Universidade Federal da Integração Latino-Americana
Instituto Latino-Americano de Ciências da
Vida e da Natureza
Centro Interdisciplinar de Ciências da Natureza
Cap 4 - Potencial
químico
Sistema de Composição Variável
A Equação Fundamental
Objetivo: Estudar um processo de misturas levando em conta
as mudanças da composição do sistema, assim como, as
mudanças nas suas propriedades termodinâmicas.
Aplicação principal: Estudo termodinâmico das reações químicas.
ATÉ AGORA
Misturas Não Reativas
Consideramos G = energia livre de Gibbs, pois é de uso mais
imediato, visto que já conhecemos algumas equações.
Lembremos que:
G = G (T , p ) dG = −SdT + VdP
Ela expressa a variação da energia livre de Gibbs em função da variação
da temperatura T e da pressão (sistema de composição química fixa)
G G
dG = dT + dp
T p p T
G G
= −S = V
T p p T
Vamos estender a equação anterior de forma a considerarmos possíveis
mudanças de composição química no sistema.
Se G = G (T, p, n1, n2, ..., ni), onde n1, n2, ..., ni são os números de moles
das substâncias que constituem a mistura.
Então:
G G G G G
dG = dT + dp + dn1 + dn2 + ... + dni
T p ,ni p T ,ni n1 T , p ,n j n2 T , p ,n j ni T , p ,n j
ni = todos os números de moles que são constantes na
derivação.
nj = todos os números de moles, exceto aquele em relação ao
qual se fez a derivada, são constantes.
Se dn1 = 0, dn2 =0, ..., dni = 0, temos:
G G
dG = dT + dp
T p ,ni p T ,ni
Como já vimos: G G
= −S e = V
T p ,ni p T ,ni
G
Se definirmos: i =
energia livre molar ni T , p ,nj
torna-se:
dG = - SdT + Vdp + 1 dn1 + 2 dn2 +...+ i dni
dG = −SdT + Vdp + i dni
i
Potencial Químico (μ)
Substância pura
O Potencial químico mostra como a energia de Gibbs de
um sistema se modifica quando se junta a ele uma
amostra de substância.
𝜕𝐺
𝜇=
𝜕𝑛 𝑇,𝑝
energia livre molar
Potencial químico
G
dG = −SdT + VdP + dn i
i =1 n i T , P , n n
j i
De forma completamente similar podemos obter:
E
dE = TdS − PdV + dni
i =1 ni S ,V , n n
j i
H
dH = TdS + VdP + dni
i =1 ni S , P , n n
j i
A
dA = −SdT − PdV + dni
i =1 n i T , V , n n
j i
Podemos mostrar que:
E H A G
= = = = i
ni S ,V ,n j ni ni S , P ,n j ni ni T ,V ,n j ni ni T , P ,n j ni
Relação fundamental
Desta forma, temos o conjunto de equações:
dE = TdS − PdV + i dni
i
dH = TdS + VdP + i dn i
i
dA = −SdT − PdV + i dn i
i
dG = −SdT + VdP + i dn i
i
A última equação será chamada de relação fundamental
As Propriedades de i
Se uma pequena quantidade de substância i, dni moles for
adicionada a um sistema mantendo T, p e todos os outros n
números de moles constantes:
Da equação:
dG = -SdT + Vdp + S i dni
dG = i dni
Então: G
i =
ni T , p ,nj
é o aumento de energia livre por mol da substância
adicionada, ou seja: i é uma propriedade intensiva do
sistema e tem o mesmo valor em todos os pontos de um
sistema que esteja em equilíbrio.
PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS INTENSIVAS
São independentes da quantidade de substância que
constitui o corpo. Ex.: temperatura, densidade relativa,
… EXTENSIVAS São dependentes da quantidade de
substância que constitui o corpo. Ex.: massa, volume,
…
Demonstração:
Mantendo T, p, n1, n2, ..., ni constantes, consideramos a
transferência de dni moles da substância e da região A para
região B
Lembrando que dG = i dni
dGA = iA (−dni) e dGB = iB (dni)
pois a região A está transferindo matéria para a região B.
dG = dGA + dGB
dG = (iB - iA)dni
Se iB < iA → dG < 0
→ Essa transferência de matéria diminui a energia livre
do sistema e ocorre de forma espontânea.
Portanto, a substância i escoa espontaneamente da região
i mais alta para a região i mais baixa.
