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49-Texto Do Artigo-299-1-10-20120115

O documento discute a importância da intervenção nutricional no pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para promover a perda de peso e reeducação alimentar. As cirurgias mais aplicadas são a Cirurgia de Capella e Cirurgia de Bypass Y de Roux. Uma avaliação nutricional detalhada no pré-operatório fornece informações sobre estilo de vida e estado nutricional do paciente.

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O documento discute a importância da intervenção nutricional no pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para promover a perda de peso e reeducação alimentar. As cirurgias mais aplicadas são a Cirurgia de Capella e Cirurgia de Bypass Y de Roux. Uma avaliação nutricional detalhada no pré-operatório fornece informações sobre estilo de vida e estado nutricional do paciente.

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Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.


ISSN 1981-9919 versão eletrônica
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A INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

NUTRITIONAL INTERVENTION IN THE PRE-POSTOPERATION OF BARIATRIC SURGERY


1,2 1,2
Christiane Lima Bonazzi , Marlene Carvalho Teixeira Valença ,
1,2 1
Tatiana Cristina Sales Bononi , Francisco Navarro

RESUMO ABSTRACT

O objetivo deste trabalho é ressaltar a The objective of this work is to emphasize the
importância da intervenção nutricional no pré e relevance of nutritional intervention in the pre-
pós operatório da cirurgia bariátrica, postoperation of bariatric surgery, promoting
promovendo a perda de peso e reeducação weight loss and eating habits re-education.
dos hábitos alimentares. Para isso, foi feita For this, a bibliographic revision was done. The
uma revisão bibliográfica. As cirurgias mais most applied surgeries are; Capella Surgery
empregadas são a Cirurgia de Capella e and Bypass Y de Roux Surgery. A detailed
Cirurgia de Bypass Y de Roux. É feita uma nutritional assessment is done in the pre-
avaliação nutricional detalhada no pré- operatory with important information about the
operatório com informações importantes sobre life style, eating habits and nutritional status of
o estilo de vida, hábitos alimentares e estado the patient. Other purposes are to reinforce the
nutricional do paciente. Outras finalidades são; patient perception that weight loss is
reforçar a percepção do paciente de que a possible when the energetic balance becomes
perda de peso é possível quando o balanço negative, to identify the errors and eating
energético se torna negativo, identificar erros e disruptions, to promote real expectations about
transtornos alimentares, promover weight loss, to prepare the patient for the post
expectativas reais de perda de peso e operation feeding. All the techniques require
preparar o paciente para a alimentação no dietary data and monitoring post operation at
pós-operatório. Todas as técnicas exigem long term. After the discharge from hospital,
orientação dietética e monitorização pós- the patient follows a gradual plan of re-
operatória a longo prazo. Após a alta introduction of food with an initial energetic
hospitalar, o paciente segue um plano gradual consumption between 300-350 kcal/day,
de reintrodução de alimentos com um reaching 700 kcal on the third week. Point out
consumo energético inicial entre 300 a the necessity of constant attention of how
350kcal/dia, atingindo 700kcal na terceira much to chew, as well as the importance of do
semana. Salienta-se a necessidade de not consume a great amount of food than the
atenção constante quanto à mastigação, bem recommended one. The pattern and unsuitable
como quanto à importância de não consumir food habits in the postoperation is related to
maior quantidade de alimentos do que a the insufficient weight loss. It can be concluded
recomendada. O hábito alimentar inadequado that the bariatric surgery is not the end of the
no pós operatório está relacionado à perda de treatment, but the beginning of a changing
peso insuficiente. Pode-se concluir que a period in the behavior and food habits, where
cirurgia bariátrica não é o fim do tratamento, the patients must be followed by a
mas sim o início de um período de mudanças multidisciplinary team that supply the
no comportamento e nos hábitos alimentares, necessary support so that the changes occur
onde os pacientes deverão ser acompanhados without affecting your nutritional balance.
por uma equipe multidisciplinar que forneça o
suporte necessário para que as mudanças Key words: bariatric surgery, obesity, diet.
ocorram sem afetar seu equilíbrio nutricional.
E-mail: [email protected]
Palavras-chave: cirurgia bariátrica, E-mail: [email protected]
obesidade, dieta, nutrição E-mail: [email protected]

