Aula 10 (Processo Legislativo)
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Autor:
Equipe Direito Constitucional
Estratégia Concursos
09 de Maio de 2023
Índice
1) Processo Legislativo Constitucional (Art. 59, Art. 61 - Art. 69)
..............................................................................................................................................................................................3
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Introdução
A função de legislar é uma das funções típicas do Poder Legislativo. É por meio dela, afinal, que são
produzidos os atos normativos primários, assim chamados porque extraem seu fundamento de validade
diretamente do texto constitucional. Os atos normativos primários (leis ordinárias, leis complementares,
dentre outros) são elaborados a partir de uma sistemática própria, prevista na Constituição e nos Regimentos
Internos de cada uma das Casas Legislativas. A essa sistemática dá-se o nome de processo legislativo.
Em nossa aula, estudaremos o processo legislativo constitucional, que consiste no conjunto coordenado de
disposições constitucionais cuja finalidade é a elaboração dos atos normativos primários relacionados no
art. 59, CF/88:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Existem algumas espécies normativas que, apesar de serem primárias, estão fora do escopo do processo
legislativo. É o caso dos decretos autônomos e dos regimentos dos tribunais, que são atos normativos
primários, mas que não são objeto do processo legislativo. Os atos normativos secundários, como os
decretos regulamentares, também não são objeto do processo legislativo.
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(TRT 14a Região – 2014) O processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos presidenciais e resoluções.
Comentários:
Os decretos presidenciais não são objeto do “processo legislativo”. Questão errada.
O controle de constitucionalidade pode ser repressivo ou preventivo. É repressivo quando incide sobre a
norma pronta e acabada, expurgando-a do ordenamento jurídico por ser incompatível com a Constituição.
Por outro lado, é preventivo quando incide sobre norma que ainda não entrou em vigor, isto é, que ainda
não está pronta e acabada.
O desrespeito ao processo legislativo constitucional implica em vício insanável da norma, que padece de
inconstitucionalidade formal ou nomodinâmica. Nesse caso, a lei pode ser declarada inconstitucional pelo
Poder Judiciário, no controle repressivo.
Caso o processo legislativo não tenha sido concluído, pode haver controle preventivo, via mandado de
segurança. Somente podem impetrar mandado de segurança os membros da Casa Legislativa em que
estiver tramitando a proposta. No âmbito federal, se o projeto de lei ou emenda constitucional estiver
tramitando no Senado Federal, apenas os Senadores poderão impetrar o mandado de segurança; caso esteja
tramitando na Câmara, os deputados federais estarão legitimados a fazê-lo. Em qualquer caso, o
encerramento do processo legislativo (aprovação e entrada em vigor da norma) retira do congressista a
legitimidade para continuar no feito, restando prejudicado o mandado de segurança.
A competência originária para apreciar o mandado de segurança que visa invalidar o processo legislativo
federal é do STF, órgão responsável por apreciar os atos emanados do Congresso Nacional, suas Casas e
componentes.
Procedimentos Legislativos
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O procedimento legislativo comum é o destinado à elaboração de leis ordinárias. Ele se subdivide nos
seguintes tipos:
c) Procedimento legislativo abreviado: é o procedimento que se aplica a projetos de lei que, na forma
dos regimentos internos das Casas Legislativa, dispensam a discussão e votação em Plenário. Assim,
por meio desse procedimento legislativo, teremos projetos de lei aprovados diretamente pelas
Comissões, sem necessidade de irem a Plenário.
Conforme já afirmamos, o procedimento legislativo ordinário é o mais completo, no qual não há qualquer
imposição de prazos para encerramento das fases de discussão (deliberação) e votação. É, por isso, o
procedimento mais demorado, havendo a possibilidade de se aprofundar no exame do projeto de lei.
O processo legislativo ordinário apresenta três fases: i) fase introdutória; ii) fase constitutiva e iii) fase
complementar.
A fase introdutória compreende a iniciativa de lei. Diz respeito à apresentação do projeto de lei ao
Congresso Nacional.
A fase constitutiva, por sua vez, abrange: i) a deliberação sobre o projeto de lei; ii) a votação do projeto de
lei e; iii) a manifestação do Chefe do Executivo (sanção ou veto). Se for o caso, haverá, ainda, a apreciação
do veto presidencial pelo Poder Legislativo.
O processo legislativo é instaurado por meio da apresentação de projeto de lei por um dos legitimados a
fazê-lo. A iniciativa da lei é, portanto, o primeiro passo do processo legislativo.
Os legitimados para apresentar projeto de lei estão previstos no art. 61, CF/88:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
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Trata-se de rol não taxativo, pois não menciona o Tribunal de Contas da União e a Defensoria Pública, que
também podem apresentar projetos de lei sobre determinadas matérias.
Vale lembrar que aquele que apresenta projeto de lei pode solicitar sua retirada. Entretanto, para ter
validade, o pedido necessitará do deferimento das Casas Legislativas, de acordo com as regras regimentais.
A iniciativa pode ser classificada em 3 (três) tipos: privativa (exclusiva ou reservada), geral (comum ou
concorrente), popular.
É a que existe quando apenas determinados órgãos ou agentes políticos gozam do poder para propor leis
sobre uma matéria específica. É o caso , por exemplo, da previsão constitucional de que cabe ao Supremo
Tribunal Federal propor lei complementar sobre o Estatuto da Magistratura (CF/88, art. 93).
Devido ao princípio da separação de poderes, essa iniciativa não pode ter prazo fixado pelo Legislativo para
ser exercício. Desse modo, o Poder Legislativo não pode fixar prazo para que o detentor da iniciativa
reservada apresente projeto de lei sobre determinada matéria, ressalvados os casos em que o prazo for
definido pela própria Constituição. Além disso, não cabe ao Judiciário obrigar órgão ou autoridade de outro
Poder a exercer tal iniciativa. A mora legislativa poderá apenas ser reconhecida por meio de mandado de
injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
As matérias da iniciativa privativa do Presidente da República estão elencadas no art. 61, §1º, CF/88. As leis
que tratam dessas matérias somente podem ser objeto de projeto apresentado pelo Presidente da
República, sob pena de nulidade.
II - disponham sobre:
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f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções,
estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.
Segundo o STF, o art. 61, §1º, CF/88, é de observância obrigatória para os Estados-membros, que, ao
disciplinarem o processo legislativo ordinário em suas respectivas Constituições, não podem se afastar desse
modelo, sob pena de nulidade da lei1. Além disso, tais matérias não podem ser exaustivamente tratadas na
Constituição Estadual e na Lei Orgânica de município ou do Distrito Federal, sob pena de invadir a iniciativa
privativa do chefe do Executivo.
1) O Presidente da República tem a iniciativa privativa de leis que disponham sobre matéria tributária
dos Territórios.
2) O Presidente da República tem a iniciativa privativa de projeto de lei que trata da organização do
Ministério Público e da Defensoria Pública da União. Além disso, ele também tem iniciativa privativa
de projeto de lei que versa sobre normas gerais de organização do Ministério Público e da Defensoria
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Trata-se da Lei nº 8.625/1993, que institui
a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público e dispõe sobre normas gerais para a organização do
Ministério Público dos Estados. Trata-se de uma lei nacional, ou seja, aplicável à União e aos Estados.
Cabe destacar que, por força do art. 128, §5º, CF/88, a lei de organização do Ministério Público da
União é da iniciativa concorrente do Presidente da República e do Procurador-Geral da República. As
leis de organização dos Ministérios Públicos Estaduais são de iniciativa privativa do Procurador-Geral
de Justiça.
4) O Presidente da República tem iniciativa privativa das leis que disponham sobre a criação e
extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública. Dando uma interpretação extensiva a
esse dispositivo, a iniciativa da lei de criação e extinção de entidades da administração indireta
também seria de competência do Chefe do Poder Executivo.
