Módulo 2
Função Renal
@WallacePacienza
Wallacepacienza Prof. Wallace Pacienza Lima, PhD.
[email protected] Wallace Pacienza Lima
[email protected] @WallacePacienza
Disciplina: Análise Bioquímica dos Líquidos Corporais
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL
O exame de urina proporciona ao clinico informações preciosas
sobre patologia renal e do trato urinário.
Simplicidade, baixo custo e facilidade na obtenção da amostra
para análise.
O exame de urina compreende em exame físico, exame
químico, exame microscópico e exame bacteriológico.
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A cor da urina é um sinal de doença???
A urina normal varia de amarelo bem claro até amarelo escuro.
FUNÇÃO RENAL
Funções do rim:
Regulação do balanço de água, eletrólitos e
equilíbrio ácido-básico
Excreção dos produtos do metabolismo de
proteínas e ácidos nucléicos: uréia,
creatinina, ácido úrico, sulfato e fosfato
Produção de hormônios: renina, calcitriol,
eritropoetina.
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FUNÇÃO RENAL
Os rins são órgãos duplos.
Cada rim possui um ureter, que drena
a urina da área coletora central do rim
para a bexiga.
Da bexiga, a urina drena através da uretra e é eliminada do organismo.
Cada rim contém cerca de um milhão de unidades filtradoras, Néfrons.
O néfron é constituído por uma estrutura redonda e oca, Cápsula de
Bowman, que contém uma rede de vasos sanguíneos, glomérulos.
O conjunto dessas estruturas é denominado Corpúsculo Renal.
Sintomas de Distúrbios Renais
Os sintomas variam de acordo com o tipo de distúrbio.
A febre e a sensação de mal-estar generalizado são sintomas comuns.
- Cistite geralmente não causar febre.
- Pielonefrite causa febre alta.
- Micção frequente sem aumento da quantidade diária total de urina é um
sintoma de infecção de bexiga, ou corpo estranho como cálculos ou tumores.
A maioria das pessoas urinam cerca de 4 a 6 vezes por dia
- A micção frequente durante a noite (noctúria) pode ocorrer nos estágios
iniciais de uma nefropatia, insuficiência cardíaca, insuficiência hepática ou
diabetes.
- Obstrução da uretra são o início hesitante da micção, a necessidade de esforço
para urinar, o jato de urina fraco e irregular e o gotejamento no final da
micção.
DOENÇAS RENAIS
GLOMERULONEFRITE AGUDA
• Processo inflamatório asséptico que afeta os glomérulos.
• Resultados da uroanálise: hematúria, alto nível de proteína, oligúria (diminuição do
vol urinário), presença de cilindros hemáticos, hemácias dismórficas, cilindros hialinos,
granulares e leucócitos.
NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA
• Inflamação do interstício renal sem anormalidades glomerulares ou vasculares;
• Achados laboratoriais: hematúria, leucócitos e cilindros leucocitários sem a presença
de bactérias, proteinúria leve/moderada.
GLOMERULONEFRITE CRÔNICA
• Vários distúrbios que produzem lesões recidivantes ou permanentes nos glomérulos;
• Achados laboratoriais: presença de sangue, proteínas e grandes variedades de cilindros
– indica perda da capacidade de concentração renal e baixa taxa de filtração glomerular.
SÍNDROME NEFRÓTICA
• Proteinúria, edema, níveis séricos elevados de lípides e baixos de albumina;
• Achados laboratoriais: proteinúria, gordura, células epiteliais do túbulo renal,
cilindros, hematúria.
DOENÇAS RENAIS
PIELONEFRITE
• Decorre muitas vezes de episódios não-tratados de cistite ou de infecções do
trato urinário inferior;
• Achados laboratoriais: leucócitos, cilindros, bactérias, reações positivas para
nitrito, proteinúria e hematúria.
INSUFICIÊNCIA RENAL
• Resultado da necrose tubular aguda, pode decorres de vasoconstrição renal ou
de lesão tubular;
• Achados laboratoriais: baixa taxa de filtração glomerular, falta de capacidade
de concentração renal e níveis elevados de nitrogênio e creatinina.
O que é o EAS?
• Para o leigo: o exame de urina
• Conceitualmente: Exame qualitativo de urina (EAS).
Exame de elementos anormais da urina.
