Cinética e Reatores Químicos
Reatores de Leito Fixo (PBR)
e Quedas de Pressão
Profa. Adriana Paula Ferreira
Reatores de Leito Fixo (PBR)
e Quedas de Pressão
Definição:
Escoamento lento de fluidos
(líquidos ou gases) através de uma
coluna empacotada (fase
estacionária).
Finalidade:
Aumentar a superfície
de contato entre as fases
envolvidas no processo.
Aplicações:
Reações catalíticas.
Adsorção de um soluto.
Absorção de gases.
Filtração e etc.
É também referido como reator de leito recheado .
É um reator tubular recheado com catalisador sólido.
É utilizado especialmente em reações gasosas.
Ocasionalmente, ocorre formação de canal preferencial de
escoamento de gás, resultando na utilização ineficiente de partes
do leito catalítico.
Vantagens:
Dentre os reatores catalíticos,
produz a mais alta conversão
por massa de catalisador (para
a maioria das reações).
Desvantagens:
Dificuldade de substituição/remoção
do catalisador (difícil manutenção).
Difícil controle de temperatura.
Formação de canal preferencial.
Canais Preferenciais
“Chanelling”
O fluido tende a deslocar-se
para regiões com maiores
espaços vazios.
≫ 10
Melhor desempenho
da coluna.
Promover o contato entre
dois fluidos imiscíveis ou
parcialmente miscíveis:
ESCOAMENTO • Gás-Líquido
BIFÁSICO • Líquido-Líquido
Escolha do Recheio
Sólidos Recheios de
Quebrados Forma Definida Características necessárias:
Inerte.
Custo menor. Custo aumenta com a Considerável Resistência.
Porosidade não diminuição de tamanho. Baixa massa específica.
é uniforme. Porosidade e formas Não implicar em grande perda de carga.
Baixa eficiência uniformes.
Proporcionar um contato sólido-fluido efetivo.
na TM. Elevada área superficial. Custo razoável.
Baixa perda de carga.
Dimensão dos recheios
Influenciam:
Perda de carga.
Altura e diâmetro da coluna.
Anéis de Pall
Anéis de Rasching Sela Intalox
Cela de Berl
Anel Espiralado Anéis de Lessing Anel Quartelado
Cyclohlix
Reatores de Leito Fixo - PBR
• É também referido como reator de leito recheado .
• É um reator tubular recheado com partículas de catalisador sólido .
• Apresenta as mesmas dificuldades de controle de temperatura que os
outros reatores tubulares.
• É utilizado especialmente para catalisar reações gasosas.
• Vantagens: para a maioria das reações ele produz a mais alta
conversão por massa de catalisador dentre os reatores catalíticos.
• Desvantagens: o catalisador é de dificil remoção.
• Ocasionalmente, ocorre formação de canal preferencial de
escoamento de gás, resultando em utilização ineficiente de partes do
leito catalítico. 9
Reatores de Leito Fixo - PBR
10
http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAS8kAG-8.jpg
Reatores de Leito Fluidizado
O funcionamento deste reator é parecido
com o PBR. Entretanto na prática trata-se
de um tubo vertical onde pequenas
partículas sólidas são suspensas em uma
corrente de fluxo ascendente.
“suspender“ as partículas, mas não grande
o suficiente para arrastá-las para fora do
reator. Em função deste efeito, as partículas
sólidas “dançam” no fluido e permitem que
se forme uma excelente mistura entre 11
ambos (partículas sólidas e fluido).
http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAS8kAG-9.jpg
A velocidade de reação (-rA) é baseada na massa do
catalisador sólido (W), em vez do volume do reator.
Para um sistema em escoamento (reator tubular):
Na ausência de queda de pressão:
Diferenciando:
Para um reator de leito fixo (PBR):
Logo:
A forma diferencial deve ser
usada quando há quedas de
pressão no reator.
Considere um reator de leito fixo (PBR), para o caso em que uma reação de
segunda ordem ocorre em 20 metros de um tubo de 1 ½ in, série 40, recheado
com catalisador. A reação é isotérmica e ocorre em fase gasosa. Calcule a
conversão na ausência de queda de pressão.
