À PREFEITURA DE EUNÁPOLIS
AO ILUSTRÍSSIMO SR. PREGOEIRO - PREGÃO ELETRÔNICO 29/2022
RSTF - SERVICOS, LOCACOES E EVENTOS - EIRELI - ME
CNPJ 02642034000105
Reinaldo dos Santos
RECURSO ADMINISTRATIVO
(COM SOLICITAÇÃO CAUTELAR DE EFEITO SUSPENSIVO)
Em face da decisão administrativa de inabilitação no certame referido em epígrafe,
pelos fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:
1 - DA BREVE NARRATIVA FÁTICA
A requerente participou do pregão 29/2022 como licitante e, por mero equívoco,
não anexou documento de certidão negativa de débitos trabalhistas. Por tal motivo, V.Sa.
inabilitou a requerente, conforme na imagem do espelho abaixo:
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Entretanto, data maxima venia, tal decisão merece ser revista/reconsiderada, pelo
frívolo motivo da ausência de um mero documento, sendo plenamente possível ao pregoeiro
verificar a referida regularidade com uma simples diligência aos repositórios federais (TST)
para suprir a necessidade de comprovação da regularidade fiscal.
Não obstante, é plenamente possível a revogação do ato decisório inoportuno e
inconveniente (princípio da autotutela da Administração - STF, Súmula 4731), em face das
argumentações técnicas e jurídicas abaixo articuladas.
Ademais, os itens 10.8.1 e 10.8.2 não constitui obrigação de apresentação como
condição de habilitação por não restar no bojo entre os artigos 27 a 31 da lei 8.666/1993,
sendo que este é um documento AMPLAMENTE possível de consulta pelo pregoeiro no
próprio site eletrônico.
2 – DOS APONTAMENTOS TÉCNICO-JURÍDICOS
De acordo com o teor do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal, c/c o art. 3º
da Lei 8.666/1993, a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional
da isonomia, da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, bem como seu
processo e julgamento devem se conformar aos princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, e de outros primados de grande monta.
Ao observar o caso concreto, percebe-se claramente que ocorreu uma falha
material plenamente sanável, cuja atitude do pregoeiro em promover a correção não alteraria,
de modo algum, a substância da proposta.
Ademais, a tese aqui suscitada encontra fundamento, também, nos arts. 17, inciso
IV e 47 do Decreto 10.024/2019 (aplicável às Administrações Municipais).
Em verdade, uma simples diligência junto ao site do TST, da requerente, já sanaria
a falha e falta do documento comprobatório da referida regularidade, uma vez que a
requerente está plenamente regular com o tribunal superior do trabalho.
Nesse sentido dispõem os arts. 40, parágrafo único, e art. 43, §3º, todos do Decreto
10.024/2019 (aplicável às Administrações Municipais):
1
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
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Art. 40. Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusivamente, a
documentação relativa:
(...)
IV - à regularidade fiscal e trabalhista;
(...)
Parágrafo único. A documentação exigida para atender ao disposto nos incisos
I, III, IV e V do caput poderá ser substituída pelo registro cadastral no Sicaf
e em sistemas semelhantes mantidos pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, quando a licitação for realizada por esses entes federativos.
(destacamos).
Art. 43. A habilitação dos licitantes será verificada por meio do Sicaf, nos
documentos por ele abrangidos, quando os procedimentos licitatórios forem
realizados por órgãos ou entidades integrantes do Sisg ou por aqueles que aderirem
ao Sicaf.
§ 3º A verificação pelo órgão ou entidade promotora do certame nos sítios
eletrônicos oficiais de órgãos e entidades emissores de certidões constitui meio
legal de prova, para fins de habilitação. (destacamos).
A doutrina selecionada também já se manifesta sobre a possibilidade de o
pregoeiro realizar consultas on line com o fito de verificação. Nesse sentido, os ensinamentos
de Joel de Menezes NIEBUHR:
O pregoeiro, se quiser, pode ele mesmo verificar os requisitos de habilitação
exigidos dos licitantes nos sites oficiais de órgãos e entidades emissores de
certidões. Então, em vez de solicitar que os documentos sejam apresentados por
fax e, posteriormente, original ou fotocópia autenticada, o pregoeiro pode ele
mesmo acessar os sites que emitem certidões e verificar as condições de
habilitação do licitante, sem que o mesmo tenha que lhe apresentar qualquer
documento. NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato
Administrativo. 7. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015. p. 376.
