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Dialogo Inter Religioso 8

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Dialogo Inter-religioso Heloisa Silva de Carvalho Pedogoga cam especialy am Enno Religioso pela Pontificia Universidade Catdicade So Paulo |PUC-SP) omestro om Biba poe Contr Bic Varo, Autera de vos ddstioos eparatidtics de Esto Relpioso atua come professor, coardenadara e frmadore de professres, mnistrando cursos pata educadotese pare agents da pastoral na éreabliea.€ membyo do Genta Biba Verb, Jorge Silvino da Cunha Neto 1o en Filosofia ePedagodia. pos-orduado em Cri ca dol de lane [PUC- Al] emeste em Cnc Pao PUC-S Professor de Es ‘Enso Super em Sao Paulo i onieniagao de poeta de vice ica Edveatva pela Pontitia 1! edigao So Paulo | 2018 FTD' FTD' Todas oe resend EDITORAFTOSA. ati ai Garbosy, 18 Bla Vista —S80Palo—SP EP 1026-00 Tel (013586500 Cea Postal S14 -CE Ca otal 01390970 meme vt comb Ena poetestteon. Acoleg Diglogo Inter-religioso ¢ un Projet Eiteriaeaborado fm parceria ene FT Educa ea Unio Masta do Bras e leservolvio 2 part do Projeto Educatvo do Brasil Marita e das Matias Curiulres de Educardo Bésica—Ensino Religioso Dirotora editorial Ceciiany Alves Gorents editorial Isabat Lopes Coeho Esitra Rosa Visceti Kono Editores assistents Daniel Febba Mara Cra BareallesFontanalla Revisio tenica Ese Rodigues Lsitura erica Sivana Mortto de Souza Coordenadora de protugao editorial Ltiia Mendes de Soura Preparagio e revisio er ira Racks Peparadera LiviaPerran TP da Costa evisora ‘ine Ara Editoras de arte projet grifico Shela Moraes Maer Simone Viera Capa, Shela Moraes Ribeiro Simone Vieira Fotode capa ‘Annapurna/Melor/Lonely Planet inages/Setty Images Diagramacée (asa Crema leonografia Siperisore sino Bueno Prsquisadres Joana Hetisztows Renato Moscali Rosaly Ladera Tetamento de imagem ‘ra isabel Pan Narascin Exquel Rocheti Diretor de operagdes © produgio grifica oginaldo Soares Damesceno Dados interac de Caalegacio [Camaro Bross de Leo, SP, Gant). ied = StePanl FD, 208 ‘Soh 37E85 96.0854) ‘SENSTERESS O16 | peta) ‘.ensoor us 1LEdoeaerelgesanaecelss 37 2 tasareigesonanezoias | 3771 {Unvinio:Eniotiegsrenal 3771 oa Ale arabes -c88- 87864 ieapto (IP) ose Youre Heie Siva de Cava, sage jose dane Cama Nee ape Siva coo377s Capttulo Oo Capitulo © Divindades e humanidades Sumario As experiéncias religiosas, 4 Construindo saberes: As concepgoes do sagrado, 6 Arte que encanta: A madona com a crianga, de Giulio Romano, e Cristo carregando a cruz, de El Greco, 10 Os povos e 0 sagrado: Jodo, Biblia, 12 © cuidado com 0 mundo: Em busca da conexéo, 13 Outros olhares: Maomé e 0 Islamismo, 14 Além da imagem, 16 Teia do conhecimento, 17 As linguagens do mistério, 18 Construindo saberes: Mistério, mito e simbolo: 0 Universo e oTranscendente, 20 Ser humano, social ¢ religioso, 21 Mistério e misticismos, 21 Arte que encanta: Kalacakra, mandala budista tibetana, e Uma xicara de cha, da monja Coen, 24 Os povos ¢ 0 sagrado: Tora, Corao e Biblia, 26 O culdado com 0 mundo: Jovem médico adventista realiza trabalho voluntario no Amazonas, 27 Outros olhares: Superstigdes e crendices, 28 Alem da imagem, 30 Teia do conhecimento, 31 Capttulo e Vida e morte, 32 Construindo saberes: Entre uma vida e outra, 34 Arte que encanta: A divina comédia, de Dante Alighieri, ¢ O inferno de Dante, de Sandro Botticelli, 38 Os povos ¢ 0 sagrado: O livro dos espiritos, de Allan Kardec, 40 O cuidado com 0 mundo: Quando a dor vira amor: Todos Com Felipe, 41 i Outros olhares: Qual é a viséo do Budismo sobre a morte?, 42 ‘Além da imagem, 44 Teia do conhecimento, 45 Espaco da... charge: Banalizagao da vida, 46 O que aprendi, 48 Para ler, 48 Creo a eet en een Sree Le Oe oy Sao Paulo: Paulus, 1994 p. 215. Construindo saberes As concepg¢ées do sagrado Toda cultura organiza e orienta as condutas que o ser humano esta- belece com o mundo a sua volta, além de dar significado a elas. No decorrer dos tempos, das mais variadas formas, procurou-se, e ainda se procura, dizer quem ou 0 que é o Transcendente. Para isso, foram utilizadas diferentes linguagens, como a poesia e outras expres- ses artisticas, os simbolos e os mitos. Essas linguagens ultrapassam as palavras e apontam para experiéncias profundas e marcantes do mistério que abarca e ao mesmo tempo transcende a realidade. Ahist6ria das religides pode nos ajudar a entender as concepgdes que pessoas, grupos e povos possuem sobre o Transcendente desde os tempos mais remotos. Panteismo E consenso entre antropélogos, historiadores, arquedlogos e estudiosos das religides que o ser humano, desde a origem, estabeleceu algum tipo de relagao com o sagrado. As primeiras experiéncias ditas religiosas surgiram quando os seres huma- nos comecaram a relacionar acontecimentos naturais a fen6- menos sobrenaturais. Para esses povos primevos, a propria Terra e todo 0 Universo eram movidos por uma forga espiritual As experiéncias desses povos foram denominadas pan- teismo ~ do grego pan, “tudo’ e theo, “deus” -, ou seja, tudo 6 deus: dos planetas e galaxias até as pequenas plantas, tudo é divino, Eles cultuavam animais, vegetais e forcas da natureza, erigindo totens em sua homenagem. Assim, o Sol, a Lua, 0 trovao, 0 raio, 0 lobo, a aguia, a rvore, por exemplo, eram tidos como seres divinos e transcendentes, reverencia- dos em totens dentro da tribo ou do cla. Os totens remetem a crenga de que as pessoas podem se transformer em animais, @ 0s animais, em pessoas Totem de tradicéo indigena no Parque Stanley, em Totem Vancouver, Canadé. Representagao de animais, plantas ou objetos divinizados pelas trios. Alguns povos da atualidade também tém uma forma panteista de se relacionar com o sagrado. A experiéncia é diferente daquela vivida pelos povos primevos, mas a concepgao de que tudo no Universo é divino continua sendo a esséncia da religiosidade para os xintoistas, no Japao, os jainistas, na India, e os candomblecistas, no Brasil. No Brasil, o Candomblé é conhecido como a religiao dos orixas, deuses que comandam a vida e a natureza. Nessa tradic¢ao se cultuam as folhas, as arvores, as aguas, os animais, as plantas que esto vivas na natureza, da qual o ser humano 6 parte e dependente. Toda a natureza 6 sagrada: Oxum é a dgua doce, Ossaim é a vegetacao, Oxald 6 0 ar, Xangé so os raios e trovées, lansa so os ventos etc. Sem natureza nao ha orixé. O ser supremo é Olorum, a divindade de todas as coisas. Segundo a tradigéo, Olorum incumbiu os orixas de criar e governar o mundo, deixando a cargo de cada um deles a responsabilidade de cuidar da natureza e dos seres humanos. Animismo Genericamente, podemos caracterizar a religiosidade indigena brasileira como animista. Segundo essa visdo, tudo no mundo possui anima, uma alma, um principio de vida. Isso da aos poves indigenas um olhar mistico em relacao a vida. Tudo esté povoado de uma forca vital, uma interioridade comum, que toma os seres interdependentes, dai a responsabi- lidade do ser humano para com a natureza e todas as formas de vida. Por isso, 0 animismo indigena ¢ considerado uma forma de panteismo Os indigenas acreditam na existéncia de bons maus espiritos, que protegem ou castigamosseres Fa ih 7 pajé 6 0 lider espirtual @ interlocutor vivos. O pajé pode invocar o bom espirito ou espan shoe minds natal 0-0 SoUTSReura, tar o mau espirito em um ritual para, por exemplo, —_| como este da aldeia de Kalapalo no curar uma pessoa de uma doenga Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso. 1. Apresente um motivo pelo qual o ser humano manifesta uma dimensao religiosa desde os tempos mais remotos. 2. Pesquise na internet, em sites confidveis, algumas tradigdes religiosas panteistas praticadas atualmente e, depois, partilhe com a turma. Atente para as caracteristicas, a organizagao, os rituais ete, Politeismo Outra forma de o ser humano se relacionar com o sagrado € a crenga em vérias divindades, ou seja, 0 politeismo, predominante em grandes impérios da Antiguidade, no Oriente e no Ocidente No império asstrio-babil6nico, por volta do século VI a.C., eram reverenciados os deuses Marduk, Tiamat, Ishtar, Xamaxe e Sin, entre outros menos conhecidos, todos relacionados a caracteristicas huma- nas ou da natureza. Xamaxe, por exemplo, era o deus-sol. No império. egipcio, por volta do século XV a.C,, também existiam varias divin- dades, como Set, Ré-Atum, isis, Osiris, Nephthys, Horus e Andbis Para os gregos da Antiguidade, o mundo era governado por um pantedo de divindades: Zeus, Hades, Poseidon, Hera, Apolo, Afrodite, Atena... Os romanos também acreditavam em uma multiplicidade de divindades: Baco, Jano, Juno, Jupiter, Minerva, Netuno e tantos outros. Direcionando o olhar para a Asia, encontramos a India e a China, cada uma com uma variedade de tradigGes religiosas e com sua experiéncia propria do Transcendente. A india, por exemplo, possui divindades muito préprias, e tanto elas quanto 0 movimento religioso hinduista 6 podem ser entendidos se for levada em conta a realidade geogréfica, histérica e mistica do pais, que é rica e diversa, repleta de mitos, simbolos, ritos e textos sagrados. Minerva, 3. Quais so as duas principais caracteristicas das tradicées religiosas politeistas? Converse com seus colegas e elaborem coletivamente uma resposta Monoteismo As experiéncias religiosas monoteistas, como o Judaismo, o Cristia~ nismo eo Islamismo, surgiram no Oriente Médio. Elas tem como funda- mento a fé no principio Unico de tudo, em uma Unica divindade criadora de tudo 0 que existe sobre a face da Terra O Judaismo 6 uma tradigao religiosa que remonta a cerca de 1800 a.C. Na experiéncia do povo de Israel, de acordo com a Toré, Javé 6 préximo, preocupa-se com 0 ser humano e fez uma alianga com Abraao. Dessa forma, uma nova percepgdo da divindade se estabelecia: um Deus Unico, que dialoga com o ser humano. No Cristianismo, 0 Transcendente é um Deus criador e senhor. e De todas as denominagées de Deus para os cristaos, a que chama mais atenc4o foi a proferida por Jesus quando se dirigiu a Ele como - Abba, termo da lingua aramaica que expressa afetividade e quer dizer “papai Deus 6 um Pai bondoso, que faz 0 sol nascer sobre maus e bons e faz chover sobre os justos e injustos (Mateus 5,45). A fé crista professa que o Deus criador, revelado a Abrado, a Moisés e aos profetas judeus, envia a terra seu filho como o Messias, o sal- vador. Sua principal mensagem é da primazia do amor a Deus e aos demais seres humanos sobre todas as coisas @ postulados. Para os a cristéos, Deus 6 uma trindade, formada também por seu filho, Jesus 7 Cristo, e pelo Espirito Santo. Os cristéos acreditam na ressurreigdo de Jesus Cristo e seguem seus ensinamentos registrados no Novo Testamento da Biblia. Fundado pelo profeta Maomé (5707-632) na cidade de Meca, na Peninsula Arabica, 0 Islamismo ¢ a segunda maior religiao monoteista em numero de adeptos e professa