A Constituição Federal atribuiu, ainda, ao Presidente da República, a iniciativa privativa das leis
orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual). Segundo o STF,
1
STF, Pleno, ADIn no 11961-1/RO, 24.03.1995, ADIn no 1.197-9/RO, ADI 3176/AP, 30.06.2011.
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essa regra é de observância obrigatória para os Estados e Municípios, em virtude do princípio da simetria.
Assim, nos Estados, a iniciativa privativa das leis orçamentárias é do Governador; nos Municípios, é do
Prefeito.2
Por último, é importante destacar que, à exceção das hipóteses de iniciativa vinculada (leis orçamentárias),
compete ao Chefe do Poder Executivo determinar a conveniência e a oportunidade de exercer a iniciativa
privativa de lei. Nesse sentido, não podem os outros Poderes obrigá-lo a exercer tal competência, sob pena
de ofensa ao princípio da separação de poderes.
Segundo o art. 96, II, compete ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de
Justiça propor ao respectivo Poder Legislativo:
Ademais, o art. 96, I, “d”, dispõe que compete aos Tribunais em geral propor a criação de novas varas
judiciárias. Em outras palavras, os Tribunais têm a iniciativa privativa de projetos de lei que criem novas varas
judiciárias.
Os Tribunais de Justiça têm iniciativa privativa das leis de organização judiciária do respectivo estado (art.
125, §1º).
O STF, por sua vez, tem a iniciativa privativa para apresentar projeto de lei que disponha sobre o Estatuto
da Magistratura. Ressalte-se que o Estatuto da Magistratura deverá ser objeto de lei complementar. A
fixação dos subsídios dos Ministros do STF é igualmente estabelecida por lei ordinária, de iniciativa privativa
do Presidente da Corte Suprema.
Com a promulgação da EC nº 80/2014, a Defensoria Pública passou a ter iniciativa privativa para apresentar
projetos de lei sobre:
2
STF, Pleno, ADIn no 1.759-1/SC, 06.05.2001
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Nos termos do art. 127, § 2º, o Ministério Público poderá propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção
dos cargos da instituição e de seus serviços auxiliares, com provimento obrigatório por concurso público de
provas e de provas e títulos.
Com base no art. 128, § 5º, CF/88, o Procurador-Geral da República tem a iniciativa privativa de projeto de
lei complementar que estabeleça a organização, atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.
Além disso, a iniciativa de lei complementar que estabeleça a organização, atribuições e estatuto dos
Ministérios Públicos dos Estados é dos respectivos Procuradores-Gerais de Justiça.
Nos dois casos, essa iniciativa não é exercida isoladamente pelos Chefes do Ministério Público. Ao contrário,
eles exercem tal iniciativa em conjunto com os Chefes do Poder Executivo (art. 61, §1º, II, “d”). Trata-se de
hipótese de iniciativa concorrente. Assim, temos que:
Hipótese diferente é acerca da lei ordinária que trata de normas gerais sobre organização do Ministérios
Públicos dos Estados, Distrito Federal e Territórios, cuja iniciativa privativa é do Presidente da República.
O Tribunal de Contas da União (TCU) tem a iniciativa privativa de lei que trata de sua organização
administrativa, criação de cargos e remuneração de seus servidores, bem como a fixação de subsídios dos
membros da Corte. Por simetria, os Tribunais de Contas dos Estados também têm a iniciativa privativa de
leis que tratam dessas matérias.
A organização dos Ministérios Públicos que atuam junto aos Tribunais de Contas também é objeto de lei
de iniciativa privativa das respectivas Cortes de Contas.
A criação e extinção de cargos públicos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal não depende de lei,
mas sim de resolução (art. 51, IV c/c art. 52, XIII). No entanto, a fixação da remuneração dos servidores da
Câmara dos Deputados e do Senado depende de lei de iniciativa de cada Casa Legislativa.
O art. 61, CF/88, relaciona os legitimados a apresentar projeto de lei. Dentre eles, podem apresentar projeto
de lei sobre qualquer matéria (excetuadas aquelas da competência privativa) o Presidente da República, os
deputados e senadores, as comissões da Câmara, do Senado e do Congresso Nacional e os cidadãos.
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Iniciativa popular
Os cidadãos, assim considerados aqueles que possuem capacidade eleitoral ativa (direito de votar), também
poderão apresentar projeto de lei. É a chamada iniciativa popular de leis, que é do tipo geral (ou comum),
que lhes permite apresentar projeto de lei sobre qualquer matéria, observadas as regras previstas no texto
constitucional.
A iniciativa popular é aplicável tanto a projetos de lei ordinária quanto a projetos de lei complementar. Não
pode, todavia, ser utilizada para a apresentação de propostas de emendas à Constituição Federal.
No âmbito federal, os projetos de lei de iniciativa popular devem ser apresentados à Câmara dos Deputados.
Nesse caso, exige-se a subscrição de, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado nacional, distribuído por,
pelo menos, 5 (cinco) estados brasileiros, com não menos de 0,3% (três décimos por cento) dos eleitores
de cada um deles.
Também existe iniciativa popular de leis estaduais e municipais. Nos estados e Distrito Federal, a Carta
Magna deixou à lei a função de dispor sobre a iniciativa popular. Nos Municípios, a iniciativa popular de leis
se dá por meio da manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado.
(PGE-RJ – 2022) A Constituição Federal de 1988 (CF) permite, excepcionalmente, a iniciativa popular para a
propositura de emendas constitucionais.
Comentários:
A iniciativa popular não é cabível para a apresentação de emenda constitucional, nos termos do art. 61, § 2º,
da CF/88. Contudo, em relação aos Estados, é possível processo de reforma da Constituição Estadual por
meio de iniciativa popular, no entendimento do STF.
Fase Constitutiva
No âmbito federal, um projeto de lei deverá, necessariamente, tramitar pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal; em outras palavras, ele deverá ser discutido e votado nas duas Casas Legislativas.
Há, portanto, no processo legislativo federal, a Casa Iniciadora e a Casa Revisora. A Casa Iniciadora, como o
próprio nome já indica, é aquela na qual o projeto de lei começa a tramitar. A Casa Revisora, por sua vez, é
aquela que revê o trabalho da Casa Iniciadora.
Depende. Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal podem atuar como Casa Iniciadora ou
Casa Revisora. A definição da Casa Iniciadora depende de quem foi a iniciativa do projeto de lei.
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São apreciados inicialmente pela Câmara dos Deputados (ou seja, a Câmara atua como Casa Iniciadora) os
projetos de lei de iniciativa de deputado federal ou de alguma comissão da Câmara dos Deputados, do
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da
República e dos cidadãos. Já ao Senado cabe apreciar inicialmente os projetos de lei de iniciativa de senador
ou de comissão do Senado Federal. Por fim, nos casos de iniciativa de Comissão Mista do Congresso
Nacional (composta por deputados e senadores), a apreciação inicial será feita alternadamente pela Câmara
e pelo Senado. Na maior parte das vezes, a Casa Iniciadora é, portanto, a Câmara dos Deputados.
Após ser apresentado, o projeto de lei passa pela fase de instrução na Casa Legislativa iniciadora, na qual é
submetido à apreciação das comissões. Essa apreciação se dá em duas comissões diferentes: uma comissão
temática, que examina aspectos relacionados à matéria; e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que
avalia aspectos referentes à constitucionalidade. Cabe à CCJ a análise dos aspectos constitucionais, legais,
jurídicos, regimentais ou de técnica legislativa dos projetos, emendas ou substitutivos, bem como a
admissibilidade da proposta de emenda à Constituição. A apreciação do projeto de lei pelas comissões
também acontece na Casa revisora.
