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O documento analisa o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em eventos abertos ao público mediante compra de ingresso, discutindo se há lesão ao interesse público. É analisada a legislação pertinente e princípios como o da supremacia do interesse público. Conclui-se que a lei permite tal emprego da polícia, mas que em alguns locais serviços ordinários podem ser prejudicados para atender tais eventos.

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O documento analisa o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em eventos abertos ao público mediante compra de ingresso, discutindo se há lesão ao interesse público. É analisada a legislação pertinente e princípios como o da supremacia do interesse público. Conclui-se que a lei permite tal emprego da polícia, mas que em alguns locais serviços ordinários podem ser prejudicados para atender tais eventos.

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ANÁLISE DO EMPREGO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS EM

EVENTOS ABERTOS AO PÚBLICO ACESSÍVEIS POR COMPRA DE INGRESSO


SOB O ENFOQUE DO INTERESSE PÚBLICO

Gabriel de Leva Bernardes

RESUMO

O presente trabalho versa sobre o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em


eventos abertos ao público acessíveis por compra de ingressos. Nestes eventos,
seja esportivo, cultural, ou de outra natureza, há um fornecedor de serviço ou
produto e um consumidor que paga o preço estabelecido. Forma-se, portanto,
relação consumerista que indica atendimento de interesses particulares. A Polícia
Militar é solicitada para atender estes eventos e empenha efetivo naqueles em que
há presunção de perturbação da ordem. Há ação de um órgão público em um
ambiente onde estão inseridos interesses particulares. Neste ensejo o objetivo deste
estudo foi analisar se há lesão ao interesse público quando policiais militares são
escalados para o serviço no ambiente interno destes eventos. Para concluir o
trabalho foram levantadas normas de atribuição e emprego da Polícia Militar de
Minas Gerais, princípios de direito que versam sobre o interesse público e reflexões
sobre a legalidade e o emprego desta instituição nestes tipos de eventos. Para
composição da pesquisa e seus resultados foram consultadas doutrinas jurídicas,
monografias, dissertações, legislação, artigos científicos e jurisprudência em método
de abordagem hipotético dedutivo para o entendimento do assunto. Após toda a
análise foi concluído que há leis e posicionamentos jurisprudenciais que expressam
a legalidade do emprego da Polícia Militar de Minas Gerais ainda que seja em
eventos que cobram ingressos, pois é função deste órgão a preservação da ordem
pública. Não se pode afirmar que há desvio de finalidade. No entanto, a pesquisa
indicou que nem sempre há efetivo disponível para atendimento desta demanda.
Além disso, foi possível verificar que há locais onde serviços ordinários da Polícia
Militar de Minas Gerais são prejudicados para o atendimento destes eventos. Neste
sentido, os princípios jurídicos da supremacia do interesse público, da
impessoalidade/ finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade são lesionados,
pois interesses dos organizadores e participantes são atendidos em detrimento do
interesse coletivo.

PALAVRAS CHAVE: Policiamento em eventos privados. Interesse público. Relação


cosumerista. Interesse particulares
ABSTRACT

This research aims to understand the Minas Gerais Department of Policie in open
events accessible to the public by purchase tickets. In these events, whether
sporting, cultural, or other there is a service provider or product and a consumer who
pays the agreed price. In this situation, we can talk about consumerist relationship
that indicates support private interests. The Department of Policie is requested to
support in this events. and strives effective those that have the disorderly
presumption. There is an action of a public agency in an environment where are
inserted private interests. In this perspective, this research aims to analyze if there is
injury to the public interest when police officers are scheduled for service in the
internal environment of these events. To complete this study were raised standards
of allocation and use of the Minas Gerais Department of Policie, principles of law that
deal with the public interest and reflections on the legality of this institution and
employment in these types of events. The research was based in legal doctrines,
monographs, dissertations, legislation, scientific articles and case law by hypothetical
deductive method. After the analysis, we were able to concluded that are laws and
jurisprudential positions that allowed the Department Military Police of Minas Gerais
in that consumers pays for the event. However, the survey indicated that there is not
always effective available to work in this demand. Beside that, when police officers
are removed from the streets to private events, the ordinary services of Department
of Policie is harmed to attend theses events. Therefore, the legal principles of the
supremacy of public interest, impersonality/purpose, reasonableness and
proportionality are injured because interests of organizers and participants are met at
the expense of the collective interest.

KEYWORDS: Policing private eventis. Public interest. Consumer relationship.


Private interest
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 06
2 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO EMPREGO DA POLÍCIA MILITAR DE
MINAS GERAIS EM EVENTOS ........................................................................ 09
2.1 Atribuição constitucional da Polícia Militar ................................................... 10
2.2 Atribuição da Polícia Militar de Minas Gerais na Constituição do Estado
de Minas Gerais ................................................................................................. 11
2.3 Normas específicas de emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em
eventos .............................................................................................................. 12
2.4 Análise da legalidade da cobrança da Taxa de Segurança Pública .......... 13
3 PRINCÍPIOS DE DIREITO QUE VERSAM SOBRE INTERESSE PÚBLICO. 16
3.1 Princípio da Legalidade ............................................................................... 17
3.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público ............................................ 18
3.3 Princípio da Impessoalidade/ Finalidade ..................................................... 21
3.4 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ......................................... 22
4 REFLEXÕES SOBRE O EMPREGO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS
GERAIS EM EVENTOS ACESSÍVEIS POR COMPRA DE INGRESSO ......... 25
4.1 Incidência de relação consumerista em eventos abertos ao público
mediante cobrança de ingresso ......................................................................... 25
4.2 Emprego de policiais militares em eventos esportivos ................................ 27
4.3 Legalidade do emprego de policiais militares em eventos acessíveis por
compra de ingresso ........................................................................................... 28
4.4 Análise do emprego de policiais militares em eventos abertos ao público
acessíveis por compra de ingresso em cidades mineiras.................................. 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 37
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 41
ANEXO A: Reportagem sobre crítica do Ministério Público de Santa
Catarina sobre emprego de policiais militares em estádio.......................... 46
ANEXO B: Reportagem sobre comandante de policiamento que defende
o fim do policiamento dentro de estádios...................................................... 48
6

1 INTRODUÇÃO

Na data de 08 de dezembro de 2013 foram divulgadas cenas de selvageria


generalizada entre torcedores de times de futebol. O evento, jogo de futebol de
campo entre os times Vasco da Gama e Atlético Paranaense pelo Campeonato
Brasileiro na cidade de Joinvile-SC foi marcado pela violência entre os torcedores de
ambos os times que, dentro do estádio, entraram em confronto.
O fato foi amplamente divulgado. Conforme Globoesporte.com (2013), após a
confusão quatro pessoas ficaram feridas e o tumulto demorou a ser contido
motivado pela falta de seguranças privados no local, de responsabilidade de
empresa contratada pelo Clube Atlético Paranaense. A culpa também foi atribuída à
Polícia Militar por fazer o policiamento apenas fora do estádio. A Polícia Militar
chegou posteriormente para debelar o conflito.
Foi criticado e questionado o motivo da ausência da Polícia Militar no interior
do estádio. Entretanto, deveria esse órgão de segurança pública estar presente em
um evento acessível por aquisição de ingresso, onde há interesses particulares, ou
exercendo suas atribuições em locais públicos?
A pergunta traz à tona uma polêmica que ganhou ênfase com o evento acima
citado. O questionamento serviu como norte à esta pesquisa, pois é a pergunta que
se extrai a partir da formulação do problema. A hipótese é que há desvio de
finalidade do emprego deste órgão em prejuízo ao interesse público.
Em evento onde é cobrada a entrada há pressuposição de relação
consumerista. Há um fornecedor de produto ou serviço e um consumidor que o
adquire mediante pagamento. A responsabilidade pela incolumidade física dos
torcedores seria do fornecedor e não do órgão de segurança pública. Sendo
empregada a Polícia Militar no interior do estádio ou casa de Show o fornecedor do
espetáculo estaria obtendo vantagens às custas da Administração Pública, já que
não seria necessário contratar número elevado de seguranças privados.
Os contornos do desvio de finalidade são vislumbrados uma vez que para a
garantia da segurança de um evento com milhares de pessoas seria necessário um
contingente policial proporcional. Esse efetivo seria retirado ou deixado de ser
empregado nas ruas para fazer a segurança interna do evento. São grandes os
desafios dos comandantes ao empregar o efetivo nestas circunstâncias, pois o
7

lançamento do policiamento ordinário pode ser prejudicado ou simplesmente o


efetivo não pode ser suficiente.
Faz-se necessário, portanto, analisar as questões pertinentes ao emprego de
força pública policial ostensiva nos ambientes internos de eventos esportivos,
culturais ou de qualquer outra natureza, abertos ao público mediante pagamento de
bilhete para entrada. O emprego de policiais militares nestes eventos é comum no
Brasil. Em Minas Gerais, espaço a que se restringe este estudo, não é diferente.
No intuito de explorar o tema, o presente trabalho tem por objetivo principal
verificar se o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em eventos cuja entrada se
dê por meio de pagamento de ingresso caracteriza desvio de finalidade e lesão ao
interesse público.
Este estudo compõe-se de três capítulos que subsidiam respostas para o
objetivo principal e três objetivos específicos. O primeiro objetivo específico é
relacionar leis e normas que regulam o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais.
Portanto, no primeiro capítulo é descrita a atribuição da Polícia Militar na constituição
brasileira, as atribuições da Polícia Militar de Minas Gerais previstas na constituição
do Estado de Minas Gerais, a legislação e as normas de atuação deste órgão em
eventos e a verificação da legalidade da cobrança da Taxa de Segurança Pública.
O segundo objetivo específico é relacionar princípios do Direito Administrativo
que versam sobre o interesse público e desvio de finalidade. Logo, no segundo
capítulo são listados e analisados os significados destes princípios. Foram elegidos
por serem citados por diversos autores e pelo conteúdo que exprime atendimento ao
interesse público os seguintes princípios de direito: legalidade, supremacia do
interesse público, impessoalidade, finalidade, razoabilidade e proporcionalidade.
O terceiro objetivo específico é analisar o emprego de policiais militares em
eventos cuja entrada se dê por compra de ingresso. Neste capítulo é feita análise do
emprego da Polícia Militar de Minas Gerais nestes eventos. É debatida a incidência
da relação consumerista. Em continuidade é feita análise da legalidade da atuação
da Polícia Militar de Minas Gerais nestes locais. Por fim, é feita reflexão sobre o
interesse público no emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em eventos abertos
ao público onde é cobrado ingresso.
Na presente pesquisa foi empregado o método de abordagem hipotético
dedutivo, pois foi percebida existência de um problema, a possível lesão ao
interesse público caracterizada pelo desvio de finalidade ao empregar a Polícia
8