1 – Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu 2- Bacharel em Nutrição pelo Centro


em Obesidade e Emagrecimento - UGF. Universitário São Camilo

Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.1, n. 5, p. 59-69, Set/Out. 2007. ISSN 1981-9919.
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INTRODUÇÃO Sociedade Brasileira de Cardiologia, 80% da


população adulta brasileira é sedentária
A obesidade é considerada um dos constituindo um dos seus principais fatores de
mais graves problemas de saúde pública na risco (Francischini e colaboradores, 2000;
sociedade moderna. É uma doença Krause, 2002; Traebert e colaboradores,
multifatorial, dispendiosa, vitalícia e 2004).
potencialmente letal. Sua prevalência vem Como a obesidade é uma condição
crescendo assustadoramente nos últimos médica crônica de etiologia multifatorial, seu
anos, o que levou a doença à condição de tratamento envolve vários tipos de abordagem.
epidemia global (Francischini e colaboradores, A orientação dietética, a programação de
2000). atividade física e o uso de fármacos anti-
Segundo Pereira e colaboradores obesidade são os pilares principais do
(2003), citado por Tironi e colaboradores tratamento (Segal e colaboradores, 2002).
(2006), sabe-se que o acúmulo anormal ou Entretanto, o tratamento convencional
excessivo de gordura sob a forma de tecido para obesidade grau III continua produzindo
adiposo e que causa males à saúde, resultados insatisfatórios com 95% dos
denomina-se obesidade. Porém também é pacientes recuperando seu peso inicial em até
sabido que a obesidade está claramente 2 anos (Segal e colaboradores, 2002).
dividida em fatores ambientais, falta de No estudo comparativo do tratamento
atividade física e principalmente à dieta e que cirúrgico da obesidade mórbida em mulheres
juntos, explicam o acúmulo de gordura do tipo andróide e ginecóide, Diniz e
corporal em grande parcela da população. colaboradores (2003), constaram que a perda
A presença da obesidade é de peso é maior em pacientes com obesidade
considerada um fator de risco para várias do tipo andróide que ginecóide. O controle da
doenças como diabetes tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial também é melhor em
hipertensão arterial, resistência à insulina e/ou pacientes com obesidade do tipo andróide. Já
intolerância à glicose, doenças do músculo a melhora das outras comorbidades e da
esquelético, doenças biliares e certos tipos de qualidade de vida independe do tipo de
cânceres, influenciando desta forma a distribuição de gordura corporal.
qualidade de vida e a longevidade do Devido à necessidade de uma
indivíduo. Além disso, representa um valor intervenção mais eficaz na condução clínica
estético negativo e poder levar a um quadro de de obesos graves, a indicação das operações
síndrome metabólica. Na população brasileira, bariátricas vem crescendo nos dias atuais e é
o aumento da prevalência de obesidade aceita atualmente como a ferramenta mais
provavelmente é decorrente de mudanças no eficaz no controle e tratamento da obesidade
padrão alimentar e no estilo de vida (Krause, mórbida (Segal e colaboradores, 2002; Leite e
2002, Carneiro e colaboradores, 2003). colaboradores, 2003).
A Organização Mundial de Saúde Segundo a Sociedade Americana de
(OMS) baseia-se no Índice de Massa Corporal Cirurgia Bariátrica (ASBS), 47 mil cirurgias
(IMC) e no risco de mortalidade associada, foram feitas no ano de 2001. Em 2002 foram
assim considera-se obesidade quando o IMC 63 mil e em 2003 98 mil cirurgias (Leite e
encontra-se acima de 30kg/m². Quanto à colaboradores, 2003).
gravidade, a OMS define obesidade grau I É importante lembrar que o tratamento
quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9kg/m², cirúrgico da obesidade não é uma tentativa de
obesidade grau II quando IMC está entre 35 e dieta e sim um método para encorajar uma
39,9kg/m² e, por fim, obesidade grau III nova dieta que irá promover a perda de peso
quando o IMC ultrapassa 40 kg/m² (Fandino e (Lindroos, Lissner e Sjöström, 1996).
colaboradores, 2004; George e colaboradores, O objetivo deste trabalho é mostrar a
1998; Silva e colaboradores, 2005; Faintuch e importância da intervenção nutricional no pré e
colaboradores, 2003; Cuppari e colaboradores, pós operatório da cirurgia bariátrica,
2002; Leite e colaboradores, 2003). promovendo a perda de peso e reeducação
Dentre todos os fatores envolvidos na dos hábitos alimentares.
etiologia da obesidade, os fatores dietéticos No presente estudo foi realizada uma
aliados ao sedentarismo constituem a causa revisão bibliográfica utilizando artigos
primária dos problemas. Segundo dados da