Qual a utilidade do EAS
• Doenças renais
• Doenças do trato urinário
• Doenças metabólicas
• Outras doenças sistêmicas
Em que consiste o EAS?
• Verificação do aspecto e cor, pH e densidade
• Pesquisa de proteínas e glicose
• Pesquisa de corpos cetônicos
• Pesquisa de urobilinogênio e bilirrubinas
• Pesquisa de hemácias e leucócitos
• Pesquisa de nitritos e esterases
• Sedimentoscopia
Como deve ser feita a coleta?
• Primeira urina, pela manhã (mais concentrada)
• Limpeza suave dos genitais, com antisépticos ou água
e sabão neutro
• Mulher: abrir os grandes lábios
• Coletar o jato médio
• Recipiente descartável, limpo, seco
• Etiquetar com nome, data e hora da coleta
• Examinar até 1 hora após a coleta (refrigerada/4horas)
Como deve ser feita a coleta?
• Para obter a urina de 24h, precede-se da seguinte
maneira: esvazia-se a bexiga a dada hora (oito da
manha, por exemplo), desprezando-se essa micção; daí
por diante coleciona-se toda a urina emitida ate o dia
seguinte inclusive à micção das oito horas, (ou da hora
que iniciou a colheita do dia anterior).
• A colheita em crianças pode ser feita por meio de
coletor de plástico ou da punção suprapúbica.
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EAS
Usa-se urina recente que não tenha sido
centrifugada.
Não se deve esperar por mais de 2 horas até a
realização do teste.
A urinálise consiste na análise química para a detecção de proteínas, açúcar e cetonas e no
exame microscópico para se detectar a presença de eritrócitos e de leucócitos.
Usa-se uma tira de plástico fina, impregnada com substâncias químicas que reagem
substâncias presentes na urina e mudam de cor.
Elementos Anormais
Aspecto: Classificam-se em: límpida, semiturva e turva.
A urina normal é de aspecto límpido sem sinais de turvação; o aparecimento
deste sinal indica a presença de bactérias, pus, sangue, cristais ou corpúsculos
gordurosos livres, que deverão ser confirmados no exame microscópico.
Cor: O principal pigmento responsável pela cor é o
urobilinogênio.
Volume: O volume urinário varia conforme o volume corporal, a
ingesta de líquidos, as perdas de líquido através da pele e as
condições ambientais.
A média normal é de 1000 a 2000 ml nas 24 horas.
Qual é o aspecto normal?
• Claro, transparente, límpida
– Não deve ser turva, opaca, conter coágulos,
muco ou outros elementos estranhos
Quais as cores comumente encontradas?
• Amarelo claro ou incolor
• Amarelo escuro ou castanho
• Alaranjada ou avermelhada
• Marrom escuro ou enegrecida
• Azulada ou esverdeada
• Esbranquiçada ou leitosa
Amarelo claro ou incolor
• Poliúria
• Diabetes mellitus
• Insuficiência renal
• Hiperhidratação
• Diuréticos
• Álcool
Amarelo escuro ou castanho
• Oligúria ou anúria (diminuição e a ausência da produção de urina)
• Anemia perniciosa
• Febre
• Início de icterícias
• Exercício extenuante
Alaranjada ou avermelhada
• Hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria
• Icterícias hemolíticas
• Uso de anilina, eosina, fenolftaneína, rifocina, sulfanol,
tetranol, trional, xantonina, beterraba, piridina,
nitrofurantoína, vit. A,
• Contaminação menstrual
Marrom escura ou enegrecida
• CA de bexiga
• Meta-hemoglobinúria
• Malária
• Melanoma maligno
• Uso de metildopa, levodopa, metronidazol, argirol,
salicilatos
Azulada ou esverdeada
• Pseudomonas
• Icterícias
• Cólera
• Uso de Azul de Evans, Azul de metileno, riboflavina,
amitriptilina, metocarbamol, cloretos, fenol, santonina
Esbranquiçada ou leitosa
• Quilúria
• Lipidúria maciça
• Hiperoxalúria
• Fosfatúria
• Pús
Cor da urina
Elementos Anormais
Densidade azul de bromotimol; ác etilenoglicoldiaminoetiletertetracético
pH azul de bromotimol; vermelho de metila; fenolftaleína
Leucócitos éster indoxil; sal de diazônio metoxi-morfolinobenzeno
Hemoglobina tetrametilbenzidina; dimetildihidroperoxihexana
Nitrito hidroxitetrahidrobenzoquinolina; sulfanilamida
Corpos Cetônicos nitroprussiato de sódio; glicina
Bilirrubina sal de diazônio diclorobenzeno
Urobilinogênio sal de diazônio metoxibenzeno
Proteínas tetraclorofenoltetrabromosulfoftaleína
Glicose CI-APAC, GOD, POD
O que é uma tira reagente?
