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MAPA EM 2 Ano Sociologia

(1) O documento discute as mudanças nas relações de trabalho ao longo do tempo, desde a Antiguidade até os modelos atuais como o toyotismo. (2) Aborda as perspectivas sociológicas clássicas de Marx, Weber e Durkheim sobre o trabalho e como ele é conceituado. (3) Destaca os desafios atuais como o crescimento do trabalho informal e as novas formas de contratação por aplicativos.

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Roberta Alkimim
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MAPA EM 2 Ano Sociologia

(1) O documento discute as mudanças nas relações de trabalho ao longo do tempo, desde a Antiguidade até os modelos atuais como o toyotismo. (2) Aborda as perspectivas sociológicas clássicas de Marx, Weber e Durkheim sobre o trabalho e como ele é conceituado. (3) Destaca os desafios atuais como o crescimento do trabalho informal e as novas formas de contratação por aplicativos.

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1

MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA


REFERÊNCIA
2023

Sociologia Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 4: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios,
contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das
sociedades.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os processos de modernização e (EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos


transformação das relações de e classes sociais diante das transformações técnicas, tecnológicas e
trabalho. informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
diferentes espaços e contextos.
A relação entre desigualdade
social e mundo do trabalho. (EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho
e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a
Acesso à educação e a inserção processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
no mundo do trabalho.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho
em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e
seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens e as gerações
futuras, levando em consideração, na atualidade, as transformações
técnicas, tecnológicas e informacionais.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Mudanças no trabalho.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
AULA 1
A sugestão para esta aula é proporcionar aos estudantes um momento de troca de saberes acerca do
trabalho: os processos históricos e sociais ocorridos no âmbito do trabalho, o processo de conceituação do
trabalho a partir de sua relação com a configuração social, a apreensão do trabalho como ferramenta
transformadora da sociedade. Enfim, há distintas formas de organização do trabalho, diversas
possibilidades de vinculá-lo a outros âmbitos da vida humana - em última instância, trabalho é produção,
criação, profissão e um traço distintivo da identidade humana.
Para desenvolver as habilidades propostas para essa aula, sugerimos que você conduza as relações de
ensino e aprendizagem em sala de aula promovendo junto aos estudantes momentos significativos de
leituras, reflexões e problematizações coletivas sobre o trabalho e suas características elementares,
levando em consideração o desenvolvimento histórico, social e econômico da nossa sociedade, assim como
as experiências prévias dos estudantes relacionadas ao tema da aula.

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B) DESENVOLVIMENTO:
Inicialmente, apresente a questão do trabalho aos estudantes de modo contextualizado,
explicitando as conexões entre o tema da aula e as habilidades propostas para serem
desenvolvidas ao longo deste planejamento. Na sequência, organize a turma em grupos
compostos por quatro estudantes para, em seguida, distribuir o texto disponibilizado abaixo para
os grupos. Oriente os estudantes a realizarem uma leitura atenta do texto e a problematizarem de
modo colaborativo as informações ali apresentadas. Para este momento, é importante que os
estudantes registrem em seus cadernos os questionamentos fundamentais que surgirem a partir
da reflexão e do debate sobre as muitas dimensões do trabalho.

TEXTO

“O que é o trabalho para a sociologia?


Na Antiguidade e na Idade Média, o trabalho manual (ou braçal) era visto como inferior e
degradante em relação ao trabalho contemplativo (ou intelectual), que envolvia a filosofia,
a arte e a política. A inferioridade do trabalho manual condizia com a estrutura da
sociedade estamental, composta pelo 1º estado (clero, cuja função é rezar), pelo 2º estado
(nobreza guerreira) e pelo 3º estado (burguesia/camponeses/trabalhadores manuais,
responsáveis pela produção). Já na idade moderna o trabalho manual ganha maior
destaque na organização social. O produto do trabalho passa a ser visto com a prova de
que o homem é capaz de dominar a natureza e ganha aspecto edificante. Somado a isso, o
protestantismo faz uma releitura do trabalho (WEBER, 2005), sendo apontado como
dignificante do homem, semelhante de Deus que trabalhou e descansou no sétimo dia.
Uma sociedade se organiza de acordo com a maneira como o trabalho é dividido. O
mercado de trabalho é o conjunto dos modos sociais por meio dos quais o trabalho é
comprado e vendido. Com a ascensão da indústria nos séculos XVIII e XIX o trabalho deixa
de ser um meio através do qual as pessoas trocam produtos e se torna, ele mesmo, uma
mercadoria a ser vendida em troca de um salário.
Após a Revolução Industrial as formas de organizar a produção se modificaram, havendo
pelo menos três modelos que se destacam: Taylorismo (1911), Fordismo (1913)
e Toyotismo (1970). O Taylorismo trouxe a racionalização da atividade produtiva em nome
da produtividade e do lucro e monitoração do trabalho segundo o tempo estipulado para a
produção. O fordismo intensificou essa lógica implementando a linha de montagem
automatizada com esteira rolante. Já o Toyotismo implementou a fabricação sob demanda.
As formas de conhecimento refletem as preocupações e necessidades dos homens de seu
tempo. Os três autores clássicos da sociologia, Karl Marx (1818-1883), Max Weber (1864-
1920) e Émile Durkheim (1858-1917), escreveram suas teorias pouco depois da Revolução
Industrial que produziu mudanças profundas na sociedade europeia, em especial no
trabalho e suas relações. Em consequência disso, o trabalho está muito presente em suas
teorias, levantando perguntas como: o que é o trabalho na sociedade capitalista? Como ele
interfere nas relações sociais?

