Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Departamento de Ciências Administrativas Escola de Administração
Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Departamento de Ciências Administrativas Escola de Administração
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
Robson Pulz
Porto Alegre
2013
Robson Pulz
Aprovado em.
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Prof. Guilherme Kirch - Orientador
---------------------------------------------------------------------------
Prof.
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai e a minha mãe, que são os grandes responsáveis pelo caminho trilhado
por mim até onde estou hoje, pois sempre me concederam educação, carinho e afeto, e
nunca mediram esforços para me proporcionar o melhor possível a cada momento vivido.
Aos meus irmãos e familiares, que me ensinaram e me inspiraram em muitos
momentos, e que sempre me ofereceram suporte nas mais diversas situações de vida.
Aos meus amigos de infância, que sempre estiveram por perto e que me
proporcionaram muitas alegrias.
Aos meus amigos e colegas da Escola de Administração da UFRGS, que me
proporcionaram momentos de diversão, de intensidade e de alegrias durante todo o período
acadêmico.
A todos os professores dos quais fui aluno, que contribuíram muito para eu chegar
onde estou e que, acima de tudo, fizeram de mim um bom cidadão para a sociedade.
A todas as pessoas que passaram por minha vida e que, de alguma forma,
acrescentaram algo que me fizesse ser uma pessoa melhor.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
3 METODOLOGIA............................................................................................................. 42
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 60
1 INTRODUÇÃO
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Customic. A partir delas, pode-se determinar a situação financeira atual e, então, sugerir
opções de melhorias para a organização, que, atualmente, não dispõe destas informações.
Para este estudo, foram utilizados os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de
Administração e as referências teóricas apresentadas no trabalho posteriormente.
A organização que será estudada neste trabalho é a Customic, empresa que fabrica e
vende capas e acessórios para celulares. A empresa foi criada no final de 2010; fabrica e
vende capas especiais para celulares, estampadas com desenhos feitos por artistas gráficos
ou personalizadas, com fotos ou imagens escolhidas pelo próprio cliente. Também trabalha,
por meio de licenciamentos, com oito clubes de futebol do Brasil, ou seja, a empresa tem
permissão para produzir e vender capas destes clubes esportivos. A matéria-prima para
produção é totalmente importada e a impressão que cobre a capa é feita no Brasil. A loja
trabalha como atacadista, uma vez que vende seu produto para outras lojas do país, e como
varejista, comercializando diretamente com o comprador final. Atualmente, existem duas
lojas físicas em Porto Alegre, além da loja virtual que vende para todo o país. A estratégia da
Customic é posicionar-se como a empresa que faz a melhor capa para celulares, com a
melhor qualidade; é transformar a marca em referência de qualidade no mercado.
Atualmente, o regramento das finanças é feito de modo singelo, por meio de
planilhas em Excel (Microsoft Office). A planilha “contas a pagar” contém a data e o valor a
pagar (débito); a planilha “contas a receber” tem a data e o valor a receber (crédito). Não há
um programa de computador que centralize estas operações, todos os registros são feitos
manualmente em todos os novos débitos e créditos; é possível, no máximo, realizar
previsões de pagamentos e de recebimentos de clientes.
Todas as atividades das lojas, desde a produção até a venda finalizada, precisam ser
mensuradas, e as demonstrações financeiras vêm ao encontro disso. Trabalhar com dados
financeiros concretos e organizados permite aos gestores avaliar novas possibilidades de
investimentos e definir rumos que a organização deve seguir. Informações empresariais
financeiras norteiam a linha de estratégia a ser seguida pela empresa, diminuindo os riscos
de imprecisão e as incertezas quanto ao momento vivido pela organização.
12
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
1.3 JUSTIFICATIVA
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financeiros praticamente inexiste, pois não há setor exclusivamente designado a cumprir
tarefas desta natureza.
A organização estudada necessita de uma estruturação financeira para dar um norte
às escolhas tomadas por seus diretores; a intenção é criar ferramentas capazes de auxiliar no
processo decisório, baseado em avaliações concretas elaboradas por quem tem acesso às
informações pertinentes. A elaboração deste trabalho é uma oportunidade para integrar
ferramentas novas à organização, até então inexistentes, que poderão auxiliar no controle
financeiro e dar rumo às estratégias que deverão ser seguidas. Além disso, este trabalho é
importante para este autor, pois proporciona a oportunidade de utilizar, na prática, os
conhecimentos específicos aprendidos ao longo do curso de Administração.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral
1.4.2 Específicos
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D) Calcular índices pertinentes a partir dos modelos construídos em “B”, como forma de
auxílio na tomada de decisões organizacionais; e
E) Analisar os resultados obtidos em “D” e interpretá-los de acordo com a realidade
vivida pela empresa.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
16
orçamento de capital envolve a administração e o planejamento de longo prazo dos
investimentos feitos pela empresa. Considerando o tamanho, o tempo e o risco de
recebimento dos recursos possivelmente investidos, é necessário que as oportunidades de
investimento, ou o valor gerado por este ativo, valham mais do que seu custo de aquisição
para a empresa. Já a estrutura de capital desenvolve sobre a relação entre o Exigível a Longo
Prazo e o Patrimônio Líquido da empresa, ou seja, considera os meios pelos quais a empresa
obtém e planeja o financiamento de longo prazo que necessita para manter seus
investimentos de longo prazo. Finalizando o que dizem Ross, Westerfield e Jordan (2008), o
terceiro pilar, a administração do capital de giro, diz respeito ao Ativo e ao Passivo
Circulantes da empresa. O capital de giro representa os recursos que a empresa necessita
para manter suas atividades operacionais diárias, e sua administração representa diversas
atividades relacionadas ao recebimento e às saídas de caixa da empresa.
