UNIVERSIDADE POLITÉCNICA-A POLITÉCNICA
Instituto Superior de Humanidade, Ciências e Tecnologias-ISHCT
Psicologia Clínica e de Aconselhamento - Vo Semestre
Comportamento no Transito
Priscila Estácio Magaia
Quelimane
2022
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Comportamento no Transito
Priscila Estácio Magaia
Comportamento no Transito
Trabalho de pesquisa apresentado ao Instituto
Superior de Humanidades, Ciências e
Tecnologias, para obtenção da primeira
avaliação da cadeira de Psicologia do Transito
e Segurança Vital.
Docente: Mestre Bastos Morais Bastos
Quelimane
2022
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Comportamento no Transito
Sumario
1. Introdução..................................................................................................................4
1.1. Objectivos...............................................................................................................5
1.1.1.Geral......................................................................................................................5
1.1.2. Específicos...........................................................................................................5
1.2. Metodologia............................................................................................................5
2. Revisão de literatura...................................................................................................6
2.1. Comportamento no Trânsito: Causas e Consequências......................................6
2.2. Papel da Psicologia para a Redução de Acidentes de Trânsito.........................11
2.3. O Comportamento e a Segurança no Trânsito..................................................14
2.4. Criança e o seu Ambiente de Trânsito..............................................................17
2.5. O Idoso e seu Ambiente de Trânsito.................................................................18
2.6. Infrações e Penalidades.....................................................................................19
3. Conclusão.................................................................................................................21
4. Referencias Bibliograficas.......................................................................................23
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Comportamento no Transito
1. Introdução
O tema é de tal abrangência, que corremos o risco de permanecer em nível de
generalidade prejudicial à formulação de recomendações práticas, caso focalizemos
todo universo de pessoas que se relacionam no trânsito: pedestres, motoristas e
passageiros de veículos automotores, assim como, motociclistas e ciclistas, e seus
eventuais passageiros. Pouco sabemos sobre essas duas últimas categorias, constituídas
de jovens, que hoje correm elevado risco de acidente em nossas cidades.
O ser humano é um ser social, vive em grupos. Modificando-se e adaptando-se
de acordo com as suas necessidades e aspirações. Para que se torne possível a
convivência harmônica entre os indivíduos é necessário organização e respeito aos
direitos e deveres individuais e do grupo.
O comportamento do indivíduo é regido pelo consenso geral, abrangendo
valores sociais, Morais, éticos, religiosos, etc; que são determinados por normas de
comportamentos em todos os setores da vida.
O trânsito é sem dúvida, uma resultante das aglomerações humanas, tendo
surgido o veículo justamente para facilitar o deslocamento, a comunicação e a interação
entre os indivíduos e os grupos. Como eficiente meio de transporte facilita o
intercâmbio comercial e cultural entre os povos, propiciando um relacionamento mais
intenso e continuo, mesmo a distâncias maiores. Mas o convívio das pessoas nas vias
públicas envolve uma série de fatores que, se não forem levados em consideração,
acabam por tornar o trânsito violento e propenso a acidentes.
Há nas vias públicas diversos tipos de condutores(o recém habilitado; o dono da via,
o super experiente, o alcoolizado etc); e pedestres ( o apressado, o orgulhoso, o
brincalhão, o agressivo, o indiferente, o distraído, etc) que precisam conviver
pacificamente respeitando direitos e deveres alheios para que haja harmonia. Para tanto,
a presente pesquisa tem como objetivo identificar os principais estudos que descrevem
as causas, as consequências e a contribuição da psicologia em relação aos acidentes de
trânsito.
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Comportamento no Transito
1.1. Objectivos
1.1.1.Geral
Conhecer o Comportamento do cundutor no transito
1.1.2. Específicos
Saber das causas e Consequencias do acidentes
Conhecer as causas que alteram o comportamento no transito
1.2. Metodologia
Para a realização e conclusão do presente trabalho contamos com fontes
bibliográficas que abaixo vêm estruturadas, artigos reverenciados e alguns
conteúdos revisados durante a introdução do presente tema.
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Comportamento no Transito
2. Revisão de literatura
2.1. Comportamento no Trânsito: Causas e Consequências
A ocorrência de acidentes de trânsito no nosso Pais crescem ano a ano, isso em
decorrência do aumento no fluxo de veículos nas estradas e rodovias e, principalmente,
pelo fator humano, que pode envolver aspectos de risco tanto físicos, quanto sociais e
psicológicos dos condutores.
2.1.1. Acidentes de trânsito e o comportamento humano
Entre as principais causas de morte no mundo estão os acidentes de trânsito. Eles
também trazem grandes consequências à saúde pública, uma vez que, em muitos casos,
deixam graves sequelas com implicações físicas e psicossociais nos envolvidos. “No
Brasil, os acidentes de trânsito apresentam custos sociais, ambientais, psicológicos e
uma alta demanda de leitos hospitalares, além das faltas relacionadas ao trabalho, às
indenizações e aos gastos materiais que geram” (OSHIRA, 2017b, p. 1).
Para tanto, como forma de regular os deslocamentos, são impostas normas e regras
para o trânsito, justamente para que seja garantida a integridade dos usuários das vias.
Assim, transgredir as regras contribui para as fatalidades no trânsito. Como os pedestres
fazem parte do sistema de trânsito, eles também devem seguir o que determina o Código
de Trânsito Brasileiro, especialmente no que diz respeito às precauções de segurança.
