Guia Prático para Cultivar Orquídeas
Guia Prático para Cultivar Orquídeas
INÊS249
Aprenda sobre os
tipos de orquídeas
terrestres
Nas alturas
Acompanhe o
passo a passo
de como plantar
orquídeas
em árvores
Mini e
micro-orquídeas
Espécies perfeitas
para cultivar em
pequenos espaços
Associações
orquidófilas
Saiba como funciona
e monte uma em
sua cidade
03 Editorial.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 13:34 Page 3
editorial
04 Indice e Exp.qxp_Base CCO 2010 11/6/15 9:30 Page 4
índice
INÊS249
10 HISTÓRIA
Sérgio Oyama Junior encontrou no cultivo das
Diretores
14 PASSO A PASSO
Aprenda como plantar orquídeas em árvores
FALE CONOSCO
Atendimento em geral: [email protected]
16 CULTIVO
Aprecie o colorido das flores, das
WhatsApp (11) 99748-4778
ou dos textos publicados, exceto com autorização da CasaDois Editora. Os artigos assinados
22 HÁBITOS VEGETATIVOS
Conheça os tipos de orquídeas terrestres
não refletem necessariamente a opinião da revista. A editora não se responsabiliza por informações
IMPRESSO NO BRASIL.
24 MINIORQUÍDEAS
Espécies delicadas perfeitas para áreas pequenas
A CasaDois Editora não contrata serviços de terceiros para cobranças ou qualquer outro
Qualquer dúvida ligue para (11) 2108-9000 ou mande e-mail para [email protected]
28 ASSOCIAÇÕES
Saiba como montar uma e trocar ideias
PUBLICAÇÕES DA CASADOIS EDITORA
ARTESANATO: Arte com as Mãos Appliqué, Bolos Decorados, Bonecas de Pano, Bonecas de
sobre o universo das orquidáceas Pano Bichos, Bonecos de Feltro, Capitonê, Cupcake, E.V.A., Feltro, Fuxico, Fuxico com Feltro,
Panos de Prato, Ponto Cruz e Crochê, Tapeçaria, Tricô Bebê, Unhas Decoradas, Arte e Artesanato,
Decoração de Natal Especial, Fuxico Passo a Passo, Guia Arte com as Mãos, Guia Arte e Artesanato,
Guia da Mamãe Crochê Baby, Guia da Pintura e Tela Passo a Passo. ARQUITETURA E
Especial Quartos, Construir Especial Salas, Construir Rústicas, Decoração de Interiores Varandas
e Espaços Gourmets, Guia Construir Casas Rústicas, Guia Construir Melhores Ideias Banheiros e
de Natal. GASTRONOMIA E CULINÁRIA: Cake Design, Cake Design Cupcakes, Coleção Delícias
da Cozinha, Culinária Fácil Bolos, Guia da Cerveja, Guia de Decoração de Festas Infantis Bolos,
SAGISMO: Coleção Cultivo de Orquídeas, Como Cultivar Orquídeas, Guia Como Cultivar Orquídeas
para Iniciantes, Guia da Jardinagem, Guia de Orquídeas, Guia Sítio & Cia - Horta & Pomar, Jardins
36 GUIA DE ORQUÍDEAS
a 90 m², Construção do Começo ao Fim, Guia Construir Drywall, Guia Construir Economize Água,
Guia Construir Iluminação, Guia Construir Portas e Janelas de PVC, Guia Construir Reforma, Guia
de Projetos para Construir, Manual da Piscina, Melhores Projetos e Projetos de 100 a 200 m².
e Euro Magalhães
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Cultivar
a si mesmo
Idealizador do blog Orquídeas no Apê, o paulistano Sérgio a cada pesquisa. A falta de oportunidade e o modo como as
Oyama Junior, de 46 anos, tem uma carreira de pesquisador coisas são feitas no mundo acadêmico – onde o ego fala mais
que poucos conseguem alcançar no Brasil. Formado em biologia alto e apenas quem tem os contatos certos consegue chegar a
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizou algum lugar – me fizeram desistir de tudo", recorda.
mestrado e doutorado em bioquímica na Universidade de São Após a decepção na área, passou a operar com ações no
Paulo (USP) e pós-doutorado no Laboratório Nacional de Luz mercado financeiro para ter uma fonte de renda. Nessa época,
Síncrotron (LNLS), instituição ligada ao Ministério da Ciência, dois tios empresários que, por acaso, fabricam insumos para pro-
Tecnologia e Inovação. Um currículo de tirar o fôlego, mas dutores de orquídeas e realizam cultivo em laboratório, sugeriram
ofuscado por algumas questões intransponíveis. "Não tinha pers- a ele tentar desenvolver algum trabalho relacionado às orquidáceas.
pectiva de emprego e remuneração além das bolsas ofereciadas Até então, a ideia nunca havia lhe passado pela cabeça.
