SD3 - CIRANDA DIALÓGICA LITERÁRIA: O OPERÁRIO EM
CONSTRUÇÃO
Fabiana Leite de Assis
A sequência didática, aqui sugerida, foi planejada no intuito de desenvolver e
fortalecer o letramento literário contemplando o diálogo com o curso médio integrado à
educação profissional: Técnico em Edificações – modalidade PROEJA, IFB/campus
Samambaia.
As 12 aulas propostas abrangem um total de 600 minutos, considerando 100
minutos para cada encontro. Elas se organizam no sentido de estabelecer a interlocução
com os jovens e adultos dessa modalidade, mais especificamente do 1º segmento, visto
que este, segundo o Plano de curso, direciona a abordagem para a Literatura
contemporânea e moderna I, na qual os textos desta proposta estão compreendidos.
A decisão por construir uma sequência didática para o letramento literário teve
como eixo motivador e norteador o trabalho da professora doutora Rosa Amélia Pereira
da Silva (2016), que na obra Travessias literárias em perspectiva interacionista – teoria e
prática, desvela, por meio da proposição das Cirandas Dialógicas Literárias, as
possibilidades advindas do processo dinâmico de interlocução estabelecido entre leitor e
texto literário.
O termo ‘Ciranda’ remete à ideia de movimento coletivo, de interação, daí a
escolha do vocábulo para designar a estratégia das rodas de leitura orientadas por
sequência didática para o desenvolvimento do letramento literário. Estas consideram as
etapas de planejamento, a preparação do professor, a motivação, a leitura, a releitura e a
movimentação dos leitores na direção de interlocução com o texto, compreendendo suas
possibilidades e limites. E para completar esse ciclo, ocorre a produção textual.
Outro aspecto relevante são as perspectivas de interação com outros campos do
conhecimento proporcionados pelo texto literário, nesta sequência sugere-se a integração
com História, Geografia, Arte, Sociologia e Informática, contemplando, também, o
diálogo com a área técnica, já que os textos selecionados conversam com a realidade do
Técnico em Edificações – modalidade PROEJA e conduzem os estudantes para a
construção reflexiva sobre os processos históricos, sociais, políticos e econômicos.
Esse paradigma interdisciplinar que busca a integração das distintas áreas do
conhecimento é amplamente defendido no Plano de Curso e se configura como eixo
condutor para a práxis pedagógica.
Nesse sentido, pretende-se, enquanto objetivo geral, desenvolver a habilidade de
leitura e interpretação de texto literário, isto é, estratégias de leitura literária que
propiciem a construção da reflexão crítica e a produção escrita de texto.
Para consolidar o objetivo anterior foram projetados os seguintes específicos:
construir os sentidos do texto literário estabelecendo relações entre o simbólico explanado
no texto, nas pinturas, nas fotos relacionando-os ao mundo real; identificar a importância
das figuras de linguagem na construção do sentido simbólico do texto; ampliar a
percepção das dimensões sociais e políticas sobre a situação do trabalhador; identificar a
denúncia social a respeito da situação dos trabalhadores contida nas pinturas, fotos e texto
apresentados; articular conhecimentos linguísticos, históricos, artísticos, geográficos e
sociológicos; produzir texto autoral abordando a trajetória profissional e o papel do
PROEJA Técnico em edificações nesse processo.
Assim, a operacionalização da sequência didática se dará em seis etapas, para cada
uma foram destinados 100 minutos. Elas se organizam em apresentação, quadro-síntese
e a descrição do passo a passo das atividades.
A primeira etapa contempla a motivação a partir da leitura e análise de pinturas,
fotos, música e vídeos num circuito de Rotação por Estações de Aprendizagem. A
segunda, terceira e quarta fases referem-se à análise do texto: “O operário em
construção”; já as duas últimas consideram a Produção e reescrita de texto.
Vale destacar que os conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais,
definidos por Zabala (1998) estão presentes na sequência didática, sobretudo, na
integração proposta com outras áreas do conhecimento.
Quadro Síntese
CIRANDA DIALÓGICA DE LEITURA - O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Curso técnico em Edificações na modalidade PROEJA
CURSO/SÉRIE
Literatura contemporânea e moderna I
Língua Portuguesa
Arte
História
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Geografia
Sociologia
Informática
Língua Portuguesa: Leitura e interpretação de texto literário,
pinturas, fotos, música; Produção de texto autoral;
Arte: Biografia de Tarsila do Amaral; Análise das obras:
“Operários” e “Segunda Classe” de Tarsila do Amaral;
CONTEÚDOS
História: Capitalismo e industrialização na Era Vargas;
Geografia: Espaço geográfico brasileiro do início da década de
1930, baseado no modelo primário- exportador.
