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Aula Pratica

O documento descreve duas situações sucessórias complexas envolvendo transações imobiliárias. No primeiro caso, um homem falece e deixa bens para serem distribuídos entre a viúva e filhos de relações anteriores. No segundo caso, uma mulher vende um imóvel enquanto o marido está ausente e depois falece, gerando disputa sobre a propriedade.

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O documento descreve duas situações sucessórias complexas envolvendo transações imobiliárias. No primeiro caso, um homem falece e deixa bens para serem distribuídos entre a viúva e filhos de relações anteriores. No segundo caso, uma mulher vende um imóvel enquanto o marido está ausente e depois falece, gerando disputa sobre a propriedade.

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

AULA PRÁTICA: DIREITO CIVIL GERAL, FAMÍLIA, SUCESSÕES, REAIS,


NOTARIADO E REGISTO PREDIAL

Discente: Manuela Saugina Roberto Fernando

Docente:

Maputo, Agosto de 2023


Aula prática: direito civil geral, Família, Sucessões, Reais, Notariado e Registo
Predial

Parte A
Joe António, faleceu há 1 ano no estado de casado sob a separação de bens
com Juana, tendo deixando a seguinte situação:
1. Teve um espólio patrimonial composto por:
a. Dois imóveis em Maputo valendo cada 2 milhões de Meticais;
b. Duas viaturas valendo cada 400 mil Meticais;
c. Uma conta Bancária de 700 Mil Meticais;
d. Uma quota em sociedade com irmãos detendo uma quota de 200 mil
Meticais.
2. O casal teve 2 filhos sendo que ele saía de um casamento anterior do qual gerou
3 filhos tendo falecido o último, mas deixando 1 filho, ora seu neto.
3. Ele doou, em vida, os dois imóveis e uma viatura ao primeiro filho da relação
anterior.
4. Uma viatura vendeu ao segundo filho da relação anterior por 200 mil Meticais.
5. Sabe-se que ele faleceu no alto mar em Inhambane em queda de embarcação
de recreio de um seu amigo não tendo sido encontrado o cadáver e jamais feito
o registo.
6. Sabe-se ainda que ele não reconheceu um filho tido de uma relação com uma
sócia da empresa, mas o referido pretende fazer valer a sua posição sucessória.
Qualifique juridicamente os momentos do episódio em vista a
efectivação da devolução sucessória numa perspectiva correctiva e de
cruzamento entre o direito substantivo e processual registral-notarial.

R: de acordo com o número 1 do artigo 233 do Código de Registo Civil (CRC), o


falecimento de qualquer indivíduo deve ser declarado verbalmente, dentro de quarenta e
oito horas, no posto ou na conservatória do registo civil em cuja área tiver ocorrido o
óbito ou se encontrar o cadáver, no entanto, sabendo-se que ele faleceu no alto mar em
Inhambane em queda de embarcação de recreio de um seu amigo não tendo sido
encontrado o cadáver, a competente autoridade de bordo deve lavrar, na presença de duas
testemunhas, um auto de ocorrência que remete à Conservatória dos Registos Centrais,
incumbindo a esta promover a respectiva justificação judicial, contudo, como estava
numa embarcação de recreio de um seu amigo, o auto de ocorrência é substituído por
auto de averiguações lavrado pela entidade marítima competente conforme aludem o
número 2 e 3 do artigo 246 do (CRC).
A morte do Joe António deu lugar a abertura da sucessão, pois de acordo com o artigo 7
da Lei de sucessões “A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no lugar do
seu último domicílio voluntário”, assim sendo, aberta a sucessão, serão chamados à
titularidade das relações jurídicas do falecido, aqueles que gozam de prioridade na
hierarquia dos sucessíveis, desde que tenham a necessária capacidade sucessória (n.º 1 do
artigo 8).
Uma vez que o Joe António, faleceu há 1 ano no estado de casado sob a separação de
bens com Juana, a administração da herança, até à sua liquidação e partilha, pertence ao
cabeça-de-casal, (artigo 68), que pode ser escolhido nos termos do artigo 62.
Tendo o Joe António doado, em vida, os dois imóveis e uma viatura ao primeiro filho da
relação anterior, e uma viatura vendeu ao segundo filho da relação anterior por 200 mil
Meticais, se estes pretenderem entrar na sucessão devem restituir à massa da herança,
para igualação da partilha, esta restituição tem o nome de colação nos termos do n.º 1 do
artigo 89. Sabendo-se saia de um anterior casamento no qual gerou 3 filhos tendo
falecido o último, mas deixando 1 filho, ora seu neto, este neto tem o direito de
representar o seu pai na sucessão (artigo 125). Uma vez que ele não reconheceu um filho
tido de uma relação com uma sócia da empresa, mas o referido pretende fazer valer a sua
posição sucessória, este pode exigir o reconhecimento da paternidade tanto por
perfilhação como por decisão judicial em acção de investigação.

Parte B
Sandra Mateus, casada em separação de bens com Kenneth Sitoe, vendeu 1
imóvel em 2019, por 1 milhão de meticais, a Julião, numa altura em que
Kenneth se encontrava nos E.U.A. em estudos, não tendo sido, por isso, possível
comunicá-lo sobre a venda. Julião não registou a aquisição na altura da compra.
Ainda em 2019, Sandra Mateus faleceu e o único filho dela, da anterior relação,
regressou de Portugal aonde se encontrava a viver e após a habilitação de
herdeiros, fez a aquisição sucessória do imóvel que permanecia no registo a
favor da falecida. Hoje, 2023, Kenneth Sitoe acha-se herdeiro e Julião considera-
se proprietário (pela compra) numa altura em que o imóvel está sendo
executado pelo Banco BB, decorrente do não pagamento da dívida por parte do
Pires Lucas que o adquiriu do filho da Sandra ainda em 2019 por 800 mil
Meticais, com recurso a crédito garantido por hipoteca àquele banco.
Qualifique o caso e emita o competente parecer jurídico correctivo dos
acontecimentos na ordem substantiva e processual registral-notarial.

R: Na presente hipóteses estamos perante uma disputa sobre um imóvel que em vida
pertencia a Sandra Mateus, casada em separação de bens com Kenneth Sitoe e mãe de
um filho. Sucede, porém, que, sendo a Sandra casada em separação de bens com o
Kenneth Sitoe, cada um deles conserva o domínio e fruição de todos os seus bens
presentes e futuros, podendo dispor deles livremente de acordo com o artigo 158 da
Lei de Família (LF), assim sendo, ela tem legitimidade para vender o referido imóvel
ao Julião, porém, Julião ao não fazer registo tornou o negócio invalido pois de acordo
com o artigo 875 do Código Civil (CC) o contrato de compra e venda de bens imóveis
só é válido se for celebrado por escritura pública, pois o Registo goza da presunção
legal de veracidade e autenticidade, o que implica que a situação jurídica resultante
do registo se presuma legalmente verdadeira.
Sendo que a Sandra Mateus era casada em separação de bens com Kenneth Sitoe, este
não tem direito a suceder na herança da Sandra, sendo seu herdeiro, o seu filho,
podendo este vender para o Pires Lucas, que por sua vez, pode adquirir por hipoteca,
e o banco também pode executar o imóvel conforme alude o artigo 687 do CC que
estabelece que “a hipoteca confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de certas
coisas imóveis, ou equiparadas, pertencentes ao devedor ou a terceiro, com
preferência sobre os demais credores que não gozem de privilégio especial ou de
prioridade de registo.

. Agosto de 2023 M. Didier Malunga

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