Militar de Minas Gerais em eventos esportivos ou culturais acessíveis mediante


pagamento de ingressos.
Como instrumento de pesquisa foram empregadas obras literárias, doutrinas
jurídicas de autores renomados como José dos Santos Carvalho Filho, Diógenes
Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di Pietro sobre entendimento dos princípios de
direito que tratam sobre do tema interesse público. Também foram analisadas
monografias, dissertações, legislação, documentos, artigos científicos e
jurisprudências na busca do entendimento do emprego da polícia militar neste tipo
de evento.
Em um país com índices criminais elevados é cada vez mais necessário a
presença policial ostensiva em locais públicos, garantindo ao cidadão sua
integridade física, a posse de seu patrimônio e a preservação da ordem pública,
assim como estabelece a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 144. É
imprescindível o estudo do tema para verificação de possível violação do interesse
público face ao atendimento de interesses particulares.
9

2 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO EMPREGO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS EM EVENTOS

A segurança pública é uma necessidade essencial para o cidadão. Sem ela


não há estabilidade social. Um cidadão não consegue realizar atividades para
sobrevivência se está sob ameaça iminente de perigo. A partir do momento que o
ambiente torna-se inseguro há o rompimento do equilíbrio social, Dalbosco (2013).
É necessário um mínimo de ordem, de respeito às leis e normas sociais. Este
é o preceito básico sob o qual desenvolveu-se o Estado. Por um lado, o indivíduo
aceita as regras e contribui com um ente controlador cedendo parte de suas
liberdades, por outro, como contraprestação, recebe benefícios como a segurança,
Araújo (2010).
A intervenção do estado é necessária para o controle da estabilidade social.
Mello (2008) destaca que a liberdade e a propriedade estão sujeitas às condições
impostas pelo estado, descrevendo em sentido amplo o que chama de poder de
polícia.
Cretella Júnior (2003) menciona a polícia administrativa como ente
responsável por assegurar a ordem pública, à proteção dos direitos à liberdade,
direito à vida, direito à propriedade, direitos individuais e a prevenção de delitos.
O Estado brasileiro intervém nos conflitos entre os cidadãos por meio da
Segurança Pública exercida por órgãos que são encarregados de aplicação da lei
com legitimidade para o uso da força (BRASIL, 1988).
A Constituição de 1988 estabelece em seu artigo 144 o rol dos órgãos
responsáveis pela segurança pública. Relaciona as polícias que atuam na esfera
federal: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal e
também as polícias que atuam na esfera estadual: Polícia Civil, Polícia Militar e o
Corpo de Bombeiros Militar (BRASIL,1988).
Dentre estes órgãos, destaca-se a Polícia Militar com atribuições de promover
o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública (BRASIL, 1988). Estas
atribuições estão formalizadas no mesmo artigo 144 da Constituição Federal de
1988 em seu parágrafo quinto e merecem atenção neste estudo.
Como o presente trabalho trata do emprego da força pública policial ostensiva
em eventos abertos ao público acessíveis pelo pagamento de ingresso, há que se
10

debater também demais normas sobre que regem a interferência do poder público
em eventos.

2.1 Atribuição constitucional da Polícia Militar

Conforme citado, duas são as atribuições constitucionais das polícias militares


no Brasil: o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, (BRASIL,
1988).
O conceito de policiamento ostensivo é regulamentado pelo artigo 2º do
regulamento das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, R-200,
aprovado pelo Decreto 88.777 de 30 de setembro de 1983. O dispositivo traz que o
policiamento ostensivo é aquele realizado para manutenção da ordem pública,
realizado por homem ou grupos de indivíduos fardados para fácil identificação, tanto
pelo uniforme quanto pela caracterização da viatura, (BRASIL,1983).
A atribuição de policiamento ostensivo está ligada à prevenção pois visa à
manutenção da ordem pública. Conforme Assunção (2002), o policiamento ostensivo
é a forma pela qual a Polícia Militar de Minas Gerais desempenha sua atribuição
constitucional. O autor ainda enfatiza o policiamento ostensivo como o meio de
atuação preventivo empregado nos locais submetidos à perturbação da ordem.
Do exposto, as polícias militares são os órgãos de segurança pública
responsáveis pela presença nas ruas, com militares fardados e com viaturas
plotadas para imediato reconhecimento. Daí o termo policiamento ostensivo, voltado
para a prevenção.
Já no tocante à preservação da ordem pública, seu significado é voltado ao
respeito à lei para convívio social equilibrado (BRASIL, 1983). Este conceito é
encontrado no artigo 2º do regulamento das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, R-200, aprovado Decreto 88.777 de 30 de setembro de 1983:

21) Ordem Pública - Conjunto de regras formais, que emanam do


ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações
sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de
convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e
constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum,
(BRASIL, 1983).
11

Em estudo sobre o termo ordem pública, Assunção (2002) amplia o conceito


acima exposto. Traz à luz a ideia de conjunto de condições convenientes à vida
social, desde a convivência pacífica até a condições econômicas favoráveis.
Os significados de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública
exprimem a relevância do Estado como ente organizador da sociedade. Sem
respeito às regras de convívio impostas o cidadão não teria quaisquer condições de
estabelecer as relações sociais necessárias à sua vida em comunidade. A polícia
tem a função de estabelecer e manter o equilíbrio social.
Conforme Dalbosco (2013), a partir do momento em que o homem entendeu
que um ente representativo dos indivíduos era capaz de dirimir questões garantindo
melhores condições de vida e segurança daquele grupo, a ideia de polícia ganhou
relevo. Ainda, de acordo com o autor, quando surge a necessidade de fazer justiça,
surge a necessidade de criar a polícia.
A atribuição constitucional é um primeiro passo para entender as atividades
desenvolvidas pela Polícia Militar no Brasil. As atividades de policiamento ostensivo
e preservação da ordem pública expressam a atuação da polícia militar de forma
ampla. As constituições estaduais tratam de forma mais específica as atribuições de
suas polícias militares.

2.2 Atribuição da Polícia Militar de Minas Gerais na Constituição do Estado de


Minas Gerais

Cada estado brasileiro detém responsabilidade pela segurança pública em


seu território e deve respeitar as características locais. Neste sentido, cada estado
concebe a atuação de sua polícia militar de acordo com suas demandas, Silva
(2008).
A Polícia Militar de Minas Gerais tem seu emprego regulamentado pela
Constituição Estadual de Minas Gerais em seu art. 142 que define o rol de
atividades desenvolvidos por este órgão. Assim como na Constituição Federal cabe
a esta força policial exercer o policiamento ostensivo voltado à prevenção criminal e
a preservação da ordem pública.
Há atribuições específicas. De acordo com o artigo 142 do texto constitucional
do Estado de Minas Gerais, a Polícia Militar também é responsável por policiamento
e pela segurança do trânsito urbano e rodoviário, policiamento de florestas e de
12

mananciais, atividades relacionadas com a preservação e restauração da ordem


pública e pela garantia do exercício do poder de polícia dos diversos órgãos que
compõem a estrutura estatal, (MINAS GERAIS, 1989).
Conforme Dias Brasil (2012) o dispositivo estadual estendeu as atribuições da
Polícia Militar de Minas Gerais em relação à Constituição Federal. A Constituição
Estadual do Estado de Minas Gerais trouxe especificidades como policiamento de
trânsito urbano e rodoviário, policiamento do meio ambiente e por fim, destacou ser
a instituição que garante o poder de polícia dos diversos órgãos que exercem
fiscalização ou poder de polícia.
Vê-se que a atribuição da Polícia Militar de Minas Gerais é vasta, pois envolve
uma série de ações voltadas à manutenção de um ambiente social seguro e
equilibrado. É caro à sociedade o desvirtuamento do emprego deste órgão, pois
sabe-se que no Brasil os desafios quanto à segurança pública são abrangentes.

2.3 Normas específicas de emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em


eventos

A principal norma que rege a ação e atividades da Polícia Militar de Minas


Gerais em eventos desportivos é a Instrução 04/1997 – CG, estabelecida pelo
Comando Geral da instituição, Bicalho (2011).
O dispositivo traz em seu bojo informações detalhadas de procedimentos a
serem adotados aos mais diversos tipos de eventos esportivos. Apresenta conceitos,
legislação vigente aplicada, estudos de casos além de traçar orientações para a
conduta operacional como: proteção dos árbitros, cálculo do efetivo policial
necessário para garantir a proteção do cidadão participante, policiamento em
arquibancadas e gerais, elaboração de Estudo de Situação, contatos prévios,
classificação do evento, distribuição do policiamento e uma série de outras
providências (MINAS GERAIS, 1997).
Além desta norma, Pereira Filho (2011) destaca a Diretriz para a Produção de
Serviços de Segurança Pública nº. 3.01.01/2010 como fonte norteadora das ações
da Polícia Militar de Minas Gerais em eventos. Para o autor:

Além dos textos constitucionais, verificou-se que, internamente a PMMG


adota a Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública nº.
3.01.01/2010, Diretriz Geral para Emprego Operacional da PMMG
13

(DGEOp), que regula o emprego operacional da Polícia Militar de Minas


Gerais, como uns dos documentos balizadores para o emprego do
policiamento ostensivo em eventos, (PEREIRA FILHO, 2011, p.56).

O mesmo autor também dá ênfase ao emprego da instrução 04/1997 – CG.