Esse escoamento continua até que o valor de i seja
uniforme, através do sistema, isto é, até que o sistema
esteja em equilíbrio.
Quando iB - iA = 0
→ dG = 0
Equilíbrio químico
iB = iA
Potencial químico de um gás ideal puro
Da 4a equação fundamental da termodinâmica:
dG = - SdT + Vdp
À temperatura constante dG = Vdp, e integrando desde a
pressão padrão, p = 1 atm, a outra pressão p qualquer:
G ( p, = p ) p p p p
= → (T ) = Vdp G = G 0 (T ) + Vdp
0
dG Vdp G - G
1
G o ( p =1) 1 1 1
G = nRT ln pf / pi
Para líquidos e sólidos, o volume independe da pressão:
G (T , P) = G 0 (T ) + V ( P − 1)
G0 (T) = energia livre da substância sob pressão de 1 atm e é
uma função da temperatura.
Para um gás ideal: PV = nRT
p
nRT p(atm)
G = G (T ) +
0
dp =G (T ) + nRT ln
0
1
p 1atm
G = G (T ) + nRT ln p
0
Se dividirmos por (n)
e, como = G/n energia livre molar
= + RT ln p
0
p/ um gás ideal
= + RT ln f
0
p/ um gás real
Exemplo: A energia livre molar padrão do amoníaco (NH3) a
25 oC é -3976 cal mol-1. Dados: R = 1,987 cal mol K-1.
a) Calcular o valor da energia livre molar a ½, 1, 2, 10, 25,
50 e 100 atm.
b) Verificar o valor da energia em Joules.
c) Representar graficamente o valor de – o/ RT = ln P
Fórmula: amônia, NH3
Massa molar: 17,031 g/mol = + RT ln p
0
IUPAC: Azane
Ponto de ebulição: -33,34 °C
Densidade: 0,73 kg/m³
Ponto de fusão: -77,73 °C
• Quanto maior a pressão parcial de um gás maior
será seu potencial químico.
• P significa que mais quimicamente ativa será a
substância.
Potencial Químico de um Gás Ideal em Uma
mistura de Gases Ideais
Membrana de paládio
H2 puro N2 + H2
PH2 P = PN2 + PH2
No equilíbrio:
PH2 (puro) = PH2 (mistura)
Condição de equilíbrio:
H (puro) = H (mistura)
2 2
Sabemos que:
H ( puro) = 0 H (T ) + RT ln PH
2 2 2
e, na mistura, visto a igualdade dos potenciais químicos:
H ( puro) = H (mistura)
2 2
H (mistura) = 0 H (T ) + RT ln PH
2 2 2
generalizando:
i = i (T ) + RT ln Pi
0
Onde:
Pi é a pressão parcial do gás na mistura;
i0(T) é o potencial químico do gás puro sob 1 atm e T.
Se usarmos o fato que: Pi = xi P
onde:
xi → fração molar do gás
P → pressão total sobre a mistura
i = 0 i (T ) + RT ln P + RT ln xi
−i
i para o componente puro sob pressão total P.
i = i (T , P) + RT ln xi
0
−
como xi (0,1) ln xi < 0 i gás (mistura) i gás ( puro)
Como dG = i(mist.) dni - i(puro) dni → dG < 0, ou seja, teremos um
escoamento espontâneo da região de i mais baixo. Então, se um gás
puro sob pressão P for colocado em contato com uma mistura sob a
mesma pressão total, o gás puro escoará espontaneamente para a
mistura.