Para Diógenes Gasparini,
Auspicioso aperfeiçoamento vem avançando no quadro normativo e na
jurisprudência dos tribunais de contas quanto à possibilidade de admitir-se o
suprimento de documentos de habilitação não apresentados no envelope ou
apresentados com prazo vencido. [...] O Ac. nº 1.758/03, do Plenário do TCU,
DOU de 28.11.03, proclamou a licitude de pregoeiro haver autorizado a
inclusão, no curso da sessão pública, de documento de habilitação que, nada
obstante vencido no envelope, por lapso, foi suprimido por informação do
registro cadastral onde se encontrava atualizado. E o Decreto nº 5.450/05, ao
cuidar do pregão eletrônico na Administração federal, vem de reconhecer, em seu
art. 25, § 4˚, que “Para fins de habilitação, a verificação pelo órgão promotor do
certame nos sítios oficiais de órgãos e entidades emissores de certidões constitui
meio legal de prova”. Atenua- se em termos o aparente rigorismo da parte final do
art. 43, § 3˚, da Lei nº 8.666/93 (destacamos).
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Ainda temos as seguintes lições de Marçal JUSTEN FILHO:
Se as informações estiverem disponíveis ‘on line’, caberá ao próprio pregoeiro,
de ofício, realizar a consulta sobre a situação do licitante. Isso abrange não apenas
as informações disponíveis em cadastros como o SICAF, mas também outras
situações em que é possível acessar informações via Internet. Assim se passa com
informações atinentes à Receita Federal, ao INSS e assim por diante. JUSTEN
FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do Pregão comum e eletrônico.
6. ed. São Paulo: Dialética, 2013. p. 385.
Acerca do tema, também já se manifestou Hely Lopes Meirelles:
a orientação correta nas licitações é a dispensa de rigorismos inúteis e de
formalidades e documentos desnecessários à qualificação dos interessados. (...)
Procedimento formal, entretanto, não se confunde com ‘formalismo’, que se
caracteriza por exigências inúteis e desnecessárias”. [Grifamos] (MEIRELLES,
Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2000,
p. 274.)
O que se percebe, tanto na melhor doutrina quanto na jurisprudência mais
aclamada, é a homenagem ao princípio do formalismo moderado, que, aliás, é corolário do
princípio da eficiência (CF, art. 37, caput).
Nessa mesma linha Carlos Ari Sundfeld e Benedicto Pereira Porto Neto apontam:
"A licitação tem por finalidade selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração (com aferição da capacidade do ofertante para cumpri-la) e garantir
igualdade de tratamento aos interessados em disputar os negócios que ela pretenda
realizar. As normas do procedimento licitatório, portanto, estão voltadas à
satisfação desses propósitos. O formalismo, é bem verdade, faz parte da licitação,
e nela tem seu papel. Mas nem por isso a licitação pode ser transformada em uma
cerimônia, na qual o que importa são as fórmulas sagradas, e não a substância da
coisa." [Grifamos] (SUNDFELD, Carlos Ari; PORTO NETO, Benedicto Pereira.
Licitação para concessão do serviço móvel celular. Zênite. ILC nº 49 - março/98.
p. 204.)
Portanto, fica claro que, por questão de razoabilidade e prudência, nas hipóteses
de falha sanável a lei permite ao agente condutor do certame a realizar diligência apta a
esclarecer ou complementar a instrução processual, de acordo com o disposto no art. 43, §3º
da Lei 8.666/1993. Alías, no presente caso, o saneamento de falha por parte do pregoeiro
não seria apenas uma faculdade, mas um dever, em face do princípio da vantajosidade, bem
como em face do já aludido princípio do formalismo moderado.
A jurisprudência pátria também é uníssona quanto ao dever do pregoeiro em
promover diligências para sanar falhas materiais, sempre em busca da efetivação dos
princípios mais caros à Administração Pública (vantajosidade, razoabilidade, formalismo
moderado, legalidade e eficiência). Veja-se o entendimento consolidado do Egrégio TCU:
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É irregular a inabilitação de licitante em razão de ausência de informação exigida
pelo edital, quando a documentação entregue contiver de maneira implícita o
elemento supostamente faltante e a Administração não realizar
a diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/93, por representar formalismo
exagerado, com prejuízo à competitividade do certame. (Acórdão 1795/2015 –
Plenário)
É irregular a desclassificação de empresa licitante por omissão de informação de
pouca relevância sem que tenha sido feita a diligência facultada pelo § 3º do art.