• Vazão volumétrica de entrada: υ = 7,15 m³/h
• Área da seção transversal de um tubo de 1 ½ in, série 40: A = 0,0013 m²
• Massa específica: ρ = 1058 kg/m³
• Concentração inicial: 0,1 !"#$/"³
()
• Velocidade específica de reação: ! 12
*( .*, -.
Resposta: X = 0,85
Reações em fase líquida
A concentração dos
reagentes não é afetada de
forma significativa, mesmo
por variações relativamente
grandes na pressão total.
A velocidade da
reação não é afetada.
Reações em fase gasosa A queda de pressão é
maior em reatores
A concentração dos reagentes tubulares recheados
é proporcional à pressão total. com catalisador.
Deve-se levar em conta no projeto,
a queda de pressão no reator.
Cálculo da Queda de Pressão
Fluxo descendente Fluxo ascendente
de líquido de gás . ∆P
Equação de Ergun
A equação de Ergun é a
mais utilizada para se
calcular a queda de
pressão em meios porosos.
Henry Darcy em 1856
demonstrou que a
velocidade média (v) de
um fluido newtoniano
quando escoa em regime
laminar dentro de um leito poroso é
proporcional ao gradiente de pressão e
inversamente proporcional à distância
(− ∆P) percorrida.
v f leito =K
L
v = velocidade média do fluido no leito poroso.
K = constante que depende das propriedades
do fluído e do leito poroso.
(-∆
∆P) = queda de pressão através do leito.
L = percurso realizado no leito poroso.
Explica o escoamento em regime laminar de um fluido
newtoniano dentro de um tubo.
− ∆P 32 µv Colocando a equação em termos da
= 2 velocidade média do fluido no tubo:
L D
∆P = gradiente de pressão (N/m2)
D 2 ( − ∆P )
v=
v = velocidade do fluido no tubo (m/s) 32 µ L
D = diâmetro do tubo (m)
L = comprimento do tubo (m)
µ = viscosidade do fluido (Pa.s)
Quais são as variáveis que atuam no escoamento de um
fluido newtoniano em um leito de partículas sólidas?
Precisa-se de uma equação para descreva como varia a velocidade do
fluido com:
pressão aplicada,
distância percorrida (altura do leito),
viscosidade e a densidade do fluido,
diâmetro das partículas e sua esfericidade
porosidade do leito.
Considerações:
Fluido Newtoniano.
As partículas se distribuem de forma homogênea (o que permite
a formação de canais de escoamento contínuos, uniformes e em
paralelo, ou seja, ausência de canais preferenciais).
Leito de percurso curto (L pequeno).
A porosidade (φ
φ) é definida como
a razão entre o volume do leito que
não está ocupado com material sólido
e o volume total do leito.
/#$0"1 1 /234#5
φ φ
/#$0"1 6#62$ # $146#
v0
Volume total Volume de Volume de
do leito vazios sólidos
S.L = volume total do leito φ.S.L = volume do leito (1- φ).S.L = volume do leito
disponível para o fluxo ocupado pelas partículas sólidas
No caso do fluxo através do leito de partículas:
ρs = densidade da partícula sólida
ρf = densidade do fluido
Vazios Sólidos
Fração φ (1 - φ)
Volume L
φ.S.L (1- φ).S.L
Massa
φ.S.L.ρf (1 - φ).S.L.ρS
"2552- -
ρ -
/#$0"1- -
Seja:
massa total = massa de sólidos + massa de fluido
1 φ . 7. 8. ρ9 : φ. 7. 8. ρ;
ρ -
7. 8
Substituindo os termos, tem-se:
ρ 1 φ . ρ9 : φ. ρ;
ρ - ρ9
- φ [1]
ρ; ρ9
Velocidade Superficial
<0 =
Velocidade do fluido relacionada à
área total da seção transversal A,
como se não houvesse o meio poroso.
Velocidade Média
<0 - =
Velocidade do fluido relacionada à
0 0 - .φ [2] área realmente aberta ao
escoamento do fluido, considerando
a porosidade (Φ) do meio.