• São tiras plásticas que possuem substâncias,
revelando a positividade por modificações de
cor
– Simples
• (medem um único parâmetro)
– Múltiplas
Tira reagente multiparâmetros
Qual é a técnica?
• Submergir totalmente a tira na amostra de urina (máximo
de 1 segundo)
– Misturada, sem centrifugar
• Retirar o excesso de urina por capilaridade, na borda do
frasco
• Comparar a cor das áreas reativas com a escala cromática
correspondente.
• Fazer a leitura em local com boa iluminação.
Técnica
Elementos Anormais
Densidade
1.000 1.005 1.010 1.015 1.020 1.025 1.030
A densidade depende da concentração osmolar, resultante da ingestão de
alimentos e bebidas, por um lado e da reabsorção de água por outro.
Uma urina concentrada apresenta densidade alta, e uma urina diluída
apresenta densidade baixa.
Em um regime alimentar e de mobilização ideal, a densidade varia de
1.015 a 1.025
Em pacientes renais a densidade se mantém próximo a 1.010
Elementos Anormais
pH
5.0 6.0 6.5 7.0 8.0 9.0
Os valores de pH encontrados com maior frequência em amostras de urina
recentes em indivíduos saudáveis, situam-se entre 5.0 e 6.0
As alterações são devido principalmente aos metabolismo de alimentos,
assim, refeições ricas em proteínas que formam produtos finais ácidos;
baixam o pH, e a s dietas ricas em verduras e frutas formam bicarbonatos e
elevam o pH.
As alterações de pH urinário também podem ser produzidas com a
utilização de drogas.
Elementos Anormais
Leucócitos
Neg ca.15 ca.75 ca.125 ca.500
A reação detecta a presença de esterases existentes nos granulócitos.
São detectados tanto os leucócitos íntegros quanto os lisados.
Antibióticos que contenham imipenem, meropenem ou ácido clavulânico
podem provocar reações positivas falsas.
Se a urina apresentar uma cor forte, a cor da reação pode estar errada.
Excreção protéica urinária acima de 500 mg/dl e a excreção de glicose
acima de 2 g/dl podem diminuir a intensidade da cor da reação.
Elementos Anormais
Hemoglobina
Neg ca.5-10 ca.10 ca.25 ca.25 ca.50 ca.50 ca.250
A presença de eritrócitos na urina não está bem explicada, seja pela
resistência da membrana glomerular, seja pelas paredes dos túbulos.
O seu aparecimento geralmente está associado a um processo traumático na
membrana, seja por contusão ou degeneração como na ruptura de capilares
e pequenas arteríolas ou na glomerulonefrite.
Pontos verdes dispersos ou compactados na zona de teste amarela indicam
a presença de eritrócitos intactos. Uma coloração verde uniforme no teste
indica a presença de hemoglobina ou mioglobina livres, ou de eritrócitos
hemolisados na urina.
Elementos Anormais
Nitritos
Neg + ++
Os microorganismos que causam infecções do trato urinário, convertem o
nitrato da dieta em nitrito, que produz uma coloração de rosa a vermelho
na zona de teste. Portanto a reação detecta de forma indireta a presença
de organismos formadores de nitrito na urina.
Para um resultado válido, é essencial a retenção prolongada da urina na
bexiga (4 - 8 horas)
Elementos Anormais
Corpos Cetônicos
Neg 5 15 50 150 mg/dl
A glicolise produz um grupo de substâncias compreendidas como corpos
cetônicos, devido à relação de suas moléculas com a acetona.
O excesso dessas substâncias desempenha um papel importante no coma
diabético.
Podem estar presentes nas intoxicações e no jejum prolongado.
O Captopril e outras substâncias que contêm grupos sulfidril podem
produzir resultados positivos falsos.
Elementos Anormais
Bilirrubina
Neg + ++ +++
Normalmente não se observam pigmentos nem sais biliares na urina,
denominando-se colúria o seu aparecimento patológico.