Sociologia: Conceito de alienação, mais-valia, classe dominante,
modo de produção capitalista.
OBJETIVO GERAL
• Desenvolver a habilidade de leitura e interpretação de texto literário, isto é, estratégias de leitura literária
que propiciem a construção da reflexão crítica e a produção escrita de texto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Construir os sentidos do texto literário estabelecendo relações entre o simbólico explanado no texto, nas
pinturas, nas fotos relacionando-os ao mundo real;
• Identificar a importância das figuras de linguagem na construção do sentido simbólico do texto;
• Ampliar a percepção das dimensões sociais e políticas sobre a situação do trabalhador;
• Identificar a denúncia social a respeito da situação dos trabalhadores contida nas pinturas, fotos e texto
apresentados;
• Articular conhecimentos linguísticos, históricos, artísticos, geográficos e sociológicos;
• Produzir texto autoral abordando a trajetória profissional e o papel do PROEJA Técnico em edificações
nesse processo.
DURAÇÃO
12 aulas de 50 minutos
RECURSOS DIDÁTICOS
Datashow; Imagens; Textos; Laboratório de informática, Vídeos, Música.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Sequência didática para o letramento literário aqui proposta está baseada na construção do conhecimento
respaldada na aprendizagem conceitual, factual, procedimental e atitudinal explicitadas por Antoni Zabala.
Todavia, os conhecimentos conceituais e factuais se sobressaem na Ciranda Dialógica Literária.
Etapa 1
A etapa 1 refere-se à motivação, ou seja, preparação para explanar o texto:
Operário em Construção de Vinícius de Moraes.
A sensibilização ocorrerá a partir da explanação de atividades distribuídas em seis
estações de aprendizagem, as quais envolverão a análise de duas pinturas de Tarsila do
Amaral; vídeo sobre os principais fatos da biografia da artista; reflexão sobre a música:
Cidadão de Lúcio Barbosa e a respeito do vídeo sobre a Era Vargas (Indústria e
populismo); também contará com a análise de fotos e vídeos sobre a situação dos
operários no início da construção de Brasília.
Cada estação possui um roteiro com as atividades que nortearão as análises e
reflexões dos estudantes.
Etapa 1
Duração 100 minutos
• Realizar as atividades propostas em cada estação;
Objetivo da aula
• Socializar as experiências vivenciadas nas estações na Roda de conversa.
Língua Portuguesa: Leitura e interpretação de pinturas, fotos, música;
Arte: Biografia de Tarsila do Amaral; Análise das obras: “Operários” e “Segunda
Conteúdo(s) Classe” de Tarsila do Amaral; História: Capitalismo e industrialização na Era Vargas;
Geografia: Explorar como estava configurado espaço geográfico brasileiro do início
da década de 1930, baseado no modelo primário- exportador.
Recursos Datashow, computadores, fotos, textos, folhas, imagens.
Avaliação atitudinal e procedimental; O estudante responde integralmente aos
questionamentos apresentados em cada estação? Sabe escutar o colega? Participa dos
Avaliação
processos de análise, reflexão e síntese propostos pelas estações: apontando,
dialogando, tirando dúvidas, acrescentando novas informações?
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Sensibilização e levantamento de conhecimentos Os estudantes deverão Acompanhar o trabalho
prévios percorrer as todas as 6 dos grupos nas estações,
estações, em grupos de 4 orientando, tirando
Rotação por Estações de Aprendizagem:
ou 5 alunos e dúvidas.
Criação de um circuito de estações dentro de sala de responderem as
aula. atividades solicitadas.
Após a finalização das
Cada estação propõe uma atividade diferente.
atividades nas estações.
Para mais informações sobre Rotação por Estações Caso a turma tenha um O professor deve instigar
de Aprendizagem: número significativo de a participação dos
https://novaescola.org.br/conteudo/3352/blog-aula- alunos, o professor pode estudantes na Roda de
diferente-rotacao-estacoes-de-aprendizagem levar toda a turma em conversa para que
cada estação. possam socializar suas
experiências. Nesse
1ª Estação: Observação e análise da obra: momento, o professor
Operários, 1933, Tarsila do Amaral. (12 min) também pode ampliar as
informações,
2ª Estação: Observação e análise da obra: Segunda
Após transitar pelas enriquecendo-as.
classe, 1933, Tarsila do Amaral. (12 min)
diferentes estações, os
3ª Estação: Vídeo: Biografia e fases artísticas educandos devem
Tarsila do Amaral. (12 min) socializar suas
experiências na Roda de
4ª Estação: Vídeo: Música: Cidadão (letra e vídeo)
Conversa.
com Zé Ramalho, vídeo Moacir Silveira. (12 min)
5ª Estação: Vídeo: Era Vargas (Indústria e
populismo) / Na Cola da Prova. (12 min)
6ª Estação: 1-Observação das fotos. 2- Vídeo:
Capítulo 3- O projeto urbanístico de Brasília e a dura
realidade dos trabalhadores. (12 min)
Após o percurso pelas estações propor uma Roda de
conversa para comentar sobre as atividades propostas
por cada estação. (28 min)
Passo a passo das estações
1ª Estação:
Observação e análise da obra: Operários, 1933, Tarsila do Amaral.