Como não se trata do escoamento em uma
tubulação cilíndrica (devido à porosidade do
meio), é necessário utilizar o conceito de
diâmetro equivalente:
L
4 φ
> . . A
[3]
6 1 φ
0 0 - . φ [2]
1 C <∆E=
Balanço de Energia: 0 . . [4]
-
32 >
F; . 8 4 φ
> . . A
[3]
6 1 φ
Substituindo [3] e [4] em [2], obtém-se:
A
C
φH <∆E= 72. F; . 8. 0 1 φ C
0 . . ∆E C . [5]
φH
ou
72 1 φ C F; . 8 A
150. F; . 8. 0 1 φ C
∆E .
Os dados experimentais revelam que o valor da
C
[6]
constante (72) em [5] geralmente é maior, como
A φH
mostra a equação [6] :
0 0 - . φ [2]
<∆E= >
0 - . [7]
4
Balanço de Energia:
ρ; 2. !. 8 φ
> . . A
[3]
6 1 φ
Substituindo [3] e [7] em [2], obtém-se:
1,75. ρ; . 0 C . 8 1 φ
∆E . [8]
A φH
Somando os dois regimes, tem-se a Equação Geral de Ergun, que descreve a queda de pressão
de um fluido deslocando-se em um leito poroso fixo:
150. F; . 8. 0 1 φ C 1,75. ρ; . 0 C . 8 1 φ
∆E C . : . [9]
A φH A φH
Regime Laminar Regime Turbulento
E J 1 150. 1 φ .μ
Diferenciando e
φ
rearranjando-se: . . : 1,75J [10]
3 ρ. K . A φH A
Sendo: G = ρf . u0 = velocidade mássica superficial
z = Comprimento do reator (L)
A equação de Ergun [9] inclui o termo esfericidade (ε) quando as partículas não são esféricas. Para
isso, o diâmetro da partícula é multiplicado pela esfericidade:
150. F; . 8. 0 1 φ C 1,75. ρ; . 0 C . 8 1 φ
∆E C . : . H
εC . A φH ε. A φ
Equação de Ergun
E J 1 φ 150. 1 φ .μ O único parâmetro que varia com
. . : 1,75J a pressão na Equação de Ergun é a
3 ρ. K . A φH A massa específica (ρ).
(G = ρf . u0)
. .
Balanço global de massa ρ0v0 = ρv
(estado estacionário):
m0 = m [11]
P 0 T FT
Para uma reação com escoamento com vazão volumétrica variável: v = v0 [12]
P T0 FT 0
v0 P T0 FT 0
Substituindo [12] em [11]: ρ = ρ0 = ρ0 [13]
v P0 T FT
v0 P T F E J 1 φ 150. 1 φ .μ
ρ = ρ0 = ρ0 0 T 0 [13] . . : 1,75J [10]
v P0 T FT 3 ρ. K . A φH A
Substituindo a equação [13] na
dP G 1 − φ 150(1 − φ ) µ P0 T FT
Equação de Ergun [10] e =− 3 + 1.75G
rearranjando, temos: dz ρ0 g c Dp φ Dp P T0 FT 0
Simplificando, resulta: dP P0 T FT
= −β 0 [14]
dz P T0 FT 0
G 1 − φ 150(1 − φ ) µ
Constante para cada sistema: β0 = 3 + 1.75G [15]
ρ0 g c Dp φ Dp
Para reatores tubulares de leito fixo
(PBR), há um maior interesse na
massa do catalisador do que na
distância z ao longo do reator. Isolando z, temos:
[16]
Massa do catalisador:
Sendo: e
Substituindo:
G 1 − φ 150(1 − φ ) µ
β0 = + 1.75G
ρ0 g c Dp φ 3
[15] [16]
Dp
dP P0 T FT
Substituindo as equações [15] e [16] em = −β 0 [14] , temos:
dz P T0 FT 0
Equação de Ergun
dP β0 P0 T FT
=− [17] em termos da
dW Ac (1 − φ ) ρ c P T0 FT 0 massa do
catalisador
34
dP β0 P0 T FT
=− [17]
dW Ac (1 − φ ) ρ c P T0 FT 0
Multiplicando e dividindo a equação [17] por P0 e sendo:
2β 0 2 zβ 0
α= φ)ρ
Como W = Ac(1-φ ρc.Z : α=
Ac (1 − φ ) ρ c P0 WP0
P dy α T FT
E sendo: y= =− P0 [18]
P0 dW 2 y T0 FT 0
Mas, voltando à queda de pressão em função do Comprimento do
Reator:
Integrando de W=0, P=P0 , y=1 até um valor de y:
2 zβ 0
Substituindo α=
WP0
Queda de pressão em função de Z
Considere um reator de leito fixo (PBR), para o caso em que uma reação de segunda
ordem ocorre em 20 metros de um tubo de 1 ½ in, série 40, recheado com
catalisador. A reação é isotérmica e ocorre em fase gasosa. Calcule a conversão
considerando a queda de pressão (P0 = 1013 kPa e β0 = 25,8 kPa/m).
