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Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Departamento de Ciências Administrativas Escola de Administração

Este documento apresenta uma proposta de diagnóstico financeiro para uma pequena empresa fabricante e varejista de acessórios para celulares. O resumo inclui a apresentação de demonstrações financeiras e cálculo de indicadores para dois períodos, com o objetivo de analisar a situação financeira da empresa. Os resultados mostram uma situação financeira relativamente insatisfatória e queda nos resultados positivos ao longo do tempo.

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Este documento apresenta uma proposta de diagnóstico financeiro para uma pequena empresa fabricante e varejista de acessórios para celulares. O resumo inclui a apresentação de demonstrações financeiras e cálculo de indicadores para dois períodos, com o objetivo de analisar a situação financeira da empresa. Os resultados mostram uma situação financeira relativamente insatisfatória e queda nos resultados positivos ao longo do tempo.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

Robson Pulz

PROPOSTA DE DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA UMA PEQUENA EMPRESA

Porto Alegre, 2013


Robson Pulz

PROPOSTA DE DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA UMA PEQUENA EMPRESA

Trabalho de conclusão de curso de graduação


apresentado ao Departamento de Ciências
Administrativas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em
Administração.

Orientador: Prof. Guilherme Kirch

Porto Alegre
2013
Robson Pulz

PROPOSTA DE DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA UMA PEQUENA EMPRESA

Trabalho de conclusão de curso de graduação


apresentado ao Departamento de Ciências
Administrativas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em
Administração.

Aprovado em.

---------------------------------------------------------------------------
Prof. Guilherme Kirch - Orientador

---------------------------------------------------------------------------
Prof.
AGRADECIMENTOS

Ao meu pai e a minha mãe, que são os grandes responsáveis pelo caminho trilhado
por mim até onde estou hoje, pois sempre me concederam educação, carinho e afeto, e
nunca mediram esforços para me proporcionar o melhor possível a cada momento vivido.
Aos meus irmãos e familiares, que me ensinaram e me inspiraram em muitos
momentos, e que sempre me ofereceram suporte nas mais diversas situações de vida.
Aos meus amigos de infância, que sempre estiveram por perto e que me
proporcionaram muitas alegrias.
Aos meus amigos e colegas da Escola de Administração da UFRGS, que me
proporcionaram momentos de diversão, de intensidade e de alegrias durante todo o período
acadêmico.
A todos os professores dos quais fui aluno, que contribuíram muito para eu chegar
onde estou e que, acima de tudo, fizeram de mim um bom cidadão para a sociedade.
A todas as pessoas que passaram por minha vida e que, de alguma forma,
acrescentaram algo que me fizesse ser uma pessoa melhor.
RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de diagnosticar a situação financeira da


Customic, empresa fabricante e varejista de capas e de acessórios para aparelhos celulares e
para tablets, que está inserida em um mercado crescente e cada vez mais competitivo no
Brasil. Baseado em fundamentação teórica de autores renomados, este estudo consiste,
primeiramente, na apresentação de demonstrações financeiras relativas a dois períodos
propostos. Posteriormente, indicadores econômico-financeiros são calculados, seguidos da
interpretação dos resultados, os quais são inseridos em uma realidade vivida pela empresa.
Os índices calculados mostram situação financeira relativamente insatisfatória da empresa e
diminuição nos resultados positivos ao longo dos períodos abordados.

Palavras-chave: Diagnóstico financeiro. Demonstrações financeiras. Indicadores econômico-


financeiros.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - LINHA DO TEMPO DO FLUXO DE CAIXA E ATIVIDADES OPERACIONAIS DE CURTO


PRAZO DE UMA EMPRESA DE MANUFATURA TÍPICA 41
LISTA DE TABELAS

TABELA 1- DRE DA CUSTOMIC (VALORES EXPRESSOS EM R$) 46


TABELA 2 - BP DA CUSTOMIC (VALORES EXPRESSOS EM R$) 49
TABELA 3 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ 51
TABELA 4 - ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO 52
TABELA 5 - ANÁLISE DE PRAZOS MÉDIOS E DE CICLOS 53
TABELA 6 - ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO 54
TABELA 7 - ÍNDICES DE RENTABILIDADE 55
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ............................................................................ 12


1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ............................................................................................. 13
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 13
1.4 OBJETIVOS....................................................................................................................... 14
1.4.1 Geral ........................................................................................................................ 14
1.4.2 Específicos ................................................................................................................ 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 16

2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA........................................................................................ 16


2.1.1 Funções da Administração Financeira ..................................................................... 16
2.1.2 Objetivos da Administração Financeira ................................................................... 17
2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ......................................................................................... 18
2.2.1 Planejamento Financeiro de Curto Prazo ................................................................ 19
2.2.2 Planejamento Financeiro de Longo Prazo ............................................................... 19
2.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .................................................................................... 20
2.3.1 Balanço Patrimonial ................................................................................................ 20
2.3.1.1 Ativo circulante ................................................................................................. 21
2.3.1.2 Ativo não circulante.......................................................................................... 22
2.3.1.2.1 Imobilizado ................................................................................................ 22
2.3.1.2.2 Investimentos ............................................................................................ 23
2.3.1.2.3 Intangível ................................................................................................... 23
2.3.1.3 Passivo circulante ............................................................................................. 23
2.3.1.4 Passivo não circulante ...................................................................................... 24
2.3.1.5 Patrimônio líquido ............................................................................................ 24
2.3.2 Demonstração de Resultado do Exercício ............................................................... 25
2.4 CAPITAL DE GIRO ............................................................................................................. 27
2.4.1 Necessidade de Capital de Giro ............................................................................... 28
2.5 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS..................................................................... 30
2.5.1 Índices de Liquidez ................................................................................................... 30
2.5.1.1 Índice de liquidez corrente ............................................................................... 31
2.5.1.2 Índice de liquidez seca ...................................................................................... 31
2.5.1.3 Índice de liquidez geral ..................................................................................... 32
2.5.2 Índices de Endividamento ........................................................................................ 32
2.5.2.1 Índice de endividamento geral ......................................................................... 32
2.5.2.2 Índice de composição do endividamento ........................................................ 33
2.5.2.3 Participação de capitais de terceiros................................................................ 33
2.5.3 Índices de Rentabilidade .......................................................................................... 34
2.5.3.1 Giro do ativo ..................................................................................................... 34
2.5.3.2 Margem líquida ................................................................................................ 35
2.5.3.3 Rentabilidade do ativo...................................................................................... 35
2.5.3.4 Rentabilidade do patrimônio líquido ............................................................... 36
2.5.4 Prazos Médios .......................................................................................................... 36
2.5.4.1 Giro do contas a receber e prazo médio de recebimento ............................... 37
2.5.4.2 Giro do contas a pagar e prazo médio de pagamento ..................................... 37
2.5.4.3 Giro do estoque e prazo médio de estocagem ................................................ 38
2.5.5 Ciclo Operacional ..................................................................................................... 39
2.5.6 Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa............................................................................ 40

3 METODOLOGIA............................................................................................................. 42

3.1 PLANO DE COLETA DE DADOS ......................................................................................... 42


3.2 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................ 43

4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL ...................................................................................... 44

4.1 ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO ....................................... 45


4.2 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................ 48
4.3 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS............................................... 51
4.3.1 Análise da Liquidez .................................................................................................. 51
4.3.2 Análise do Capital de Giro ....................................................................................... 52
4.3.3 Análise de Prazos Médios e de Ciclos ...................................................................... 53
4.3.4 Análise do Endividamento ....................................................................................... 54
4.3.5 Análise da Rentabilidade ......................................................................................... 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 58

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 60
1 INTRODUÇÃO

O mercado de tecnologia móvel, em específico, celulares e tablets, cresce ano após


ano no Brasil. Segundo dados da revista online Info (2013), havia no final de abril de 2013,
no Brasil, aproximadamente 1,33 celular para cada habitante. A publicação ainda informa
que houve crescimento de 0,19% em relação a março do mesmo ano.
Estes dados nos mostram que o mercado de tecnologia móvel está em constante
expansão no Brasil. Um dos motivos para esta expansão é, possivelmente, o aumento da
renda média mensal dos brasileiros. De acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea, 2013), a renda domiciliar per capita da população brasileira
aumentou sobre a renda representada pelo PIB (Produto Interno Bruto) per capita. Aquela
aumentou 40,7% entre 2003 e 2011; esta, 27,7% no mesmo período, resultando em taxa 13
pontos superior. O trabalhador brasileiro, principalmente pertencente às classes B e C, teve
crescimento em sua renda mensal no período que compreende os últimos dez anos.
A partir do grande número de aparelhos celulares existentes, surgem produtos
relacionados como, por exemplo, capas que protegem ou que enfeitam os aparelhos.
Existem muitas empresas que ofertam este tipo de produto no Brasil, ao passo que, quanto
maior a quantidade de concorrentes, mais necessária torna-se uma estrutura financeira
empresarial adequada. As empresas inseridas em mercados concorridos precisam ter
conhecimento sobre como estão suas finanças, sob pena de não suportarem a pressão
exercida por seus concorrentes em busca de clientes em comum. Um diagnóstico financeiro
faz-se primordial para que os diretores possam elaborar metas e objetivos adequadamente,
traçar estratégias organizacionais baseadas em informações relevantes apresentadas pelas
finanças e tomar decisões a partir de um contexto financeiro.
As atividades financeiras bem estruturadas são cada vez mais importantes para as
microempresas e pequenas empresas. Frente a mercados competitivos e a concorrentes em
número crescente em determinados segmentos, um diagnóstico sobre as finanças
empresariais torna-se essencial, uma vez que elas podem auxiliar definitivamente sobre as
decisões tomadas ou sobre as estratégias definidas.
Neste trabalho, busca-se elaborar duas demonstrações financeiras, o Balanço
Patrimonial (BP) e o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), para a empresa

11
Customic. A partir delas, pode-se determinar a situação financeira atual e, então, sugerir
opções de melhorias para a organização, que, atualmente, não dispõe destas informações.
Para este estudo, foram utilizados os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de
Administração e as referências teóricas apresentadas no trabalho posteriormente.

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A organização que será estudada neste trabalho é a Customic, empresa que fabrica e
vende capas e acessórios para celulares. A empresa foi criada no final de 2010; fabrica e
vende capas especiais para celulares, estampadas com desenhos feitos por artistas gráficos
ou personalizadas, com fotos ou imagens escolhidas pelo próprio cliente. Também trabalha,
por meio de licenciamentos, com oito clubes de futebol do Brasil, ou seja, a empresa tem
permissão para produzir e vender capas destes clubes esportivos. A matéria-prima para
produção é totalmente importada e a impressão que cobre a capa é feita no Brasil. A loja
trabalha como atacadista, uma vez que vende seu produto para outras lojas do país, e como
varejista, comercializando diretamente com o comprador final. Atualmente, existem duas
lojas físicas em Porto Alegre, além da loja virtual que vende para todo o país. A estratégia da
Customic é posicionar-se como a empresa que faz a melhor capa para celulares, com a
melhor qualidade; é transformar a marca em referência de qualidade no mercado.
Atualmente, o regramento das finanças é feito de modo singelo, por meio de
planilhas em Excel (Microsoft Office). A planilha “contas a pagar” contém a data e o valor a
pagar (débito); a planilha “contas a receber” tem a data e o valor a receber (crédito). Não há
um programa de computador que centralize estas operações, todos os registros são feitos
manualmente em todos os novos débitos e créditos; é possível, no máximo, realizar
previsões de pagamentos e de recebimentos de clientes.
Todas as atividades das lojas, desde a produção até a venda finalizada, precisam ser
mensuradas, e as demonstrações financeiras vêm ao encontro disso. Trabalhar com dados
financeiros concretos e organizados permite aos gestores avaliar novas possibilidades de
investimentos e definir rumos que a organização deve seguir. Informações empresariais
financeiras norteiam a linha de estratégia a ser seguida pela empresa, diminuindo os riscos
de imprecisão e as incertezas quanto ao momento vivido pela organização.

