Lista 10
1) Num redutor de velocidades tipo parafuso sem-fim, para o eixo do sem-fim e para o eixo da coroa
pede-se:
a) selecionar os rolamentos adequados, justificando;
b) escolher as fixações axiais e radiais, bem como os ajustes radiais, justificando;
c) desenhar os dois eixos e seus mancais.
2) Na figura ao lado pede-se:
a) comentar a escolha dos tipos de rolamentos usados;
b) comentar as fixações axiais e radiais;
c) escolher os ajustes.
3) Idem para abaixo:
4) Idem para a figura:
1
5) Idem para a figura abaixo (Figura 24.11 do G. Niemann)
Resolução da lista 10
EXERCÍCIO 1
a) Seleção de rolamentos
A seleção de rolamentos é feita segundo uma série de quesitos conforme a tabela abaixo. É
interessante notar que a escolha adequada pressupõe um bom conhecimento do funcionamento do
conjunto mecânico com o qual se trabalha. Também é bom que se diga que as soluções não são únicas.
Quesitos Eixo do sem-fim Eixo da coroa
Espaço disponível sem limitação sem limitação
Valor da carga axial - alta axial - baixa
radial - média radial - alta
Direção/ sentido de aplicação da carga com reversão com reversão
Desalinhamento não não
2
Rotação média baixa
Precisão normal normal
Funcionamento silencioso não não
Rigidez não exigida não exigida
Facilidade montagem/desmontagem não exigida não exigida
Os fatores mais limitantes neste caso estão assinalados em negrito na tabela acima e levam à
escolha do seguinte:
Eixo do sem fim:
Mancal Direito : rolamento de contacto angular (para suportar altas cargas axiais) com dupla
carreira de esferas (para suportar reversão).
Mancal Esquerdo: rolamento rígido de esferas pois este mancal somente vai suportar carga
radial, que é média.
Eixo da coroa:
Mancal Direito : rolamento rígido de esferas pode suportar carga radial relativamente alta e deve
ser a primeira opção. Entretanto , na fase de cálculos de verificação, podemos chegar à conclusão que ele
é insuficiente, passando para rolamento de rolos cilíndricos, por exemplo. Isto quer dizer que a seleção é
sempre preliminar, devendo ser confirmada pelos cálculos. Também é interessante observar que a
escolha default recai sempre sobre rolamento rígido de esferas porque é o mais comum e barato.
Mancal Esquerdo: idêntico ao mancal direito.
b) Fixações axial e radial
Fixação axial :
A regra básica é fixar-se axialmente um mancal e deixar livre o outro para permitir dilatação
térmica. É razoavelmente óbvio que o mancal fixo é aquele que deve suportar o esforço axial, o mancal
livre deve ser o outro. Também é normal deixar livre o anel (externo ou interno) que possuir ajuste radial
tendendo a folga.
Eixo do sem fim
Mancal Direito ( contacto angular) :
anel interno fixo no eixo com fixação sem folga (evitar problemas com reversão), portanto
devem-se evitar aqui anéis elásticos.
anel externo fixo na carcaça.
Mancal Esquerdo :
anel interno fixo no eixo, podendo serem usados anéis elásticos.
anel externo livre.
Eixo da coroa
Em tese deve-se usar solução similar ao caso anterior. Algumas observações podem ser feitas,
porém. Quando não há forças axiais ( ou quando são muito baixas) é comum dispensar a fixação axial,
deixando esta função para o próprio ajuste radial. A solução segura (mas um pouco mais cara) é sempre
usar uma fixação axial, no mínimo um anel elástico.
Entretanto, no caso da figura acima ( fig 24.8 do G. Niemann), o projetista adotou um solução
não convencional. Para iniciar, os mancais estão assentados sobre tampas removíveis, o que impõe
dificuldades de usinar os assentos com a precisão de forma ( desalinhamentos) requerida e a necessidade
de se usar pinos guia nas tampas. Além disto, a solução da fixação foi duplo bloqueio axial o que, apesar
de baixo custo, é o caso usado para mancais próximos e alta necessidade de rigidez axial. Aparentemente
não há razão para isto.
3
Fixação radial :
Talvez a melhor denominação seria “ajuste radial “ em vez de fixação. A regra básica é adotar-
se ajuste indeterminado tendendo a folga para carga estacionária em relação ao anel e tendendo a
interferência no caso de carga giratória ( consultar capítulo de Ajustes Radiais do Manual SKF).
Eixo do sem fim
Carga Mancal Direito Mancal Esquerdo
( contacto angular) (rígido de esferas)
Anel estacionária Ajuste indet. folga Ajuste com folga
Externo h6 J7 h6 H7 (*)
Anel giratória Ajuste indet. interf. Ajuste indet. interf.
Interno H7 k6 H7 k6
(*) folga maior para permitir dilatação térmica.
