COLOQUE! TODO O MEU EMPENHO.
NAO EM IRONIZAR, DEPLORAR €
MALDIZER AS ACOES HUMANAS,
MAS €M COMPREENDE-LAS.
(Espinoza)
A DESGRAGA DAS CIENCIAS HUMANAS
CONSISTE NO FATO DE LIDAREM
COM UM OBJETO QUE FALA.
(Bourdieu)
NAO CREIO MAIS QUE 0 PROGRESSO
DO CONHECIMENTO ANDE JUNTO COM A
UBERTAGAO DO INDIVIDUO.
(Touraine)
NADA DO Que € HUMANO
Me € INDIFERENTE.
(Feréncio)
il 978. ill 19100
NT
524i
HILTON JAPIASSU
A CRISE
DAS CIENCIAS
HUMANASOre ete gages
eee ero ere et
Gesu este ure Tac aoa
Gale CRS ee oA el
CO eo ame em Ko eced
a Filosofia Moral: 0 que devo fazer?:
Piglecuc las temen iy ct ee tea
Cle escuela ater Ue
Pole RU RR send cee oe Meole
Glee gar?
fe lees ect eR R Ole
Cuca tm omatco i
Cerise ue sO M aN ek eon es
SCP eu oe ee ue
Ceca ae Tea cass rac
Tee Renter Cieaey
relativismo e valor da ciéncia utifitarismo,
pragmatismo © responsabilidade social
Crete ae Re at ce
Gere eee itee tiers
eeu een eescdc tia
Eee estes xl ocean ee
Cotes hea ume sel icc
Cee ke eves cia Reenter
Coed ee uke Neate
© @ persisténcia de um mado de conhe-
CM UTC cu Ree gece
uc camsom Mn rotue Cec)
CIC eeu ceca tea Le aia ay
Coeur nom aM sem aeons
Br aie adie
GERM. RIRLINTESA cont
A crise das
ciéncias
humanas
vs.
i
“SeCConselho Editorial de Extucagdo
José Corchi Fusari
Mateos Antonio Lorieri
Marcos Cezar de Freitas
Mazli André
Pedro Goergen
‘Terezinha Azerédo Rios
Valdemar Sguissardl
Vitor Hentique Paro
‘Se Pa ee Fe
1 Sétleo Cavalcante De.
ker. OOLT 29.8.2
Dax:_J8_)_ 94 ania
DDatios Internacional de CatalogacBo na Publicagdo (CIP)
(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brecll)
Talus, Hien
“Acsisedas cles humanas/ Hilton Japassu, ~ Sto Paulo; Cortex,
zon
‘ibiogai,
TEN ITS5-20.19189
1. Antopologia fostiica.Clanlashumaras3, Humanist,
Indices para catélogo sistemético:
1L.Noturesa humana : Antopoogia:Flesoia 128
Hilton Japiassu
A crise das
ciéncias
humanas
SireACRISE DAS CIENCIAS HUMANAS
itn apace
(Cope Ramos Esto
rpg de igi: Carman Teese da Costa
Rev: Sandia. Casto
Compose: Lines Bors Lida
Cordes eri Dario A. Q. Morales
2 Yiton apis
repreentado por AMS Agencamanto Astistioo Cultura e Lier Lda.
[Nene parte desta obra poe ser reproduzicls ox dupicada sem mutorizaao expres
do autre do edtor.
Discos para eta eipio
(CORTEZ EDITORA
‘Rua Monte Alegro,1074- Perdizes
5024001 =o Paula -SP
Tels (11)98540111 Fa: (11) 3864-4290
mai cortsSorteveditora come
wwewecortredtoracom be
Impreso no Brasil -junho de2012
BERN. BIRLIOTECA CEN
Oke 5
thes
Sumario
IntRooUugko
a1
6
3, Declinio. 93
4, Renascimento.... 47
‘Concwsio..
Noras.
‘BIBLIOGRAFIAase EEYW?EYE
SRE
Introdugao
Mit pouco se sabe sobre o ser humane, sob qualquer
pontade st como cient. Osassuntas uri
‘0 complers deri pare qu ici cj cpa de
sizer mite sobre eles. As cBacias humane oes,
ns no podem penerar sito rd,
Crone
Calaquei tad meu erpeno, noe etic, deploar
mali sages onane, ase cpepreen as.