a fé num Deus transcendente @ soberano, a quem se deve obediéncia servil, pois "nao hé outro Deus além de Ala" A palavra “isla” significa submeter-se de forma absoluta a lei e a vontade de Deus, Ald. Os seguidores de Ald sdo chamados mugulmanos, isto é, “aqueles que se submetem a Deus, que se entregam a Deus", 4. Identifique os reflexos da experiéncia de Jesus com 0 Abba para o relacionamento dos cristdos com Deus e com os outros no mundo atual 5. Vocé péde perceber como a experiéncia religiosa é complexa em suas formas. Ela no € sucessiva, tampouco linear no tempo e no espago: ora coincide com outras experiéncias, ora deriva delas, ora se diferencia delas. Escreva uma breve definicao para: a) animismo; b) panteismo; ¢) politeismo; d) monoteismo. em NCS Na tradicdo religiosa crista se entende que Deus, ao se manifes- tar na fragilidade de um corpo humano, revela a eternidade do céu na finitude da terra. O mistério da encarnagao é a humanizagdo de Deus e a divinizagao do ser humano. Portanto, para os cristdos, nao hé outra forma de encontrar Deus a no ser com os pés fincados no chao da historia, com suas possibilidades e limites, bem como na rela- cdo com os outros e com a natureza. De acordo com o Cristianismo, quanto mais humanos formos, mais divinos nos tornaremos. Na obra a seguir, intitulada A madona com a erianga, do pintor taliano Giulio Romano (1499-1546), podemos ver Maria segurando o Menino Jesus. Uma luz ilumina 0 corpo dos dois, mostrando 0 rosto delicado de Maria © os movimentos do menino em seu colo. Ao fundo, a luz deixa & mostra uma pequena pomba. de Giulio Romano, 1522-1523. A {6 cristé tem como refe- rencial a pessoa de Jesus Cristo Como Filho de Deus, Ele dese- nha sua trajetéria no mundo e na historia, de Belém a Jeru- salém, ou seja, do nascimento & morte na cruz. Jesus nasce e morre por amor 8 humanidade Observe a obra Cristo car regando a cruz, do pintor renas- centista El Greco (1541-1614), em que Jesus esta com a coroa de espinhos, olhando para 0 alto, enquanto carrega a cruz. Notam-se 0 vermelho e 0 azul de suas vestes contrastando com 0 escuro da cruz e do céu tempes- tuoso ao fundo 2, Retina-se com um colega, leiam a afirmagao a seguir e fagam uma pardfrase, a partir do que vocés estudaram nesta secao. Na experiéncia religiosa crista, os mistérios da cruz e da encarnag4o s4o complementares, pois ambos enfatizam a humanidade e a divindade de Jesus. O mistério da encamnagao ¢ a humanizagao de Deus ¢ a divinizagao do ser humano. Os povos ¢ 0 sagrado ‘Apés a morte de Jesus na cruz, seus primeiros seguidores se espalharam por diferentes regides, dentro e fora da Judeia, e fundaram pequenas comunidades em varias cidades. Nessas comunidades, a experiéncia com o Transcendente foi vivida como expressao de amor por todos os irméos. ‘Todos saberao que sois meus diso{pulos se vos amardes uns aos outros. Biblia, Joao 13,35. O centro da experiéncia religiosa de cada cristao e da comunidade deve ser a pratica do amor. E pelo amor que uma pessoa é capaz de experimentar, de maneira concreta e visivel, a uniéo com Deus, de acordo com o que viveu e ensinou seu filho, Jesus. E isso que esta registrado na Primeira Carta de Jodo ® Amados, aMemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem nao ama nao conhece a Deus, porque Deus amor, |...) Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nés devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus esta conosco, ¢ o Seu amor se 1ea- liza completamente entre nés, |... E nés reconhecemos © amor que Deus tem por nés ¢ acreditamos nesse amor. Deus € amor. quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele. Biblia. 1" Jodo 4,7-8,11-12;16. ‘Medre Teresa de Calcuta, um dos grandes exemplos de amor ao proximo do século XX. * Com base na leitura do texto de Jodo, explique o ponto mais importante da experiéncia religiosa crista. As experiéncias religiosas e espirituais de qualquer tradicao, quando vividas com sinceridade, 18m reflexos praticos na relaggo com Os outros e com o mundo. Vamos conhecer um brasileiro que, ainda na adolescéncia, abandonou sua vida confortavel em Sao Paulo para viver na simpli- cidade dos monastérios budistas. Hoje ele peregrina pelo mundo dando palestras sobre os ensinamentos de Buda. Leia a seguir trechos de uma entrevista com o lama Michel. EM BUSCA DA CONEXAO ‘A decisao de se tornar monge budista, tomada pelo paulistano Michel Lenz Cesar Calmanowitz ~ 34 anos, origem judaica por parte de pai e presbiteriana por parte de mae -, aconteceu de fato quando ele tinha 12 anos. [...] Miche! [...] decidiu ir para a India para estudar no monastério Sera Me e abracar sua vocacao. [...] © mundo a nossa volta no parece suge- rir muito otimismo: guerras, intolerancia, desequilibrios ecolégicos. £ possivel crer em algum tipo de utopia coletiva? Se olho para a sociedade como um todo, é dificil ser otimista Porém, a partir do momento em que vejo no indi- viduo 0 potencial para desenvolver a paz interior, fica mais facil ser otimista. [...] Diante da situago complicada que vive- mos, € realista ter como objetivo salvar 0 planeta da ansia humana por consumo? ‘A tinica possibilidade de transformacao da socie- dade em que acredito é a que vem por meio do pensamento e da atitude do individuo. [...] Controlar 0 aquecimento global, por exem- plo, antes de uma utopia tornou-se uma urgéncia. © ser humano tera tempo de aprender a conviver com a natureza? A Terra sempre esteve e continua em transformacao, e a interacdo do ser humano faz parte dessa transformacao. Varios aspectos séo extrema- mente preocupantes e 0 aquecimento global € um deles. [...] Nés nao possuimos a natu- reza, fazemos parte dela, Sem satide ambiental, nao poderemos continuar vivos. O homem nao existe independente da natureza, entao nunca poderé domina-la. Isso & uma ilusdo. Podemos aprender a interagir com ela e até usé-la a nosso favor, mas nunca a dominaremos. ANGIMAHTZ, Gustavo. Em busca da conexdo. Trip, n. 247, 24 set. 2015. Disponivel em <. ‘Acesso em: 23 doz. 2017. Outros olhares A experiéncia religiosa dos muguimanos tem como fundamentos a vida do profeta Maomé e a revelagao de Ald como 0 Todo-Poderoso, misericordioso e benevolente. De conduta irreparavel e fé inabalavel, Maomé tornou-se um exemplo para seus seguidores ao mostrar que 6 possivel servir a Ala pelo reconhecimento do divino em si mesmo e pela busca do desenvolvimento interior e espiritual na relagdo com Ele. A fé em Ala 6 0 primeiro dever do muculmano e o fundamento da comunidade islamica. Ald 6 0 contetdo Unico de sua oracao liturgica. Seu livro sagrado, 0 Corao, é tido como a palavra de Deus, portanto considerado vivo e sagrado. Nele se encontram todos os conteudos da 16 e da doutrina islamica. Os mugulmanos acreditam que Ala enviou Maomé, seu maior profeta, para transmitir a mensagem e trazer a verdadeira sabedoria de Deus para a terra, Leia 0 texto sobre Maomé. = Como Maomé se tornou chefe de uma religiao? = Inicialmente ele nem pensava nisso. Era um homem discreto e sensivel. Devia sentir-se diferente dos outros. Tinha o hébito de retirar-se nas montanhas aos arredores de Meca e refu- giar-se numa gruta para pensar ¢ refletir sobre a vida, a natureza, o Bem, o Mal. Ele meditava. = O que 6 “meditar"? ~E refletir profundamente, esperando encontrar um sentido para a vida. Ha muito tempo, esse verbo significava “cuidar de um doente”. Maomé procurava, no siléncio e na solidao, uma solucdo para a vida onde alguns s40 nobres, outros ricos, alguns so sadios, outros fracos e doentes, ~ Mas 0 que ele podia fazer pelos infelizes? - Ble pensava e procurava uma maneira de torné-los menos infelizes. Um dia, ou melhor, uma noite, quando se encontrava na gruta do Monte Hira, ele teve uma visdo, uma intensa e bela luz diante dele; era um importante anjo que Ihe pedia para ler. Ele disse-Ihe: “Leia” Sion Guartnawascien Mag Maomé, nessa época, com 40 anos, res- pondeu-lhe: “Nao sei ler!”. Nao podemos esquecer que ele nao frequentou a escola, portanto nao sabia ler nem escrever. Entao, o anjo, que se chamava Gabriel, ordenou-lhe que repetisse apés ele: “Lela em nome do seu Senhor, que tudo criou! [...]” Muguimano no monte Hira, na Ardbia Saudita. - ~ O que Gabriel dizia para Maomé? r — Ele dizia que s6 existe um tnico Deus, todo-poderoso ¢ muito misericordioso. Ele dizia r que € preciso ser fiel palavra de Deus, e que é preciso acreditar em sua mensagem, que existe uma outra vida apés a morte, que o homem serd julgado segundo seus atos e que cada integrante da humanidade deverd dar seu testemunho sobre o que fez em vida, que os homens ons e justos serao recompensados com a ida ao paraiso, e que 0s outros, os maus, os hereges, ‘08 criminosos, serdo julgados e enviados ao inferno. Ele dizia que é preciso fazer o Bem e evitar © Mal, que é preciso ser sensato ¢ religioso, e que nao se deve adorar as pedras e acreditar que : existem outros deuses além de Deus. Mas nossa professora, que ¢ crista, nos ensina a mesma coisa! ~ Como eu disse, antes do aparecimento da religiéo de Maomé, havia duas outras religides: 0 judafsmo ¢ o cristianismo, Ambas adoram um tinico Deus. E possuem igualmente profetas: ‘Moisés © Jesus. Os judeus, os cristaos ¢ os mugulmanos devem formar uma "comuni- dade Unica com os religiosos”. O isla veio - juntar-se a essas duas religides que sao e chamadas “monoteistas” ou as religides do Livro. O livro dos Judeus é a Tord; 0 dos cris- 40s, a Biblia, 6 0 dos mugulmanos, 0 Coréo. JELLOUN, Tahar Ben. 0 Islamismo explicado as criancas. C Sto Paulo: Unesp, 2011. p. 18-19, 21-22. FLMC ka Devoto hindu faz suas oragdes no rio Ganges, na India, 2015. A pratica religiosa politeista hindu comporta uma intima relagao das pessoas com a natureza. Nao por acaso, 0 Hinduismo surgiu e se consolidou as margens do rio Ganges. Nessa tradicao religiosa, tudo © que existe tem sua fungao — até mesmo os residuos produzidos pelo ser humano e 0 esterco da vaca, animal sagrado para os hindus. A india, porém, deixou de ser uma sociedade agréria, tornando-se uma das economias que mais crescem no mundo. Com isso, aumen- tam também a produgo de residuos e a poluicdo. Os hindus sabem que a natureza esta sendo desrespeitada, e o Ganges, o rio sagrado, parece agonizar com tanto lixo e poluigao. Veja : Em que medida o desenvolvimento desenfreado da economia confl lita com experiéncia religiosa dos WMA) Neste capitulo vocé teve a oportunidade de conhecer experién- cias de algumas tradicées religiosas, refletir sobre elas e compreen- der sua relagao com a vida cotidiana de seus seguidores. Uma delas 6a experiéncia fraterna do amor. Porém, existe uma grande contradi¢ao entre o ideal de amor fraterno e a realidade. Atividades. Veja a imagem a seguir. * Considerando a charge, relacione o ideal de amor fraterno com a realidade brasileira FSSSKROSSSSSHESSSSSSCESESHSSOHHSSESSECSCESCSCSSCSES, do