Em que pese ser voltada a eventos esportivos, principalmente o futebol, também é
aplicada de forma geral a eventos de médio e grande porte, indicando também que a
referida norma faz menção à Taxa de Segurança Pública, prevista na lei estadual
mineira de nº 14.938/03 (PEREIRA FILHO, 2011).
Ganha relevo a análise sobre a Taxa de Segurança Pública, pois, conforme
lei nº14.938/03, o tributo incidia sobre eventos onde houvesse aglomeração de
pessoas em que fosse necessária presença policial ostensiva. São exemplos destes
eventos: convenções, feiras, exposições promoções culturais e esportivas, (MINAS
GERAIS, 2003). Trazia ainda previsão em circunstância na qual o interesse
particular predominasse sobre o público. A “tabela M” do “anexo VI”, referente ao art.
7º da lei nº14.938/03 do Estado de Minas Gerais estabelecia valores para emprego
de efetivo da Polícia Militar de Minas Gerais nestes eventos, (MINAS GERAIS,
2003).
O Decreto 38.886/1997 trazia a mesma previsão. Conforme seu artigo 24,
incidia cobrança de Taxa de Segurança Pública em três circunstâncias: atividades
que exigissem vigilância policial para preservação da segurança, tranquilidade e
ordem; eventos cuja realização provocasse aglomeração de pessoas e, por fim,
quando houvesse a sobreposição de interesse privado em relação ao interesse
público, (MINAS GERAIS,1997).
Observa-se que nos eventos esportivos, culturais ou qualquer outro que
provocasse aglomeração de pessoas era empregada a Polícia Militar de Minas
Gerais via pagamento da Taxa de Segurança Pública. Era a contraprestação do
solicitante ao poder público. Atualmente, houve mudanças referente a cobrança
desta taxa. Estudo sobre sua o tema, faz-se necessário e pertinente.

2.4 Análise da legalidade da cobrança da Taxa de Segurança Pública

A cobrança de Taxa de Segurança Pública é inconstitucional, Sabbag (2014).


Porém, até esta constatação houve amplo debate. Este tributo, em forma de taxa,
14

consistia em uma contraprestação pelos serviços públicos prestados em favor do


interesse organizador.
A taxa é uma das espécies de tributo previstas em nosso ordenamento
jurídico. É prevista na própria Constituição Federal de 1988 em seu artigo 145, inciso
II, como um tributo instituído em função do exercício do poder de polícia do Estado
ou pelo emprego efetivo ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis
prestados ou colocados à disposição do contribuinte (BRASIL, 1988).
A taxa de polícia mencionada no dispositivo não é especificamente relativa à
ação dos órgãos de segurança pública. A taxa de polícia é ação de fiscalizar da
Administração Pública, de determinado órgão competente, (Sabbag,2014).
A atuação de órgãos de segurança pública em eventos estaria ligada ao outro
tipo de taxa, a relativa à utilização efetiva ou potencial de serviços públicos
específicos e divisíveis prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.
Quanto a este tipo de taxa, Alexandre explica:

Pelo exposto, um serviço reúne as características da especificidade e da


divisibilidade, podendo ser remunerado por taxa, quando para ele é
possível, tanto ao Estado quanto ao contribuinte, a utilização da frase: “Eu
te vejo e tu me vês”. O contribuinte “vê” o Estado prestando o serviço, pois
sabe exatamente por qual serviço está pagando (especificidade atendida) e
o Estado “vê” o contribuinte, uma vez que consegue precisamente identificar
os usuários (divisibilidade presente), (ALEXANDRE,2015, p.30).

No Estado de Minas Gerais, havia autorização para emprego de força pública


policial em eventos por meio de pagamento de taxa. Era a chamada Taxa de
Segurança Pública. A lei Estadual nº 6763/1975, em seu artigo 113, inciso I, trazia
previsão do pagamento da taxa de segurança pública:

Art. 113. A taxa de Segurança Pública é devida:


I - utilização de serviços específicos e divisíveis, prestados pelo Estado em
órgãos de sua administração ou colocados à disposição de pessoa física ou
jurídica cuja atividade exija do poder público estadual permanente vigilância
policial ou administrativa, visando à preservação da segurança, da
tranquilidade, da ordem, dos costumes e das garantias oferecidas ao direito
de propriedade. (MINAS GERAIS, 1975).

A imposição de taxas, portanto, era forma de retribuição ou contraprestação


por um serviço estatal a um interessado. Ocorre que este tributo não poderia incidir
sobre serviço prestado pela Segurança Pública. Doutrina e jurisprudência
disciplinaram a legalidade da Taxa de Segurança Pública.
15

Segundo Alexandre (2015, p.30): “Da mesma forma, não podem ser
financiados por taxa, tendo em vista a indivisibilidade, os serviços de segurança
pública, diplomacia, defesa externa do país etc.”
Sabbag (2014) explica que houve tentativa de enquadramento de tributos na
categoria taxa de serviço, ao tempo que o certo seria seu custeio por meio de
impostos. Levados à apreciação do judiciário, a Taxa de Segurança Pública incorreu
em inconstitucionalidade por não apresentar requisitos que deveriam estar presentes
no tributo taxa.
O Supremo Tribunal Federal, em apreciação ao recurso RE 269374/STF,
manifestou o entendimento da inconstitucionalidade do art. 113 da lei 6763/1975
considerando irregular a cobrança da Taxa de Segurança Pública por ressaltar que
as atividades exercidas pela polícia militar, segurança pública, não são específicas e
divisíveis. São custeadas por impostos, devido a função exclusiva do Estado e
direito de todos, cabendo a polícia militar exercer a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio
Norma interna da PMMG, Memorando 6.00037.2/2015 – EMPM do mês de
maio de 2015 faz menção sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal e
recomenda aos comandantes de Unidade de Execução Operacional (Batalhões de
Polícia Militar) a não cobrança da Taxa de Segurança Pública em eventos onde haja
reunião ou aglomeração de pessoas, ainda que ocorra cobrança de ingresso.
Sem cobrança de taxa não há contraprestação do particular frente ao poder
público. Conclui-se, em primeira análise, que o emprego de efetivo policial em
eventos abertos ao público acessível por meio de pagamento de ingresso traria o
benefício da economia ao organizador. Este não precisa mais cumprir com
contraprestação. Assim, não seria necessário contratar número de seguranças
suficientes para o evento, pois haveria policiais militares lá.
Cabe a dúvida sobre qual seria o real interesse público, a polícia militar dentro
de estádio ou show garantindo segurança do participante que pagou ingresso, ou
nas ruas executando suas funções de prevenção e repressão. Interessa, portanto,
trazer à luz deste estudo, o significado dos princípios que versam sobre o interesse
público para elucidar este questionamento.
16

3 PRINCÍPIOS DE DIREITO QUE VERSAM SOBRE O INTERESSE PÚBLICO

Ainda que o Estado seja uma entidade una, não seria prudente a
concentração de todas as funções exercidas por ele em somente um centro
dispersor. De acordo com Medauar (2002), seria inviável à apenas um setor ou uma
autoridade a responsabilidade por todo aparelho estatal para contemplar as diversas
atividades desenvolvidas pelo Estado. Assim, os órgãos, são as unidades
administrativas específicas responsáveis pelas diversas ações desempenhadas pelo
Estado.
Conforme Gasparini (2012) os órgãos públicos são os centros de
competência pelos quais a Administração Pública realiza suas atribuições. Estas,
são previstas em leis que regulamentam seus limites.
A Polícia Militar de Minas Gerais pertence à categoria de órgão permanente
conforme dita a constituição estadual do estado de Minas Gerais em seu artigo 142
(MINAS GERAIS,1989). Da mesma forma, todas as polícias militares do Brasil,
também por disposição expressa no texto da constituição federal, BRASIL (1988).
As leis disciplinam as atribuições de cada órgão estatal.
Ocorre que as ações do estado não devem obedecer somente às leis, devem
ser fundamentadas também em alguns embasamentos, orientações. Diretrizes que
validam a conduta administrativa. Estas, conforme Carvalho Filho (2014) são os
princípios da administração pública.
Na proposta de diferenciação entre princípio e regra, Ávila (2015), expõe que
os princípios são normas que devem atingir a um fim. Enquanto a regra procura
estabelecer uma correspondência direta entre a norma e o fato ocorrido, o princípio
estabelece um fim para aplicação de meios. Diante de um estado ideal, elege-se
condutas ou direcionamentos para atingir este estado.
Os princípios da Administração Pública correspondem a estes
direcionamentos. Eles norteiam as ações do Administrador Público. Segundo
Carvalho Filho (2014) os princípios administrativos conduzem as ações do Estado
ao exercer suas diversas atividades administrativas. Por conseguinte, todo órgão
público deve ter suas ações pautadas nos significados dos princípios
administrativos.
17

Autores destacados no estudo do Direito Administrativo destacam dois


princípios fundamentais pertinentes à administração pública, o princípio da
legalidade e o princípio da supremacia do interesse público.

Conforme Di Pietro:

Os dois princípios fundamentais e que decorrem da assinalada bipolaridade


do Direito Administrativo - liberdade do indivíduo e autoridade da
Administração - são os princípios da legalidade e da supremacia do
interesse público sobre o particular, que não são específicos do Direito
Administrativo porque informam todos os ramos do direito público; no
entanto, são essenciais, porque, a partir deles, constroem-se todos os
demais, (DI PIETRO, 2014, p.64).

No mesmo sentido, Araújo:

Para nós, dois são os princípios mais importantes, informativos da atividade


administrativa, um deles expressamente mencionado na Constituição
Federal (art.5º, II), que é o da legalidade, o outro, não expressamente citado
(a Constituição paulista o faz, no entanto, no art. 111), tão ou mais
importante, é o da supremacia do interesse público. Estes princípios
informam todos os demais, mesmo os outros expressos pelo art. 37 da
Carta magna (moralidade, impessoalidade, publicidade), e embora o
princípio da legalidade, na verdade, seja informativo para toda a ciência
jurídica, o colocamos em destaque porque, no Direito Administrativo, ele
adquire uma conotação especial, que o distingue da mesma noção em
relação a outras disciplinas jurídicas[...], (ARAÚJO, 2010, p.71).

Os princípios da legalidade e supremacia do interesse público, conforme


apontado pelos autores, servem de alicerce aos outros princípios de direito e a toda
atividade administrativa. Como se verá adiante, são imprescindíveis à análise do
atendimento ao interesse público.