“A percepção de risco pode variar conforme a hora do dia, características do ambiente e
o modo de transporte costumeiramente utilizado. Os pedestres percebem maior risco de
se envolver em um acidente durante o dia” (TORQUATO; BIANCHI, 2015, p. 135).
Os autores destacam, ainda, que é necessário que os motoristas respeitem a faixa de
pedestres e os semáforos, e que os pedestres deixem de atravessar as ruas em qualquer
lugar, até entre os carros, e passem a ver a faixa como um lugar preferencial de
travessia. Para que isso se torne possível é necessário que as políticas de transporte e de
circulação proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando
os modos não motorizados e coletivos de transporte, de modo socialmente inclusivo e
ecologicamente sustentável. “Assim, a disponibilidade de um sistema adequado e
seguro para pedestres pode otimizar o uso das estruturas e, consequentemente, a
segurança de todos os usuários” (ARIOTTI, 2015, p. 171).
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Comportamento no Transito
Na visão de Matta, Vasconcellos e Pandolfi (2010), a questão da falta do
cumprimento das leis, tanto por parte dos condutores quanto por parte dos pedestres,
está relacionada ao prestígio e ao poder de liberdade que o carro oferece aos seus
usuários, fazendo com que os pedestres se tornem vítimas desse espaço, onde o carro
deixa de ser um instrumento de locomoção para se tornar um símbolo de superioridade
social. “Na qualidade de pedestres e de ciclistas, os usuários do espaço público sentem-
se agredidos, inferiorizados e subordinados à lógica selvagem e agressiva do trânsito”
Dessa forma, no mundo moderno, o carro é considerado como um instrumento de
liberdade e de autonomia. “Ele iguala e produz a onipotência de uma limitada
mobilidade” (MATTA; VASCONCELLOS; PANDOLFI, 2010, p. 83). Portanto,
percebe-se que, atualmente, o carro é um objeto de desejo e um instrumento de ascensão
social e, como tal, não faz parte do mundo real dos indivíduos iguais que têm o direito
de transitar nas ruas de modo consciente. Este é o dilema destacado pelos autores. E, por
meio desta consideração, é possível entender a propagação, cada vez mais crescente, de
emoções e sentimentos negativos entre os motoristas, como o estresse, a agressividade e
a impaciência.
Por outro lado, acredita-se que os problemas no trânsito sempre estão relacionados
aos fatores externos, tais como a falta de estrutura adequada. Na verdade, é necessário
que tanto motoristas quanto pedestres tenham uma visão democrática das regras e da
necessidade de sua obediência para que uma sociedade de iguais possa funcionar. Então,
mais do que ouvir, criticar e vociferar, “falta internalizar o respeito e a obediência à lei
em função do Outro – do concidadão que conosco compartilha, como um igual, do
mesmo espaço público -, e não apenas pela lei em si ou pela autoridade que a
representa” (MATTA, VASCONCELLOS, PANDOLFI, 2010, p. 91).
Segundo os autores, a sociabilidade e a sensibilidade que oscilam entre hierarquias e
igualdade, holismo e individualismo, produzem uma invisibilidade crônica, seja dos
indivíduos, seja das leis. Entre o respeitar e o obedecer há um contraste que ainda não
foi compreendido pela sociedade. É preciso que se entenda que: “o passo decisivo para
uma democracia implica demonstrar o viés aristocrático e hierárquico que permeia o
sistema de modo oculto ou implícito, mas que está pronto a se manifestar em qualquer
situação”.
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Comportamento no Transito
Assim, os autores fazem referência a situações de injustiça e crueldade que
ocorreram ou que foram impostas a alguém e deixam claro que, quando os cidadãos
saem de casa, estão preparados para tudo, sem se darem conta da insensatez e selvageria
que toma conta das ruas, onde o carro é um dos principais meios de status e opressão.
Por isso, Czerwonka (2015), destaca que ser consciente, saber o que se está fazendo e
perceber os deslizes é o comportamento ideal no trânsito. Todos os indivíduos têm
algumas imperfeições que precisam ser reconhecidas de antemão para que possam ser
realizadas ações consideradas ideais e que tornam viável o trajeto de forma adequada no
trânsito.
Dessa forma, como citam Neto e Günther (2015), quando as pessoas comentem
infrações de trânsito, precisam assumir o risco de sofrer as consequências destes atos.
No entanto, é comum que estas apresentem argumentos e fatos para justificarem os
comportamentos. Assim, de um modo geral, a intenção e a percepção, que fundamentam
e justificam os atos, servem de base para compreender o que leva as pessoas a adotarem
atitudes inadequadas. Para tanto, cabe estudar as questões comportamentais dos
motoristas que podem ser arriscadas no que se refere ao tráfego, já que o fator humano é
um dos principais causadores de acidentes no Brasil.
Neste sentido, existem diferentes níveis de fatores comportamentais que podem
incidir em acidentes de trânsito, incluindo a subestimação do risco por parte dos
motoristas e a maneira como isto se manifesta, que pode ser através de ultrapassagens
arriscadas, manobras de risco ou alta velocidade, por exemplo. Dentre as causas que
levam ao comportamento de risco, a Associação destaca: a desatenção, o cansaço, o
consumo de álcool e, também, as deficiências de visão, de audição e de motricidade.
