Em Campo Minado, José conta a história de sua vida onde passou por variadas escolas,
desde o fundamental até o ensino médio, em cada escola uma história falando de como
era sua caminhada, um jovem periférico que sempre era julgado, onde os professores
não esperavam absolutamente nada que viesse dele. Nos últimos anos do ensino
fundamental, uma professora pediu a turma que cantasse uma música, logo ele se
disponibilizou e começou a cantar a música dos Racionais Mc’s, “Fórmula mágica da
paz”, a professora repudiou José, pois a música continha um palavrão. Alguns anos
depois a música virou leitura obrigatória do vestibular da Unicamp.
Na época em que José Falero estudava, passou por várias escolas, quando o mesmo
chegou ao ensino médio na escola ‘Inácio Montanha’, um único ano que estudou no
ensino médio, pois abandonou as aulas após passar por variadas circunstâncias, onde
passava fome pois sua mãe não tinha dinheiro para seu lanche no dia a dia. Observando
cada conto, Bourdieu explicaria como capital cultural, social e simbólico. A partir do
capital cultural, podemos destacar que José era um garoto periférico e não tinham uma
bagagem familiar de ensino para que ele fosse melhor impactado em seu destino
escolar, de tal forma, José abandonou a escola para começar a trabalhar. O próprio diz
em ‘Campo Minado’, “Tudo o que aprendi na vida, e a aprendi um bocado de coisas,
aprendi bem longe das instituições de ensino, e por conta própria”. Bourdieu diz que
com as referências culturais trazido de casa pelas crianças facilitaria 100% o ensino nas
escolas, como o mesmo diz seria “uma ponte entre o mundo familiar e a cultura
escolar”. Mas tendo em vista que, essa ponte não seria apenas entre os seus familiares,
mas também entre o contato entre amigos, sendo assim o capital social inserido no meio
escolar, a junção do capital cultural.
Em “De volta ao Campus”, José conta sua trajetória de casa até o Campus da UFRGS,
onde lá começou a trabalhar como ajudante de pedreiro e todo dia em seu horário de
almoço, José tinha que ir até o Campus, no meio dos universitários comprar a coca para
o almoço, e todos os dias ia até o local constrangido, por conta de sua roupa, pois todos
olhavam de forma estranha para ele. Quando o galpão ficou pronto, ele deu graças a
Deus por não precisar mais chegar perto dos prédios da UFRGS, chegar perto dos
alunos e ainda fez uma pequena promessa de que nunca mais pisaria naquele local.
Como Bourdieu observa, “a avaliação escolar vai muito além de uma simples
verificação de aprendizagem”, destacado em A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO DE
PIERRE BOURDIEU: LIMITES E CONTRIBUIÇÕES.
‘
Bourdieu relata o fracasso escolar como capital social e cultural