A formação de espuma amarela ou amarelo-esverdeada, pela agitação,
constitui um dos testes mais seguros para a pesquisa dos pigmentos
biliares.
Urobilinogênio
Normal 1 (17) 4(70) 8(140) 12(200) mg/dl(nmol/l)
Considera-se um resultado normal a não descoloração da área do teste
Elementos Anormais
Proteína
Neg 15 30 100 300 1000 mg/dl
A eliminação protéica do adulto atinge apenas 30 a 50 mg por 24 horas,
das quais a terça parte se constitui de albumina e os 2 terços restantes de
globulinas.
A proteinúria é maior durante o dia e pode aumentar durante atividade
física, e estado febril.
Elementos Anormais
Glicose
Normal 100 300 1000 mg/dl
A glicosúria, torna-se positiva na urina quando a glicemia atinge valores
acima de 160 a 180 mg/dl no sangue circulante.
Porém pode haver glicosúria sem hiperglicemia no sangue, neste caso
está associada geralmente a disfunção tubular renal, pela não reabsorção
da glicose, trata-se de uma forma benigna e em sua maioria transitória.
Sedimentoscopia
O exame microscópico do sedimento é sem dúvida um dos mais
importantes para o estabelecimento do diagnóstico das afecções do
trato urinário.
O sedimento urinário poderá se apresentar pequeno, regular ou
abundante, de coloração branca, amarelada ou avermelhada, e
ainda de consistência flocosa ou viscosa.
Sedimentoscopia
43
Sedimentoscopia
• Aplicação:
– auxiliar no diagnóstico de uma doença;
– triagem de uma população quanto a doenças assintomáticas,
congênitas ou hereditárias;
– monitorar a evolução de doença;
– monitorar a efetividade ou as complicações de terapias.
• O estudo da urina avalia alterações do trato urinário, da
função renal, de doenças metabólicas, hemolíticas e
hepáticas, além de possibilitar a identificação de condições e
patologias raras.
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Quais as condições ideais para a
sedimentoscopia?
• Três condições são necessárias:
• a) que a urina seja recente
• b) que a urina seja concentrada
• c) que a urina seja ácida
– Risco de deterioração dos elementos formados
O que pesquisar na
sedimentoscopia?
• Células epiteliais
• Leucócitos
• Hemácias
• Cilindros
• Muco
Células epiteliais escamosas
• São as mais comumente encontradas na
urina e com menor significado.
• Provêm do revestimento da vagina, da
uretra feminina e das porções inferiores da
uretra masculina.
Células transicionais ou caudadas
• O cálice renal, a pelve renal, ureter e bexiga
são revestidos por várias camadas de
epitélio transicional
– Cateterização ou instrumentação urinária
– Câncer
Células dos túbulos renais
• Isquemia aguda ou doença tubular renal, ou
tóxica
– Necrose tubular aguda por metais pesados ou
drogas
– Rejeição a transplante renal
– Intoxicação por salicilatos
Sedimentoscopia
São denominadas células altas às células tubulares renais, com
núcleo volumoso e geralmente excêntrico.
Sua presença em número elevado é comum em recém nascidos normais.
São denominadas células baixas às células epiteliais
descamativas que pavimentam a uretra feminina e parte da uretra
masculino.
Apresentam-se ao microscópio com células grandes, achatadas de
citoplasma refringente abundante e núcleo pequeno central. Estas células
não apresentam valor diagnóstico, podendo sugerir, em casos de intensa
descamação, processo inflamatório
ABNT NBR 15268:2005
Padronização do exame de sedimentação
❖ Amostra: jato médio
❖ Volume urinário mínimo: 10 mL
❖ Tempo de centrifugação: 5 minutos
❖ Velocidade de centrifugação: 400 FCR
(1.500-2.000 rpm)
❖ Volume de sedimento: 0,20 mL (200 L)
❖ Volume de sedimento observado: 0,02 mL
(20 L)
❖ Lamínula padrão: 22 22 mm
❖ Ocular: 10
❖ Objetivas : 10 e 40
❖ Número de campos observados: 10 campos
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ABNT NBR 15268:2005
Padronização do exame de sedimentação
• Homogeneizar e transferir 10 mL para tubo de centrífuga;
• Centrifugar a 1.500 - 2.000 rpm por 5 minutos;
• Retirar 9,8 mL do sobrenadante, deixando 0,20 mL no tubo;
• Ressuspender com leves batidas no fundo do tubo;
• Transferir 0,020 mL (20 L) para uma lâmina de microscopia;
• Colocar uma lamínula padrão (22x22 mm);
• Avaliar no mínimo, 10 campos microscópicos;
• Calcular a média;
• Expressar os resultados padronizados pelo Lab Clínico.