Gitman (2010) diz que a área financeira de uma organização necessita interagir com
as demais áreas, visto que a análise das informações e a tomada de decisão são melhores
exercidas se integradas, visando à criação de valor da empresa. Além disso, este autor diz
que a função da administração financeira envolve as tarefas relacionadas à gestão de
recursos, como planejar, conceder crédito a clientes, captar recursos para financiamento e
avaliar novos investimentos.
Como diz Braga (1989), as decisões financeiras são direcionadas para o aumento do
valor de mercado da empresa, e a administração financeira tem, como meta, a maximização
da riqueza dos acionistas. Para que isto ocorra, os seguintes aspectos estão envolvidos:
perspectiva de longo prazo (investimentos que poderão sacrificar a rentabilidade atual em
troca de benefícios maiores no futuro); valor do dinheiro no tempo (projetos a serem
implementados que visarão a aumentar ou, no mínimo, a manter o valor de mercado da
empresa); retorno do capital próprio (desejo dos acionistas de serem remunerados por meio
de dividendos e pela valorização de suas ações); risco (quanto maior o risco, maior a
expectativa do retorno); e dividendos (pagamento de dividendos periódicos, minimizando
efeitos negativos, principalmente sob a análise dos acionistas). Ainda conforme Braga
17
(1989), o pressuposto de admitir que o objetivo da administração financeira é a maximização
dos lucros não satisfaz pelo caráter imediatista que isto representa.
Ross, Westerfield e Jordan (2008) dizem que o objetivo da administração financeira
deve atender às expectativas dos acionistas da empresa, visto que estes são representados
pelo gestor financeiro dentro da organização. Assim, considerando que os acionistas
adquirem ações buscando ganhos financeiros, decisões acertadas dos gestores de finanças
geram aumento do valor da ação, concluindo que a maximização do valor atual unitário da
ação existente é o objetivo da administração financeira. Estes autores ainda acrescentam
que, para atender a todas as organizações, ou àquelas que não possuem ações, o objetivo da
administração financeira é maximizar o valor de mercado do patrimônio líquido existente
dos proprietários. Ross, Westerfield e Jordan (2008) alertam para o Problema de Agência,
que é ”a possibilidade de ocorrerem conflitos de interesses entre os acionistas e o
gerenciamento de uma empresa”. Segundo eles, é necessário que os objetivos dos gestores
estejam alinhados com os objetivos dos acionistas e que a possibilidade de troca dos
gestores possa ser feita pelos acionistas caso aqueles não ajam de maneira conveniente.
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financiamento e de investimento, as quais devem criar um modo de agir da empresa em
relação às finanças por um período determinado de tempo, visando ao atingimento de
objetivos organizacionais.
Braga (1989) compreende o planejamento financeiro como a programação avançada
de todos os planos da administração financeira, além da integração e coordenação com os
planos operacionais de todas as áreas da empresa. Este autor ainda diz que o controle e o
planejamento devem ser realizados juntos, pois este é preciso para estabelecer metas e
padrões; aquele, para obter informações com rapidez e utilizá-las como forma de
comparação com os desempenhos atuais apresentados para, se possível, melhorá-los. Ainda
segundo Braga (1989), o controle financeiro é desenvolvido por meio de acompanhamento
da execução do planejamento financeiro global, por meio de técnicas de análise. Já para
Frezatti (2009), é impossível planejar sem controlar, pois somente é possível redirecionar,
enfatizar e ajustar as ações para atingir os objetivos previamente traçados a partir da
verificação do controle.
19
Segundo Ross, Westefield e Jordan (2008), o planejamento financeiro de longo prazo
tem três elementos básicos dentro da política financeira da empresa. O primeiro deles é a
decisão de orçamento de capital, caracterizadas pelo investimento necessário da empresa
em novos ativos, que surgirá das oportunidades de investimentos que a empresa prefere
assumir. O segundo elemento corresponde à estrutura de capital da empresa. Conforme
estes autores, o grau de alavancagem financeira que a empresa resolve empregar determina
o montante de empréstimo que ela utilizará para financiar seus investimentos em ativos
reais. Por fim, o terceiro elemento do planejamento financeiro de longo prazo caracterizado
por Ross, Westerfield e Jordan (2008) corresponde à política de dividendos da empresa, ou
seja, o montante de dinheiro que a empresa considera apropriado e necessário para pagar
aos acionistas.
Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) consideram, como objetivo do planejamento
financeiro de longo prazo, que o capital de giro seja suficiente para financiar a necessidade
permanente de recursos criada pelo ciclo financeiro e pelas vendas, evitando o
desenvolvimento do “efeito tesoura” ao longo do tempo.