43 da Lei nº 8.666/1993. (Acórdão 3615/2013 – Plenário)
Ao constatar incertezas sobre o cumprimento de disposições legais ou editalícias,
especialmente dúvidas que envolvam critérios e atestados que objetivam
comprovar a habilitação das empresas em disputa, o responsável pela condução do
certame deve promover diligências para aclarar os fatos e confirmar o conteúdo
dos documentos que servirão de base para a tomada de decisão da Administração
(art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993). (Acórdão 3418/2014 – Plenário).
O intuito basilar dos regramentos que orientam as aquisições pela Administração
Pública é a contratação da proposta que lhe seja mais vantajosa, obedecidos os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 2. No curso de
procedimentos licitatórios, a Administração Pública deve pautar-se pelo princípio
do formalismo moderado, que prescreve a adoção de formas simples e suficientes
para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados, promovendo, assim, a prevalência do conteúdo sobre o formalismo
extremo, respeitadas, ainda, as praxes essenciais à proteção das prerrogativas dos
administrados.5 Declaração de Voto: (...) 21. Por oportuno, considero pertinente
transcrever alguns trechos dos argumentos da unidade técnica que a levaram ao
entendimento supra (grifos acrescentados): “É certo que se o edital de uma
licitação fixa determinado requisito, deve-se considerar importante tal exigência.
Esse rigor, contudo, não pode ser aplicado de forma a prejudicar a própria
Administração ou as finalidades buscadas pela licitação. A licitação possui como
objetivos primordiais: assegurar a igualdade de oportunidades entre os
interessados e proporcionar a escolha da proposta mais vantajosa para o Poder
Público. E, para tanto, rege-se por diversos princípios, entre eles o do
procedimento formal, insculpido no artigo 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.
Entende-se por procedimento formal a vinculação do certame licitatório
principalmente às leis e aos editais que disciplinam todos suas fases e atos, criando
para os participantes e para a Administração a obrigatoriedade de observá-los. O
rigor formal, todavia, não pode ser exagerado ou absoluto. O princípio do
procedimento formal não quer dizer que se deva anular o procedimento ou
julgamento, ou inabilitar licitantes, ou desclassificar propostas diante de
simples omissões ou irregularidades na documentação ou na proposta, desde
que tais omissões ou irregularidades sejam irrelevantes e não causem
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prejuízos à Administração ou aos concorrentes. Esta necessidade de atenuar
o excessivo formalismo encontra expressa previsão legal no § 3º do artigo 43
da Lei 8.666/1993 (...). Adotando-se essa medida, evita-se a inabilitação de
licitantes ou a desclassificação de propostas em virtude de pequenas falhas,
sem reflexos importantes, e preserva-se o objetivo de selecionar a proposta
mais vantajosa (TCU. Acórdão 2.302/12 – Plenário). (destacamos).
Por amor ao debate, é cediço, os princípios da Administração Pública não são
“ilhas”, não podendo ser interpretados de forma isolada, sem relação com o arcabouço
jurídico-principiológico que alicerça os certames públicos, bem como sem relação com o
substrato fático que se apresenta.
O art. 22 da LINDB (Decreto Lei nº 4.657/1942, acrescido pela Lei nº
13.655/2018), é claro ao determinar que
Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os
obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas
a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as
circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a
ação do agente. (destacamos).
A norma acima transcrita é cristalina ao prescrever que, na aplicação do
ordenamento jurídico-administrativo (incluído os princípios regentes do regime jurídico-
administrativo) o gestor deve considerar a situação prática, bem como proceder a uma
interpretação sistemática do ordenamento, não aplicando um princípio ou norma de forma
isolada e descontextualizada.
Deste modo, necessário se faz que o administrador, quando da aplicação
legislação regente do tema, não só busque a aplicação pura e direta do dispositivo legal, mas
que também o conjugue com todos os princípios norteadores em busca da solução que
melhor prestigie o interesse público e os fins buscados pelos procedimentos licitatórios.