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DO ERRO À MOTIVAÇÃO
Morador de um apartamento no 10º andar, o biólogo começou
a pesquisar sobre o assunto na internet e se deparou com a falta
de informação sobre cultivo nesse tipo de espaço. O conteúdo
coletado muitas vezes vinha de fóruns virtuais americanos – pois
com a incidência de neve no país, os orquidólogos de lá precisaram
encontrar meios para manter as plantas saudáveis.
Mesmo assim, as primeiras tentativas não foram bem-sucedidas.
"Minha varanda é horrível para o plantio, nunca cresceu nada
lá por conta do vento. Por isso, resolvi colocar as orquídeas no
quarto, onde acabaram morrendo. Desse início quando deu tudo
errado veio a motivação para aprender. Transferi as plantas
restantes para a varanda, mas dessa vez incluindo sombrite e
uma série de modificações, e elas floresceram!" Junto às flores,
nasceu o interesse por registrá-las em fotos, técnica também
aprendida de forma autodidata e com equipamento amador.
Percebendo que agora orquidófilo havia encontrado uma
forma de cultivo e passava a produzir belas imagens dos resultados,
os amigos de Sérgio sugeriram a criação de um um blog para
compartilhar esse material. Em 2011, já com o título Orquídeas
no Apê, o espaço trazia postagens mais "toscas", de acordo com
o próprio autor. "Era praticamente um diário mostrando o que
funcionava ou deixava de funcionar junto a algumas fotos." Com
imagens cada vez melhores, a repercussão cresceu nas redes
sociais. Hoje em dia, a página no facebook tem cerca de 10 mil
seguidores e a do Instagram contabiliza 20 mil.
passo a passo
Nas
alturas
Texto Cristina Tavelin
Fotos Marcelo Donadussi
VOCÊ VAI
PRECISAR DE:
tesoura e fitilho
Mais do que uma prática exclusiva de orquidólogos experientes, em qualquer época do ano.
o plantio de orquídeas em árvores tem ganhado as cidades bra- O exemplar utilizado para mostrar como plantar orquídeas
sileiras como uma forma de levar mais cor e vida às metrópoles. em árvores foi de uma Cattlya intermedia, original do Rio Grande
Um exemplo é o projeto Mil Orquídeas Marginais, mostrado na do Sul e Santa Catarina. "Procuro sempre trabalhar com espécies
edição 74 da revista Como Cultivar Orquídeas. Para agregar nativas como Laelia purpurata, Oncidium flexuosum, Laeliocattleya
beleza ao jardim ou à árvore na calçada de casa, basta seguir Elegans e Cattleya bicolor, pois elas se adaptam melhor e, além
o processo simples explicado por Sérgio Englert, do orquidário disso, colaboramos para a preservação", destaca o profissional.
Ricsel, de Porto Alegre, RS. Mas outras espécies exóticas podem ser utilzadas. Englert cita
Para o suporte, deve-se evitar espécies com o tronco muito a Dendrobium nobile, nativo da Índia, o qual se adapta muito
liso ou que soltem a casca. Proporcionar muita sombra – a exemplo bem às condições do sul do país.
de ciprestes (Cupressaceae) e mangueiras (Mangifera indica) – Primeiramente, separe a orquídea que deseja plantar e dei-
também não é adequado nesse caso. Ipê (Bignoniaceae), figueira xe-a com as raízes livres (1). Na sequência, passe o fitilho por
(Ficus carica), mulungu (Erythrina crista-galli), limoeiro (Citrus trás do segundo pseudobulbo da planta (2). Leve-a junto ao
limon) e cafeeiro (Coffea arabica) são boas opções para receber tronco da árvore de maneira que a parte dianteira, em crescimento,
as orquidáceas. "O ideal é utilizar orquídeas já adultas, pois fique apontanda para cima (3). Amarre fortemente o exemplar,
terão mais resistência até enraizarem na árvore", destaca Englert. de forma que o rizoma fique aderido ao tronco firmemente.