Aprovado o projeto pelas comissões tanto no aspecto formal, quanto no aspecto material, ele é
encaminhado ao Plenário. No Plenário, o projeto de lei é posto em discussão e depois em votação, na forma
estabelecida nos regimentos das Casas legislativas. Determina o art. 47 da Constituição que, salvo disposição
constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria
dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Assim, há dois quóruns diferentes:
a) Quórum de presença: maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa. Destaque-se que a
maioria absoluta é “o primeiro número inteiro acima da metade” (e não a “a metade mais um”, como
é muito comum se dizer). Assim, a maioria absoluta de 81 Senadores é 41; a maioria absoluta de 513
Deputados Federais é 257.
Na Casa iniciadora, o projeto pode ser aprovado ou rejeitado. Aprovado, é encaminhado à Casa revisora.
Rejeitado, é arquivado e a matéria somente poderá ser objeto de novo projeto, na mesma sessão
legislativa, se houver proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas. Trata-se do
princípio da irrepetibilidade.
Na Casa Revisora, após a apreciação pelas comissões, discussão e votação, poderá haver três possibilidades:
i) o projeto ser aprovado da mesma forma como foi recebido da Casa iniciadora; ii) o projeto ser aprovado
com emendas ou; iii) o projeto ser rejeitado.
Se o projeto de lei é rejeitado, é arquivado, com aplicação do princípio da irrepetibilidade. Nesse caso,
veda-se a apresentação, na mesma sessão legislativa, de projeto de lei com a mesma matéria, a não ser por
proposta da maioria absoluta de qualquer uma das Casas legislativas.
Se o projeto for aprovado sem emendas parlamentares, é encaminhado ao Chefe do Executivo para sanção
ou veto. Se o projeto for aprovado com emendas, volta à Casa Iniciadora, para que as emendas sejam
apreciadas. Lá não pode ser subemendado. Cabe à Casa Iniciadora apenas apreciar as emendas.
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Se a Casa Iniciadora aceita as emendas, o projeto de lei (contendo as emendas) é encaminhado ao Chefe do
Executivo para sanção ou veto. Se a Casa Iniciadora as rejeita, o projeto de lei é encaminhado (sem as
emendas) ao Chefe do Executivo para que sancione ou vete o texto original da Casa Iniciadora.
Finalmente, após aprovação do projeto nas duas Casas do Congresso Nacional, ele segue para a fase do
autógrafo, que é o documento formal que reproduz o texto definitivamente aprovado pelo Legislativo.
Emendas Parlamentares
Durante a fase de deliberação parlamentar, podem ser propostas as chamadas emendas parlamentares. As
emendas são proposições legislativas acessórias e podem ser de diferentes tipos:
c) Aglutinativas: quando resultam da fusão de outras emendas, ou destas com o texto original.
e) Substitutivas: são apresentadas como sucedâneo a parte de outra proposição, que, após a
alteração, passará a se chamar “substitutivo”. Essa modificação pode ser substancial ou formal.
f) De redação: quando visam a sanar vícios de linguagem, incorreção da técnica legislativa ou lapso
manifesto.
As emendas só podem ser apresentadas pelos parlamentares, não existindo emendas extraparlamentares.
Essas emendas podem ser apresentadas inclusive a a projeto de lei de iniciativa reservada ou privativa.
Assim, se o Presidente da República apresenta projeto de lei sobre matéria de sua iniciativa privativa, os
congressistas poderão apresentar emenda a este projeto.
O poder de emendar não é absoluto, ilimitado. É necessário que se cumpram alguns requisitos:
a) o conteúdo da emenda deve ser pertinente à matéria da proposição, isto é, deverá haver
pertinência temática;
b) no caso de projetos de iniciativa privativa (exclusiva) do Chefe do Poder Executivo, não podem
ser feitas emendas que acarretem aumento de despesa, ressalvadas as emendas à lei orçamentária
anual e à lei de diretrizes orçamentárias, que, mesmo sendo de iniciativa privativa do Presidente,
poderão ser emendadas com aumento de despesa (art. 63, I).
c) nos projetos de lei sobre a organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal, dos tribunais federais e do Ministério Público, não podem ser feitas emendas
que resultem em aumento de despesa. (art. 63, II).
Segundo o STF, essa regra não se aplica aos projetos de lei sobre organização judiciaria, limitando-
se aos projetos de lei sobre organização dos serviços administrativos. Isso porque o art. 63, II, se
aplica exclusivamente aos serviços administrativos estruturados na secretaria dos tribunais.
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Por fim, em caso de vício de emenda, mesmo que o projeto de lei seja posteriormente sancionado pelo
Presidente, a lei será inválida. A sanção presidencial, além de não convalidar o vício de iniciativa, não
convalida o vício de emenda.3
(PC-DF – 2015) Um projeto de lei que tratava da matéria X foi rejeitado. Nesse caso, essa mesma matéria X
pode ser objeto de outro projeto de lei na mesma sessão legislativa, desde que proposta pela maioria
absoluta dos membros de qualquer das casas do Congresso Nacional.
Comentários:
É isso mesmo! Segundo o art. 67, CF/88, “a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.” Esse é o princípio da irrepetibilidade. Questão
correta.
Sanção e Veto
Sanção
A sanção é ato unilateral do Presidente da República, por meio do qual este manifesta sua aquiescência
(concordância) com o projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Trata-se de ato irretratável do Chefe
do Poder Executivo: uma vez sancionado um projeto de lei, a sanção não poderá ser revogada.
Por meio da sanção, o projeto de lei é convertido em lei. É aplicável somente a projetos de lei ordinária e
projetos de lei complementar. Não há que se falar em sanção para leis delegadas, emendas constitucionais
e, em regra, para medidas provisórias.4
A sanção pode ser expressa ou tácita. Ocorre a sanção expressa se o Presidente da República concordar
com o texto do projeto de lei, formalizando por escrito o ato de sanção no prazo de 15 dias úteis, contados
da data do recebimento do projeto. Depois disso, ele promulgará e determinará a publicação da lei.
Ocorre a sanção tácita se o Presidente da República optar pelo silêncio no prazo de 15 dias úteis, contados
do recebimento do projeto. Nessa hipótese, ele terá um prazo de 48 horas para promulgar a lei resultante
da sanção. Do contrário, o Presidente do Senado, em igual prazo, deverá promulgá-la. Se este não o fizer,
caberá ao Vice-Presidente do Senado a promulgação da lei, sem prazo definido constitucionalmente.
3 STF,
Pleno, ADIn no 1.201-1/RO, 09.06.1995.
4
Existe sanção presidencial em relação a projetos de lei de conversão, que são resultantes de medida provisória.
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Veto
O veto é o ato unilateral do Presidente da República por meio do qual ele manifesta a discordância com o
projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Segundo o art. 66, §1º, CF/88, “se o Presidente da República
considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total
ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de
quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto”.
O veto será sempre motivado. O Presidente da República, ao vetar um projeto de lei, deverá informar ao
Presidente do Senado, dentro de 48 horas, os motivos do veto. Se o Presidente considerar que o projeto de
lei é inconstitucional, estaremos diante do veto jurídico; por outro lado, se o Presidente entender que o
projeto de lei é contrário ao interesse público, teremos um veto político.
O veto jurídico traduz um controle de constitucionalidade político (pois exercido por órgão que não integra
a estrutura do Poder Judiciário) e preventivo (evita que uma lei inconstitucional seja inserida no
ordenamento jurídico). O veto político, por sua vez, traduz um juízo político de conveniência do Presidente
da República, em seu papel de representante e defensor da sociedade.
O veto é sempre expresso. Não há veto tácito em nosso ordenamento jurídico. Caso o Presidente da
República não manifeste sua posição em relação a um projeto de lei no prazo de 15 dias úteis, este será
sancionado tacitamente.
Além disso, é relativo, ou seja, pode ser superado (rejeitado). Quando o Presidente veta um projeto de lei,
deve informar ao Presidente do Senado Federal dentro de 48 horas. Nesse caso, o veto deverá ser apreciado
em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro de 30 dias a contar do seu recebimento.