Neste condão, a doutrina selecionada do professor Jessé Torres Pereira Junior, no
seu livro Comentários à Lei das Licitações e Contratações da Administração Pública,
enfatiza:
Selecionar a proposta mais vantajosa é, a um só tempo, o fim do interesse público
que se quer alcançar em toda licitação (sentido amplo) e o resultado que se busca
em cada licitação (sentido restrito). Licitação que não instigue a competição, para
dela surtir a proposta mais vantajosa, descumpre sua finalidade legal e
institucional.
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Por conseguinte, mister se faz invocar a orientação do nobre jurisconsulto Marçal
Justen Filho:
É imperioso avaliar a relevância do conteúdo da exigência. Não é incomum constar
no edital que o descumprimento de qualquer exigência formal acarretará a
nulidade da proposta. A aplicação dessa regra tem de ser temperada pelo princípio
da razoabilidade. É necessário ponderar os interesses existentes e evitar resultados
que, a pretexto de tutelar o interesse público de cumprir o edital, produzam a
eliminação de propostas vantajosas para os cofres públicos. Certamente, não
haveria conflito se o ato convocatório reservasse a sanção de nulidade apenas para
as desconformidades efetivamente relevantes. Mas nem sempre é assim. Quanto o
defeito é irrelevante, tem de interpretar-se a regra do edital com atenuação.
Por certo, embora se reconheça que o edital faça lei entre as partes, não há como
se afirmar que o Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório é absoluto. Com
efeito, este pode ser relativizado nas hipóteses em que um licitante apresentar documento de
habilitação ou proposta com algum vício ou irregularidade sanável. (BANDEIRA DE
MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Malheiros,
2011. p. 542).
Isto porque, juntamente com a observância do citado Princípio, a realização de
certames licitatórios deve ser norteada, dentre outros objetivos, pela busca da vantajosidade
das propostas, bem como deve ser processada de modo vinculado aos Princípios da
Economicidade, da Eficiência Administrativa e da Competitividade.
Em outras palavras: poderá haver situações em que o Princípio da Vinculação ao
Instrumento Convocatório, conforme a técnica da concordância prática ou harmonização,
seja mitigado em face de outros princípios do Regime Jurídico Administrativo, a exemplo
dos Princípios da Razoabilidade, do Formalismo Moderado e da Competitividade. Tal
entendimento fica patente no próprio texto do art. 44 da Lei 8.666/1993, segundo o qual “no
julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios
estabelecidos por esta Lei” (destacamos). Assim, numa ponderação de valores, em
determinado caso concreto, uma outra norma ou princípio inserto na Lei 8.666/93 pode
prevalecer em face do destacado Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório, com
sua consequente flexibilização.
O desatendimento de exigências meramente formais não essenciais não
importará o afastamento do licitante, desde que seja possível o aproveitamento do ato,
observados os princípios da isonomia e do interesse público”. (destacamos). Observa-se
que foi exatamente isto que ocorreu no caso ora ventilado: por um mero lapso, houve o
desatendimento de uma exigência formal não essencial (apresentação de um documento cuja
essência poderia ter sido verificada por simples diligência do pregoeiro nos repositórios
públicos abertos, em face da fé-pública do pregoeiro).
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Nesse diapasão, a título ilustrativo e referencialmente, à colação do seguinte
julgado:
O princípio da vinculação ao edital não é absoluto, cabendo à Administração
analisar e decidir quanto à aceitação ou não de eventuais irregularidades formais,
especialmente quando provocada, via recurso administrativo, pela Parte que
incorreu no erro. Se a irregularidade formal – preenchimento manuscrito da
proposta de preço – não implicou em prejuízo para a licitação, nem interferiu no
julgamento objetivo da proposta mais vantajosa para a Administração, é razoável
a mitigação do rigorismo da forma em prol do interesse público. (TJ/PR. Acórdão
554895-0. Relator: Desembargador Leonel Cunha. Data da Sessão: 28/04/09).
Por fim, assevere-se que o entendimento da vedação de juntada de documentos a
posteriori deve ser mitigado, em face de circunstâncias que deverão ser observadas pelo
agente público, em observância ao já suscitado e transcrito art. 22 da LINDB (Decreto Lei
nº 4.657/1942, acrescido pela Lei nº 13.655/2018). Eis o entendimento do TCU sobre o tema:
1. Admitir a juntada de documentos que apenas venham a atestar condição pré-
existente à abertura da sessão pública do certame não fere os princípios da
isonomia e igualdade entre as licitantes e o oposto, ou seja, a desclassificação do
licitante, sem que lhe seja conferida oportunidade para sanear os seus documentos
de habilitação e/ou proposta, resulta em objetivo dissociado do interesse público,
com a prevalência do processo (meio) sobre o resultado almejado (fim).