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científicos nos idiomas inglês, português e A via de acesso é endoscópica e o


espanhol, publicados nos últimos 12 anos. balão pode ser retirado no prazo máximo de 6
meses (CFM, 2005).
Está indicado no tratamento de perda
CIRURGIA BARIÁTRICA de peso, principalmente no preparo pré-
operatório de pacientes com super obesidade
2
(IMC acima de 50 kg/m ), com associação de
Para Garrido Júnior (2000), dentro de patologias agravadas e/ou desencadeadas
vários programas de redução de peso, a pela obesidade mórbida (CFM, 2005).
intervenção cirúrgica é usualmente reservada Entre as contra-indicações do método
para tratamento médico de pessoas estão: esofagite de refluxo, hérnia hiatal,
morbidamente obesas depois que métodos estenose ou divertículo de esôfago, lesões
mais tradicionais tenham falhado. A indicação potencialmente hemorrágicas como varizes e
do tratamento cirúrgico baseia-se em análise ângio-displasias, cirurgia gástrica ou intestinal
abrangente de múltiplos aspectos clínicos do de ressecção, doença inflamatória Intestinal,
paciente, entre eles, as comorbidades uso de antiinflamatórios, anticoagulantes,
associadas. álcool ou drogas e transtornos psíquicos
Aos profissionais da saúde, cabe (Zilberstein e colaboradores, 2004).
intervir com as cirurgias para combater muitas Entre as principais complicações
comorbidades que acompanham o excesso de estão: aderências ao estômago; passagem
peso e monitorar o pós-operatório por um para o duodeno; intolerância ao balão, com
longo período, associando-o com vômitos incoercíveis, úlceras e erosões
suplementação vitamínica e realizando um gástricas, esvaziamento espontâneo do balão,
acompanhamento nutricional especializado ao obstrução intestinal por migração do balão,
enfermo (Faintuch e colaboradores, 2003). perfuração gástrica, infecção fúngica em torno
A indicação cirúrgica é do Balão (Zilberstein e colaboradores, 2004).
desaconselhada quando há condições de
riscos inaceitáveis ou que impeçam a Gastroplastia Vertical Bandada
adaptação pós-operatória, como nos casos de
pneumopatias graves (enfisema avançado ou Também chamada de Cirurgia de
embolias pulmonares repetidas), insuficiência Mason, é uma técnica que consiste na criação
renal, lesão acentuada do miocárdio, cirrose de um pequeno reservatório gástrico
hepática, distúrbios psiquiátricos ou (aproximadamente 20ml) na região da cárdia
dependência de álcool ou drogas (Garrido com preservação do estômago e intestino
Júnior e colaboradores, 2000). sendo um método reversível. A perda de peso
Os procedimentos cirúrgicos pode chegar a 20% nesse tipo de cirurgia
promovem alterações mecânicas e (CFM, 2005).
fisiológicas, e seus princípios objetivam Para realização desta cirurgia os
diminuir a capacidade gástrica do paciente, pacientes não podem ser compulsivos e não
provocando a saciedade e diminuindo o tenham o hábito de ingerir doces em
volume residual disponível para os alimentos, abundância devendo seguir corretamente uma
podendo associar restrição e disabsorção orientação nutricional, caso contrário os
(CFM, 2005; Tironi e colaboradores, 2006; resultados serão desanimadores (Leite e
Csendes e colaboradores, 1999). colaboradores, 2003).
Esta técnica causa mínimas alterações
Cirurgias Restritivas metabólicas, com baixa morbi-mortalidade e
baixo custo, na qual seria a vantagem da
Balão Intragástrico realização desta cirurgia (CFM, 2005).
A perda de peso insatisfatória (menos
Consiste na colocação de um balão de 50% do excesso de peso) pode ser
intragástrico com cerca de 500ml de líquido ocasionada por fístula gastrogástrica ou por
que objetiva diminuir a capacidade gástrica do intolerância progressiva maior à ingestão de
paciente, provocando a saciedade e líquidos ou pastosos hipercalóricos, maior
diminuindo o volume residual disponível para ocorrência de vômitos, possibilidade de
os alimentos (CFM, 2005). deiscência das linhas grampeadas, seguida de

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complicações intra-abdominais, procedimento O princípio fundamental destas


inadequado tanto para pacientes que ingerem complicações é a perda de calorias pelas
muito doce como para portadores de esofagite fezes e por todas essas complicações não
de refluxo (Zilberstein e colaboradores, 2004). devem ser mais realizadas (CFM, 2005).