3.1 Princípio da Legalidade

No que tange ao princípio da legalidade, tem-se significado restritivo. As


ações provenientes da administração pública passam pelo crivo da lei, se não
autorizadas são ilícitas. (CARVALHO FILHO, 2014).
O administrador público não pode se distanciar dos mandamentos legais,
deve executar suas ações sob o amparo do arcabouço jurídico. Do contrário, seu ato
é inválido e sua conduta passível de pena de responsabilidade civil, criminal e
administrativa. Enquanto o particular tem sua ação restrita ao que é proibido, ou
18

seja, pode fazer tudo desde que não seja proibido, a Administração Pública
restringe-se pelo autorizado, suas ações são somente aquelas delimitadas pela lei
(GASPARINI, 2012).
Mello (2008) estabelece uma associação entre o princípio da legalidade e o
princípio da finalidade uma vez que a lei é estabelecida para que seja alcançado um
objeto cuja finalidade vise ao atendimento do interesse público. Carvalho (2015)
corrobora com este entendimento e estabelece uma relação entre a legalidade da
atuação do agente público com o atendimento ao interesse público. Conforme o
autor, a norma se justifica por sua finalidade:

Neste diapasão, se faz necessário lembrar que a Legalidade não exclui a


atuação discricionária do agente público, tendo essa que ser levada em
consideração, quando faz análise da conveniência e da oportunidade em
prol do interesse público. Como a Administração não pode prever todos os
casos onde atuará, deverá valer-se da discricionariedade para atender a
finalidade legal, devendo, todavia, a escolha se pautar em critérios que
respeitem os princípios constitucionais como a proporcionalidade e
razoabilidade de conduta, não se admitindo a interpretação de forma a que
o texto legal disponha um absurdo, (CARVALHO, 2015, p.63).

As colocações dos autores trazem à tona a importância da finalidade ao


atendimento do interesse público, pois o administrador não pode fugir a sua função
de gestor da coisa pública e o deve fazer com vistas a atender a um fim, servir à
sociedade. O coletivo deve prevalecer sobre o individual, assim como o agente
público porta-se como administrador e não proprietário. Essa é a essência do
exercício da função pública (ARAÚJO, 2010).
No que se refere à finalidade ao atendimento do interesse público, tem-se
outros princípios de direito que lhe são pertinentes. Destaca-se, de forma específica,
o princípio da Supremacia do Interesse Público, Princípio da
Impessoalidade/Finalidade e princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

3.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público

O princípio da Supremacia do Interesse Público sugere a satisfação de


interesses de toda uma coletividade em detrimento do interesse particular. A ideia
está relacionada à própria concepção e evolução do Estado. A partir do fim do
século XIX, em decorrência das transformações econômicas, sociais e políticas, o
Estado passa de mero ente responsável por garantir interesses individuais a
19

interventor direto no Direito buscando justiça social e bem-estar coletivo (DI PIETRO,
2014).
O significado da expressão interesse público indica uma coletividade de
interesses comuns de todo um grupo, ou ao menos da maioria deste grupo. Para
Gasparini (2012) o interesse público é aquele demandado pela sociedade. Quando
pertinente a certo grupo, ainda que relevante, se não abranger a toda coletividade
não pode ser considerado interesse público.
Segundo Borges (1996) o interesse público expressa a soma dos interesses
individuais convergentes que as pessoas têm, seja de cunho moral ou material.
Ainda conforme a autora, torna-se público a partir do momento em que este
interesse é compartilhado pelos pertencentes do grupo, ou, que estabelece uma
relação de predominância sobre os interesses individuais. A autora também ressalta
que quando o interesse individual é prejudicado, deve ser compensado por outro
valor.
Em estudo referente ao princípio da supremacia do interesse público, Frota
(2005) relaciona quatro espécies de interesse público: coletivo, difuso, secundário e
primário.
Conforme o autor, o coletivo seria aquele com determinado número de
indivíduos ligados por um vínculo jurídico. O difuso, ao contrário, sem limite de
número de indivíduos e sem vínculo jurídico, porém com interesses comuns unidos
por estes. O secundário como interesse do próprio estado desde que convergente
com ordenamento jurídico, mas sem finalidade precipuamente social. E, o interesse
primário, como o proveniente dos anseios sociais, interesses manifestados pela
coletividade (FROTA, 2005). É este último que interessa ao estudo.
O atendimento do interesse público deve ser procurado à exaustão pelo
Estado. A ideia de interesse público traz consigo o significado ação positiva do ente
estatal, de benefício produzido pelos administradores públicos aos indivíduos
pertencentes à sociedade. Conforme Frota:

Quando predomina o interesse público, prevalece a soberania popular. A


busca do agente público pelo bem-estar geral da sociedade exalta a ânsia
do povo pelo aprimoramento do ambiente em que vive, de seus pares, de si
próprio e das instituições estatais. Fazer valer o interesse público significa
priorizar a vontade do povo. Quando o agente público deixa de visar ao
interesse público, afronta a ordem jurídica, despoja-se do dever de servir à
sociedade. Incorre em ilegalidade mancomunada com ilegitimidade. Além
20

de fraudar o Direito - máxime o Direito Legislado -, trai o povo, (FROTA,


2005, p.53).

Pelo exposto, o Estado deve agir direcionando seus aparatos logísticos e


humanos com a finalidade de atender a coletividade que o compõe. Essa é a ideia
ampla da supremacia do interesse público.
Para alguns autores o significado da supremacia do interesse público é
mitigado. E isto ocorre principalmente quando a Administração Pública age de forma
a restringir interesses particulares. Neste ensejo, nem sempre o Estado deve
suprimir o interesse particular em razão do interesse público.
Ávila (2001), infere que no direito brasileiro não existe uma norma princípio
que indique supremacia de interesse público sobre o privado principalmente no
tocante às restrições e obrigações impostas pela Administração Pública ao
particular. O autor sugere a ponderação dos interesses envolvidos relativos aos
bens em questão, sem a interpretação automática e absoluta a favor de uma
decisão lastreada por interesse público.
Binenbojm (2005) questiona a supremacia do interesse público como um
princípio, pois os princípios têm significado aberto e não incisivo. A preponderância
do interesse público sobre o privado como norma não permitiria uma ponderação
contextualizada. O autor entende que para atingir o interesse público é necessário
empregar o postulado da proporcionalidade, como forma de equalizar os interesses
individuais e coletivos conflitantes atendendo ao maior número de interesses
possíveis.
Entendido o debate a respeito do princípio da supremacia do interesse
público, ainda que reduzido quando de imposições restritivas e de obrigação ao
particular, verifica-se em seu significado amplo que as ações da Administração
Pública devem convergir em prol da coletividade. Caso não seja assim inclina-se ao
desvio de finalidade.
A ideia do princípio da supremacia do interesse público, conforme Gasparini
(2012) indica a predileção ao interesse da sociedade. Interesses particulares não
podem se sobrepor aos interesses de todos.
O Estado como regente das relações entre os indivíduos não pode suprimir o
interesse de um grupo em detrimento de um indivíduo. A coletividade deve ser
privilegiada pelas atividades desempenhadas pelo Estado garantindo as
necessidades da convivência em comum, (MEDAUAR, 2002).
21

As ações do Estado devem ter um norte, um direcionamento para o qual


apontam as atividades administrativas. Devem obedecer a interesses públicos que
sobrepõem-se aos interesses privados pela própria concepção do Estado, na qual
os indivíduos renunciam sua liberdade total em favor de um ente disciplinador da
vida comum (ARAÚJO, 2010).
Para Ferreira (2012), quando a Administração Pública suprime o interesse
particular em razão do público ela protege o interesse individual de cada indivíduo
que compõe a sociedade garantindo o cumprimento de uma política pública
estabelecida.
Ferreira (2012) também coloca a importância da ponderação dos interesses
particulares e públicos no cumprimento de direitos fundamentais. Para o autor:

Assim, ao observar a finalidade geral dos atos administrativos – o bem


comum – e ao ponderar valores na tomada de decisão no caso concreto, a
Administração Pública observa a supremacia do interesse público e efetiva
a aplicação dos direitos fundamentais previstos no ordenamento jurídico.
(FERREIRA, 2012, p.451)

No presente estudo enfatiza-se a ideia deste princípio quanto ao desvio de


finalidade. A Administração Pública é submetida ao princípio da supremacia do
interesse público pois suas ações são passíveis de controle do poder judiciário
quando percebido algum benefício e também quando as ações incorrerem em
desvio de finalidade (OSÓRIO, 2000).
Quando o interesse público é suplantado e as atividades administrativas
desenvolvidas pelo Estado não são direcionadas à coletividade tem-se o desvio de
finalidade (CARVALHO FILHO, 2014).
O desvio de finalidade, um dos objetivos deste estudo ao questionar o
emprego de força pública policial ostensiva em eventos abertos ao público por meio
de compra de ingressos é tratado também pelo princípio constitucional da
Impessoalidade ou da finalidade. A intenção é, ressalta-se, compreender se há
indicação de desvio da finalidade quando se destina efetivo policial a estes tipos de
eventos quando poderiam ser empregados em locais públicos, de acordo com sua
finalidade.

3.3 Princípio Constitucional da Impessoalidade/Finalidade


22

O princípio constitucional da impessoalidade significa que a Administração


Pública deve dar igual tratamento ao administrado frente à mesma circunstância
jurídica. Deve privilegiar o atendimento ao interesse público e não ao privado. Do
princípio da impessoalidade extrai-se o sentido de outros dois princípios o da
isonomia e o da finalidade (CARVALHO FILHO, 2014). Interessa neste estudo o
sentido da finalidade, portanto, ao se referir ao princípio da impessoalidade infere-se
também o princípio da finalidade.
Carvalho (2015) traz à luz o significado do princípio da finalidade e sua
menção à defesa do interesse público. De acordo com o autor:

Com efeito, pode-se definir que, de acordo com o princípio da finalidade, a


norma administrativa deve ser interpretada e aplicada pelo agente do
Estado, da forma que melhor garanta a realização do fim público a que se
dirige. Deve-se ressaltar que o que explica, justifica e confere sentido a uma
norma é precisamente a finalidade a que se destina.
Dessa forma, a lei 4.717/65, eu seu art.2º, parágrafo único, “e” dispõe que
“o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a
fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
competência”, (CARVALHO, 2015, p.90).