Além destas causas, Oshira (2017) apresenta outros comportamentos de motoristas
que representam graves riscos no trânsito: o excesso de confiança; a falta de atenção, a
fadiga do condutor, o excesso de velocidade; a pressão do tempo; a distância entre os
veículos na rodovia e a ultrapassagem arriscada. Considerando estas causas
apresentadas pelos autores, serão discorridos a seguir alguns dos comportamentos
considerados como os mais arriscados que concorrem para a ocorrência de acidentes de
trânsito.
a) O excesso de confiança do motorista
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Comportamento no Transito
No que se refere ao excesso de confiança do motorista, de acordo com Oshira
(2017a), pesquisas mundiais destacam que 80% dos acidentes ocorrem nas vias que
apresentam boas condições de trafegabilidade, 70% em pistas secas durante o dia e 65%
em pistas molhadas e em estradas retas. Quando se analisam estes números, percebe-se
que o excesso de confiança se traduz em desatenção no trânsito.
Deste modo, surge outro fator decorrente do excesso de confiança: a falta de
atenção. Em condições normais, o cérebro leva alguns décimos de segundo para
registrar as imagens que o ser humano observa, por isso, por mais atentos que o
indivíduo esteja, sempre haverá situações em que não é possível observar. Também
existe o fato de que depois que se aprende a dirigir, muitas ações se tornam automáticas,
então, para evitar as colisões, que representam 70% dos acidentes, atenção e
concentração são necessárias no momento de dirigir. Assim, “uma das principais
recomendações na condução de um veículo é evitar distrações, para que respostas
rápidas e seguras sejam tomadas minimizando os acidentes e seus impactos” (OSHIRA,
2017a, p. 8).
Fatores ligados à desatenção, como um trajeto longo ou repetitivo, podem levar a
outro problema recorrente: o cansaço, já que se o motorista ficar sonolento, sua
capacidade de reação fica extremamente reduzida. Em relação à fadiga do condutor,
“pode parecer inofensivo ficar rapidamente com os olhos fechados, mas caso ocorra
uma situação inesperada esse tempo pode ser fundamental para evitar um acidente”
(OSHIRA, 2017a, p. 11). Portanto, é fundamental que o motorista durma de sete a oito
horas para que o organismo se recupere e não gere a sensação de cansaço e o
comprometimento da atenção, da percepção e da concentração ao volante.
b) O excesso de velocidade
O excesso de velocidade, por sua vez, incide sobre a frequência e a gravidade dos
acidentes que acontecem no trânsito. Especialmente no caso de atropelamentos, a
velocidade é determinante, uma vez que é “dela que dependem os tempos de reação do
motorista e do pedestre e, obviamente, a violência do choque” (OSHIRA, 2017a, p. 15).
Da mesma forma, Torquato e Bianchi (2015) citam que o fator de risco mais importante
e que influencia diretamente na chance de sobrevivência do pedestre que se envolve em
acidente é a velocidade do veículo. Para eles, se o veículo estiver a 30 km/h, existe 90%
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Comportamento no Transito
de probabilidade de que o pedestre sobreviva. Quanto maior a velocidade do carro, mais
graves serão os ferimentos.
Em relação ao excesso de velocidade, Ferreira (2006) entende que está associado a
questões culturais de status e poder, por isso, apresenta várias facetas. Há propagandas
que associam a velocidade ao prazer e à liberdade, além disso, as indústrias
automobilísticas estão desenvolvendo carros possantes, que induzem à velocidade para
além daquela estabelecida pelas leis do trânsito. Por outro lado, Moraes e Pinto (2011)
associam a velocidade à pressa. Para eles, há motoristas que possuem horários
determinados para chegar ao destino e, quando percebem que estão atrasados, abusam
da velocidade, colocando em risco sua própria vida e as das outras pessoas.
Para tanto, a pressão do tempo pode ser citada como outro problema que pode
influenciar nos acidentes, não somente pela velocidade, mas também porque, se o
motorista permite, a pressão que lhe é imposta pode agir sobre seu estado físico e
mental, “afetando diretamente sua capacidade de dirigir com segurança, pois o
indivíduo estressado apresenta uma direção mais agressiva e reações inadequadas diante
de situações de perigo ou tensão” (OSHIRA, 2017a, p. 18).
c) Distância entre veículos
Outro fator comum nos acidentes de trânsito é o fato do condutor não conseguir
desviar ou parar a tempo de evitar a colisão. Por este motivo, há a necessidade premente
de que o motorista mantenha uma distância adequada entre os veículos. Para saber a
distância correta e segura “é preciso levar em consideração as condições climáticas,
condições de via e do veículo, da visibilidade e da capacidade de reação do motorista”
(OSHIRA, 2017a, p. 20).
No que se relaciona ao desrespeito com a distância entre os veículos, este é um erro
frequente e grave, que está presente nas colisões traseiras. Quando o motorista fica
muito próximo ao veículo que está à frente, fica consideravelmente reduzido o tempo
que ele tem para reagir e o acidente torna-se inevitável.
d) Ultrapassagem perigosa
De acordo com Oshira (2017a, p. 23), são as ultrapassagens indevidas conjugadas ao
excesso de velocidade que causam os acidentes mais graves e com várias vítimas. As
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Comportamento no Transito
colisões frontais são exemplos deste tipo de acidente. “Muitos motoristas ignoram a
sinalização de ultrapassagem proibida, ultrapassam em situações de pouca visibilidade e
alguns confiam demais em sua habilidade como condutor e na potência do veículo, mas
nem sempre estas correspondem a tempo” (OSHIRA, 2017a, p. 23).
e) Ingestão de bebidas alcoólicas
Alguns autores consideram como um dos maiores causadores de acidentes a
ingestão de bebidas alcoólicas, já que as mesmas afetam consideravelmente o reflexo e
a coordenação motora. Segundo a Associação Brasileira de Prevenção dos Acidentes de
Trânsito (FATORES..., 2017), o consumo de álcool causa muitos efeitos negativos, tais
como: a euforia, que leva à sensação de potência e superestimação das próprias
capacidades; a diminuição dos reflexos e o estreitamento do campo visual; a alteração
da capacidade de avaliação das distâncias e das larguras; e faz, ainda, com que o
motorista tenha maior sensibilidade ao deslumbramento.
