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JUPIASSU, Hilton (2012) A Crise Das Ciencias Humanas

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Natalia Silva
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COLOQUE! TODO O MEU EMPENHO. NAO EM IRONIZAR, DEPLORAR € MALDIZER AS ACOES HUMANAS, MAS €M COMPREENDE-LAS. (Espinoza) A DESGRAGA DAS CIENCIAS HUMANAS CONSISTE NO FATO DE LIDAREM COM UM OBJETO QUE FALA. (Bourdieu) NAO CREIO MAIS QUE 0 PROGRESSO DO CONHECIMENTO ANDE JUNTO COM A UBERTAGAO DO INDIVIDUO. (Touraine) NADA DO Que € HUMANO Me € INDIFERENTE. (Feréncio) il 978. ill 19100 NT 524i HILTON JAPIASSU A CRISE DAS CIENCIAS HUMANAS Ore ete gages eee ero ere et Gesu este ure Tac aoa Gale CRS ee oA el CO eo ame em Ko eced a Filosofia Moral: 0 que devo fazer?: Piglecuc las temen iy ct ee tea Cle escuela ater Ue Pole RU RR send cee oe Meole Glee gar? fe lees ect eR R Ole Cuca tm omatco i Cerise ue sO M aN ek eon es SCP eu oe ee ue Ceca ae Tea cass rac Tee Renter Cieaey relativismo e valor da ciéncia utifitarismo, pragmatismo © responsabilidade social Crete ae Re at ce Gere eee itee tiers eeu een eescdc tia Eee estes xl ocean ee Cotes hea ume sel icc Cee ke eves cia Reenter Coed ee uke Neate © @ persisténcia de um mado de conhe- CM UTC cu Ree gece uc camsom Mn rotue Cec) CIC eeu ceca tea Le aia ay Coeur nom aM sem aeons Br aie adie GERM. RIRLINTESA cont A crise das ciéncias humanas vs. i “Se CConselho Editorial de Extucagdo José Corchi Fusari Mateos Antonio Lorieri Marcos Cezar de Freitas Mazli André Pedro Goergen ‘Terezinha Azerédo Rios Valdemar Sguissardl Vitor Hentique Paro ‘Se Pa ee Fe 1 Sétleo Cavalcante De. ker. OOLT 29.8.2 Dax:_J8_)_ 94 ania DDatios Internacional de CatalogacBo na Publicagdo (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brecll) Talus, Hien “Acsisedas cles humanas/ Hilton Japassu, ~ Sto Paulo; Cortex, zon ‘ibiogai, TEN ITS5-20.19189 1. Antopologia fostiica.Clanlashumaras3, Humanist, Indices para catélogo sistemético: 1L.Noturesa humana : Antopoogia:Flesoia 128 Hilton Japiassu A crise das ciéncias humanas Sire ACRISE DAS CIENCIAS HUMANAS itn apace (Cope Ramos Esto rpg de igi: Carman Teese da Costa Rev: Sandia. Casto Compose: Lines Bors Lida Cordes eri Dario A. Q. Morales 2 Yiton apis repreentado por AMS Agencamanto Astistioo Cultura e Lier Lda. [Nene parte desta obra poe ser reproduzicls ox dupicada sem mutorizaao expres do autre do edtor. Discos para eta eipio (CORTEZ EDITORA ‘Rua Monte Alegro,1074- Perdizes 5024001 =o Paula -SP Tels (11)98540111 Fa: (11) 3864-4290 mai cortsSorteveditora come wwewecortredtoracom be Impreso no Brasil -junho de2012 BERN. BIRLIOTECA CEN Oke 5 thes Sumario IntRooUugko a1 6 3, Declinio. 93 4, Renascimento.... 47 ‘Concwsio.. Noras. ‘BIBLIOGRAFIA ase EEYW?EYE SRE Introdugao Mit pouco se sabe sobre o ser humane, sob qualquer pontade st como cient. Osassuntas uri ‘0 complers deri pare qu ici cj cpa de sizer mite sobre eles. As cBacias humane oes, ns no podem penerar sito rd, Crone Calaquei tad meu erpeno, noe etic, deploar mali sages onane, ase cpepreen as. (Ooms nos ip mu ip, Eernozs As pesqusas nastdnas hem io poder janis se transformer numa epi de engesri oil ep 1 prouirintervengdesmilgre nas contradiges dn reside, Goons A engrge des eéncas uns reside no fit de res come wn objeto gue faa oun Yemos plena consciéncia de que a reflexdo sobre o homem, 0 desti- rno humano e a natureza das sociedades deita suas raizes mais profundas num passado muito distante. Qusamos mesmo dizer: seu projeto fundador remonta as forttes mesmas da humanidade. Desde sempre asreligiSes eos mitos vem propondo respostas mais ou menos reconfortadoras e securizantes aos grandes enigmas e mistérios sobre ‘anatureza humana. Praticamente todos os filésofos dissertaram e re- Aletiram sobre oespirite humano, seu destino, as origens da sociedade, ‘a marcha da historia e o