20
É a demonstração financeira que fornece os saldos de todas as contas que compõem
o patrimônio da empresa em determinada data. Apesar de ser limitado acerca do período
em que é gerado (visto que, no próximo dia, os valores já serão diferentes), o balanço
patrimonial é o principal elemento financeiro-contábil devido à sua abrangência para a
empresa.
Conforme Marion (1998), o balanço patrimonial é representado por duas colunas: à
esquerda, encontra-se o Ativo, e, à direita, localizam-se o Passivo e o Patrimônio Líquido. O
Ativo representa os bens e os direitos da empresa, enquanto que o Passivo representa as
dívidas e os compromissos a pagar. O Patrimônio Líquido, por sua vez, apresenta os recursos
pertencentes aos proprietários. Ainda segundo Marion (1998), o Ativo também pode ser
designado como usos dos recursos provenientes de terceiros (Passivo) ou do capital próprio
(Patrimônio Líquido), ou seja, o Ativo representa os usos de recursos e o Passivo e o
Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos. É importante ressaltar que as contas
pertencentes ao Ativo são organizadas em ordem decrescente de grau de liquidez.
Segundo a Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação dada
pela Lei Nº 11.941/2009, “as contas do Ativo Circulante serão classificadas do seguinte
modo: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e
as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte”. As seguintes contas são as
principais do Ativo Circulante:
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para auxiliar na produção. Os estoques compreendem produtos acabados e produtos em
elaboração, além da matéria-prima para produção.
Conforme a Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação dada
pela Lei Nº 11.941/2009, classificam-se no Ativo Não Circulante “os direitos realizáveis após
o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas [...]”.
São as contas com recebimento após o término do exercício seguinte ou não
destinadas diretamente à venda, mas à manutenção e à operação das atividades da
empresa. Teoricamente, as mesmas contas do Ativo Circulante (com exceção das
Disponibilidades) são compreendidas no Ativo Não Circulante. No entanto, para as contas
deste grupo, o prazo de realização deve ser superior a um ano. Caso o ciclo operacional –
prazo decorrido entre a compra e o recebimento da quantia faturada na venda -- da
empresa tiver duração maior que o exercício social, as contas serão classificadas baseadas
no prazo deste ciclo.
Como nos diz Matarazzo (2008), a empresa tem dois tipos de investimentos
normalmente. Um é necessário para atingir as vendas, a produção e a administração,
representado pelo Ativo Imobilizado. O outro tipo é decorrente das atividades comerciais da
empresa, representado pelo Ativo Circulante.
O Ativo Não Circulante é composto pelos Investimentos, pelo Imobilizado e pelo
Intangível.
2.3.1.2.1 Imobilizado
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Existem diferenças entre as contas abrangidas nos ativos imobilizados das empresas,
visto que cada uma dessas tem sua particularidade. Deve-se eleger o conjunto de contas que
melhor reflita a realidade daquela empresa. As principais contas do Imobilizado são
terrenos, construções, instalações, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, veículos,
entre outras.
2.3.1.2.2 Investimentos
2.3.1.2.3 Intangível
Consoante Marion (1998, p. 289), “bem intangível não á palpável, não tem formação
física”. São os direitos que não têm existência física, como marcas, patentes e softwares.
Como está na Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação
dada pela Lei Nº 11.941/2009, ”as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante,
quando vencerem no exercício seguinte”. As principais contas do passivo circulante são:
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tem sua utilização recomendada por Matarazzo para recursos destinados a financiar bens
especificamente, como máquinas e equipamentos, que servirão de garantia para a
instituição financeira, sendo comum aos recursos serem creditados diretamente ao
fornecedor do bem neste caso.
- Salários e Encargos Sociais: compreende as obrigações da empresa junto a seus
funcionários, assim como aos responsáveis arrecadadores de contribuições sociais, como
INSS e FGTS.
- Contas a Pagar: conta que surge pela aquisição de utilidades e de serviços, como
energia elétrica, honorários profissionais de terceiros, aluguéis, entre outros.
- Tributos a Pagar: compreende as obrigações referentes a impostos, a taxas e a
contribuições.
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diminuição do lucro em exercícios futuros. Como principais reservas, podemos destacar as
Reservas de Capital e as Reservas de Lucros.
- Receita Operacional Bruta: representa o valor das vendas de bens e serviços, à vista
ou a prazo; também denominado de faturamento. Com base nos valores apresentados, há
as Deduções das Vendas, que contemplam as Devoluções de Vendas, os Abatimentos sobre
as Vendas e os Impostos Incidentes sobre as Vendas.
- Receita Operacional Líquida: refere-se à diferença entre a Receita Operacional Bruta
e as Deduções das Vendas.
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- Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e Custo das Mercadorias Vendidas (CMV): o CPV
é utilizado para empresas industriais, em que há transformação de bens. Ele é representado
pela seguinte equação:
CPV = EI + CPP – EF,
onde:
EI = Estoques Iniciais
CPP = Custo de Produção do Período
EF = Estoques Finais
onde:
MC = Materiais Consumidos, que corresponde ao custo dos materiais utilizados na
produção e é baseado no EIM (Estoque Inicial do Material), no CL (Compras Líquidas) e no
EFM (Estoque Final do Material).
MOD = Mão-de-Obra Direta, que representa a remuneração paga com os
empregados da fábrica cujo trabalho é diretamente proporcional à produção física.