Conceituando o trabalho
Para Durkheim (1977), o trabalho é um fato social presente em todas as sociedades e a
divisão social que ele gera é o que possibilita a coesão social, ou seja, ele é responsável
pelos indivíduos viverem em sociedade após a ascensão do sistema capitalista. Assim, o
trabalho possui significados diferentes nas sociedades pré-capitalistas e pós capitalistas. Na
última, o trabalho é especializado, criando uma interdependência entre os indivíduos que
precisam das funções desempenhadas uns pelos outros. Essa união devido a divisão social
88
do trabalho nas sociedades capitalistas é nomeada por ele de solidariedade orgânica.

Já Weber (2004) analisa o conceito de trabalho pela perspectiva religiosa, apontando que
ele tem significados diferentes para católicos e protestantes. Antes da reforma protestante
na Inglaterra, o trabalho era visto como uma penitência para aqueles que não eram
escolhidos por Deus e o lucro era condenado. Depois o trabalho se torna uma vocação
divina, como uma forma de glorificação de Deus e por isso essencial. A lógica do trabalho
orientava o comportamento das pessoas, que deveria ser pragmático, metódico e racional.
Por fim, para Marx (1998) o trabalho é a atividade em que o ser humano emprega sua
força para produzir os meios para seu sustento. Essa capacidade de criar ferramentas e
técnicas para modificar a natureza é justamente o que distingue o ser humano do resto dos
animais. Assim, ao trabalhar o homem altera a natureza e a si mesmo. Porém, diferente de
Durkheim, Marx acreditava que a forma de organização do trabalho no capitalismo é
justamente o que gera os conflitos, manifestando-se na luta de classes. Nesse contexto, o
trabalhador se aliena, participando apenas de parte do processo de trabalho, ficando alheio
ao resultado final. Se o trabalho que torna a pessoa em ser humano, quando afastado do
produto deste, é desumanizado.

O conceito de trabalho na atualidade cotidiana


O que se entende por trabalho tem se modificado ao longo do tempo e tem significados
diferentes dependendo do lugar. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criada em
1943 no governo Vargas, representou um grande avanço para os direitos dos trabalhadores
no Brasil. Porém, atualmente cresce a quantidade de contratos que não são CLT,
precarizando as relações trabalhistas. Com a pandemia, este processo se intensificou e
agora os trabalhadores informais representam 40% (IBGE, 2021) da população ocupada. A
chegada de empresas com o Ifood, Uber e Amazon também colaboraram com este
processo.
Muitos trabalhadores destas empresas reclamam das más condições de trabalho e da falta
de garantias e direitos. Assim, se cria uma nova classe de proletariados que vende sua
força de trabalho e tem seu trabalho alienado. Este modelo de contrato é muito recente e
polêmico, havendo greves dos trabalhadores desses aplicativos constantemente e dia
primeiro de abril de 2022 os trabalhadores da Amazon comemoraram a criação de seu
primeiro sindicato. Dessa forma, as relações de trabalho e os direitos dos trabalhadores
estão em disputa e têm levantado debates e manifestações, por isso, é importante utilizar a
imaginação sociológica para analisar este contexto de mudanças atuais.” (ABREU, 2022).

RECURSOS:
Sala de aula; quadro; fotocópias do texto; folhas de papel; carteiras; cadeiras.
Complementos para enriquecer a aula:
Dicas de filmes para aprofundar a reflexão sobre o mundo do trabalho:
→ Filme: Tempos modernos (1936).
→ Documentário: Vidas Entregues (2019).

Dicas de músicas que possibilitam uma reflexão sociológica sobre o trabalho:


→ Construção, de Chico Buarque (Disponível em: https://youtu.be/wBfVsucRe1w).
→ Comportamento Geral, de Gonzaguinha (Disponível em: https://youtu.be/NfsjNdzhazc).

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Tanto as produções audiovisuais quanto as músicas indicadas logo acima podem ser exploradas ao
longo deste planejamento, caso você julgue pertinente, de modo a complementar as propostas
pedagógicas que constituem a presente sequência didática. Outra alternativa é orientar os estudantes
para que explorem os conteúdos desses materiais em casa, com vistas a subsidiar ideias que
contribuam para a realização da pesquisa que deverá ser feita em casa e que servirá de base para a
elaboração do trabalho a ser apresentado na próxima aula para os colegas de turma. Nesse sentido, é
possível lançar mão de métodos ativos de aprendizagem, como a sala de aula invertida, a partir das
sugestões apresentadas acima, possibilitando o desenvolvimento das habilidades selecionadas para
serem tratadas neste planejamento de modo ainda mais significativo. Uma breve explanação acerca do
método ativo de aprendizagem sala de aula invertida pode ser conferido no vídeo “Sala de aula
invertida” (Disponível em: https://youtu.be/1XTxK2LeZz0).

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Sugerimos que você avalie a consolidação das habilidades propostas para essa aula a partir da
atividade sugerida logo abaixo.

AULA 2
Para esta aula busque proporcionar o protagonismo, a participação e a colaboração entre os
estudantes, uma vez que esta aula será toda dedicada à apresentação da encenação, da paródia, ou
de ambos, produzidos, organizados e criados por eles. Para promover a apresentação, tente encontrar
um espaço na escola que possibilite e ofereça um ambiente adequado para a execução do trabalho dos
grupos - como o auditório, a quadra ou um local amplo onde possa se ter um palco. Caso julgar
oportuno - e os grupos de estudantes concordarem com a proposta - você poderá convidar outras
turmas para assistirem e acompanharem as apresentações.