mistério © S S > = —o | =< EWEN Ran Ly rae tae aCe Rr Cue rc) CCRC Re oC Ce EINSTEIN apud MARTIN CLARET (ED.). © pensamento Proscar cee Gon ckee Lucid erie Indigenas da etnia Weujé ormamentam troncos de arvores para a ceriménia do Kuarup, que celebra a meméria dos mortos, no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso. Cosmogénico Relative cosmogo- nia, conjunto de teo- rias sobre @ origem e a fotmagio do mundo @ dos seres, presente os mites religiosos Mistério, mito e simbolo: o Universo e o Transcendente A palavra “mistério" tem origem na lingua grega, no termo mysterion, que etimologicamente significa "calarse, fechar os olhos" Relacionado a este se encontra o termo mystikés, que significa a pessoa que foi iniciada no mistério. Prescindindo de toda a discussao filoséfica e teolégica que permeou 0 uso dessa palavra ao longo da historia, podemos afirmar que mistério/mistico é uma experiéncia espiritual que envolve toda a existéncia do ser humano em sua relagéo com 0 Transcendente. A etimologia nos ajuda a entender que, diante de uma experiéncia mistica, algumas pessoas sao impactadas de tal maneira que nos resta fechar os olhos e nos calar. Por isso, para nossos estudos, vamos considerar que 0 mistério 6 0 campo oportuno para transpor nossos limites na busca pelo Transcendente. Cada experiéncia religiosa apresenta a seu modo a forma como nos relacionamos com o mistério. De maneira geral, ele 6 revelado Ou se torna compreensivel por meio dos simbolos e dos mitos. Os simbolos criados pelos seres humanos tornaram-se expres- sées de religiosidade, pois as palavras nao sao suficientes para des- crever 0 indescritivel, 0 mistério. Esses simbolos religiosos foram, continuam sendo, expressos em pinturas, construgoes, esculturas, tumulos, entre outras criagdes humanas Também nas tradigdes indigenas os mitos cosmogénicos mos- tram o mistério da origem e organizagao do mundo e seus diversos significados, cumprindo 0 papel de possibilitar 4s pessoas atingir uma compreensao geral do Universo. Em algumas tradigdes, as relagdes entre os seres humanos e os demais seres lespiritos, animais, elementos da natureza e divindades) séo sua prdpria esséncia e seu préprio mistério. Para alguns povos indigenas, 0 mistério sagrado é vivido de um modo que desfaz a ideia de que o ser humano é um estégio evoluido dos animais. 1. Elabore uma frase que sintetize o que vocé compreendeu sobre a relagao entre mito, simbolo e mistério. Ser humano, social e religioso No relato da criago das tradicbes religiosas judaica ¢ crista, o ser humano é visto como imagem e semelhanga de Deus. No Budismo, ele 6 uma forma de vida interdependente de outras formas de vida. Para os povos tupis-guaranis, 0 ser humano € composto dos elementos mineral, vegetal e animal e, por isso mesmo, também interdepende deles. No Candomblé, 0 ser humano 6 compreendido como descendente de um orixé, herdando dele suas caracteristicas, seus defeitos e suas qualidades. No entanto, para além do conceito de ser humano, as tradigdes religio- sas apresentam visdes de mundo € de sociedade muito diversas. Algumas, como a tradicao hindu, tem como fundamento a experiéncia mistica. 2. Explicite o papel do elemento religioso nas sociedades humanas. Mistério e misticismos Como vimos anteriormente, um dos modos de expressar o mistério 6 por meio da experiéncia mistica, aquela que acontece no intimo do ser humano quando ele se deixa impactar pelo Transcendente. A mistica hindu, por exemplo, 6 fundamentada na realizacdo espiritual plena e na comunhao do cosmos com a divindade. A mistica mugulmana baseia- -se na submissao e na busca de harmonia na relacao com Ald. A mistica judaica consiste na fidelidade ao Senhor e & sua lei. Na mistica crista, busca-se na vida de Jesus Cristo 0 exemplo para a propria vida Os misticos so pessoas que se encantam e ficam admiradas com a profundidade do mistério, ou seja, sao individuos que vivem do encon- {ro pessoal com oTranscendente. Eles experimentam o mistério no ‘axtase dos acontecimentos mais simples do cotidiano, por isso nao vivem alienados da realidade. Muitos deles, ao olharem para o mundo na perspectiva do Transcendente, mantém os pés no chéo e se engajam na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, que esteja mais de acordo com os principio divinos. A experiéncia mistica pode ser também compreendida como misti cismo. Para alguns tedlogos, o misticismo traduz essa relacdo profunda do ser humano com o mistério divino; para outros, porém, ele se fun- damenta numa relacdo magica e ingénua com oTranscendente, sendo considerado sindnimo de crendice, magia e superstigao. Na Comunidade de Taizé, na Franca, pessoas buscam uma experiéncia que Ihes dé forca € coragem no enfrentamento dos desafios cotidianos. Diferencie a experiéncia mistica do misticismo. As experiéncias do mistério sao tentativas de compreender a rela go do ser humano com o sagrado, seja ele transcendente, imanente ou transparente. Sempre que nos referimos a alguma divindade ou a algo sagrado, pensamos em transcendéncia. E 0 que sao imanéncia transparéncia no Ambito do mistério? Os trés termos dizem respeito a modos de experimentar o misté- rio, a divindade e 0 sagrado, sem se prender a imagens criadas pelas tradigdes religiosas e seus seguidores A transcendéncia possibilita uma experiéncia da divindade que ultrapassa todo 0 conhecimento e compreensao. Ela 6 0 mistério que supera qualquer experiéncia humana Aimanén¢ia 6 0 contrario, ou seja, é a realidade que ocupa um lugar sagrado. E a experiéncia da divindade como algo totalmente prdximo e presente na realidade da vida. Tudo é permeado desse mistério divino. Sob a otica da imanéncia, 0 sagrado esta em tudo, mas nao é tudo. Tudo o que é percebido pelos sentidos é dotado de sacralidade e mistério, e todos os seres devem ser auténomos e livres. Para que nao haja risco de a divindade ser excluida do mundo, posta em lugar a parte, na transcendéncia, ou confundida com as coi- sas do mundo, na imanéncia existe a experiéncia da transparéncia, que une as duas outras. Na transparéncia, a divindade esta dentro do mundo e 0 mundo esta dentro da divindade, sem excluséo nem confusdo. A divindade ¢ real e concreta, pois nao esta fora do mundo nem é limitada por ele. Para 0 tedlogo brasileiro Leonardo Boff (1938-), a definicéo de imanéncia, transparéncia e transcendéncia esta presente na fé crista, em que Jesus, um camponés e arteséo mediterraneo (imanente), viveu de tal modo (transparente) que nos permitiu vislumbrar Deus {transcendente). 4, De maneira sintética e com suas palavras, explique o que é transcendéncia, imanéncia e transparéncia. Conectado A magia pode ser considerada uma forma de misti- cismo. O Universo esta, nesta concepcao, repleto de forgas controlaveis por meio de invocages e ceriménias. Para os antigos mesopotamicos e egipcios, por exemplo, nao havia distingao entre magia e medicina. Os gregos a exercitavam em festividades e ceriménias religiosas, e durante 0 Império Romano foi registrado um grande numero de praticantes de magia. Na Idade Média, a Igreja Catdlica rejeitou a magia por julgar que ela se relacionava aos deménios. No Renascimento, as praticas de magia passaram a ser consideradas ocultismo e, por | © eirculo magico, de John isso, foram menos estigmatizadas, William Waterhouse, 1886. ik y Depois de estudarmos as linguagens do mistério, agora é a hora de vermos algumas experiéncias misticas presentes nas tradigdes religio- sas. No Budismo tibetano, a arte das mandalas é um instrumento para © crescimento espiritual e, a0 mesmo tempo, uma experiéncia mistica. aR URAC LNCCS Apalavra “mandala” vem do sanscrito e significa “circulo’ Esta claro que o significado transcende o da beleza estética: os circulos sao concéntricos e representam a interdependéncia. Além disso, simboli- zam a morada das divindades. As mandalas podem ser desenhadas e pintadas ou mesmo ela- boradas com areia de diversas tonalidades. No caso da mandala de areia, sua elaboracao é um profundo processo de meditagdo. Nesse processo sao lapidados 0 autacontrole, a har monia interior, a paciéncia e a determi- nagdo. Assim que é finalizada, apos alguns rituais, ela 6 destruida, e @ areia 6 langada nas éguas de um rio. Essa pratica destaca a impermanéncia de todas as coisas — como vimos, outro preceito budista. Veja um exemplo de mandala tibetana elaborada com aria colorida. _ istay/atoanfo™ Akar Kalacakra, mandala budista tibetana feita com areia. Kalacakra 6 um termo do sanscrito que significa “roda do tempo’ 1. Justifique por que a mandala é uma experiéncia mistica e espiritual do Budismo tibetano. A experiéncia mistica budista se da também pela pratica dos ensinamentos de Buda. Ainda hoje, o Zen-Budismo utiliza os koans, pequenas parébolas que sé0 como instrumentos para expandir 0 conhecimento dos conceitos budistas e provocar o encontro do ser humano com a prépria natureza. Leia a seguir um kan compilado pela monja zen-budista brasileira Coen Roshi. Uma xicara de cha Um mestre japonés d fessor universitario que v discurso sobre seus estud os grandes tratados bud © mestre zen, enqual a xicara de seu visitant borda O professor, vendo o conter @ disse: ~ Est4 muito cheio. Biografia Claudia Dias Baptista de Sousa, conhecida como monja Coen Roshi, nasceu em Sao Paulo em 1947. Durante a juventude, trabalhou como jornalista, mas, em 1970, mudou-se para Los Angeles, cidade dos Esta- dos Unidos onde iniciou seus estudos em pratica zen. Em 1983, entrou para o Mosteiro Feminino de Nagoia, Japo, onde se graduou como monja especial. Retornou a0 Brasil em 1995 e foi nomeada presidente da Federa- gdo das Seitas Budistas do Brasil. Atualmente, a monja dedica-se a participar de palestras, reunides e didlogos inter-religiosos, além de promover projetos de interesse ambiental e de paz. COEN ROSH! WZ, OE AVR ORCC Em algumas tradig6es religiosas, o mistério se expressa também por meio de textos considerados sagrados ou revelados para a tradi¢ao religiosa qual pertencem. E 0 caso do Cristianismo, do Judaismo e do Islamismo. Ocorre que, por vezes, hé distorgdes na interpretagao desses textos por parte de alguns seguidores, que nao levam em conside- fagao o carater histérico em que eles foram escritos nem percebem que sao fruto de uma cultura. Nesse caso, pode haver deturpagdo da Mensagem ou ela ser utilizada para manipular situacdes e pessoas. Na Tora, Deus diz a Moisés: 6 ‘Mas, se houver dano grave, entao dards vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé Por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe. Exodo 21,23-25 No Gordo, o profeta Maomé prescreve o que fazer com os infiéis: O crentes, combatei os vossos vizinhos incrédulos, para que sintam severidade em vos; sabei que Ald esta com os tementes. Surata 9,123, Na Biblia, Jesus afirma: Nao pensem que eu vim trazer paz & terra; eu nao vim