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Células Epiteliais
53
Células Epiteliais
• São encontradas em praticamente todas as amostras urinárias,
elas guarnecem o epitélio dos tratos urinário e genital e são
eliminadas na urina devido a descamação ou esfoliação normal
• Células epiteliais escamosas
• Células do epitélio de transição
• Células do epitélio renal
• VR = algumas células (4 a 10)
54
• Células Epiteliais
55
Células Epiteliais
56
Células epiteliais cobertas com Gardnerella vaginalis
57
Células Epiteliais com
Gardnerella vaginalis
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Células Epiteliais de Transição
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• Células Epiteliais Renais
60
A = Célula epitelial renal
B = Leucócito
61
• Corpo Graxo Oval
62
Macrófagos
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⚫ SIGNIFICADO CLÍNICO DA PRESENÇA DE
CÉLULAS EPITELIAIS
- “Clue cells”: vaginite cocobacilar por
Gardnerella vaginalis
– Células renais: >15 p/c doença
renal ativa, lesão tubular
– Corpo graxo oval: lipidúria
(síndrome nefrótica, nefropatia do
diabetes mellitus e lupóide,
envenenamento por mercúrio ou
etilenoglicol)
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Sedimentoscopia
Leucócitos – Piócitos
Leucócitos são glóbulos brancos que conservam suas características
morfológicas intactas, piócito, são elementos degenerados que
abundam nas infecções purulentas.
A interpretação de piúria deverá se aliada a outros dados, tais como a
presença de albumina, cilindros ou hemácias.
O resultado será dado, expressando-se o número de elementos
encontrados em média por campo microscópico em 400x
SIGNIFICADO CLÍNICO DA PRESENÇA DE LEUCÓCITOS
• A presença de mais de cinco leucócitos por campo é
considerada anormal, é denominada piúria e indica
inflamação no trato genitourinário.
• A piúria pode ser devida a infecção bacteriana; pode
ser causada por doenças intrínsecas renais, como a
glomerulonefrite, a nefrite lupóide e tumores, ou ainda
por doenças do trato urinário inferior ou do trato
genital.
• Leucócitos: normalmente até 4 por campo
67
• Leucócito esterase
68
Leucócitos
69
Aglomerado de Leucócitos
70
Sedimentoscopia
Hemácias:
Eritrócitos são encontrados tanto em doenças inflamatórias como
não inflamatórias do aparelho urinário.
A origem da hematúria é sempre duvidosa, sendo orientada em
direção ao rim pelo encontro de cilindro hemáticos.
• Hemácias: normalmente 0 a 3 hemácias por campo
– Isomórficas
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Sangue Hemácias
Hemácias Isomórficas
- Urina isotônica : hemácias aspecto usual
- Urina diluída (hipotônica): hemácias maiores
- Urina concentrada (hipertônica): hemácias crenadas
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• Hemácias Isomórficas
74
⚫Aglomerado de Hemácias
75
76
• Dismorfismo eritrocitário
❖ Características:
– Alterações da membrana celular
– Presença de bulbos
– Ruptura da membrana celular
– Perda do conteúdo de hemoglobina
– Perda do citoplasma
– Presença de extrusões citoplasmáticas
– Depósito de material fase-denso na região da membrana celular
❖ Fisiopatogênia:
• Estresse mecânico: passagem pela membrana basal do glomérulo
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⚫Dismorfismo eritrocitário
❖Fisiopatogênia:
▪ Alteração osmótica por exposição ao
filtrado hipotônico durante passagem
ao longo dos néfrons
▪ Exposição à urina ácida e
concentrada
▪ Influência de enzimas lisossomiais de
células inflamatórias
▪ Tentativa de fagocitose por células
epiteliais tubulares
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⚫Hemácias Dismórficas: microscopia normal
⚫Hemácias Dismórficas: microscopia de
contraste de fase
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• Hemácias Dismórficas
1.000 X
imersão
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SIGNIFICADO CLÍNICO DA PRESENÇA DE HEMÁCIAS
• Causas pré-renais: coagulopatias, terapia com anticoagulantes, anemia
falciforme e hemoglobinopatias.