12
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Na medida em que crescem, as empresas necessitam aumentar suas atividades


diárias, uma vez que a demanda também aumenta, e os processos organizacionais
existentes, no ritmo em que são desenvolvidos, já não são suficientes. A administração
financeira tem, como função na organização, planejar, organizar, dirigir e controlar os
processos financeiros, de modo que estes estejam capazes de serem analisados e que
forneçam informações relevantes para os diretores.
O problema identificado na empresa é a ausência de demonstrações financeiras
estruturadas, consequência do não registro de algumas informações importantes e da falta
de organização dos dados existentes. A empresa cresce rapidamente, mas o controle
financeiro não acompanha este ritmo. Há movimentações financeiras diariamente, mas não
há registros nem atividades capazes de organizar e de classificar os gastos decorrentes do
cotidiano organizacional. Assim, a dificuldade dos diretores em obter dados financeiros para
tomar decisões fica evidente, pois não existem ferramentas que os auxiliem neste processo.
Faz-se necessária a construção de demonstrações financeiras para diagnosticar a situação da
empresa e para fundamentar estratégias a serem seguidas visando ao crescimento
organizacional.

1.3 JUSTIFICATIVA

No começo das atividades da Customic, os gestores da empresa se valiam da intuição


baseada em experiências decorrentes de pequenos negócios anteriores para definir ações
futuras. A quantidade de tarefas cotidianas acumuladas pelos gestores não permitia que
fosse despendida uma atenção maior a questões relevantes, como as finanças empresarias.
Com o crescimento atual e a consolidação da empresa no mercado, torna-se necessário um
diagnóstico financeiro estruturado, capaz de revelar dados desconhecidos a partir de
análises de demonstrativos financeiros e de apoiar a tomada de decisões futuras, ou seja,
faz-se necessária uma análise mais científica e menos intuitiva. Uma vez que a empresa não
possui softwares capazes de gerar relatórios e índices financeiros, a análise de dados

13
financeiros praticamente inexiste, pois não há setor exclusivamente designado a cumprir
tarefas desta natureza.
A organização estudada necessita de uma estruturação financeira para dar um norte
às escolhas tomadas por seus diretores; a intenção é criar ferramentas capazes de auxiliar no
processo decisório, baseado em avaliações concretas elaboradas por quem tem acesso às
informações pertinentes. A elaboração deste trabalho é uma oportunidade para integrar
ferramentas novas à organização, até então inexistentes, que poderão auxiliar no controle
financeiro e dar rumo às estratégias que deverão ser seguidas. Além disso, este trabalho é
importante para este autor, pois proporciona a oportunidade de utilizar, na prática, os
conhecimentos específicos aprendidos ao longo do curso de Administração.

1.4 OBJETIVOS

A seguir, serão apresentados os objetivos deste trabalho.

1.4.1 Geral

O objetivo geral do presente trabalho é elaborar e analisar demonstrações


financeiras para a empresa Customic, as quais permitam realizar um diagnóstico financeiro e
auxiliar o processo decisório dos gestores da organização.

1.4.2 Específicos

Levando-se em consideração o objetivo geral acima, serão buscados os seguintes


objetivos específicos:
A) Obter dados financeiros existentes até o presente momento;
B) Construir um modelo de Balanço Patrimonial e de Demonstração de Resultado do
Exercício de acordo com a teoria estudada;
C) Organizar os dados levantados em “A”, de modo a classificá-los de acordo com os
modelos propostos em “B”;

14
D) Calcular índices pertinentes a partir dos modelos construídos em “B”, como forma de
auxílio na tomada de decisões organizacionais; e
E) Analisar os resultados obtidos em “D” e interpretá-los de acordo com a realidade
vivida pela empresa.

15
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção dedica-se a apresentar a base teórica estudada e refletida a fim de


desenvolver este trabalho. Serão abordadas questões sobre administração e planejamento
financeiros, capital de giro e demonstrações financeiras (mais especificamente, Balanço
Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício), além de alguns indicadores
econômico-financeiros.

2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A administração financeira é uma das grandes áreas dentro da organização,


considerada, em algumas empresas, a mais importante. Seu caráter essencial se dá por sua
característica decisiva em avaliações atuais e em tomadas de decisões, que influenciarão no
futuro dos negócios da empresa. O responsável pela administração financeira da empresa
tem diversas funções que são próprias de sua atribuição, visando ao atingimento de
objetivos financeiros e organizacionais.

2.1.1 Funções da Administração Financeira

A função financeira engloba, conforme Braga (1989), um conjunto de atividades


relacionadas com a forma como recursos financeiros são movimentados pelas diversas áreas
da empresa. A obtenção dos recursos necessários e a formulação de uma estratégia
direcionada para a eficiência na utilização destes recursos é a principal função financeira de
uma organização. Ainda segundo Braga (1989, p. 23), “a função financeira tem um papel
muito importante no desenvolvimento de todas as atividades operacionais, contribuindo
significativamente para o sucesso do empreendimento”. Paralelamente a isto, este autor nos
diz que a movimentação de transações deve permitir que a empresa assuma seus
compromissos, assim como garanta o pagamento de dividendos.
A função da administração financeira, segundo Ross, Westerfield e Jordan (2008),
está baseada nas decisões tomadas com base em três pilares financeiros: o orçamento de
capital, a estrutura de capital e a administração do capital de giro. Conforme estes autores, o

16
orçamento de capital envolve a administração e o planejamento de longo prazo dos
investimentos feitos pela empresa. Considerando o tamanho, o tempo e o risco de
recebimento dos recursos possivelmente investidos, é necessário que as oportunidades de
investimento, ou o valor gerado por este ativo, valham mais do que seu custo de aquisição
para a empresa. Já a estrutura de capital desenvolve sobre a relação entre o Exigível a Longo
Prazo e o Patrimônio Líquido da empresa, ou seja, considera os meios pelos quais a empresa
obtém e planeja o financiamento de longo prazo que necessita para manter seus
investimentos de longo prazo. Finalizando o que dizem Ross, Westerfield e Jordan (2008), o
terceiro pilar, a administração do capital de giro, diz respeito ao Ativo e ao Passivo
Circulantes da empresa. O capital de giro representa os recursos que a empresa necessita
para manter suas atividades operacionais diárias, e sua administração representa diversas
atividades relacionadas ao recebimento e às saídas de caixa da empresa.
Gitman (2010) diz que a área financeira de uma organização necessita interagir com
as demais áreas, visto que a análise das informações e a tomada de decisão são melhores
exercidas se integradas, visando à criação de valor da empresa. Além disso, este autor diz
que a função da administração financeira envolve as tarefas relacionadas à gestão de
recursos, como planejar, conceder crédito a clientes, captar recursos para financiamento e
avaliar novos investimentos.

2.1.2 Objetivos da Administração Financeira

Como diz Braga (1989), as decisões financeiras são direcionadas para o aumento do
valor de mercado da empresa, e a administração financeira tem, como meta, a maximização
da riqueza dos acionistas. Para que isto ocorra, os seguintes aspectos estão envolvidos:
perspectiva de longo prazo (investimentos que poderão sacrificar a rentabilidade atual em
troca de benefícios maiores no futuro); valor do dinheiro no tempo (projetos a serem
implementados que visarão a aumentar ou, no mínimo, a manter o valor de mercado da
empresa); retorno do capital próprio (desejo dos acionistas de serem remunerados por meio
de dividendos e pela valorização de suas ações); risco (quanto maior o risco, maior a
expectativa do retorno); e dividendos (pagamento de dividendos periódicos, minimizando
efeitos negativos, principalmente sob a análise dos acionistas). Ainda conforme Braga

17
(1989), o pressuposto de admitir que o objetivo da administração financeira é a maximização
dos lucros não satisfaz pelo caráter imediatista que isto representa.
Ross, Westerfield e Jordan (2008) dizem que o objetivo da administração financeira
deve atender às expectativas dos acionistas da empresa, visto que estes são representados
pelo gestor financeiro dentro da organização. Assim, considerando que os acionistas
adquirem ações buscando ganhos financeiros, decisões acertadas dos gestores de finanças
geram aumento do valor da ação, concluindo que a maximização do valor atual unitário da
ação existente é o objetivo da administração financeira. Estes autores ainda acrescentam
que, para atender a todas as organizações, ou àquelas que não possuem ações, o objetivo da
administração financeira é maximizar o valor de mercado do patrimônio líquido existente
dos proprietários. Ross, Westerfield e Jordan (2008) alertam para o Problema de Agência,
que é ”a possibilidade de ocorrerem conflitos de interesses entre os acionistas e o
gerenciamento de uma empresa”. Segundo eles, é necessário que os objetivos dos gestores
estejam alinhados com os objetivos dos acionistas e que a possibilidade de troca dos
gestores possa ser feita pelos acionistas caso aqueles não ajam de maneira conveniente.

2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento é uma das bases administrativas imprescindíveis para o desejável


andamento e crescimento organizacionais. Ele contempla possíveis dificuldades e aponta
como lidar com elas por meio de ações previamente estabelecidas, almejando à busca dos
objetivos organizacionais determinados.
Frezatti (2009) diz que planejar significa escolher uma alternativa de ação em
detrimento de outras, levando-se em consideração questões de preferências,
disponibilidades e grau de aceitação de risco; ou seja, planejar implica em controlar o
próprio futuro, segundo este mesmo autor. Já Gitman (2010) enxerga, no planejamento, um
mapa para a orientação, a coordenação e o controle das ações que a empresa fará para
atingir seus objetivos.
Seguindo o mesmo rumo, porém mais focado em finanças, o planejamento financeiro
é comum em grandes empresas, mas ainda pouco utilizado em pequenas empresas. Ele
enfatiza a decisão antecipada de questões importantes como, por exemplo, decisões de

18
financiamento e de investimento, as quais devem criar um modo de agir da empresa em
relação às finanças por um período determinado de tempo, visando ao atingimento de
objetivos organizacionais.
Braga (1989) compreende o planejamento financeiro como a programação avançada
de todos os planos da administração financeira, além da integração e coordenação com os
planos operacionais de todas as áreas da empresa. Este autor ainda diz que o controle e o
planejamento devem ser realizados juntos, pois este é preciso para estabelecer metas e
padrões; aquele, para obter informações com rapidez e utilizá-las como forma de
comparação com os desempenhos atuais apresentados para, se possível, melhorá-los. Ainda
segundo Braga (1989), o controle financeiro é desenvolvido por meio de acompanhamento
da execução do planejamento financeiro global, por meio de técnicas de análise. Já para
Frezatti (2009), é impossível planejar sem controlar, pois somente é possível redirecionar,
enfatizar e ajustar as ações para atingir os objetivos previamente traçados a partir da
verificação do controle.