CIF = Custos Indiretos de Fabricação, que compreende os custos pertencentes à
produção, mas não diretamente proporcionais ao volume de produção nem ao produto.
CMV = EI + CL - EF,
onde:
EI = Estoques Iniciais
CL = Compras Líquidas
EF = Estoques Finais
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- Despesas Operacionais: referem-se às despesas necessárias para a empresa operar,
como despesas relacionadas com vendas, com administração e com financiamento das
atividades; despesas com produção não são contempladas neste grupo. Dentro das
Despesas Operacionais, podemos citar as Despesas com Vendas (necessárias para vendas,
como necessárias para promoção e para distribuição de produtos) e as Despesas
Administrativas (necessárias para tarefas administrativas e despesas gerais). As Despesas
Financeiras (necessárias para financiamento da empresa, como taxas bancárias, juros, entre
outras) e as Receitas Financeiras (ganhos a partir de investimentos e outros de natureza
financeira, como, por exemplo, juros cobrados por atraso de pagamento de clientes) são
calculadas após o Resultado Operacional e antes do Resultado Antes do Imposto de Renda.
- Resultado Operacional: corresponde ao Resultado Bruto descontado das Despesas
Operacionais.
- Resultado Antes do Imposto de Renda: refere-se à diferença entre o Resultado
Operacional e as despesas não operacionais (inclusive o resultado financeiro), relativas ao
Ativo Não Circulante.
- Resultado Líquido: é o resultado final da empresa no período considerado. Resulta
após descontos dos valores do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.
A administração do capital de giro tem vital relevância para a empresa, pois possui
grande impacto nas operações cotidianas e permite que ela mantenha suas atividades
diárias em pleno funcionamento. Dentro das finanças empresariais, as decisões sobre o
capital de giro são das mais importantes.
Para Santos (2001), capital de giro compreende questões como financiamento de
estoques, gerenciamento da inadimplência de clientes e administração das insuficiências de
caixa. Assim, continua Santos (2001), quanto maior for o capital de giro da empresa, maior
será a necessidade de financiamento, com recursos próprios ou com recursos de terceiros; o
volume de vendas, a política de crédito comercial e o nível de estoques determinarão a
quantidade de capital de giro que a empresa precisa utilizar.
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Braga (1989) diz que a administração do capital de giro requer um processo contínuo
de tomada de decisões que busquem, principalmente, a preservação da liquidez da empresa,
afetando, também, a rentabilidade. Ainda segundo este autor, o capital de giro corresponde
aos recursos aplicados no ativo circulante, e sua administração está relacionada com os
problemas de gestão dos ativos e dos passivos circulantes. Braga (1989, p. 81) lembra que
“as concordatas e as falências geralmente constituem o desfecho natural para as soluções
inadequadas dos problemas de gestão do capital de giro”.
O fluxo de recursos envolvidos na administração do capital de giro tem início no
passivo circulante, que financia as operações de curto prazo da empresa. Estas obrigações
adquiridas pela empresa são quitadas a partir da conversão dos estoques e dos demais itens
do ativo circulante em dinheiro (caixa). O capital de giro pode ser mais bem calculado com a
fórmula abaixo:
Onde:
CDG = Capital de Giro
PNC = Passivo Não-Circulante
PL = Patrimônio Líquido
ANC = Ativo Não-Circulante
Onde:
NCG = Necessidade de Capital de Giro
ACO = Ativo Circulante Operacional
PCO = Passivo Circulante Operacional
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O Ativo Circulante Operacional e o Passivo Circulante Operacional representam a
parcela de curto prazo do ativo e do passivo necessária para operação dos negócios da
empresa, como Duplicatas a Receber e Estoques no caso do ativo, e Fornecedores, Salários a
Pagar e Tributos a Pagar no caso do passivo.
Quando a NCG for positiva, pode-se deduzir que a empresa necessita de
financiamento a fim de manter suas atividades. Quando a NCG for negativa, então os
recursos gerados pelas operações são suficientes para cobrir o giro e para possíveis
aplicações em outras áreas operacionais. Caso a NCG seja igual a zero, a empresa não tem
necessidade de financiamento para o giro.
Matarazzo (2008) diz que a chave para a administração financeira de uma empresa é
a necessidade de capital de giro, pois ela não analisa somente o ponto de vista financeiro,
mas também as estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Este autor ainda
diz que a necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa e das vendas de uma
empresa, ou seja, “para cada volume de vendas existirá uma NCG, supondo-se que o ciclo de
caixa permaneça constante” (Matarazzo, 2008).
Por fim, o Saldo de Tesouraria, segundo Fleuriet, Kehdy e Blane (2003), é o valor
calculado pela diferença entre o resultado do capital de giro e a necessidade de capital de
giro, conforme segue abaixo:
ST = CDG – NCG
Onde:
ST = Saldo de Tesouraria
CDG = Capital de Giro
NCG = Necessidade de Capital de Giro
29
2.5 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS
30
2.5.1.1 Índice de liquidez corrente
ILC = AC / PC
Onde:
ILC = Índice de Liquidez Corrente
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
Segundo Santos (2001), este índice considera todos os itens inclusos no ativo
circulante, não faz diferenciação sobre a qualidade dos componentes deste ativo, pois, neste
caso, deve-se considerar que os estoques seriam prontamente transformados em dinheiro.