trazer a paz, @ sim a espada. Mateus 10,34. * Aponte os perigos de uma leitura fundamentalista desses tre- chos dos livros sagrados. ‘neve Mangano RL a c a) Como vocé ja viu, uma das formas de se relacionar com o mistério é por meio da experiéncia mistica. No encontro com oTranscendente, os misticos deixam-se impactar espiritualmente por Ele. Em muitos casos, eles se engajam como voluntarios em projetos sociais, por exemplo. ‘A experiéncia mistica exige e proporciona, por meio da comunhao com oTranscendente, uma postura de abertura ao outro, muitas vezes desconhecido. Essa abertura frequentemente surpreende ou choca Veja o testemunho do jovem paranaense Thiago Stange Lopes, que, gracas 4 mistica crista, viveu uma experiéncia de voluntariado prestando atendimento médico a comunidades ribeirinhas do Amazonas. cr Jovem médico adventista realiza trabalho voluntario no Amazonas [Thiago Stange 6 um jover médico, formad pela Universidade Adventista Del Plata ha 2 anos, e decidu separa alguns dias do més dejulho deste ano [2016] para auder outas pessoas que necessitam de ampar [| Junto com outros voluntri da Universidade Adventista de Lome Linda, nos Estados Unidos, Thiago esteve envolvido no projeto Salva Vidas Amaz6nia. O programa |...) concen- ‘trou suas atividades préximo de Coari, municipio com aoroximadamente 67 mil habitantes. Para chegar & cidade, sdo necessarios mais de trés dias viajando em um barco, em um ‘rajeto de 460 qulometras desde Manaus. Tiago esteve por 13 das ne reizo, atando em foiras de said, consults mécicas e odontoléicas. "Este ere o trabalho: de vila em vila, fazendo feire da sade, realizando atendimento médico e brincando com as criangas' relata, Thiago ressalte a dificuldade de lidar com os tinos dferentes de doengas encontradas na regio. “Encontramos doencasinfecsiosas ‘tropicais, que s80 enfermidedes bem diferentes das que estamos acostumados a lidar no dia a cia aqui no Sudeste! constata ‘Segundo Thiago, @ érea da saiide facilita o trabalho missionério a ser desenwolvido. |...) ™“Existem pessoas muito carentes lé, que precisam de todo tipo de ajuda’ enfatiza (a ‘Aatuagdo dos voluntarios é de grande valia para as comunidades que recebem projetos ‘como este. Mas 0 impacto positivo da experiéncia também fica naqueles que trabalham. Apés duas experiéncias como missionério, o médico diz ter sentido Deus mais perto, através da naturezae das pessoas que o rodeavarn.[.} JOVEM médico adventista reaiiza trabalho voluntério no Amazonas. Noticias Adventistas, 8 set. 2015. Disponivel em: . Acesso em: 17 jan. 2018. E bastante comum, em praticantes de diferentes tradicdes reli- giosas, encontrarmos tragos de um misticismo compreendido como supersticao e magia. Na maioria dos casos, trata-se de um misticismo que pode se restringir ao imaginario da pessoa, como uma espécie de autodefesa contra os males do mundo. Ha pessoas que aderem ao misticismo sem compromisso com as verdades de uma tradic&o religiosa, Muitas vezes nem conhecem os rituais e simbolos religiosos e simplesmente imitam os outros ou repetem agdes sem penser no sentido do que usam ou fazem. Leia a reportagem a seguir. Se vooé acredita na sorte ou néo, todos nés parecemos fazer esses pequenos rituals para evitar © azar. Mas de onde eles vieram e por que as pessoas comegaram a fezé-los? (2) Os noivos nao podem se ver antes do casamento Ainda nao se sabe ao certo por que fazemos esse ritual h4 séculos, mas alguns acreditam que 0 inforttinio viria para 0 casal se um nolvo visse sua noiva no vestido antes do casamento. Outros acreditam que amaldicoa 0 casamento se o noivo vir a noiva antes da hora Outros acreditam que a superstigéo tem origens mais praticas: a tradig&o do dote. Historicamente, os pais ofereceriam dinheiro aos homens sob a forma de um "dote” em troca de se casar com suas filha O noivo ndo poderia ver sua noiva até chegar o grande dia, €@ tinica maneira de evitar que 0 homem fugisse ou mudasse de ideia era cobri-la com um véu que ndo fosse levantado até que os votos fossem trocados. Cruzar os dedos As hist6rias antigas ensinavam que cruzar os dedos espantava bruxas e espiitos malignos. Outra explicago retoma a época em que 0 Cristianismo era proibido. Cruzar os dedos pode ter sido um meio secreto para os cristaos se reconhecerem, { Hoje, é algo que fazemos quando desejamos que algo aconteca, ou quando | fazemos uma promessa que secretamente pretendemos quebrat. Cruzar 03 dedos Por tras |das costas] de alguma forma tira sua responsabilidade das coisas que vocé diz ou faz. Dizer “Deus te abencoe” quando alguém espirra Embora muitos de nés apenes digamos isso por hébito cultural, [é um costume que] pode ter sido popularizado pelo papa Gregério I (Gregorio Magno) Durante esse tempo, a praga estava varrendo toda a Europa. Uma vez que um dos primeiros sinais da peste era o espirro, o papa sugeriu que dizer “Deus te abengoe” depois que alguém espizrasse podenia proteger alguém da morte certa. fo] Bater na madeira A tradicao paga acreditava que as drvores eram casas de fadas e espiritos misticos que poderiam ajudé-lo se vocé pedisse algo. As pessoas diziam o desejo a uma érvore e, em seguida, tocavam a casca em agradecimento. Outras comunidades cristas sugerem que, ao tocar a madeira, vocé est tocando simbolica- mente a madeira da cruz sagrada. VIEIRA, Jo80 Pedro, 7 superstigdes em que ainds acreditamos e de onde elas vieram. ‘Segredos do Mundo. Disponivel em: . Acesso em: 14 jan. 2018. Explicite por que a superstigao e a crendice sao consideradas formas de misticismo. ad Superstigdes e crendices tornam a pessoa mais livre e auténoma? Esclareca o que vocé pensa sobre isso. 3. Em grupo, pesquisem a origem de outras supersticdes presentes no contexto em que vocés vivem. Depois, partilhem suas descobertas com a turma. go Didlogos Qual é a diferenca entre Astrologia e Astronomia? A Astrologia é o estudo dos astros e sua influéncia sobre o planeta Terra e as pessoas, inclusive sobre a perso- nalidade. € atualmente, para muitas pessoas, uma importante fonte de autoconheci- mento. Muitos acreditam que o mapa astral, por exemplo, pode revelar as principais caracteristicas do individuo com base na data e hora exatas de seu nascimento, Ja a Astronomia é uma ciéncia, um ramo da Fisica que se ocupa do estudo dos astros e seus movimentos no espago. £ importante observar, porém, que na Antiguidade as duas andaram de mos dadas. Na Babilnia, os sacerdotes comecaram a estu- dar sistematicamente os astros, pois entendiam que os deuses se comunicavam por meio dos movimentos dos planetas. Até a Idade Média, médicos acreditavam que a posicao da Lua determinava os melhores ou piores dias para a realizacdo das cirurgias. Galileu fazia horéscopos. Foi com 0 surgimento da ciéncia moderna que ocorreu a distingao entre Astronomia ¢ Astrologia 0 0 LAI Terreiro de Candomblé Josozinho da Gomeia. Foto de Pierre Verger, 1946. ! perseguigées e viol A tendéncia em algumas sociedades de atribuir a tradicdes cul turais € religiosas julzo de valor, considerando-as inferiores ou menos importantes, é uma viséo de mundo que dilacera as relagdes com 0 outro em suas diferencas. Tais julzos de valor surgem quando néo se 6 capaz de aceitar a diversidade. De modo pejorativo e desrespeitoso, termos como “arcaicas” e “primitivas” so utilizados por algumas pessoas para descrever tradigdes diferentes das suas. Esse tipo de postura, muitas vezes fundamentado no preconceito, provoca perseguigées, violéncia e intolerancia, como a série de ataques que os terreiros de tradigdes religiosas africanas vém sofrendo. Argumente: o que podemos fazer para que as pessoas valorizem ! © patriménio religioso das diferentes tradi¢des e acabem com as \cias? do conhecimento Como vocé péde perceber no estudo deste capitulo, existem mui- tas faces do mistério, desde a Antiguidade até o tempo presente. Por trés dessas miltiplas faces e linguagens, esto visoes de mundo, bem como concepgées antropoldgicas e cosmolégicas. Por meio das linguagens do mistério, o ser humano pode ter uma percepgao mais real de si, do outro e do Transcendente. x Atividades 1, Retina-se com um colega e conversem sobre os conceitos abaixo. Em seguida, relacionem os conceitos as definigées. A | Mistica. B | Misticismo. | ¢ | imanéncia. D | Transcendéncia Atitude espiritual, intima e intuitiva, Experiéncia que acontece no que procura alcancar forgas © entes intimo do ser hurnano quando sobrenaturais por meio da medita- ele se deixa impactar espiri- cdo, da prece, da contemplagao e do tualmente pelo Transcendente, éxtase. Para alguns, fundamenta-se trazendo consequéncias para numa relagéo magica e ingénua com a vida concreta. Transcendente, sendo considerado sind- imo de crendice, magia e supersticao. Dimensao simbdlica que pos- sibilita a experiéncia da divin- Viséo de mundo que considera que dade como aquela que ultra- Deus esta dentro do mundo e o mundo passa todo o conhecimento esté dentro de Deus. compreenséo. 2, Em sua opinigo, 0 Transcendente pode ser percebido em quais momentos e situagées cotidianas? € Morte Vida Steerer tris nobre para o espirito: sofrer os dardos e setas de um ultrajante fado, ou tomar armas contra Ree Ce ieee iM SE Oa eee C2. ee ey io de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. v. |. p. 568. WO NSEM Ieee Entre uma vida e outra Cada tradi¢ao religiosa tem as préprias explicagdes para a morte e para a vida apds a morte, bem como rituais especificos para essa realidade. O ponto que pode ser considerado comum entre elas é€ a compreensdo da morte como um momento de passagem. Conceitos como os de céu, inferno, salvagao, ressurreicdo, reencarnagao, sam- sara, darma, carma, ancestralidade, libertacéo e redencao esto, pois, ligados a essa concepgao de “passagem” ou seja, de transitoriedade @ impermanéncia. Trata-se de uma consciéncia de que tudo passa, muda e se transforma Entre os conceitos de vida apés a morte, vale ressaltar a ressur- reigdo, a reencarnacao e a ancestralidade. A ressurreigdo é a crenca na vida eterna, sendo a morte uma passagem. O ser humano passa a viver uma nova vida em Deus. A ancestralidade é a crenca de que os espiritos dos antepassados, depois da morte, continuam presentes na vida familiar e tribal, garantindo orientagao e protegdo. A reencamagao 6 a crenga de que a pessoa possui um espirito que, apés a morte do corpo, continuara sua jornada até renascer novamente em outro corpo. Hé pessoas, porém, chamadas nillistas, que acreditam que apés a morte nao existe nada. Niilismo quer dizer negagao. Geralmente, 3 se elas néo seguem nenhuma tra- digo religiosa e creem que, ao morrer, 0 ser humano finda sua vida para sempre. Nao ha nada apés a morte. No Mexico, hé um costume curioso de homenagem aos mortos. A tradigao, de origem indigena, envolve musica, danca, roupas coloridas, mascaras © altares com imagens de caveiras decoradas. E uma