Eixo da coroa
Carga Mancal Direito Mancal Esquerdo
( rígido de esferas) (rígido de esferas)
Anel estacionária Ajuste indet. folga Ajuste indet. folga
Externo h6 J7 h6 J7
Anel giratória Ajuste indet. interf. Ajuste indet. interf.
Interno H7 k6 H7 k6
4
Lista 11
1) É necessário dimensionar os mancais de rolamentos de um eixo de acordo com os dados abaixo.
Foram escolhidos rolamentos rígidos de esferas para ambos os mancais, sendo que o esquerdo é
bloqueado e o direito é livre. Pede-se :
Dimensionar os rolamentos
Escolher o óleo e método de lubrificação
Verificar nmax
Calcular momentos de atrito
Escolher vedadores
Fazer desenho dos mancais.
Dados :
Mancal Direito Mancal Esquerdo
Força radial 8000 [N] 6000 [N]
Força axial (sentido único para
esquerda) 0 3000 [N]
Diâmetro do assento no eixo d = 40 [mm] 40 [mm]
Máquina de uso intermitente
Temperatura de serviço t = 60
Direção das forças bem definidas.
Lubrificação e montagem confiáveis.
Não há desbalanceamento.
Eixo de rotação contínua de 200 [rpm] e em funcionamento tem vibrações médias e choques
ocasionais leves.
2) Dobrando-se as cargas axiais e radiais do exercício 1 , como ficará o dimensionamento?
5
Resolução da lista 11
EXERCÍCIO 1
a) Valor das cargas
Fatores que influenciam na escolha de f
existência de incerteza no valor das cargas (choques);
direção das cargas bem definidas;
montagem e lubrificação;
não há desbalanceamento e a rotação é baixa;
temperatura média (são consideradas temperaturas altas aquelas acima de 100 ).
Por isso, foi escolhido um valor de f = (1,0 a 3,0) = 1,5 no meio da faixa. Temos então os seguintes
valores das cargas para fins de cálculo:
D (direito) E (esquerdo)
Fr 12000 [N] 9000 [N]
Fa 0 4500 [N]
b) Dimensionamento Estático
Como existem choques é necessário o dimensionamento estático.
Carga Estática Equivalente
Para mancais rígidos de esferas temos na pg 184, catálogo SKF:
= 0,6 e = 0,5 se ( isto é, se )
se < ( isto é, se )
Mancal D - = , portanto = 12000 [N]
Mancal E - = 0,6 9000 + 0,5 4500 = 7650 < , portanto = = 9000 [N]
Na verificação precisamos ter : . . Temos as seguintes condições para determinação
de (tabela 9, pg 53, do catálogo SKF)
rolamento em rotação contínua;
giro silencioso normal;
rolamento de esferas com vibração normal.
assim adotamos = 1,0
Verificação dos rolamentos pela capacidade estática ( ver lista anterior para seleção de rolamentos)
Como iremos adotar os dois mancais iguais, tomaremos os dados do mais solicitado:
rolamento rígido de esferas
= 12000 [N]
d = 40 [mm],
Pelo catálogo da SKF encontramos o rolamento rígido de esferas 6208 , pg 190, de características:
6
d = 40 [mm] ; D = 80 [mm ] ; C = 30700 [N] e = 19000 [N] > .s0 OK!!
c) Dimensionamento Dinâmico Direto
Carga dinâmica equivalente
para rolamentos rígidos de esferas temos :
X = 1,0 e Y = 0,0 , se e ;
X e Y retirados da tabela pag. 185 , se > e.
“e” é função de obtido neste caso na tabela da pag. 185 do catálogo
Mancal D - Como não temos força axial [N]
Mancal E - Temos , e= 0,37 Temos rolamentos rígidos de esferas individuais e
folga normal . Como x = 0,56 e y = 1,2 e portanto
[N]
Cálculo da Vida
; p = 3 para rolamentos rígidos de esferas.
para confiabilidade de 90% = 1,0 ( tabela 6 pg 35)
para temperatura de funcionamento < 150 . .
Para a obtenção de entretanto é preciso primeiro obter o óleo a ser usado.
Escolha do Óleo
Usamos o diâmetro médio = 60 [mm] e temos n = 200 [rpm] . Pelo
diagrama 2 da pag. 160 temos a viscosidade necessária nas condições de trabalho .
Mas a temperatura de trabalho é 60 . Na temperatura de referência ( 40 ) esta viscosidade será de
, segundo o diagrama 3 da pg 161. Portanto o óleo escolhido deve ter viscosidade
mínima de à 40 . Isto dá o óleo ISO VG220 segundo tabela 7 pg 38 (na prática o óleo
pode já estar determinado pelo cálculo das engrenagens !!. No nosso caso , supomos que o óleo acima
satisfaça a ambas as situações). O óleo escolhido possui na temperatura de
referência e nas condições de trabalho (o que se obtem usando o diagrama 3 já
referido)
e pela figura da pag. 39, = 1,05
Podemos agora calcular a vida
milhões de rotações ou revoluções
7
[horas]
milhões de rotações
[horas]
Vejamos se as durações dos rolamentos 6208 são suficientes. Na tabela de vida
aconselhável (tabela 4, pg 34) para máquina de uso intermitente L deve ser de 3000 à 8000 horas.