Quanto maior for o índice, melhor será a situação financeira da empresa.
Onde:
ILS = Índice de Liquidez Seca
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
Conforme Santos (2001, p. 24), “como acontece com o índice de liquidez corrente, o
valor ideal do índice de liquidez seca depende do setor da empresa e de suas características
operacionais”. Quanto maior for o índice, melhor será a situação financeira da empresa.
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2.5.1.3 Índice de liquidez geral
Onde:
ILG = Índice de Liquidez Geral
AC = Ativo Circulante
ANC = Ativo Não Circulante
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante
Quanto maior for o índice de liquidez geral, melhor será a capacidade de pagamento
da empresa.
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O índice de endividamento geral representa a proporção de financiamento do ativo
total por capital de terceiros, ou seja, quanto maior este índice, maior será a participação de
recursos de terceiros para financiar as operações da empresa. Conforme Ross, Westefield e
Jordan (2008), tanto as dívidas de curto prazo como as dívidas de longo prazo são levadas
em consideração para o cálculo deste índice, que pode ser da seguinte forma:
IEG = CT / AT
Onde:
IEG = Índice de Endividamento Geral
CT = Capital de Terceiros
AT = Ativo Total
ICE = PC / CT
Onde:
ICE = Índice de Composição do Endividamento
PC = Passivo Circulante
CT = Capitais de Terceiros
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ICT = CT / PL
Onde:
ICT = Índice de Participação de Capitais de Terceiros
CT = Capitais de Terceiros
PL = Patrimônio Líquido
GA = VL / AT
Onde:
GA = Giro do Ativo
VL = Vendas Líquidas
AT = Ativo Total
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Considerando tudo o mais constante, quanto maior for este índice, melhor será para
a empresa.
ML = LL / VL
Onde:
ML = Margem Líquida
LL = Lucro Líquido
VL = Vendas Líquidas
Este índice, também chamado de Taxa de Retorno sobre Investimentos, mede quanto
a empresa obtém de lucro líquido em relação ao investimento total. Segundo Matarazzo
(2010, p. 179), a rentabilidade do ativo “não é exatamente uma medida de rentabilidade do
capital, mas uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder
capitalizar-se”. Ainda segundo este autor, este índice é uma medida do potencial de geração
de lucro por parte da empresa.
A rentabilidade do ativo pode ser calculada da seguinte forma:
RA = LL / AT
Onde:
RA = Rentabilidade do Ativo
LL = Lucro Líquido
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AT = Ativo Total
RPL = LL / PL
Onde:
RPL = Rentabilidade do Patrimônio Líquido
LL = Lucro Líquido
PL = Patrimônio Líquido
Este índice indica quantos dias, em média, a empresa espera para receber suas
vendas a crédito. Abaixo, seguem as fórmulas para calculá-lo:
O Giro de Contas a Receber mostra, de modo geral, quantas vezes a empresa vendeu
o seu crédito (contas a receber). Assim, pode-se chegar ao Prazo Médio de Recebimento:
Onde:
PMR = Prazo Médio de Recebimento
n = período utilizado (em dias)
Neste caso, será calculado o nº de dias em que, na média, a empresa recebe suas
vendas a crédito. Quanto menor o PMR, melhor será para a empresa, visto que ela terá seus
direitos a disposição mais rapidamente para utilizá-los.
Matarazzo (2008) diz que os prazos de recebimento concedidos aos clientes são
questão mercadológica, e não decisão unilateral da empresa, uma vez que ela é obrigada a
adotar determinado prazo conforme necessidade do cliente, sob risco de perder a venda,
visto que, teoricamente, o prazo ideal para a empresa seria de zero dia (venda à vista).
Este índice indica quantos dias, em média, a empresa leva para pagar suas contas.
Abaixo, seguem fórmulas para cálculo:
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Giro do Contas a Pagar = Compras / Fornecedores
O Giro de Contas a Pagar mostra, de modo geral, quantas vezes a empresa comprou
seu crédito junto a fornecedores. Assim, podemos chegar ao Prazo Médio de Pagamento:
Onde:
PMP = Prazo Médio de Pagamento
n = período utilizado (em dias)
Assim, será calculado o nº de dias em que, na média, a empresa paga suas contas.
Quanto maior o PMP, melhor será para a empresa, visto que ela tem mais tempo para arcar
com suas obrigações, diminuindo riscos de possíveis imprevistos negativos com fluxos de
caixa.
Segundo Marion (1998), um problema que sempre surge para o cálculo do Prazo
Médio de Pagamento é o valor de Compras, já que a Demonstração de Resultado do
Exercício não a separa, mas apenas os Custos de Vendas. Ainda conforme este autor, para
empresas comerciais, o valor das compras é encontrado facilmente utilizando o CMV (Custo
das Mercadorias Vendidas) na DRE e os estoques finais e iniciais no Balanço Patrimonial; em
empresas industriais, há maior dificuldade, já que, para encontrar o CPV (Custo dos Produtos
Vendidos), é necessário o CPP (Custo de Produção do Período). Por meio de alguns critérios,
alguns analistas costumam estimar o valor das compras para empresas industriais, embora o
ideal seja conseguir este dado junto à empresa, consoante Marion (1998).
