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Contestação Trabalhista

O documento apresenta a contestação de uma empresa a uma ação trabalhista movida por uma ex-funcionária. A empresa argumenta que os pedidos da ex-funcionária como horas extras, indenização do FGTS e integração de prêmios ao salário não devem ser aceitos, citando artigos da CLT que fundamentam suas alegações.

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O documento apresenta a contestação de uma empresa a uma ação trabalhista movida por uma ex-funcionária. A empresa argumenta que os pedidos da ex-funcionária como horas extras, indenização do FGTS e integração de prêmios ao salário não devem ser aceitos, citando artigos da CLT que fundamentam suas alegações.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA 200ª VARA DO TRABALHO

DE SÃO PAULO
Processo nº 0101010-50.2020.5.02.0200
AUDITORIA CEROL FININHO S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ
sob n.º XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro .... na cidade de
......... CEP XXXXX-XXX, por meio do seu advogada que esta subscreve, procuração
anexa, endereço profissional na Rua ......., n.º ......, Bairro ......., CEP XXXXX-XXX e
endereço eletrônico ......., onde recebe intimações, vem respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no Art. 847 da CLT, apresentar
CONTESTAÇÃO
nos autos da reclamação trabalhista, movida por MARLI MATO VERDE, já qualificada
nos autos pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS
A reclamante argumenta que trabalhou para a sociedade empresária CEROL
FININHO S.A. de 29/09/2011 a 07/01/2022, exercendo, desde a admissão, a função de
gerente do setor de auditoria de médias empresas. Sendo contratada em São Paulo e
lá prestou serviço durante todo o contrato. Na condição de gerente, comandava 25
auditores, designando suas atividades junto aos clientes do empregador, bem como
fiscalizando e validando as auditorias por eles realizadas. Percebia o salário mensal de
R$ 120.000,00 (vinte mil reais), acrescidos de gratificação de função de R$ 10.000,00
(dez mil reais).
A parte autora pediu demissão, em 07/01/2022, ajuizando reclamatória
trabalhista, em 30/01/2022, na qual postulou o pagamento de horas extras, alegando
que trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo de 1 hora para
refeição, sendo que não marcava folha de ponto. Requereu o pagamento da
indenização de 40% sobre o FGTS, que não foi depositada na sua conta vinculada,
conforme extrato analítico do FGTS, que juntou com a inicial.
Outrossim, afirmou, ainda, que a empresa não efetuou o recolhimento do INSS
nos anos de 2018 e 2019, requerendo seja a empresa condenada a regularizar a
situação. Ainda, argumentou que, a partir de 2018, passou a receber prêmios em
pecúnia, em valores variados, pelo que requereu a integração do valor desses prêmios
à sua remuneração, com reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, inclusive
FGTS, e o pagamento das diferenças daí decorrentes.
Ainda informou que, desde o início de seu contrato, realizava as mesmas
atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de médias
empresas, admitida na Auditoria Cerol Fininho S.A. em 15/01/2009, já na função de
gerente, mas que ganhava salário 10% superior ao da reclamante, contudo não efetuou
pedido claro acerca desta condição.
Alegou que suas atividades eram desenvolvidas em prédio da sociedade
empresária localizado ao lado de uma comunidade muito violenta, tendo ouvido diversas
vezes disparos de arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias
operações policiais que combatiam o tráfico de drogas no local, requereu o pagamento
do adicional de periculosidade.
Por fim, requereu o pagamento dos honorários advocatícios de 20% sobre o
valor da condenação, conforme o art. 85, §2º do CPC.
Todavia, todos os pedidos não merecem prosperar.

PRELIMINARMENTE

I - DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL
Reclamante requer que a reclamada seja obrigada a pagar e recolher as
contribuições previdenciárias referentes aos anos de 2018 e 2019.
No entanto, de acordo com a Súmula Vinculante 53 do Supremo Tribunal
Federal e a Súmula 368, inciso I, do Tribunal Superior do Trabalho, essa solicitação não
tem embasamento legal.

II - DA PRESCRIÇÃO PARCIAL
A reclamada requer que a prescrição parcial seja reconhecida com base no art.
7º, XXIX, da Constituição Federal, art. 11 da Consolidação das Leis do Trabalho e na
Súmula 308, I, do Tribunal Superior do Trabalho. Assim, os direitos trabalhistas
anteriores a 05 (cinco) anos do ajuizamento da ação estão prescritos, requerendo,
portanto, que sejam considerados prescritos todos os direitos da reclamante em relação
ao período anterior a 30/01/2015.

