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Os Filósofos Da Natureza

O documento discute os principais conceitos dos filósofos pré-socráticos, como Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes. Esses filósofos marcaram uma mudança ao explicar fenômenos naturais através de causas naturais em vez de mitos, focando nos conceitos de physis (natureza), causalidade e arkhé (princípio primordial). Eles visavam compreender o cosmos (mundo natural) por meio da razão e lógos (discurso racional).

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Os Filósofos Da Natureza

O documento discute os principais conceitos dos filósofos pré-socráticos, como Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes. Esses filósofos marcaram uma mudança ao explicar fenômenos naturais através de causas naturais em vez de mitos, focando nos conceitos de physis (natureza), causalidade e arkhé (princípio primordial). Eles visavam compreender o cosmos (mundo natural) por meio da razão e lógos (discurso racional).

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Os Filósofos da

natureza ou Pré-
socráticos

Tales de Mileto Anaximandro de Anaxímenes de Pitágoras


Mileto Mileto

Parmênides Heráclito Empédocles Demócrito


de Eleia de Éfeso de Agrigento de Abdera
Do Mythos ao Lógos
A ideia de que há uma passagem nítida entre o modelo mítico de explicação

para o filosófico-científico é problemática. Foi e continua sendo motivo de


disputa ao longo da história da Filosofia.
Os gregos do século V e IV a.c, como Platão e Heródoto, defendiam sua
originalidade Grega, mas reconheciam a influência oriental na arte e religião.
Nos gregos do período helenístico (323 a.c - 146 a.c) essa visão modifica
devido a perda da liberdade política e a inclusão da Grécia nos amplos
impérios macedônio e romano modificam essa auto percepção que os gregos
tinham de sua cultura.
A ideia Aristotélica de que Gregos possuíam uma "essência" própria diferente
dos Bárbaros vai enfraquecendo.
Diógenes Laércio, o historiador grego dos filósofos, apresenta alguns relatos
que reforçam a ideia de que a Filosofia inicia entre os "Bárbaros", embora ele
mesmo discorde disso.

É bom ter claro que o modelo mítico ainda permaneceu muito presente na
cultura grega, influenciando a linguagem filosófica. Muito se fez uso de seus
elementos, sendo modificada aos poucos.
Para se ter uma ideia, Parmênides, considerado um pré socrático, escreveu sua
filosofia na forma de um poema, utilizando linguagem metafórica.
Assim, pode-se dizer que se trata de um problema e "aberto".
O mais importante será vermos quais os aspectos mais significativos do
pensamento desses pensadores chamados por Aristóteles de"physiólogos"
(filósofos da natureza), ou apenas Pré-socráticos, por terem vindo antes de
Sócrates.
Vejamos, então, a noções fundamentais para entendermos em
que sentido podemos dizer que o pensamento desses filósofos
marca uma mudança significativa.

Physis
Aristóteles (Metafísica I, 2) chama os primeiros filósofos de physiólogos,
ou seja, estudiosos ou teóricos da natureza (physis).
Assim, o objeto de investigação dos primeiros filósofos-cientistas é o
mundo natural; sendo que suas teorias buscam dar uma explicação causal
dos processos e dos fenômenos naturais a partir de causas puramente
naturais, encontradas na natureza, no mundo natural, concreto.
Segundo esse tipo de visão, portanto, a chave da compreensão da
realidade natural encontra-se nesta própria realidade e não fora dela.

Causalidade
É necessário que a compreensão da Physis ocorra por uma conexão causal
entre determinados fenômenos naturais. Isso constitui a forma básica da
explicação científica que é, em grande parte, por esse motivo que
consideramos as primeiras tentativas de elaboração de teorias sobre o
real como o início do pensamento científico.
Explicar é relacionar um efeito a uma causa que o antecede e o
determina. Explicar é, portanto, reconstruir o nexo causal existente entre
os fenômenos da natureza, é tomar um fenômeno como efeito de uma
causa.
É a existência desse nexo que torna a realidade inteligível e nos permite
considerá-la como tal.