Portanto os rolamentos não satisfazem !!! Note-se que escolhemos rolamentos bem acima da necessidade
do dimensionamento estático, mas nem assim o dimensionamento dinâmico foi satisfeito. Esta situação
pode eventualmente ser contornada neste caso em particular adotando um óleo mais viscoso e assim
subindo um pouco o valor de . Entretanto é muito comum isto não ser suficiente e então ficamos
adotando vários rolamentos até chegar ao apropriado. Porisso sugerimos um outro procedimento, dado a
seguir, para ser usado na verificação da capacidade de carga dinâmica em substituição àquele
procedimento dado no item c).
d) Dimensionamento Dinâmico Indireto
Neste caso não escolhemos o rolamento baseados em . Determinamos o rolamento a
posteriori.
d1) Estimativa da Capacidade de Carga Dinâmica necessária
[106 rotações] e [horas]
Como anteriormente
para confiabilidade de 90% = 1,0 ( tabela 6 pg 35)
para temperatura de funcionamento < 150 . .
Para que este procedimento seja possível é necessário assumirem-se hipóteses simplificadoras. Não se
tem o rolamento ainda e portanto não se sabe o raio médio e portanto não se sabe qual óleo usar.
Assume-se que o óleo usado tenha as características do recomendado e portanto = 1.
d2) Relação ( ) necessária
Se quisermos a vida necessária de 5000 [horas] temos que ter
Da expressão acima tiramos que necessária :
d3) Capacidade de carga dinâmica mínima necessária
Adotaremos aqui outra simplificação: a carga dinâmica equivalente P é sempre maior ou igual à
força radial. Supomos que P= ( no mínimo). E se usamos Pminima obteremos Cminima :
Mancal direito Mancal esquerdo
8
Devido às várias hipóteses simplificadoras é bom não escolhermos rolamentos com C muito
próximos de . Uma escolha tal que é mais segura. Da página 190, como
anteriormente, tomamos o rolamento 6408
d = 40 [mm] ; D = 110 [mm ] ; C = 63700 [N] e = 36500 [N] > . s0 OK!!
( portanto satisfaz verificação estática)
d4) Verificação do rolamento escolhido - Carga equivalente
Agora temos um rolamento escolhido (com mais critério!) e podemos repetir o procedimento
dado em c), agora com mais segurança.
Mancal E
Tem-se agora e como anteriormente e = 0,31 , X=0,56 e Y=1,4. Como
Mancal D
Como não se tem neste caso força axial
d5) Escolha do óleo.
Usa-se o mesmo procedimento anterior: = 75 [mm] e temos n = 200
[rpm] . Pelo diagrama 2 da pag. 160 temos a viscosidade necessária nas condições de trabalho (60 )
. e a 40 tem-se . Isto dá o mesmo óleo ISO VG220 segundo
tabela 7 pg 38., o qual possui a 40 e nas condições de
trabalho, como já vimos.
e pela figura da pag. 39, = 1,20
d6) Vida dos rolamentos.
milhões de rotações ou revoluções
[horas]
milhões de rotações
[horas]
Ambos os rolamentos satisfazem as condições !! Aliás, superam largamente. Isto ocoreu porque
entre os rolamentos 6308 e 6408 , há um salto muito grande em termos de C, o que não pode ser
evitado.
e) Escolha do Método de Lubrificação
Óleo deverá trabalhar com eixo em baixa rotação
Temperatura de trabalho baixa (60 )
Eixo horizontal
Estas escificações nos levam a escolher como método de lubrificação o banho em óleo sem refrigeração
forçada. ( ver pg 157 do catálogo SKF)
9
f) rotação máxima permitida
A rotação máxima permitida é dada por n max perm = f. nmax tabela . O valor de f é dado no gráfico da
pag 65 e nmax tabela = 8000 [rpm] a partir da pg 190, para rolamentos 6408 com lubrificação por óleo
nmax perm = 0,95 x 8.000 = 7600 [rpm] > 200 [rpm] OK!!
g) Estimativa do Momento de Atrito
Mancal D -
Mancal E - ( valores aproximados. Valores
mais precisos podem ser obtidos usando-se a teoria da pg 60 do catálogo SKF)
h) Escolha dos Vedadores
Existem diversas soluções possíveis. Os vedadores possuem faixa de temperatura e de
velocidades periféricas nas quais eles podem ser aplicados. Como regra geral, para baixas séries de
fabricação usam-se gaxetas, e para altas séries o sistema mais eficiente é o de retentores.Estes porém,
exigem certos valores de dureza e rugosidade da superfície do eixo com a qual eles tem contato. No item
seguinte várias soluções são apresentadas.
i) Croqui
Cada croqui apresenta uma solução diferente.
10