Operários, 1933, Tarsila do Amaral.
Questões para instigar a interpretação da obra:
1- Quem conhece essa obra?
Observem os elementos de fundo da pintura e as figuras humanas para que
respondam:
2- Que elementos podem ser destacados com relação ao cenário? (Observem os
cilindros verticais no canto superior da tela).
3- Quais observações podem ser destacadas sobre a disposição/ organização das
pessoas na tela?
4- Quais características são comuns a esses trabalhadores?
5- Quais as cores usadas pela artista? O que essas cores sugerem?
6- O que sugere o semblante das pessoas?
7- Descreva no que esses operários se distinguem?
8- Qual a classe social é retratada na obra?
9- O que essa pintura está anunciando? Há denúncia social?
10- Que cidade é essa?
11- Qual a intenção da artista?
2ª Estação:
Observação e análise da obra: Segunda classe, 1933, Tarsila do Amaral.
Segunda Classe, 1933. Tarsila do Amaral.
Questões para nortear a interpretação da obra:
1- Vocês conhecem essa obra: Segunda classe?
2- É possível afirmar que a artista externa preocupações ao retratar essa imagem?
3- Identifique qual a intencionalidade da obra, ou seja, o que ela pretende transmitir?
4- Que posicionamento Tarsila do Amaral parece assumir diante do tema
representado?
5- Observem a cena e descrevam os aspectos objetivos/ concretos e os
subjetivos/psicológicos.
6- Observem as mulheres na imagem, vejam a posição que elas são retratadas. O que
esse fato expressa?
7- Observem as crianças. Descrevam o que elas parecem expressar.
8- Quais as cores usadas pela artista? O que essas cores sugerem?
9- Essa obra foi produzida num período em que o Brasil vivenciava um novo
contexto econômico, político, social da industrialização e do capitalismo
alavancado por Getúlio Vargas. Explique a partir da análise da obra quais os
reflexos desse período para a classe trabalhadora:
3ª Estação:
Vídeo: Biografia e fases artísticas Tarsila do Amaral
https://www.youtube.com/watch?v=vsjpt3P1K68&t=4s
Tempo: 8:09
Atividade: Assista ao vídeo e destaque os principais fatos da vida da artista.
4ª Estação:
Música: Cidadão (letra e vídeo) com Zé Ramalho, vídeo Moacir Silveira
https://www.youtube.com/watch?v=-FaWFA6tuFE
Tempo: 4:09
Atividade: Assista ao vídeo e responda:
1- A canção Cidadão foi composta na década de 70 pelo poeta baiano Lúcio Barbosa,
uma homenagem que prestou a seu tio Ulisses. Ulisses era pedreiro e havia
construído muitas obras na cidade, mas não possuía casa própria.
1.1- A canção pinta um retrato da sociedade brasileira. Descreva como ela é:
2- O título da canção é “Cidadão”. O termo Cidadão refere-se a um indivíduo em
pleno gozo dos seus direitos civis e políticos e no desempenho de seus deveres
para com o Estado. Explique qual a visão que o compositor transmite acerca do
cidadão retratado por ele na canção.
3- Explique qual a denúncia contida na música.
5ª Estação:
Vídeo: Era Vargas (Indústria e populismo) / Na Cola da Prova
https://www.youtube.com/watch?v=gjq7Ix6B3Qc
Tempo: 5:53
Atividade: Assista ao vídeo e destaque os principais acontecimentos da Era Vargas:
6ª Estação:
Atividade: Observem as fotos e tentem identificar a circunstância em que ocorreram:
Links das fotos:
https://www.buzzfeed.com/br/clarissapassos/fotos-inacreditaveis-da-construcao-de-
brasilia
http://memorialdademocracia.com.br/card/construcao-de-brasilia/5
https://incrivelhistoria.com.br/brasilia-21-fotos-construcao/
1- Após a observação das fotos, assista ao seguinte vídeo e responda a questão que
segue.
Vídeo: Capítulo 3- O projeto urbanístico de Brasília e a dura realidade dos trabalhadores
https://www.youtube.com/watch?v=cap01IN6838
Tempo: De 4:25 até 8:43
2- Escreva as sensações e impressões percebidas a partir da observação das fotos e
das informações do vídeo.