2.2.1 Planejamento Financeiro de Curto Prazo

No planejamento financeiro de curto prazo, decisões e estratégias acerca do ativo e


do passivo circulantes são prioritariamente analisadas. Considerações sobre o montante de
liquidez e do capital circulante que a empresa precisa ter também são recorrentes em curto
prazo. A eficiência na gestão dos recursos a fim de melhorar a liquidez da empresa é o que
deve ser buscado pelos gestores, uma vez que isso envolve questões operacionais e
cotidianas da empresa.

2.2.2 Planejamento Financeiro de Longo Prazo

O planejamento financeiro de longo prazo compreende os objetivos estratégicos a


serem alcançados pela empresa, com base em ações que requerem período mais longo para
efetiva implantação. Normalmente, determina-se um período a partir de dois anos como
sendo ideal para projetos de longo prazo.

19
Segundo Ross, Westefield e Jordan (2008), o planejamento financeiro de longo prazo
tem três elementos básicos dentro da política financeira da empresa. O primeiro deles é a
decisão de orçamento de capital, caracterizadas pelo investimento necessário da empresa
em novos ativos, que surgirá das oportunidades de investimentos que a empresa prefere
assumir. O segundo elemento corresponde à estrutura de capital da empresa. Conforme
estes autores, o grau de alavancagem financeira que a empresa resolve empregar determina
o montante de empréstimo que ela utilizará para financiar seus investimentos em ativos
reais. Por fim, o terceiro elemento do planejamento financeiro de longo prazo caracterizado
por Ross, Westerfield e Jordan (2008) corresponde à política de dividendos da empresa, ou
seja, o montante de dinheiro que a empresa considera apropriado e necessário para pagar
aos acionistas.
Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) consideram, como objetivo do planejamento
financeiro de longo prazo, que o capital de giro seja suficiente para financiar a necessidade
permanente de recursos criada pelo ciclo financeiro e pelas vendas, evitando o
desenvolvimento do “efeito tesoura” ao longo do tempo.

2.3 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As demonstrações financeiras são geradas a partir de demandas empresariais para


verificar a situação financeira em um determinado período de tempo. Elas fornecem dados
que, organizados e analisados corretamente, geram informações que podem ser utilizadas
em processos de tomada de decisões, as quais não só englobam a área financeira, mas
também outras áreas passíveis de melhoras a partir de análise dos resultados. Em conjunto
com a área contábil, que tem a responsabilidade de organizar dados e registros, a
administração financeira analisa e transforma em informações os números apresentados
pelas demonstrações financeiras. Quão melhor estiverem dispostas as demonstrações, mais
eficientes serão as informações geradas e, consequentemente, as tomadas de decisões por
parte dos gestores. As demonstrações financeiras mais usuais para esta análise são o
Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).

2.3.1 Balanço Patrimonial

20
É a demonstração financeira que fornece os saldos de todas as contas que compõem
o patrimônio da empresa em determinada data. Apesar de ser limitado acerca do período
em que é gerado (visto que, no próximo dia, os valores já serão diferentes), o balanço
patrimonial é o principal elemento financeiro-contábil devido à sua abrangência para a
empresa.
Conforme Marion (1998), o balanço patrimonial é representado por duas colunas: à
esquerda, encontra-se o Ativo, e, à direita, localizam-se o Passivo e o Patrimônio Líquido. O
Ativo representa os bens e os direitos da empresa, enquanto que o Passivo representa as
dívidas e os compromissos a pagar. O Patrimônio Líquido, por sua vez, apresenta os recursos
pertencentes aos proprietários. Ainda segundo Marion (1998), o Ativo também pode ser
designado como usos dos recursos provenientes de terceiros (Passivo) ou do capital próprio
(Patrimônio Líquido), ou seja, o Ativo representa os usos de recursos e o Passivo e o
Patrimônio Líquido representam as fontes de recursos. É importante ressaltar que as contas
pertencentes ao Ativo são organizadas em ordem decrescente de grau de liquidez.

2.3.1.1 Ativo circulante

Segundo a Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação dada
pela Lei Nº 11.941/2009, “as contas do Ativo Circulante serão classificadas do seguinte
modo: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e
as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte”. As seguintes contas são as
principais do Ativo Circulante:

- Caixa (Disponibilidades): refere-se ao dinheiro existente na empresa, os valores


depositados em contas bancárias de livre movimentação e as aplicações de imediata
conversibilidade em dinheiro.
- Clientes (Duplicatas a Receber): são os valores a receber decorrente das vendas
realizadas pela empresa; normalmente, são representados por títulos de créditos emitidos a
compradores.
- Estoques: compreendem produtos e materiais de propriedade da empresa, sendo
que os materiais são tanto aqueles incorporados aos produtos quanto aqueles que servem

21
para auxiliar na produção. Os estoques compreendem produtos acabados e produtos em
elaboração, além da matéria-prima para produção.

2.3.1.2 Ativo não circulante

Conforme a Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação dada
pela Lei Nº 11.941/2009, classificam-se no Ativo Não Circulante “os direitos realizáveis após
o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas [...]”.
São as contas com recebimento após o término do exercício seguinte ou não
destinadas diretamente à venda, mas à manutenção e à operação das atividades da
empresa. Teoricamente, as mesmas contas do Ativo Circulante (com exceção das
Disponibilidades) são compreendidas no Ativo Não Circulante. No entanto, para as contas
deste grupo, o prazo de realização deve ser superior a um ano. Caso o ciclo operacional –
prazo decorrido entre a compra e o recebimento da quantia faturada na venda -- da
empresa tiver duração maior que o exercício social, as contas serão classificadas baseadas
no prazo deste ciclo.
Como nos diz Matarazzo (2008), a empresa tem dois tipos de investimentos
normalmente. Um é necessário para atingir as vendas, a produção e a administração,
representado pelo Ativo Imobilizado. O outro tipo é decorrente das atividades comerciais da
empresa, representado pelo Ativo Circulante.
O Ativo Não Circulante é composto pelos Investimentos, pelo Imobilizado e pelo
Intangível.

2.3.1.2.1 Imobilizado

O Imobilizado corresponde aos direitos e aos bens destinados à manutenção da


atividade da empresa. Conforme Matarazzo (2008, p. 59), “o custo dos bens levados para o
Imobilizado compreende todos os gastos necessários para ter os bens em funcionamento na
empresa”. Além disso, “todos os custos do Imobilizado são amortizáveis ao longo de vários
exercícios, através da Depreciação, Amortização ou Exaustão” (Matarazzo, 2008, p. 60).

22
Existem diferenças entre as contas abrangidas nos ativos imobilizados das empresas,
visto que cada uma dessas tem sua particularidade. Deve-se eleger o conjunto de contas que
melhor reflita a realidade daquela empresa. As principais contas do Imobilizado são
terrenos, construções, instalações, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, veículos,
entre outras.

2.3.1.2.2 Investimentos

Compreende as participações permanentes em outras sociedades e contas que não


se destinam à manutenção das atividades da empresa, como Participações em Coligadas e
em Controladas.

2.3.1.2.3 Intangível

Consoante Marion (1998, p. 289), “bem intangível não á palpável, não tem formação
física”. São os direitos que não têm existência física, como marcas, patentes e softwares.

2.3.1.3 Passivo circulante

Como está na Lei Nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), com nova redação
dada pela Lei Nº 11.941/2009, ”as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante,
quando vencerem no exercício seguinte”. As principais contas do passivo circulante são:

- Fornecedores: são as compras de matérias-primas, de mercadorias destinadas à


revenda, de insumos e de materiais destinados à produção. Esta conta representa a dívida
com fornecedores sob a forma de duplicatas a pagar.
- Empréstimos e Financiamentos: refere-se aos recursos obtidos junto a instituições
financeiras com o objetivo de financiar investimentos ou o giro dos negócios. Matarazzo
(2008) recomenda a utilização do termo empréstimos para os recursos tomados com o
intuito de aplicação livre pela empresa em que, normalmente, as garantias são
representadas por duplicatas entregues em caução e cobrança. A expressão financiamentos

23
tem sua utilização recomendada por Matarazzo para recursos destinados a financiar bens
especificamente, como máquinas e equipamentos, que servirão de garantia para a
instituição financeira, sendo comum aos recursos serem creditados diretamente ao
fornecedor do bem neste caso.
- Salários e Encargos Sociais: compreende as obrigações da empresa junto a seus
funcionários, assim como aos responsáveis arrecadadores de contribuições sociais, como
INSS e FGTS.
- Contas a Pagar: conta que surge pela aquisição de utilidades e de serviços, como
energia elétrica, honorários profissionais de terceiros, aluguéis, entre outros.
- Tributos a Pagar: compreende as obrigações referentes a impostos, a taxas e a
contribuições.

2.3.1.4 Passivo não circulante

Engloba as obrigações da empresa com vencimento após o término do exercício


seguinte; são os deveres exigíveis a longo prazo. Qualquer conta que tenha vencimento a
partir do exercício subsequente deve ser compreendida neste grupo. Empréstimos e
financiamentos a longo prazo são comuns de aparecerem neste grupo.

2.3.1.5 Patrimônio líquido

Conforme Matarazzo (2008, p. 64), “o Patrimônio Líquido representa os recursos dos


acionistas formados por capital – dinheiro ou bens – entregues pelos acionistas à empresa
ou por lucros gerados pela empresa [...]”. Apresenta as contas que demonstram os recursos
aplicados pelos proprietários na própria empresa, as reservas de capital e os lucros ou os
prejuízos acumulados. As principais contas do Patrimônio Líquido são:
- Capital Social: representa os recursos, tanto sob a forma de dinheiro como de bens,
conferidos pelos sócios/acionistas à empresa.
- Reservas: corresponde às reservas de recursos para específicos acontecimentos e
com respectivos objetivos, como, por exemplo, aumentos de capital e compensação da

24
diminuição do lucro em exercícios futuros. Como principais reservas, podemos destacar as
Reservas de Capital e as Reservas de Lucros.

2.3.2 Demonstração de Resultado do Exercício

É a demonstração que apresenta as modificações ocorridas no Patrimônio Líquido em


função das operações decorrentes das atividades da empresa. Estas modificações são
geradas a partir das receitas, dos custos e das despesas basicamente, as quais alteram
valores no Ativo e no Passivo e, consequentemente, no Patrimônio Líquido. Se há um
aumento no Ativo por entrada de recursos, por exemplo, também poderá haver um
aumento no Patrimônio Líquido. Seguindo a mesma linha, caso haja aumento no Passivo,
poderá existir diminuição no Patrimônio Líquido, entre outras possíveis operações e
combinações. Todas as contas na demonstração de resultado do exercício seguem uma
ordem que as organiza de acordo com sua natureza. A receita deve ser considerada no
instante em que ocorre a venda ou a transferência de um bem, assim como a despesa, que
deve ser contabilizada no mesmo período.
Segundo Matarazzo (2008, p. 45), “a Demonstração do Resultado retrata apenas o
fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro)”. Ainda conforme este autor,
não importa, para esta demonstração, se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro,
pois apenas é necessário que interfira no Patrimônio Líquido, como a depreciação, por
exemplo, visto que ela não representa desembolso, mas interfere no fluxo econômico. O
Patrimônio Líquido representa a riqueza dos proprietários, então esta demonstração pode
ser compreendida como econômica, e não necessariamente somente como financeira.
Abaixo, segue a estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício:

- Receita Operacional Bruta: representa o valor das vendas de bens e serviços, à vista
ou a prazo; também denominado de faturamento. Com base nos valores apresentados, há
as Deduções das Vendas, que contemplam as Devoluções de Vendas, os Abatimentos sobre
as Vendas e os Impostos Incidentes sobre as Vendas.
- Receita Operacional Líquida: refere-se à diferença entre a Receita Operacional Bruta
e as Deduções das Vendas.