Da mesma forma, referindo-se ao consumo de drogas, Ferreira (2006) destaca que,
quando a pessoa bebe, sua dimensão psíquica é atingida, sendo assim, a capacidade de
rendimento do motorista é afetada, fazendo com que ele tenha uma tendência maior de
tolerar o risco e tomar decisões perigosas. Por isso, a legislação de trânsito é bastante
rigorosa no que se refere ao consumo de bebidas alcoólicas, já que são inúmeros os
problemas decorrentes da associação do álcool com a direção de um veículo.
Contudo, cabe destacar que, em relação à Lei Seca e às blitz, os autores Matta,
Vasconcellos e Pandolfi (2010, p. 12) afirmam que “qualquer legislação está destinada
ao fracasso caso a sociedade que a recebe dela não necessite ou esteja preparada para
suas inevitáveis implicações disciplinadoras”. Para tanto, surge a necessidade de estudar
e analisar a importância da educação voltada para o trânsito desde os primeiros níveis
escolares e a adoção de estratégias psicossociais a fim de mudar o cenário atual de
acidentes recorrentes devido a fatores substancialmente humanos.
2.2. Papel da Psicologia para a Redução de Acidentes de Trânsito
A forma de conduzir um automóvel está relacionada ao caráter que cada indivíduo
possui, visto que o veículo é apenas um elemento de metal e, ao ser conduzido, passa a
ter a inteligência, a alma, a sensibilidade e o comportamento de quem o dirige. Portanto,
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Comportamento no Transito
o veículo se apresenta com as características de personalidade de quem o estiver
dirigindo (DOTTA A.; DOTTA R., 2002).
De acordo com Souza, Cruz e Wit (2017), foi em meados do século XX, com o
aumento da quantidade de veículos transitando e, consequentemente, com a ocorrência
de mais acidentes de tráfego, que os psicólogos passaram a se empenhar para definir um
perfil ideal para os condutores. “O objetivo era identificar as características de perfil que
auxiliassem o reconhecimento de condutores que oferecessem o menor risco possível a
si e aos outros participantes do trânsito” (SOUZA; CRUZ; WIT, 2017, p. 84).
Sendo assim, os psicólogos, junto à segurança pública nacional, passaram a ter o
papel de fazer uma seleção das pessoas que teriam o privilégio de dirigir, excluindo
aqueles que poderiam oferecer riscos à segurança no trânsito. “Este trabalho de
avaliação psicológica, ou de seleção dos condutores, firmou-se até os dias atuais se
constituindo uma das atividades mais populares do psicólogo de trânsito” (SOUZA;
CRUZ; WIT, 2017, p. 84). Também marca os esforços científicos da área na busca pelas
características que diferenciam os condutores que constituem risco ou segurança no
trânsito.
Assim, para Rozestraten (1988), a psicologia é uma área que se preocupa em estudar
os comportamentos humanos no trânsito e, também, os processos externos e internos,
conscientes ou inconscientes, que são provocados ou alterados. Todos estes estudos são
feitos através de métodos científicos válidos, levando em consideração que o
comportamento humano compreende um amplo leque de perspectivas, uma vez que
trata de qualquer indivíduo no contexto do trânsito: “pessoas de todas as idades,
condições socioeconômicas, escolares, profissionais, culturais, com diferentes objetivos
e motivações com relação ao trânsito” (SOUZA; CRUZ; WIT, 2017, p. 62).
Conforme Veltec (2017), a psicologia do trânsito é um campo do conhecimento que
se preocupa em estudar o comportamento do homem no contexto do trânsito,
identificando fatores internos e externos, conscientes e inconscientes que influenciam na
ocorrência de acidentes. Também, a psicologia enfatiza os aspectos relevantes voltados
aos comportamentos que são adequados no momento de dirigir, tais como: o tempo de
reação, a orientação espacial, o processamento da informação e a tomada de decisão, a
verificação do equilíbrio entre aspectos da personalidade, especialmente aqueles ligados
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ao controle emocional, à ansiedade, à impulsividade e à agressividade, bem como a
percepção das ações apropriadas ou não ao trânsito. Sendo assim, a avaliação
psicológica para o trânsito deve concentrar-se não somente nos testes que avaliam as
informações, mas, também, no comportamento e na subjetividade.
Ainda de acordo com Veltec (2017), é necessário lembrar que existem traços de
personalidade que se relacionam aos comportamentos impulsivos, que são capazes de
fazer com que a pessoa pratique direção perigosa, seja agressiva, irresponsável, tenha
intolerância a frustrações, seja impulsiva e adote atitudes que possam facilitar a maior
ocorrência de acidentes no trânsito.
Por outro lado, Günther e Neto (2015) descrevem que a relação entre o
comportamento da pessoa e o ambiente de trânsito é amplamente investigada pela
psicologia ambiental, que estuda a relação recíproca entre as pessoas e o ambiente. “A
principal premissa é, portanto, que a interação indivíduo- ambiente se constitui por uma
relação recíproca, de retroalimentação contínua, tornando-se imperceptível a primazia
do indivíduo sobre o ambiente e vice- versa” (GÜNTHER; NETO, 2015, p. 32).