III - DAS HORAS EXTRAS


A reclamante informa que seu horário na função de Gerente era de segunda-
feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo de 1 hora para refeição, sendo que não
marcava folha de ponto. A reclamante exercia a função de gerente e, efetivamente,
detinha poder de gestão, por isso percebia salário diferenciado, com gratificação de
função superior a 40%, com salário de R$20.000,00 reais acrescidos de R$10.000,00
reais.
O pedido de horas extras é totalmente improcedente, uma vez que exercia a
função de gerente e, efetivamente, tendo poder de gestão e salário diferenciado, com
gratificação superior a 40%, ocupando cargo de confiança e, assim, não tem direito a
limite de jornada. Assim, nos termos do art. 62, II, da CLT, resta demonstrado que
também não faz jus a nenhum reflexo de horas extras, já que a estas não possui direito.

IV - DA INDENIZAÇÃO DE 40% SOBRE O FGTS


A Reclamante está pleiteando o pagamento da indenização de 40% sobre o
FGTS depositado. De acordo com o artigo 18, § 1º da lei 8.036/90, (Lei do FGTS), o
empregador deverá depositar o equivalente a 40% do montante de todos os valores de
FGTS já depositados, acrescidos de juros, na conta vinculada ao trabalhador no FGTS,
em caso de demissão sem justa causa, porém a Reclamante, por iniciativa própria,
solicitou à Reclamada a extinção de seu contrato de trabalho, não se enquadrando,
portanto, na regra do artigo 18 já citado.

“Art 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará
este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores
relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que
ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Redação dada
pela Lei nº 9.491, de 1997)
§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na
conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do
montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do
contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.
(Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de pagamento de indenização


referente aos 40 % do FGTS.

V - DA INTEGRAÇÃO DO PRÊMIO AO SALÁRIO


A reclamante pleiteia integração dos valores recebidos a título de prêmio no valor
de sua remuneração, com reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, inclusive
FGTS e o pagamentos das diferenças decorrentes dessa integração.
Os valores referentes a esses valores não integram a remuneração conforme
previsão legal no artigo 457, 2º, da CLT:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os
efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999,
de 1.10.1953) (Vide Lei nº 13.419, de 2017)
§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo,
auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios
e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato
de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

VI - DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL
A autora informa que, desde o início de seu contrato, realizava as mesmas
atividades que Silvana Céu Azul, que também era gerente do setor de auditoria,
admitida em 15/01/2009, mais que ganhava salário de 10% superior ao seu, conforme
documentos anexados na inicial.
Pedido totalmente improcedente, uma vez que a modelo tem mais de dois anos
na função, não constituindo essa condição, conforme artigo 461, 1º, da CLT:
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual
salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017)
§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com
igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de
tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a
diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017).
Assim, temos:

EQUIPARAÇÃO SALARIAL. REQUISITOS. ÔNUS


DA PROVA. Conforme prevê o artigo 461, da CLT, a
equiparação salarial será devida somente na ocorrência
simultânea da identidade de funções, trabalho de igual
valor, mesmo empregador, mesma localidade, diferença
de tempo de serviço inferior a dois anos e inexistência
de quadro de pessoal organizado em carreira. A
ausência de qualquer dos requisitos acima descritos
inviabiliza a concessão da equiparação. Com efeito, o ônus
probatório em matéria de equiparação cabe ao empregado
quanto à identidade de função, mesma localidade e mesmo
empregador. Por sua vez, deve o empregador provar a
diferença de perfeição técnica, de produtividade e de
tempo de serviço na função superior a dois anos. Recurso
Ordinário da reclamada ao qual se nega provimento, no
particular.

(TRT-2 XXXXX20215020072 SP, Relator: SIDNEI


ALVES TEIXEIRA, 5ª Turma - Cadeira 2, Data de
Publicação: 10/03/2022) (grifo nosso)