A melhor época para a transferência é no período das chuvas, Pronto, agora você já sabe como plantar orquídeas em árvores
mas se houver atenção para regá-las, pode-se realizar o processo e pode deixar o jardim ou a própria cidade mais bonitos! (4)
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cultivo
Texto Janaína Silva
Fotos [1] Daniel Sorrentino, [2] Divulgação/Luiz Filipe
Klein Varella e [3] Marcelo Donadussi
A
soberana
[2] Divulgação/Luiz Filipe Klein Varella
Alba Roxo-bispo
[3] [3]
Chamada de rainha das orquídeas, Cattleya purpurata atrai de 0,50 m de altura. Na natureza, seu crescimento é entouceirado,
pelo colorido das flores, das pétalas e formas do desenho do com pseudobulbos longos e eretos, que podem chegar a 20
labelo. Encontrada desde o litoral sul paulista até o nordeste do cm de comprimento por 3-4 cm de diâmetro, e folhas igualmente
Rio Grande do Sul, a espécie, conhecida popularmente por seu eretas, lanceoladas, ligeiramente acanoadas, que não raro ul-
sinônimo Laelia purpurata, foi descrita em 1852 por Lindley e trapassam 0,35 m de comprimento. A inflorescência mede até
Paxton a partir de exemplares coletados em Santa Catarina por 20 cm de altura, portando em média de 1 a 5 flores, mas pode
Devon, nos anos 1840. “Curiosamente, ela não ocorre no estado apresentar mais, e surge de espatas dispostas no ápice dos
do Paraná”, relata Luiz Filipe Klein Varella, advogado, pesquisador pseudobulbos, de forma ligeiramente oblíqua à folha”, descreve
de orquídeas e bromélias da região Sul do país e idealizador o pesquisador.
do projeto Orquídeas Gaúchas, juntamente com Jacques Klein. Com floração entre os meses de novembro e janeiro, a
De acordo com a classificação proposta por Cassio van espécie é a atração principal nas muitas exposições que ocorrem
den Berg e outros autores no final da década passada, as pelo Brasil, nesses meses, destacando-se pela beleza e variedade
espécies de Laelia e Sophronitis foram transferidas para o de tipos.
[2] Divulgação/Luiz Filipe Klein Varella
gênero Cattleya. Ou seja, o nome hoje aceito para a espécie “As flores são grandes, com até quase 20 cm de diâmetro,
é Cattleya purpurata (Lindl), mas aqui usaremos o seu sinônimo mas têm em geral segmentos florais muito membranáceos, o que
mais popular Laelia purpurata. faz com que na natureza tenham uma durabilidade máxima de
“Trata-se de uma orquídea epífita encontrada também em 15 dias. Mas os constantes melhoramentos genéticos realizados
rochas e paredões, nesses casos expostas a pleno sol. Carac- na espécie fizeram com que as plantas produzidas em cultivo
teriza-se por ser unifoliada, de grande porte que pode passar atinjam hoje mais de 20 dias de florada.”
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Semi-alba
[3]
SEUS TIPOS a mesma cor do labelo, descrita como ardósia; vinicolor com
Varella descreve que a flor tipo de Laelia purpurata é de pétalas e sépalas brancas a levemente vinhosas e labelo de
cor predominantemente rosada, com o labelo de cor púrpura, cor vinho tinto escuro; suave com labelo rosa muito suave e
que dá nome à espécie, e estrias amarelas na face. “Mas essa sem as estrias características da flor; delicata próxima à suave
cor tipo tem uma certa variação de colorido, fazendo com que com veias no labelo; russeliana com labelo lilás de várias in-
alguns separem as flores em tipo claro com pétalas e sépalas tensidades e estrias; schroederae com labelo branco com estrias
ligeiramente rosadas sobre um fundo esbranquiçado e tipo ro- e fauce amarelada; mandayana com labelo de rosa a rosa
sada”, esclarece. escuro sem estrias na fauce; além das roxo-bispo, cárnea, alba,
Um dos atrativos da espécie é a grande variedade de outros rubra e sanguínea, identificadas e descritas nas fotos ao longo
coloridos encontrados na natureza. O pesquisador relata que da reportagem.