ATIVIDADE:
No que se refere a esta segunda aula, considere enquanto atividade a apresentação da encenação, da
paródia ou de ambos, elaborada pelos estudantes. Analise a apresentação, a atuação e participação
dos estudantes e do grupo como um todo, avaliando o alinhamento do trabalho elaborado pelos
estudantes com os conceitos e as informações sobre a questão do trabalho abordados em sala de aula.
Sugerimos também que você, após a finalização das apresentações realizadas pelos estudantes, dê um
feedback aos grupos explicitando o modo como as contextualizações e reflexões sobre o tema trabalho
foram executadas por meio das encenações.

RECURSOS:
Espaço para apresentação (auditório, quadra, pátio); caixa de som; microfones; camarim (local para os
estudantes se maquiarem, trocarem de roupas); cadeiras; palco.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie a atuação do grupo na pesquisa, na produção e no desenvolvimento do trabalho com a música.
Considere também a apresentação da encenação, da paródia, valorizando sempre a participação dos
estudantes em todo o processo que envolveu o desenvolvimento do trabalho.

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ATIVIDADES
1 − Leia, compartilhe informações em grupo e faça anotações em seu caderno sobre as principais
ideias e conceitos essenciais abordados no texto analisado em sala de aula, produzindo um pequeno
resumo do conteúdo estudado.

2 − Dando continuidade à atividade acima, pesquise em grupo uma música que se relacione ou suscite
uma reflexão sobre a questão do trabalho (a partir das perspectivas sociológicas exploradas em sala de
aula). Após a escolha da música, o seu grupo deverá preparar uma encenação sobre a questão do
trabalho contida na música ou produzir uma paródia da música - ou ambos. Na próxima aula cada
grupo deverá apresentar a encenação, a paródia, ou ambas para a turma, contextualizando e
promovendo uma reflexão sobre o mundo do trabalho.

91
REFERÊNCIAS
ABDALA, Vitor. Taxa de informalidade no mercado de trabalho sobe para 40%, diz IBGE. Agência
Brasil, [s. l.], 30 jul. 2021. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-
07/taxa-de-informalidade-no-mercado-de-trabalho-sobe-para-40-diz-ibge. Acesso em: 30 mar. 2023.
ABREU, Mariana Taranto Reynier. O que é o trabalho para a sociologia? Blog Café com Sociologia,
[s.l.], 31 mai. 2022. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/o-que-e-trabalho/. Acesso em: 27
mar. 2023.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo:
Martins Fontes, 1977.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. Tradução de Álvaro Pina e Ivana Jinkings. São
Paulo: Boitempo Editorial, 1998.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20
do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 05 fev.
2023.
Sala de aula invertida. [s.l.: s.n.], 05 fev. 2015. 1 vídeo (01:52min). Publicado pelo canal ESAMC
Uberlândia. Disponível no link: https://youtu.be/1XTxK2LeZz0. Acesso em: 30 mar. 2023.
SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. São Paulo: Moderna, 2016.
TEMPOS MODERNOS. Direção: Charlie Chaplin. Produção: Charlie Chaplin. Estados Unidos: United
Artists, 1936. 1 DVD. (87 min.).
VIDAS Entregues. [s.l.: s.n.], 19 dez. 2019. 1 vídeo (21:29min). Publicado pelo canal Renato Prata
Biar. Disponível em: https://youtu.be/cT5iAJZ853c. Acesso em: 30 mar. 2023.
WEBER, Max. Ética protestante e o “espírito” do capitalismo. Tradução de José Marcos Mariani
de Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 04: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

A relação entre (EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos e


desigualdade social e classes sociais diante das transformações técnicas, tecnológicas e
mundo do trabalho: informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
acesso à educação e a diferentes espaços e contextos.
inserção no mundo do (EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e
trabalho. renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a
O mundo do trabalho e processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
suas transformações a (EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em
partir de diferentes diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus
marcadores sociais efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens e as gerações futuras,
(Raça, gênero, classe, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas,
geracional). tecnológicas e informacionais.
Políticas públicas que
asseguram a jovens,
mulheres, negros e
demais minorias sociais
acesso igualitário ao
mercado de trabalho.

ATIVIDADES
TEMA DE ESTUDO: Desigualdade no mundo do trabalho.
DURAÇÃO: 02 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
AULA 1
A desigualdade é um dos temas mais recorrentes quando refletimos acerca da nossa conjuntura social
atual. De modo a favorecer o debate sobre essa questão junto aos estudantes, sugerimos que você
estimule-os a pensar de forma crítica sobre as diversas situações e consequências decorrentes da
desigualdade social. Para tanto, uma tarefa importante é evidenciar a sua relação com as muitas
dinâmicas que caracterizam o mundo do trabalho. Isto posto, promova reflexões significativas em sala
de aula e, se possível, organize intervenções interdisciplinares em conjunto com outros(as)
professores(as) da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Uma possibilidade interessante é se
aliar ao(à) educador(a) responsável pelo componente curricular História em sua escola, de modo que
os estudantes tenham a oportunidade de realizar uma análise sócio-histórica enfatizando os
marcadores sociais que estão presentes nas políticas públicas relacionadas ao mundo do trabalho - e
também presente nos estudos acerca das desigualdades sociais.