25
- Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e Custo das Mercadorias Vendidas (CMV): o CPV
é utilizado para empresas industriais, em que há transformação de bens. Ele é representado
pela seguinte equação:
CPV = EI + CPP – EF,
onde:
EI = Estoques Iniciais
CPP = Custo de Produção do Período
EF = Estoques Finais

O Custo de Produção do Período (CPP) é calculado pela fórmula abaixo:

CPP = MC + MOD + CIF,

onde:
MC = Materiais Consumidos, que corresponde ao custo dos materiais utilizados na
produção e é baseado no EIM (Estoque Inicial do Material), no CL (Compras Líquidas) e no
EFM (Estoque Final do Material).
MOD = Mão-de-Obra Direta, que representa a remuneração paga com os
empregados da fábrica cujo trabalho é diretamente proporcional à produção física.
CIF = Custos Indiretos de Fabricação, que compreende os custos pertencentes à
produção, mas não diretamente proporcionais ao volume de produção nem ao produto.

O CMV é utilizado para empresas comerciais, em que as mercadorias são compradas


de um fornecedor e revendidas para o cliente final. É encontrado por meio da seguinte
fórmula:

CMV = EI + CL - EF,

onde:
EI = Estoques Iniciais
CL = Compras Líquidas
EF = Estoques Finais

- Resultado Bruto: corresponde à diferença entre Receita Operacional Líquida e


CPV/CMV.

26
- Despesas Operacionais: referem-se às despesas necessárias para a empresa operar,
como despesas relacionadas com vendas, com administração e com financiamento das
atividades; despesas com produção não são contempladas neste grupo. Dentro das
Despesas Operacionais, podemos citar as Despesas com Vendas (necessárias para vendas,
como necessárias para promoção e para distribuição de produtos) e as Despesas
Administrativas (necessárias para tarefas administrativas e despesas gerais). As Despesas
Financeiras (necessárias para financiamento da empresa, como taxas bancárias, juros, entre
outras) e as Receitas Financeiras (ganhos a partir de investimentos e outros de natureza
financeira, como, por exemplo, juros cobrados por atraso de pagamento de clientes) são
calculadas após o Resultado Operacional e antes do Resultado Antes do Imposto de Renda.
- Resultado Operacional: corresponde ao Resultado Bruto descontado das Despesas
Operacionais.
- Resultado Antes do Imposto de Renda: refere-se à diferença entre o Resultado
Operacional e as despesas não operacionais (inclusive o resultado financeiro), relativas ao
Ativo Não Circulante.
- Resultado Líquido: é o resultado final da empresa no período considerado. Resulta
após descontos dos valores do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.

2.4 CAPITAL DE GIRO

A administração do capital de giro tem vital relevância para a empresa, pois possui
grande impacto nas operações cotidianas e permite que ela mantenha suas atividades
diárias em pleno funcionamento. Dentro das finanças empresariais, as decisões sobre o
capital de giro são das mais importantes.
Para Santos (2001), capital de giro compreende questões como financiamento de
estoques, gerenciamento da inadimplência de clientes e administração das insuficiências de
caixa. Assim, continua Santos (2001), quanto maior for o capital de giro da empresa, maior
será a necessidade de financiamento, com recursos próprios ou com recursos de terceiros; o
volume de vendas, a política de crédito comercial e o nível de estoques determinarão a
quantidade de capital de giro que a empresa precisa utilizar.

27
Braga (1989) diz que a administração do capital de giro requer um processo contínuo
de tomada de decisões que busquem, principalmente, a preservação da liquidez da empresa,
afetando, também, a rentabilidade. Ainda segundo este autor, o capital de giro corresponde
aos recursos aplicados no ativo circulante, e sua administração está relacionada com os
problemas de gestão dos ativos e dos passivos circulantes. Braga (1989, p. 81) lembra que
“as concordatas e as falências geralmente constituem o desfecho natural para as soluções
inadequadas dos problemas de gestão do capital de giro”.
O fluxo de recursos envolvidos na administração do capital de giro tem início no
passivo circulante, que financia as operações de curto prazo da empresa. Estas obrigações
adquiridas pela empresa são quitadas a partir da conversão dos estoques e dos demais itens
do ativo circulante em dinheiro (caixa). O capital de giro pode ser mais bem calculado com a
fórmula abaixo:

CDG = PNC + PL - ANC

Onde:
CDG = Capital de Giro
PNC = Passivo Não-Circulante
PL = Patrimônio Líquido
ANC = Ativo Não-Circulante

2.4.1 Necessidade de Capital de Giro

A necessidade de capital de giro representa quanto de recursos a empresa precisa


para financiar sua atividades diárias, ou seja, quanto precisa de capital de giro para manter
suas operações em pleno funcionamento. Abaixo, segue a fórmula com a qual pode ser
calculada a necessidade de capital de giro:

NCG = ACO – PCO

Onde:
NCG = Necessidade de Capital de Giro
ACO = Ativo Circulante Operacional
PCO = Passivo Circulante Operacional

28
O Ativo Circulante Operacional e o Passivo Circulante Operacional representam a
parcela de curto prazo do ativo e do passivo necessária para operação dos negócios da
empresa, como Duplicatas a Receber e Estoques no caso do ativo, e Fornecedores, Salários a
Pagar e Tributos a Pagar no caso do passivo.
Quando a NCG for positiva, pode-se deduzir que a empresa necessita de
financiamento a fim de manter suas atividades. Quando a NCG for negativa, então os
recursos gerados pelas operações são suficientes para cobrir o giro e para possíveis
aplicações em outras áreas operacionais. Caso a NCG seja igual a zero, a empresa não tem
necessidade de financiamento para o giro.
Matarazzo (2008) diz que a chave para a administração financeira de uma empresa é
a necessidade de capital de giro, pois ela não analisa somente o ponto de vista financeiro,
mas também as estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade. Este autor ainda
diz que a necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa e das vendas de uma
empresa, ou seja, “para cada volume de vendas existirá uma NCG, supondo-se que o ciclo de
caixa permaneça constante” (Matarazzo, 2008).
Por fim, o Saldo de Tesouraria, segundo Fleuriet, Kehdy e Blane (2003), é o valor
calculado pela diferença entre o resultado do capital de giro e a necessidade de capital de
giro, conforme segue abaixo:

ST = CDG – NCG

Onde:
ST = Saldo de Tesouraria
CDG = Capital de Giro
NCG = Necessidade de Capital de Giro

O saldo de tesouraria positivo significa que todas as aplicações operacionais de


capitais permanentes da empresa são financiadas por recursos de longo prazo, e ainda sobra
certa quantia de recursos. Caso o saldo de tesouraria seja negativo, significa que faltam
recursos de longo prazo para financiar as aplicações operacionais. Neste caso, recursos de
curto prazo são fonte de parte da atividade operacional da empresa. Se o saldo de tesouraria
for nulo, não há sobra nem falta de fontes permanentes para financiar as aplicações
operacionais da empresa.

29
2.5 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS

Segundo Matarazzo (2010), os índices constituem a técnica de análise mais


empregada, tendo como característica principal o fornecimento de uma visão ampla da
situação econômico-financeira da empresa. Este mesmo autor alerta que os índices podem
não ser definitivos para tirar conclusões sobre a situação financeira, mas eles funcionam
como um alerta. Um endividamento elevado não significa necessariamente que a empresa
esteja à beira da insolvência. Ainda conforme Matarazzo (2010, p. 148), “o importante não é
o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita
conhecer a situação da empresa segundo o grau de profundidade desejado na análise”.
Segundo Marion (1998, p. 455), “os índices [...] facilitam sensivelmente o trabalho do
analista, uma vez que a apreciação de certas relações ou percentuais é mais significativa
(relevante) que a observação de montantes, por si só”. Este autor ainda ressalta, todavia,
que o analista deve tomar uma série de precauções acerca da interpretação dos índices, pois
eles podem apresentar imagem distorcida da situação real da empresa.
Ainda que existam muitos indicadores econômico-financeiros, estão destacados,
neste estudo, alguns que poderão auxiliar no entendimento da empresa em questão. Serão
abordados índices de liquidez, índices de endividamento e índices de rentabilidade.

2.5.1 Índices de Liquidez

Segundo Santos (2001, p. 23), os índices de liquidez “permitem prever a capacidade


financeira da empresa para liquidar seus compromissos financeiros no vencimento,
fornecendo uma indicação de sua capacidade de manter seu capital de giro no volume
necessário à realização de suas operações”. Ainda conforme Santos (2001), os índices de
liquidez podem ser utilizados tanto para avaliações externas, de clientes e de fornecedores,
quanto para avaliação interna, como forma de monitorar o capital de giro da empresa.
Marion (1998) diz que a avaliação sobre a capacidade da empresa de saldar seus
compromissos é feita pelos índices de liquidez. A capacidade de pagamento pode ser
avaliada em longo, curto ou imediato prazo, segundo Marion (1998).

30
2.5.1.1 Índice de liquidez corrente

O índice de liquidez corrente apresenta a capacidade da empresa em liquidar seus


compromissos financeiros de curto prazo. Pode ser calculada da seguinte forma:

ILC = AC / PC

Onde:
ILC = Índice de Liquidez Corrente
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante

Segundo Santos (2001), este índice considera todos os itens inclusos no ativo
circulante, não faz diferenciação sobre a qualidade dos componentes deste ativo, pois, neste
caso, deve-se considerar que os estoques seriam prontamente transformados em dinheiro.
Quanto maior for o índice, melhor será a situação financeira da empresa.

2.5.1.2 Índice de liquidez seca

O índice de liquidez seca considera os ativos de maior liquidez para avaliar a


capacidade da empresa em liquidar suas dívidas de curto prazo. Como os estoques são a
parte do ativo circulante reconhecidamente com menor liquidez, ele é excluído do cálculo,
conforme segue abaixo:

ILS = (AC – Estoques) / PC

Onde:
ILS = Índice de Liquidez Seca
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante

Conforme Santos (2001, p. 24), “como acontece com o índice de liquidez corrente, o
valor ideal do índice de liquidez seca depende do setor da empresa e de suas características
operacionais”. Quanto maior for o índice, melhor será a situação financeira da empresa.

31
2.5.1.3 Índice de liquidez geral

O índice de liquidez geral indica a capacidade da empresa em saldar suas obrigações


de curto e de longo prazo. Para isto, considera o Ativo Circulante e o Realizável a Longo
Prazo com todos os passivos da empresa. Segundo Matarazzo (2010), este índice representa
quanto a empresa possui de valores em ativo para cada $ 1 de dívida total. Pode ser
calculado da seguinte forma:

ILG = (AC + ANC) / (PC + PNC)

Onde:
ILG = Índice de Liquidez Geral
AC = Ativo Circulante
ANC = Ativo Não Circulante
PC = Passivo Circulante
PNC = Passivo Não Circulante

Quanto maior for o índice de liquidez geral, melhor será a capacidade de pagamento
da empresa.

2.5.2 Índices de Endividamento

Os índices de endividamento representam a quantidade de recursos de terceiros


utilizada pela empresa para financiar suas operações. Segundo Matarazzo (2010), os índices
desse grupo apresentam as grandes linhas de decisões financeiras em termos de obtenção e
de aplicação de recursos. A proporção entre os recursos de terceiros sobre os recursos
próprios e os ativos é que apontará o grau de endividamento da empresa.
Os índices desenvolvidos neste grupo serão os principais, como o endividamento
geral, a composição do endividamento e a participação de capitais de terceiros.