Se, dentro do prazo de 30 dias, não houver a deliberação do veto, este será colocado na ordem do dia da
sessão imediata, retardando as demais deliberações do Congresso Nacional, até que ocorra a sua votação
(art. 66, § 6º, CF). Note que, nesse caso, haverá o trancamento de pauta da sessão conjunta do Congresso
Nacional, não de sessão da Câmara ou do Senado.
Havendo rejeição do veto (por maioria absoluta dos deputados e senadores), o projeto será enviado ao
Presidente da República. Ele terá um prazo de 48 horas para emitir o ato de promulgação. Caso não o faça
nesse prazo, a competência para promulgar passará a ser do Presidente do Senado, que terá igual prazo para
promulgar. Se ele também não o fizer, a promulgação será de responsabilidade do Vice-Presidente do
Senado, sem prazo definido constitucionalmente. A rejeição do veto produz efeitos ˜ex nunc” (prospectivos).
Quando ocorre a rejeição do veto, temos uma situação em que uma lei surge (nasce) sem
que tenha sido sancionada. Daí dizermos que a sanção não é ato imprescindível ao
surgimento das leis.
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O veto pode ser total ou parcial. É total quando incide sobre todo o projeto de lei, e parcial quando se refere
a apenas alguns dos dispositivos do projeto. O veto parcial deve abranger texto integral de artigo, de
parágrafo, de inciso ou de alínea. Não se admite que incida sobre palavras ou expressões.
Imagine que ocorra o veto parcial de um projeto de lei. Enquanto não for apreciado, a parte não vetada do
projeto será promulgada e publicada. Os dispositivos não vetados ingressarão no mundo jurídico, enquanto
os vetados serão publicados sem texto, constando apenas a expressão “vetado”. Posteriormente, caso o
veto seja superado, os artigos a ele referentes serão encaminhados à promulgação e, após a devida
publicação, começarão a produzir efeitos (ex nunc).
O veto é um ato político e, como tal, suas razões não poderão ser questionadas perante o Poder Judiciário.
Não cabe ao Poder Judiciário apreciar o mérito do veto. Entretanto, é admissível o controle judicial sobre a
inoportunidade do veto. Em outras palavras, se o veto ocorrer após o período de 15 dias úteis, isso poderá
ser questionado perante o Poder Judiciário.
Por último, ressaltamos que não se admite retratação do veto, tampouco a retratação de sua derrubada ou
manutenção pelo Legislativo.5
(DPE-RS - 2022) Rejeitado o veto parcial pelo Congresso Nacional, constitui-se o dever constitucional de o
Presidente da República promulgar a parte vetada do projeto de lei.
Comentários:
Se o veto parcial foi rejeitado pelo Congresso, cumpre ao Presidente da República promulgar a lei com a
parte cujo veto foi rejeitado, por força do art. 66, §§ 4º e 5º, da Constituição Federal. Questão correta.
Fase Complementar
Promulgação
A promulgação é o ato solene que atesta a existência da lei, confirmando o seu surgimento; é como se fosse
uma “certidão de nascimento da lei”. A promulgação incide sobre a lei pronta, declarando a sua
potencialidade para produzir efeitos. Assim, a lei nasce com a sanção, mas tem sua existência declarada pela
promulgação.
O prazo para promulgação é de 48 horas, no caso de sanção tácita e rejeição do veto. Quando a sanção for
expressa, a promulgação ocorrerá simultaneamente a ela.
5
ADI 1254/RJ, 1999.
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Presidente do Senado Federal. Da mesma forma, quando há sanção tácita, o Presidente deverá promulgar a
lei em 48 horas; se não o fizer, novamente a competência se desloca para o Presidente do Senado Federal.
Existem, ainda, casos em que a promulgação é ato de competência originária do Poder Legislativo: emendas
à Constituição (promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal), decretos
legislativos (promulgados pelo Presidente do Congresso Nacional, que é o Presidente do Senado) e
resoluções (promulgadas pelo Presidente do órgão que a edita).
Publicação
A publicação consiste no ato de divulgação oficial da lei; ela consiste na comunicação a todos de que a lei
existe e deve ser cumprida. Trata-se de condição de eficácia da lei: a partir do momento em que a lei é
publicada, ela passa a estar apta a produzir todos os seus efeitos, embora ainda não esteja,
necessariamente, em vigor.
A publicação não se confunde com a promulgação, que lhe é anterior. Por meio da promulgação, reconhece-
se que a lei existe; com a publicação, adquire a potencialidade para produzir efeitos. Destaque-se que a Carta
Magna não estabelece prazo para o ato de publicação da lei.
Por último, embora não esteja expresso na Constituição, a publicação da lei ordinária é ato de competência
do Presidente da República.
(MPE-RS – 2014) Com a promulgação, mediante a sanção da Presidência da República, a lei passa a vigorar
de plano, sendo a sua publicação apenas o exaurimento do processo legislativo.
Comentários:
A promulgação da lei não implica na sua entrada em vigor. A promulgação apenas declara que a lei tem
potencial para produzir seus efeitos. Questão errada.
A Carta Magna disciplina o processo legislativo sumário ou de urgência no seu art. 64, §1º, no qual estabelece
que o Presidente da República poderá solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa.
Ressalte-se, entretanto, que não é necessário que a matéria seja da iniciativa privativa do Presidente da
República. O regime de urgência poderá ser solicitado pelo Presidente em relação a quaisquer projetos de
lei que ele tiver apresentado ao Congresso Nacional, em qualquer fase de sua tramitação.
Embora a Constituição disponha que o procedimento legislativo sumário pode ser estabelecido por
solicitação do Presidente, a doutrina aponta que é verdadeiro caso de “requisição”. Isso quer dizer que o
Congresso Nacional deverá, obrigatoriamente, instaurar o procedimento legislativo sumário quando assim
for requerido pelo Presidente; trata-se de ato vinculado do Congresso Nacional.
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O processo legislativo sumário deve terminar no prazo máximo de cem dias (45 dias na Câmara, 45 dias no
Senado e mais 10 dias para a Câmara apreciar as emendas dos senadores, se houver), desconsiderando os
períodos de recesso do Congresso Nacional.
Se as Casas não se manifestarem, cada uma, em até 45 dias, trancar-se-á a pauta das deliberações
legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se
ultime a votação. Observe que esse prazo corre separadamente em cada Casa do Congresso Nacional. Assim,
se a Câmara encerrar a apreciação do projeto de lei no 45o dia, ele segue para o Senado, que terá novos 45
dias para apreciá-lo.
A Constituição estabelece que o processo legislativo sumário (ou de urgência) não poderá ser aplicado aos
projetos de códigos.
O procedimento legislativo abreviado é o que dispensa a discussão e votação de projeto de lei em Plenário.
Quando utilizado o procedimento legislativo abreviado, o projeto de lei será discutido e votado diretamente
pelas comissões das Casas respectivas.
O procedimento legislativo abreviado está previsto no art. 58, § 2º, I, segundo o qual compete às comissões
“discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se
houver recurso de um décimo dos membros da Casa”. Assim, a discussão e votação de projeto de lei não são
competências apenas dos Plenários das Casas Legislativas; a Carta Magna também outorga essas
competências, nas situações e matérias que o regimento determinar.
Trata-se do que a doutrina denomina de delegação “interna corporis”: esse nome deriva do fato de que os
Regimentos Internos das Casas Legislativas delegam a competência para discussão e votação de certos
projetos de lei a órgãos integrantes do Poder Legislativo (órgãos internos do Poder Legislativo).
Ressalte-se que, caso um décimo (1/10) dos membros da Casa respectiva decida que uma comissão não
pode apreciar e votar o projeto de lei, este irá para plenário.
