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Introdução à Psicanálise Infantil

1) A aula introduz conceitos e métodos da clínica psicanalítica com crianças, abordando seu histórico e principais autores como Hermine von Hug-Hellmuth, Anna Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott. 2) Klein e Winnicott romperam com objetivos educativos e adaptativos da psicanálise infantil, inaugurando uma clínica focada na análise do inconsciente através da brincadeira. 3) Françoise Dolto aplicou ensinamentos lacanianos, incluindo os pais nas

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1) A aula introduz conceitos e métodos da clínica psicanalítica com crianças, abordando seu histórico e principais autores como Hermine von Hug-Hellmuth, Anna Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott. 2) Klein e Winnicott romperam com objetivos educativos e adaptativos da psicanálise infantil, inaugurando uma clínica focada na análise do inconsciente através da brincadeira. 3) Françoise Dolto aplicou ensinamentos lacanianos, incluindo os pais nas

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Aula 1

A Clínica com Crianças Conversa Inicial

Profª Marianne Bonilha

1 2

Hoje começamos esta disciplina para saber


como acontece a clínica com crianças no
Objetivos para a aula de hoje
método psicanalítico
Compreender a clínica com crianças
Serão abordadas questões conceituais e
metodológicas, tais como: Identificar os conceitos elaborados pelos
principais psicanalistas, que influenciam a
O surgimento da clínica psicanalítica com
prática clínica até o dia de hoje
crianças e seu histórico
Conhecer o surgimento da psicanálise no
Conheceremos as nuances e diferenças
Brasil
entre autores que dedicaram sua pesquisa
à prática clínica com crianças

3 4

Objetivo da psicanálise com crianças

Desponta como possibilidade de abrir espaço


para a demanda da própria criança, permitindo
espaço de trabalho para sua subjetividade, quase
Histórico da psicanálise com sempre a partir de uma queixa da família, que
crianças também deve ser questionada/transformada
A escuta psicanalítica permite o tratamento com
crianças com dificuldades emocionais que
implicam sofrimento e interfirem em seu
cotidiano
Pode-se utilizá-la em vários campos de atuação
(saúde, educação, jurídica e social)

5 6
O início da psicanálise com crianças A clínica com crianças

O início da psicanálise é também o início da


psicanálise com crianças As crianças já foram tratadas como adultos
O caso do Pequeno Hans (1909): pequenos ou adultos imperfeitos, tanto pela
sociedade quanto pela medicina
Vínculo parental
A partir de 1900, o conceito de criança passa
Grafismo a ganhar importância na sociedade
Escuta do profissional

7 8

O início da psicanálise com crianças no


Psicoterapia infantil no Brasil
Brasil
Década de 1920, sob o cuidado da medicina, A partir de 1950: nova orientação clínica a
da psiquiatria e da pedagogia partir da influência de Melanie Klein
Contribuições na educação, adaptação e Menos educativa e mais psicoterapêutica
orientação aos pais
Atualmente a singularidade da infância é bem
Projeto Higienista, Ideologia totalitária: reconhecida
Prevenção, correção dos desvios de Sujeito do inconsciente
comportamento, adaptação ao meio
social e à família Sujeito de direitos (ECA)

9 10

O início da psicanálise com crianças


respondia à demanda social de adaptação à
Finalidades educativas e sociedade e ao ambiente escolar
adaptativas Destacam-se duas psicanalistas com este
perfil:
Hermine von Hug-Hellmuth (1871-1924)
Anna Freud (1895-1982)

11 12
Hermine von Hug-Hellmuth Anna Freud
Pioneira da psicanálise infantil
Analista não precisava interpretar aspectos
inconscientes, bastando o ato de brincar sem Perspectiva semelhante à de Hermine
que precisassem falar (descarga)
Aalorizou aspectos educativos e conscientes
Divergia da ideia de um pai analisar o próprio
de crianças com mais de cinco anos
filho
Conciliava os objetivos psicanalíticos com os Conflito: eu – mundo exterior (…)
da escola e da sociedade
Pedagogia curativa

13 14

Anna Freud

(…) Fortalecimento do ego, descarga


libidinal, reeducação dos impulsos
O analista deve controlar, além de decidir o Clínica com crianças bem
que deve ser rejeitado, domado ou pequenas
satisfeito
Brinquedo: expressivo mas não
representativo (simbólico)
Seu método analítico era com desenhos e
sonhos

15 16

Melanie Klein (1882-1960)


Brincar = a linguagem da criança
Livre expressão, sem pressões morais
Melanie Klein e Donald Winnicott romperam
Interpretações: nomeando angústias,
com os objetivos pedagógicos e inauguraram
trazendo à consciência as fantasias edípicas,
a clínica psicanalítica com análise do
falando diretamente para elas
inconsciente de crianças
Pais: anamnese inicial
Função do analista: abrandar a severidade do
superego, em vez de ajudar o ego controlar
os impulsos

17 18
Donald Winnicott (1896-1971) Donald Winnicott (1896-1971)

Brincar:
Aspecto fundamental no trabalho analítico Lugar do analista:
Representação dos objetos e de si próprio Similar ao de uma mãe quando exerce a
Permite o exercício da espontaneidade e da função de holding, que corresponde à
criatividade sustentação psíquica, atenta às
necessidades do paciente
Universal na natureza humana e
terapêutico por si só

19 20

Winnicott preferia desenhar com a criança,


fazendo-lhe perguntas e sugestões de modo
a despertar o seu interesse em falar de coisas
que, normalmente, não falaria com outras
pessoas Autores lacanianos
Klein e Winnicott teorizaram sobre o
psiquismo primitivo dos bebês, que
fundamenta processos primários,
característicos de estruturas psicóticas nos
adultos