2.5.2.1 Índice de endividamento geral

32
O índice de endividamento geral representa a proporção de financiamento do ativo
total por capital de terceiros, ou seja, quanto maior este índice, maior será a participação de
recursos de terceiros para financiar as operações da empresa. Conforme Ross, Westefield e
Jordan (2008), tanto as dívidas de curto prazo como as dívidas de longo prazo são levadas
em consideração para o cálculo deste índice, que pode ser da seguinte forma:

IEG = CT / AT

Onde:
IEG = Índice de Endividamento Geral
CT = Capital de Terceiros
AT = Ativo Total

2.5.2.2 Índice de composição do endividamento

O índice de composição do endividamento indica a relação entre as obrigações de


curto prazo e as obrigações totais. Segundo Marion (1998), quanto maior for este índice,
pior para a empresa, pois ela operará com mais dívidas de curto prazo, e isto é bastante
desfavorável porque prejudica a liquidez corrente da empresa.
Este índice pode ser calculado da seguinte maneira:

ICE = PC / CT

Onde:
ICE = Índice de Composição do Endividamento
PC = Passivo Circulante
CT = Capitais de Terceiros

2.5.2.3 Participação de capitais de terceiros

Este índice apresenta quanto a empresa tomou de capitais de terceiros em relação ao


capital próprio. Segundo Matarazzo (2008, p. 154), “é um indicador de risco ou de
dependência a terceiros por parte da empresa”.
A fórmula abaixo indica como este indicador pode ser calculado:

33
ICT = CT / PL

Onde:
ICT = Índice de Participação de Capitais de Terceiros
CT = Capitais de Terceiros
PL = Patrimônio Líquido

2.5.3 Índices de Rentabilidade

Os índices de rentabilidade avaliam a situação econômica de uma empresa, visto que


eles medem a rentabilidade do capital utilizado nas operações cotidianas. Marion (1998) diz
que os índices de rentabilidade abrangem os aspectos econômicos na análise empresarial.
Estes índices, segundo Matarazzo (2010, p. 175), “mostram qual a rentabilidade dos capitais
investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito
econômico da empresa”.
Entre os índices de rentabilidade existentes, serão abordados giro do ativo, margem
líquida e rentabilidade do ativo.

2.5.3.1 Giro do ativo

O giro do ativo mede quanto a empresa vendeu em comparação ao investimento


feito. Segundo Matarazzo (2010, p. 176), “o sucesso de uma empresa depende, em primeiro
lugar, de um volume de vendas adequado”. Este mesmo autor afirma que o volume de
vendas tem relação direta com o montante de investimentos.
Este índice pode ser calculado da seguinte forma:

GA = VL / AT

Onde:
GA = Giro do Ativo
VL = Vendas Líquidas
AT = Ativo Total

34
Considerando tudo o mais constante, quanto maior for este índice, melhor será para
a empresa.

2.5.3.2 Margem líquida

A margem líquida representa o percentual do lucro líquido sobre as vendas líquidas.


Braga (1989, p. 164) diz que “a margem líquida revela o percentual da receita operacional
líquida que sobrou após serem deduzidas todas as despesas e computados os resultados não
operacionais, a provisão para o imposto de renda e as participações estatutárias”.
Para calcular este indicador, pode-se utilizar a fórmula abaixo:

ML = LL / VL

Onde:
ML = Margem Líquida
LL = Lucro Líquido
VL = Vendas Líquidas

Quanto maior este índice, melhor será para a empresa.

2.5.3.3 Rentabilidade do ativo

Este índice, também chamado de Taxa de Retorno sobre Investimentos, mede quanto
a empresa obtém de lucro líquido em relação ao investimento total. Segundo Matarazzo
(2010, p. 179), a rentabilidade do ativo “não é exatamente uma medida de rentabilidade do
capital, mas uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder
capitalizar-se”. Ainda segundo este autor, este índice é uma medida do potencial de geração
de lucro por parte da empresa.
A rentabilidade do ativo pode ser calculada da seguinte forma:

RA = LL / AT

Onde:
RA = Rentabilidade do Ativo
LL = Lucro Líquido
35
AT = Ativo Total

Quanto maior este índice, melhor para a empresa.

2.5.3.4 Rentabilidade do patrimônio líquido

Este indicador, também conhecido como Taxa de Retorno sobre o Patrimônio


Líquido, indica qual a taxa de rendimento do capital próprio investido, ou seja, mede o poder
de ganho dos proprietários. Pode ser calculado da seguinte maneira:

RPL = LL / PL

Onde:
RPL = Rentabilidade do Patrimônio Líquido
LL = Lucro Líquido
PL = Patrimônio Líquido

Quanto maior este índice, melhor para a empresa.

2.5.4 Prazos Médios

Os índices de prazos médios são calculados a partir das demonstrações financeiras de


uma empresa; diferentemente de outros, os índices de prazos médios são medidas de
administração de ativo. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2008), os prazos médios se
destinam a descrever a eficiência ou a intensidade com que uma empresa utiliza seu ativo
para gerar vendas.
Santos (2001) considera o estudo dos índices de prazos médios como parte do
planejamento e da análise do capital de giro da empresa, visto que este é bastante suscetível
às alterações que ocorrem natural e continuamente no ambiente econômico em que a
empresa atua. Assim, Santos (2001) afirma que grande parte do tempo do gestor financeiro
é destinada à solução de problemas de capital de giro, uma vez que uma administração
eficiente do capital de giro pode minimizar ou evitar problemas financeiros.
Conforme Matarazzo (2008, p. 311), “a conjugação dos três índices de prazos médios
leva à análise dos ciclos operacional e de caixa, [...] geralmente vitais para a determinação
36
do fracasso ou sucesso de uma empresa”. Além disso, este mesmo autor alerta para que os
índices de prazos médios não sejam analisados separadamente, mas sempre em conjunto,
pois somente assim serão úteis.
Basicamente, há três índices de prazos médios que podem ser calculados a partir das
demonstrações financeiras: Prazo Médio de Recebimento, Prazo Médio de Pagamento e
Prazo Médio de Estocagem.

2.5.4.1 Giro do contas a receber e prazo médio de recebimento

Este índice indica quantos dias, em média, a empresa espera para receber suas
vendas a crédito. Abaixo, seguem as fórmulas para calculá-lo:

Giro do Contas a Receber = Vendas / Contas a Receber

O Giro de Contas a Receber mostra, de modo geral, quantas vezes a empresa vendeu
o seu crédito (contas a receber). Assim, pode-se chegar ao Prazo Médio de Recebimento:

PMR = n / Giro do Contas a Receber

Onde:
PMR = Prazo Médio de Recebimento
n = período utilizado (em dias)

Neste caso, será calculado o nº de dias em que, na média, a empresa recebe suas
vendas a crédito. Quanto menor o PMR, melhor será para a empresa, visto que ela terá seus
direitos a disposição mais rapidamente para utilizá-los.
Matarazzo (2008) diz que os prazos de recebimento concedidos aos clientes são
questão mercadológica, e não decisão unilateral da empresa, uma vez que ela é obrigada a
adotar determinado prazo conforme necessidade do cliente, sob risco de perder a venda,
visto que, teoricamente, o prazo ideal para a empresa seria de zero dia (venda à vista).

2.5.4.2 Giro do contas a pagar e prazo médio de pagamento

Este índice indica quantos dias, em média, a empresa leva para pagar suas contas.
Abaixo, seguem fórmulas para cálculo:
37
Giro do Contas a Pagar = Compras / Fornecedores

O Giro de Contas a Pagar mostra, de modo geral, quantas vezes a empresa comprou
seu crédito junto a fornecedores. Assim, podemos chegar ao Prazo Médio de Pagamento:

PMP = n / Giro do Contas a Pagar

Onde:
PMP = Prazo Médio de Pagamento
n = período utilizado (em dias)

Assim, será calculado o nº de dias em que, na média, a empresa paga suas contas.
Quanto maior o PMP, melhor será para a empresa, visto que ela tem mais tempo para arcar
com suas obrigações, diminuindo riscos de possíveis imprevistos negativos com fluxos de
caixa.
Segundo Marion (1998), um problema que sempre surge para o cálculo do Prazo
Médio de Pagamento é o valor de Compras, já que a Demonstração de Resultado do
Exercício não a separa, mas apenas os Custos de Vendas. Ainda conforme este autor, para
empresas comerciais, o valor das compras é encontrado facilmente utilizando o CMV (Custo
das Mercadorias Vendidas) na DRE e os estoques finais e iniciais no Balanço Patrimonial; em
empresas industriais, há maior dificuldade, já que, para encontrar o CPV (Custo dos Produtos
Vendidos), é necessário o CPP (Custo de Produção do Período). Por meio de alguns critérios,
alguns analistas costumam estimar o valor das compras para empresas industriais, embora o
ideal seja conseguir este dado junto à empresa, consoante Marion (1998).

2.5.4.3 Giro do estoque e prazo médio de estocagem

Este índice indica quantos dias, em média, o estoque permanece até ser totalmente
vendido. Seguem fórmulas para cálculo abaixo:

Giro do Estoque = CPV ou CMV / Estoque

Onde:
CPV = Custo dos Produtos Vendidos
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas

38
O Giro do Estoque mostra quantas vezes a empresa vendeu ou movimentou o
estoque. Deste modo, podemos chegar ao Prazo Médio de Estocagem:

PME = n / Giro do Estoque

Onde:
PME = Prazo Médio de Estocagem
n = período utilizado (em dias)

O PME calcula, em média, o nº de dias em que o estoque permanece na empresa até


ser totalmente vendido. Quanto menor o PME, melhor será para a empresa, e mais eficiente
será a maneira como é administrado o estoque.
Matarazzo (2008) aponta uma característica exclusiva ao PME. Diz este autor que,
enquanto o PMR e o PMP decorrem das vendas e das compras passadas, os estoques
relacionam-se com as vendas futuras (a preço de custo); portanto, o correto seria relacionar
as vendas dos próximos meses após o balanço. Contudo, acrescenta Matarazzo (2008), como
este dado não é disponível ao analista externo, as próprias vendas passadas (a preço de
custo) são utilizadas para cálculo, observadas pelo CMV (Custo das Mercadorias Vendidas).

2.5.5 Ciclo Operacional

Podemos dividir o ciclo operacional de uma empresa em quatro partes:

- Recebimento de Estoque: pressupõe-se que a compra do estoque é feita a prazo,


com vencimentos a quitar, e não à vista.
- Pagamento do Estoque: refere-se às obrigações adquiridas junto aos fornecedores;
pagamento com recursos próprios (caixa) ou de terceiros (empréstimos).
- Venda do Produto: considera-se a venda creditada a clientes, por meio de títulos de
crédito, nos quais o vencimento é determinado previamente.
- Recebimento da Venda: entrada dos recursos oriundos da venda a clientes.
O ciclo operacional é o período compreendido entre o recebimento do estoque e o
recebimento de venda. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2008), o produto se movimenta
pelo ativo da empresa em sentido crescente de liquidez, e o ciclo operacional mostra este
caminho percorrido, pois o produto começa como estoque, transforma-se em contas a

39
receber após ser vendido e, finalmente, transforma-se em caixa quando há o pagamento do
cliente.
O ciclo operacional pode ser calculado pela seguinte fórmula:

CO = PMR + PME

Onde:
CO = Ciclo Operacional
PMR= Prazo Médio de Recebimento
PME = Prazo Médio de Estocagem

Conforme Braga (1989), o ciclo operacional corresponde ao período médio em que


são investidos recursos nas operações sem que haja as entradas de caixa correspondentes.
Ainda consoante este autor, parte do capital de giro necessário para estas operações é
financiada pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento da compra dos
estoques.