Banda Gástrica Ajustável Cirurgias Mistas

É uma prótese de silicone que, As cirurgias mistas associam restrição


colocada em torno do estômago proximal, faz e disabsorção em maior ou menor grau do
com que este passe a ter a forma de uma intestino, dependendo da técnica empregada e
ampulheta ou uma câmara acima da banda. O da extensão do intestino delgado excluído do
diâmetro interno da banda pode ser regulado trânsito alimentar (Garrido Júnior, 2000).
no pós-operatório por injeção de líquido no As Cirurgias Mistas com maior
reservatório situado no subcutâneo, de fácil componente restritivo compreende as diversas
acesso, podendo ser realizada pela via modalidades de bypass gástrico com
convencional (laparotômica) ou por reconstituição do trânsito intestinal em “Y de
videocirurgia (CFM,2005). Roux” (Garrido Júnior e colaboradores, 2000).
É um método reversível, pouco As cirurgias mais empregadas são:
agressivo, permite ajustes individualizados no Cirurgia de Capella e Cirurgia de Bypass Y de
diâmetro da prótese, possuindo baixa Roux, nas quais consistem em restrição
morbimortalidade operatória e retorno precoce mecânica pela bolsa gástrica de 30 a 50ml e
às atividades habituais. Com sua retirada é por um mecanismo funcional tipo Dumping
possível a realização de outros procedimentos (mal-estar provocado pela ingestão de
bariátricos com mínimas repercussões alimentos líquidos ou pastosos hipercalóricos)
nutricionais (Zilberstein e colaboradores, ocorrendo à restrição alimentar, já que o
2004). hormônio Grelina que é estimulado pela
Porém possui custo elevado, com chegada do alimento no estômago tem sua
perda de peso freqüentemente insuficiente em produção minimizada. Pode ser realizada por
longo prazo, exigindo estrita cooperação do via convencional ou videocirurgia sendo
paciente em seguir as orientações reversível, embora com dificuldade técnica
dietoterápicas. Além disso, podem ocorrer (Garrido Júnior e colaboradores, 2000).
riscos inerentes ao uso permanente de corpo A perda de peso é satisfatória com
estranho e é uma técnica inadequada para baixo índice de insucesso apresentando
pacientes que ingerem muito doce e/ou melhora na qualidade de vida e das doenças
apresentam esofagite de refluxo e hérnia hiatal associadas à obesidade. São eficientes em
(CFM, 2005). comedores de doce e tem baixo índice de
Podem ocorrer complicações em longo complicações em longo prazo. O controle
prazo, como migração intragástrica da banda, metabólico e nutricional do paciente é
deslizamento da banda e complicações com o facilitado (Leite e colaboradores, 2003).
reservatório (CFM, 2005). As principais desvantagens desta
cirurgia se referem à técnica cirúrgica
Cirurgias Disabsortivas complexa, acesso limitado ao estômago e ao
duodeno para métodos radiológicos e
Devido à alta incidência de endoscópicos; passíveis de complicações
complicações metabólicas e nutricionais estas como deiscência de suturas; maiores chances
cirurgias (PAYNE OU BYPASS JEJUNO- de deficiências protéicas e anemia do que as
JEJUNAL) foram proscritas, pois pela cirurgias restritivas (CFM, 2005).
quantidade de intestino desfuncionalizado, que As Cirurgias Mistas com maior
leva a um supercrescimento bacteriano no componente disabsortivo envolvem menor
extenso segmento intestinal excluído, restrição da capacidade gástrica, o que
provocava alta incidência de complicações permite maior ingestão alimentar, com
digestivas, tais como diarréia, cirrose, predomínio do componente disabsortivo
pneumatose intestinal e artrites nos pacientes (Zilberstein e colaboradores, 2004).
(CFM, 2005).

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Cirurgias com maior componente náuseas, vômitos, obstrução gástrica entre