2. O pregoeiro, durante as fases de julgamento das propostas e/ou habilitação, deve
sanear eventuais erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos
documentos e sua validade jurídica, mediante decisão fundamentada, registrada
em ata e acessível aos licitantes, nos termos dos arts. 8º, inciso XII, alínea “h”; 17,
inciso VI; e 47 do Decreto 10.024/2019; sendo que a vedação à inclusão de novo
documento, prevista no art. 43, §3º, da Lei 8.666/1993 e no art. 64 da Nova Lei de
Licitações (Lei 14.133/2021), NÃO ALCANÇA documento ausente,
comprobatório de condição atendida pelo licitante quando apresentou sua
proposta, que não foi juntado com os demais comprovantes de habilitação e/ou da
proposta, por equívoco ou falha, o qual deverá ser solicitado e avaliado pelo
pregoeiro. (Acórdão n. 1211/2021-P, relator Ministro Walton Alencar Rodrigues).
Acórdão 2443/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman)
Licitação. Habilitação de licitante. Documentação. Diligência. Documento
novo. Vedação. Abrangência.
A vedação à inclusão de novo documento, prevista no art. 43, § 3º, da Lei
8.666/1993 e no art. 64 da Lei 14.133/2021 (nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativos), não alcança documento destinado a atestar condição de
habilitação preexistente à abertura da sessão pública, apresentado em sede
de diligência
Trecho do acórdão: O relator, destacou, conforme bem pontuado pela Selog, que
os pareceres jurídicos que pautaram essa decisão, ignoram a jurisprudência mais
recente do Tribunal, notadamente o Acórdão 1211/2021-TCU-Plenário, Relator
Ministro Walton Alencar Rodrigues, cujo entendimento foi:
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Admitir a juntada de documentos que apenas venham a atestar condição pré-
existente à abertura da sessão pública do certame não fere os princípios da
isonomia e igualdade entre as licitantes e o oposto, ou seja, a desclassificação do
licitante, sem que lhe seja conferida oportunidade para sanear os seus documentos
de habilitação e/ou proposta, resulta em objetivo dissociado do interesse público,
com a prevalência do processo (meio) sobre o resultado almejado (fim)
De tal sorte, em atendimento aos princípios da razoabilidade, economicidade,
vantajosidade, legalidade, julgamento objetivo e eficiência, todos corolários e alicerces do
primado do interesse público, essa Administração Pública Municipal , por meio de seu
pregoeiro, está diante de oportunidade e conveniência concretas, que autorizam a
revisão/revogação da decisão de inabilitação desta requerente, invocando-se, para tanto a
autotutela administrativa, prerrogativa inerente ao poder discricionário da Administração
Pública.
3 – DA NECESSIDADE DE ATRIBUIR, CAUTELARMENTE, EFEITO
SUSPENSIVO AO PRESENTE PEDIDO DE REVISÃO
Em face do interesse público que permeia o presente pedido, e aplicando-se, por
analogia (LINDB, art. 4º) o disposto no art. 109, §2º da Lei 8.666/1993, c/c art. 45 da Lei
9.784/1999, requer a suspensão cautelar do certame licitatório, inaudita altera pars, até a
decisão final do presente pedido de revisão.
Tal medida é urgente e necessária, tendo em vista que, caso a decisão de
inabilitação desta requerente (e consequente habilitação e adjudicação do suposto licitante
vencedor) mantenha seus efeitos, grande será o prejuízo dessa Administração Municipal, em
face de/ efetivação de contratação antieconômica.
4 - DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, pleiteamos que a Administração- Prefeitura Municipal de
Eunapolis/Ba, avocando a autotutela, proceda conforme segue:
a) Suspenda, cautelarmente, conforme considerações do item 3 deste
expediente, o certame licitatório, até decisão final do presente pedido de
revisão.
b) Proceda à revisão e posterior revogação do ato de inabilitação desta
requerente, declarando-a como habilitada.
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Termo em que pede Deferimento
Teixeira de Freitas, 14 de junho de 2022.
Representante do Requerente
REINALDO DOS Assinado de forma digital por
REINALDO DOS SANTOS:36446343515
SANTOS:36446343515 Dados: 2022.06.14 17:50:29 -03'00'
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