EXERCICIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Professora Martha
Questão 01 – (Barro Branco)
Texto I
O Juiz Valério alegrava-se com a aproximação da comissão. Acreditava em justiça, em lei,
achava que o governo fosse dotado de uma clarividência que o comum dos homens não
possuía, de uma reta intenção de punir o mal e premiar o bem. Daquele recanto tão afastado,
Governo era assim algo de sobre-humano e inatacável. Antes porém que a Comissão chegasse
ao [Vila do] Duro, aportaram ali notícias do que era ela. Era como o vento que precede a chuva
braba. Quem vinha chefiando a comissão era um juiz togado, com assento em Porto Nacional,
formado pela Faculdade do Recife, com militança no Foro de Salvador e Belém do Pará,
homem de estudo, homem de preparo, homem sabido e corrido.
Fonte: ÉLIS, Bernardo. O tronco.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p.15. (fragmento). (adaptado).
Texto II
Sucedeu então vir o grande sujeito entrando no lugar, capiau de muito longínquo: tirado à
arreata o cavalo raposo, que mancara, apontava de noroeste, pisando o arenoso. Seus bigodes
ou a rustiquez – roupa parda, botinões de couro de anta, chapéu toda a aba – causavam riso e
susto. Tomou fôlego, feito burro entesa orelhas, no avistar um fiapo de povo mas a rua,
imponente invenção humana. Tinha vergonha de frente e de perfil, todo o mundo viu, devia
também de alentar internas desordens no espírito.
Fonte: ROSA, João Guimarães. Tutaméia (Terceiras estórias).
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 58. (fragmento).
Os fragmentos das obras de Bernardo Élis e de João Guimarães Rosa narram, respectivamente,
a notícia da chegada de um viajante e a chegada de outro viajante. É CORRETO afirmar que os
narradores:
a) descrevem a valentia desses viajantes.
b) constroem imaginários desses viajantes.
c) delineiam as características físicas desses viajantes.
d) explicam as relações entre esses viajantes e o governo.
Questão 02 – (FUVEST)
Amora
A palavra amora
Seria talvez menos doce
E um pouco menos vermelha
Se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
A memória da palavra amor
A palavra amargo
Seria talvez mais doce
E um pouco menos acerba
Se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
A memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
É CORRETO afirmar que o poema:
a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos
amargo e sombrio.
b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da
palavra “talvez”.
c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do
sentimento amoroso.
d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e
“amar”.
e) ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente.
Questão 04 – (AFA)
É necessário que a mulher se coloque em um espaço mínimo de resistência, denunciando
ameaças – quando há tempo para isso –, mas, ainda que ela denuncie, não evitará o crime se o
Estado não se mobilizar para protegê-la. O que evita o feminicídio é a resposta estatal à
violência.
COSTA, Waleska. No aniversário da Lei
Maria da Penha, 5 feminicídios nas últi-
Mas 48h. Disponível em:. Acesso em 07 de agosto de 2018.
O apelo central da fala da Waleska Costa é:
a) A falta de tempo para as mulheres vitimadas denunciarem.
b) O Estado não protege as mulheres.
c) Alertar o Estado para a busca de ações com celeridade para proteção de mulheres vítimas
de violência.
d) As mulheres não denunciam a violência doméstica.
e) Os motivos que levam as mulheres vitimadas a não denunciarem.
Questão 07 – (BACEN)
Texto I
Peixinho sem água, floresta sem mata
É o planeta assim sem você
Rios poluídos, indústria do inimigo
É o planeta assim sem você
http://mataatlantica-pangea.blogspot.com. Br/2009/10/parodia-meio-ambiente_02.html
Texto II
Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim, sem você
(Claudinho e Buchecha)
Os textos I e II apresentam intertextualidade, que, para Julia Kristeva, é um conjunto de
enunciados, tomados de outros textos, que se cruzam e se relacionam. Dessa forma, pode-se
dizer que o tipo de intertextualidade do texto I em relação ao texto II é:
a) epígrafe, pois o texto I recorre a trecho do texto II para introduzir o seu texto.
b) citação, porque há transcrição de um trecho do texto II ao longo do texto I.
c) paródia, pois a voz do texto II é retomada no texto I para transformar seu sentido, levando a
uma reflexão crítica.
d) paráfrase, porque apesar das mudanças das palavras no texto I, a ideia do texto II é
confirmada pelo novo texto.
e) alusão, porque faz referência, de modo implícito, ao texto II para servir de termo de
comparação.
Questão 09 – (UNIRIO RJ)
LUZ DO SOL
Luz do sol,
Que a folha traga e traduz
Em verde novo, em folha, em graça,
Em vida, em força e em luz
Céu azul,
Que vem até aonde os pés tocam a terra
E a terra expira e exala seus azuis.
Reza, reza o rio,
Córrego pro rio,
O rio pro mar.
Reza a correnteza,
Roça a beira,
Doura a areia.
Marcha o homem sobre o chão,
Leva no coração uma ferida acesa.
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza,
A coisa mais querida:
A glória da vida.
(Caetano Veloso)
No verso “Que a folha traga e traduz”, os vocábulos sublinhados correspondem,
semanticamente, a:
a) absorve e transforma
b) interage e insere
c) engloba e exala
d) dissipa e reflete
e) dizima e capta