Como podemos ver, a explicação causal possui um caráter regressivo,


na busca constante por uma causa anterior, mais básica, até o infinito.
Isso invalidaria o sentido da investigação, pois a explicação levaria ao
inexplicável.
Para evitar esse inconveniente, eles pensaram numa causa primeira,
um primeiro princípio, chamado arkhé.
Arkhé
Esses filósofos vão postular a existência de um elemento primordial que
serviria de ponto de partida para todo o processo
O primeiro a formular essa noção é exatamente Tales de Mileto, que
afirma ser a água (hydor) o elemento primordial. Não sabemos por que
Tales teria escolhido a água: talvez por ser o único elemento que se
encontra na natureza nos três estados, sólido, líquido e gasoso; talvez
influenciado por antigos mitos do Egito e da Mesopotâmia, civilizações de
regiões áridas e que se desenvolveram em deltas de rios e onde por isso
mesmo a água aparece como fonte da vida
O importante na contribuição de Tales não é tanto a escolha da água, mas
a própria ideia de elemento primordial, que dá unidade à natureza
Diferentes pensadores buscaram eventualmente diferentes princípios
explicativos
Anaxímenes escolheu o Ar
Anaximandro o Apeiron (princípio abstrato significando algo de ilimitado,
indefinido)
Heráclito afirmou ser o Fogo
Demócrito o Átomo
Empédocles os quatro elementos (ar, terra, fogo e água)
A importância da arkhé é a sua tentativa de unificar a realidade a partir
de um único elemento, indicando seu caráter geral.

Lógos
O termo grego logos (λoγos) significa literalmente discurso, e é com tal
acepção que o encontramos por exemplo em Heráclito de Éfeso.
O logos enquanto discurso difere fundamentalmente do mythos, a
narrativa de caráter poético que recorre aos deuses e ao mistério na
descrição do real. O logos é fundamentalmente uma explicação, em que
razões são dadas.
É nesse sentido que o discurso dos primeiros filósofos, que explica o real
por meio de causas naturais, é um logos. Essas razões são fruto não de
uma inspiração ou de uma revelação, mas simplesmente do pensamento
humano aplicado ao entendimento da natureza.
O logos é o discurso racional, argumentativo, em que as explicações são
justificadas e estão sujeitas à crítica e à discussão
Daí deriva o nosso termo “lógica”. Porém, o próprio Heráclito caracteriza
a realidade como tendo um logos, ou seja uma racionalidade que seria
captada pela razão humana.
Um dos pressupostos básicos da visão dos primeiros filósofos é a
correspondência entre a razão humana e a racionalidade do real, o que
tornaria possível um discurso racional sobre o real.
Cosmos
O significado do termo kosmos (κoσμos) para os gregos desse período
está diretamente relacionada às ideias de ordem, harmonia e mesmo
beleza (já que a beleza resulta da harmonia das formas; daí, aliás, o nosso
termo “cosmético”).
O cosmo é assim o mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto
realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais.
A ideia básica de cosmo é a de uma ordenação racional, uma ordem
hierárquica, em que certos elementos são mais básicos, e que se constitui
de forma determinada, tendo a causalidade como lei principal.
O cosmo opõe-se ao caos (καos), que seria a falta de ordem, o estado da
matéria anterior à sua organização.
É importante notar que a ordem do cosmo é uma ordem racional, “razão”
significando aí exatamente a existência de princípios e leis que regem,
organizam essa realidade. É a racionalidade deste mundo que o torna
compreensível ao entendimento humano.
É porque há na concepção grega o pressuposto de uma correspondência
entre a razão humana e a racionalidade do real – o cosmo – que este real
pode ser compreendido, pode- se fazer ciência, pode-se tentar explicá-lo
teoricamente.
É daqui que surge o termo “cosmologia”, como explicação dos processos e
fenômenos naturais e como teoria geral sobre a natureza e o
funcionamento do universo.

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