celebracao no Dia de Finados conhecida como a Festa dos Mortos. \Vamos aprofundar nosso conhecimento acerca desses e de outros conceitos em cada uma das tradigées religiosas a seguir. Hinduismo O Hinduismo possui distintas correntes, mas todas tém em comum a crenga de que a vida € parte de um ciclo eterno de nasci- mentos, mortes e renascimentos. Nessa tradigao religiosa, o objetivo maior 6 libertarse do samsara, ou seja, 0 ciclo de reencarnagées. O hindu precisa ter um comportamento reto, de justica, o darma, para chegar a moksha, que é a libertacdo desse ciclo de vida e morte, ‘© encontro com o Transcendente. Acoes boas darao frutos de recompensas, e agdes mas darao fru- tos de punigdes em outras reencarnagoes. Essa 6 a lei do carma, um sistema de causa e efeito que pode ter a duracao de muitas vidas até que o aprendizado nessas experiéncias liberte a alma do ciclo de vida e morte. Existem muitos tipos de céu e inferno na tradigao hindu, e geralmente a permanéncia da alma nesses lugares é temporaria. O ritual funebre hindu é bastante simples. Consiste na crema- 40 do corpo em uma pira. Apés 0 rito da cremagao, ao retornarem para casa, os membros da familia tomam banho. Eles ficam em casa de sete a 40 dias, sem frequentar lugares ptiblicos. Nesse tempo, fazem oragées, ingerem alimentos leves e livram-se dos pertences do morto. Depois de dois dias, as cinzas séo recolhidas e langadas em um tio. 1, Explique a concepgao de vida e de morte da tradigao religiosa hindu. Carma ‘Ago ou trabalho que exprime as consequén- cias das coisas feitas pelo ser humano no passado e que deter- ‘minam 0 que vai acon- ‘ecer com ele, Os hindus compreendem a existéncia humana como um ciclo de aprendizado. Nascemos, vivernos, morremos e nascemos novamente, e assim por diante. Vida, morte e reencarnacdo sao fases de um ciclo. Para algumas tradicdes, como vimos, a reencarnacao nado se limita necessariamente ao reino humano: podemos renascer também em outras formas, ou seja, fazer a transmigracdo. A transmigragao diz respeito a reencarnacao da alma no reino dos animais e mesmo no das plantas, para sofrer e satisfazer seus desejos inferiores. Apés se purificar, a alma volta a reencarnar em um corpo humano. Sepultamento ef judeu, no Monte dé n cemitério Candomblé No Candombié existe o culto aos ancestrais. A morte é uma passagem para outre dimensao, em que 0 espirito do falecido per manecerd junto com outros espiritos e orixas. E um processo natural, em que o nascimento de uma crianga € 0 retorno de um ancestral, numa visdo de continuidade da vida, desde a criacao do primeiro ser. Assim, por meio de rituais, lembrancas, homenagens etc., aqueles que ja morreram continuam presentes na existéncia dos que ainda vivemn. Essa crenga fundamenta a ética de valorizagao e cuidado da vida. Antes do pér do sol, é realizado o ritual! do arremate. No ultimo dia, canta-se louvando os orixds e realizam-se os ebés, as ofe- rendas, abrindo novamente a casa e chamando os participantes e todas as divindades para 0 terreiro. O morto ¢ homenageado com comidas, bebidas, cantos e dangas, pois a morte nao 6 0 fim, ape- nas um recomego Religides monoteistas As grandes tradices religiosas monoteistas — Judaismo, Cristianismo e Islamismo ~ nao acreditam no retorno da alma, na reencarnacao ou na transmigragao, como as demais religides orientais, indigenas e de matriz africana. Elas creem na ressurreigo da Unica e mesma vida, sendo a morte uma passagem para a vida eterna Com algumas nuances diferentes, mas dentro da mesma légica, as trés tradigoes monoteistas acreditam ge Olveras, na existéncia do céu e do inferno como salvacao e con- ‘em Jerusalém, Israel. denacao, recompensa ou punicao. Para os judeus, a morte faz parte da vida. Quando 0 judeu morre e retorna ao pé, Deus leva para si seu espirito e seu hélito (sua alma). Os judeus depositam sua esperanca no fato de que 0 Todo-Poderoso salvara a humanidade e a criagdo por intermediagdo de seu povo. Eles acreditam na ressurreicéo dos mortos, uma ressut- reigao corporal apds 0 julgamento no fim do mundo. O Judaismo se empenha para educar seus fiéis a compor tarse corretamente e a esperar de Deus uma resposta com um mundo mais parecido com o Jardim do Eden, o paraiso perdido pela arrogancia do pecado. Cemitério cristo na Inglaterra Cute Patt neta aps Os cristaos apoiam sua fé na ressurreic¢do de Jesus. Eles tém a esperanca de que vencerao a morte, ressuscitaréo em Jesus Cristo e viverao eter namente. Essa esperanca os impulsiona a viver da solidariedade e da busca pela justiga, antecipando o Reino de Deus, que sera pleno apenas no final dos tempos, no paraiso, quando nao haveré mais sofri- mento e morte. Para os cristaos, 0 inferno 6 um estado de auséncia de Deus. Também no Islamismo a morte é considerada uma passagem para a vida eterna. Assim como os cristos @ 0 judeus, os muculmanos acreditam na ressurrei¢ao dos mortos. Além disso, creem que existe uma relagdo entre o que a pessoa faz neste mundo e 0 que acontece apés @ morte. A eteridade serd de recompensa ou de condenacao, dependendo da conduta de cada um. Crer na vida apés a morte deve instigar cada muculmano a seguir as leis que estdo em seu livro sagrado, o Coro. O ritual funebre deve ser rapido. O corpo é preparado em varios banhos de purificacdo, com gua e perfumes, e enrolado em faixas de tecido. Depois, é levado em cortejo até 0 cemitério mugulmano e enterrado ~ nao cremado. Cemitério islamico no Cairo, Egito. 2. Diferencie a doutrina da ressurreigao da doutrina reencarnacionista, diante da compreensao da morte e do pés-morte, e estabeleca as principais diferencas e semelhancas entre elas. Q Didlogos Ha indmeros escritores brasileiros que abordaram o tema da morte, como o parai- bano Augusto dos Anjos (1884-1914), conhecido como Poeta da Morte, em poemas como “Psicologia de um vencido” e “Versos intimos". Joao Cabral de Melo Neto (1920-1999), escritor pernambucano, retratou no livro Morte e vida severina a saga de um retirante nordestino que sai do sertéo em direcao ao Sudeste do Brasil para buscar melhores condigdes de vida Arte que encanta Virgilio Posta romano que vi- + veu no ano | aC. e foi trensformado em p ‘sonagem na obra de Dante Alighieri. A viséo ocidental de céu ¢ inferno foi fortemente marcada pela concepcao e pratica cristas da Idade Média. Nesse periodo, a preo- cupacao com o que aconteceria apés a morte era uma realidade que guiava a sociedade. O Cristianismo apresentava uma visao dualista de toda a realidade: corpo e alma, bem e mal, Deus e diabo, cristaos @ pagdos e assim por diante. Essa visdo dualista foi superada no fim da Idade Média gracas ao pensamento do tedlogo italiano Tomas de Aquino (1225-1274). Segundo esse pensador cristao, nao existe alma sem corpo e corpo sem alma, ou seja, a vida € una e integral. © que se entendia como céu estaria localizado no alto, como lugar do Transcendente, morada de Deus, para onde iam todos os justos. Deus era representado como um monarca, um rei idoso, sdbio e poderoso que, sentado no trono e com um cetro nas maos, enviava anjos para orientar as pessoas, advertindo-as para se afasta- rem dos prazeres do mundo material, arrependerem-se dos pecados cometidos e se converterem. Os artistas desse periodo, influenciados por essa viséo, repro- duziam-na em suas obras. A arte medieval retratava fartamente essa concepgao, como se pode ver em trabalhos de literatura, pintura, escultura e arquitetura. Leia um trecho da obra literdria A divina comédia, do escritor italiano Dante Alighieri (1265-1321), sobre o inferno. Acompanhado do poeta Virgilio pelos caminhos do Paraiso até 0 Inferno, Dante 16 gravadas nas portas do Inferno: io foi coisa jamais etema, ¢, etema, duro. ranga, vos que entrais.” 1. Belo Horizonte: Itatiaia; ide de Sao Paulo, 1976. p. 97. ‘Ginaesotoes GF Transcreva versos da obra de Dante que explicitam o inferno como lugar. A palavra “inferno” vem do latim infernus e significa “o que esta abaixo, inferior’ Ou seja, se 0 paraiso - ou céu - esta no alto, o inferno diz respeito ao mundo inferior, localizado, de maneira figurativa, embaixo da terra, no subterraneo. Na viséo medieval, todos os que tivessem uma vida desregrada e pecaminosa, e nao se arrependessem, eram condenados ao castigo eterno, a habitacdo do mal, ao fogo ardente do inferno, lugar de dores e sofrimentos. Essa imagem do inferno tam- bém foi reforcada pelas artes na Idade Média. Veja a pintura de Sandro Botticelli (1445-1510) retratando o Inferno de Dante Alighieri | i Aobra Dante, de Sandro Botticelli, de 1480, esta na Biblioteca Apostélica do Vaticano. Descreva 0 que vocé vé na representacao de inferno de Botticelli Os povos € 0 Sagrado Uma prética religiosa de relevancia em relagao & compreensao da vida apos a morte é a doutrina espirita. Trata-se de uma visao reen- carnacionista, baseada em estudos dos escritos do professor francés Allan Kardec, que viveu no século XIX. O Espiritismo 6 uma doutrina que também considera a existéncia de um Gnico Deus, pai da humanidade Ela difere das demais tradicbes justamente pela crenga na carnacao do espirito. Leia a seguir um trecho da obra O Ii Allan Kardec. 0 _ 0 Espirito, devendo passar por varias encaracdes, disso resulta que todos tivem _ existéncias e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeigaadas, seja sobt _ seja em outros mundos. rosrurmecn ni _— A encarnagao dos Espiritos ocorre sempre na espécie human acreditar que a alma ou Espirito possa se encamar no corpo de animal. ia um erro As diferentes existéncias corporais do Espirito so sempre progressivas e jamais retrogradas; mas a rapidez do progresso depende dos esforgos que fazemos para chegar a pertei ao. As qualidades da alma séo as do Espirito encarnado em nés; assim, o homem de bem é a encarnagao do bom Espitito, e 0 homem perverso, a de um Espirito impuro. KARDEC, Allan. O livro dos espiritos. Araras: IDE, 2008. p. 16-17, * Com base no texto, explique a concepgdo de vida pos-morte da tradicao espirita. 