MN → P : Q
• Vazão volumétrica de entrada: υ = 7,15 m³/h
• Área da seção transversal de um tubo de 1 ½ in, série 40: A = 0,0013 m²
• Massa específica do catalisador sólido: ρc = 1923 kg/m³ (φ
φ = 45%)
• Concentração inicial: 0,1 !"#$/"³
() Resposta: X = 0,693
• Velocidade específica de reação: ! 12 *( .*, -.
Ex 4.4 – Fogler, 4ª ed., p.183 e Ex 5.4 – Fogler, 1ª ed., p.140
• Plotar a queda de pressão em um reator de 60 ft de comprimento e
1 ½ in (sch 40) com pastilhas de catalisador de ¼ in em diâmetro.
Há 104,4 lbm/h de gás passando pelo leito e a temperatura é
constante a 260oC. A fração de vazios é de 45% e as propriedades
do gás são similares à do ar nesta temperatura. A pressão de
entrada é de 10 atm.
• Plotar o fluxo volumétrico neste reator de 60 ft de comprimento
• Para o ar a 10 atm e 260oC:
• µ = 0,0673 lbm/ft.h
• ρ0 = 0,413 lbm/ft3
• gc = 4,17x108 lbm.ft/lbf.h2 38
Ex 5.5 – Fogler, 1ª ed., p.144 2A → B + C
• Considere um reator de leito de recheio para uma reação elementar de segunda ordem,
conduzida em um tubo de 20 metros e 1 ½ in, série 40 (A = 0,0013 m2), empacotado com
catalisador. A reação é isotérmica e em fase gasosa, com P0 = 10 atm (1013 kPa).
k = 12 m6 / kmol.kg.cat.h
• ν0 = 7,15 m3/h (252 ft3/h)
• Dp = 0,006 m ( ~ ¼ pol) – tamanho de partícula de catalisador;
• ρc = 1923 kg/m3 (120 lbm/ft3) – massa esp. catalisador sólido
• ρb = 1058 kg/m3 (66 lbm/ft3) – massa esp. do leito
• V = 0,026 m3 - volume total do leito
• At = 0,0013 m2
• β0 = 25,8 kPa/m – parâmetro de queda de pressão
• L = 20m
a)Calcule a conversão na ausência de queda de pressão. X = 0,822
b)Calcule a conversão considerando a queda de pressão. X = 0,693
c). Repita a letra (b) com 2Dp e interprete o resultado. X = 0,774 39
Referências Bibliográficas
1. FOGLER, H. S. "Elements of Chemical Reaction Engineering", 2a Ed., Prentice
Hall, 1992
2. SCHMAL, M. Cinética e Reatores. Aplicação na Engenharia Química. Rio de
Janeiro: Synergia Editora. COPPE/UFRJ: FAPERJ, 2010.
3. CIOLA, R. Fundamentos de Catálise. 1a edição. São Paulo: Editora Moderna,
EDUSP, 1981.
4. USP – EEL - Escola de Engenharia de Lorena Reatores – Notas de Aula –
Introdução a Engenharia de Reatores. Prof Marco Antonio Pereira.
http://www.marco.eng.br/reatores/notasdeaula/aula1.pdf
40
5. Notas de aula do prof. João Batista