Economia e Vantagens Comparativas
Economia e Vantagens Comparativas
Exercícios resolvidos
c) Em que se traduz o benefício que esta economia retira do facto de ser uma
economia pequena?
RESOLUÇÃO:
a)
Y = a + bX, com b = -1
1
(X e Y representam as quantidades produzidas de X e de Y, respetivamente.)
150 = a -1 x 250
a = 150 + 250
a = 400
Y = 400 - X
Graficamente:
b)
Sendo o preço relativo internacional Py/Px = 1,5 temos que o preço relativo de Y no
mercado internacional é superior ao preço relativo desse bem no mercado interno, em
isolamento, daí que a abertura ao mercado externo irá levar a economia considerada a
uma especialização na produção de Y. Na medida em que os custos de oportunidade são
constantes, a economia maximizará os ganhos com a especialização total na produção
de Y.
2
exportar 200 unidades desse produto ao preço relativo de Py/Px = 1,5, o que lhe permite
obter em troca das 200 unidades de Y exportadas, 300 unidades de X (1,5 x 200 = 300).
c)
Sendo a economia considerada uma pequena economia, temos que as forças que se
manifestam no mercado interno são consideradas irrelevantes ao nível do mercado
internacional, não influenciando a determinação do preço internacional.
Consequentemente, existe uma maior possibilidade de se encontrar no mercado
internacional um preço relativo de equilíbrio bastante diferente do preço de equilíbrio
em isolamento, permitindo-lhe uma forte valorização do seu produto exportável e
consequentemente da produção interna.
Num modelo de dois países, traduzindo a relação entre um país pequeno e um país
grande temos que o preço de equilíbrio internacional tende a ser exclusivamente
determinado pelas forças do mercado que se manifestam no país grande, sendo desta
forma muito semelhante ao preço de equilíbrio em isolamento nesse país. Tal ocorrência
leva a que todos os ganhos se concentrem no país pequeno - "importância de não ser
importante".
Bens
Países
X Y
A 5 10
B 4 2
3
b) Em caso de especialização, quais os limites de variação dos preços
relativos?
RESOLUÇÃO:
a)
De acordo com a teoria das vantagens absolutas de Adam Smith, existirá vantagem na
especialização se cada um dos países revelar uma vantagem absoluta, isto é, se cada um
dos países produzir um bem a custos absolutos mais baixos. Neste caso verificamos que
o país B tem vantagem absoluta na produção de ambos os bens (4 < 5 e 2 < 10).
Portanto, de acordo com esta teoria não há possibilidade de especialização.
b)
4
O preço relativo no mercado internacional deverá estar compreendido entre os preços
relativos autárcicos, ou seja:
c)
Se o país A dispõe de 100 horas de trabalho e se para produzir uma unidade de X gasta
5 horas, então a sua capacidade máxima na indústria do bem X é de 20 unidades
(100/20). Com raciocínios análogos chegamos à seguinte matriz de produções máximas:
Bens
Países
X Y
A 20 10
B 20 40
d)
5
obter 5 unidades deste bem (50/10). Relativamente ao país B, se produz 20 unidades de
Y afeta a esta indústria 40 horas de trabalho (20 x 2). Sobram-lhe 40 horas (80 - 40)
para produzir 10 unidades de X (40/4).
Qx = 1/50 . Lx
Qy = 1/20 . Ly
RESOLUÇÃO:
a)
Lx + Ly = 10000
6
b)
Numa situação de autarcia temos o consumo igual à produção, qualquer que seja o bem.
A partir da expressão analítica da FPP a que chegámos na alínea anterior, podemos
calcular rapidamente a quantidade consumida de Y:
Cy = Qy =500 - (5/2)Qx
Cy = 500 - (5/2) . 80
Cy = 300
c)
Em primeiro lugar, temos de determinar qual o bem em que esta pequena economia se
vai especializar. Verificamos através da expressão analítica da FPP que o preço relativo
de X em autarcia é 5/2 (-dQy/dQx - simétrico da derivada de Qy em relação a Qx). Por
outro lado, é-nos dito que o preço relativo de X no mercado internacional é 2/3. Deste
modo, temos a seguinte situação:
7
Na situação de livre comércio a economia continua a consumir a mesma quantidade de
Y, isto é, 80 unidades, que serão importadas na sua totalidade. Por cada unidade de X a
economia terá que entregar 2/3 unidades de Y. Deste modo, pelas 80 unidades
importadas a economia deve pagar (exportar) 80 x 2/3 = 53,3 unidades de Y.