disabsortivo: outros (Segal e colaboradores, 2002; Leite e
colaboradores, 2003).
- Cirurgia de Scopinaro (derivação bílio- A cirurgia Y de Roux diminui cerca de
pancreática com gastrectomia distal). 35% do total do peso corporal e de 60 a 85%
- Cirurgia de Duodeno - Switch (derivação do excesso de peso. A perda de 70% do
bílio-pancreática com gastrectomia vertical da excesso de peso ocorre aproximadamente 2
grande curvatura e preservação do piloro). anos após a cirurgia. No final de 5 anos, a
Nestas cirurgias o intestino delgado é perda é de 58%, após 10 anos de 55% e após
seccionado a cerca de 250 cm da válvula 14 anos, 49%. Além disso, a maioria dos
ileocecal. O segmento distal é anastomosado pacientes não retorna ao peso ideal,
ao estômago. O segmento proximal é permanecem 50% do peso acima deste
anastomosado ao íleo a 50, 100 ou 150 cm da (Pories e colaboradores, 1995; George e
válvula ileocecal, dependendo da técnica colaboradores, 1998; Silva e colaboradores,
escolhida (Zilberstein e colaboradores, 2004). 2005).
Nessas cirurgias não há restrição de Após a cirurgia, existe melhora nos
alimentos ingeridos sendo muito eficazes em quadros de hipertensão arterial, da função
relação à perda de peso e manutenção em cardio-pulmonar, no clearance da apnéia do
longo prazo e o reservatório gástrico é sono, menores limitações por conta de artrites,
completamente acessível aos métodos de entre outras. A cirurgia também mostra-se
investigação radiológica e endoscópica. muito efetiva na mudança do perfil de lipídeos,
Entretanto, os pacientes estão mais açúcares e lipoproteínas dos obesos
sujeitos a complicações nutricionais e mórbidos: menor produção de VLDL, IDL e
metabólicas de difícil controle com maior LDL, 48% dos triglicérides e 25% do
chance de haver deficiência de vitamina B12, colesterol. Diminui também as concentrações
cálcio, ferro e desmineralização óssea. Pode de insulina no sangue, causando uma maior
haver também alta incidência de úlcera de sensibilidade a esta e assim uma melhor
boca anastomótica e aumento do número de utilização da glicose sanguínea (Pories e
evacuações diárias, com fezes e flatos muito colaboradores, 1995; George e colaboradores,
fétidos (Mikler e colaboradores, 2000). 1998; Silva e colaboradores, 2005).
Como visto, todas desorganizam a De acordo com o estudo feito por
anatomia e/ou fisiologia digestiva, no intuito de Schauer e colaboradores (2000), no qual
contrapor ao balanço energético dos obesos e, foram submetidos 275 pacientes pela cirurgia
conseqüentemente, exigem orientação Y de Roux, foram erradicadas diversas co-
dietética e monitorização pós-operatória em morbidades como hipertensão arterial e
longo prazo. Sempre que isto não é praticado diabetes tipo II, além de melhorar a qualidade
de forma conveniente, ou ainda se sobrevêm de vida.
intercorrências externas que interferem mais Essas cirurgias possibilitam uma perda
ainda sobre o padrão alimentar ou as de peso não atingida pelo tratamento clínico e
necessidades energético-protéicas, atinge-se manutenção deste em longo prazo. Podem
uma situação de risco (Faintuch e apresentar um risco nutricional se não
colaboradores, 2003). monitorado adequadamente. No entanto, os
Contudo, a conclusão da cirurgia não benefícios são importantes quanto à ingestão
finaliza o tratamento da obesidade, pelo alimentar de maneira qualitativa e quantitativa,
contrário, é o início de um período de um a e principalmente diminuição das doenças
dois anos de mudanças comportamentais, associadas com conseqüente melhora da
alimentares e de exercícios com monitoração qualidade de vida (Segal e colaboradores,
regular de uma equipe multidisciplinar de 2002; Leite e colaboradores, 2003).
profissionais da saúde (Cruz, 2004). Atualmente, o grande problema
Um bom entendimento das mudanças observado é que, de médio e longo prazo, os
da capacidade e função gástrica e também pacientes passam a apresentar os mais
das orientações dietéticas é decisivo para um variados graus de deficiências nutricionais,
ótimo resultado pós-cirúrgico de perda e que poderiam ter sido evitados se o paciente
manutenção do peso e estado nutricional, estivesse sendo acompanhado por uma
além da prevenção de complicações como equipe multidisciplinar antes, durante e após a