sentido da vida. Em pleno Renascimento, Maguiavel e Leonardo da Vinci, por exemplo, tomaram por ponto de pattida a ideia do homen como foco central das relagdes sociais, polit cas e econtimicas a fim de descrevé-lo (¢ as coisas que Ihe diziam res- peito), nao como gostariam que fosse, mas comaefetioamente era. Eo que era? Um ser constituido historicamente num discursofilos6fico, carac- terizado por ser um animal politico (zoén politiké’) dotado, por natureza, de individualidade, iberdade e racionalidade, formado por uma his- ‘ria, uma lingua e um desejo, No final do século XIX, hé uma revira- volta intelectual: surge um movimento tentando evitar toda referencia ‘a um ator racional, inclusive suprimir todo recurso a ideia de sujito. Os trés iconoclastas criadores do pensamento contemporaneo, Marx, Nietzsche e Freud, combateram as andlises fundadas na subjetividade. ‘Quanto ao século XX, levou ao paroxismo a demolicio dos atores: foi 0 “século do anonimato, 0 século das vitimas das guerras e dos deporta- os, o século dos exércitos industrializados e das salas de espetéculo” (A. Touraine). 0 interessante a observar é que todos os saberes que ‘Aristoteles denominava politica, os modernos passaram a chamar sucessivamente de Geisteswissenschafien (ciencias do esptrito), moral sciences, cncias humanas, ciéncias sociais, cincias do homem e cién- cias saciais eriticas. Uma das grandes contribuigdes do Renascimento foia de promovera doutrina situando o homem como valor supremo “medida de todas as coisas”, seu destino ndo podendo mais subor- dinar-se a nenhuma lei exterior (divina, natural ou hist6rica).* Com o inicio da modernidade, surge uma nova maneira de se conceber o homem. Comega a se libertar das tutelas tradicionais que ‘pesam sobre seu destino, Doravante, ousa dizer: “Eu”. O mundo social muda de centro de gravidade. O individuo se tora o objetivo e a norma de tudo, Toma consciéncia de que, doravante, o poder no deve ais ser exercido em nome dos deuses, mas em nome dos homens e fora de toda referencia ao transcendente, Ao promover o culto de si, passa a constituir 0 valor central da existéncia: “o individuo ¢ 0 ser social” (Mars). Trata-se de um humanismo fundado numa filosofia do sujeito e proclamando sua autonomia, nao 66 situando © homem, sua liberdade e sua felicidade no centro de suas preocupacdes e decisées fundamentais, libertando-o das leis recebidas do exterior, mas rom pendo com a sociedade heterdnoma que o submetia e 0 sufocava: ‘aquela cuja lei (nomos) era dada por um outro (hieteros). O problema ‘que se pie néo € 0 de saber se o individuo € mais livre ou definido ‘pelas estruturas sociais, Todo mundo reconhece que sua autonomiza- cho crescente ndo significa menos sociedade, pois 6 plenamente social ea sociedade é a resultante das ag6es individuais: 0 advento do indi- “viduo néo ocorreu por uma negacio da sociedade, mas pela descober- ta de uma nova maneira de se construf-la, Todo o pensamento de Descartes repousa na afirmagio da aulo- rnomia do Eu. © Cogito simboliza a autonomla da Razdo e onascimento do Sujeito, Ao elaborar sua teoria do individuo, Locke, recusando-se a justificar o despatismo e defendendo o liberalismo politico, no 86 sustenta que os homens fizeram um contrato politico para proteger € defender sua vida e seus bens, mas declara ser o homem portadox de uma “propriedade desi’, devendo afirmar-se como seu proprio mestre. SS Se ee Donde a énfase que dé em suas Cartas sabre a folerncia: “A liberdade absoluta,a liberdade justa e verdadeira, uma liberdade igual eimpar- cial, eis aquilo de que precisamos” .O poder estabelecido deve se limi- tar aos bens civis dos homens, néo devendo se intrometer em euas questdes espirituais e crencas. Essa corrente de pensamento tem o ‘mérito de, a0 proclamar sua independéncia, desenvolver 0 espfrito

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