Etapa 2
Disposição da turma em círculo para operacionalização da Ciranda Dialógica
Literária, a qual realizará a leitura individual e/ ou coletiva do texto literário: O operário
em construção de Vinícius de Moraes e contará com um roteiro para auxiliar a construção
dos sentidos do texto literário.
Etapa 2
Duração 100 minutos
• Ler individual e/ou coletivamente o texto literário: Operário em construção de
Vinícius de Moraes;
Objetivo da aula
• Construir os sentidos do texto literário estabelecendo relações entre o simbólico
explanado no texto e o mundo real
Conteúdo(s) Leitura e interpretação do texto literário
Recursos Texto impresso
Avaliação atitudinal e procedimental: Observar se o estudante lê com entonação;
respeita a pontuação; questiona significados, marca palavras das quais desconhece o
sentido. busca dentro e fora do texto significados não compreendidos; faz predições
em relação ao que lê; reconhece informações implícitas e explícitas; realiza
inferência; responde integralmente aos questionamentos apresentados em cada
Avaliação estação; sabe escutar o colega; participa dos processos de análise, reflexão e síntese
propostos pelas estações: apontando, dialogando, tirando dúvidas, acrescentando
novas informações.
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Dispor os estudantes num grande círculo para Realizar a leitura individual Conduzir a leitura
realização da Ciranda Literária Dialógica. do texto, destacando os termos coletiva do texto
desconhecidos para os devidos literário.
Problematização para a leitura do texto:
esclarecimentos posteriores.
Apresentar o título do texto que será lido e
perguntar: Propor questões para
Responder as questões instigar a análise,
O que sugere o título O Operário em
suscitadas pelo professor, a compreensão e
construção?
partir da análise e interpretação críticas do
Leitura individual e/ ou coletiva do texto interpretação do texto. texto.
literário
Nortear a interpretação a partir das questões
sobre o texto:
Atividade 1.
Passo a passo da etapa 2
O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Vinícius de Moraes (Rio de Janeiro, 1959)
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os
reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem
quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Estratégias para a condução da leitura comentada
Atividade 1
a) A expressão – título do poema é ‘O operário em construção’ e não ‘O Operário da
construção’. Explique a distinção/diferença existente entre as duas expressões.
b) Aponte o sentido que a expressão ‘O Operário em construção’ assume no texto.
(Remete a sua função no mundo do trabalho e na tomada de consciência que se opera
nele como operário cônscio da sua importância social e como ser humano pela
amplitude da perspectiva alcançada.)
c) Logo na 1ª estrofe, o eu lírico ao descrever o operário atribui-lhe a força da ação, da
construção: “Era ele que erguia casas/ Onde antes só havia chão”. O que essa
informação revela sobre o papel do operário para o desenvolvimento econômico.
d) O eu-lírico descreve/ narra a trajetória do operário e logo na 1ª estrofe afirma “Que a
casa que ele fazia / sendo sua liberdade/ era sua escravidão”. Aponte o sentido que
essa construção assume no texto.
e) O poeta utiliza a linguagem e constrói imagens que transcendem o comum, o usual,
isto é, o sentido denotativo e penetram no domínio do não usual, do singular, do
conotativo (sentido figurado). É possível identificar o uso criativo da linguagem nessa
primeira estrofe? Aponte esses momentos nessa primeira estrofe.
(O professor deve conduzir os estudantes para a percepção da comparação
evidenciada na apresentação do operário por meio de uma comparação e da metáfora
que o identifica como trabalhador da construção civil sem consciência de sua
importância social).
f) Aponte os sentidos que as imagens destacadas assumem.
g) Na primeira estrofe, há uma associação de ideias contraditórias. Aponte o trecho:
(O professor deve enfatizar que a associação de ideias contraditórias caracteriza a
figura de linguagem paradoxo, por isso as palavras “liberdade e escravidão” são
associadas não como ideias opostas (antítese), mas como um paradoxo – já que o
produto do trabalho que deveria ser a garantia de liberdade para o operário;
configurou-se em sua escravidão.)
h) É possível afirmar que a construção no operário da percepção crítica sobre si e sobre
sua condição de formador da sociedade vai se estabelecendo de forma contínua,
gradativa no texto? Comente.
i) A gradação é um recurso que oferece maior expressividade ao texto, utiliza uma
sequência de termos que enfatizam uma ideia de forma contínua, gradativa. Aponte a
gradação nos versos que seguem:
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Etapa 3
Continuar a Ciranda Dialógica Literária do texto: O operário em construção de
Vinícius de Moraes, a partir das Atividades 2 e 3 que nortearão a construção dos
sentidos do texto.
Etapa 3
Duração 100 minutos
• Dar sequência a análise do texto: O operário em construção;
• Construir a compreensão do texto lido, relacionando informações
Objetivo da aula implícitas e explícitas.