Este índice indica quantos dias, em média, o estoque permanece até ser totalmente
vendido. Seguem fórmulas para cálculo abaixo:
Onde:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
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O Giro do Estoque mostra quantas vezes a empresa vendeu ou movimentou o
estoque. Deste modo, podemos chegar ao Prazo Médio de Estocagem:
Onde:
PME = Prazo Médio de Estocagem
n = período utilizado (em dias)
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receber após ser vendido e, finalmente, transforma-se em caixa quando há o pagamento do
cliente.
O ciclo operacional pode ser calculado pela seguinte fórmula:
CO = PMR + PME
Onde:
CO = Ciclo Operacional
PMR= Prazo Médio de Recebimento
PME = Prazo Médio de Estocagem
Onde:
CF = Ciclo Financeiro
PMR = Prazo Médio de Recebimento
PME = Prazo Médio de Estocagem
PMP = Prazo Médio de Pagamento
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Braga (1989) diz que o ciclo financeiro é o período em que a empresa financia suas
operações sem a participação de terceiros (excluídos os empréstimos e os financiamentos).
Quanto maior o ciclo financeiro, menos vantajoso é para a empresa, visto que ela necessita
de mais recursos, tanto próprios quanto de terceiros, nas operações. É recomendável para a
empresa a busca incessante pela diminuição de seu ciclo financeiro, pois, quanto menor ele
for, mais baixo será o investimento da empresa em contas a receber e em estoques. Abaixo,
segue figura onde estão representados os prazos médios e os ciclos mencionados até agora.
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3 METODOLOGIA
Esta seção dedica-se a descrever como este trabalho será realizado, quais dados
serão utilizados e como eles serão analisados, ou seja, esta seção proporá como será
investigada a realidade. Serão apresentados o plano de coleta de dados, que contém as
fontes dos dados, e o plano de análise dos dados, descrevendo como será a análise dos
resultados.
A pesquisa deste trabalho será realizada a fim de se obter a situação financeira atual
da empresa estudada, ou seja, a ênfase da pesquisa será no diagnóstico financeiro. Embora
o foco desta pesquisa seja na área de finanças da empresa, outros setores também poderão
ser abordados, mesmo que indiretamente, pois os processos e as operações poderão estar
interligados. Será realizada uma pesquisa qualitativa, a qual, segundo Roesch (2005), é
recomendada quando se trata de melhorar a efetividade de um programa ou plano, ou
quando se propõe um programa ou plano novos.
42
Uma vez que a empresa não possui softwares capazes de gerar relatórios financeiros,
a pesquisa referente a movimentações financeiras será limitada a planilhas de
preenchimento manual, que poderão dificultar o entendimento de algumas informações
preliminares. Neste caso, questionamentos aos responsáveis também se farão necessários a
fim de sanar possíveis dúvidas que poderão surgir ao longo da pesquisa.
Os dados obtidos por meio das análises serão dispostos em planilhas eletrônicas e
classificados de acordo com sua natureza financeira para cada demonstração financeira.
Após a classificação destes dados, será possível a elaboração do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultado do Exercício para os períodos propostos. Então, serão
calculados, a partir das demonstrações financeiras elaboradas, os principais índices
econômico-financeiros da empresa.
Os índices econômico-financeiros serão apresentados em formato de tabelas, em que
cada índice será calculado de acordo com o período examinado. Após a organização destes
índices, será realizada uma análise com o intuito de interpretar os resultados apresentados
aproximando-os à realidade da empresa.
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4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL
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Após a coleta dos dados, observou-se que havia necessidade de separação entre
gastos referentes à empresa e gastos pessoais dos sócios, ou seja, para a elaboração deste
trabalho, foi respeitado o princípio da entidade. Confundir patrimônio empresarial com
patrimônio particular e adicionar gastos pessoais aos gastos da organização pode fornecer
informações incorretas acerca da situação financeira de uma empresa.
A organização que gerencia a Customic também gerencia outra marca, a qual
também possui lojas físicas próprias; assim, são duas marcas geridas pelos mesmos sócios.
O foco deste trabalho é fornecer um diagnóstico financeiro somente da Customic, excluindo
a outra marca; será apurado, exclusivamente, o resultado da Customic para os períodos
propostos, e não da organização inteira. Possíveis resultados positivos ou negativos da
Customic poderão não retratar os resultados de toda a organização, uma vez que há
constante reinvestimento em ambas as lojas. Os possíveis lucros da Customic poderão ser
reinvestidos na outra marca, e vice-versa, pois não há distinção na organização quanto aos
gastos e às receitas. Portanto, é importante salientar que, para este trabalho, foram
analisados os créditos e os débitos (para o Balanço Patrimonial) e os custos, as receitas e as
despesas (para a Demonstração de Resultado do Exercício) somente da Customic.