B) DESENVOLVIMENTO:
Para dar início à aula, explique sobre os diversos tipos de desigualdades existentes na conjuntura
social e, por conseguinte, presentes no mundo do trabalho. Para ilustrar esse fenômeno, reproduza
para os estudantes o vídeo “Desigualdade de raça e gênero no mundo do trabalho” (Disponível em:
https://youtu.be/8MinWaUtzgQ). Na sequência, organize a turma em duplas e distribua o texto
“Desigualdades no mundo do trabalho: estruturais, múltiplas e entrecruzadas”, disponível logo abaixo.
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Sinalize para os estudantes a existência de pontos em comum fundamentais no vídeo e no texto, de
modo que eles possam fazer uma leitura orientada que subsidie a realização das atividades que serão
propostas na mais adiante.

TEXTO
“Desigualdades no mundo do trabalho: estruturais, múltiplas e entrecruzadas
As desigualdades no mundo do trabalho estão assentadas também em uma cultura do
privilégio, uma herança do passado colonial e escravista, que se reproduz até hoje.
O mundo do trabalho no Brasil está marcado por profundas desigualdades estruturais, que
têm persistido inclusive em situações de acentuado crescimento econômico, como no período
do chamado Milagre Econômico (1969-1974), durante a ditadura militar instaurada no país em
1964. Historicamente, no Brasil e na América Latina, o mundo do trabalho tem sido um eixo
central na produção e reprodução das desigualdades sociais, uma verdadeira ‘fábrica da
desigualdade' (CEPAL, 2014). No entanto, durante os governos Lula e Dilma, teve um papel
fundamental na redução da pobreza e da desigualdade social.
Com efeito, as elevadas taxas de redução da pobreza e de insegurança alimentar e a
significativa diminuição da desigualdade de renda medida pelo índice de Gini, registradas
nesse período, não se explicam apenas pelas taxas de crescimento econômico associadas ao
‘boom das commodities’. Elas estiveram fortemente relacionadas a fatores como o
crescimento do emprego, em especial do emprego formal (entre 2003 e 2014, mais de 20
milhões de empregos formais foram criados e o estoque de empregos formais subiu de 28,7
para 49,6 milhões), e à política de valorização do salário mínimo. O aumento real do salário
mínimo, além de incidir positivamente nos rendimentos dos trabalhadores e trabalhadoras
assalariados mais pobres e vulneráveis, funciona como uma referência também para os
trabalhadores e trabalhadoras por conta própria e para a elevação do piso dos benefícios da
previdência social. Mas também tem um efeito importante na diminuição das desigualdades de
rendimento de gênero, raça-etnia, justamente pelo fato de as mulheres e a população negra
estarem significativamente sobrerrepresentadas na base da pirâmide de rendimentos do
trabalho.
No Brasil, em 2021, 73,5% dos rendimentos dos domicílios provinham do trabalho (IBGE,
2022). Essa proporção variava de 67,0% no Nordeste, região do país que conta com a maior
quantidade de domicílios que recebem o Bolsa Família, a 80,6% no Centro Oeste. A segunda
maior fonte dos rendimentos domiciliares são as aposentadorias e pensões (18,0% em 2021).
Portanto, o que acontece no âmbito do trabalho, ou seja, a maior ou menor possibilidade de
acesso a um trabalho decente, impacta fortemente – positiva ou negativamente – as
condições de vida da imensa maioria da população e a evolução das taxas de pobreza e de
concentração de renda, assim como de diversos outros indicadores da desigualdade
socioeconômica que atinge a população brasileira.
As desigualdades que caracterizam a sociedade e o mundo do trabalho no Brasil são resultado
de um modelo econômico e produtivo altamente concentrador e excludente e de uma matriz
produtiva em que a maior parte do emprego é gerada nos setores de baixa produtividade,
caracterizado por altos graus de precariedade e informalidade. Essa heterogeneidade
estrutural chega até as famílias e as pessoas através do mercado de trabalho, gerando alta
desigualdade de renda e um acesso profundamente desigual ao trabalho decente e à proteção
social (CEPAL, 2014).
As desigualdades de renda são sem dúvida um elemento central da complexa teia de
desigualdades entrecruzadas que caracterizam o mundo do trabalho e a sociedade no Brasil.
Mas as desigualdades a serem identificadas e combatidas não se definem apenas nesse plano.