Leis Complementares
A diferença do ponto de vista material consiste no fato de que os assuntos tratados por lei complementar
estão expressamente previstos na Constituição, o que não acontece com as leis ordinárias, que têm campo
material residual.
Já a diferença do ponto de vista formal diz respeito ao processo legislativo. Enquanto o quórum para a
aprovação da lei ordinária é de maioria simples (art. 47, CF), o da lei complementar é de maioria absoluta
(art. 69), ou seja, o primeiro número inteiro subsequente à metade dos membros da Casa Legislativa. As
demais fases do procedimento de elaboração da lei complementar seguem o processo ordinário.
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Medidas Provisórias
A medida provisória é ato normativo primário geral, editado pelo Presidente da República, em caso de
relevância e urgência. Uma vez editada a medida provisória, ela deverá ser submetida imediatamente ao
Congresso Nacional. Caso este esteja em recesso, não há a necessidade de convocação extraordinária.
Os requisitos de “relevância” e “urgência”, necessários para a edição de medida provisória, são conceitos
jurídicos indeterminados e, por isso, estão inseridos na esfera da discricionariedade administrativa. O STF
considera que é possível o controle jurisdicional desses requisitos, mas apenas em casos excepcionais, nos
quais for evidente a ausência desses pressupostos.6
A medida provisória não pode tratar de qualquer matéria, em virtude da existência de limitações
constitucionais à sua edição. De acordo com o art. 62, §1º, da CF:
I - relativa a:
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro;
No que se refere à matéria orçamentária, há uma exceção à vedação. Trata-se da possibilidade de abertura
de créditos extraordinários7 por meio de medida provisória.
6
ADI 4029, Rel. Min. Luiz Fux. Julgamento: 08.03.2012
7Os créditos extraordinários são espécies do gênero créditos adicionais, destinados a reforçar o orçamento previsto na Lei
Orçamentária Anual (LOA). Destinam-se a despesas urgentes e imprevisíveis, tais como guerra, calamidade pública ou
comoção interna.
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Uma vez editada pelo Presidente, a medida provisória deve ser submetida, de imediato, ao Congresso
Nacional, onde tem o prazo de 60 (sessenta) dias (prorrogáveis por mais sessenta) para ser apreciada. Esse
prazo não corre durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
Lá, ela é apreciada por uma comissão mista, composta de senadores e deputados, que apresenta um parecer
favorável ou não à sua conversão em lei. Emitido o parecer, o Plenário das Casas Legislativas examina a
medida provisória. A votação se inicia, obrigatoriamente, na Câmara dos Deputados.
Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados de sua publicação, entra em regime de
urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional. Nesse caso, ficam
sobrestadas, até que se ultime a votação, “todas as demais deliberações legislativas” da Casa em que a
medida provisória estiver tramitando (art. 62, § 6º, CF/88). Para o STF, esse trancamento de pauta não
abrange toda e qualquer deliberação da Casa Legislativa, mas apenas aquelas matérias que sejam passíveis
de regramento por medida provisória. 8
O trancamento da pauta da Casa Legislativa não interrompe a contagem do prazo (sessenta dias,
prorrogáveis por mais sessenta) para a conclusão do processo legislativo da medida provisória. Deduz-se,
com isso, que é possível que, mesmo com o trancamento de pauta, haja expiração do prazo para a conclusão
do processo legislativo, sem que o Congresso Nacional tenha ultimado a apreciação da medida provisória.
Nessa situação, a medida provisória perde sua eficácia, desde a sua edição, por decurso de prazo (ex tunc).
a) Caso a medida provisória seja integralmente convertida em lei, o Presidente do Senado Federal a
promulga, remetendo-a para publicação. Nesse caso, não há que se falar em sanção ou veto do
Presidente da República.
b) Caso a medida provisória seja integralmente rejeitada ou perca sua eficácia por decurso de prazo
(em face da não apreciação pelo Congresso Nacional no prazo estabelecido), o Congresso Nacional
baixa ato declarando-a insubsistente e deve disciplinar, por meio de decreto legislativo, no prazo de
sessenta dias, as relações jurídicas dela decorrentes. Caso contrário, as relações jurídicas surgidas
no período permanecem regidas pela medida provisória.
8
MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 29.06.2017
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Quando uma medida provisória é editada, ela suspende a eficácia da norma anterior que
lhe for contrária. Caso a medida provisória não seja convertida em lei ou perca sua eficácia
por decurso de prazo, é restaurada a eficácia da norma suspensa. Trata-se do chamado
“efeito repristinatório”.
A jurisprudência do STF não admite que medida provisória submetida ao Congresso Nacional seja retirada
pelo Chefe do Poder Executivo. Entretanto, aceita que medida provisória nessa situação seja revogada por
outra. Nesse caso, a matéria constante da medida provisória revogada não poderá ser reeditada, em nova
medida provisória, na mesma sessão legislativa.
Os Estados-membros podem adotar medida provisória, desde que haja previsão de edição
dessa espécie normativa em sua Constituição, nos mesmos moldes da Constituição
Federal. Desse modo, caso o estado opte por instituir medidas provisórias, deverão ser
respeitados os princípios e limites estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, tendo
em vista a necessidade da observância simétrica do processo legislativo federal.
(TCE-SC - 2022) Medida provisória não revoga lei anterior, apenas suspende seus efeitos no ordenamento
jurídico, devido a seu caráter transitório e precário.
Comentários:
Apesar de nascer com força de lei, a medida provisória, a partir do momento em que é editada, suspende os
efeitos da lei que seja com ela conflitante. Somente após ser convertida em lei essa MP revogará,
definitivamente, a lei anterior. Questão correta.
Leis Delegadas
As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, no exercício de sua função atípica
legislativa. Inicialmente, por meio de mensagem, o Presidente solicita que o Congresso lhe delegue a
competência para legislar sobre determinada matéria. O Congresso Nacional examina a solicitação e, caso a
aprove, edita resolução que especifica o conteúdo e os termos para o exercício da delegação. É
inconstitucional ato de delegação genérico, vago, que dá poderes ilimitados ao Presidente da República em
termos de competência legislativa.
A delegação é ato discricionário do Congresso Nacional, podendo ser revogada a qualquer tempo. Pode ser
de dois tipos:
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a) Delegação típica (própria): Nesse tipo de delegação (que costuma ser a regra), o Congresso
Nacional limita-se a atribuir ao Presidente a competência para editar lei sobre determinada matéria.
O Presidente irá, então, elaborar, promulgar e publicar a lei delegada, sem qualquer intervenção do
Congresso nesse procedimento.
b) Delegação atípica (imprópria): Nesse tipo de delegação, a resolução do Congresso Nacional prevê
que o projeto de lei delegada elaborado pelo Presidente deverá ser apreciado pelo Poder Legislativo
antes de ser convertido em lei.
Nesse caso, o Congresso Nacional sobre ele deliberará, em votação única, vedada qualquer emenda.
Caso aprovada, a lei delegada será encaminhada ao Presidente da República, para que a promulgue
e publique. Se rejeitado, o projeto será arquivado, somente podendo ser reapresentado, na mesma
sessão legislativa, por solicitação da maioria absoluta dos membros de uma das Casas do Congresso
Nacional (princípio da irrepetibilidade).
A delegação não vincula o Presidente da República, que, mesmo diante dela, pode não editar a lei delegada.
Também não retira do Legislativo o poder de regular a matéria. Além disso, o Congresso Nacional pode
revogar a delegação antes do encerramento do prazo fixado na resolução.
Da mesma forma que ocorre com as medidas provisórias, as leis delegadas não podem cuidar de qualquer
matéria. Vejamos o que dispõe o art. 68, § 1º, da Constituição Federal:
A Carta Magna outorgou ao Congresso Nacional a competência para sustar os atos do Executivo que
exorbitem dos limites da delegação legislativa. O ato de sustação tem efeitos não-retroativos (ex nunc).