4. Num mundo ricardiano de dois países, as produções máximas dos bens X e Y são
as seguintes:
Bens
Países
X Y
A 250 125
B 300 360
O país A dispõe de 500 horas de trabalho e o país B de 1800 horas de trabalho cuja
afetação é a seguinte:
Bens
Países
X Y
A 200 300
B 1560 240
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RESOLUÇÃO:
a)
Bens
Países
X Y
A 2 4
B 6 5
Uma vez que estamos a considerar um "mundo ricardiano", admitimos que estes custos
se mantêm qualquer que seja o nível de produção. Ora, se o país A afeta 200 horas de
trabalho à produção de X poderá produzir 100 unidades de X (200/2), e assim
sucessivamente, obtendo-se o seguinte quadro das produções (ou do consumo, uma vez
que em autarcia o consumo é igual à produção):
Bens
Países
X Y
A 100 75
B 260 48
b)
A repartição dos ganhos depende do nível a que se fixar o preço relativo internacional.
Quanto mais este preço se afastar do preço autárcico mais o país ganha. Neste exemplo
concreto é de esperar que os ganhos revertam fundamentalmente a favor do país A
porque, atendendo às dotações de trabalho, podemos admitir que se trata duma
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economia pequena em relação à economia B. (Recorde-se a "lei da procura/oferta
recíproca"). No caso extremo, podemos admitir a hipótese do preço de equilíbrio
internacional coincidir com o preço relativo autárcico do país B (país grande), situação
em que os ganhos do comércio reverteriam integralmente para o país A (país pequeno).
c)
Bens
X Y
Produção 250 0
10
consumir de X o que importasse de A (125 unidades) e não 260 unidades. Deste modo,
para poder satisfazer as suas necessidades de consumo ao nível do bem X, o país B vai
ter que produzir 135 unidades de X. Esta produção absorve-lhe 810 horas de trabalho
(135 x 6). Deste modo, ele apenas pode produzir 198 unidades de Y (990/5). Destas,
exporta 150 unidades para o país A pelo que apenas pode consumir 48 unidades. Deste
modo, temos os seguintes pontos de produção e de consumo para o país B:
Bens
X Y
Consumo 260* 48
Nota: Este é um caso em que temos dois países de dimensão muito diferente. Além do
impacto que isto vai ter sobre a determinação do nível de preços no mercado
internacional, não estão criadas as condições para haver especialização completa. As
necessidades de consumo de um país excedem a própria capacidade produtiva do outro
país.
Vinho Automóveis
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b) De acordo com a teoria clássica das vantagens comparativas, que padrão
de comércio se estabeleceria caso estes dois países decidissem abrir as
suas fronteiras?
RESOLUÇÃO:
a)
Não. A França produz ambos os bens com maior eficiência, isto é, gasta menos
unidades de trabalho do que a Alemanha para produzir uma unidade de qualquer dos
bens. Nestas condições e de acordo com a teoria das vantagens absolutas, não deverá
existir comércio entre estes dois países.
b)
Cálculos:
Conclusão: A França produz vinho a preços relativos mais baixos. Deve especializar-se
em vinho e a Alemanha em automóveis. Assim, o padrão de comércio deve ser vinho
francês por automóveis alemães.
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6. No quadro das hipóteses do modelo ricardiano, considere dois países, A e B, que
em autarcia produzem os bens X e Y nas condições descritas pelo gráfico seguinte:
Y
125
100
FPPA
FPPB
50 75 X
RESOLUÇÃO
a)
b)
13
(Px/Py)Int = 2,5 unidades de Y/1 de X
A lei da procura recíproca estabelece que um país ganhará tanto mais com a troca
quanto mais o preço de equilíbrio no mercado internacional estiver próximo do preço de
autarcia do parceiro comercial e ganhará tanto menos quanto aquele preço estiver
próximo do seu preço de autarcia. Neste caso tem-se (Px/Py)Int = (Px/Py)B pelo que os
ganhos de comércio revertem todos para o país A.
c)
Economia A a 8 unidades de 7h 3h
a
Economia B b 5 unidades de 4h 3h
b
14
b) Comente a seguinte afirmação: “Reivindicações de aumentos salariais
acima dos aumentos previstos para a produtividade do trabalho podem
pôr em causa a capacidade exportadora de qualquer economia, caso se
concretizem.”
RESOLUÇÃO
a)
Conclui-se então que, caso estas duas economias decidam por abrir-se ao comércio
mútuo e exclusivo, a economia A exportará o bem Y e importará o bem X e a economia
B exportará o bem X e importará o bem Y.
15
b)
Ora, dado que > , à partida nada garante que o sentido da desigualdade se mantenha,
pelo que a economia I poderá deixar de ter condições para exportar o bem j. A
afirmação deve receber, portanto, um comentário favorável.
c)
16
8. No âmbito do modelo clássico das vantagens comparativas será de esperar que o
cimento seja um produto com elevada propensão para ser transacionado no
mercado internacional? Justifique.
RESOLUÇÃO
Na sua forma pura, o modelo clássico das vantagens comparativas estabelece que a
possibilidade de um produto ser transacionado no mercado internacional depende
apenas da existência ou não de vantagem comparativa por parte do país que o produz. A
vantagem comparativa é explicada por diferenças ao nível da produtividade do fator
trabalho, o único fator produtivo considerado por Ricardo. São estas diferenças que
conduzem a diferentes preços relativos quando se supõe que os países estão em autarcia
e que justificam a abertura ao comércio.