O desvio de finalidade agride o princípio constitucional da Impessoalidade no


seu sentido finalístico. Os cidadãos têm o direito de ter os serviços públicos voltados
aos seus interesses e o Estado a obrigação de obedecer à lei e aos princípios. O
desvio de finalidade é grave e compromete a Impessoalidade a qual deve obedecer
à Administração Pública. Segundo Carvalho Filho:

Por outro lado, para que haja verdadeira impessoalidade, deve a


Administração voltar-se exclusivamente para o interesse público, e não para
o privado, vedando-se, em consequência, sejam favorecidos alguns
indivíduos em detrimento de outros e prejudicados alguns para
favorecimento de outros. Aqui reflete a aplicação do conhecido princípio da
finalidade, sempre estampado na obra dos tratadistas da matéria, segundo
o qual o alvo a ser alcançado pela Administração é somente o interesse
público, e não se alcança o interesse público se for perseguido o interesse
particular, porquanto haverá nesse caso sempre uma atuação
discriminatória, (CARVALHO FILHO, 2014, p.20).

A defesa ao interesse público é unânime, uma minoria não pode ser


beneficiada pela Administração Pública em detrimento da maioria. No mesmo
sentido, Di Pietro:

Exigir impessoalidade da Administração tanto pode significar que esse


atributo deve ser observado em relação aos administrados como à própria
23

Administração. No primeiro sentido, o princípio estaria relacionado com a


finalidade pública que deve nortear toda a atividade administrativa. Significa
que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar
pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem
que nortear o seu comportamento, (DI PIETRO, 2014, p.68).

Os autores acima mencionados ao tratarem sobre o significado do princípio


da impessoalidade em seu sentido finalístico, ou o princípio da finalidade, colocam
que o as ações realizadas pelos agentes públicos devem buscar o interesse coletivo.
Este, deve prevalecer sobre o privado.
3.4 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade

Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade não estão previstos


expressamente na constituição de 1988, entretanto, incidem diretamente sobre as
atividades da administração pública. Eles são provenientes do significado dos
princípios da legalidade e finalidade (GASPARINI, 2012).
Para Carvalho Filho (2014) a razoabilidade tem relação com a legalidade. Se
o administrador pratica ação dentro da lei não se pode considerar que ofendeu a
razoabilidade. Já a proporcionalidade incide sobre o exercício do poder pelo
administrador público. Nas palavras do autor:

O grande fundamento do princípio da proporcionalidade é o excesso de


poder, e o fim a que se destina é exatamente o de conter atos, decisões e
condutas de agentes públicos que ultrapassem os limites adequados, com
vistas ao objetivo colimado pela Administração, ou até mesmo pelos
Poderes representativos do Estado. Significa que o Poder Público, quando
intervém nas atividades sob seu controle, deve atuar porque a situação
reclama realmente a intervenção, e esta deve processar-se com equilíbrio,
sem excessos e proporcionalmente ao fim a ser atingido, (CARVALHO
FILHO, 2014, p.43).

Alguns autores consideram que o princípio da proporcionalidade está implícito


ao princípio da razoabilidade. É o que indica Di Pietro (2006), segundo a qual a
razoabilidade será efetiva se houver proporção entre os meios empregados pela
Administração Pública e o fim por ela almejado.
Gasparini (2012) comunga do mesmo entendimento. O autor, ao comentar
sobre o inciso VI do parágrafo único do art. 2º da Lei federal n. 9.784/99, sobre a
observação de adequação entre meios e fins em casos submetidos a processos
administrativos, conclui que a proporcionalidade é um dos elementos da
razoabilidade.
24

No que tange à razoabilidade, Gasparini (2012) infere que as ações


provenientes da Administração Pública devem primar pela melhor opção ao
atendimento do interesse público.
Di Petro (2006), em análise aos diferentes posicionamentos de autores frente
à razoabilidade destaca o entendimento de Diogo de Figueiredo Moreira Neto:

A razoabilidade, agindo como um limite à discrição na avaliação dos


motivos, exige que sejam eles adequáveis, compatíveis e proporcionais, de
modo a que o ato atenda a sua finalidade pública específica; agindo
também como um limite à discrição na escolha do objeto, exige que ele se
conforme fielmente à discrição finalidade e contribua eficientemente para
que ela seja atingida, (MOREIRA NETO, 1989 Apud DI PIETRO, 2006).

Conforme analisado, independente de possuírem sentidos próprios ou se


fundirem em um único princípio, interessa que o conteúdo do princípio da
razoabilidade e da proporcionalidade traduzam o atendimento ao interesse público
de forma adequada, comedida e com equilíbrio.
Relativo ao emprego de força pública policial em eventos privados, Horn e
Cardoso (2014) entendem que não há razoabilidade na retirada do efetivo de
policiais militares da rua para emprego em partidas de futebol, uma vez que não
haveria número de policiais suficientes para atenderem a demanda da sociedade.
Neste ensejo, o comprometimento da segurança pública proveniente do
emprego de policiais militares em evento privado, conferiria agressão ao princípio da
razoabilidade ainda porque o evento é pago, servindo também a interesses
particulares.
Cabe, portanto, estabelecer as diferenças entre interesse coletivo e particular,
sobretudo em eventos nos quais são empregadas forças policiais públicas.
25

4 REFLEXÕES SOBRE O EMPREGO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS


EM EVENTOS ACESSÍVEIS POR COMPRA DE INGRESSO

O emprego da Polícia Militar em qualquer evento público é justificável já que é


comum a aglomeração de pessoas nestes locais (MINAS GERAIS, 1975). As
possibilidades de desordem e ocorrência de delitos nestes locais aumentam, pois
neste ambiente transitam muitas pessoas, há comumente ingestão de bebida
alcóolica e euforia com possibilidade de criação de ânimos acirrados entre duas
partes que compartilham um espaço limitado, (DELBEM, 2011).
É, portanto, de interesse público a presença da força policial pública ostensiva
com fito de manutenção da tranquilidade, preservação da ordem e prevenção e
repressão a crimes e contravenções.
Se por um lado é plenamente justificável a presença da Policia Militar em
eventos públicos em função desempenhada pelo Estado para atendimento do
interesse público, em eventos nos quais são cobrados ingressos há interesses de
particulares. Estes, ensejam desejo de auferir de vantagem pessoal, (DELBEM,
2011).
Ainda que nos locais onde se cobra a entrada tenham as mesmas
possibilidades de conflito, resta a análise do referido órgão público nestes eventos
om fito de verificar vantagem a interesse particular em detrimento ao interesse
público. Neste sentido, passar-se-á ao debate das questões pertinentes ao interesse
de particulares.

4.1 Incidência de relação consumerista em eventos abertos ao público


mediante cobrança de ingresso
26

O presente trabalho faz análise sobre eventos acessíveis ao público por


compra de ingressos. Sobre o significado de evento: "evento é atividade dos mais
diferentes tipos reunindo pessoas, (ANDRADE, 1999 apud DELBEM 2011, p.58)”.
O conceito de evento, considerado sob um enfoque de emprego de
policiamento, segundo Pereira Filho (2011, p.50) é: “[...] a reunião de várias pessoas
que demandará da intervenção da estrutura da Polícia Militar para a manutenção da
ordem e da promoção da paz social”.
CRUZ (2005) estabelece conceito para eventos especiais. Para o autor é um
evento de duração limitada em que são atraídas multidões as quais são oferecidas
atividades de lazer, entretenimento, comércio, cultura, esporte ou religião.
Pertinente aos eventos Pereira Filho (2011, p.51) afirma que o acesso a eles
se dá: “[...] através de compra de ingresso, liberado sem restrições de controle ao
público, de forma gratuita e entrada liberada com restrições de controle ao público,
de forma gratuita”.
Neste estudo, são tratados os eventos abertos ao público mediante
pagamento, ou seja, acessível através de compra de ingresso. Aquisição de produto
ou serviço via pagamento do preço cobrado. É, portanto, uma relação de consumo,
regida pelo direito do consumidor. Neste sentido, há predisposição de satisfação de
interesses particulares.
É o que infere Almeida (2009). Para o autor, a relação de consumo se
estabelece quando um ente oferece produto ou serviço a outro sujeito interessado
neste bem ou serviço.
Gama (2006) entende que a relação negocial de consumo se estabelece não
só no momento em que se vislumbra uma pessoa física ou jurídica oferecendo bens
ou serviços a um interessado, mas também se este interessado for sujeito a
acidentes de consumo provenientes daquilo que se oferta, delineando a
responsabilidade.
Expresso por lei e pontuado pela doutrina, é nítido que no momento da
aquisição de ingresso pelo indivíduo seria estabelecida a relação consumerista e
como tal, cabe a responsabilidade do fornecedor quanto a qualquer dano
experimentado pelo consumidor (HORN e CARDOSO, 2014)
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, é direito
do consumidor a saúde e segurança contra qualquer risco proveniente da prática do
fornecedor de serviço (BRASIL,1990). Diante deste dispositivo, conclui-se que a
27

segurança em eventos para os quais são cobrados ingressos, deveria ser da


entidade organizadora do evento e não do poder público por meio da Polícia Militar
(NETO e MACIEL, 2009).
Conforme este entendimento, constatada a prevalência de interesses
privados em eventos, a segurança interna deveria ser garantida por empresa
contratada para este fim, e não por força pública policial. Ocorre que, a presença do
Estado neste ambiente, como se verá, não é vedada em lei.