várias delas ficaram muito famosas e tiveram grande valor ao De acordo com o desenho da cor nas pétalas são descritas
tempo de suas descobertas, gerando histórias muito conhecidas, as seguintes variedades: estriata com flores com estrias paralelas
como a Laelia purpurata ‘Milionária’, encontrada em Araranguá, desenhadas nas pétalas; flâmea e venosa. A classificação é feita
SC, em 1955. “Outra variedade famosa é a Laelia purpurata também pela forma do desenho do labelo: anelata possui flores
‘Werkhauseri’, uma planta de flores de colorido chamado ardósia, de pétalas e sépalas brancas ligeiramente rosadas com um anel
encontrada no Município de Osório, no Rio Grande do Sul, em fino e ininterrupto desenhado no lobo do labelo; oculata apresenta
1904”, destaca. um anel largo desenhado na fauce do labelo interrompido
Em função do colorido das flores, elas podem ser classificadas formando duas manchas opostas que lembra o formato de dois
como roxo-violeta com pétalas e sépalas brancas ou suavemente olhos; áurea que tem na fauce do labelo as mesmas estrias
rosadas, com labelo de cor roxa-azulada; ardósia com pétalas amarelas da tipo, porém diluídas em uma zona amarelada de
e sépalas brancas ou com nuances de cor cinza escuro, que é maior intensidade; argolão e atro.
[1] [3]
Argolão Carnea
As pétalas e as sépalas são brancas
Flores de pétalas e e o labelo tem um colorido rosado
sépalas de cor branca forte que lembra a cor de carne
e ligeiramente rosada
também com um
desenho anelado na
fauce do labelo, mas
mais largo e um pouso
menos demarcado
do que ser vê na
variedade anelata
[3] [1]
19
16-21 Cultivo.qxp_Base CCO 2010 11/6/15 9:44 Page 20
Atro
Próxima da variedade
rubra, mas com pétalas e [3]
Segundo Varella, onde a Laelia purpurata existia aos no litoral dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do
milhares, hoje é encontrada muito escassamente. Isso se Sul. “Sem uma conscientização, não é difícil acreditar que
deve à retirada descontrolada de exemplares da natureza em poucas décadas talvez não tenhamos mais a oportunidade
por décadas a fio e por conta também do desmatamento e de ver no habitat exemplares de Laelia purpurata e de muitas
derrubadas sem fim de figueiras isoladas e matas inteiras outras plantas”, alerta o pesquisador.
[3] [3]
Flores de pétalas e
sépalas de cor rosa
avermelhada forte, um
pouco opaca, com
labelo da cor púrpura.
Rubra Tipo
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22-23 Rep1 Serie Hábitos Vegetativos.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 12:39 Page 22
Sarcoglottis ventricosa,
vegeta os estados do
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Habenaria pleiophylla,
São Paulo, Florianopólis Phaius schlechteri, encontrada nas
e Rio Grande do Sul de Madagascar regiões Sudeste e Sul
[4] [1] [2]
Beleza
Arundina, Cymbidium, Cyrtopodium, Epidendrum, Galeandra, árvores. “O hábito principal das terrestres é que são encontradas
Orchis, Phaius, Paphiopedilum, Spathoglottis, Thunia e Zygopetalum no chão, ou seja, no solo, na areia, mas nunca sobre uma árvore
são os principais tipos de orquídeas terrestres que vegetam no ou arbusto. Podemos encontrar orquídeas com essa característica
solo, retirando dele os nutrientes e a água para o completo de- tanto sob uma floresta densa ou a pleno sol”, completa Vendrame.
senvolvimento. “Elas apresentam anatomia diferenciada princi-
palmente no sistema radicular. As raízes normalmente não CULTIVANDO A SUA PRÓPRIA TERRÁQUEA
procuram a superfície do substrato, como nas das epífitas, e Segundo o professor Ricardo Faria, da Universidade Estadual
crescem em direção ao interior do substrato, parecendo fugir de Londrina (UEL), as necessidades para o cultivo das terrícolas
da luz”, explicam os engenheiros agrônomos e professores são muito variáveis em relação à luminosidade. “A orquídea-
Roberto Jun Takane e Wagner A. Vendrame, da Universidade bambu (Arundina bambusifolia) vegeta bem a pleno sol e é
Federal do Ceará e da Universidade da Flórida, nos Estados bastante empregada em projetos paisagísticos com belo efeito.
Unidos, respectivamente. Já a Phaius schlechteri prefere a meia sombra”, exemplifica.