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Tabela 1- DRE da Customic (valores expressos em R$)
01/07/2013 01/10/2013
Descrição da Conta a a
31/07/2013 31/10/2013
RECEITA BRUTA 270103,15 100,00% 205337,30 100,00%
Devolução Vendas -894,00 -1068,25
Impostos sobre Vendas -10774,84 -8265,54
RECEITA LÍQUIDA 258434,31 95,57% 196003,51 95,45%
CPV -89386,40 33,00% -75475,51 36,75%
CMV -3847,29 -2914,38
LUCRO BRUTO 165200,62 61,16% 117613,62 57,28%
Despesas Administrativas -60699,79 22,47% -40571,99 19,75%
Salários e Encargos Sociais -27609,44 -20331,95
Aluguéis -11289,97 -6317,68
Outros -21800,38 -13922,36
Despesas com Vendas -81052,90 30,00% -90204,64 43,92%
Salários e Encargos Sociais -36946,74 -31229,72
Aluguéis -22550,00 -29700,00
Outros -21556,16 -29274,92
RESULTADO OPERACIONAL 23447,93 8,68% -13163,01 -6,41%
Despesas Financeiras -9062,26 -7274,77
Receitas Financeiras 466,99 443,44
RESULTADO ANTES DO IRPJ E DO CSLL 14852,66 5,50% -19994,34 -9,74%
IRPJ E CSLL -2295,14 -1711,36
RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 12557,52 4,65% -21705,70 -10,57%
Fonte: Elaborada pelo autor
Como se pode verificar, há relativa sazonalidade nas receitas entre os dois períodos,
o que pode ser considerado normal para o comércio, tanto nas vendas em sites quanto em
lojas físicas. O mês de julho é conhecido por não ter feriados comemorativos. Neste caso, os
shoppings centers costumam dar incentivos aos seus clientes, como sorteio de prêmios,
entre outros. Os lojistas são incentivados a realizar promoções e, por conseguinte, as vendas
aumentam. Outro fator interessante do mês de julho são as férias escolares, as quais
permitem visitas de famílias inteiras aos shoppings centers. Quanto ao mês de outubro, o
único feriado comemorativo é o dia das crianças. Porém, as vendas da Customic pouco
atingem crianças, visto que os produtos são para aparelhos celulares e para tablets, os quais,
via de regra, são destinados a jovens e a adultos.
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Os impostos sobre vendas compreendem todos os impostos cobrados no documento
do Simples Nacional, exceto o IRPJ e o CSLL, que foram acrescentados ao final da
demonstração de resultado. Vale lembrar que a empresa opera pelo regime de tributação
Simples Nacional, o qual privilegia micro e pequenas empresas com alíquotas de impostos
reduzidas.
Seguindo na linha da receita bruta, os valores do CPV e do CMV foram maiores em
julho em comparação a outubro. O CPV compreende custos com aluguel da área de
produção, com impostos de compras, com fretes de produtos, com taxas relativas a
importações de produtos, com conserto e depreciação de máquinas, com materiais
auxiliares necessários para a produção, com salários e encargos sociais referentes aos
funcionários da área de produção, entre outros. No CMV, por sua vez, incluiu-se o valor das
compras de mercadorias.
Os gastos com pessoal (salários e encargos sociais) predominam entre as despesas
operacionais. As despesas administrativas são formadas por salários e encargos sociais (INSS
e FGTS) dos funcionários da parte administrativa da Customic, como setor financeiro, setor
de criação e pró-labore, além dos aluguéis referentes ao escritório da empresa. No mês de
julho, começou o processo de troca de sede da parte administrativa da Customic; então,
foram necessários os pagamentos de dois aluguéis de locação até que a mudança estivesse
finalizada. As outras despesas são, basicamente, com honorários de terceiros e serviços
prestados. Quanto às despesas com vendas, são, na maior parte, salários e encargos sociais
(INSS e FGTS) de vendedores e da parte comercial da Customic. Os aluguéis das lojas
também compreendem boa parte das despesas com vendas. Além disso, há gastos com
fretes, representação de vendas e licenciamento de marcas.
Descontadas as despesas operacionais do lucro bruto, geram-se os resultados
operacionais. As despesas financeiras, descontadas do resultado operacional, correspondem
às taxas bancárias e aos juros pagos em empréstimos, enquanto que as receitas financeiras,
somadas ao resultado operacional, são relativas aos juros ativos cobrados de clientes por
atraso de pagamento de duplicatas bancárias. O resultado líquido é calculado depois de
descontados o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
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Percebe-se uma diminuição no resultado líquido de outubro em relação a julho.
Também se notam que as despesas operacionais seguem na mesma linha em ambos os
períodos, ou seja, os gastos com vendas e com administrativo se equivalem
percentualmente, apesar da exceção relativa aos aluguéis pagos em julho (já mencionada
anteriormente). Esta tendência de gastos pode ser favorável para possíveis previsões de
despesas operacionais nos meses seguintes caso tenha-se o desejo de fazer projeções
financeiras para a empresa.
Praticando, sucintamente, uma análise vertical dos percentuais descritos na
demonstração de resultado do exercício, nota-se que as despesas com vendas no mês de
outubro registrou 43,92% do faturamento do mês, o que pode ser considerado um índice
alto se comparado a outubro e que, certamente, influenciou no resultado líquido
apresentado para o período.
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Tabela 2 - BP da Customic (valores expressos em R$)
50
outubro, os shoppings centers cobram aditivos de valor pela proximidade com o final de ano,
o que justifica os valores mais altos em outubro.