4.2 Emprego de policiais militares em eventos esportivos

Lei específica trata da presença de Força Policial Pública em eventos


esportivos. A lei 10.671/2003, Estatuto de Torcedor, em seu artigo 14, inciso I, traz
que o responsável pela segurança do torcedor é a entidade organizadora do evento
que tem o “mando de jogo” (BRASIL, 2003).
A referida lei traz que a entidade organizadora deverá “solicitar” às
autoridades públicas, o emprego de agentes de segurança do poder público, pois
como o próprio dispositivo designa, são os “responsáveis pela segurança dos
torcedores dentro e fora dos estádios” (BRASIL, 2003).
A lei 9.615/1998, que institui normas gerais sobre desporto e dá outras
providências, em seu art. 42, traz em seu parágrafo 3º a equiparação do torcedor
que adquire ingresso ao consumidor (BRASIL, 1998). Cabe salientar que o Código
de Defesa do Consumidor, em seus artigos 2º e 3º definem consumidor e
fornecedor, sendo o primeiro como aquele que adquire o produto ou serviço e o
segundo como o que comercializa o produto ou serviço (BRASIL, 1990). São,
portanto, os delineadores da relação de direito privado formada entre o organizador
do evento e o torcedor que paga ingresso.
Ainda que perceptível a predominância de interesse particular, é regular a
presença da força pública policial nestes eventos esportivos. Já mencionada neste
trabalho, a norma geral que regula emprego da Polícia Militar de Minas Gerais em
eventos é a Instrução 04/1997 – CG que estabelece ações de policiamento
ostensivo no local, qualquer que seja a modalidade esportiva não restringindo o tipo
de evento, ou se há cobrança de ingresso ou não (MINAS GERAIS, 1997).
As ações previstas na referida norma vão da manutenção da ordem local nas
arquibancadas à escolta de bilheteiros à sala de arrecadação, da responsabilidade
28

de dividir torcedores na arquibancada à segurança de túneis e pistas que dão


acesso à área do evento (MINAS GERAIS, 1997).
Todo esse trabalho minucioso previsto na Instrução 04/1997 – CG era feito
mediante pagamento da hoje considerada inconstitucional Taxa de Segurança
Pública. Era, ressalta-se, de acordo com inciso II do art.24 do Decreto 38.886/1997,
a contraprestação devida à realização de eventos de aglomeração de pessoas em
que fosse necessário a presença de força policial (MINAS GERAIS, 1997).
Como foi julgada inconstitucional a cobrança da Taxa de Segurança Pública
pelo Supremo Tribunal Federal no recurso RE 269374/STF, não há contraprestação
do ente privado no atendimento de seu interesse. Todo o serviço composto de
homens e equipamentos são disponibilizados de forma gratuita para aqueles que
cobram um ingresso.
Nota-se, portanto, uma vantagem significativa auferida pela entidade
organizadora do evento. Neste cenário, surge aparente desvio de função do órgão
público, pois seus agentes são empenhados em ambiente de interesses particulares.
Frente à esta constatação faz-se necessária a verificação da legalidade e o debate
sobre o interesse público que justifica a ação do órgão público nestas situações.

4.3 Legalidade do emprego de policiais militares em eventos acessíveis por


compra de ingressos

A presença de força pública policial ostensiva em eventos privados é


polêmica. Há críticas quanto à legalidade deste policiamento. Neto e Maciel (2009)
questionam a legalidade e moralidade do emprego da força pública policial em
eventos privados pois estes visam lucro.
Horn e Cardoso (2014) também criticam a promoção da segurança interna
dos estádios de jogos de futebol serem realizadas pela polícia militar.
O emprego deste órgão público no interior de eventos esportivos ou culturais,
é previsto em lei. Além da previsão legal, há jurisprudências, parecer do Ministério
Público e publicações científicas que emanam mesmo entendimento.
A lei nº 6624, de 18 de julho de 1975, que dispõe sobre a organização básica
da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e dá outras providências, em seu artigo
2º, inciso II, estabelece que a Polícia Militar deve: “atuar de maneira preventiva,
como força de dissuasão em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser
29

possível a perturbação da ordem; (MINAS GERAIS, 1975)”. Infere-se que a lei


contempla a ação em qualquer evento, independente da cobrança ou não de
ingresso. Independe o local, basta ser presumível a perturbação da ordem para a
atuação da polícia militar.
Específica também é a abordagem dada pela lei 10.671/2003, o Estatuto do
Torcedor. Em seu primeiro artigo versa que a lei regulamenta a proteção e defesa do
torcedor (BRASIL, 2003). Posteriormente foi incluído o artigo 1-A pela lei
12.299/2010, que passou a estabelecer que: “A prevenção da violência nos esportes
é de responsabilidade do poder público (...)” (BRASIL, 2010).
O Estatuto do torcedor ainda pontua que a força pública policial deve estar
presente em eventos esportivos. Conforme o artigo 14, inciso I, da referida lei, o
poder público é o responsável pela segurança dos torcedores tanto do interior
quanto do lado externo dos locais de realização de eventos esportivos (BRASIL,
2003).
Também cabe ressaltar a norma da Polícia Militar de Minas Gerais quanto ao
emprego desta força pública policial ostensiva em eventos esportivos. A Instrução nº
04/97-CG trata especificamente de Operações de Polícia Ostensiva em Praças
Desportivas. Nesta norma, as orientações se direcionam a todo tipo de evento, ainda
que se cobre ingresso uma vez que:

As praças desportivas, como qualquer espaço público, são locais sujeitos à


eclosão de violência ou cenários de crimes e contravenções, com a
circunstância agravante de que ali torcidas ou torcedores, insatisfeitos ou
exaltados, tendem a extravasar seus instintos e frustrações, gerando
tumultos de difícil e complexo controle, (MINAS GERAIS, 1997).

Outro dispositivo normativo da PMMG, Memorando de Nº6.00037.2/2015-


EMPM, de 28 de maio de 2015, estabelece que os eventos onde há cobrança de
ingressos não perdem seu caráter público uma vez que são abertos à participação
de qualquer indivíduo pagante, diferenciando-se de evento particular (MINAS
GERAIS, 2015).
A jurisprudência, ao tratar do assunto em julgamento da constitucionalidade
das Taxas de Segurança Pública, exara que a presença de força pública policial
ostensiva em locais de aglomeração de pessoas é exercício de suas atribuições. No
Recurso Extraordinário – RE 269374 MG, o ministro relator Gilmar Mendes afasta
30

cobrança da taxa de segurança pública pois considera inconstitucional o art. 113 da


lei 6.763/75 com o seguinte argumento:

Em face do artigo 144, caput, inciso V e parágrafo 5º, da Constituição,


sendo a segurança pública, dever do Estado e direito de todos, exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, através, entre outras, da polícia militar, essa atividade do
Estado só pode ser sustentada pelos impostos, e não por taxa, se for
solicitada por particular para a sua segurança ou para a de terceiros, a
título preventivo, ainda quando essa necessidade decorra de evento
aberto ao público.- Ademais, o fato gerador da taxa em questão não
caracteriza sequer taxa em razão do exercício do poder de polícia, mas
taxa pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos
e divisíveis, o que, em exame compatível com pedido de liminar, não é
admissível em se tratando de segurança pública, (BRASIL, 2009).

O Ministério Público de Minas Gerais, em parecer referente ao emprego da


Polícia Militar em eventos privados, Nota Jurídica nº. 22/2014, revista publicada em
março de 2015, p. 60/62, ao analisar os dispositivos legais acima citados manifestou
que a Polícia Militar ao atuar em local sujeito à perturbação da ordem pública, ainda
que em evento aberto ao público age no cumprimento de seu dever constitucional de
preservação da ordem pública.
Santos (2015), em estudo sobre a responsabilidade civil em eventos
esportivos, a partir deste parecer, conclui que:

[...] o Estado tem o dever de garantir a segurança dos


torcedores/consumidores na parte interna e estádios, conforme previsão da
CF (art. 6º e 144, §5º) e do EDT (art. 1º-A e 14, I), independentemente da
solicitação do clube mandante e da entidade organizada do evento
esportivo, na medida em que se trata de uma atuação preventiva da Polícia
Militar com vistas à preservação da ordem pública. (SANTOS, 2015,
p.45).

Em contrapartida, promotor de justiça, membro do ministério público de Santa


Catarina, Anexo A do presente estudo, critica a presença da polícia militar em
estádios brasileiros. Segundo o publicado, para o promotor, há emprego de policiais
militares em funções que deveriam ser de segurança privada como a promoção da
segurança da arbitragem. Alega ainda que policiais militares são usados para
separar torcidas, enquanto o correto seria uma intervenção arquitetônica na
estrutura do estádio.
Mesmo sendo controversa, nota-se que é legal a presença de força pública
policial em eventos abertos ao público mediante compra de ingresso. Entretanto,
31

resta a polêmica pois há vantagens aos organizadores do evento ao mesmo tempo


que a sociedade teria prejuízo, pois o policial poderia ser empregado nas ruas ao
invés de fazer o policiamento no evento onde é cobrado ingresso. Tem-se, portanto,
questionamento pertinente ao real interesse público frente esta situação.

4.4 Análise do emprego de policiais militares em eventos abertos ao público


acessíveis por compra de ingresso em cidades mineiras

O cidadão brasileiro tem direito à segurança garantido pela constituição


vigente. Este direito se encontra estampado no artigo 5º e artigo 6º da constituição
federal fazendo parte do rol dos direitos e deveres individuais e dos direitos coletivos
sociais (BRASIL, 1988). Quem promove a segurança pública, como já debatido
neste trabalho, são os órgãos públicos descritos no artigo 144 de nossa lei maior,
dentre eles a polícia militar. Sendo legal o emprego da polícia militar em eventos
pela preservação da ordem pública, seria pertinente ao interesse público o empenho
deste órgão em eventos esportivos privados?
Existem críticas que apontam que não. Dois motivos são alegados. O primeiro
refere-se à entidade responsável pela segurança do participante no ambiente interno
do evento. Se o organizador que aufere lucro com o evento, ou o poder público. O
segundo, trata-se da redução do efetivo policial nas ruas causada pelo emprego das
forças públicas policiais nestes tipos de eventos.
Quanto a responsabilidade pela segurança do participante no evento privado,
Neto e Maciel (2009) questionam o emprego da polícia militar nos jogos de futebol
uma vez que estes eventos são realizados em estádios particulares, em benefício do
particular. Ainda conforme os autores, estes eventos são regidos por normas
consumeristas, logo, a responsabilidade pela segurança deveria ser do organizador
do evento.
No mesmo sentido, Horn e Cardoso (2014) defendem que a segurança em
eventos esportivos privados, em específico o futebol, deve ser do time com mando
de campo pois, presente relação consumerista, há incidência dos artigos 12 a 14 do
Código de Defesa do Consumidor.
Existem divergências, autores atribuem responsabilidade também ao poder
público. Santos (2015) constata que nos eventos esportivos regidos pelo Estatuto de
Defesa do Torcedor prevalece a relação de consumo, logo, a responsabilidade civil
32