• Criar um esboço contendo tópicos sobre os principais fatos da trajetória
profissional
Conteúdo(s) Análise do texto literário
Recursos Texto impresso, folha
Avaliação procedimental: verificar se o estudante responde aos
questionamentos apresentados pelo professor; sabe escutar o colega;
Avaliação identifica informações implícitas e explícitas; participa dos processos de
análise, reflexão e síntese propostos: apontando, dialogando, tirando
dúvidas, acrescentando novas informações.
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Num grande círculo, dar Construir os sentidos do texto Instigar a análise das informações
continuidade a Ciranda apoiado nas questões implícitas e explícitas do texto,
Dialógica Literária do texto: propostas pelo educador. propondo questões que direcionem
O operário em construção de o processo de construção de
Criar um esboço com tópicos
Vinícius de Moraes, a partir sentidos.
dos principais fatos/
das questões das Atividades
acontecimentos da trajetória Orientar os estudantes para que
2 e 3.
profissional, enfatizando o criem um esboço com frases sobre
Cada estudante deve criar sonho, o desejo, os desafios, os principais fatos/ acontecimentos
um esboço, listando tópicos os entraves, as superações, as da trajetória profissional,
sobre os principais fatos da conquistas e qual o destacando sonhos, desafios,
trajetória profissional. significado/ importância do dificuldades, superações,
Proeja Técnico em conquistas, dissabores e o papel da
Edificações para esse Proeja Técnico em Edificações
processo. nesse processo.
Atividade 2
Tempo: 40 min
a) É dito que o operário tudo desconhecia da sua grande missão. Aponte em que
momento dá-se a tomada de consciência desse operário.
b) Nos versos: Mas ele desconhecia/ esse fato extraordinário/ Que o operário faz a coisa/
E a coisa faz o operário. Em que sentido pode-se explicar essa relação entre construtor
e coisa construída. Qual a intencionalidade do eu- poético ao destacar a ideia de
homem e obra.
c) Na quarta estrofe, os homens de pensamento, os intelectuais, os entendidos são
evocados e confrontados. Aponte em que sentido o operário confronta-os.
d) O texto é construído a partir de símbolos, na quarta estrofe, a mão adquire um novo
significado: “Olhou sua própria mão/ Sua rude mão de operário/ De operário em
construção/ E olhando bem para ela/ Teve um segundo a impressão/ De que não havia
no mundo/ Coisa que fosse mais bela”. A mão é simbólica. Aponte o sentido adquirido
por esse símbolo no texto.
e) O poeta ao construir o texto literário consegue externar uma visão sensível, crítica,
profunda, em diálogo com outras vozes, outros textos, outras realidades; estabelecendo
teias, promovendo rupturas. No texto, o operário também adquire uma nova dimensão:
a dimensão da poesia. Explique como a dimensão da poesia adquirida pelo operário se
constrói e se consolida no decorrer do texto, em que situações podem-se comprovar
isso.
f) O poeta trabalha com os opostos para traçar o abismo existente entre a situação do
operário e do patrão: “Notou que sua marmita/ era o prato do patrão / que sua cerveja
preta/ era o uísque do patrão...”. Esta descrição dialoga com o modo de produção
capitalista? Aponte essas relações.
g) Explique em que sentido as figuras do patrão e do operário se relacionam às figuras de
Jesus Cristo e do diabo retratadas na epígrafe (curta citação registrada no início da
obra) do texto bíblico do evangelho de Lucas.
Atividade 3
Tempo: 25 min
a) No trecho “o operário faz a coisa/ e a coisa faz o operário” há uma associação de
ideias contraditórias caracteriza a figura de linguagem paradoxo. Explique o efeito de
sentido dessa associação.
(O operário constrói as condições materiais de existência da sociedade e se forma,
passando a ter conhecimento de que sua ação tem também uma importância essencial
na sociedade.)
b) A metonímia é uma figura de linguagem que se respalda na substituição de termos
relacionados entre si, ou seja, que guardam uma relação de proximidade, de sentido
entre elas. Assim, pense no operário retratado no texto, ele remete apenas ao aspecto
individual, particular ou pode ser entendido numa perspectiva mais ampla como a
representação da classe operária?
(Enfatizar a figura de linguagem metonímia e sua importância para a construção do
texto. Citar exemplos para enfatizar a ideia de metonímia.)
c) Aponte a metonímia nas seguintes estrofes:
E assim o operário ia
com suor e com cimento (trabalho)
Erguendo uma casa aqui
adiante um apartamento
[…]
Como era de se esperar
As bocas da delação (operários que se mantém alienados)
Começaram de dizer coisas
Aos ouvidos do patrão (classe patronal, detentora dos bens de produção)
d) Nos versos:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Há o uso criativo da linguagem. Sabendo que metáfora é uma espécie de
comparação implícita, subjetiva em que o elemento comparativo não aparece.