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Elas conformam uma matriz da desigualdade social, onde as desigualdades de classe e de
nível socioeconômico se entrecruzam com as desigualdades de gênero, étnicas e raciais,
territoriais e por idade, potencializando-se ao longo do ciclo de vida das pessoas (CEPAL,
2016). Por sua vez, a igualdade a que almejamos, e que deve estar no centro de um projeto
de desenvolvimento inclusivo e sustentável, além definir-se como uma igualdade de meios
(renda, propriedade, ativos produtivos e financeiros) é também uma igualdade de
capacidades, de autonomias e reconhecimento recíproco, e, fundamentalmente,
uma igualdade de direitos (Bárcena e Prado, 2016).
As desigualdades no mundo do trabalho estão assentadas também em uma cultura do
privilégio, uma herança do passado colonial e escravista, que continua se reproduzindo até
hoje através de atores, instituições, regras e práticas. Essa cultura está baseada na negação
do outro (os pobres, as mulheres, os negros e negras, os indígenas, a população LGBTQIA+,
os migrantes e refugiados, as pessoas com deficiência) como sujeitos de direito, naturaliza as
desigualdades, a discriminação, as hierarquias sociais e as enormes assimetrias de acesso aos
direitos (incluindo o direito ao trabalho decente), ao poder, aos frutos do desenvolvimento, à
participação política e aos recursos produtivos e financeiros. As hierarquias naturalizadas pela
cultura do privilégio de acordo com critérios de classe, raça, etnia, gênero, ou a uma
combinação de todos esses fatores, contribuem para conferir uma forte inércia ao poder e à
desigualdade. O classismo, o racismo, o sexismo e a discriminação contra a população
LGBTQIA+ são elementos centrais da cultura do privilégio (CEPAL, 2018a; CEPAL, 2018b;
CEPAL-UNFPA, 2020, Prado et alli, 2022).
Utilizamos nesse artigo o conceito de ‘mundo do trabalho’ para enfatizar a ideia de que a
análise sobre as características e a dinâmica das desigualdades no mercado de trabalho, assim
como a reflexão sobre as políticas e estratégias capazes de avançar a sua superação, supõe
considerar também o que ocorre no âmbito do trabalho doméstico e de cuidados não
remunerado, que continua sendo realizado principalmente pelas mulheres, devido à injusta e
desigual divisão sexual do trabalho que persiste e se reproduz na sociedade brasileira. A
grande carga desse tipo de trabalho assumida pelas mulheres dificulta sua inserção no
mercado de trabalho e, portanto, sua autonomia econômica. Ao mesmo tempo, limita a
qualidade dos empregos e ocupações a que as mulheres podem ter acesso e nos quais estão
sobrerrepresentadas, que são vistos como uma projeção no mercado das tradicionais tarefas
de cuidado exercidas no âmbito doméstico e familiar. Isso afeta o avanço de suas trajetórias
profissionais e possibilidades ocupacionais. Além disso, reduz seus rendimentos e perspectivas
de acesso à previdência social, e limita sua participação nas posições de autoridade e mando
nas empresas e instituições e, portanto, na tomada de decisões. Estas desigualdades de
gênero se entrecruzam e se potencializam com as desigualdades e a discriminação de classe,
racial, de idade e territoriais, produzindo estruturas de exclusão que têm grande incidência
nos padrões de inserção das mulheres afrodescendentes, indígenas, jovens, das áreas rurais e
da periferia das grandes cidades no mercado de trabalho.
Em 2019, no Brasil, as mulheres dedicavam em média o dobro do número de horas semanais
ao trabalho doméstico não remunerado (21,4 horas) em comparação com os homens (11,4hs)
(NAPP-Trabalho, 2022). Nesse mesmo ano, 23,4% das mulheres de 15 anos e mais não
tinham rendimentos próprios, enquanto que para os homens essa porcentagem era de 16,2.
A alta carga de trabalho doméstico e de cuidados não remunerado assumida pelas jovens
mulheres é um dos principais motivos pelos quais uma importante porcentagem delas não
está estudando nem ocupada no mercado de trabalho. Essa porcentagem é significativamente
mais elevada entre as jovens mulheres negras: em 2019, quase 40% das jovens mulheres
negras e 23% das jovens mulheres brancas entre 18 a 29 anos estava nessa situação. No
grupo de 25 a 29 anos, entre os jovens que não estavam estudando nem ocupados no
mercado de trabalho, a proporção de mulheres negras triplicava a dos homens brancos,
95
duplicava a dos homens e negros era 1,5 vez superior a das mulheres brancas (NAPP-
Trabalho, 2022). Esses dados evidenciam a inadequação da expressão ‘jovens nem nem’ para
caracterizar essa situação. Por um lado, porque é uma expressão que estigmatiza os jovens.
Por outro, porque invisibiliza o fato de que a grande maioria dessas pessoas são jovens
mulheres que estão nessa situação justamente devido à alta carga de trabalho doméstico e de
cuidados não remunerado que assumem nos seus domicílios na ausência ou debilidade das
políticas e serviços de cuidado. Não por acaso, um dos quatro eixos da Agenda Nacional de
Trabalho Decente para a Juventude aprovada em 2011 é a conciliação entre os estudos, o
trabalho e as responsabilidades familiares (BRASIL, 2011).
A sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados não remunerado sobre as mulheres
aumentou exponencialmente durante a pandemia da Covid-19, devido, por um lado, ao
fechamento das escolas e de outros centros de cuidado de pessoas idosas e com deficiência;
por outro, devido ao aumento da exigência de higienização dos ambientes domésticos como
forma de diminuir os riscos de contágio. Para aquelas que não perderam seus empregos e
puderam realizar teletrabalho, as dificuldades de conciliação entre o trabalho remunerado e o
trabalho doméstico e de cuidados se multiplicaram. De acordo com o resultado de pesquisa
realizada em 2020 (SOF/GN, 2020), 50% das mulheres entrevistadas passaram a se
responsabilizar pelo cuidado de alguém durante a pandemia (principalmente pelos filhos de
até 12 anos, mas também por pessoas idosas, com deficiência, amigos). Essa cifra se elevava
a 62% nas áreas rurais e era maior para as mulheres negras (52%) em comparação com as
brancas (46%). Uma porcentagem ainda mais elevada de mulheres (72%) afirmou que
aumentou a necessidade de monitoramento e companhia em relação a outros membros da
família. Quando perguntadas se a situação da pandemia alterou a distribuição das tarefas
domésticas em seus domicílios, 64% das entrevistadas indicaram que a distribuição
permaneceu a mesma, sendo que 23% avaliam que a participação de outras pessoas no
trabalho doméstico e de cuidado diminuiu, e apenas 13% consideram que essa participação
aumentou. Ou seja, para 87% delas ou a distribuição permaneceu a mesma ou piorou.
Assim, o desenvolvimento de políticas e equipamentos de cuidado a partir do princípio de
corresponsabilidade entre as famílias, as empresas e o Estado é um aspecto central da luta
pela eliminação das desigualdades de gênero no trabalho, assim como a constituição de um
novo ‘pacto de gênero’ no âmbito das relações interpessoais. Pressupõe a superação não
apenas da dicotomia entre o ‘homem provedor’ e a ‘mulher cuidadora’, como também da
noção da mulher como ‘força de trabalho secundária’ (Abramo, 2007), o que significa conferir
uma atenção prioritária às mulheres, em especial as negras, assim como às jovens mulheres
negras, nas políticas e medidas de combate ao desemprego, combate à informalidade e
garantia dos direitos no trabalho. Por outro, depende do reconhecimento do cuidado como um
direito e um bem público.
O enfrentamento das desigualdades seculares e estruturais que caracterizam o mundo do
trabalho no país é um elemento central para a construção de uma sociedade mais justa,
democrática e igualitária. Qualquer estratégia de desenvolvimento que se pretenda
sustentável e inclusiva e, em especial as políticas e instituições no âmbito do trabalho e da
proteção social, deve incorporar de forma prioritária o enfrentamento efetivo dessas
desigualdades, com particular atenção às desigualdades de classe, gênero, raça e etnia, idade
e territórios, assim como os seus entrecruzamentos.” (ABRAMO, 2022).