0 cuidado coy, Ae I ") Depois da morte de alguém préximo, o ser humano vive a expe- riéncia do luto. O luto é um processo marcado por sentimentos e emog6es ao mesmo tempo intensos e exclusivos daquele momento negacéo, angustia, tristeza, raiva, saudade e esperanca O tempo de duragao e a intensidade desses sentimentos variam de pessoa para pessoa e dependem de sua fé e de suas crencas, religiosas ou nao. Veja como Renata Cordeiro Guerra transformou o luto pela morte do filho de 13 anos em luta pelo bem dos outros, Ela fundou 0 Instituto Todos Com Felipe, uma organizagao ndo governa- mental (ONG) de assisténcia a criangas e adolescentes carentes com algum tipo de enfermidade, sobretudo céncer. Quando a dor vira amor: Todos Com Felipe Fra 2005 quando Renata descabriv quo seu filo Felipe, de pens 4 anos, tha um tumor cerebral. Foram anos de muito tratomento, muita quimioterapia, muta rodioterapia, cirurics.. Noturalmente, a empreséria carioca acabou se envolvendo por inteiro com essa realidade e com as muifes criancas que fazem porte dela, A dor, para Renato, se fortifcava em forma de amor. E isso s6 aumentou quando, em 2014, Felipe, aos 13 anos, folecou HG formas ¢ formas de lidar com o dor. Em vez de nao aceitar 0 ‘que finha acontecido, ela reuniu forcase criou o Instituto Todos Com Felipe, para auxlar e estar pero de criancas com enfermidades, ‘especialmente com cancer. Renata percebeu que a cago de um Insituto poderiaservir Para amigos ¢ parents que finham a intengio de ojudar, mas no sabi ao certo como. Em setembro deste ano [2014], por exemplo, nis gus is de radiovnds de A, ress sessilis doen. @ tip © ot, equ consi a brinquedotect ANY Felipe Cordeiro Guerra Nigi, @ do Loreto, que fica na tha do je + By Governador e é referéncia no @ eli roe amt fone de ciawesecdoesenies Ff om bio leprino efisura labiopoa to. la diz que sue exprinca no hospital, enquont esperava para ser otendida, mostrava-the uma reolidade inaceitivel: “Enquanto os anes esperavam pela const, brinavam na lana Hoje, 0 espac0 ‘em 100 metros quadrados e aende 300 rans, Ela sabe bem que hospitas, em geal im uma energic muito pesoda e que um tobuleiro 1 um bombo podem dear to muito mask ah ‘no Hospital Nossa Senhora <@ * Ge QUANDO a dor vira amor: Todos Com Felipe. Carioca DNA, 23 nov. 2014. Disponivel em: , Acesso em: 7 jan. 2018 Outros olhares No Budismo, 0 conceito de impermanéncia 6 essencial: nada 6 permanente ao longo do tempo. A consciéncia da impermanéncia do mundo permite ao ser humano se libertar de apegos e, consequente- mente, de sofrimentos, uma vez que 0 apego e a perda Ihe causam dor. Nessa tradico, a nogéo da impermanéncia das coisas permite um olhar diferenciado sobre 0 episddio da morte. Ja que na morte as coisas da vida atual ficam para tras, ndo se apegar a elas equivale a nao sofrer. Nessa tradigao existem diversos rituais funerarios Flores vo junto ao corpo dentro do caixao, e sobre uma mesa coloca-se uma tigela com arroz cozido, agua, um vaso de flor, velas e incenso, para que nada falte ao morto. No Brasil, a familia do falecido se retine no 49° dia para celebrar sua memédria. Algumas tradigoes fazem reunides ‘em intervalos de sete dias, até a Ultima, no 49° dia Leia um trecho da entrevista concedida por Bel Cesar, psicdloga cli- nica com formagao em musicoterapia no Instituto Orff, em Salzburgo, Austria. Ela fala de vida e morte, de acordo com sua fé budista. Qual é a viséo do Budismo sobre a morte? [Bel Cesar:] A morte néo é compreendida como um evento isolado, mas como uma mudanga de um ciclo infindavel de mudangas. Ela é uma realidade natural, uma oportunidade muito especial de transformarmos nossa mente confusa num estado mental de profunda paz. Nesse sentido, a morte nao é vista como algo mérbido e temido, mas como uma bela oportunidade de crescimento espiritual ‘A passagem de um ciclo a outro € conhecida pelo termo tibetano bardo: um intervalo tem- poral e intermediario marcado por um inicio e um fim definido, basicamente entre o falecimento 0 proximo renascimento. Bardo significa “entre” (“entre a vida e a morte”, “entre dormir e acordar"). Aprender a identificar os estados mentais que ocorrem durente o bardo da vida nos ajuda a diminuir a sensacdo de estranheza e mistério que em eral temos a respeito do que ocorre quando morremos, pois, nesse sentido, 0 estado pés-morte nada mais é do que uma intensificagao do que passamos em vida. Na morte “o corpo e a mente grosseir0s” irdo se separar, mas a “mente sutil” segue © seu proceso continuo - 0 problema néo esta em morrer, mas em saber direcionar a mente para um estado de continui- ade positivo para o futuro renascimento. Assim, o Budismo nos ensina a incluir a morte na vida: reconhecermos a natu- eza ciclica e continua da existéncia de todos os fendmenos Ou seja, ao abandonar a falsa sensagéo de permanéncia baseada no principio de que “vou morrer um Gia, mas nao agora”, cultivamos uma sensagao de urgéncia criativa, um profundo senso de responsabilidade e autoprotegao diante da preciosa oportunidade de estarmos vivos e conscientes. Em outras palavras, a vida presente passa a ter um sentido mais amplo, pois néo termina em si mesma. MACIEL, Mariane. © luto no Budismo. Vamos falar sobre o luto?, Sao Paulo, 9 jan. 2016. Disponivel em: . Acesso em: 11 jan. 2018. Identifique no texto e registre expressées que indicam a concepgao de morte para os budistas. Explicite em que sentido pensar na morte pode nos ajudar a viver melhor. Saiba WaiS Acciéncia sempre viu a morte como o fim de qualquer forma de vida, quando todas as fungdes vitais so completamente interrom- pidas, por causas naturais ou nao. Existe a morte clinica, quando cessam os batimentos cardiacos, e a morte cerebral, quando as oélu- las nervosas comegam a morrer até que as fungées do cérebro chegam ao fim Pesquisas recentes vém tentando encontrar provas cientificas de que ha vide apés a morte. Uma dessas pesquisas, realizada por uma universidade da Inglaterra, descobriu que existe um estado de consciéncia apés cessarem as fungées do cére- bro. A pesquisa foi elaborada com base em 2 mil casos de pacientes que sofreram parada cardiaca. Mais de 800 pessoas que sobreviveram disseram ter vivenciado alguma consciéncia entre a morte clinica e 0 recomeco dos batimentos cardiacos Refletir sobre o sentido da vida e da morte na sociedade contem- pordanea nos leva inevitavelmente a pensar sobre a banalizacao da vida ea luta pela sobrevivéncia. Em nosso pais, observamos graus extremos dessa banalizacao, em diferentes circunstancias: no descuido com a satide publica e com © saneamento basico, na falta de moradia para pessoas de baixa renda, na violéncia em todas as suas formas, na superlotagao dos presidios, na poluigao do meio ambiente. Observe a imagem. TEU PF) FN E eR Grande concentracéo de poluentes nas Aguas do rio Tieté em Pirapora ! Qual é a primeira sen: do Bom Jesus, cidade do interior ver essa imagem? de Séo Paulo, em 2018. Neste capitulo, vocé foi instigado a conhecer como tradigées reli- giosas lidam com a vida e a morte. Além disso, pdde refletir sobre a realidade atual, 0 significado da experiéncia da morte hoje em dia e as perspectivas de nossa sociedade nesse campo da vida humana. Por que sera que, na atualidade, ao mesmo tempo em que o ser humano aspira a imortalidade e a longevidade, paradoxalmente pre- senciamos vida e morte serem banalizadas? Atividades. 1, Leia 0 trecho de uma entrevista de Leonardo Boff. a) Interprete a afirmacao do tedlogo: "Para os modernos, vitimas da cultura materialista e consumista do capital, a morte significa a maior desgraca” € justifique por que @ morte é vista assim. b) Acreditar que tudo termina nesta vida ndo é motivo para nao lutarmos por um mundo melhor. Explicite por qué. 2. Converse com um colega sobre a realidade sua volta. Comentem trés situacdes em que ocorre a banalizagao da vida. 3. Volte as questées da pagina 33. Vocé mudou seu ponto de vista? Conte para os colegas. BanalizaGa@o da vida Vocé sabe o que é uma charge? Charge € um género textual utilizado para denunciar, em geral com humor, as mais diversas situagoes do contexto politico, social, religioso e cultural. Mas néo pense que é somente uma ilustragao diver tida e engracada; a charge é bem mais que isso. Com texto ¢ ilustragdo ou apenas ilustragdo, é um excelente instrumento para criticar, com uma pitada de ironia e de forma assertiva, os problemas que permeiam e afligem a sociedede. 1. O que faz as ilustracées abaixo serem consideradas charges? Converse com a turma. ae To pnsande em camecar de de ave Agora, em duplas, vocés vo produzir uma charge com o tema “Banalizagdo da vida” Primeiro passo: o desenho Nao é necessario ser um grande desenhista, e sim praticar. Entéo, em uma folha a parte, criem alguns desenhos. eneaneaSaesne Segundo passo: a criatividade E preciso surpreender o leitor. Para isso, leiam e pesquisem sobre o assunto. Analisem em bons sites de noticias as varias situagdes de banalizagao da vida no mundo atual, nas varias 4reas sociais. Vocés devem reproduzir a informagao de uma maneira que instigue o leitor a pensar, a interpreta-la de modo dife- rente do que ele leria ou veria nos noticiarios. Partilhem com a turma o que foi lido e pesquisado, com orientacdo do professor. Essa troca de informagdes com os colegas vai aprofundar seus conhecimentos e favo- recer a produgao da charge. Para se inspirar, conhecam alguns exemplos de charge que se relacionam com problemas sociais, religio- sos @ politicos. € fundamental que a charge tenha humor, pois é isso que torna inesperada a abordagem do tema. Terceiro passo: a producado Agora é hora de pér a mao na massa. Para tanto, utilizem lapis, borracha e fagam uma prévia de sua charge. Pensem na imagem, nos personagens e no texto. Quarto passo: a exposi¢ao Vocés vao reproduzir e finalizar a charge em uma cartolina. O professor orga- nizara uma exposigao dos trabalhos, mas, antes, vocés devem apresentar para a turma uma breve explicagao sobre sua producao. Balango final eo Ne ete Cen gol een eRe Ee ra orem MMC Klute raonr Es * Vocés consideram que as charges produzidas transmitem uma mensa- Renee nee CRC rkce acs Seca eis Meco ect RCo Oe en eee RCT 48 Vocé expandiu seus conhecimentos, aprendizagens e saberes durante todo 0 desenvolvimento do médulo. Revise os temas trabalhados: experiéncias religiosas; linguagens do mistério; vida e morte. Agora, imagine que vocé e um colega foram convidados a assumir a fun- cdo de roteiristas de um filme. A missdo de vocés sera escrever um roteiro sobre os temas deste médulo. Por onde vocés comegariam? Qual seria 0 titulo do filme? Quais seriam os personagens? Qual seria a sinopse do filme? Que problemas e questées vocés abordariam? Como seria finelizado? Qual seria a melhor linguagem a ser utilizada? Utilizem as linhas para registrar algumas ideias. Depois finalizem o roteiro no caderno. a Mohamed, um menino afegao, de Fernando Vaz. So Paulo: FTD, 2002. < © texto narra o caminho que um garoto faz de Cabul, capital do Afeganis- +80, a Peshawar, no Paquistao. Em busca do pai, desaparecido na guerra, 0 garoto conta apenas com a companhia de Jahad. A narrative apresenta-nos o quase desconhecido cenario afe- g80, com sua gente, os valores islamicos e a viséo de um menino que luta para sobreviver e compreender a irracionalidade da guerra 0 Sagrado no Oriente € ne Ocidente Sumario Capitulo oO Projetos de valores, 50 Construindo saberes: Principios ético-religiosos, 52 Arte que encanta: My other self, de Cecilia Paredes; © oragao Metta Bhavana, 58 Os povos e 0 sagrado: A divina arte de viver, de Baha'u'llah e Abdu'l-Baha, 60 O cuidado com o mundo: Satish Kumar, 61 Outros olhares: Lideres de todas as religiées do mundo fazem campanha por “uniao", 