Deste ponto de vista, o cimento é um produto como outro qualquer, pelo que, à partida,
não é de supor que ele tenha maior ou menor propensão que outros produtos para ser
transacionado no mercado internacional. Se existirem diferenças de produtividade dos
trabalhadores das cimenteiras situadas em diferentes países, então estão criadas as
condições para que o cimento seja transacionado internacionalmente.
17
em que trj designa os custos de transporte para o país B de uma unidade do produto j.
Nestas condições, deduza uma condição geral de exportação do bem k por parte do
país B.
RESOLUÇÃO:
18
PAk Preço do bem k no país A expresso em moeda de A;
O país B terá condições para exportar o bem k se (em moeda do país B):
Se esta condição se verificar para o bem k, então o país B tem condições para exportar
este bem para o país A.
Trigo Trigo
•B •D
6000 Tecido 10000 Tecido
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Exercícios propostos
Bem X Bem Y
Economia A 2 3
Economia B 4 5
Bem X Bem Y
Grupo I
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g) Os intervalos de variação dos preços relativos internacionais que
garantem ganhos para ambas as economias em caso de abertura ao
comércio.
Grupo II
Grupo III
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2. Considere a economia A e o Resto do Mundo, de igual dimensão, produzindo
dois bens, X e Y, com um único fator produtivo (trabalho). As funções de produção
são as seguintes:
Bens
Países
X Y
Bens
Economias
X Y
Alfa 5 7
Beta 9 12
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a) De acordo com a teoria das vantagens absolutas, qual o padrão de
especialização que se estabeleceria numa situação de comércio livre?
Justifique.
França e na Alemanha:
Computadores Trigo
e) Tendo em atenção os resultados das alíneas c) e d), o que é que se pode dizer
acerca da distribuição dos ganhos de comércio entre a França e a
Alemanha?
23
5. Suponha duas economias, Alfa e Beta, em situação de autarcia, produzindo os
bens X e Y com um único fator produtivo (trabalho). Suponha ainda que estão
verificadas todas as outras hipóteses do modelo clássico das vantagens
comparativas e que as condições técnicas de produção em cada uma das economias
são dadas pela seguinte matriz:
Bem Y 80 70
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6. Considere duas economias, A e B, nas condições do modelo ricardiano
monetarizado e generalizado a n bens. Suponha que, em determinado momento, se
preveem taxas de crescimento da produtividade do trabalho iguais nos dois países
mas que as centrais sindicais nacionais apresentam reivindicações diferentes. Os
sindicatos do país A estão a reivindicar uma taxa de aumento salarial superior à
taxa de crescimento prevista para a produtividade do fator trabalho. No país B, as
centrais sindicais são mais moderadas e exigem apenas uma taxa de aumento
salarial igual à taxa de crescimento prevista para a produtividade do trabalho
neste país.
Discuta os efeitos que este comportamento sindical pode vir a ter no futuro sobre o
padrão de comércio entre A e B, caso as associações patronais de ambos os países
cedam às exigências dos sindicatos.
Computadores Casacos
Portugal 5 20
Alemanha 1 10
a) Num modelo de troca direta e supondo que nenhum dos países é grande,
o que acontecerá ao preço relativo dos computadores no mercado
internacional em relação ao seu preço relativo em autarcia em Portugal e
na Alemanha? Explique a sua resposta.
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c) Considere que ambos os países produzem mais um bem – automóveis -
com um custo unitário de 2h de trabalho em cada país. Suponha ainda que
existe um custo de transporte para os dois bens igual a 0,1 horas de
trabalho e que a relação de salários entre Portugal e a Alemanha é de 1/4.
Que padrão de trocas se estabelecerá entre os 2 países?
Bens
Países
Sapatos Vinho
França 6h 4h
EUA 8h 4h
Bens
Países
Têxteis Peixe Automóveis
França 9h 3h 16h
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9. Qual das seguintes políticas seria criticada pelos mercantilistas?
a) Direitos aduaneiros sobre a importação de matérias primas
11. Considere o seguinte quadro com o número de dias necessários para produzir
uma unidade de cada um dos bens nele referidos, nos países A e B:
Bem X Bem Y
País A 4 12
Pais B 6 12
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12. Considere o seguinte quadro com o número de unidades produzidas de cada
um dos bens nele referidos, por cada unidade de tempo, nos países A e B:
Bem X Bem Y
País A 100 40
Pais B 150 50
Bem X Bem Y
País A 4 8
Pais B 6 9
28
d) No país B, em autarcia, troca-se uma unidade do bem Y por 1,5 unidades
do bem X.
Inglaterra 1 1 4 1 2
Portugal 4 2 5 1 1
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