Sinopse sobre o vídeo: O vídeo tem a duração de 8 minutos e faz uma abordagem crítica e
contextualizada da realidade vivenciada por muitos brasileiros inseridos no mercado de trabalho,
apresentando as inúmeras dificuldades, problemas e situações de desigualdades vivenciadas por
muitos cidadãos e cidadãs brasileiras - desigualdades essas agravadas pelas questões de raça e
gênero, por exemplo.
96
RECURSOS:
Televisão ou projetor multimídia; computador; sala de aula; quadro; pincel; fotocópias do texto; folhas
de papel.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Avalie o engajamento dos estudantes com a atividade proposta para ser realizada pelas duplas em sala
de aula.

AULA 2
Sugerimos que essa aula seja organizada de modo a dar continuidade à tarefa iniciada na aula
anterior, em que as duplas elaboraram várias perguntas e questões (sem respostas) e entregaram
para você. Retome o assunto, fazendo uma breve recapitulação dos conceitos fundamentais
explorados anteriormente e, na sequência, organize a turma formando as mesmas duplas da aula
anterior. Em seguida, distribua para as duplas as folhas com as perguntas e questões elaboradas pelos
estudantes.

RECURSOS:
Sala de aula; fotocópias do texto; folhas de papel com as perguntas e questões elaboradas pelos
estudantes; carteiras; cadeiras; caneta; lápis; borracha.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Recolha as folhas com as perguntas e suas respectivas respostas e devolva-as às duplas que
elaboraram as perguntas, propondo às duplas que realizem a correção e avaliem as duplas que
responderam suas questões.

ATIDADES:
Devolva às duplas responsáveis pela elaboração das perguntas a folha contendo as respostas às suas
questões. Cada dupla deverá verificar as respostas das perguntas, questões de múltipla escolha, V ou
F e a de análise pessoal para, na sequência, devolver a atividade corrigida para a dupla que respondeu
com comentários sobre o desempenho na atividade - chamando a atenção para os pontos de destaque
e os pontos de atenção.

97
ATIVIDADES
Oriente as duplas de estudantes para que, após terem lido o texto sobre a desigualdade presente no
mundo do trabalho, elaborem e registrem em uma folha de papel algumas questões (sem suas
respectivas respostas) relacionadas ao conteúdo abordado no texto. Nesse sentido, cada dupla deve
produzir:
a) 03 perguntas abertas.
b) 02 questões de múltipla escolha (com 4 opções de resposta - a ,b ,c, d).
c) 01 questão de V ou F (com 4 opções de resposta - a, b, c, d).
d) 01 questão para análise pessoal.

Após finalizarem a elaboração das questões indicadas acima, solicite às duplas que entreguem a folha
para você. Avalie a pertinência das questões elaboradas pelas duplas e, na aula subsequente, distribua
as folhas com as questões para as duplas de estudantes responderem - tomando o devido cuidado
para que uma dupla não receba as questões propostas por ela mesma.