objetiva pelo fato ou vício do serviço é da entidade de prática desportiva com mando
de jogo. No entanto, o poder público também é responsável, pois, quando
constatado falha na segurança o Estado concorre com os danos causados.
Valla (2013) ressalta a responsabilidade pela omissão do Estado de intervir.
Para o autor, independente se o ambiente é privado ou público, mediante a potencial
ameaça à tranquilidade pública.
As leis permitem inferir que a responsabilidade é compartilhada, pois o poder
público não pode se omitir frente à legalidade. A lei impele a presença do poder
público mesmo no ambiente interno de eventos que cobram pela entrada para
garantia da ordem pública. Mas, se a responsabilidade é compartilhada, o lucro e o
prejuízo seguem em sentidos opostos. Com a presença da polícia militar no evento o
organizador tem o benefício deste órgão estatal. É uma vantagem. Já para a
sociedade verifica-se o contrário. A destinação de efetivo policial que poderia estar
na rua exercendo policiamento pressupõe prejuízo à comunidade.
Quanto a esta constatação, Horn e Cardoso (2014) mesmo considerando a
incidência de Taxa de Segurança Pública colocam em evidência o prejuízo à
sociedade quando parte do contingente policial é destinado ao policiamento nas
partidas de futebol. Os autores enfatizam que os comandantes de tropa reclamam
de falta de efetivo e aparato logístico para atendimento básico e por isso não haveria
motivação razoável para retirada de policiais das ruas para emprego em eventos
onde se cobra ingresso.
Em convergência com a ideia, em matéria divulgada pelo site
www.gazetadopovo.com.br, em data de 01/09/2015, Anexo B deste trabalho, Filho
(2015), expõe a opinião de comandante de policiamento, em relação ao emprego de
policiamento dentro de estádios. Conforme o divulgado o comandante da companhia
entende que o emprego da polícia militar em jogos de futebol deveria ocorrer
somente no ambiente externo ao evento, pois o emprego dentro do estádio
compromete o policiamento dos bairros da cidade onde atua, trazendo prejuízo à
segurança dos cidadãos.
O exposto traz à tona a demanda de policiamento nas áreas externas dos
eventos. Estudos realizados no Estado de Minas Gerais indicam que fora dos
estádios ocorrem um número significativo de ocorrências policiais.
C. Silva (2003) aponta o problema da depredação de ônibus causados por
torcedores em eventos esportivos realizados no estádio Mineirão. O autor faz uma
33

alerta quanto ao aumento do número deste tipo de ocorrência. Também propõe uma
série de medidas por parte das autoridades como escolta de ônibus das torcidas
adversárias e do próprio time, escolta dos torcedores em locais preestabelecidos,
policiamento nas adjacências do estádio, pontos específicos de itinerários de ônibus
e policiamento também no interior de ônibus (C. Silva, 2003).
Kelmer (2015), em trabalho sobre o policiamento externo em eventos que
ocorrem no Estádio Independência na capital mineira relaciona ocorrências de
crimes e contravenções comuns nas adjacências do estádio. O autor, ao analisar
128 eventos concluiu que os crimes e contravenções que comumente ocorrem são:
lesão corporal, rixa, furto, roubo, extorsão, dano, tumulto, cambismo, vias de fato e
exercício irregular da profissão.
Em sua pesquisa, o autor também revela que torcedores permanecem nas
adjacências do estádio por várias horas antes do início do evento consumindo
bebidas e alimentos e nos instantes que precedem um jogo há aglomeração dos
participantes trazendo reflexos para o policiamento (Kelmer, 2015).
Kelmer (2015) ainda menciona que na cidade de Belo Horizonte ocorrem
simultaneamente uma quantidade expressiva de eventos esportivos e culturais que
demandam uma quantidade considerável de efetivo policial. O autor, ao entrevistar
comandantes, constatou que o efetivo policial para atender à demanda destes
eventos é escasso.
A exposição do autor supracitado evidencia outro problema, a falta de efetivo
policial gerado pela demanda dos eventos. Pereira Filho (2011) em estudo
desenvolvido na área do 1º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, unidade
responsável pelo policiamento de vários bairros da capital mineira, conclui que o
efetivo policial e aparato logístico desta unidade tornam-se escassos diante da
necessidade de emprego nos numerosos eventos realizados na área deste batalhão.
Delbem (2011), em pesquisa aos municípios atendidos pelo 38º Batalhão de
Polícia Militar de Minas Gerais, responsável pelo policiamento em dezesseis
municípios, dentre eles São João Del Rei e Tiradentes, afirma que os eventos que
ocorrem na região, onde a Polícia Militar é representada por frações, exigem grande
demanda de efetivo policial que nem sempre é suficiente.
No mesmo sentido, Dias Brasil (2012), em pesquisa sobre o impacto de
eventos privados realizados na área de responsabilidade da 3ª Região de Polícia
Militar de Minas Gerais, responsável pelo policiamento de vinte e dois municípios, a
34

maioria na Região Metropolitana de Belo Horizonte, expõe que a demanda de


efetivo policial exigida para o policiamento em eventos privados compromete
serviços operacionais ordinários e obrigatórios previstos em norma específica.
O autor ainda sugere que nos eventos desenvolvidos em locais privados, cuja
entrada se dê por meio de pagamento, a segurança seja provida por empresa
privada credenciada junto à Polícia Federal. (DIAS BRASIL, 2012).
Medeiros (2012), em estudo sobre o emprego de policiais militares do 35º
Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais em eventos desenvolvidos na cidade de
Santa Luzia-MG, no espaço cultural chamado Mega Space, afirma que a demanda
por policiamento nos eventos excede o efetivo disponível.
O autor também sugere que a segurança interna dos eventos desenvolvidos
neste local seja realizada por segurança privada, mas com assessoria da Polícia
Militar de Minas Gerais. Cita também que na parte externa, esta sim, deve ser
realizada pela Polícia Militar (Medeiros, 2012).
Cruz (2005), em estudo sobre os reflexos da segurança privada no
policiamento ostensivo em eventos especiais na 4ª Região de Polícia Militar de
Minas Gerais, constata que a presença da segurança privada no evento suplementa
o policiamento ostensivo e desonera o policiamento ostensivo.
As pesquisas apontam que os eventos exigem um contingente de policiais e
recursos materiais expressivos. A demanda, portanto, traz prejuízo ao cidadão que
não participa do evento, pois aquele policial que poderia estar patrulhando as ruas
de sua cidade é destinado ao policiamento do evento privado no qual estão
presentes interesses privados.
Importa salientar que a Polícia Militar é o ente estatal que consegue garantir a
segurança de torcedores ou participantes no interior de eventos, principalmente os
esportivos.
Segundo Bicalho (2011), nos ambientes internos de estádios na cidade de
Belo Horizonte, não é notável violência ou tumulto promovidos por torcida
organizada. Para o autor, é o resultado do emprego da Polícia Militar de Minas
Gerais em obediência ao que predispõe a lnstrução 04/97 – CG, que trata do
planejamento do policiamento no local do evento.
Conforme Moitinho (2006), organizadores de eventos recorrem aos serviços
prestados pela Polícia Militar de Minas Gerais devido à qualidade satisfatória
apresentada em eventos privados.
35

Em virtude do exposto pode-se constatar que o poder público por meio da


polícia militar consegue garantir a segurança no ambiente interno em eventos
esportivos, culturais ou religiosos. O faz por exigência da lei, mesmo em locais que
cobram ingressos, porém sacrificando efetivo que poderia estar fazendo
patrulhamento nas ruas.
Insta salientar, que apesar dos mandamentos legais, com a realização do
evento Copa do Mundo de 2014, realizado no Brasil, abriu-se um precedente no
emprego de policiamento ostensivo no interior de estádios.
Conforme o Planejamento estratégico de segurança para a Copa do Mundo
FIFA Brasil 2014:

O Brasil ainda não tem tradição com esse modelo integrado de segurança
nas instalações esportivas, no qual os órgãos de segurança pública fazem a
segurança da cidade e das vias públicas, até a porta dos estádios, e as
equipes de segurança privada desempenham suas funções de segurança
patrimonial e de vigilância no domínio territorial do estádio. Esse modelo
inaugurará um novo conceito de atuação conjunta das forças públicas e
privadas, (BRASIL, 2012, p.44).

É interessante, pois o referido planejamento declara a inauguração de um


novo modelo de dispositivo de segurança, composto por segurança privada no
interior do estádio e segurança pública do lado externo ao evento. A proposta
enfatiza o trabalho em conjunto. O Planejamento estratégico de segurança para a
Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 trouxe ainda:

As forças de segurança pública permanecem de sobreaviso e só intervêm


quando há grave tumulto e se faça necessária a manutenção da ordem
pública, ou quando necessário o emprego do poder de polícia, ou seja, só
atuam dentro das instalações esportivas sob demanda, (BRASIL, 2012,
p.44).