Aponte a metáfora da estrofe.
Atividade 4
Tempo: 35 minutos
Criar um esboço com os principais fatos/ acontecimentos da trajetória
profissional, destacando sonhos, desafios, dificuldades, superações, conquistas,
dissabores e o papel da Proeja Técnico em Edificações nesse processo.
Etapa 4
Nessa etapa, os estudantes, organizados em grupo, percorrerão as estações de
aprendizagem, refletirão e responderão aos questionamentos propostos. Em seguida,
socializarão as reflexões construídas com o grande grupo.
Etapa 4
Duração 100 minutos
• Refletir e responder aos questionamentos propostos por cada estação de
aprendizagem;
• Refletir sobre algumas contradições e conflitos do sistema de produção
capitalista;
Objetivo da aula • Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção,
situando aspectos do contexto histórico, social e político;
• Socializar as reflexões construídas nas estações de aprendizagem;
• Iniciar a produção do texto em verso com o tema: Eu, operário em
construção.
Língua Portuguesa: Análise e reflexão sobre o texto.
Sociologia: Conceito de alienação, mais-valia, classe dominante, modo de
Conteúdo(s)
produção capitalista.
História: Era Vargas.
Recursos Folha, laboratório de informática.
Avaliação atitudinal e procedimental: observar se o estudante responde
integralmente aos questionamentos apresentados em cada estação; sabe
Avaliação escutar o colega; participa dos processos de análise, reflexão e síntese
propostos pelas estações: apontando, dialogando, tirando dúvidas,
acrescentando novas informações.
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Atividade 5 (60 min): Rotação por Estações de Os discentes, Dividir a turma em
Aprendizagem: organizados em 6 6 grupos.
grupos, deverão
Criação de um circuito de estações dentro de sala de percorrer todas as Percorrer as
aula. estações. estações e auxiliar
os estudantes.
Serão 6 estações.
A turma será dividida em grupos. Esses percorrerão Refletir e construir
cada estação. respostas escritas Organizar a
para as questões participação dos
Cada estação propõe um questionamento e reflexão
propostas. estudantes na roda
acerca do texto.
de conversa,
Cada grupo deve ler e responder ao questionamento momento que
proposto pela estação e registrar a resposta em uma Socializar as compartilharão as
folha, a qual permanecerá com o grupo até o fim do reflexões com o reflexões
circuito de atividades. grande grupo, na roda construídas no
de conversa. decorrer das
A resposta deve ser registrada por escrito e mantida
estações.
com o grupo.
Atividade 6 (40min): Socializar as reflexões
construídas pelos questionamentos propostos pelas
estações.
Atividade 5 - Rotação por Estações de Aprendizagem:
1ª Estação:
Tempo: 10 min
a) Segundo Karl Marx, no verbete “alienação” do Dicionário do Pensamento Marxista:
“alienação é a ação pela qual (ou estado no qual) um indivíduo, um grupo, uma
instituição ou uma sociedade se tornam (ou permanecem) alheios, estranhos, enfim,
alienados aos resultados ou produtos de sua própria atividade e/ou a natureza na qual
vivem, e/ou a outros seres humanos, e também a si mesmos (às suas possibilidades
humanas constituídas historicamente)”. (BOTTOMORE et al., 1988).
Nessa concepção de Marx, o indivíduo não compreende que participa ativamente
da formação da sociedade e da política, então passa a aceitar tudo sem
questionamentos, como algo natural, racional, divino. Esse tipo de alienação é
considerado o oposto do pensamento crítico. É possível afirmar que há na apresentação
inicial do operário uma alienação social?
b) O operário rompe com o processo de alienação imposto pela mercantilização das
relações sociais, onde tudo é transformado/ considerado mercadoria. O operário no
momento em que adquire uma percepção crítica do próprio papel na sociedade e nas
mudanças nesta, toma a consciência de classe. Essa tomada de consciência de classe
reverbera entre seus companheiros. Como o discurso do operário é incorporado à
rotina dos demais trabalhadores? Aponte os reflexos/ consequências que a percepção
crítica adquirida pelo operário tem no convívio com seus companheiros de trabalho.
2ª Estação:
Tempo: 10 min
As relações econômicas do modo de produção capitalista definem as classes
sociais - a partir da posse ou não dos bens de produção. Assim, a classe dominante é
aquela que detém os bens de produção, ou seja, detém a posse privada daquilo que garante
a vida material da sociedade num determinado contexto. Marx e Engels denominam
classe dominante como aquela que “em virtude de sua posição econômica, domina,
controla todos os aspectos da vida social”. A classe dominante, ou opressora como
nomeou Marx, também assume o controle da superestrutura política e ideológica, fazendo
com que a exploração exercida por ela não seja percebida como tal pelos dominados.