Autor dos livros Técnicas de Substratos para Floricultura e Assim, ao se optar por espécies terrestres para o plantio em
Cultivo de Phalaenopsis e seus Híbridos, esse último em co- orquidários é preciso atentar para criar o mais próximo possível
autoria com Vendrame e Sérgio Yanagisawa, Takane afirma as condições nas quais as orquidáceas são encontradas na na-
que outra característica interessante dos tipos de orquídeas tureza. O professor da UEL explica que muitas delas são de
terrestres é a ausência da coloração verde nas pontas das raízes cultivo difícil porque são originárias de habitats específicos e
como ocorrem na maioria das espécies que vegetam sobre difíceis de serem reproduzidos. “O ideal para o cultivo das
Arundina Phragmipedium
bambusifolia, Lindleyanun, Stenoglottis longifolia
da Ásia Tropical da região Norte originária da África do Sul
[5] [3] [4]
terrestres é o uso de substratos similares ao local de sua origem. público em geral. Entre as mais conhecidas pelos colecionadores,
Devem ser diferentes dos usados para as epífitas, ou seja, com eles citam as Corymborchis flava, nativa do Rio Grande do Sul;
porosidade menor e maior densidade”, alertam Takane e Cyrtopodium vernum do Cerrado; Epidendrum denticulatum en-
Vendrame. Outra orientação dos especialistas é para o uso de contrada na Serra do Mar, Galeandra Montana que vegeta em
substratos esterilizados, principalmente, para espécies que são regiões secas do estado do Mato Grosso do Sul; e Galeandra
de outras regiões e até de países diferentes. beyrichii, que é encontrada do sul da Flórida, Estados Unidos,
Já em relação ao ambiente de cultivo, os autores do livro até a região Sul do Brasil
Cultivo de Phalaenopsis e seus Híbridos explicam que se deve Faria destaca a Cattleya granulosa, que vegeta nas dunas
observar o local de procedência, de mata fechada ou pleno sol, do Rio Grande Norte e cujas flores exalam um aroma adocicado.
e fazer as adaptações necessárias para o cultivo. “A ventilação Como aprecia clima quente e úmido, recomenda-se usar fibra
é fundamental para reduzir a incidência de pragas e doenças. de coco com substrato com boa drenagem e rega diária pela
A rega depende da capacidade de retenção de água do substrato manhã. Na Mata Atlântica, na Serra dos Cadeados, PR, a or-
usado no cultivo”, pontua Faria. quidácea Zygopetalum crinitum apresenta flores de colorido
intenso e atraente, perfume característico e que chegam a durar
PELO BRASIL em média 30 dias ao florescerem na primavera.
De acordo com Takane e Vendrame, existem mais de cem Nativa do Rio Grande do Sul, a Sarcoglottis ventricosa vegeta
espécies terrenas brasileiras conhecidas, mas como muitas não em ambientes úmidos de matas sombreadas e apresenta raízes
possuem flores exuberantes são praticamente desconhecidas do carnosas e grossas. As flores surgem de novembro a fevereiro.
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miniorquídeas Texto Carolina Pera Fotos [1] Divulgação/Ecoflora, [2] Gustavo Xavier,
[3] Hamilton Penna, [4] Marcelo Donadussi e [5] Marcelo Quintanilha
Singela
exuberância
[1]
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Falta de espaço não é desculpa para não ter um orquidário tamanho maior. “A flor necessita de ambientes sem muita variação
em sua casa. As pequenas espécies podem ser cultivadas em de temperatura; local ventilado, mas com pouco vento; e seu
espaços diminutos e são conhecidas como mini ou micro- substrato deve estar levemente úmido, podendo secar eventual-
orquídeas. A classificação de uma ou outra não é fácil de se mente. Recomenda-se molhar o substrato uma vez a cada dez
fazer, pois há controvérsias quanto a isso, mas de acordo com ou sete dias, escoar bem e nunca deixar água no prato, pois a
o professor e orquidófilo René Rocha em seu livro “ABC do or- raiz pode apodrecer”.
