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Considerações Finais Jan Val Ellam e A Rebelião de Lúcifer

O documento discute a crença em extraterrestres (ETs) no espiritismo brasileiro e como ela reflete tensões internas no movimento. A narrativa de Jan Val Ellam sobre uma intervenção celeste iminente com as armadas de Jesus mistura elementos de rebelião, obediência e militarismo. Isso revela conflitos entre grupos espíritas e a visão autoritária de alguns líderes, mostrando a necessidade de uma análise mais complexa do espiritismo no Brasil.
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O documento discute a crença em extraterrestres (ETs) no espiritismo brasileiro e como ela reflete tensões internas no movimento. A narrativa de Jan Val Ellam sobre uma intervenção celeste iminente com as armadas de Jesus mistura elementos de rebelião, obediência e militarismo. Isso revela conflitos entre grupos espíritas e a visão autoritária de alguns líderes, mostrando a necessidade de uma análise mais complexa do espiritismo no Brasil.
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Da intervenção "inevitável": sobre limpeza racial e ethos militarista

Desejo examinar os elementos da rebelião e da ordem. A rebelião de Lúcifer foi

uma reação à ordem instituída por Jesus e Javé, respondida por estes últimos através do

exílio dos rebelados na terraTerra, donde faz parte a chegada de Lúcifer em Natal. O

isolamento é necessário, pois os humanos estão infectados com o vírus do orgulho.

Estes são monitorados de longe, e as raças são postas na terra para acelerar o

melhoramento humano. O próprio Jesus encarnou para ajudar os humanos, não tendo

sucesso em seu intento. Hoje não há mais alternativas para o burilamento dos humanos

da terra, pois "os tempos são chegados". A segunda vinda de Jesus, junto das armadas

celestiais, apenas concluirá a expulsão dos maus deste planeta.

O milenarismo presente nos escritos e palestras de Ellam é atravessado por certo

pendor emocional – uma emocionalidade bélica.uma noção presente em outros

movimentos milenaristas que cultuam ETs (cf. Grünschloß), que é a noção de

intervenção desde fora do planeta Terra, por parte dos verdadeiros governantes do

planeta, caracterizando em uma espécie de golpe de Estado inevitável nos poderes

instituídos pelos humanos – um golpe que, aliás, é tido como legítimo. É esta noção que

me parece aparece permearndo a profecia de Ellam.

Neste sentido é que a volta de Jesus no disco voador para concluir a limpeza racial

do planeta traz relação com o ethos militarista do espiritismo que se faz no Brasil.

A crença nos ufos no espiritismo fala de uma emocionalidade guerreira, bélica,

militarista. Há um golpe militar que há de ser dado em breve 1. Não é à toa que

Ellam/Kardec é autoritário, incitando uma obediência. Nas falas de Ellamle,, ele diz:

"Não há mais o que fazer. Os humanos já tentaram de tudo – as regras morais, a


1
Sobre o golpe militar, ver Pons.
caridade, que não devem ser abandonadas, mas sozinhas elas não dão mais respostas. É

preciso que Jesus as armadas celestiais cheguem".

Eu fui aguardar o dia da chegada de Jesus e das naves. Em Jesus não chegando, o

médium disse tratar de um "teste de lealdade" que Javé teria feito com ele. Mas que o

dia da vinda haveria de chegar.

É Ainda que Ellam reedite a parelha um desdobramento da obediência/moralismo

que há em Kardec/Xavier, ele .

O importante é que as falas de Jan Val Ellam trazem à tona a obediência, mas a a

alinhava à noção de revolta; esta talvez seja o seu é muito importante e é o diferencial,

como explico a seguir:, a começar pela própria narrativa, nomeada de

Falar do mito da rebelião antes de fazer a análise dele. A Rebelião de Lúcifer, as

visitas diretas que não houveram, o dia da chegada. Ellam alia obrigatoriamente a

obediência à revolta, mas esta é uma revolta a ser efetuada dentro da ordem. A rebelião

de Lúcifer, que se conclui quando da chegada das naves, é a realização do golpee uma

intervenção do alto, gestado há milênios para o planeta azul. Os terráqueos foram postos

na terra para seguirem sozinhos, somente com o apoio do mestre. Contudo, pois a visita

ajuda direta (a bordo das naves) foi adiada muito tempo, muitas vezes. Agora chegou o

momento. Foi dado oportunidade aos humanos, eles não fizeram o que deveriam fazer.