Trata-se do chamado “veto legislativo”.
Esse controle legislativo não veda uma eventual declaração de inconstitucionalidade, pelo Poder Judiciário,
quanto à matéria ou quanto aos requisitos formais do processo legislativo. Assim, após o ato de sustação
efetuado pelo Congresso Nacional (decreto legislativo), poderá o Chefe do Executivo pleitear judicialmente
a declaração de sua inconstitucionalidade, por meio de ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ajuizada
perante o Supremo Tribunal Federal.
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(MPE-PR – 2014) Não serão objeto de lei delegada os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional,
os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais.
Comentários:
É exatamente o que prevê o art. 68, § 1º, I, CF/88. A lei delegada não poderá versar sobre essas matérias.
Questão correta.
Os decretos legislativos e as resoluções são espécies normativas primárias, com hierarquia de lei ordinária.
Não estão sujeitos à sanção ou veto do Presidente da República.
Os decretos legislativos são atos editados pelo Congresso Nacional para o tratamento de matérias de sua
competência exclusiva (art. 49 da CF), dispensada a sanção presidencial. Segundo o Prof. José Afonso da
Silva, os decretos legislativos são atos com efeitos externos ao Congresso Nacional.
As resoluções, por sua vez, são espécies normativas editadas pelo Congresso Nacional, pelo Senado Federal
ou pela Câmara dos Deputados. São utilizadas para dispor sobre assuntos de sua competência que não estão
sujeitos à reserva de lei. Esses assuntos são basicamente aqueles enumerados nos arts. 51 e 52 da
Constituição, que apontam as competências privativas da Câmara e do Senado, respectivamente.
A Carta Magna exige a edição de resoluções, também, em outros dispositivos constitucionais, dentre os
quais:
b) definição das alíquotas máximas do imposto da competência dos Estados e do DF, sobre
transmissão “causa mortis” e doações, de quaisquer bens ou direitos (resoluções do Senado);
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QUESTÕES COMENTADAS
1. (CESPE/ MPC-PA – 2019) Com relação à medida provisória, assinale a opção correta.
b) O prazo máximo para que medida provisória seja convertida em lei é de 180 dias após a sua publicação.
c) Não sendo editado decreto legislativo para regulamentar as relações jurídicas após a perda de eficácia de
medida provisória, os atos praticados durante sua vigência permanecerão por ela regidos.
Comentários:
Letra B: errada. As medidas provisórias têm eficácia pelo prazo de sessenta dias a partir de sua publicação,
prorrogável uma única vez por igual período (art. 62, § 3º, CF).
Letra D: errada. A edição de medida provisória não configura hipótese de convocação extraordinária do
Congresso Nacional. A Carta Magna determina apenas que, havendo medidas provisórias em vigor na data
de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da
convocação (art. 57, § 8º, CF).
Letra E: errada. Compete à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e
sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das
Casas do Congresso Nacional (art. 62, § 9º, CF).
O gabarito é a letra C.
2. (CESPE / STM – 2018) Situação hipotética: Por iniciativa de deputado federal tramitou e foi
aprovado, no Congresso Nacional, projeto de lei que trata de regime jurídico dos militares das Forças
Armadas. Assertiva: Nessa situação, o projeto deverá ser vetado pelo presidente da República, porque
existe vício de constitucionalidade formal.
Comentários:
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As leis que dispõem sobre regime jurídico dos militares das Forças Armadas são de iniciativa privativa do
Presidente da República (art. 61, §1º, II, “f”, CF). Por isso, projeto de lei de iniciativa de deputado federal
que trate dessa matéria deve, sim, ser vetado pelo presidente da República, porque sofre de vício de
constitucionalidade formal. Questão correta.
3. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2018) A Câmara dos Deputados é a casa onde se devem iniciar todos
os projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do STF ou de tribunal superior, cabendo ao
Senado o papel de casa revisora.
Comentários:
É o que determina a Carta Magna no seu art. 64, segundo o qual “a discussão e votação dos projetos de lei
de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início
na Câmara dos Deputados”. Nesse caso, caberá ao Senado o papel de casa revisora, nos termos do art. 65
da CF/88. Questão correta.
4. (CESPE / EMAP – 2018) Medida provisória que perca sua eficácia por decurso de prazo somente
poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa, em caso de interesse público relevante.
Comentários:
A CF/88 determina que “ é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha
sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo“ (art. 62, § 10, CF). É o que se chama
de principio da irrepetibilidade, que, no caso das medidas provisórias, não comporta exceções. Por isso, na
situação apresentada, a medida provisória não poderá ser reeditada. Questão errada.
5. (CESPE / TRF 1a Região – 2017) Nas situações de relevância e urgência, o chefe do Poder Executivo
federal poderá editar medida provisória que trate de matéria relativa à organização do Poder Judiciário.
Comentários:
É vedada a edição de medida provisória sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
carreira e a garantia de seus membros (art. 62, § 1º, I, alínea “c”). Questão errada.
6. (CESPE / TRF 1a Região – 2017) Lei estadual, de iniciativa parlamentar, que crie atribuições para
determinada secretaria do estado, deverá ser declarada inconstitucional por vício de iniciativa.
Comentários:
Lei estadual que cria atribuições para determinada secretaria do estado é de iniciativa privativa do
Governador. Portanto, na situação apresentada pelo enunciado, há inconstitucionalidade formal, por vício
de iniciativa. Questão correta.
7. (CESPE / TCE-PE – 2017) Dado o princípio da simetria, lei estadual para tratar de situação funcional
de servidores públicos da administração direta e indireta deverá ser proposta pelo governador do estado.
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Comentários:
É exatamente isso! É de iniciativa privativa do Governador projeto de lei que versa sobre a situação
funcional de servidores públicos estaduais. Questão correta.
8. (CESPE / TCE-PE – 2017) Matéria reservada a lei complementar não pode ser tratada por meio de
medida provisória nem pode ser objeto de lei delegada elaborada pelo presidente da República.
Comentários:
Medida provisória e lei delegada não podem tratar de tema que a CF/88 reservou para lei complementar.
Questão correta.
9. (CESPE / TCE-PE – 2017) A regra da separação dos poderes impede que os requisitos de relevância
e urgência, necessários à edição de medidas provisórias pelo presidente da República, sejam submetidos
ao crivo do Poder Judiciário.
Comentários:
Na ADI 4029, o STF considerou que é possível o controle jurisdicional dos requisitos de urgência e relevância,
mas apenas em casos excepcionais, nos quais for evidente a ausência desses pressupostos. Questão errada.
10. (CESPE / TCE-PE – 2017) Quando propostas pelo presidente da República e aprovadas pelas casas
do Congresso Nacional, as emendas à Constituição deverão ser promulgadas pelo proponente em prazo
constitucionalmente determinado.
Comentários:
As emendas constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Não se pode dizer, portanto, que elas serão promulgadas pelos “proponentes”. Questão errada.
11. (CESPE / TCE-PE – 2017) O presidente da República poderá vetar alínea de projeto de lei aprovado
pelo Congresso Nacional, desde que o faça integralmente.
Comentários:
O veto pode ser total ou parcial. No caso de veto parcial, este deverá abranger o texto integral de artigo,
parágrafo, inciso ou alínea. Questão correta.
12. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2017) Os projetos de lei de iniciativa do presidente da República,
em particular os que versem sobre questões orçamentárias, não podem receber emendas parlamentares
que ensejem aumento de despesa pública.
Comentários:
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Como regra geral, nos projetos de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República, não serão admitidas
emendas parlamentares que impliquem em aumento de despesa. Essa regra não se aplica, todavia, para
emendas parlamentares em em projetos de leis que envolvam questões orçamentárias. É o que se extrai da
leitura, do art. 63, I, CF/88:
Questão errada.