(Ooms nos ip mu ip,
Eernozs
As pesqusas nastdnas hem io poder janis
se transformer numa epi de engesri oil ep
1 prouirintervengdesmilgre nas contradiges dn
reside,
Goons
A engrge des eéncas uns reside no fit de
res come wn objeto gue faa
ounYemos plena consciéncia de que a reflexdo sobre o homem, 0 desti-
rno humano e a natureza das sociedades deita suas raizes mais
profundas num passado muito distante. Qusamos mesmo dizer: seu
projeto fundador remonta as forttes mesmas da humanidade. Desde
sempre asreligiSes eos mitos vem propondo respostas mais ou menos
reconfortadoras e securizantes aos grandes enigmas e mistérios sobre
‘anatureza humana. Praticamente todos os filésofos dissertaram e re-
Aletiram sobre oespirite humano, seu destino, as origens da sociedade,
‘a marcha da historia e o sentido da vida. Em pleno Renascimento,
Maguiavel e Leonardo da Vinci, por exemplo, tomaram por ponto de
pattida a ideia do homen como foco central das relagdes sociais, polit
cas e econtimicas a fim de descrevé-lo (¢ as coisas que Ihe diziam res-
peito), nao como gostariam que fosse, mas comaefetioamente era. Eo que
era? Um ser constituido historicamente num discursofilos6fico, carac-
terizado por ser um animal politico (zoén politiké’) dotado, por natureza,
de individualidade, iberdade e racionalidade, formado por uma his-
‘ria, uma lingua e um desejo, No final do século XIX, hé uma revira-
volta intelectual: surge um movimento tentando evitar toda referencia
‘a um ator racional, inclusive suprimir todo recurso a ideia de sujito.
Os trés iconoclastas criadores do pensamento contemporaneo, Marx,
Nietzsche e Freud, combateram as andlises fundadas na subjetividade.
‘Quanto ao século XX, levou ao paroxismo a demolicio dos atores: foi 0
“século do anonimato, 0 século das vitimas das guerras e dos deporta-
os, o século dos exércitos industrializados e das salas de espetéculo”
(A. Touraine). 0 interessante a observar é que todos os saberes que
‘Aristoteles denominava politica, os modernos passaram a chamar
sucessivamente de Geisteswissenschafien (ciencias do esptrito), moral
sciences, cncias humanas, ciéncias sociais, cincias do homem e cién-
cias saciais eriticas. Uma das grandes contribuigdes do Renascimento
foia de promovera doutrina situando o homem como valor supremo
“medida de todas as coisas”, seu destino ndo podendo mais subor-
dinar-se a nenhuma lei exterior (divina, natural ou hist6rica).*
Com o inicio da modernidade, surge uma nova maneira de se
conceber o homem. Comega a se libertar das tutelas tradicionais que
‘pesam sobre seu destino, Doravante, ousa dizer: “Eu”. O mundo social
muda de centro de gravidade. O individuo se tora o objetivo e a
norma de tudo, Toma consciéncia de que, doravante, o poder no deve
ais ser exercido em nome dos deuses, mas em nome dos homens e
fora de toda referencia ao transcendente, Ao promover o culto de si,
passa a constituir 0 valor central da existéncia: “o individuo ¢ 0 ser
social” (Mars). Trata-se de um humanismo fundado numa filosofia do
sujeito e proclamando sua autonomia, nao 66 situando © homem, sua
liberdade e sua felicidade no centro de suas preocupacdes e decisées
fundamentais, libertando-o das leis recebidas do exterior, mas rom
pendo com a sociedade heterdnoma que o submetia e 0 sufocava:
‘aquela cuja lei (nomos) era dada por um outro (hieteros). O problema
‘que se pie néo € 0 de saber se o individuo € mais livre ou definido
‘pelas estruturas sociais, Todo mundo reconhece que sua autonomiza-
cho crescente ndo significa menos sociedade, pois 6 plenamente social
ea sociedade é a resultante das ag6es individuais: 0 advento do indi-
“viduo néo ocorreu por uma negacio da sociedade, mas pela descober-
ta de uma nova maneira de se construf-la,
Todo o pensamento de Descartes repousa na afirmagio da aulo-
rnomia do Eu. © Cogito simboliza a autonomla da Razdo e onascimento
do Sujeito, Ao elaborar sua teoria do individuo, Locke, recusando-se
a justificar o despatismo e defendendo o liberalismo politico, no 86
sustenta que os homens fizeram um contrato politico para proteger €
defender sua vida e seus bens, mas declara ser o homem portadox de
uma “propriedade desi’, devendo afirmar-se como seu proprio mestre.SS Se ee
Donde a énfase que dé em suas Cartas sabre a folerncia: “A liberdade
absoluta,a liberdade justa e verdadeira, uma liberdade igual eimpar-
cial, eis aquilo de que precisamos” .O poder estabelecido deve se limi-
tar aos bens civis dos homens, néo devendo se intrometer em euas
questdes espirituais e crencas. Essa corrente de pensamento tem o
‘mérito de, a0 proclamar sua independéncia, desenvolver 0 espfrito