O Planejamento estratégico de segurança para a Copa do Mundo FIFA Brasil


2014 trouxe críticas. Valla (2013) considera que houve omissão do poder público
para garantir que o evento ocorresse no Brasil.
Rabello (2015), em estudo sobre o policiamento empregado na realização da
Copa do Mundo 2014, na cidade de Belo Horizonte, ao entrevistar oficial sobre a
participação do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos, revela que a
segurança no interior dos estádios não foi realizada pelo poder público, mas sim por
36

seguranças privados, os chamados “stewards”. As polícias militares, ficaram como


segunda resposta.
Embora criticado, o evento serviu como precedente legitimado pelo poder
público de segurança em eventos onde a segurança no ambiente interno é exercida
por empresa particular especializada.
Em virtude do exposto no capítulo, infere-se que quando o poder público, por
meio de seus agentes, ingressa nos eventos em que se cobra ingresso provoca
prejuízo à sociedade. O interesse público é prejudicado pela retirada de efetivo
policial das ruas para atender a demanda de interesses particulares. Neste sentido,
percebe-se uma contradição. Se por um lado a lei determina a presença do poder
público para manutenção da ordem pública, por outro, provoca prejuízo à sociedade
pois o recurso destinado ao interesse público é fracionado para atendimento de
interesses particulares.
37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao pesquisar sobre o tema pôde-se fazer uma breve análise do emprego da


Polícia Militar de Minas Gerais em ambiente interno dos eventos nos quais são
cobrados ingressos. Estes eventos, ainda que abertos ao público, exigem a
contraprestação do pagamento do preço o que deduz a percepção de lucro e
incidência de leis consumeristas.
Tratou-se principalmente dos eventos esportivos e culturais, comumente
promovidos em forma de verdadeiros espetáculos que atraem milhares de
participantes. Nestes, é comum a presença de força pública policial ostensiva, ou
seja, a polícia militar.
Foi levantada legislação de emprego da Polícia Militar de Minas Gerais desde
a previsão constitucional até normas específicas deste órgão público na atuação em
eventos. Verificou-se que o empenho de efetivo era feito mediante pagamento de
taxa em locais onde era presumível a ocorrência de perturbação da ordem. Foi
constatada decisão jurídica sobre a proibição de cobrança da Taxa de Segurança
Pública em eventos nos quais são cobrados ingressos, que era a contraprestação
pelo serviço do órgão estatal. Este primeiro objetivo específico foi alcançado e serviu
de arrimo para conclusão deste trabalho.
Pertinente ao segundo objetivo específico, este também foi alcançado. Foram
relacionados princípios de direito cuja lesão podem indicar desvio de finalidade e
consequentemente prejuízo ao interesse público. Os princípios relacionados foram:
princípio da legalidade, princípio da supremacia do interesse público, princípio da
38

impessoalidade em seu sentido finalístico ou princípio da finalidade, princípio da


razoabilidade e da proporcionalidade.
Quanto ao terceiro objetivo específico, também foi concluído. Serviu de
fundamento para conclusão do objetivo geral. Conforme previsto em lei, pode-se
assegurar que em eventos abertos ao público acessíveis pelo pagamento de
ingresso há relação consumerista. Presente o vendedor de produto ou serviço e
também o comprador, há responsabilidade civil do fornecedor. Também foi
constatado que o emprego da Polícia Militar de Minas Gerais nestes eventos é
amparado por lei, o que implica também em responsabilidade do poder público. Por
fim, foram analisadas pesquisas que apontam críticas ao lançamento de efetivo da
Polícia Militar de Minas Gerais em ambiente interno de eventos em que se cobra
ingresso.
Tendo como objeto principal desta pesquisa a reflexão da atuação da polícia
militar em eventos onde se cobra ingresso como possível desvio de finalidade deste
órgão público, em prejuízo a princípios do direito administrativo que versam sobre o
interesse público, pôde-se chegar a conclusões que são abaixo relacionadas.
O emprego da polícia militar em eventos onde são cobrados ingressos para
entrada não pode ser considerado desvio de finalidade. Há previsão legal,
constitucional e também lei específica. Incide o princípio constitucional da
legalidade, cujo significado traz que as ações da administração pública devem seguir
a lei. Obedece a um fim que deu ensejo à criação da lei, logo não há desvio de
finalidade. Quando um comandante de polícia militar destina efetivo para um evento,
prevendo potencial ruptura da ordem pública, ele obedece à lei.
Ainda que em à obediência à lei, constatou-se por meio de estudos
elaborados por Kelmer (2015), Delbem (2011), Dias Brasil (2012), Medeiros (2012) e
Cruz (2005), que o emprego da polícia militar em evento aberto ao público acessível
pela compra de ingresso exige efetivo policial que é insuficiente em vários locais do
Estado de Minas Gerais. Nestes casos, verificou-se que policiais podem ser
retirados das ruas para atendimento desta demanda. Há, portanto, lesão ao
interesse público. Assim, há considerações importantes a tecer sobre outros
princípios relativos ao interesse público que neste trabalho foram relacionados.
Quanto ao princípio da supremacia do interesse público, ao considerar que
este princípio sugere a satisfação de interesses de toda uma coletividade em
detrimento do interesse particular, verificou-se prejuízo. O interesse coletivo é de
39

que a polícia militar exerça suas ações nas ruas, bairros, praças e não no local
acessível via pagamento de preço. O interesse coletivo sobrepõe a qualquer outro.
Pertinente ao princípio da impessoalidade em seu sentido finalístico ou
princípio da finalidade, também há ofensa. Este princípio, volta-se ao interesse
público. Versa que a coletividade não pode ser desfavorecida em virtude do
favorecimento de indivíduos. Foram citadas pesquisas que indicaram que o
policiamento destinado a eventos privados comprometem serviços oferecidos à
sociedade.
No que se refere aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade,
considerando que o significado do último está contido no primeiro, também foi
constatado prejuízo.
Uma vez que o significado da razoabilidade e proporcionalidade predispõem o
atendimento ao interesse público de forma equilibrada, devendo considerar as
possibilidades do poder público, não demonstra ser razoável prejudicar algum bairro
com retirada de efetivo policial que poderia estar lá exercendo suas funções e
destiná-los ao ambiente interno de um evento onde há intenção de obtenção de
lucro. Seria proporcional se o aparato logístico e contingente humano fosse
suficiente para atender de forma plena a sociedade. Os estudos citados neste
trabalho mostraram que comumente não.
Outro ponto a ser questionado são as funções exercidas por policiais dentro
dos eventos. Estas devem se restringir a prevenção e resposta a crimes e não para
favorecer o organizador. Funções como escolta de bilheteiros, divisão de torcidas,
escolta de árbitros podem ser realizadas por segurança particular ou simplesmente
por instalação de barreira arquitetônica. O efetivo policial deve-se restringir ao
mínimo para prevenção e resposta a crimes e contravenções.
Face ao exposto entende-se pertinente que não é razoável que a polícia
militar saia definitivamente do ambiente interno de eventos. Pelo menos não em
curto prazo, mas possível estabelecer de forma gradual, conforme o planejamento
estratégico para a Copa do Mundo de 2014, que caberá intervenção deste órgão
apenas quando solicitado.
O estudo sobre o tema permitiu deduzir que é necessária maior participação
do organizador nos seus eventos, pois é quem lucra com a atividade. Na busca de
atendimento ao interesse público, após as conclusões apresentadas, sugere-se:
40

Retirada gradual do efetivo de polícia militar empregado no ambiente interno


de eventos nos quais são cobrados ingressos para entrada. Reserva de um mínimo
efetivo para atuação caso seja constatado crime ou contravenção penal, a ser
solicitado pelo organizador do evento.
Participação efetiva do organizador na responsabilidade pela segurança do
evento, conforme estabelece o Código de Defesa do Consumidor. Contratação de
seguranças privados suficientes e equipamentos de segurança para fiscalização dos
participantes. É importante que o trabalho seja desenvolvido em conjunto com a
polícia militar, afim de que esta instituição preste assessoria e supervisão das
atividades desenvolvidas desde o planejamento até a execução do evento.
Investimento do organizador do evento aberto ao público mediante
pagamento de ingresso em equipamentos de identificação como câmeras,
instrumentos como detectores de metal, mecanismos de proteção e barreiras
arquitetônicas principalmente em estádios onde se desenvolvem eventos esportivos.
Desta forma não será preciso efetivo expressivo de policiais uma vez que haverá
meios de agir de forma precisa ao perceber um problema.
Maior rigor para punições previstas em legislação específica e penal com fito
de inibir a ação de torcedores que frequentam os eventos esportivos e provocam
crimes e contravenções penais.
Cabe salientar que as propostas citadas terão eficácia se implementadas de
forma sinérgica. Os problemas de pertinentes à segurança pública exigem do Estado
múltiplas ações. Todos seus recursos devem ser empregados de forma justa,
equilibrada e eficiente. Somente assim o cidadão terá condições de se beneficiar de
um ambiente mais seguro onde a paz social seja percebida no local onde ele vive.
41

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______. Polícia Militar. Memorando 6.00037.2 – EMPM. Belo Horizonte, 2015.


Disponível em: <http://www.intrantepm.mg.gov.br>. Acesso em 17/01/2016.

MOITINHO, Samuel Marcos Aparecido. Análise do dimensionamento e do


lançamento do efetivo em eventos especiais fechados no âmbito do Estado de
45

Minas Gerais. Monografia apresentada ao Curso de Formação de Oficiais da


Academia de Polícia Militar de Minas Gerais. 2006. Belo Horizonte

NETO, Pedro Benedito Maciel; MACIEL, Caio Carmona. Segurança em estádios é


responsabilidade de instituições privadas. Disponível em: <http://goo.gl/oJxzvT>.
Acesso em 20/11/2015.

OSÓRIO, Fábio Medina. Existe uma supremacia do interesse público sobre o


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RDA, Rio de Janeiro, v.220, p.69-107, 2000. Disponível em: <http://goo.gl/iKEKJe>.
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PEREIRA FILHO, Levindo Roberto. Análise do gerenciamento do policiamento


em grandes eventos na área do Primeiro Batalhão da Polícia Militar de Minas
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CESP). – Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João
Pinheiro e Academia de Polícia Militar, Belo Horizonte, 2011.

RABELO, Yuri Tadeu de Souza. Batalhão Copa: Contribuição como modelo de


policiamento em megaeventos. 2015. 79f. Monografia (Curso de Especialização
em Segurança Pública – CESP). Fundação João Pinheiro. Academia de Polícia
Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial. 14.ed.rev. atual. e ampl. – Rio de


Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.

SANTOS, Marcus Vinícius dos. A responsabilidade civil do clube de futebol por


danos causados por suas torcidas organizadas. 2015. 78f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharelado Direito). Departamento Direito, Centro de
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SILVA, Cecílio Gonçalves da. A Depredação de ônibus causada por torcedores


em eventos esportivos no Mineirão em 2002. 2002. 55f. Monografia (Curso de
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SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à constituição. 6ª.ed. São Paulo:
Malheiros, 2008, 1027p.

VALLA, Wilson Ordiley. A questão da segurança pública nos eventos


desportivos e a responsabilidade do Estado. Disponível em:
<http://goo.gl/NDHVzK >. Acesso em 15/01/2016.
46

ANEXO A

Reportagem sobre crítica do Ministério Público de Santa Catarina sobre


emprego de policiais militares em estádio. Disponível em:
<http://goo.gl/C0E7bd>, Acesso em 22/05/2016.
47
48

ANEXO B
49

Reportagem sobre comandante de policiamento que defende o fim do


policiamento dentro de estádios. Disponível em: <http://goo.gl/WH11QG>,
Acesso em 22/05/2016.
50

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