2.5.6 Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa

O ciclo financeiro, ou ciclo de caixa, está inserido no ciclo operacional, no entanto,


compreende um período menor. O ciclo financeiro corresponde ao tempo entre as
movimentações financeiras do ciclo operacional, ou seja, é o período entre o pagamento do
estoque e o recebimento de venda. Ross, Westerfield e Jordan (2008) denominam o ciclo
financeiro como Ciclo de Caixa, e o conceituam como “o número de dias decorridos até o
recebimento do dinheiro da venda, medidos desde quando realmente pagamos o estoque”.
O ciclo financeiro pode ser calculado da seguinte maneira:

CF = PMR + PME – PMP

Onde:
CF = Ciclo Financeiro
PMR = Prazo Médio de Recebimento
PME = Prazo Médio de Estocagem
PMP = Prazo Médio de Pagamento

40
Braga (1989) diz que o ciclo financeiro é o período em que a empresa financia suas
operações sem a participação de terceiros (excluídos os empréstimos e os financiamentos).
Quanto maior o ciclo financeiro, menos vantajoso é para a empresa, visto que ela necessita
de mais recursos, tanto próprios quanto de terceiros, nas operações. É recomendável para a
empresa a busca incessante pela diminuição de seu ciclo financeiro, pois, quanto menor ele
for, mais baixo será o investimento da empresa em contas a receber e em estoques. Abaixo,
segue figura onde estão representados os prazos médios e os ciclos mencionados até agora.

Figura 1 - Linha do Tempo do Fluxo de Caixa e Atividades Operacionais de Curto Prazo de


uma Empresa de Manufatura Típica
Fonte: Ross, Westerfield e Jordan (2008, p. 628).

41
3 METODOLOGIA

Esta seção dedica-se a descrever como este trabalho será realizado, quais dados
serão utilizados e como eles serão analisados, ou seja, esta seção proporá como será
investigada a realidade. Serão apresentados o plano de coleta de dados, que contém as
fontes dos dados, e o plano de análise dos dados, descrevendo como será a análise dos
resultados.
A pesquisa deste trabalho será realizada a fim de se obter a situação financeira atual
da empresa estudada, ou seja, a ênfase da pesquisa será no diagnóstico financeiro. Embora
o foco desta pesquisa seja na área de finanças da empresa, outros setores também poderão
ser abordados, mesmo que indiretamente, pois os processos e as operações poderão estar
interligados. Será realizada uma pesquisa qualitativa, a qual, segundo Roesch (2005), é
recomendada quando se trata de melhorar a efetividade de um programa ou plano, ou
quando se propõe um programa ou plano novos.

3.1 PLANO DE COLETA DE DADOS

Serão coletadas planilhas que contêm todos os gastos e os recebimentos da empresa,


registrados separados mensalmente. Primeiramente, buscar-se-á entender como funcionam
estas planilhas de contas a pagar e a receber. A partir disso, começar-se-á a ter uma visão
mais clara dos créditos e dos débitos para os meses que serão analisados no trabalho. Estas
planilhas serão os dados primários e, à medida que forem sendo analisadas, irão se tornar a
maior fonte de informações coletadas, juntamente com os documentos onde se encontram
as movimentações financeiras da empresa.
A observação participante do cotidiano da empresa será uma fonte complementar,
pois este processo será importante para a boa compreensão dos fatos organizacionais e
tarefa considerada essencial para a elaboração de qualquer tipo de diagnóstico ou de
entendimento sobre a realidade. Segundo Roesch (2005), “a observação participante de
forma aberta ocorre quando o pesquisador tem permissão para realizar sua pesquisa na
empresa e todos sabem a respeito de seu trabalho”.

42
Uma vez que a empresa não possui softwares capazes de gerar relatórios financeiros,
a pesquisa referente a movimentações financeiras será limitada a planilhas de
preenchimento manual, que poderão dificultar o entendimento de algumas informações
preliminares. Neste caso, questionamentos aos responsáveis também se farão necessários a
fim de sanar possíveis dúvidas que poderão surgir ao longo da pesquisa.

3.2 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados obtidos por meio das análises serão dispostos em planilhas eletrônicas e
classificados de acordo com sua natureza financeira para cada demonstração financeira.
Após a classificação destes dados, será possível a elaboração do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultado do Exercício para os períodos propostos. Então, serão
calculados, a partir das demonstrações financeiras elaboradas, os principais índices
econômico-financeiros da empresa.
Os índices econômico-financeiros serão apresentados em formato de tabelas, em que
cada índice será calculado de acordo com o período examinado. Após a organização destes
índices, será realizada uma análise com o intuito de interpretar os resultados apresentados
aproximando-os à realidade da empresa.

43
4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL

Acerca de processos operacionais do setor financeiro, a Customic apresenta algumas


falhas que interferem no cotidiano da empresa e que poderiam ser melhoradas para obter
maior eficiência nos processos. Existem duas pessoas encarregadas de realizar todas as
atividades diárias, como realização dos pagamentos, verificação de saldos, emissão de notas
fiscais e de títulos bancários, entre outras. Em geral, os funcionários não conseguem realizar
todas as atividades em um período hábil. Além disto, os processos são, por vezes,
burocráticos, e a dependência entre as atividades destes funcionários é excessiva.
Primeiramente, buscou-se entender como estavam distribuídas as funções. Assim,
todas as atividades cotidianas do setor financeiro foram descritas pelos funcionários,
juntamente com o tempo médio necessário para suas realizações. Após a análise, constatou-
se que algumas destas atividades, como preenchimento de planilhas de controle e outras
afins, não necessitam de conhecimento técnico avançado ou de experiência nos processos
da empresa. Um indivíduo com básica experiência em processos cotidianos administrativos
poderia exercer as funções mais singelas, mas que, em sua totalidade, ocupam bastante
tempo se divididas em somente duas pessoas. Consequentemente, em um segundo
momento, sugeriu-se aos sócios que contratassem mais um funcionário para exercer parte
destas atividades, visto que elas são importantes para todos os outros processos
organizacionais.
Outra observação importante detectada foi a expressiva intenção dos sócios em ter,
no setor financeiro, um rígido e efetivo controle de caixa diário das lojas físicas da Customic;
controle referente tanto ao faturamento das lojas quanto aos gastos dos vendedores e do
gerente. Segundo a opinião dos sócios, a observação contundente das retiradas de caixa
para pagamento de despesas, principalmente, é essencial, pois isso permite a criação de
uma regulamentação, na qual os responsáveis por cada loja poderão ser instruídos
corretamente quanto aos gastos. Uma vez que o controle dos caixas diários das lojas estava
sendo realizado de modo precário, sem muita profundidade, definiu-se esta atividade como
uma das prioritárias na nova distribuição de tarefas a partir da contratação de mais um
funcionário.

44
Após a coleta dos dados, observou-se que havia necessidade de separação entre
gastos referentes à empresa e gastos pessoais dos sócios, ou seja, para a elaboração deste
trabalho, foi respeitado o princípio da entidade. Confundir patrimônio empresarial com
patrimônio particular e adicionar gastos pessoais aos gastos da organização pode fornecer
informações incorretas acerca da situação financeira de uma empresa.
A organização que gerencia a Customic também gerencia outra marca, a qual
também possui lojas físicas próprias; assim, são duas marcas geridas pelos mesmos sócios.
O foco deste trabalho é fornecer um diagnóstico financeiro somente da Customic, excluindo
a outra marca; será apurado, exclusivamente, o resultado da Customic para os períodos
propostos, e não da organização inteira. Possíveis resultados positivos ou negativos da
Customic poderão não retratar os resultados de toda a organização, uma vez que há
constante reinvestimento em ambas as lojas. Os possíveis lucros da Customic poderão ser
reinvestidos na outra marca, e vice-versa, pois não há distinção na organização quanto aos
gastos e às receitas. Portanto, é importante salientar que, para este trabalho, foram
analisados os créditos e os débitos (para o Balanço Patrimonial) e os custos, as receitas e as
despesas (para a Demonstração de Resultado do Exercício) somente da Customic.

4.1 ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Para iniciar o diagnóstico financeiro da Customic, elaborou-se a Demonstração de


Resultado do Exercício da empresa para os períodos mensais entre 01 de julho de 2013 e 31
de julho de 2013 e entre 01 de outubro de 2013 e 31 de outubro de 2013. Abaixo, seguem as
demonstrações financeiras mencionadas:

45
Tabela 1- DRE da Customic (valores expressos em R$)

01/07/2013 01/10/2013
Descrição da Conta a a
31/07/2013 31/10/2013
RECEITA BRUTA 270103,15 100,00% 205337,30 100,00%
Devolução Vendas -894,00 -1068,25
Impostos sobre Vendas -10774,84 -8265,54
RECEITA LÍQUIDA 258434,31 95,57% 196003,51 95,45%
CPV -89386,40 33,00% -75475,51 36,75%
CMV -3847,29 -2914,38
LUCRO BRUTO 165200,62 61,16% 117613,62 57,28%
Despesas Administrativas -60699,79 22,47% -40571,99 19,75%
Salários e Encargos Sociais -27609,44 -20331,95
Aluguéis -11289,97 -6317,68
Outros -21800,38 -13922,36
Despesas com Vendas -81052,90 30,00% -90204,64 43,92%
Salários e Encargos Sociais -36946,74 -31229,72
Aluguéis -22550,00 -29700,00
Outros -21556,16 -29274,92
RESULTADO OPERACIONAL 23447,93 8,68% -13163,01 -6,41%
Despesas Financeiras -9062,26 -7274,77
Receitas Financeiras 466,99 443,44
RESULTADO ANTES DO IRPJ E DO CSLL 14852,66 5,50% -19994,34 -9,74%
IRPJ E CSLL -2295,14 -1711,36
RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 12557,52 4,65% -21705,70 -10,57%
Fonte: Elaborada pelo autor

Como se pode verificar, há relativa sazonalidade nas receitas entre os dois períodos,
o que pode ser considerado normal para o comércio, tanto nas vendas em sites quanto em
lojas físicas. O mês de julho é conhecido por não ter feriados comemorativos. Neste caso, os
shoppings centers costumam dar incentivos aos seus clientes, como sorteio de prêmios,
entre outros. Os lojistas são incentivados a realizar promoções e, por conseguinte, as vendas
aumentam. Outro fator interessante do mês de julho são as férias escolares, as quais
permitem visitas de famílias inteiras aos shoppings centers. Quanto ao mês de outubro, o
único feriado comemorativo é o dia das crianças. Porém, as vendas da Customic pouco
atingem crianças, visto que os produtos são para aparelhos celulares e para tablets, os quais,
via de regra, são destinados a jovens e a adultos.