98
REFERÊNCIAS
ABRAMO, Lais. Desigualdades no mundo do trabalho: estruturais, múltiplas e entrecruzadas. Teoria e
debate, [s.l.], 22 jun. 2022. Disponível em: https://teoriaedebate.org.br/2022/06/22/desigualdades-
no-mundo-do-trabalho-estruturais-multiplas-e-entrecruzadas/. Acesso em: 30 mar. 2023.
Desigualdade de raça e gênero no mundo do trabalho. [s.l.: s.n.], 13 dez. 2021. 1 vídeo (08:17min).
Publicado pelo canal mptrabalho. Disponível em: https://youtu.be/8MinWaUtzgQ. Acesso em: 03 mar.
2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20
do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de Formação
e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 05 fev.
2023.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:
Competência Específica 04: Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes
territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Competência Específica 06: Participar, pessoal e coletivamente, do debate público de forma
consciente e qualificada, respeitando diferentes posições, com vistas a possibilitar escolhas alinhadas
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Os movimentos sociais (EM13CHS403) Caracterizar e analisar processos próprios da


baseados em classes contemporaneidade, com ênfase nas transformações tecnológicas e das
sociais, como os operários relações sociais e de trabalho, para propor ações que visem à superação
e trabalhistas. de situações de opressão e violação dos Direitos Humanos.
As lutas e conquistas dos (EM13CHS601) Relacionar as demandas políticas, sociais e culturais de
movimentos sociais acerca indígenas e afrodescendentes no Brasil contemporâneo aos processos
do mundo do trabalho e históricos das Américas e ao contexto de exclusão e inclusão precária
sua precarização na desses grupos na ordem social e econômica atual.
contemporaneidade.

ATIVIDADES
TEMA DE ESTUDO: A precarização do trabalho e os movimentos sociais.
DURAÇÃO: 02 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
No estudo sobre o mundo do trabalho, a compreensão acerca do surgimento e das causas que
mobilizam os movimentos sociais são de suma importância. Diante disso, sugerimos que você
oportunize aos estudantes a possibilidade de realizarem uma leitura aprofundada acerca das principais
características dos movimentos sociais - suas origens, desafios, transformações e conquistas diversas.
Aproveite o ensejo dessa aula para também promover uma reflexão junto aos estudantes sobre a
precarização do mundo do trabalho na sociedade contemporânea - evidenciando o papel dos
movimentos sociais na luta em busca de assegurar condições de trabalho dignas para as classes de
trabalhadores que mantém em funcionamento as muitas engrenagens que sustentam a nossa
sociedade.

B) DESENVOLVIMENTO:
De modo a introduzir o tema central da aula para os estudantes, sugerimos que você explique de
modo sucinto para a importância dos movimentos sociais ao longo da história, propiciando o
desenvolvimento de uma reflexão crítica sobre as lutas e conquistas desses movimentos. Apresente
também para a turma uma breve análise contextualizada acerca do sistema econômico vigente em
nosso país, dando destaque para as transformações ocorridas no mundo do trabalho que
comprometem os direitos da classe trabalhadora de um modo geral - direitos esses muitas vezes
reconhecidos apenas em decorrência das pressões e lutas levadas a cabo pelos movimentos sociais.
Na sequência, reproduza para a turma o vídeo “Uberização - a nova condição do trabalho” (Disponível
em: https://youtu.be/knE89EcI-LI). Após assistirem ao vídeo, solicite aos estudantes que façam a
leitura do texto sobre os movimentos sociais disponibilizado abaixo e, em seguida, desenvolvam uma
análise crítica sobre a situação dos movimentos sociais diante dos muitos desafios colocados pela
configuração atual do mundo do trabalho.
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Após a apreciação do vídeo e do texto pela turma, organize os estudantes em pequenos grupos para
que façam um breve debate sobre as informações exploradas até então em sala de aula. Norteie esse
debate de modo que ele contribua para a realização da atividade que será proposta adiante.
Sinopse sobre o vídeo: O vídeo tem a duração de 5 minutos e aborda o fenômeno da Uberização,
uma nova condição de trabalho que não estabelece um vínculo empregatício entre o empregador e o
empregado - precarizando a vida do trabalhador, comprometendo os seus direitos trabalhistas e
fragilizando a sua qualidade de vida.

TEXTO
Movimentos sociais
Os movimentos sociais são ações coletivas mantidas por grupos organizados da sociedade que visam
lutar por alguma causa social. Em geral, o grito levantado pelos movimentos sociais representa a voz
de pessoas excluídas do processo democrático, que buscam ocupar os espaços de direito na sociedade.
Os movimentos sociais são de extrema importância para a formação de uma sociedade democrática ao
tentarem possibilitar a inserção de cada vez mais pessoas na sociedade de direitos. Os primeiros
movimentos sociais visavam resolver os problemas de classes sociais e políticos, como a ampliação do
direito ao voto. Hoje, os movimentos sociais baseiam-se, em grande parte, nas pautas identitárias que
representam categorias como gênero, raça e orientação sexual.

Características dos movimentos sociais


Ao pensar-se nos movimentos sociais à luz de pensadores da filosofia e da sociologia, é impossível
apontar um consenso. O cientista político italiano Gianfranco Pasquino aponta a impossibilidade de
estabelecer-se uma linha conciliatória entre os que tratam dos movimentos sociais, tendo-se em vista
um horizonte de pensadores clássicos.
Nesse sentido e como exemplos, os sociólogos Marx, Weber e Durkheim veem nos movimentos sociais
a sustentação de uma revolução, a institucionalização de um novo poder burocrático e até a maior
coesão social, respectivamente. [...]