62 Além da imagem, 64 Teia do conhecimento, 65 Capttulo @ © corpo.em transformagao, 66 Construindo saberes: O culto ao corpo, 68 Arte que encanta: Sadhu e poema 41, de Kabir, 72 Os povos e 0 sagrado: Mito da etnia Tariana e Genesis, Tord, 74 O cuidado com 0 mundo: Nick Vujicic, 75 Outros olhares: Religido do corpo, 76 Além da imagem, 78 Teia do conhecimento, 79 Capttulo «) A experiéncia de sagrado na arte e na vida, 80 Construindo saberes: Arte e religido, 82 Arte que encanta: Mosaico Cristo Pantocrator e hino Castelo forte, de Martinho Lutero, 86 Os povos e 0 sagrado: Exodo, Tora, 88 © cuidado com 0 mundo: Fiorella Solares, 89 Outros olhares: A tecnologia a servico dos figis, 90 Além da imagem, 92 Teia do conhecimento, 93 Espago da... musica: Autobiografia musical e experiéncia sensorial, 94 O que aprendi, 96 Para acessar, 96 CAPITULO [PERRET E DER CU ERC COR UCR Een eis NCSL eM uncer Se Vés estais satisfeito comigo, entao, CDC oO Rucci Cle ry Ca , e e e ry « PN aa ee Cy Raat ey an i in , ©) Novos horizontes Ea UNMASK Principios ético-religiosos Nos dias atuais, cada vez mais somos levados a conhecer a plura- lidade e a diversidade de culturas e religides que existem no mundo. Mas para que esse conhecimento ultrapasse 0 campo da informagao e nos leve a mergulhar no mundo do outro, com todas as suas dife- rengas, precisamos nos abrir a novas realidades. Vamos conhecer um pouco mais as diferentes tradic6es religiosas ocidentais e orientais e seus principios éticos, neste espirito de abertura e acolhida Consideramos religides ocidentais es religises monoteistas abraamicas, ou seja, aquelas que tiveram origem com Abraao e aca- tam a existéncia de um Deus Unico: 0 Judatsmo, 0 Cristianismo e 0 Islamismo. O Judaismo foi a primeira grande religiao monoteista do mundo, 0 Cristianismo teve origem no Judaismo, ¢ o Islamismo, que também bebeu da fonte do Judafsmo e do Cristianismo, surgiu na Arabia Saudita, por volta do século Vil, com o profeta Maomé. Essas religides acreditam que no fim dos tempos haveré um julgamento em que os que amaram a Deus serdo salvos ¢ se unirdo a Ele. As religides orientais tem maior relacéo com os paises do Extremo Oriente, da Asia central, do Oriente Médio, alguns paises da Africa ea India Um ponto muito importante 6 0 fato de as religides orientais normal- mente seguirem uma linha panteista, que identifica 0 divino como uma forga impessoal que permeia tudo e todos Algumas religides séo politeistas, cultuando diversos deuses, como 0 Hinduismo e as de tradi¢do africana Outras ndo tém um culto especifico a deuses, como o Budismo. Em algumas religides do Oriente, existe a visdo ciclica da histéria, que nao cré em um fim dos tempos, mas em um ciclo Imagem de Buda ¢ monges budistas em templo de tempo que teiming 6 recomega, de Bangcoc, na Tailandia infinitamente. O carter panteista, por exemplo, requer que a relagéo com o Transcendente seja compreendida de outra forma nas religiées orien- tais, as quais séo norteadas por aspectos da natureza e envolvem culturas, tradigdes e experiéncias diferentes daquelas identificades nas religiées monoteistas. No monoteismo ocidental hé a crenga no Transcendente que se revela e tem com o ser humano e com os povos uma relagao de proximidade profundamente pessoal; nas visoes pan- teistas, essa forga suprema esta presente em todas as coisas, como algo imanente. De todo modo, as tradigdes religiosas apresentam caminhos dife- rentes que conduzem a um mesmo fim: a busca humana pela cons- trugao de um sentido para a vida € a morte. Segundo 0 tedlogo brasileiro Marcial Maganeiro, a religido insere © ser humano em sua relacdo com 0 Universo. samme (...] (sol, a lua e os planetas; as florestas, cavernas e montanhas; 0 voo da aguia ea brandura do cordeiro; a semeadura e a colheita; o pao, o vinho € 0 mel, 0 dleo eo fogo que crepita: tudo isso é sagrado aos olhos do Homo religiosus, porque tudo isso sustenta a vida presente e futura. MACANEIRO, Marcial. As sete tarefas ecolégicas das religides. Ciberteologia ~ Revista de Teologia & Cultura, ano V, n. 21, p. 44, jan./fev. 2009. Disponivel em: . Acesso em: 10 jan. 2018. Dessa comunhdo intrinseca entre divindade, humanidade e natu- reza nasceram os valores que guiam e iluminam toda a existéncia do ser humano, assim como os principios éticos que contribuem para 0 cuidado e a preservagao da vida. Olhando para nossa realidade atual, percebemos a importancia fun- damental das tradic6es religiosas no cultivo de valores que possibilitam a convivéncia, 0 respeito, a solidariedade e a valorizacao das diferencas A propria diversidade religiosa existente no mundo nos leva a reconhe- cer € a aceitar 0 outro em suas diferengas em relacdo @ nds. Os princfpios éticos propostos pelas tradigées religiosas ensinam cada pessoa a acolher e a respeitar as diferencas. Elas nao s4o obstacu- los: s4o pontes que nos levam ao encontro do outro. Em sua esséncia, todas as tradigées religiosas tém valores que contribuem para a cons- trucdo dessas pontes. Nesse sentido, os principios éticos das tradigdes religiosas nao podem ter como guia a l6gica individualista do "eu vivo, se te derroto’ mas o horizonte comunitério do “eu vivo, se tu vives’ como afirma o tedlogo alemao Franz Hinkelammert (1931+) 1, Argumente como as tradigdes religiosas podem contribuir para a formacéio de individuos mais conectados consigo mesmos, com 0 outro @ com 0 Universo. 2. Analise com um colega 0 principio do “eu vivo, se tu vives’ do tedlogo Franz Hinkelammert, e registrem suas reflexdes. ttle con Casal indiano recebe as béngaos em ceriménia de casamento hindu. Estétua da deusa hindu Sarasvati Tradig6es religiosas das mais diversas origens tém principios comuns, mas podem seguir principios préprios que norteiam o cui- dado e a preservagao da vida. Vejamos alguns valores cultivados em diferentes religises. Hinduismo O Hinduismo é a terceira maior religiao do mundo, sendo a mais praticada na india, no Nepal e no Sri Lanka. Essa tradicao 6 uma expres- so de diversidade: conta com uma grande quentidade de deuses e deusas, uma multiplicidade de cultos e rituais, uma grande variedade de crengas, além das diferentes vertentes que a constituem. Por essa raz80, os hindus seguem principios como a abertura e a acolhida a outras tradig6es religiosas e também a valorizagao do diferente. Além disso, assim como no Jainismo € no Budismo, 0 Hindufsmo cultiva 0 principio ético da nao violéncia chamado ahimsa. Esse prin- cipio tem como finalidade no causar o sofrimento a outros seres, incluindo pessoas, animais plantas. Por meio dessa atitude, o Hinduismo pretende que seus seguido- res tenham uma relagao mais harmoniosa com todo o Universo e cul tivem o respeito aos semelhantes e a todas as formas de vida. Cuidar da natureza é cuidar de si mesmo e do outro, pois a vida humana ndo se separa da terra, é uma continuidade dela. Outra questdo importante é a presenca do feminino na tradigao dessa religiao. Os hindus cultuam divindades, como Sarasvati, deusa da sabedoria, das artes e da musica. O papel das mulheres também é significativo na transmissao das tradigdes e nas ceriménias. 3. Elabore com seus colegas uma sintese da relacdo entre o Hinduismo e o diferente. 4. Esclarega como o Hinduismo preza a relagao com a natureza Cristianismo O Cristianismo a religiao com mais adeptos no mundo. Tem como valor fundamental o amor a Deus ¢ a todas as pessoas. Os cristéos conside- ram o ser humano uma criatura feita a imagem e semelhanca de Deus. O amor a Ele cria relacdes fraternas responsaveis de amor ao proximo. sr, th Ea ft Baer nanos Jesus Cristo mostrou esse amor por meio de suas palavras e seus gestos de perdao e acolhida para com todos, principalmente os sofredores & excluidos de seu tempo. Doar a propria vida pelos outros é a maior prova de amor para os cristaos. No Evangelho de Joao, um dos livros do Novo Testamento, esta | 4 tiltima ceia, iS ‘ de Juan de Juanes escrito que, durante a ultima ceia com os discfpulos, Jesus apresentou | {¢ 1510-1579) a experiéncia desse amor em trés formas: servindo, partilhando e se entregando. Ele lavou os pés dos discipulos como sinal de servic e humildade. Dividiu 0 alimento com eles, fazendo de si mesmo 0 pao partilhado. De acordo com essa tradicdo religiosa, Jesus nao fugiu ao seu compromisso. Foi coerente, até o fim, com tudo o que falou e viveu. Por isso, foi preso e condenado & morte, a qual aceitou por ter ensinado a amar até as ultimas consequéncias. Desse exemplo de amor como valor fundamental provém todos os outros valores cristdos. Como principio cristao, o amor deve pautar a relagdo do ser humano também com o meio ambiente. Tudo o que se refere a vida humana deve ser visto pela lente do amor ensinado por Jesus Cristo, que diz: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundancia” (Jo 10,10). 5. Explicite por que o amor 6 a maior virtude do cristéo para a vida em sociedade e para sua relacdo com 0 meio ambiente: Islamismo Para o Islamismo, Deus criou 0 mundo por misericérdia, a qual também se manifesta no amor dentro da familia e entre amigos, no amor para com 0s estrangeiros, na ajuda dada aos pobres e até mesmo 0s inimigos. Por isso, a prética da paz, de tolerancia e do perdao deve transformar inimigos em amigos. A justiga, um dos valores essenciais do Islamismo, tem de ser vivida nas relagdes com as pessoas préximas, incluindo distribuir seus bens as mais necessitadas. A pratica da justica deve ser estendida também aos demais seres vivos, de modo que nao sejam torturados. Alem disso, 0 Islamismo propée estabelecer um convivio cuidadoso com os elementos da natureza: a agua, a terra, os minerais, Amar a Deus, para essa tradicéo religiosa, significa amar 0 que Deus criou e ama. 6. Explique de que modo os principios islémicos interferem na relagdo dos mugulmanos com 0 outro e com 0 meio ambiente. scone O Templo de Lotus, construido em Nova Deli, na India, 6 uma casa de adoracao Baha’ Fé Baha'i A tradigao religiosa Fé Baha'i, nascida na Pérsia (atual Ira) em 1844 fundada por Baha'u'liéh (1817-1892), propde alguns principios e valores que contribuem para uma relago sustentavel e igualitaria com 0 outro e com a natureza, Para seus seguidores, o ser humano é criagao de uma mesma divindade, por isso todos fazem parte de uma Unica familia humana. Sendo parte de uma mesma familia, os seres humanos devem eliminar qualquer forma de preconceito, construir uma sociedade justa e pacifica e buscar a compreenséo miitua e a amizade entre todas as nagdes, culturas € povos. Portanto, segundo essa tradicéo religiosa, a unidade da humanidade nao sera conquistada eliminando as diferencas, mas desenvolvendo a conscién- cia e respeitando o valor fundamental de cada cultura e de cada pessoa. ‘(AFé Baha’ considera o ser humano uma parte organica do mundo € tern como principio a chamada "guardiania coletiva" que atribui a cada individuo a responsabilidade pelo bem-estar da coletividade. Esse prin- cfpio leva os baha'is a compreenderem-se em conexao com a humani- dade e com o meio ambiente que os cerca. A preocupacao ecolégica com o desenvolvimento de praticas sustentaveis vem dessa visdo, que considera os seres humanos “cidadaos de um sé planeta”; portanto as agées de um impactam a vida de todos. 