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cirurgia (Garrido Júnior e colaboradores, com uma maior variedade de alimentos sólidos
2000). do que aqueles que não tiveram o
Assim, para que o sucesso cirúrgico acompanhamento com a equipe (Cooper e
seja duradouro é importante que o profissional colaboradores, 1999; Tironi e colaboradores,
nutricionista conheça seus resultados para 2006; Csendes e colaboradores, 1999).
nortear sua conduta e orientar seu paciente de
maneira eficiente (Garrido Júnior e Intervenção Nutricional no Pós-Operatório
colaboradores, 2000).
A conclusão da cirurgia não finaliza o
tratamento da obesidade, pelo contrário, é o
INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NO PRÉ- início de um período de um a dois anos de
OPERATÓRIO mudanças comportamentais, alimentares e de
exercícios, com monitoração regular de uma
equipe multidisciplinar de profissionais da
De acordo com Cronin e Mac saúde (Cruz, 2004; Garrido Júnior, 2003).
Donough, citado por Cruz (2004), o De acordo com Boas e colaboradores
aconselhamento nutricional no período pré- (2003) citados por Quadros e colaboradores
operatório está inteiramente relacionado ao (2006), para que o procedimento cirúrgico
aumento do potencial de sucesso no pós- torne-se um sucesso duradouro é fundamental
operatório. Além disso, tem como finalidade o acompanhamento clínico-nutricional pós-
promover perda de peso inicial, reforçar a operatório, e que este seja criteriosamente
percepção do paciente de que a perda de realizado e continuado para o resto de suas
peso é possível quando o balanço energético vidas. Um dos aspectos mais importantes é a
se torna negativo, identificar erros e informação, e todo paciente deve ser
transtornos alimentares, promover exaustivamente conscientizado quanto às
expectativas reais de perda de peso e mudanças alimentares e nos seus hábitos de
preparar o paciente para a alimentação no vida.
pós-operatório. É de extrema importância que o
Pelo crescimento alarmante da paciente operado seja controlado no mês de
população obesa e dos riscos de várias sua cirurgia e nos próximos seis meses até
comorbidades, chegou-se a conclusão de que completar doze meses de operado, realizando
se torna necessário avaliar no pré-operatório, um controle clínico nos anos posteriores. Este
a possibilidade do individuo apresentar algum controle inclui visitas a clinica para medir o
transtorno alimentar como anorexia nervosa, peso e controlar as concentrações séricas e
bulimia nervosa, transtorno de compulsão bioquímicas (Csendes e colaboradores, 1999).
alimentar periódica e síndrome do comer Segundo Casagrande e colaboradores (2001),
noturno, através de um questionário (Tironi, citado por Quadro e colaboradores (2005) e
2006). Silva e colaboradores (2005), as
Por meio da avaliação nutricional conseqüências nutricionais mais comuns no
detalhada no pré-operatório, obtêm-se primeiro ano de cirurgia são: hipoalbuminemia,
informações importantes sobre o estilo de deficiência de ferro, ácido fólico, vitamina B12,
vida, hábitos alimentares e estado nutricional anemia e desnutrição protéica, alem de
do paciente. Somente após essa avaliação deficiência aguda de tiamina que pode causar
pode-se afirmar se há ou não indicação de encefalopatia de Wernicke com quadro de
cirurgia para o paciente. Vale ressaltar que neuropatia irreversível ou ate óbito.
todos os profissionais da equipe como Após a alta hospitalar, o paciente
cirurgião, nutricionista, fisioterapeuta, segue um plano gradual de reintrodução de
psicóloga e psiquiatra reúnem-se para alimentos com um consumo energético inicial
discussão de casos e emitem laudos, de 300 a 350kcal/dia, atingindo
liberando o paciente para a cirurgia (Cruz, aproximadamente 700kcal na terceira semana.
2004). Durante as consultas de pós-operatório,
Indivíduos que receberam educação salienta-se a necessidade de atenção
nutricional e aconselhamento pela equipe constante quanto à mastigação até que o
multidisciplinar antes da cirurgia tiveram alimento se torne pastoso na boca, bem como
menos regurgitação de alimentos e lidaram quanto à importância de não consumir maior

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quantidade de alimentos do que a paciente é orientado a observar se terá