Origem dos movimentos sociais


Na passagem do século XIX para o século XX, os sindicatos institucionalizaram-se como coletivos que
visavam defender os trabalhadores da exploração patronal, inspirados, principalmente, pelos ideais
marxistas. Nesse sentido, surgiu em vários cantos do mundo movimentos sociais em defesa dos
trabalhadores, das classes sociais mais baixas, e movimentos socialistas e anarquistas, que visavam
uma completa revolução e dissolução da ordem social capitalista.
Na década de 1960, devido às sequelas deixadas pela Segunda Guerra Mundial e ao clima de
polarização mundial causado pela Guerra Fria, novos coletivos, ações e movimentos surgiram por todo
o mundo. As pautas dos movimentos sociais passaram a diversificar-se a partir desse momento. Nos
Estados Unidos e na África do Sul, a população negra revoltou-se contra o injusto sistema de
segregação racial que garantia privilégios à população branca e retirava os direitos da população
negra, tratando esta camada como uma horda de cidadãos inferiores.
As mulheres também se organizaram em coletivos para lutar por seus direitos, buscando a liberdade
sexual e o tratamento igualitário entre os gêneros (essa ficou conhecida como a segunda onda do
movimento feminista).
A população LGBTQ+ também entrou em cena para reivindicar o direito de expressar-se livremente e
de não ser julgada ou segregada por isso. Um episódio marcado por um espontâneo movimento de
massa que gerou um grande movimento social foi o ocorrido no bar Stonnewall Inn, em Nova Iorque,
que resultou em confronto com a polícia e deu origem à Parada do Orgulho Gay, hoje chamada de
Parada do Orgulho LGBTQ+, que ocorre em várias cidades pelo mundo.

101
O mundo passou por severas mudanças a partir da década de 1960, período em que as minorias
saíram às ruas para lutarem por seus direitos. A partir daí, vários movimentos sociais começam a
eclodir pelo mundo, sempre em busca de uma organização que visasse a inclusão de pessoas excluídas
e sempre se diferenciando de acordo com as especificidades de cada local.

No Brasil
Um exemplo de localidade da luta social ocorre no Brasil com movimentos como o MTST (Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, conhecido
como Movimento dos Sem-Terra). O Brasil é um país que, ao contrário dos países desenvolvidos,
nunca produziu uma eficaz reforma agrária.
O número de pessoas que não têm acesso à terra para o trabalho rural ou não têm o seu direito à
moradia garantido é gigantesco, o que torna a pauta desses movimentos uma questão emergente por
aqui. Nesse sentido, tendo em vista as demandas específicas de nosso país, criaram-se movimentos
organizados para lutar-se pelas demandas que nosso povo enfrenta."

Como os movimentos sociais funcionam


É impossível estabelecer uma fórmula única de funcionamento dos movimentos sociais, visto que eles
são diversos, defendem pautas distintas e têm diferentes demandas de acordo com a sua localidade
geográfica e seu tempo histórico. No entanto, algumas características podem ser elencadas como
modos comuns de funcionamento deles.
Muitos movimentos sociais eclodem de movimentos e rebeliões de massa, como foi o caso do
movimento LGBTQ+, de grupos do movimento negro, como os Panteras Negras, nos Estados Unidos, e
do MST, no Brasil.
Eles podem ser constituídos por diversos grupos que lutam pela mesma causa, como o movimento
feminista, que tem vertentes diferentes, o movimento negro, que é formado por um amplo conjunto de
coletivos, e o movimento LGBTQ+. No entanto, cada grupo ou célula desses movimentos tem suas
formas de organizar-se para promover a militância social.
Eles unem as pessoas em torno de uma causa comum.
Eles visam uma reestruturação social que inclua os seus interessados no poder comum e garanta os
seus direitos de cidadãos.

Exemplos de movimentos sociais


Movimento dos trabalhadores rurais sem terra; Movimentos feministas; Movimentos antirracistas;
Movimentos ambientalistas (como o WWF e o Greenpeace); Movimentos de união de comunidades e
periferia, como o Nós do Morro — que luta contra o racismo, a desigualdade social e a exclusão dos
moradores de periferias; Movimentos de luta contra a homofobia e a transfobia, como o movimento
LGBTQ+.” (PORFÍRIO, 2023).

RECURSOS:
Projetor multimídia; computador; internet; fotocópias do texto e das perguntas; carteiras; cadeiras;
caneta; lápis; borracha.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
Enquanto procedimento de avaliação, prepare e oriente os grupos para lerem, dialogarem e
pesquisarem as respostas das perguntas abaixo que dizem respeito ao assunto tratado no vídeo e no
texto. Tanto durante quanto ao final desse processo, considere o engajamento dos estudantes com
essa proposta de atividade e as respostas dadas às questões apresentadas logo abaixo.

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ATIVIDADES
1 − Quais mudanças a uberização causou ao mundo do trabalho?

2 − Cite o que as lutas sociais refletem no Brasil?

3 − Na sua opinião está correto essa nova condição de trabalho na qual não há vínculo empregatício
entre empregado e trabalhadora? Justifique a sua resposta.

4 − O que os movimentos sociais rurais reivindicavam?

5 − O que você pensa sobre o fenômeno da Uberização no mundo do trabalho?

6 − Cite e explicite as principais características de três movimentos sociais em evidência na nossa


sociedade

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REFERÊNCIAS
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.],
2022. Disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20
do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 05 fev. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 05 fev.
2023.
PORFÍRIO, Francisco. Movimentos sociais. Brasil Escola, [s.l.], 2023. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/movimentos-sociais-breve-definicao.htm. Acesso em: 31 mar.
2023.
UBERIZAÇÃO - a nova condição do trabalho. [s.l.: s.n.], 30 mai. 2019. 1 vídeo (05:03min). Publicado
pelo canal Sociologia Animada. Disponível em: https://youtu.be/knE89EcI-LI. Acesso em: 30 mar.
2023.

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