13. (CESPE / TRE-BA – 2017) O Projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional é enviado ao presidente
da República, que pode vetá-lo ou sancioná-lo. Considera-se o veto do presidente um ato
a) retratável, por ser suscetível de posterior alteração pelo próprio presidente da República.
b) político, pois não há necessidade de que seja motivado.
c) absoluto, pois encerra definitivamente o processo legislativo em relação aos dispositivos vetados.
d) expresso, pois deve resultar de manifestação efetiva do chefe do Executivo.
e) supressivo ou aditivo, já que pode determinar a retirada ou a inclusão de dispositivos no projeto de lei.
Comentários:
Letra B: errada. O veto será sempre motivado. O Presidente irá vetar um projeto de lei por considerá-lo
inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao interesse público (veto político).
Letra C: errada. O veto é relativo. Ele poderá ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores, em sessão conjunta do Congresso Nacional.
Letra E: errada. O veto não pode implicar na inclusão de dispositivos no projeto de lei.
O gabarito é a letra D.
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Comentários:
I - relativa a:
O gabarito é a letra D.
15. (CESPE / PC-GO – 2016) Acerca do processo legislativo pertinente a medidas provisórias, assinale a
opção correta.
a) O decreto legislativo editado para regular as relações nascidas a partir do período de vigência de medida
provisória posteriormente rejeitada cria hipótese de ultratividade da norma, capaz de manter válidos os
efeitos produzidos e, bem assim, alcançar situações idênticas futuras.
b) Muito embora a medida provisória, a partir da sua publicação, não possa ser retirada pelo presidente da
República da apreciação do Congresso Nacional, nada obsta que seja editada uma segunda medida provisória
que ab-rogue a primeira para o fim de suspender-lhe a eficácia.
c) Por força do princípio da separação de poderes, é vedado ao Poder Judiciário examinar o preenchimento
dos requisitos de urgência e de relevância por determinada medida provisória.
d) Em situações excepcionais elencadas no texto constitucional, a medida provisória rejeitada pelo Congresso
Nacional somente poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa de sua edição.
e) A proibição de edição de medida provisória sobre matéria penal e processual penal alcança as emendas
oferecidas ao seu correspondente projeto de lei de conversão, as quais ficam igualmente impedidas de
veicular aquela matéria.
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Comentários:
Letra A: errada. A medida provisória tem validade por 60 dias, prorrogáveis por igual período. Se não for
convertida em lei nesse prazo, elas perdem sua validade. Poderá, então, ser editado um decreto legislativo
para regular as relações jurídicas decorrentes da medida provisória.
Se o referido decreto legislativo não for editado, as relações jurídicas constituídas e os atos praticados
durante a vigência da medida provisória continuarão por ela regidos. Diante da falta de edição de decreto
legislativo surgirá, então, hipótese de ultratividade da medida provisória rejeitada (expressa ou
tacitamente. Destaque-se que “ultratividade” consiste em aplicação de norma revogada a casos durante o
período em que ela estava em vigor.
Observe, portanto, que, ao contrário do que diz o enunciado, é a falta de edição de decreto que gera
hipótese de ultratividade da medida provisória.
Letra B: correta. O Presidente da República não pode retirar medida provisória que tenha editado. No
entanto, poderá editar uma segunda medida provisória com o objetivo de ab-rogar a primeira.
Letra C: errada. O Poder Judiciário poderá, em situações excepcionais, examinar os requisitos de relevância
e urgência.
Letra D: errada. A medida provisória rejeitada ou que perdeu eficácia por decurso de prazo não poderá ser
reeditada na mesma sessão legislativa.
Letra E: errada. Não podem ser editadas medidas provisórias sobre direito penal e processual penal. Essas
são vedações materiais às medidas provisórias. No entanto, tais vedações se direcionam ao Presidente da
República ao editar a medida provisória.
No Congresso Nacional, podem ser apresentadas emendas parlamentares à medida provisória, hipótese em
que esta irá se transformar em projeto de lei de conversão. O projeto de lei de conversão não está sujeito
às mesmas vedações materiais que a medida provisória.
O gabarito é a letra B.
16. (CESPE / PC-PE – 2016) No que se refere ao processo legislativo, assinale a opção correta de acordo
com o disposto na CF.
a) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito
por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, nove estados da Federação.
b) É de competência do Senado Federal examinar as medidas provisórias e emitir parecer sobre elas, antes
que sejam apreciadas pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
c) Leis ordinárias e complementares são espécies do processo legislativo federal que, aprovadas pelo
Congresso Nacional, prescindem da sanção do presidente da República.
d) É de competência exclusiva da Câmara dos Deputados sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
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Comentários:
Letra A: errada. A iniciativa popular de projeto de lei depende da subscrição da proposta por 1% do eleitoral
nacional, em pelo menos 5 estados, manifestando-se, em cada um destes, pelo menos 0,3% do eleitorado.
Letra B: errada. Caberá a uma comissão mista de Deputados Federais e Senadores examinar as medidas
provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de sua apreciação, em sessão separada, pelo Plenário de cada
uma das Casas Legislativas.
Letra D: errada. É competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V, CF/88).
Letra E: correta. Segundo o art. 61, CF/88, “a iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente
da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição”.
O gabarito é a letra E.
17. (CESPE / TRT 8a Região – 2016) Acerca do processo legislativo, assinale a opção correta de acordo
com as disposições da CF.
a) Há veto tácito sempre que o presidente da República deixa de sancionar a lei no prazo constitucionalmente
exigido após sua aprovação.
b) É vedada a apresentação de emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa privativa do presidente da
República.
c) Compete ao presidente da República o esclarecimento sobre em que consiste a contrariedade ao interesse
público no veto político a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional.
d) A sanção e promulgação de projeto de lei de iniciativa privativa do presidente da República, mas
apresentado por parlamentar, sana o vício de iniciativa, por convalidação.
e) A aprovação, sem nenhuma emenda ou modificação, de projeto de lei apresentado pelo presidente da
República dispensa a sanção.
Comentários:
Letra A: errada. O veto é sempre expresso, jamais tácito. Caso o Presidente da República não manifeste sua
posição em relação a um projeto de lei no prazo de 15 dias úteis, este será sancionado tacitamente.
Letra B: errada. Admite-se a apresentação de emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa privativa do
presidente da República, desde que não acarrete aumento de despesa, ressalvada a emenda à lei
orçamentária anual e à lei de diretrizes orçamentárias (art. 63, I, CF).
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Letra C: correta. De fato, assim como o veto jurídico, o veto político é sempre motivado.
Letra E: errada. Mesmo nesse caso, a sanção do Presidente da República é etapa obrigatória do processo
legislativo.
O gabarito é a letra C.
18. (CESPE / TCE-PA – 2016) Em decorrência das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o TCU
detém iniciativa reservada para instaurar processo legislativo destinado a alterar sua organização e
funcionamento, sendo formalmente inconstitucional lei de iniciativa parlamentar que disponha sobre a
referida matéria.
==d3d7==
Comentários:
Segundo o art. 73, CF/88, “o Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96”.
Esse dispositivo, além de tratar da composição do TCU, nos indica que este órgão irá exercer, no que couber,
as atribuições previstas no art. 96, CF/88. Essas atribuições são aquelas típicas dos tribunais do Poder
Judiciário. Vejamos:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das
normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência
e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores
que lhes forem imediatamente vinculados;
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O TCU, assim como os tribunais do Poder Judiciário, tem poder de autogoverno. Nesse sentido, é o próprio
TCU que tem competência para dispor sobre sua organização e funcionamento. Lei de iniciativa parlamentar
que disponha sobre essa matéria será, portanto, formalmente inconstitucional. Questão correta.
19. (CESPE / TCE-PA – 2016) Segundo o STF, configura hipótese de inconstitucionalidade formal, por
vício de iniciativa, a edição de lei de iniciativa parlamentar que estabeleça atribuições para órgãos da
administração pública.