quidófilo/de uma, várias ou muitas orquídeas” (Editora Agro- Vale lembrar que cada espécie possui necessidades específicas,
nômica Ceres, 2008), é chamada de micro-orquídea aquela portanto, estude sobre a planta que possui para conhecer melhor
de flores minúsculas que não atingem mais do que 1 cm. Já as os cuidados de que ela necessita. Porém, alguns pontos podem
miniorquídeas são plantas menores, porém, de flores grandes ser levados em consideração para a grande maioria das pequenas
em relação ao seu porte. orquídeas. De acordo com Rocha, as mini-orquídeas possuem
“Há ainda as realmente micro, cuja planta e flor são muito raízes finas e delicadas, além disso, seus pequenos caules e
pequenas, como exemplo a Phymatidium delicatum”, acrescenta pseudobulbos possuem reservas reduzidas. “Não podem desidratar
Henrique Ribeiro, engenheiro agrônomo e diretor da BR Orquídea. de modo nenhum, sob pena de definharem rápido. Encontrar o
Já Patrick van der Weijer, engenheiro agronômo da Ecoflora, melhor microambiente para cada uma delas é o segredo.”
diz que a produção das miniphalaenopsis realizada por eles Ribeiro acrescenta que na natureza, as plantas de pequeno
segue os padrões europeu e americano, sendo plantadas em porte estão sempre por debaixo das maiores, portanto, necessitam
pote 06, com altura de 35 cm e flores de 5 cm. de um local com menos luminosidade e uma condição de umidade
mais elevada do que as maiores. “Elas são mais suscetíveis às
CUIDADOS NECESSÁRIOS variações climáticas. Assim, se tivermos que mudá-las de local,
O engenheiro da Ecoflora afirma que os cuidados com as sempre se deve ficar atento às mudanças de habitat, para que
miniphalaenopsis são os mesmos que se deve ter com as de sofram o menor stress possível.”
Micro
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24-26 Rep2 Miniorquideas.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 11:21 Page 26
Mini
Associações
Unidos
pelas flores Texto Cristina Tavelin
Fotos [1] Daniel Mansur, [2] Divulgação/Aceo,
[3] Gustavo Xavier e [4] Mônica Antunes
91ª Exposição
de Orquídeas
da AOSP
[4]
A capacidade de compartilhar ideias, interesses e o amor na-se um grupo para montar o Estatuto Social com atribuições de
por qualquer projeto em comum está na base de uma vivência cargos e outras diretrizes. Também é definida a data do encontro
saudável, que dê sentido à trajetória de cada um. É justamente para aprovar ou não o documento, quando será eleita a diretoria
essa a experiência proporcionada pelas orquídeas a centenas provisória que pode vir a ser a primeira após a oficialização.
de orquidófilos filiados às associações por todo o País. "Processos De acordo com Cruz, o trâmite é relativamente simples, mas
são facilitados por meio de encontros, reuniões, discussões vale contar com a orientação de um advogado ou profissional
técnicas e palestras", destaca Nivaldo José Cruz, presidente da da área de contabilidade. "Após a elaboração e definição do
Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil (CAOB). Estatuto, o contador abrirá a entidade que passará a ter um
Em princípio, basta reunir os admiradores das orquidáceas Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)." Por ser uma
para conversar na casa de alguém do grupo ou mesmo em uma empresa estabelecida pelo Código Civil, a associação deve
escola, igreja, praça ou qualquer espaço disponível. Quando os ser composta por uma diretoria – ou seja, presidente, vice-pre-
objetivos ficam mais amplos, relacionados à participação em ex- sidente, tesoureiros e secretários. Mensalidades pagas por mem-
posições, por exemplo, surge a necessidade de formalizar os pro- bros e associados, doações, mostras e vendas de orquídeas,
cessos. Primeiramente, os membros devem realizar uma reunião patrocínios e apoios de entidades públicas e privadas ajudam
e criar a ata na qual conste a intenção. Nesse momento, desig- a manter o funcionamento.