Energia Livre de uma Mistura
Consideremos a seguinte transferência:
Energia Inicial T, p
Substância 1 2 3
no de moles 0 0 0
energia livre G = 0
Energia Final T, p
Substância 1 2 3
no de moles 0 0 0
energia livre G 0
Energia Livre de uma Mistura
Para as substâncias puras, as energias livres são: G1 = n 1 1
0
G2 = n220
G3 = n330
Ginicial = G1 + G2 + G3
= n1 1 + n2 2 + n3 3
0 0 0
Gmist. = G final − Ginicial
3
= ni i
0
i =1
Gmist. = n1 ( 1 − 1 ) + n2 ( 2 − 2 ) + n3 ( 3 − 3 )
0 0 0
G final = G1 + G2 + G3 Gmist. = ni ( i − i )
0
= n1 1 + n2 2 + n3 3 i
3
= ni i
i =1
Sabemos que: i = 0 i (T , P) + RT ln xi
−
Gmist. = RT (n1 ln x1 + n2 ln x2 + n3 ln x3 )
Energia Livre de uma Mistura
Gmist. = RT (n1 ln x1 + n2 ln x2 + n3 ln x3 )
Como, ni = xiN
N = número total de moléculas
xi = fração molar de i
G( mist ) = NRT ( x1 ln x1 + x2 ln x2 + x3 ln x3 )
G( mist ) = NRT xi ln xi
i
G( mist ) 0
Se tivermos somente duas substâncias:
x1=x, e, como: x1+x2= 1 → x2 = 1- x1
G( mist ) = NRT x ln x + (1 − x) ln(1 − x)
e, visto que para este caso:
(Gmist ) 1
=0→x=
x 2
gmist
NRT A curva é simétrica em torno de
x=1/2. A maior diminuição de
energia livre no processo de
mistura está associada com a
formação de uma mistura tendo
igual número de moles.
x
Entropia de uma Mistura
Gmistura = Gfinal - Ginicial
derivando em relação à T:
(Gmist ) G final Ginicial
= −
T p ,ni T p ,ni T p ,ni
(Gmist )
= −( S final − Sinicial ) = −S mistura
T p ,ni
vimos que para uma mistura de gases ideais:
G( mist ) = NRT xi ln xi
i
Derivando em relação à T, lembrando que, se y = ax, onde a = cte:
y = a
x
Gmist S mist = − NR xi ln xi
= NRT xi ln xi
T p ,ni i i
Smist > 0, indicando que há um aumento de desordem quando se
misturam substâncias de vários tipos.
* Para uma mistura binária:
x1=x, e, como: x1+x2 = 1→ x2= 1- x1
G( mist ) = NRx ln x + (1 − x) ln(1 − x)
que tem como máximo, x = 1/2.
smist
NRT S 1 1 1 1
= −1,987 ln + ln
N 2 2 2 2
= + 1,38 e/mol
x
para uma mistura binária qualquer de gases ideais.
Para duas substâncias quaisquer não ideais:
0 < S/N < 1,38 e/mol
Cálculo do Hmistura, a grandeza que está associada ao calor
do processo de mistura de gases ideais.
G = H - TS
Gmist = Hmist - TSmist
NRTS xilnxi = Hmist + NRS xilnxi
Hmist = 0
Não há efeito de calor
associado ao processo de
mistura de gases ideais.
Gmist = - TSmist
o que indica força responsável pela produção da
mistura Gmist é efeito puramente entrópico.
Variação do Volume do Processo de Mistura
G
Sabemos que: V=
p T,ni
Gmist
V = =0
p
Pois:
G mist = NRT xi ln xi
i
é independente da pressão.
Fugacidade
Potenciais químicos dos gases ideais
= 0 (T) + RT ln p
Para gases reais:
= 0 + RT ln f
f = fugacidade do gás
f = função “inventada”
fugacidade, G. N. Lewis, 1901, para corrigir o comportamento dos gases
Como relacionar f com as propriedades mensuráveis
de um gás?
Considere um gás qualquer, onde sabemos que:
dG = - SdT + Vdp
Para T = cte, e, divididndo a equação por n (número de moles)
d = V dp Real
did = V id dp Ideal
Subtraindo uma equação da outra :
(
d ( − id ) = V − V id dp )
E, integrando entre os limites p* e p:
p
( − id ) − ( * − *id ) = (V − V id )dp
p*
Se p* → 0, as propriedades de um gás real aproximam-se de
um gás ideal.
* → *id *- *id → 0
p
( − id ) = (V − V
p *→0
id )dp
onde :
id = 0 (T ) + RT ln p (ideal)
= 0 (T ) + RT ln f (real)
p
RT (ln f − ln p) = (V − V id )dp
0
p
1
ln f = ln p +
RT 0
(V − V id )dp
Se usarmos o fator de comprenssibilidade Z, onde, Z = f (p, T)
RT
V = Z V id e, que : V id =
p
p
1
RT 0
ln f = ln p + (V − V id )dp
1 ZRT RT
p
→ ln f = ln p +
RT 0 p
− dp
p
Z −1
p
→ ln f = ln p + dp
0
p
Neste caso, o potencial químico , para um gás real:
Z − 1
p
= o + RT ln f = (T ) + RT ln p + RT
0
dp
0
p