Comentários:
Segundo o STF, lei que estabelecer atribuições para órgãos da Administração Pública é de iniciativa privativa
do Chefe do Poder Executivo. Logo, lei de iniciativa parlamentar sobre essa matéria será formalmente
inconstitucional. Questão correta.
20. (CESPE / TCE-PA – 2016) Cabe ao próprio Ministério Público a iniciativa de propor ao Poder
Legislativo a edição de lei ordinária que disponha sobre a criação e a extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, bem como sobre a política remuneratória e seus planos de carreira.
Comentários:
O Ministério Público tem a iniciativa de propor ao Poder Legislativo a edição de lei ordinária dispondo sobre
criação e a extinção de seus cargos e serviços auxiliares, bem como sobre a política remuneratória e seus
planos de carreira. É o que prevê o art. 127, § 2º, CF/88:
Questão correta.
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LISTA DE QUESTÕES
1. (CESPE/ MPC-PA – 2019) Com relação à medida provisória, assinale a opção correta.
b) O prazo máximo para que medida provisória seja convertida em lei é de 180 dias após a sua publicação.
c) Não sendo editado decreto legislativo para regulamentar as relações jurídicas após a perda de eficácia de
medida provisória, os atos praticados durante sua vigência permanecerão por ela regidos.
2. (CESPE / STM – 2018) Situação hipotética: Por iniciativa de deputado federal tramitou e foi aprovado,
no Congresso Nacional, projeto de lei que trata de regime jurídico dos militares das Forças
Armadas. Assertiva: Nessa situação, o projeto deverá ser vetado pelo presidente da República, porque
existe vício de constitucionalidade formal.
3. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2018) A Câmara dos Deputados é a casa onde se devem iniciar todos
os projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do STF ou de tribunal superior, cabendo ao
Senado o papel de casa revisora.
4. (CESPE / EMAP – 2018) Medida provisória que perca sua eficácia por decurso de prazo somente
poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa, em caso de interesse público relevante.
5. (CESPE / TRF 1a Região – 2017) Nas situações de relevância e urgência, o chefe do Poder Executivo
federal poderá editar medida provisória que trate de matéria relativa à organização do Poder Judiciário.
6. (CESPE / TRF 1a Região – 2017) Lei estadual, de iniciativa parlamentar, que crie atribuições para
determinada secretaria do estado, deverá ser declarada inconstitucional por vício de iniciativa.
7. (CESPE / TCE-PE – 2017) Dado o princípio da simetria, lei estadual para tratar de situação funcional
de servidores públicos da administração direta e indireta deverá ser proposta pelo governador do estado.
8. (CESPE / TCE-PE – 2017) Matéria reservada a lei complementar não pode ser tratada por meio de
medida provisória nem pode ser objeto de lei delegada elaborada pelo presidente da República.
9. (CESPE / TCE-PE – 2017) A regra da separação dos poderes impede que os requisitos de relevância
e urgência, necessários à edição de medidas provisórias pelo presidente da República, sejam submetidos
ao crivo do Poder Judiciário.
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10. (CESPE / TCE-PE – 2017) Quando propostas pelo presidente da República e aprovadas pelas casas
do Congresso Nacional, as emendas à Constituição deverão ser promulgadas pelo proponente em prazo
constitucionalmente determinado.
11. (CESPE / TCE-PE – 2017) O presidente da República poderá vetar alínea de projeto de lei aprovado
pelo Congresso Nacional, desde que o faça integralmente.
12. (CESPE / Instituto Rio Branco – 2017) Os projetos de lei de iniciativa do presidente da República,
em particular os que versem sobre questões orçamentárias, não podem receber emendas parlamentares
que ensejem aumento de despesa pública.
13. (CESPE / TRE-BA – 2017) O Projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional é enviado ao presidente
da República, que pode vetá-lo ou sancioná-lo. Considera-se o veto do presidente um ato
a) retratável, por ser suscetível de posterior alteração pelo próprio presidente da República.
==d3d7==
15. (CESPE / PC-GO – 2016) Acerca do processo legislativo pertinente a medidas provisórias, assinale a
opção correta.
a) O decreto legislativo editado para regular as relações nascidas a partir do período de vigência de medida
provisória posteriormente rejeitada cria hipótese de ultratividade da norma, capaz de manter válidos os
efeitos produzidos e, bem assim, alcançar situações idênticas futuras.
b) Muito embora a medida provisória, a partir da sua publicação, não possa ser retirada pelo presidente da
República da apreciação do Congresso Nacional, nada obsta que seja editada uma segunda medida provisória
que ab-rogue a primeira para o fim de suspender-lhe a eficácia.
c) Por força do princípio da separação de poderes, é vedado ao Poder Judiciário examinar o preenchimento
dos requisitos de urgência e de relevância por determinada medida provisória.
d) Em situações excepcionais elencadas no texto constitucional, a medida provisória rejeitada pelo Congresso
Nacional somente poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa de sua edição.
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e) A proibição de edição de medida provisória sobre matéria penal e processual penal alcança as emendas
oferecidas ao seu correspondente projeto de lei de conversão, as quais ficam igualmente impedidas de
veicular aquela matéria.
16. (CESPE / PC-PE – 2016) No que se refere ao processo legislativo, assinale a opção correta de acordo
com o disposto na CF.
a) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito
por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, nove estados da Federação.
b) É de competência do Senado Federal examinar as medidas provisórias e emitir parecer sobre elas, antes
que sejam apreciadas pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
c) Leis ordinárias e complementares são espécies do processo legislativo federal que, aprovadas pelo
Congresso Nacional, prescindem da sanção do presidente da República.
d) É de competência exclusiva da Câmara dos Deputados sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
e) A iniciativa de leis complementares e ordinárias cabe ao presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos tribunais superiores, ao procurador-geral da República e aos cidadãos, entre outros.
17. (CESPE / TRT 8a Região – 2016) Acerca do processo legislativo, assinale a opção correta de acordo
com as disposições da CF.
a) Há veto tácito sempre que o presidente da República deixa de sancionar a lei no prazo constitucionalmente
exigido após sua aprovação.
b) É vedada a apresentação de emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa privativa do presidente da
República.
c) Compete ao presidente da República o esclarecimento sobre em que consiste a contrariedade ao interesse
público no veto político a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional.
d) A sanção e promulgação de projeto de lei de iniciativa privativa do presidente da República, mas
apresentado por parlamentar, sana o vício de iniciativa, por convalidação.
e) A aprovação, sem nenhuma emenda ou modificação, de projeto de lei apresentado pelo presidente da
República dispensa a sanção.
18. (CESPE / TCE-PA – 2016) Em decorrência das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o TCU
detém iniciativa reservada para instaurar processo legislativo destinado a alterar sua organização e
funcionamento, sendo formalmente inconstitucional lei de iniciativa parlamentar que disponha sobre a
referida matéria.
19. (CESPE / TCE-PA – 2016) Segundo o STF, configura hipótese de inconstitucionalidade formal, por
vício de iniciativa, a edição de lei de iniciativa parlamentar que estabeleça atribuições para órgãos da
administração pública.
20. (CESPE / TCE-PA – 2016) Cabe ao próprio Ministério Público a iniciativa de propor ao Poder
Legislativo a edição de lei ordinária que disponha sobre a criação e a extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, bem como sobre a política remuneratória e seus planos de carreira.
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GABARITO
1. LETRA C 9. ERRADA 17. LETRA C
2. CORRETA 10. ERRADA 18. CORRETA
3. CORRETA 11. CORRETA 19. CORRETA
4. ERRADA 12. ERRADA 20. CORRETA
5. ERRADA 13. LETRA D
6. CORRETA 14. LETRA D
7. CORRETA 15. LETRA B
8. CORRETA 16. LETRA E
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