92ª Exposição
de Orquídeas
da AOSP
[4]
29
28-31 Rep3 Como Criar uma Associação.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 13:09 Page 30
[1]
Exposição de
Orquídeas SOBH
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guia de orquídeas
Texto Carolina Pera
e sombreamento de 50%
Cultivo: Ecoflora (Holambra/SP)
de 70%
Cultivo: Ecoflora (Holambra/SP)
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36-45 Guia+Anun.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 12:45 Page 38
Encyclia cordigera
Origem: México, Colômbia,
Venezuela e Acre
Condições: sombreamento em 50%
e temperatura de 10 a 35 ºC
Curiosidade: Sua floração dura
cerca de 20 dias
Cultivo: Valmir Achiles Oliveira
(Cículo Americanese de Orquídofilos)
Gui Morelli
Antonio Di Ciommo
60 a 95% e meia-sombra
Cultivo: Ecoflora (Holambra/SP)
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Phalaenopsis stuartiana
Origem: ilha de Mindanao, no arquipélago
das Filipinas
Curiosidade: são levemente perfumadas e
sua floração se dá do Inverno até a Primavera
Cultivo: Miguel P (Sociedade Bandeirante
de Orquídeas)
Gui Morelli
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Catleya chilleriana
Origem: Brasil, nos estados do
Espiríto Santo e Bahia
Condições ideais: não gosta de sol
direto, mas aprecia muitas horas
de luz difusa em sombreamento
de 50 a 60%. Exige boa ventilação
e umidade
Cultivo: Cecí Orquídeas
Gui Morelli
(Círculo SãoCarlense de Orquidófilos)
43
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Antonio Di Ciommo
55 a 75% e sombreamento de 50%
Cultivo: Ecoflora (Holambra/SP)
Miltassia Barcelona
Origem: América Latina
Condições ideais: temperatura
entre 15 e 30°C, umidade
ambiente de 55 a 75% e
Antonio Di Ciommo
sombreamento de 50%
Cultivo: Ecoflora (Holambra/SP)
"/Á/$*0&91*3"%0
49 Contatos.qxp_Base CCO 2010 11/4/15 13:07 Page 49
contatos
49
50 Artigo.qxp_Base CCO 2010 11/6/15 10:02 Page 50
artigo
Por Ana Luiza Santiago Magalhães e Euro Magalhães
Pronúncia e
nomenclatura
das orquídeas
Orquidófilos brasileiros, principalmente os da região sudeste, ficaram acos-
tumados à fonética agradável e pouca complexidade para falar sobre as
admiradas orquidáceas. Fomos despertados para a orquidofilia ouvindo outras
pessoas, mais sábias, mencionando "lélia" (Laelia), "catiléia" (Cattleya) e os
"cirtopódios" (Cyrtopodium punctatum).
Algumas já contavam com nomenclaturas tão interessantes que a pronúncia era
tal qual a escrita ou pelo menos muito próxima, a exemplo dos "dendróbios"
(Dendrobium) e "catasetos" (Catasetuns). Mas a introdução de gêneros como
"falenópis" (Phalaenopsis) ou "fraguimipedium" (Phragmipedium), em que grafia e
pronúncia se distanciam, deixaram as coisas um pouco mais complicadas para os
apreciadores das orquidáceas.
Sabemos que existem regras muito claras a serem seguidas pelos taxonomistas
no momento de estabelecer o epíteto genérico ou específico, mas a criatividade *Ana Luiza Santiago
Magalhães é bióloga e
desses profissionais faz a diferença. Sem entrar em detalhes sobre o significado
Euro Magalhães orquidófilo
dos nomes, podemos destacar alguns gêneros com nomenclaturas muito interessantes associado à Sociedade
e, por vezes, extravagantes. Entre os mais extensos destacam-se Blephariglottis, Orquidófila de Belo Horizonte
Grammatophyllum, Aglossorhyncha e Odontorhynchu. Para quem gosta de um tra- (SOBH) desde 1992. Contatos:
va-línguas, Wullschlaegelia, Cogniauxiocharis e Cischweinfia são exemplos pertinentes. [email protected] e
[email protected]
Mas há também os mais curtos, como Yoania, Adipe, Ida, Disa, Eria, Ani.
Já um epíteto genérico curioso por excelência, por sua história e também pelo
reduzidíssimo número de letras, é o Aa. Consta que Heinrich Gustav Reichenbach,
em 1858, ao estabelecer o nome deste gênero - por sinal, da América do Sul -
considerou que estava o desmembrando um outro. Assim, pegou a primeira e a
última letra de Altensteinia e realizou o desejo de criar um nome que constaria em
primeiro lugar em qualquer lista organizada por ordem alfabética. Sobre essa no-
menclatura, o botânico Frederico Carlos Hoehne tem outra versão. Diz ele que é
um tributo prestado a Pieter van der Aa, geógrafo holandês.
Em contrapartida a esse gênero de nome tão reduzido, encontramos aquele
com o maior número de letras, somando 19. Trata-se do Cheiropterocephalus.
Volto a lembrar que nessa breve explanação consideramos apenas os epítetos
genéricos, ou seja, os gêneros.
as
Contém dic
ais
profission s
e
e informaçõ
completas
para cultivo
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