recomendada, ou seja, 50ml de duas em duas condições de consumir a quantidade indicada,
horas de alimentos líquidos e coados durante maior que a da semana anterior. Recomenda-
a primeira semana, 100ml de alimentos se um cuidado especial na primeira refeição.
pastosos durante a segunda semana e 150ml Caso esteja farto antes de consumir a
ou 3 colheres de sopa de alimentos sólidos quantidade indicada, é orientado a não forçar,
durante a terceira semana, para evitar evitando vômitos (Cambi e colaboradores,
complicações como vômitos e obstrução, e de 2003; Cruz, 2004).
fazer as refeições em ambiente calmo, Na terceira semana, com o início da
tranqüilo e nunca apressadamente (Cambi e alimentação de consistência normal, ressalta-
colaboradores, 2003; Cruz, 2004). se a necessidade de especial atenção quanto
Para garantia de uma boa hidratação, à introdução de carnes e vegetais crus, devido
alerta-se sobre a vigilância quanto à ingestão à freqüente intolerância a esses alimentos
de líquidos, em pequenas quantidades, nos observados na prática clínica. Alimentos
intervalos entre as refeições e nunca durante, causadores de flatulência são evitados
para evitar dilatação do estômago e inicialmente, assim como bebidas
interferência no processo digestivo, dando gaseificadas, doces e gorduras. O paciente é
preferência à água de coco e às bebidas orientado quanto à possibilidade de apresentar
isotônicas, devido ao aporte de vitaminas e intolerância à carne vermelha, ao leite
minerais. Além disso, recomenda-se que, (principalmente integral) e, com menos
quando consumidos alimentos ou bebidas freqüência, arroz ou pão (Cruz, 2004; Mottin e
muito quentes ou muito geladas, estes sejam colaboradores, 2002; Kenler e colaboradores,
mantidos por um tempo suficiente na boca, 1990).
para que haja adequação da temperatura Aproximadamente após 21 dias de
antes da deglutição (Cambi e colaboradores, pós-operatório, o paciente deverá consultar o
2003; Cruz, 2004). serviço de nutrição, verificando as alterações
Após alguns estudos, observou-se que de hábitos alimentares, intolerâncias
para pacientes submetidos à técnica de alimentares, peso perdido, presença de
Capella, o melhor é iniciar, se possível, a vômitos e diarréia e constipação (Cruz, 2004;
ingestão alimentar com uma dieta líquida de Mottin e Colaboradores, 2002).
prova, no segundo dia após a cirurgia, Em relação aos macro e
evoluindo para uma dieta líquida completa e micronutrientes, nas cirurgias de maior
depois para pastosa com as seguintes restrição, como Fobi-Capella, há maior
características: 750 a 1000Kcal/dia, 60 gramas restrição calórica. Já aquela com maior
de proteína, 30 gramas de gordura e 100 componente disabsortivo, como a de
gramas de carboidratos. Já para aqueles Scorpinaro, a ingestão calórica é maior, porém
pacientes submetidos à banda gástrica provoca a perda de calorias e de outros
ajustável, Busseto e colaboradores (1996) nutrientes pelas fezes. E em relação aos
recomenda quatro semanas de dieta líquida, micronutrientes, os mesmos não conseguem
evoluindo gradativamente para a dieta normal. atingir 50% do recomendado pela Dietary
Durante este primeiro mês de dieta líquida, Reference Intake (DRI), havendo a
algumas recomendações são passadas ao necessidade de suplementação vitamínico-
paciente, como evitar ingerirem sólidos e mineral (Leite e colaboradores, 2003).
líquidos ao mesmo tempo, alimentar-se pelo No caso dos macronutrientes, nas
menos três vezes ao dia, evitar líquidos muito cirurgias de maior restrição como de Fobi-
calóricos, alimentar-se vagarosamente, não Capella, a ingestão de proteínas fica
beber no período de duas horas após comer debilitada, pelo anel de contenção e
alimentos sólidos pelo fato de ser o tempo de consequentemente da formação da pequena
esvaziamento da bolsa gástrica. Kushner e bolsa gástrica, que comporta apenas 24
Baltazar (2000), citados por Leite e gramas por dia ao final do terceiro mês e de
colaboradores (2003) também retratam a 41 gramas por dia ao final de 12 meses. Neste
importância da dieta líquida no primeiro mês caso, torna-se necessária a suplementação de
da cirurgia, pela necessidade da cicatrização. proteína, para se alcançar no mínimo 60
No momento da evolução do esquema gramas por dia conforme preconizado nos
alimentar de uma semana para outra, o estudos pós-cirurgia bariátrica, pois segundo