Explique de que forma essa posição de controle da classe dominante é abordada no texto.
Estabeleça, também, um paralelo com os dias atuais e analise se a denúncia feita pelo eu
lírico sobre a classe dominante permanece atual.
3ª Estação:
Tempo: 10 min
O operário observa a disparidade existente entre o trabalho produzido por ele e a
remuneração recebida. A remuneração não correspondia à força de trabalho empenhada
nem tampouco correspondia ao resultado desta atividade. O operário se deu conta do
processo de exploração estabelecido pelos detentores dos modos de produção. A esse
processo Marx chama de mais- valia que significa a diferença entre o valor produzido
pelo trabalho do operário e o salário pago ao trabalhador, o qual não condiz com sua
atividade laboral. Aponte o momento no texto em que se dá a compreensão desse
processo. Relacione, também, essa informação aos dias atuais e observe se a mais-valia
ainda se perpetua no âmbito social.
4ª Estação:
Tempo: 10 min
Nessa estação, os estudantes poderão acessar a internet para construir sua resposta.
Vinícius de Morais, autor de “O Operário em construção” passa por fases distintas
na sua produção artística, a primeira é mais voltada para a temática da amizade, amor,
cultura. Já o segundo momento de sua produção, embora menos numerosa, percebe-se
um engajamento político-social do artista, neste ele trata de temas como a segunda guerra
mundial, bomba atômica, dilemas sociais e políticos. O poema “O Operário em
construção” é escrito em 1956 num momento que a sociedade vivenciava as intervenções
econômicas do período comandado por Getúlio Vargas. Com base nessas informações, é
possível perceber as relações do texto com o seu contexto histórico de produção?
Explique.
Os textos de apoio abaixo deverão estar na estação para auxiliar os estudantes
TRECHO 1
“A permanência de Getúlio Vargas no poder não teria sido possível sem o
extraordinário sucesso econômico alcançado durante seu primeiro governo. Para se ter
noção do significado profundo desta afirmação, basta mencionar que, por volta de 1945,
nossa industrialização finalizava seu primeiro grande ciclo. Em outras palavras, pela
primeira vez, a produção fabril brasileira ultrapassa a agrícola como principal atividade
da economia. Nesse período também assistimos ao surgimento da indústria de base, ou
seja, aquela dedicada à produção de máquinas e ferramentas pesadas, à siderurgia e
metalurgia e à indústria química.
(...)
A industrialização acelerada teve efeitos não só econômicos, mas também
políticos e sociais. Como é sabido, a fábrica tem na cidade seu espaço privilegiado e, por
isso, a Era Vargas – incluindo aí seu segundo governo, entre 1950 e 1954 – é caracterizada
como uma época de intensa urbanização. Em 1920, por exemplo, apenas dois em cada
dez brasileiros residiam em cidades; vinte anos mais tarde essa mesma relação era de três
para dez; na década de 1940, tal proporção tornara-se equilibrada: quatro em cada dez
brasileiros moravam em áreas urbanas”.
A conquista dos direitos trabalhistas no Brasil: avanços e
contradições.http://historiahoje.com/a-conquista-dos-direitos-trabalhistas-no-brasil-
avancos-e-contradicoes/ Acessado em 29/05/2019
TRECHO 2
Nas Constituições
O passo decisivo para a criação da justiça trabalhista no Brasil, que passou a
aplicar a Consolidação das Leis do Trabalho, veio com a Constituição de 1934 (artigo
122), mas sua regulamentação só ocorreu em 1940 (Decreto 6.596). A Constituição
Federal de 1934 incluiu a Justiça do Trabalho no capítulo "Da Ordem Econômica e
Social". A função a ela atribuída era de resolver os conflitos entre empregadores e
empregados. Inicialmente integrada ao Poder Executivo, foi transferida para o Poder
Judiciário, o que suscitou acirrados debates entre parlamentares da época, sobretudo no
que diz respeito ao seu poder normativo.
A carta constitucional de 1934 trouxe avanços sociais importantes para os
trabalhadores: instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso
semanal, as férias anuais remuneradas e a indenização por dispensa sem justa causa.
Sindicatos e associações profissionais passaram a ser reconhecidos, com o direito de
funcionar autonomamente. Da mesma forma, a Constituição de 1937 também consagrou
direitos dos trabalhadores.
A Assembleia Constituinte de 1946, convocada após o fim da ditadura de Getúlio
Vargas, acrescentou à legislação uma série de direitos antes ignorados: reconhecimento
do direito de greve, repouso remunerado em domingo e feriados e extensão do direito à
indenização de antiguidades e à estabilidade do trabalhador rural. Outra conquista
importante da época foi a integração do seguro contra acidentes do trabalho no sistema
da Previdência Social.