46
Os impostos sobre vendas compreendem todos os impostos cobrados no documento
do Simples Nacional, exceto o IRPJ e o CSLL, que foram acrescentados ao final da
demonstração de resultado. Vale lembrar que a empresa opera pelo regime de tributação
Simples Nacional, o qual privilegia micro e pequenas empresas com alíquotas de impostos
reduzidas.
Seguindo na linha da receita bruta, os valores do CPV e do CMV foram maiores em
julho em comparação a outubro. O CPV compreende custos com aluguel da área de
produção, com impostos de compras, com fretes de produtos, com taxas relativas a
importações de produtos, com conserto e depreciação de máquinas, com materiais
auxiliares necessários para a produção, com salários e encargos sociais referentes aos
funcionários da área de produção, entre outros. No CMV, por sua vez, incluiu-se o valor das
compras de mercadorias.
Os gastos com pessoal (salários e encargos sociais) predominam entre as despesas
operacionais. As despesas administrativas são formadas por salários e encargos sociais (INSS
e FGTS) dos funcionários da parte administrativa da Customic, como setor financeiro, setor
de criação e pró-labore, além dos aluguéis referentes ao escritório da empresa. No mês de
julho, começou o processo de troca de sede da parte administrativa da Customic; então,
foram necessários os pagamentos de dois aluguéis de locação até que a mudança estivesse
finalizada. As outras despesas são, basicamente, com honorários de terceiros e serviços
prestados. Quanto às despesas com vendas, são, na maior parte, salários e encargos sociais
(INSS e FGTS) de vendedores e da parte comercial da Customic. Os aluguéis das lojas
também compreendem boa parte das despesas com vendas. Além disso, há gastos com
fretes, representação de vendas e licenciamento de marcas.
Descontadas as despesas operacionais do lucro bruto, geram-se os resultados
operacionais. As despesas financeiras, descontadas do resultado operacional, correspondem
às taxas bancárias e aos juros pagos em empréstimos, enquanto que as receitas financeiras,
somadas ao resultado operacional, são relativas aos juros ativos cobrados de clientes por
atraso de pagamento de duplicatas bancárias. O resultado líquido é calculado depois de
descontados o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).

47
Percebe-se uma diminuição no resultado líquido de outubro em relação a julho.
Também se notam que as despesas operacionais seguem na mesma linha em ambos os
períodos, ou seja, os gastos com vendas e com administrativo se equivalem
percentualmente, apesar da exceção relativa aos aluguéis pagos em julho (já mencionada
anteriormente). Esta tendência de gastos pode ser favorável para possíveis previsões de
despesas operacionais nos meses seguintes caso tenha-se o desejo de fazer projeções
financeiras para a empresa.
Praticando, sucintamente, uma análise vertical dos percentuais descritos na
demonstração de resultado do exercício, nota-se que as despesas com vendas no mês de
outubro registrou 43,92% do faturamento do mês, o que pode ser considerado um índice
alto se comparado a outubro e que, certamente, influenciou no resultado líquido
apresentado para o período.

4.2 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL

Para dar continuidade ao estudo de realização de diagnóstico financeiro da Customic,


elaboraram-se dois Balanços Patrimoniais. O primeiro referente a 31 de julho de 2013; o
segundo, a 31 de outubro de 2013. Como forma de obter melhor visualização das
demonstrações inteiras, colocou-se o ativo sobre o passivo. Abaixo, seguem as
demonstrações financeiras citadas:

48
Tabela 2 - BP da Customic (valores expressos em R$)

Descrição da Conta 31/07/2013 31/10/2013


ATIVO 473395,97 491548,60
ATIVO CIRCULANTE 379549,45 349457,39
Disponibilidades 22174,25 5000,00
Caixa 5000,00 5000,00
Bancos 17174,25 -
Clientes a Receber 91511,35 101338,09
Estoques 265863,85 243119,30
Produtos Acabados 25304,67 27056,30
Mercadorias para Revenda 21415,37 20476,87
Matéria-prima 203182,99 188169,69
Materiais 15960,82 7416,44
ATIVO NÃO CIRCULANTE 93846,52 142091,21
Imobilizado 102632,30 151254,70
Instalações 4530 12670
Máquinas e Equipamentos 91402,3 117704,7
Móveis e Utensílios 6700,00 20880,00
Depreciação -8785,78 -9163,49
PASSIVO 473395,97 491548,60
PASSIVO CIRCULANTE 250982,54 289128,25
Fornecedores 33212,35 24135,78
Tributos a Pagar 17664,74 13429,05
Salários e Encargos Sociais 86334,91 66922,77
Empréstimos/Financiamentos 68697,17 58825,95
Contas a Pagar 45073,37 125814,70
Aluguéis a Pagar 34794,73 68297,15
Licenciamentos de Vendas a Pagar - 46859,30
Outros 10278,64 10658,25
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 42964,47 36287,82
Empréstimos/Financiamentos 42964,47 36287,82
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 179448,96 166132,53
Capital Social 50000,00 50000,00
Lucro Acumulado 129448,96 116132,53
Fonte: Elaborada pelo autor

Como pode ser observado, conforme as vendas foram ocorrendo, os estoques de


matérias-primas e de materiais diminuíram, ao passo que o estoque de produtos acabados
aumentou, pois a produção operou normalmente neste período. Quanto às disponibilidades,
os recursos bancários são alterados constantemente, visto que há depósitos diários em
49
função das vendas nas lojas físicas e na loja virtual. Esta diferença grande apresentada entre
as disponibilidades do final de julho e do final de outubro pode ser considerada normal.
O ativo não circulante do final de julho foi menor que o ativo não circulante do final
de outubro. Uma das razões detectadas foi o processo de troca de sede da empresa que
iniciou em julho e procedeu durante agosto, o qual gerou compras de móveis novos, como
mesas e cadeiras, além de novas instalações que foram realizadas para atender às
necessidades da Customic, como instalações elétricas e telefônicas. Outra razão detectada
foi a compra de novas máquinas para o setor de produção no mês de outubro, além de
equipamentos necessários para sua utilização. A depreciação incidida sobre os maquinários
foi calculada a partir do valor de compra dos equipamentos.
As obrigações a pagar com fornecedores no final de julho eram maiores se
comparadas ao final de outubro, uma vez que não houve grande quantidade de compras de
fornecedores. Quanto à conta Tributos a Pagar, os valores são relativos aos valores das
vendas do mês, porém serão pagas somente no mês seguinte. No regime de tributação
Simples Nacional, os tributos são cobrados no mês subsequente ao fato gerador, ou seja, os
tributos incididos sobre as vendas de julho teriam de serem pagos em agosto, e os tributos
incididos sobre as vendas de outubro teriam de serem pagos em novembro. Assim, é
possível calcular o valor dos tributos a pagar no período estudado.
Houve diminuição dos salários e encargos sociais de julho para outubro. Isso ocorreu
em função da separação formal da empresa em nova sede, o que diluiu a folha de
pagamento da Customic. Além disso, como as vendas em julho foram maiores que em
outubro, geraram mais comissões de vendas aos vendedores, elevando o valor da conta. Os
serviços elétricos são decorrentes de instalações na nova sede da empresa, as quais foram
pagas até o final de outubro. A conta Outros compreende, basicamente, as obrigações com
prestadores de serviços, como honorários de contabilidade, serviços de sistemas de
segurança, planos de telefonia e de internet, energia elétrica, serviços de limpeza, entre
outros.
Acerca das contas a pagar, houve renovações de contratos quanto ao licenciamento
de vendas no período de setembro, o que gerou obrigações estendidas por um período
maior, gerando um alto valor de deveres a estes licenciadores. Quanto aos aluguéis, em

50
outubro, os shoppings centers cobram aditivos de valor pela proximidade com o final de ano,
o que justifica os valores mais altos em outubro.
O capital social, por fim, se manteve igual para os dois períodos abordados. Os lucros
acumulados são decrescentes comparando o final de julho com o final de outubro, assim
como o resultado apresentado anteriormente na Demonstração de Resultado do Exercício

4.3 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS

Nesta seção, serão realizadas análises sobre liquidez, capital de giro, prazos médios e
ciclos, endividamento e rentabilidade. Assim, será possível determinar um diagnóstico
econômico-financeiro da empresa em questão.

4.3.1 Análise da Liquidez

Abaixo, seguem os índices de liquidez para os períodos propostos:

Tabela 3 - Índices de Liquidez

Índices de Liquidez 31/07/2013 31/10/2013


Liquidez Corrente 1,51 1,21
Liquidez Seca 0,45 0,37
Liquidez Geral 1,29 1,07
Fonte: Elaborada pelo autor

Com base nos dados acima, nota-se que os investimentos no ativo circulante são
suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo da empresa e ainda permitem uma folga. No
final de julho, esta folga foi de 51% em relação ao valor das dívidas circulantes, e de 21% no
final de outubro. Neste caso, este índice indica que a empresa dispõe de capital circulante
líquido positivo. Ainda que este índice seja satisfatório teoricamente, não podemos afirmar
que a empresa possui ótima liquidez, pois a Customic apresenta grande saldo de estoques.
Deste modo, a conversão do ativo circulante em dinheiro torna-se mais lenta, o que pode
gerar problemas financeiros em curto prazo.
A fim de analisar o percentual das dívidas de curto prazo que podem ser pagas
utilizando-se somente o ativo circulante de maior liquidez (disponibilidades e valores a

51
receber), calcula-se a liquidez seca. No final de julho, a Customic conseguia pagar 45% de
suas dívidas de curto prazo com as disponibilidades e com as duplicatas a receber, e
somente 37% em outubro. Assim, necessitaria de recursos extras para arcar com suas
obrigações.
A liquidez geral demonstra que a empresa tem, em julho, R$ 1,29 de valores a
receber a curto e a longo prazo para cada R$ 1,00 já assumido como dívida de curto e de
longo prazo; em outubro, os valores a receber diminuem para R$ 1,07. Visto que integra
recursos e aplicações de longo período, este índice pode ser afetado por eventuais fatos
futuros imprevisíveis.

4.3.2 Análise do Capital de Giro

Abaixo, seguem os valores referentes ao capital circulante líquido, à necessidade de


capital de giro e ao saldo de tesouraria da empresa nos períodos propostos:

Tabela 4 - Análise do Capital de Giro

Capital de Giro 31/07/2013 31/10/2013


Capital Circulante Líquido 128566,91 60329,14
Necessidade de Capital de Giro 197264,08 116834,52
Saldo de Tesouraria -68697,17 -56505,38
Fonte: Elaborado pelo autor

O capital de giro nos dois períodos é positivo, ou seja, os passivos não circulantes e o
patrimônio líquido financiam todo o ativo não circulante e uma parte (necessariamente, o
valor do capital do giro) do ativo circulante. O excedente entre o ativo de curto prazo e o
passivo de curto prazo, chamado de capital circulante líquido, constitui indicador de liquidez
da empresa. A folga financeira proporcionada pelo capital circulante líquido demonstra quais
as condições da empresa em liquidar seus compromissos de curto prazo. Visto que os
estoques correspondem a grande parte do ativo da Customic, as condições de liquidez da
empresa não são muito satisfatórias. Além disso, o capital circulante líquido elevado
prejudica, de certa forma, a rentabilidade da empresa, visto que o excesso de ativos
circulantes pode indicar relativa ineficiência no uso dos recursos.

52
Como pode ser verificada na tabela, a necessidade de capital de giro é positiva,
indicando a parcela de aplicações operacionais que não está financiada pelo passivo
circulante operacional; esta é a necessidade que precisa ser financiada pelo capital de giro.
Quanto aos saldos de tesouraria, seus valores representam o quanto as fontes financeiras
não circulantes são inferiores ao total das aplicações não circulantes. Nota-se que o capital
de giro é insuficiente para financiar a necessidade de capital de giro, necessitando de fontes
de recursos de curto prazo, caracterizando a liquidez da empresa como insatisfatória.