• Causas renais glomerulares: glomerulonefrites agudas,
glomerulonefrites crônicas, nefrite devido a lúpus e hematúria familiar
benigna.
• Causas renais não glomerulares: nefroesclerose, infarto renal,
tuberculose renal, pielonefrite, rim policístico, nefrite intersticial,
tumores, mal formações vasculares, traumatismo, necroses intersticiais,
hematomas perirenais, abuso de analgésicos e nefropatias secundárias
(irradiação, hipercalcemia, hiperuricemia).
• Causas pós-renais: cálculos, tumores do trato urinário inferior, cistites,
prostatites, epididimites, estenose da uretra, uretrites, hipertrofia da
próstata, endometriose, exercícios físicos intensos e obstruções do fluxo
urinário. 81
Sedimentoscopia
Cilindros: São formações de precipitação de proteína na luz tubular.
Podem formar-se em qualquer região dos túbulos, mas o mais
comum é a região distal devido a concentração máxima do filtrado.
Cilindro Hialino
Cilindros hialinos: formações incolores, transparentes ou ligeiramente
opacos. Surgem após exercícios físicos, períodos febris, uso de
diuréticos sem que esteja relacionado a doença renal
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Cilindros hialinos
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• Cilindros de hemácias dentro dos túbulos renais
Cilindros Hemáticos: Possuem hemácias em seu interior, indicam
hemorragia no néfron, resultado de lesão glomerular como a
nefrite hemorrágica
85
Cilindro Hemático
86
Cilindros Hemáticos
87
Cilindros Leucocitários
Cilindros Leucocitários: Contém leucócitos na sua estrutura,
indicam doença renal, processos inflamatórios, pielonefrite.
88
⚫Cilindro Leucocitário
89
Cilindro Leucocitário
90
• Cilindro Epitelial / granuloso
Cilindros Granulosos: Possuem a mesma estrutura dos hialinos,
contudo contém granulações, provenientes de resíduos
celulares epiteliais e de leucócitos ou ainda resíduos de
proteína. Aparecem nas nefrites agudas
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Cilindro Epitelial
92
⚫SIGNIFICADO CLÍNICO DA PRESENÇA DOS CILINDROS:
– Hialino: normal até 2 cilindros (100 x)
– Hemático: glomerulonefrite
– Leucócitos: pielonefrite
– Epiteliais: destruição, descamação epitélio tubular (glomerulonefrite,
pielonefrite, infecções virais, exposição a nefrotóxicos)
– Granulosos: desintegração cilindros celulares estase urinária
– Céreos: estase renal prolongada insuficiência renal
– Gordurosos: síndrome nefrótica (diabetes mellitus, degeneração renal,
nefrotóxicos)
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• Proteína
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Sedimentoscopia
Sedimentos Inorgânicos
É representado pelos cristais e sua presença no sedimento é
valorizado pelo pH urinário e a litíase renal.
A litíase renal é uma doença manifestada pela formação de cálculo
renal.
A presença de cálculos nos rins, ureteres ou bexiga, além de causar
forte dor pode infringir sérios danos teciduais.
Cálculos são precipitações como agregados de vários componentes
de baixa solubilidade normais da urina.
Sedimentoscopia
Urinas Ácidas:
Uratos Amorfos: são pequenas granulações incolores, amorfas,
podendo ser amarelas ou avermelhadas, isoladas ou reunidas.
Podem ser de Sódio, Potássio, Magnésio ou cálcio.
Sedimentoscopia
Urinas Ácidas:
Ácido Úrico: são os que apresentam maior número de formas:
losangos, isolados, cruzados, roseta, como pedra de afiar,
estrelas, Comum na gota, leucemia e afecções febris
⚫Ácido Úrico
98
Sedimentoscopia
Oxalato de Cálcio: são incolores, brilhantes possuindo na
maioria das vezes forma característica, assemelhando-se a um
envelope. Surgem após alimentação rica em ácido oxálico,
contido no tomate, espinafre, aspargo.
⚫ Oxalato de cálcio (dihidratado)
100
⚫ Oxalato de cálcio (monohidratado)
101
Sedimentoscopia
Urinas Alcalinas
Fosfatos amorfos: são de aspecto granuloso, amorfo e
incolores, podem ser de cálcio, surgindo em urinas alcalinas,
neutras e também fracamente ácidas.