VII - DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE


A reclamante requereu o pagamento do adicional de periculosidade em virtude
da alegada periculosidade do local de trabalho, por estar situado próximo a uma
comunidade violenta.
As alegações de que atividades da reclamante eram desenvolvidas em uma
comunidade muito violenta, tendo supostamente ouvido diversas vezes disparos de
arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias operações policiais
que combatiam o tráfico de drogas no local, requerendo o pagamento de adicional de
periculosidade, não são suficientes, tampouco possuem amparo legal para concessão
do adicional de periculosidade.
O art. 193, da CLT, refere o seguinte:
São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
permanente do trabalhador a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II- roubos ou outras espécies de violência fisica nas atividades profissionais de
segurança ou patrimonial.
Assim sendo, o fato de supostamente observar operações policiais, ouvir diparos
de arma de fogo ou estar próxima de uma comunidade violenta, não são pressupostos
legais que concedam o adicional requerido, aliás, tal desconforto não passa de mero
dissabor, afinal, operações policiais são rotineiras no Brasil.
Outrossim, a situação retratada na petição inicial não autoriza tecnicamente o
pagamento do adicional, segundo o Art. 193 da CLT devendo ser improcedente tal
pedido.
Assim podemos verificar a jurisprudência:

RECURSO ORDINÁRIO. ADICIONAL DE


PERICULOSIDADE. INDEVIDO. As atividades e
operações perigosas são aquelas que, em sua natureza ou
método de trabalho, envolvam riscos acentuados e
imediatos à segurança e integridade física do trabalhador
em virtude da sua exposição permanente ao risco,
conforme descrito na NR-16 da Portaria nº 3214 de 08 de
junho de 1978. Logo, se o autor era apenas Motorista de
equipe de Reportagem, não se justifica o deferimento do
adicional de periculosidade apenas pelo fato de algumas
matérias terem ocorrido em áreas violentas.

(TRT-1 - RO: XXXXX20195010036 RJ, Relator:


CLAUDIA REGINA VIANNA MARQUES BARROZO,
Data de Julgamento: 10/08/2021, Sexta Turma, Data de
Publicação: 27/08/2021)

VIII – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


A Reclamante requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre
o valor da condenação com base no artigo 85, § 2º do Código de Processo Civil
Brasileiro.
É importante destacar que o Código de Processo Civil Brasileiro somente é
aplicado ao Direito Processual do Trabalho de forma supletiva e subsidiária, no que for
compatível com as regras trabalhistas, conforme o artigo 15 do CPC.
"Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente."

Com base nisso, entende-se que o CPC só será aplicado ao processo trabalhista
em caso de omissão da CLT. No entanto essa omissão não existe no caso em tela, pois
a CLT prevê expressamente o regramento de incidências dos honorários advocatícios
em seu artigo 791-A. caput. estabelecendo como porcentagem minima 5% e máxima
15%.
IX – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer;

a) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria


e a remessa imediata dos autos ao juízo competente, para uma das Varas de Justiça
Federal Comum da Comarca de São Paulo /SP., conforme o artigo 64, § 3º, do CPC:

b) O acolhimento da preliminar de inépcia quanto ao pedido de equiparação


salarial, pela existência de causa de pedir sem pedido, extinguindo-se o processo sem
julgamento do mérito, nos termos do artigo 485, I, do CPC:

c) O acolhimento da prejudicial de mérito quanto a declaração da prescrição


quinquenal sobre os supostos direitos anteriores a 30/01/2015:

d) A total improcedência dos pedidos da autora Reclamação Trabalhistas, quais


sejam: constantes na presente

I) O pagamento de horas extras, conforme o artigo 62. II e parágrafo único, da


CLT:

II) O pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS. Conforme o artigo 18.


§1°. da lei 8036/90 c/c artigo 9°.1º do Decreto 99684/90:

III) O pedido de integração dos prêmios à remuneração da Reclamante,


conforme o artigo 457, § 2º, da CLT;

IV) Pedido de equiparação salarial, em razão do princípio da eventualidade,


conforme os artigos 460 e 461, ambos da CLT:

V) Pagamento de adicional de periculosidade, conforme o artigo 193, da CLT,

VI) A limitação dos honorários advocatícios sucumbenciais em 15%,


observando- se a regra do artigo 791-A. da CLT, e não o artigo 85, §2º do CPC.

Por todo o exposto, requer seja a contestação recebida, intimando a reclamante


para sua manifestação, no prazo legal, e, na final seja a reclamação trabalhista julgada
totalmente improcedente, condenando a reclamante no pagamento de custas e
honorários de sucumbência conforme o artigo 791-A, da CLT. Requer e protesta por
todos os meios de provas em direito admitidos, oitiva de testemunhas, juntada de
documentos, perícias, diligências, etc.

Termos em que
Pede Deferimento

São Paulo, ......Data


Nome do Advogado
OAB/.... n.º ....

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