Esta abordagem é importante para analisar o comportamento humano no trânsito,
uma vez que ele decorre do fato de que as ações dos motoristas, dos ciclistas e demais
usuários afetam e são afetadas pelos elementos físicos e sociais que estão dispostos
neste ambiente. Inclusive “as modificações introduzidas no ambiente para acomodar os
diferentes modos de transporte afetam diretamente o comportamento humano”
(GÜNTHER; NETO, 2015, p. 32). Assim, a psicologia ambiental torna possível a
investigação sobre a forma que a infraestrutura de transporte influencia a escolha do
modo de transporte e oferece um aparato conceitual que contribui significativamente
para investigar os acontecimentos comportamentais no trânsito.
É difícil para o psicólogo do trânsito entender um comportamento transgressor sem
verificar de que modo as variáveis ambientais contribuíram para que aquela atitude
ocorresse. “Da mesma forma, um engenheiro de tráfego pode não compreender os
motivos que levaram a um acidente, identificando apenas as características ambientais
que contribuíram para a sua ocorrência, negligenciando as possíveis variáveis
comportamentais nessa situação” (GÜNTHER; NETO, 2015, p. 48).
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Portanto, cabe enfatizar que a psicologia ambiental é voltada à resolução de
problemas do cotidiano, mas sempre deve estar integrada com as outras ciências, para
que se torne possível aplicar seus preceitos ao comportamento e aos eventos que
acontecem no ambiente do trânsito.
Neto e Günther (2015) entendem, ainda, que algumas teorias da psicologia social
buscam explicar mecanismos psicológicos subjacentes ao ato de tentar justificar as
atitudes transgressivas. Assim, a teoria da atribuição da causalidade sugere que as
pessoas têm uma tendência de explicar e atribuir causas ao comportamento. E a teoria
social cognitiva, que foi desenvolvida por Bandura em 1977 destaca que as pessoas
comportam-se de acordo com aquilo que pensam ser certo ou errado. “Esse referencial
considera que há uma tendência de as pessoas se comportarem de maneira que lhes
traga satisfação pessoal, evitando violar seus padrões morais, pois isso faria que
desaprovassem a si mesmas” (NETO; GÜNTHER, 2015, p. 235).
Na verdade, a psicologia, desde o início de sua constituição, visa encontrar soluções
para as questões da mobilidade humana. Desde o século XIX, os psicólogos, devido à
questão da mobilidade, voltaram sua atenção para os diferentes campos de
conhecimento, ampliando o leque de abrangência dos estudos. Assim, segundo Souza,
Cruz e Wit (2017), na atualidade, as diferentes áreas da psicologia e mobilidade
humana, desde as mais amplas até as mais específicas, procuram orientar e direcionar as
discussões para a humanização nos processos de circulação humana. E, uma das
principais vertentes que buscam resultados eficazes para uma humanização no trânsito é
a educação, sendo que esta pode trazer contribuições fundamentais para a redução de
fatores comportamentais nocivos no trânsito.
2.3. O Comportamento e a Segurança no Trânsito
O objetivo perseguido pelo motorista, salvo casos excepcionais, é completar o
percurso, ou sua viagem, no mais curto prazo possível. Para isso, usa e abusa do poder
que o veículo lhe proporciona, seja pela proteção da lataria, seja pela potência de seu
motor. As restrições ao ímpeto de alta velocidade decorrem de sua avaliação dos riscos
de acidente e a probabilidade de ser multado. Os fatores de ordem moral são muito
frágeis em nosso País. E quando operam, fazem-no de fora para dentro, isto é, o
motorista não pratica certas infrações pela vergonha de ser surpreendido no ato de
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cometê-las. No entanto, quando se constata o grande número de infrações realizadas em
frente a escolas, clubes, teatros e igrejas, conclui-se que tampouco esse mecanismo tem
funcionado. O respeito à sinalização, portanto, decorre do medo de acidente ou da
multa. À noite, quando não há policiais, somente a avaliação de risco de acidente, feita
pelo motorista, determina seu comportamento. No ímpeto de atingir seu objetivo de
minimizar tempo, os motoristas transformaram nosso trânsito em verdadeira
competição, envolvendo vários tipos de disputas, tais como:
quem identifica e ocupa mais rapidamente uma vaga no estacionamento;
quem entra mais rápido no espaço de segurança que separa dois veículos em
alta velocidade;
quem costura o trânsito com mais determinação;
quem consegue aproveitar os poucos segundos entre o fechamento e abertura
de sinal para cruzar ou entrar numa rua, podendo chocar-se com outro
veículo que arranca abruptamente antes do sinal abrir;
quem consegue cruzar ruas em áreas residenciais sem parar ou reduzir a
velocidade, realizando movimentos rápidos de pescoço e de olhos a fim de
identificar eventuais riscos de acidente nos cruzamentos;
quem consegue desviar de buracos, carros mais lentos ou estacionados,
entrando em outras faixas de forma brusca e inesperada;
quem consegue “colar” no pára-choque traseiro, pressionando com luz alta o
motorista da frente para ultrapassá-lo;
quem ultrapassa outros veículos em rodovias de mão dupla, em locais
indevidos, acendendo a luz alta e arremetendo os veículos que transitam em
sentido oposto para o acostamento.