Sedimentoscopia
Urinas Alcalinas
Fostato Triplo: geralmente aparecem após a fermentação
amoniacal da uréia. São incolores em forma de prisma.
– Fosfato triplo amoníaco-magnesiano
Sedimentoscopia
Urinas Alcalinas
Carbonato de Cálcio: são amorfos, podendo cristalizar.
⚫ Biurato de amônio
• Cristais de origem metabólica
Tirosina
Tirosinemia hepato-renal: EIM, AR
1/120.000, Fumarilacetoacetato hidrolase
Insuficiência hepática e tubulopatia
105
Cistina
Cistinúria: EIM, AR, 1/10.000
Reabsorção tubular alterada: Cys, Arg, Lys, Ort
Lesão renal por cálculos de cys
106
Colesterol
107
Cristais de Bilirrubina
Sedimento corado pela
Bilirrubina
Cilindro epitelial
108
• Bilirrubina
Normal
109
⚫Cristais de origem iatrogênica
Sulfadiazina
110
Sulfonamida
Amoxicilina
111
Indinavir Aciclovir
112
Contraste
radiográfico
113
Ácido Úrico
114
Oxalato de Cálcio
115
Fostato Triplo
116
• Muco
117
⚫Flora Bacteriana
118
• Nitrito Flora Bacteriana
Normal
119
Gotas de Gordura
Cilindro Gorduroso
Corpo Graxo Oval
120
• Contaminantes e Artefatos
Espermatozóides
121
122
Hifas e células
leveduriformes com
aspecto morfológico
de Candida sp
123
Trichomonas vaginalis
124
Ovos de parasitas Enterobius vermiculares
Schistossoma haematobium
125
Larvas de parasitas
126
Fibras
127
LIBERAÇÃO DO RESULTADO
• Leucócitos e Hemácias:
– Resultado por campo: registrar o número médio
de elementos por campo, média de 10 campos, no
aumento de 400x;
– Resultado por mililitro: observar no mínimo 10
campos, calcular a média e expressar o número de
elementos por mililitro, multiplicando por 5040;
– Quando o campo microscópico estiver tomado por
estes elementos, e não sendo possível visualizar
outros, relatar como presença maciça.
128
Células Epiteliais e Cilindros:
identificar o tipo e registrar o número
médio por campo no aumento de 100x,
expressos conforme a seguir:
– Raros: até 3 por campo
– Alguns: de 4 a 10 por campo
– Numerosos: acima de 10 por campo
129
• Citar a presença de:
– Leveduras
– Cristais (com identificação)
– Trichomonas sp
– Muco
130
Avaliação da Função Renal
Funções do rim:
Regulação do balanço de água, eletrólitos e
equilíbrio ácido-básico
Excreção dos produtos do metabolismo de
proteínas e ácidos nucléicos: uréia, creatinina,
ácido úrico, sulfato e fosfato
Produção de hormônios: renina, calcitriol,
eritropoetina.
132
Testes da função glomerular
Filtrado glomerular (ultrafiltrado): composição do
plasma sem proteínas (140 mL/min).
Taxa de filtração glomerular: fluxo sanguíneo renal e
pressão normais
Queda na FG: destruição dos néfrons ou restrição de
suprimento sanguíneo renal, retenção de excretas
(uréia e creatinina).
133
Avaliação da Função Renal
• Creatinina
• Uréia
• Ph urinário
• Densidade/Osmolaridade
• Proteinúria
• Glicosúria
• Sedimento urinário
134
Uréia
• A concentração de ureia do soro não é útil como medida da FG.
A ingestão de proteínas da dieta e sangramento gastrintestinal
podem afetar a concentração de uréia sérica.
• A ureia é reabsorvida pelos túbulos renais e essa reabsorção
aumenta com taxas de fluxo de urina baixas.
• A ureia oferece importante informação sobre o grau de
catabolismo proteico.
135
Uréia
Valores de referência
Dosagem de uréia sérica
Adultos : 10 a 20 mg/dL (elevado em idosos)
Crianças: 5 a 18 mg/dL
Diferencia entre azotemia ou uremia pré-renal e renal
Pré-renal: uréia tem maior aumento que a creatinina
136
Uréia
A uréia é a principal forma excretora do nitrogênio proveniente do
catabolismo protéico.