História: A criação da CLT. https://trt-
24.jusbrasil.com.br/noticias/100474551/historia-a-criacao-da-clt. Acessado em
29/05/2019
5ª Estação:
Tempo: 10 min
Nessa estação, os estudantes poderão acessar a internet para construir sua resposta.
O texto “O Operário em construção” conversa com o contexto social, econômico
e político atual? Explique.
6ª Estação:
Tempo: 10 min
Nessa estação, os estudantes poderão acessar a internet para construir sua resposta.
Pense na História da Humanidade e recorde um momento em que a classe operária
promoveu rupturas, ou seja, adotou uma postura combativa em relação ao poder patronal.
Relate - o.
(Aqui pode –se comentar, entre outros fatos, as razões para a celebração do Dia
internacional da mulher- 8 de março e do Dia do trabalho – 1 de maio.)
Atividade 6
Tempo: 40min
Roda de conversa para socializar as reflexões construídas pelos questionamentos
propostos pelas estações.
Etapa 5
Nessa etapa, o discente construirá um texto em verso, um poema, relatando os
principais eventos de sua trajetória profissional e o papel do Proeja Técnico em
Edificações nesse processo.
Etapa 5
Duração 100 minutos
• Construir um texto em verso, um poema, sobre a trajetória profissional;
Objetivo da aula • Abordar na produção do poema o papel do Proeja Técnico em Edificações
nesse processo.
Conteúdo(s) Produção de texto
Recursos Papel, lápis, caneta, borracha.
Avaliação procedimental: observar se o estudante redige o texto de acordo
Avaliação com o comando; procura o professor e outros meios para sanar dúvidas sobre
ortografia, coerência, coesão, estrutura do texto.
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Escrever um texto em verso Construir o texto em verso abordando os Orientar e explicar como
com a seguinte temática: Eu, principais aspectos da trajetória construir o texto em
operário em construção profissional. verso.
Contar os principais aspectos da Atividade 7 (100 min)
trajetória profissional,
Retomar o esboço criado com os Acompanhar o processo
enfatizando o sonho, o desejo,
principais fatos/ acontecimentos da de produção de texto
os desafios, os entraves, as
trajetória profissional e o papel da tirando dúvidas.
superações, as conquistas e qual
Proeja Técnico em Edificações nesse
o significado/ importância do
processo e iniciar a produção do texto
Proeja Técnico em Edificações
em verso.
para esse processo.
Etapa 6
Nessa etapa, os estudantes devem reescrever o texto realizando as devidas
correções apontadas pelo professor.
O docente deve expor esses textos no mural e solicitar aos discentes que postem
também no Blog da turma, criado com o objetivo de socializar a produção dos estudantes.
Etapa 6
Duração 100 minutos
Objetivo da aula Reescrever o texto em verso realizando as devidas correções.
Conteúdo(s) Reescrita do texto em verso.
Recursos Papel, lápis, caneta, borracha.
Avaliação procedimental: observar se o estudante reescreve o texto de acordo
Avaliação com as orientações apontadas; procura o professor e outros meios para sanar
dúvidas.
Atividades Papel do aluno Papel do professor
Atividade 1 Reescrever o texto Orientar e explicar como
observando as orientações reescrever o texto.
Reescrever o texto em verso observando
apontadas.
as adequações apontadas. Acompanhar o processo de
Postar o texto reescrito no reescrita de texto, tirando as
Atividade 2
Blog da turma. dúvidas.
Após reescrever o texto e realizar as
Expor os textos no mural da
devidas correções, o professor deve
escola e solicitar aos
expor os textos no mural da escola e
estudantes que postem o
solicitar aos estudantes que postem
texto no Blog da turma ,
também no Blog da turma, criado com
criado com o objetivo de
esse objetivo (Os estudantes podem
divulgar a produção dos
realizar a postagem no Blog como tarefa
alunos.
de casa).
Referências:
BOTTOMORE, T (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar,
1988.
SILVA, Rosa Amélia Pereira da. Travessias Literárias me perspectiva interacionista:
teoria e prática. Brasília/ Arinos: [s.n.], 2016.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Quadro Operários, de Tarsila do Amaral. Disponível em: <
https://www.culturagenial.com/quadro-operarios-de-tarsila-do-amaral/ Acesso em 28 de
maio de 2019.
Tem muitas histórias do Brasil nas telas de Tarsila do Amaral. Disponível em: <
https://novaescola.org.br/conteudo/1063/tem-muitas-historias-do-brasil-nas-telas-de-
tarsila-do-amaral. Acesso em 28 de maio de 2019.