21 22

Françoise Dolto (1908-1988)


No mesmo contexto histórico em que Klein e
Winnicott atuaram na Inglaterra, Jacques Aspecto emocional no adoecimento das crianças
Lacan iniciava sua atuação na França Leitura de sintomas físicos relacionados a
aspectos inconscientes (corpo erógeno)
Klein e Winnicott: Ingleses
Função do analista:
Lacan: Francês
Conduzir-se ao contrário de um professor ou de
Lacan não se dedicou ao atendimento de um mestre
crianças, mas seu ensino influenciou Possibilitar a expressão e o alívio de angústias
diretamente Françoise Dolto e Maud decorrentes de traumas
Mannoni Compreender a relação mãe-filho e pai-filho e o
desenvolvimento geral (biopsicossocial)

23 24
Françoise Dolto (1908-1988) Françoise Dolto (1908-1988)

Diferente de Klein e Winnicott, Dolto incluía


os pais nas sessões, por entender que a
construção da criança como sujeito ocorre
por meio dos dizeres parentais O sintoma da criança é o sintoma da família
Anamnese: pais com criança junto e por isso é preciso dar lugar aos pais no
processo terapêutico
Sessões subsequentes: apenas a criança, e
os pais com certa frequência
Com bebês: pais junto em todas as sessões

25 26

Criança e psicótico chegam à análise pela queixa Maud Mannoni (1923-1998)


de um outro com relação ao sintoma deles
Ao ouvir as angústias dos pais, deve-se atentar O campo em que o psicanalista opera é o da
aos linguagem
Efeitos que o sintoma da criança produz neles, Fundou a Escola de Bonneuil
Lugar que a doença do filho ocupa/preenche
na doença dos pais (filhos que agora são pais) Assim como para Dolto, o discurso familiar
era fundamental
Significantes que constituem o fantasma que
atravessa a narrativa do sujeito, a história que O lugar que a doença do filho ocupa na
o constituiu doença dos próprios pais, que está
Direção do tratamento = reordenar as fantasias relacionada à dinâmica edípica destes na
que estruturam os sintomas história da criança

27 28

Maud Mannoni (1923- 1998)


Brinquedos: não têm significado preconcebido. O
importante é o que a criança fala sobre o brinquedo
Prevalência do simbólico
Só há psicanálise do sujeito e
Crédito:
Jefferson
Schnaider. não da criança

29 30
Robert e Rosine Lefort
Todo tratamento psicanalítico sustenta uma
A psicanálise é uma aposta de que o paciente possa ser um ser de
Prática com crianças institucionalizadas linguagem

Independente da estrutura clínica ou da A clínica do casal defende uma prática que se


idade, o paciente é tomado como sujeito ampara num saber que não seja sobre o
paciente, mas que advenha dele
A posição do sujeito não depende do
desenvolvimento, mas, ao contrário, o Caso Nádia
desenvolvimento depende da posição do Crítica à psicopatologização da infância
sujeito

31 32

Vamos pensar em um caso em que uma


paciente, de nome fictício Alice, de 4 anos,
encontra-se abrigada por perda da guarda
dos pais (pai suspeito de abuso sexual e mãe
internada por tentativa de suicídio). Paciente
Na Prática apresenta comportamento contido e timidez.
Frente ao convite de acompanhar a
psicanalista até a sala de atendimento, Alice
começa a chorar e dizer que não gosta da
psicanalista, recusando-se a acompanhá-la.
Frente a isso, a profissional pergunta à
criança por que esta não gosta dela

33 34

A paciente continua a chorar e dizer que não A cada uma dessas falas da paciente, a
psicanalista conversava com ela, perguntando
gosta da psicanalista, que, diante da recusa da
onde a mãe estava, pesquisando o nome da mãe
paciente, senta-se próxima dela, na sala de para relembrarem juntas, conversando sobre a
espera, e pergunta se pode permanecer ao lado saudade que Alice sentia da mãe. Ou seja, a
dela. A paciente, fazendo uma expressão chorosa psicanalista foi dando lugar para a dor da
e sentida, repete que não gosta da psicanalista, e paciente, para a tristeza da paciente, para a
que a psicanalista também não gosta dela. Por destituição subjetiva que ela estava enfrentando.
mais duas vezes agendada consulta, Alice repete Justamente por isso, ao mesmo tempo,
o mesmo comportamento, acrescentando, a cada nomeando, dando lugar, dando sentido e
ida à consulta, falas sobre a mãe. Exemplo: que possibilidade de representar o sofrimento que a
paciente enfrentava. Com isso podemos
“ela (a mãe) não estava indo lá”, “que ela não
reconhecer a possibilidade de escuta do sujeito,
lembrava o nome da mãe”, que ela “estava com como Rosine e Robert Lefort indicaram,
saudade da mãe” independentemente da idade

35 36
Nesta aula, abordou-se o começo da psicanálise
de crianças desde a trajetória freudiana.
Foram apresentados autores que são referência
para a compreensão dos fundamentos teóricos
dessa modalidade de tratamento:
Finalizando Hermine Von Hug-Hellmuth
Anna Freud
Melanie Klein
Donald Winnicott
Françoise Dolto
Maud Mannoni

37 38

Apresentou-se, ainda, as contribuições de


Robert e Rosine Lefort, sustentando a ética
psicanalítica de promover a escuta do sujeito,
independentemente da idade do paciente;
trazendo o desenvolvimento da prática
psicanalítica com crianças em instituições

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