Tudo os que a fraternidade branca podia fazer, já fez. Resta chamar as armadas

celestiais. Este golpe será dado em nome do amor. Os humanos não podem mais ter as

rédeas de sua vida. Os generais celestes haverão de chegar em breve para inaugurar uma

era de paz e prosperidade.


A rebelião de Lúcifer teve seu início em uma revolta armada contra Deus

(popular), foi desbaratada e seus autores foram exilados na Terra, para onde . Eles

trouxeram o sentimento de rebeldia, obviamente alicerçado na doença do orgulho, o que

infectou todo o planetaa revolta para a Terra. Essa revolta (popular)O conflito chegou a

um ponto inevitável, sem retorno. , e Ela deve ser interrompidainterrompido, : e isso

será feito com a chegada das naves e das armadas.

Em outros lugares fora do Brasil essa crença existe também, mas no Brasil, eu

acho que ela fala de como os espíritas se relacionam entre si.

Os não adesos ressentem-se do autoritarismo da FEB, de seu fechamento, de seu

congelamento ao novo. Há um movimento de revitalização de Kardec, de retorno à

ortodoxia. De fundamentalismo no kardecismo. É neste contexto que surgem os cultos a

ETs. O grupo Atlan não é bem visto de forma alguma. Jan Val Ellam não passa pela

calçada da federação. Mas ele é Kardec. O conflito deve ser respondido pelas

autoridades celestiais. Pelo próprio Jesus.

Também fala de como os espíritas se relacionam com o Estado e a democracia. É

bem próprio dos espíritas o elogio aos golpes.

Há um golpe militar que há de ser dado em breve 2. Este golpe é a última

alternativa. Foi dado oportunidade aos humanos, eles não fizeram o que deveriam fazer.

Tudo os que a fraternidade branca podia fazer, já fez. Resta chamar as armadas

celestiais. Este golpe será dado em nome do amor. Os humanos não podem mais ter as

rédeas de sua vida. Os generais celestes haverão de chegar em breve para inaugurar uma

era de paz e prosperidade.

2
Sobre o golpe militar, ver Pons.
Também fala do próprio Brasil, como ele se constitui. Também fala de Natal,

cidade militar.

E finalmente, fala da pessoa espírita.

O ethos beligerante (ao lado do caritativo) dos espíritas é novidade em Rogério ou

ele existiu desde Chico Xavier e não se falou ainda na ciência? Ora, eEm meu campo,

há um ethos onde beligerância é associada à caridade. Há um discurso bélico, belicista,

belicoso, combinado com imagens morais ressaltando amor, paciência, etc. Há um

grupo que trata de guerra – do golfo, do Iraque, do Irã, em suas reuniões. Que vive

olhando o site da NASA. Onde ex-militares e filhos de militares são a metade do grupo.

Esses nerds da força aérea são os que esperam pelo comandante Ashtar chegar.

Falas de Rogério sobre Javé. Ensinando caridade aos tapas. Imbecis, ridículos. Os

ETs são ridículos, mas é da parte deles que virá a mudança. Rogério pode se interpor

com os ETs, pois ele é "o médium" 3. Ele crucificou Jesus. Ele é o mago 4. Além disso,

ele é um piloto de nave espacial5.

Ora, o ethos caxias do espiritismo brasileiro "casa" muito bem com o militarismo.

Roberto DaMatta seria importante; ele trata do caxias, como lembra Lewgoy. Também

trazer Lewgoy.

Os ETs nos mostram a situação de conflito no movimento espírita que

se faz no Brasil

3
Lewgoy e a centralidade dos médiuns no espiritismo atual.
4
Parte da tese sobre Weber etc.
5
Ver a parte da tese contando que ele vivia há muitos anos no planeta orbum e pilotava naves fazendo
trabalho de codificação. Que ele é Kardec e Emmanuel ao mesmo tempo. Ele quer reeditar Kardec e
Emmanuel. Ele não traz muito o ethos de Chico Xavier.
Para terminar: esta mistura leva a situações de conflito aberto entre os grupos e a

FERN.

Concluindo: os ETs são um estopim para os conflitos no espiritismo. Eles nos mostram

que é necessário complexificar o olhar sobre o movimento espírita no Brasil.

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