O comportamento dos pedestres, por outro lado, está calcado no desejo de cobrir o
seu percurso o mais rápido e com o menor esforço possíveis. Ele normalmente
estabelece um itinerário para seu deslocamento, correspondendo à ligação entre sua
origem e destino. Em seguida, à medida em que começa a andar, define pontos
intermediários de destino, procurando que a linha de seu deslocamento seja o mais reta
possível. Esses segmentos retos, que compõem o itinerário maior, são as suas linhas de
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desejo. A rigor, se agisse conforme a sua linha de desejo maior, atravessaria quintais e
edificações para cortar caminho, se assim o pudesse. Normalmente, corta ângulos e
anda em diagonal pela pista. Os mais jovens pulam muretas, saltam correntes (os idosos
passam por baixo delas !), andam em cima de canteiros de flores e atravessam, até
mesmo, poças d’água, desde que limpas.
A partir da definição de seu destino intermediário, o pedestre desliga a sua mente e
deixa o subconsciente comandar seu movimento, ficando livre para se distrair com
outras atividades. Não são poucos os casos de pessoas que andam longos trechos,
chegando ao destino intermediário, e parando para se lembrar do destino final e de seu
correspondente itinerário. Os planejadores e operadores de trânsito têm de levar em
conta isso, tornando atrativa a rota mais segura e apelando para o subconsciente do
pedestre. Por exemplo, água suja e opaca, impede melhor a sua passagem do que placas.
Para que não aconteçam acidentes é necessário que pedestres e motoristas executem
a seguinte seqüência de atividades:
a) Busca de Riscos Potenciais
Antes de iniciar a travessia o pedestre precisa dar uma olhada no seu entorno,
procurando os veículos que lhe possam oferecer risco. O motorista em circulação,
também deve procurar outros veículos e pedestres que possam se interpor a seu
movimento. Ambos, pedestres e motoristas, devem fazer isso com disposição,
tranqüilidade e muita atenção. Nos locais onde existe sinalização, a tarefa se torna mais
simples, desde que ambos a respeitem, o que normalmente não acontece em nosso País.
Os pedestres preferem as tensões da busca, do que andar ou esperar um pouco mais, e
respeitar a sinalização.
b) Identificação
O pedestre deve identificar o veículo, e o motorista, o pedestre. Nem sempre isso
acontece, especialmente à noite, quando o pedestre vê o veículo, porém não é visto pelo
motorista. O costume errado de não usar os faróis baixos, conforme determina o Código
de Trânsito, associado à deficiência de iluminação pública, tornam difícil a identificação
do pedestre. Em muitos países, os pedestres usam material reflexivo em sua vestimenta.
c) Avaliação da Situação e Decisão
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Ambos avaliam o risco da colisão e tomam a decisão que a evite. Se o pedestre não
é visto e pensa que o foi, pode-se imaginar o risco elevado que corre, pressupondo que o
motorista vá reduzir a velocidade do veículo. Além disso, o motorista, normalmente
desconhecedor da dinâmica de frenagem, assume riscos elevados, particularmente
quando a pista está molhada. Ainda que os dois se vejam, é costume, em nosso País,
estabelecer-se uma disputa, ou jogo, entre pedestre e motorista. Este último não reduz a
velocidade, prevendo “tirar um fino” do pedestre, caso esse insista em caminhar
normalmente. O pedestre tem duas alternativas: acelerar o passo, ou correr mesmo,
humilhando-se, ou então, continuar andando normalmente e sofrer as tensões do risco
de ser atropelado. Freqüentemente ele acelera o passo, criando um costume que, por sua
vez, gera a expectativa nos motoristas, de que essa é a forma correta de travessia do
pedestre. Consequentemente, o pedestre que atravessar a via, mesmo em faixas a ele
destinadas, a passos normais, na expectativa de que o motorista reduzirá a velocidade,
correrá o risco de ser atropelado. Há casos em que o pedestre desafia o motorista,
obrigando-o a brecar. Ao pensar que a parada do veículo é quase instantânea, pelo fato
de não ter experiência na direção de veículos, pode acabar sendo atropelado.
d) Ação
Nós, usamos nosso tempo de forma a deixar tarefas para a última hora. O mesmo
acontece com nossas ações no trânsito. Ainda que tenhamos pensado, e até decidido
parar, avançamos mais um pouco em direção ao conflito, na expectativa de que o outro
pare ou reduza sua velocidade. Se isso não acontecer, nosso tempo para frenar torna-se
insuficiente. No caso de conflito com o pedestre, é este último que desiste antes e pára,
muitas vezes pressionado pela buzina do veículo, não obstante o Código de Trânsito
proibir essa prática. Nas conversões à esquerda ou direita, esse tipo de conflito é
comum. Nesses casos, há pedestres que exercem a preferência que o citado código lhe
assegura e enfrentam o veículo. O motorista, obrigado a reduzir a velocidade, ou parar,
logo em seguida acelera o motor nas costas do pedestre, como vingança, ou
compensação, pela perda que pensa ter sofrido no jogo das vantagens e preferências.
A seqüência acima descrita – busca, identificação, avaliação e ação – desenvolve-se
em poucos segundos, realimentando-se o processo continuamente. O pedestre, após
iniciada a travessia, continua olhando, escutando, identificando, avaliando, decidindo e
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agindo de forma a evitar seu atropelamento. Em suma, o pedestre, para preservar sua
saúde e integridade, deve agir paranóicamente. Se houver falhas de ambas as partes, o
acidente torna-se inevitável, particularmente nas condições apertadas em que a
seqüência de segurança se desenvolve na mente de nossos cidadãos, com pouca ou
nenhuma margem de tempo para correção de eventuais erros.