4.3.3 Análise de Prazos Médios e de Ciclos

Abaixo, segue tabela contendo os prazos médios de pagamento, de recebimento e de


estocagem, além dos ciclos operacional e financeiro:

Tabela 5 - Análise de Prazos Médios e de Ciclos

Prazos Médios 31/07/2013 31/10/2013


Prazo Médio de Recebimento (dias) 11 15
Prazo Médio de Pagamento (dias) 39 49
Prazo Médio de Estocagem (dias) 86 93
Ciclo Operacional (dias) 97 108
Ciclo Financeiro (dias) 58 59
Fonte: Elaborado pelo autor

No prazo médio de recebimento, a empresa financia suas vendas, basicamente,


quando atua como atacadista, vendendo seus produtos para lojistas. No entanto, o grande
volume de compras à vista nas lojas físicas e na loja virtual faz o prazo médio de
recebimento baixar. Quanto ao prazo médio de pagamento, a empresa paga seus
fornecedores, na grande maioria, a prazo. Compras de matéria-prima, que representam
grande parte dos fornecedores, são à vista. Mesmo que os sócios tentem faturar estas
compras, não é possível por uma exigência de mercado. Quanto ao prazo médio de
estocagem, levam, em média, 86 dias para concluir o processo entre compra e venda dos
estoques em julho, e 93 dias, em média, em outubro. Uma vez que a maioria dos estoques é
composta por matérias-primas, o processo produtivo está incluso neste período. Quanto ao
ciclo operacional, o período de 97 dias em julho e de 108 dias em outubro mostra o tempo

53
de investimento da empresa, uma vez que financia a compra sem os lucros que irá receber
no momento do recebimento.

4.3.4 Análise do Endividamento

Na tabela abaixo, estão os índices de endividamento para os períodos propostos:

Tabela 6 - Índices de Endividamento

Índices de Endividamento 31/07/2013 31/10/2013


Endividamento Geral 0,62 0,66
Composição do Endividamento 0,85 0,89
Participação de Capitais de Terceiros 1,64 1,96
Fonte: Elaborada pelo autor

Como pode ser observado pelos índices de endividamento geral, os capitais de


terceiros financiavam 62% do ativo total em julho, enquanto que, em outubro, financiavam
66%. O perfil da dívida total é, majoritariamente, de curto prazo, o que pode pressionar o
fluxo de caixa presente da empresa. Uma vez que a Customic trabalha com produtos
exclusivos, há despesas específicas, como licenciamentos de vendas, que agregam valor ao
produto, mas geram dívidas com alto percentual no somatório total. Uma alternativa para
melhorar este índice seria alongar o perfil da dívida junto aos credores.
A composição do endividamento indica que 85% das dívidas totais eram de curto
prazo em julho, e este índice aumentou para 89% em outubro. Embora a diferença seja
mínima, nota-se que o perfil da dívida em julho era melhor se comparado a outubro, uma
vez que as dívidas circulantes são mais onerosas às dívidas não circulantes. Neste caso, assim
como recomendado no caso do índice de endividamento geral, o alongamento da
maturidade das dívidas circulantes é alternativa para diminuição deste indicador.
Os índices de participação de capitais de terceiros da empresa revelam que, para
cada R$ 1,00 de capital próprio investido, há R$ 1,64 de capitais de terceiros investidos em
julho. Este resultado significa que é relativamente elevado o grau de dependência financeira
da empresa aos recursos de terceiros. Todavia, caso a remuneração paga pela utilização dos
capitais de terceiros seja menor do que o lucro obtido a partir da sua aplicação nas
operações da empresa, é vantajoso trabalhar com este tipo de financiamento. Em outubro

54
na Customic, o índice era ainda maior, denotando praticamente o dobro de capitais de
terceiros investido em comparação aos capitais próprios, visto que o capital social manteve-
se igual e foram necessários mais recursos para aplicações no ativo de longo prazo.

4.3.5 Análise da Rentabilidade

A seguir, serão apresentados os índices de rentabilidade para os períodos propostos:

Tabela 7 - Índices de Rentabilidade

Índices de Rentabilidade 31/07/2013 31/10/2013


Giro do Ativo 0,57 0,42
Margem Líquida 0,05 -0,11
Rentabilidade do Ativo 0,03 -0,04
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 0,07 -0,13
Fonte: Elaborada pelo autor

O giro do ativo de julho representa que a empresa vendeu, mensalmente, 57


centavos para cada real investido, e vendeu 42 centavos para cada real investido em
outubro, ou seja, diminuiu o percentual de vendas sobre o ativo. A compra de maquinário
elevou os investimentos de outubro, influenciando no aumento das aplicações, diminuindo o
giro do ativo. Quanto à margem líquida, observa-se que, em outubro, o percentual ficou
negativo, ou seja, a empresa obteve 11% de prejuízo para cada real vendido. Este percentual
significa que, a cada R$ 1,00 vendido, aproximadamente R$ 1,11 foram destinados a cobrir
todos os custos e as despesas. É importante que a empresa saia rapidamente desta situação,
reduzindo gastos prioritariamente.
Situação semelhante ocorre quando se examina a rentabilidade do ativo, que mostra
qual o resultado da empresa em relação ao ativo total. O resultado negativo de outubro
mostra que diminuiu a capacidade da empresa em gerar lucro líquido por meio de seus
investimentos ao longo dos meses analisados, ou seja, o potencial de geração de lucro
enfraqueceu de julho para outubro. A compra de maquinário em outubro não aumentou o
faturamento do mês. É interessante notar que as vendas no final de outubro diminuíram em
relação ao final de julho, assim como o resultado líquido. Desta forma, não há a hipótese de
a empresa ter diminuído vendas em função do aumento da margem de lucro. A diminuição
das vendas e o aumento do ativo em outubro também auferiram em resultado negativo para
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a rentabilidade do patrimônio líquido, que, assim como a margem líquida e a rentabilidade
do ativo, diminuiu em relação a julho. Acerca da rentabilidade do patrimônio líquido, a
empresa obteve 7 centavos de ganho para cada real vendido em julho; porém, em outubro,
a empresa teve 13 centavos de prejuízo para cada real investido.
Em geral, analisando os índices de liquidez corrente e de liquidez seca, e a
mensuração do índice de liquidez corrente por meio do capital circulante líquido, nota-se
que a Customic apresenta situação financeira relativamente insatisfatória, pois se evidencia
a necessidade da empresa em utilizar seus estoques para pagar suas dívidas de curto prazo.
Visto que o prazo médio de estocagem da Customic é de 47 dias a mais que o prazo médio
de pagamento, ou seja, uma vez que o pagamento das compras é realizado antes da venda,
fica ainda mais clara a importância da empresa tentar reverter seus estoques em dinheiro
rapidamente para gerar liquidez. O capital circulante líquido positivo indica, em valores
absolutos, o resultado apresentado na liquidez corrente. Ainda que um saldo de tesouraria
negativo não represente, necessariamente, que a empresa tenha problemas financeiros, a
Customic tem dificuldade em gerar flexibilidade financeira, como, por exemplo, alongar suas
dívidas de curto prazo, uma vez que elas não são renováveis por longo período, o que
aponta uma situação preocupante. Do ponto de vista da liquidez, a empresa poderá ficar
sem recursos caso ocorra alguma mudança abrupta no cenário atual.
Apresentado a partir dos cálculos dos índices de endividamento, o perfil da dívida
total da Customic é, predominantemente, de curto prazo. Exceto quando os custos de
financiamento de longo prazo são mais onerosos que os custos de financiamento de curto
prazo, é recomendado que a dívida seja não circulante em sua maior parte, pois, assim, as
obrigações não pressionam o fluxo de caixa da empresa. Os capitais de terceiros financiam
mais da metade dos ativos totais da Customic, porém isto pode não ser prejudicial. Como
explicado anteriormente, deve-se analisar a remuneração paga sobre a utilização dos
recursos de terceiros em comparação com o lucro obtido a partir de sua aplicação nas
operações.
Por meio dos índices de rentabilidade, o grau de êxito econômico é, basicamente,
proporcional ao lucro líquido apresentado na demonstração de resultado do exercício. No
período de outubro, o lucro líquido, atingido pela diminuição do faturamento e pelo
aumento das despesas operacionais, ficou negativo, e isso influenciou negativamente toda a

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rentabilidade do período. Se aumentasse o preço de venda, a empresa, possivelmente,
diminuiria o giro do ativo, mas não aumentaria a rentabilidade necessariamente. Além disso,
um aumento no preço de venda não é bem aceito por compradores geralmente. A
alternativa para aumentar a rentabilidade seria a diminuição dos gastos operacionais
variáveis, que representam menos de 50% dos gastos totais, a um ponto em que não
prejudicasse as operações da empresa e que não descontasse tanto sobre o resultado do
exercício.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho consistiu na elaboração de uma proposta de diagnóstico


financeiro baseado em duas das principais demonstrações financeiras existentes, o Balanço
Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, para os meses de julho e de
outubro de 2013. A empresa estudada está inserida em um mercado cada vez mais
competitivo, o mercado de acessórios para aparelhos celulares; portanto, faz-se necessária
uma posição da atual situação financeira para análise e possível planejamento por parte dos
gestores.
A dificuldade inicial esteve na falta de sistemas de informação na empresa que
pudesse agrupar todas as receitas, os custos e as despesas em um único local de registro.
Desta forma, foram necessárias consultas a planilhas eletrônicas preenchidas manualmente
e posterior classificação dos gastos contidos nestes documentos. A fim de obter as receitas,
foram analisados documentos com movimentações bancárias da empresa. Outra dificuldade
encontrada foi o cálculo dos custos de produção e de mercadorias, visto que a empresa
opera como indústria (fabricação própria) e como revendedora (mercadorias), necessitando,
neste caso, de duas abordagens diferentes para correta mensuração do CPV e do CMV. No
entanto, a obtenção de dados e a classificação dos gastos foram as maiores dificuldades
encontradas no período de elaboração das demonstrações financeiras.
Após a estruturação e o preenchimento dos Balanços Patrimoniais e das
Demonstrações de Resultado do Exercício, foram calculados indicadores econômico-
financeiros a fim de se obter um diagnóstico mais claro a partir de comparações entre
algumas contas e resultados encontrados. Os índices indicaram que a empresa tinha liquidez
relativamente insatisfatória nos períodos propostos; a rentabilidade, quando calculada a
partir do resultado líquido, também não apresentou bons índices. Acerca dos indicadores de
endividamento, os resultados mostraram que grande parte dos financiamentos é de capitais
de terceiros; além disso, indicaram que um alongamento na maturidade da dívida pode ser
uma boa alternativa para melhorar a composição do endividamento.
Enfim, este trabalho buscou posicionar os sócios quanto à situação financeira atual
da Customic. Como ainda não havia qualquer tipo de análise ou de diagnóstico financeiro
sobre a empresa, este trabalho poderá auxiliar na elaboração de um planejamento

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empresarial e de políticas voltadas aos interesses organizacionais. Para o autor, este
trabalho representou uma oportunidade diferenciada e gratificante de aplicar os
conhecimentos técnicos adquiridos em uma empresa real, com todas as dificuldades e
imprevistos que possam, naturalmente, acontecer.

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REFERÊNCIAS

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Paulo: Atlas, 2009.

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