O capital social, por fim, se manteve igual para os dois períodos abordados. Os lucros
acumulados são decrescentes comparando o final de julho com o final de outubro, assim
como o resultado apresentado anteriormente na Demonstração de Resultado do Exercício
Nesta seção, serão realizadas análises sobre liquidez, capital de giro, prazos médios e
ciclos, endividamento e rentabilidade. Assim, será possível determinar um diagnóstico
econômico-financeiro da empresa em questão.
Com base nos dados acima, nota-se que os investimentos no ativo circulante são
suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo da empresa e ainda permitem uma folga. No
final de julho, esta folga foi de 51% em relação ao valor das dívidas circulantes, e de 21% no
final de outubro. Neste caso, este índice indica que a empresa dispõe de capital circulante
líquido positivo. Ainda que este índice seja satisfatório teoricamente, não podemos afirmar
que a empresa possui ótima liquidez, pois a Customic apresenta grande saldo de estoques.
Deste modo, a conversão do ativo circulante em dinheiro torna-se mais lenta, o que pode
gerar problemas financeiros em curto prazo.
A fim de analisar o percentual das dívidas de curto prazo que podem ser pagas
utilizando-se somente o ativo circulante de maior liquidez (disponibilidades e valores a
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receber), calcula-se a liquidez seca. No final de julho, a Customic conseguia pagar 45% de
suas dívidas de curto prazo com as disponibilidades e com as duplicatas a receber, e
somente 37% em outubro. Assim, necessitaria de recursos extras para arcar com suas
obrigações.
A liquidez geral demonstra que a empresa tem, em julho, R$ 1,29 de valores a
receber a curto e a longo prazo para cada R$ 1,00 já assumido como dívida de curto e de
longo prazo; em outubro, os valores a receber diminuem para R$ 1,07. Visto que integra
recursos e aplicações de longo período, este índice pode ser afetado por eventuais fatos
futuros imprevisíveis.
O capital de giro nos dois períodos é positivo, ou seja, os passivos não circulantes e o
patrimônio líquido financiam todo o ativo não circulante e uma parte (necessariamente, o
valor do capital do giro) do ativo circulante. O excedente entre o ativo de curto prazo e o
passivo de curto prazo, chamado de capital circulante líquido, constitui indicador de liquidez
da empresa. A folga financeira proporcionada pelo capital circulante líquido demonstra quais
as condições da empresa em liquidar seus compromissos de curto prazo. Visto que os
estoques correspondem a grande parte do ativo da Customic, as condições de liquidez da
empresa não são muito satisfatórias. Além disso, o capital circulante líquido elevado
prejudica, de certa forma, a rentabilidade da empresa, visto que o excesso de ativos
circulantes pode indicar relativa ineficiência no uso dos recursos.
52
Como pode ser verificada na tabela, a necessidade de capital de giro é positiva,
indicando a parcela de aplicações operacionais que não está financiada pelo passivo
circulante operacional; esta é a necessidade que precisa ser financiada pelo capital de giro.
Quanto aos saldos de tesouraria, seus valores representam o quanto as fontes financeiras
não circulantes são inferiores ao total das aplicações não circulantes. Nota-se que o capital
de giro é insuficiente para financiar a necessidade de capital de giro, necessitando de fontes
de recursos de curto prazo, caracterizando a liquidez da empresa como insatisfatória.
53
de investimento da empresa, uma vez que financia a compra sem os lucros que irá receber
no momento do recebimento.
54
na Customic, o índice era ainda maior, denotando praticamente o dobro de capitais de
terceiros investido em comparação aos capitais próprios, visto que o capital social manteve-
se igual e foram necessários mais recursos para aplicações no ativo de longo prazo.
56
rentabilidade do período. Se aumentasse o preço de venda, a empresa, possivelmente,
diminuiria o giro do ativo, mas não aumentaria a rentabilidade necessariamente. Além disso,
um aumento no preço de venda não é bem aceito por compradores geralmente. A
alternativa para aumentar a rentabilidade seria a diminuição dos gastos operacionais
variáveis, que representam menos de 50% dos gastos totais, a um ponto em que não
prejudicasse as operações da empresa e que não descontasse tanto sobre o resultado do
exercício.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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empresarial e de políticas voltadas aos interesses organizacionais. Para o autor, este
trabalho representou uma oportunidade diferenciada e gratificante de aplicar os
conhecimentos técnicos adquiridos em uma empresa real, com todas as dificuldades e
imprevistos que possam, naturalmente, acontecer.
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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de Administração Financeira. São
Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL, Casa Civil. Lei Nº 6.404 (Lei das Sociedades Anônimas). Brasília, 1976. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 07 de
setembro de 2013.
FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas
brasileiras. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
GITMAN, Laurence J. Princípios de Administração Financeira. 12ª ed. São Paulo: Ed. Prentice
Hall, 2010.
INFO, Revista Online. Brasil alcança 264,5 milhões de celulares. São Paulo, 2013. Disponível
em: <www.info.abril.com.br>. Acesso em: 09 de julho de 2013.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.
ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JORDAN, B. Administração Financeira. 8ª ed. São Paulo:
McGraw-Hill, 2008.
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SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa. São
Paulo: Atlas, 2001.
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