7. Interprete o significado da afirmagao: somos todos “cidadaos de um sd planeta’ Taoismo Seikasu sneha OTaoismo, tradigao religiosa originria da China e desenvolvida por Lao-tsé por volta de 550 a.C., também traz alguns principios importantes no que diz respeito ao ser humano e sua relagao com o outro e com o meio ambiente. O Taoismo se baseia em trés valores essen- ciais que o ser humano precisa cultivar interior mente: simplicidade, humildade e bondade. O Taoismo preza, acima de tudo, a vivéncia interior do individuo, que acaba norteando sua relagao com 9 outro e com o mundo. Pi 5 a Taoistas em oracao De acordo com a tradigéo, yin e yang so dois principios funda- | ¢:rante a celebracao mentais, opostos e ao mesmo tempo complementares, que formam | do festival anual dos tudo 0 que hé no Universo. Os taoistas acreditam que um principio | Nove Deuses do nao é melhor que 0 outro, mas que os dois se complementam, de | Imperador na Malésia forma que um nao existe sem 0 outro, pois sao partes integrantes do todo. Com base nessa nogdo, o ser humano pode compreender que as diferencas nao devem ser vistas como origem de divisdes, e sim como oportunidade para viver a complementaridade. Conquistar a harmonia consigo mesmo, com as outras pessoas, com 0 ambiente e com o Universo é um principio fundamental para todos os que pretendem desenvolverse espiritualmente. Viver 0 momento presente com 0 coragao quieto e fazer meditagao didria para entrar no siléncio 6 alcangar a quietude interior. Quanto maior a agitacéo na mente do ser humano, mais egoismo, mais divisées, angustia e sofrimento. Quanto maior a quietude, mais equilfbrio e harmonia em sua mente, e o mundo se transforma num lugar melhor. Na Medicina, por exemplo, a acupuntura 6 uma arte que auxilia na harmonizacéo do corpo e da mente; na Arquitetura, o Feng Shui 6 uma arte utilizada para equilibrar 0 ambiente e seus moradores 8. Pesquise na internet como elementos da cultura chinesa relacionados ao Taoismo, como a acupuntura e o Feng Shui, influenciam a sociedade ocidental, principalmente no Brasil. Compartilhe com os colegas 0 que vocé pesquisou. Holistico Palavra proveniente do grego holos, que significa “contem- plar o mundo em sua ‘otalidade” My other self, de Cecilia Paredes. Arte que encanta Algumas tradigGes religiosas apresentam, de maneira mais acen- tuada, uma concepgao holistica do ser humano e da natureza, isto 6, uma viséo de interdependéncia e complementaridade entre ambos. Esse entendimento integral tem sido essencial para 0 desenvolvi- mento de uma consciéncia comunitaria que compreende a importéncia de pautar as agdes humanas por uma ética ambiental responsdvel sustentavel. Essa visdo esté presente nas fotografias da artista peruana Cecilia Paredes (1950-). Suas obras integram corpo humano e natureza, tor nando-os algo Unico. 1. Interprete os diversos elementos dessa pintura de acordo com a visao holistica de ser humano e de natureza A visio holistica também 6 o fundamento da ética do cuidado. 0 Budismo tem um conceito muito significativo conhecido como Metta, que significa algo como “amor incondicional’: Existe uma oragao, que também é uma técnica de meditagao, chamada Metta Bhavana, baseada nos ensinamentos que Buda deixou hé mais de 2500 anos. Com essa oragao, os praticantes buscam atingir uma pos tura de amor e bondade, desejando que todos os seres encontrem a libertago. Leia a seguir uma das varias verses da oracao. Que todos os seres ai Que todos os seres 2. Explique como essa meditagao reflete 0 cuidado de si, do outro e do meio em que vivemos. 3. Identifique nessa meditacao um dos mais importantes principios da espiritualidade budista. Justifique sua resposta Saiba mais Nas tradig6es religiosas, existem diversos tipos de medi- tagdo. Em todas, a meditacao é vista como meio para o ser humano trilhar um caminho espiritual. Na tradicao orien- tal, é possivel encontrar a meditagao tantrica, cujo obje- tivo é transformar emocdes negativas ¢ ativar os estados positivos da mente, Ainda nessa tradigao, hé a ioga, muito gonhecida no Ocidente e que tem como principio basico proporcionar 40 corpo & mente um estado profundo de paz, serenidade ¢ quietude. Na tradigdo crista, a meditagao é uma forma de entrar em contato consigo mesmo e com Deus e, dessa forma, aprender a amar a si mesmo, 0 outro e O Transcendente, como Jesus viveu e ensinou. Os povos € 0 Sagrado " Wey, e Muitas tradig6es religiosas trazem em seu fundamento 0 enten- dimento e a aceitacao da diversidade. A pratica religiosa pode ser um instrumento precioso, que proporciona ensinamentos de cooperacao, respeito e acolhimento das diferengas, colaborando para a construgao de um mundo de paz ¢ inclusao. Leia 0 texto @ seguir, pertencente & Fé Bahd'i, e perceba como essa tradicéo compreende o valor da diversidade no mundo. a ureter ® Considerai as flores de um jardim: diferem em espécie, cor, forma e aspecto, Nao obstante, desde que sao refrescadas pelas aguas da mesma fonte, Tevivificadas pelos sopros de um sd vento e revigora- das pelos raios de um tinico Sol, sua diversidade Ihes aumenta o encanto e realca a beleza, Assim, quando a forga unificadora que é a influéncia penetrante do Verbo de Deus faz efeito, a variedade de costu- mes, procedimentos, habitos, ideias, opinides e tem- Peramentos embeleza o mundo da humanidade.|...] Quao pouco nos agradaria aos olhos se todas as plantas e arvores desse jardim, com sous ramos, Suas folhas, flores e frutos fossem da mesma forma e cor! A diversidade de colorido, formato © aparénoia enriquece e adorna o jardim e aviva-lhe a aparéncia. Outrossim, quando si nem varios matizes de pensemento, temperamento e cardter sob a influéncia e 0 poder de ume $6 forga dominante, revelam-se e realgam-se a beleza e a gloria da perfeigao humana. rett- BAHA'U'LLAH; ABDU'LBAHA. A divina arte de viver. Compilado por Mabel Hyde Paine. Mogi Mirim: Egitora Band’ do Brasil, 2006. p. 202-203 * Relacione a compreenséo de Deus com a ideia de jardim florido presentes no texto. LC ES I: t") Existem pessoas que, por meio das palavras e das atitu- des, mostram que é possivel construir uma relago saudavel e respeitosa com a natureza Monge por dez anos, 0 indiano Satish Kumar (1936+) foi educado no Jainismo. Nessa tradicao religiosa, os princfpios éti: cos fundamentais sao a ahimsa (ndo violéncia para com todos os seres vivosi, a aparigraha (desapego de posses desneces- sérias) e a satya (amor a sinceridade, a verdade). Do principio ahimsa 6 que brota 0 cuidado com 0 meio ambiente rah 4 Satish Kumar Longe de ter uma vida convencional, Satish Kumar é uma das pessoas mais caris- imaticas e encantadoras que podem exist no mundo. Ads 80 anos, 0 indiano de estilo mignon, acolhedor e de palavras déceis, prega a simplicidade por onde passa... Mignon De tamanho pequeno, elegant. Satish deixou a vida de monge para se juntar aos movimentos de Gandhi. Ao lado de Vinoba Bhave, principal discipulo de Mahatma Gandhi, ele andou por toda a India ‘num movimento de reforma agraria famoso por seguir a filosofia da nao violéncia. Mas suas longas caminhadas estavam apenas comecando. Noticias sobre @ possi- bilidade da guerra nuclear nos anos 1960 fizeram com que Satish empreendesse uma jornada pela paz que o levou da India aos quatro paises entao detentores da bomba atémica: Rissia, Franca, Inglatera e Estados Unidos. [ Quando a aventura terminou, Satish queria regressar & India. Mas um convite para ficar na Inglaterra [..]falou mais alto, “A india jé tem muitos gandhianos, a Inglaterra ‘do tem nenhum. Fique aqui, Satish”, teria dito E. F, Schumacher, economista alemao |... Satish aceitou 0 comvite. Os pensamentos do economista, que prega uma economia bucista na qual a producio é feta pelas pessoas para atender as necessidades do povo ‘com material locale energia renovavel,inspiraram a criaco do Schumacher College, escola de Ecologia Profunda e Cigncias Holisticas localizada na pequena cidade de Totnes, em Devon, no sudoeste da Inglaterra, Su filosofia ensina que qualquer vida no planeta deve ser preservada nao por ser essencial 8 vida humana, mas por ter o mesmo direlto de per- rmanecer na Terra que o homem. "No lugar de conquistar, devemos reverenciar a natureza", ensina Satish. “Nao devemos acreditar na supremacia humana sobre 0s outros seres.” PAULINO, Giselle. Satish Kumar, seguidor de Gandhi, propée nova relacao do ser humano com a natureza. Epoea, 9 mar. 2017. Disponivel em . Acesso em: 10 jan. 2018, Ona OMA ° Por meio da experiéncia com o Transcendente, as tradigdes reli- giosas propdem valores para que o ser humano se relacione com 0 outro e com 0 mundo de modo mais profundo e significativo. De maneira geral, as tradigdes tem em comum alguns valores como verdade, bondade, amor, vida, justiga, paz ¢ felicidade, os quais contribuem para a construcdo de uma sociedade apta a con- viver com as diferengas. E as tradigGes religiosas podem explicitar a importancia desses valores por meio dos discursos e das praticas de seus representantes. Leia a noticia a seguir. Lideres de todas as religides do mundo fazem campanha por “uniao” Alguns dos principais lideres religiosos do mundo se uniram para uma campanha promovida pelo Instituto Elijah Interfé. Um video que compila apelos de cristdos, judeus, mugulmanos, hindus, budistas e sikis pretende popularizar @ ideia de unio das pessoas de fé, em especial diante dos ataques terroristas que se multiplicam pelo planeta. No video, o aiatolé mugulmano Sayyid Fadhel Al-Millani disse: “Nosso conse- tho é ser amigos de todas as pessoas, independentemente da religido”, enquanto o papa Francisco disse que sua experiéncia religiosa foi “enriquecida" pela sua convivéncia com pessoas de outras confissées, que ofereciam outras “explica- g0es" sobre a vida. O arcebispo anglicano Justin Welby disse no video que “amizades através da fé so @ chave para fortalecer o trabalho contra a discriminagio”” O 1abino Alon Goshen- Gottstein Doctor, diretor do Instituto Elijah e um dos {idealizadores da campanha, afirma que essa ¢ “uma inovagéo teologica” e que, ‘quando os principais lideres religiosos do mundo pregam unidade e amizade, esto consolidando uma nova forma de praticar a religio e rejeitando a velha”” Essas declaragées visam encorajar que, independentemente de sua religiéo, todos deveriam se untr, pois “amizade e conhecimento mutuo” seriam os “anti- dotos para a negatividade ¢ as divisdes na sociedade”

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