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Raymond e Hoffer (1985), citados por Leite e que podem favorecer uma ingestão protéica
colaboradores (2003), a ingestão menor do próxima ao ideal. É conveniente lembrar que a
que 50 gramas de proteína por dia promove a carne vermelha seria a melhor escolha por ser
perda de massa muscular do indivíduo. Para de alto valor biológico e fonte de ferro heme
estimular este consumo, pode-se utilizar (Cambi e colaboradores, 2003).
módulos protéicos industrializados batidos em Sabe-se que os nutrientes que tiveram
vitaminas de frutas, caldos e mingaus com seu sítio de absorção alterado, necessitam de
pouca aderência no seu uso. O ideal seria suplementação dos mesmos apara atingir o
fornecer 40 a 60g de proteína por dia (Cambi e preconizado pela DRI, sejam eles, vitaminas
colaboradores, 2003). e/ou minerais, por exemplo: tiamina,
Para Carlini e colaboradores, (2003); cianocobalamina, cálcio, ferro, ácido fólico e
Dalcanale (2003), citados por Quadros e vitamina A (Leite e colaboradores, 2003; Blake
colaboradores (2005), a baixa ingestão e colaboradores, 1991).
calórica, promove uma necessidade do uso de No estudo de Pories e colaboradores
suplementos de vitaminas e minerais, pois (1995), a síndrome de dumping foi
toda vez que as calorias da dieta forem desenvolvida por 70,6% dos pacientes pós-
inferiores a 1250kcal ao dia, essa cirurgia tipo Y de Roux. Porém, quando os
suplementação torna-se indispensável. No doces eram evitados pelos pacientes, essa
caso da cirurgia Bariátrica, o valor calórico da síndrome era controlada.
alimentação se aproxima de 350kcal nas
primeiras semanas e continua inferior a
1250kcal no mínimo até o sexto mês após o PERÍODO DE REENGORDA
início do tratamento. Esta só não é iniciada
anteriormente, pois há dificuldade para
ingestão de comprimidos e intolerância A “reengorda” ou a recuperação do
quando estes são ingeridos macerados ou peso existe por diversos fatores. Nos primeiros
através de compostos líquidos, devido ao 2 anos após a cirurgia ocorre um intenso
sabor amargo que apresentam; porém, processo de catabolismo e a perda de peso é
quando houver tolerância, deverá ser iniciada praticamente certa. Após esse período há uma
o mais breve possível (Bifano, 2002; Cooper e readaptação do organismo com a produção de
colaboradores, 1999; Cruz, 2004; Dias e hormônios orexígenos e o catabolismo
colaboradores, 2006). também diminui, facilitando o ganho de peso.
Já em relação às fibras, Cooper e Nesta fase, o organismo está voltando a ser o
colaboradores (1999) observaram que há uma que era, ou seja, obeso. Por isso o pré-
diminuição de 50% nos seis primeiros meses operatório e o acompanhamento pós-
do pós-operatório, diminuindo para até 27% ao operatório do paciente é tão importante. A
final de dois anos de pós-operatório. cirurgia faz parte de um processo para reverter
Essas dietas excessivamente um quadro mórbido que envolve a participação
hipocalóricas tendem a provocar complicações de todos os profissionais e, sobretudo do
importantes, se não forem bem monitoradas próprio paciente (Garrido Júnior, 2003).
como: desidratação, desequilíbrio O sucesso da perda de peso, para
hidroeletrolítico, hipotensão ortostática e alguns pacientes, faz com que eles não
aumento da concentração de ácido úrico, retornem às consultas, pois eles se sentem
assim como fadiga, cãibras musculares, bem e acreditam que o acompanhamento
cefaléia, distúrbio gastrintestinal e intolerância médico e nutricional não é mais necessário,
ao frio (Cambi e colaboradores, 2003). sendo esta outra causa para a “reengorda”
A baixa ingestão protéica pode vir (Kenler e colaboradores, 1990).
acompanhada de baixas concentrações de O hábito alimentar requer muitas
transferrina ou albumina. Já que a carne precauções. Gordura e alimentos muito
vermelha não é bem tolerada, devido à falta de calóricos são desencorajados por razões
mastigação apropriada e também pela óbvias e dá-se ênfase para carnes magras e
diminuição das secreções gástricas. As outras fontes de proteínas, frutas, vegetais,
opções protéicas restringem, em alguns casos, grãos integrais e massa (Dias e
a leite e derivados, ovos, peixes e frango, além colaboradores, 2006).
das próprias fontes de baixo valor biológico

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Fica a mensagem de que a obesidade 4- Cambi, M.P.C.; Michels, G.; Marchesini, J.B.
não desclassifica o paciente do quadro de Aspectos nutricionais e de qualidade de vida
desnutrição, necessitando ao mesmo um em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.
acompanhamento nutricional especializado e Rev Bras Nutr Clin, v.18, n.1, p.8-15, 2003.
duradouro, para que o mesmo restrinja o
volume da alimentação, e não a qualidade da 5- Carneiro, G.; Faria, A.N.; Ribeiro, F.F.
mesma (Faintuch e colaboradores, 2003; Leite Influência da distribuição da gordura corporal
e colaboradores, 2003). sobre a prevalência de hipertensão arterial e
outros fatores de risco cardiovascular em
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CONCLUSÃO Brasileira, São Paulo, v. 49, n. 3, p.306-311,
jul./set. 2003.

Para que o sucesso do tratamento 6- CFM - BRASÍLIA (Capital Federal)


cirúrgico da obesidade seja duradouro e Resolução CFM n 1.766/05 de 11 de julho de
eficiente, o comportamento alimentar desses 2005. Dispõe sobre normas seguras para o
pacientes deve ser monitorado gradualmente tratamento cirúrgico da obesidade mórbida.
de forma que aconteça a perda de peso e seja Conselho Federal de Medicina (CFM), Brasília
evitada a depleção de vitaminas, minerais e D.O.U seção I,p.114, 2005.
proteínas.
Assim, fica claro que a cirurgia não 7- Cooper, P.L.; Brearley, A.C.; Ball, M.J.
marca o fim do tratamento, e sim o início de Nutritional consequences of modified vertical
um período de mudanças no comportamento e gastroplasty in obese subjects. International
nos hábitos alimentares. Tendo em vista as Journal of Obesity, n.23, p. 382-88, 1999
dificuldades de adaptação que poderão surgir
neste período, os pacientes deverão ser 8- Cruz, M.M. Intervenção nutricional no
acompanhados por uma equipe multidisciplinar tratamento cirúrgico da obesidade mórbida:
que forneça o suporte necessário para que as resultados de um protocolo diferenciado. Rev
mudanças ocorram com sucesso sem afetar o Nutr Campinas, v.17, n.2, p.263-77, 2004.
equilíbrio nutricional.
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Recebido para publicação em 20/09/2007


Aceito em 03/11/2007

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