural, que pode ser realizado com som de [z] em palavras como
twigs, [s] como em cats ou [schwa z] como em busses. Essas realizações fonológicas
de um morfema são chamadas alomorfos, ou seja, variações de som de um mesmo
morfema (ABRANTES, 2020).
A alomorfia não se restringe à pronúncia, trata-se, muitas vezes, de uma
variação também na forma de um morfema.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA

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