2.4. Criança e o seu Ambiente de Trânsito
É importante destacar a criança como uma categoria especial de usuário de nosso
espaço público, pois prevalece em nosso País um costume nocivo para efeito de
planejamento e operação do trânsito, que é o de considerar o adulto saudável e jovem
como o protótipo do pedestre.
Como na engenharia corrente se projetam espaços e estruturas para os maiores e
mais pesados, transferiu-se para o trânsito, o mesmo procedimento. Esse princípio é
válido para os veículos. Em relação ao ser humano, ele não o é.
As habilidades psicomotoras e mentais são extremamente variáveis no decorrer
do crescimento e do envelhecimento do indivíduo, sem contar as limitações
temporárias, ou permanentes, decorrentes de doenças ou outras causas. O trânsito de
pedestres deve ser planejado e operado, portanto, levando em consideração as
limitações dos mais frágeis e menos inteligentes. Em nosso País não é assim que se
procede. Pior ainda, em muitas
cidades, tampouco as necessidades do indivíduo normal e saudável são consideradas,
havendo múltiplos exemplos disso.
A Organização Mundial da Saúde – OMS define a saúde como um estado de
bem estar total, envolvendo o físico, o psicológico e o social.As crianças em nosso País,
particularmente as pobres, não dispõem de espaços seguros e saudáveis para brincar. O
veículo automotor limita as possibilidades delas se movimentarem livremente nas áreas
próximas a suas residências. É nesses locais que a grande maioria das crianças joga
bola, anda de bicicleta, pula e brinca, sem perder contato com seus lares. São nessas
atividades que as crianças desenvolvem suas habilidades motoras e aprendem a se
relacionar socialmente, além de adquirir conhecimento de seu meio ambiente.
O trânsito de passagem rasga o tecido dos bairros sem nenhuma consideração
pelos residentes. O medo prevalece entre as crianças, e aquelas que se arriscam a usar o
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espaço público estão expostas ao ruído e à poluição atmosférica. Pesquisas feitas nos
EE.UU, indicam que a dez metros do veículo, metade da concentração de gases é
eliminada e a uma quadra, ela se reduz a 10%. Consequentemente, quanto mais
próximo o veículo, mais perniciosa sua presença. Pode-se imaginar o que a poluição
representa para a criança que normalmente respira mais ar por peso, do que o adulto, e
muito mais ainda por ter estatura menor e estar em pleno exercício físico. Os
especialistas recomendam que as crianças com menos de 8-9 anos não devem ficar
sozinhas, próximas a ruas ou avenidas de grande trânsito, pois os riscos de se
envolverem
em acidentes são muito grandes, dadas suas naturais limitações.
2.5. O Idoso e seu Ambiente de Trânsito
As pessoas com mais de 70 anos, às vezes até antes disso, deixam de dirigir, ainda
que o façam bem, na maioria das vezes para não correrem riscos de acidentes
provocados por motoristas agressivos e imprudentes. A maneira nervosa como se dirige
em nosso País, obriga o motorista responsável a manter atenção redobrada. Assim
mesmo, não são poucas as situações em que tem de usar ao máximo suas habilidade
psicomotoras para evitar acidentes.
Muitas pessoas idosas, e até mesmo os de menos idade, acham uma estupidez
desgastar-se física e psicologicamente na competição do trânsito. Deixam de dirigir, ou
reduzem seus deslocamentos ao estritamente necessário, buscando caminhos e horários
em que o trânsito é menos tenso.
Os que não têm automóvel vão reduzindo, gradualmente, seus deslocamentos, tanto
pelo desconforto e dificuldades em usar os transportes públicos, como pelo risco de
andar a pé. Por razões de falsa economia, a separação entre trânsito de veículos e de
pedestres, é feita através de túneis ou passarelas para pedestres. Pode-se imaginar as
dificuldades do idoso em fazê-lo, considerando que muitos deles apresentam
deficiências respiratórias e cardíacas. Os idosos são mais suscetíveis de cair, seja pelas
dificuldades motoras, seja por deficiência de visão. A situação irregular dos pavimentos
de nossas calçadas, quando existem, oferecem verdadeiras armadilhas para eles. O
congestionamento de pedestres em alguns locais, tornam-nos proibitivos aos idosos,
pois as pessoas neles se deslocam aos empurrões e cotoveladas.nÉ cada vez mais
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Comportamento no Transito
freqüente a invasão das calçadas por rampas de acesso a garagens, tornando-as muito
inclinadas lateralmente.
2.6. Infrações e Penalidades
Quando um motorista não cumpre qualquer item da legislação de trânsito, ele está
cometendo uma infração e fica sujeito às penalidades previstas na lei.
2.6.1. Infração de trânsito
Infração de trânsito é a desobediência a qualquer preceito da Legislação de Trânsito,
do Código de Trânsito, das Resoluções do CONTRAN e Regulamentações dos Órgãos
Executivos de Trânsito. Toda infração é passível de uma penalidade. Uma multa, por
exemplo. Algumas infrações, além da penalidade, podem ter uma consequência
administrativa, ou seja, o agente de trânsito deve adotar “medidas administrativas”, cujo
objetivo é impedir que o condutor continue dirigindo em condições irregulares.
As infrações de trânsito normalmente geram também riscos de acidentes.
Por exemplo: não respeitar o sinal vermelho num cruzamento pode causar uma colisão
entre veículos ou atropelamento de pedestres ou de ciclistas. As infrações de trânsito são
classificadas, pela sua gravidade, em leves, médias, graves e gravíssimas.