Sua dosagem é a forma mais grosseira do estado de funcionamento
renal
A taxa normal de uréia no plasma ou soro varia de 20 a 40
mg/100ml.
Hiperazotemia: pode ser por causas renais, pré-renais e pós-renais.
Pré-renal: oferta deficiente de sangue no rim ou superprodução
de resíduos nitrogenados. Como na insuficiência cardíaca,
desidratação, choque, hemorragias digestivas, quadros
neurológicos agudos
Uréia
Renais:glomerulonefrite aguda, na qual só se observam
aumentos moderados, nefrite crônica, rim policístico,
nefrosclerose e coma diabético.
Pós-renais: são constituídas de qualquer obstrução acentuada
do trato urinário
A baixa de uréia, ocorre na insuficiência hepática grave, nefrose
não complicada de insuficiência renal, caquexia, hemodiluição.
Creatinina
• A capacidade dos rins de filtrar o plasma nos glomérulos pode
ser avaliada medindo-se a depuração de creatinina, que se
aproxima da taxa de filtração glomerular.
• A concentração de creatinina no soro é um índice insensível
da função renal, porque ela pode elevar-se só quando a FG
tenha caído para 50% do normal.
• Quando encontra-se creatinina sérica anormal, as mudanças
na concentração refletem mudanças na FG.
139
Creatinina
• O valor da creatinina sérica está relacionado à produção
endógena, e esta é proporcional à massa muscular, à dieta e ao
ritmo de filtração glomerular.
• Valores de referência:
- Crianças até 12 anos: 0,2 a 0,6 mg/mL
- Mulheres: 0,5 a 1,1 mg/mL
- Homens: 0,6 a 1,3 mg/mL
140
Creatinina
É eliminado do plasma por filtração glomerular e não é
reabsorvida nos túbulos em grau significativo.
A taxa normal de creatinina no plasma ou soro é de 1,2 mg/100ml.
A elevação da taxa de creatinina é mais tardia que a da uréia,
portanto possui maior valor prognóstico, para os quadros de
insuficiência renal
Creatininas acima de 5 mg/100ml, o prognóstico é fatal a curto
prazo.
TESTES DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR
• É o da depuração: avalia a capacidade de filtração glomerular;
• Avalia com que os rins são capazes de depurar (retirar) uma
substância filtrável do sangue;
• Portanto, a substância analisada não deve fazer parte das que
são reabsorvidas ou secretadas pelos túbulos;
• Também: a escolha da substância analisada deve-se considerar
sua estabilidade na urina durante 24h, a constância do nível
plasmático, disponibilidade e facilidade na análise bioquímica.
TESTE DA DEPURAÇÃO - CLEARENCE
• Antigamente: uréia – teste em desuso;
• Atual: creatinina, inulina, microglobulina,
radioisótopos;
• INULINA: polímero de frutose, estável, não é
reabsorvida ou secretada pelos túbulos, não é uma
substância que constitui o organismo, prescisando
ser injetada por via intravenosa durante o período
do exame, não usado na rotina.
TESTE DA DEPURAÇÃO - CLEARENCE
• INJEÇÃO DE RADIONUCLEOTÍDEOS: determina a
filtração glomerular por meio do desaparecimento de
um material radioativo no plasma.
• MICROGLOBULINA: dissocia-se dos antígenos dos
leucócitos em velocidade constante e é rapidamente
removida do plasma por filtração glomerular, seu nível
elevado indica uma queda na taxa de filtração
glomerular.
TESTE DA DEPURAÇÃO - CLEARENCE
• Grande ingestão de carne durante o período de
coleta de urina, influenciando os resultados;
• Não é confiável em pacientes com atrofia muscular
(resíduo do metabolismo muscular);
• Então: os resultados anormais devem ser
investigados por exames mais sofisticados
TESTE DA DEPURAÇÃO - CLEARENCE
CÁLCULO:
• Conversão das medidas laboratoriais em velocidade de filtração
glomerular;
• Mililitros por minuto;
• Determinar o número de mililitros de plasma do qual a
substância a ser depurada (creatinina) é retirada durante o
tempo de 1 minuto;
• É preciso conhecer o volume de urina em mililitros (V) por
minuto, a concentração de creatinina na urina em miligramas por
decilitro (U) e a concentração de creatinina no plasma em
miligramas por decilitro (P)
• D=UV / P