2.6.2. Responsabilidade pela infração
Ao proprietário do veículo caberá sempre a responsabilidade pela infração referente
à prévia regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o
trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas
características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus
condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva observar.
2.6.3. Autoridade e o agente de trânsito
A fiscalização e o policiamento de trânsito são atribuições do agente da autoridade
de trânsito, que é a pessoa, civil ou policial militar, credenciada pela autoridade de
trânsito para o exercício de tais atividades
2.6.4. O auto de infração
O Auto de Infração é lavrado quando há uma infração de trânsito, ou seja, quando
alguém quebra uma regra de circulação ou conduta. A infração de trânsito pode ser
comprovada por declaração do agente de trânsito ou por informações registradas em
equipamentos eletrônicos ou fotográficos.
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2.6.5. Penalidades
As penalidades são:
• Advertência por escrito;
• Multa;
• Suspensão do direito de dirigir;
• Apreensão do veículo;
• Cassação do documento de habilitação;
• Freqüência obrigatória em curso de reciclagem.
Por exemplo, dirigir com velocidade superior à máxima permitida, em mais de 20%,
em rodovias, tem como consequência, além das penalidades (multa e suspensão do
direito de dirigir), também o recolhimento do documento de habilitação (medida
administrativa).
2.6.6. Medidas administrativas As medidas administrativas são:
• Retenção do veículo;
• Remoção do veículo;
• Recolhimento do documento de habilitação (Carteira Nacional de Habilitação -
CNH ou Permissão para Dirigir);
• Recolhimento do certificado de licenciamento;
• Transbordo do excesso de carga
3. Conclusão
O desenvolvimento econômico e social tem interagido com nossa cultura,
alterando-a e se alterando em decorrência dela. Não se trata de um processo
determinista,
em que a cultura se amolda passiva e rigidamente às novas condições econômicas,
tampouco se condiciona totalmente a economia à cultura. Um exemplo disso é o
trânsito. Enquanto os veículos demonstram o grau de desenvolvimento econômico e
tecnológico já atingido pelo País, o relacionamento de motoristas entre si e com os
pedestres revela a inadequação de nosso comportamento ao atual estágio de
industrialização e urbanização.
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Nosso comportamento é primordialmente o resultado da educação informal que
recebemos no seio da família, principalmente por meio dos exemplos daqueles que nos
cercam. Ele está, portanto, enraizado em nossa cultura, que não só preserva e
desenvolve valores, como os traduz em ensinamentos práticos para a vida. As variações
regionais e entre estratos sociais não conseguem anular certas semelhanças de
comportamento que nos caracterizam. Afinal, somos uma nação.
Para que tenhamos liberdade e para que haja igualdade de oportunidades,
necessitamos adotar regras de convivência compatíveis com esses ideais. A maioria
delas opera informalmente através de nossos usos e costumes. E uma parte é
formalmente explicitada em instrumentos legais estabelecidos a partir da lei maior: a
Constituição.
Não é preciso grande esforço de observação para constatar que muitos preceitos
legais existem justamente para evitar que os usos e costumes contrariem os ideais
maiores de liberdade e de igualdade, bem como o de garantia de vida digna a todos
cidadãos.
Infelizmente, por razões diversas, encontramo-nos ainda longe de sua
consecução. Contrariando nossos ideais, traduzidos enfaticamente na nova Constituição,
prevalece uma lei ainda maior, não escrita, mas cuidadosamente transmitida de geração
à geração por meio de nossa cultura: é a Lei do Mais Forte .
Trata-se de um desafio à toda sociedade, ou seja, a todos nós que desejamos nos
tornar cidadãos responsáveis. O governo, em seus diferentes níveis, abrangendo os
poderes executivo, judiciário e legislativo, terá de mudar suas formas de atuação,
demonstrando claramente sua disposição em cumprir os dispositivos constitucionais
aprovados a fim de que não permaneçam no papel. Para que isso aconteça é
imprescindível, porém, que a sociedade civil se organize
em grupos de pressão e colabore nesse árduo trabalho de mudança de valores e
comportamento.
É bom nos lembrarmos, porém, que o Estado é uma ficção jurídica que
sobrevive pela continuidade dos governos. Estes, por sua vez, nada mais são do que
uma sucessão de governantes que agem através das estruturas e dos quadros da
administração pública.
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Comportamento no Transito
Governantes e líderes de entidades civis são brasileiros como todos nós, cujo
comportamento no trânsito nem sempre tem sido exemplar. Não temos condições
morais
de exigir dos outros aquilo que nós mesmos não conseguimos cumprir.
Mudar certos valores e comportamentos prevalecentes em nossa sociedade é um
objetivo
desejado por todos, mas pouco, ou nenhum esforço, tem sido feito por nós para
mudarmos
nosso comportamento como indivíduos. Não é de se estranhar que o desejo de mudança
acabe se frustrando, já que os outros, para os outros, somos nós.
4. Referencias Bibliograficas
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(Some Random Notes on Pedestrian Behaviour, de Roy Lenthal ( September 83, Great
Britain ) , publicado em The Voice of the Pedestrian – 1985/1 .
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São Paulo, Seção Idéias em Debate, de 16.03.85.
Segurança e Harmonia Social, de E. J. Daros, publicado em O Digesto Econômico, da
Associação Comercial de São Paulo, em Jan-Fev. 89.
Manual de Segurança de Pedestres, publicado pelo Contran-Denatran, 1979.
Acidente de Trânsito – Flagelo Nacional Evitável, do Prof. Charles Wright, com o apoio
de dados e informações de várias entidades, publicado pelo GEIPOT, 1987.
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