MANUAL PARA SE CONHECER O
DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO
CENTRAL – DPA
Para pais, escolas e outros profissionais que
trabalham com crianças.
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Sabrina Leis
Fonoaudióloga CRFª 8674
Psicopedagoga ABPp 0842
Pedagoga
O QUE É?
PROCESSAMENTO AUDITIVO é o caminho que o som percorre desde a
orelha externa, passando pelas vias centrais auditivas até o córtex
cerebral.
SISTEMA AUDITIVO CENTRAL
Principais habilidades auditivas:
- detecção do som e atenção seletiva;
- localização;
- discriminação;
- reconhecimento;
- compreensão (memória, seqüência).
SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO
- detecta os sons e os transforma em sinais que o cérebro interpreta.
O desenvolvimento do PAC ocorre desde os primeiros anos de vida,
completando sua maturação na puberdade. É a partir das experiências
interativas com o mundo sonoro, que se aprende a ouvir e a falar. Ao
ouvirmos ativa-se a seguinte seqüência de habilidades auditivas:
- detecção;
- localização e lateralização da fonte sonora;
- reconhecimento;
- discriminação;
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- atenção seletiva e sustentada;
- memória de curta duração;
- aspectos temporais da audição;
Um simples distúrbio nessas habilidades pode comprometer a
aquisição e o desenvolvimento da língua oral e escrita.
Segundo Alvarez, tais habilidades podem ser subdivididas em áreas
funcionais gerais:
Atenção: habilidades relacionadas à maneira pela qual o indivíduo
atenta à fala e aos sons do seu próprio ambiente. É imprescindível para a
seleção de determinados estímulos em detrimento de outros.
Discriminação: habilidades relacionadas a capacidade de distinguir
características diferenciais entre os sons da fala.
Associação: habilidades relacionadas à capacidade de associar o
estímulo sonoro a outras informações já armazenadas de acordo com
as regras da língua.
Integração: habilidades relacionadas à interpretação de
informações auditivas com informações de diferentes modalidades
sensoriais.
Organização: conjunto de habilidades em sequencializar, organizar e
evocar estímulos auditivos.
DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO - DPA
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DEFINE-SE COMO?
Uma dificuldade em lidar com as informações que chegam pela
audição. É um transtorno funcional da audição, onde a criança detecta os
sons normalmente, mas tem dificuldades de interpretá-los.
Não se deve assumir que um DPA é a causa de todas as dificuldades
de linguagem ou de cognição porque os sinais e sintomas não são exclusivos
deste distúrbio. Logo, deve-se realizar diagnóstico diferencial e mensurar a
presença de comorbidades.
Crianças com dificuldades de aprendizagem ou com alterações de
processamento das informações auditivas têm pouca compreensão da fala
na presença de ruído (Katz, 1997). Considerando-se que as salas de aula e
os lares são ruidosos, podemos inferir que isto aumenta a dificuldade
dessas crianças compreenderem a fala nesses ambientes podendo causar
déficit na comunicação e na aprendizagem.
Todas as etapas são organizadas de acordo com a ordem de
acontecimentos cerebrais desde a ordem do estímulo auditivo até a sua
interpretação no córtex cerebral.
Pereira (1997) classifica as DPA de acordo com o processo gnósico
auditivo alterado:
Decodificação: integração de eventos sonoros. Atribuição de
significado à informação sensorial auditiva quanto à análise do
sistema fônico da linguaem;
Codificação: integração (síntese) de informações sensoriais auditivas
com outras informações sensoriais;
Organização: Ordenação temporal de sons, memória para sons em
seqüência.
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Qualquer perda ou atraso que aconteça em algumas das habilidades
auditivas já mencionadas causa prejuízo no PAC. Estas alterações são
classificadas em graus: leve, moderado e severo, o que leva a uma variação
significante do perfil individual.
O DPA pode ser identificado através da avaliação audiológica feita
por profissional especializado (fonoaudiólogo), em cabine acústica, e
complementado pela história pregressa do paciente.
Em termos gerais, podemos encontrar alteração do processamento
auditivo em indivíduos que apresentam:
repetidas otites médias durante a primeira infância, momento em que
a criança esta adquirindo a linguagem;
problemas congênitos como diabetes e o lúpus eritematoso sistêmico;
problemas psicoafetivos como psicose, autismo e distúrbios
emocionais;
distúrbios da comunicação humana que se manifestam por
desorganização do sistema fonológico, por problemas de voz, de
fluência da fala e de leitura e escrita.
Problemas no SNC – Sistema Nervoso Central: no córtex ou no
tronco cerebral;
Déficits cognitivos;
Transtorno de aprendizagem;
TDAH – transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES:
Crianças e adolescentes com DPA perdem muitas informações
importantes para a sua aprendizagem, por causa dos ruídos ambientais
existentes nas escolas, que competem com a fala do professor.
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Apesar de toda a assistência que o fonoaudiólogo pode oferecer a
uma criança com DPA, a estimulação em casa e alguns cuidados especiais na
escola são de fundamental importância.
Sugerimos, então, alguns cuidados básicos e importantes a serem
tomados em sala de aula:
- usar tampão de silicone (adquirido em lojas de esportes e de instrumentos
musicais), para reduzir o barulho ambiental competitivo, nas tarefas que
exijam concentração, realizadas exclusivamente pelo aluno;
- o nível de ruído e de reverberação em sala de aula deve ser o mínimo
possível;
- no mapeamento de sala de aula, sentar a criança próxima ao diretor, longe
de paredes, portas, janelas, corredor e ruídos da rua ou do pátio da escola;
- certificar-se de que a criança está atenta, antes de começar a ensinar,
chamando-a pelo nome, ou tocando-a levemente;
- falar próximo da criança, de frente para ela. À medida que melhore seu
processamento auditivo, aumentar gradativamente a distância.
- articular bem as palavras e aumentar a intensidade da voz, sem
entretanto gritar;
- na explicação de uma matéria, falar com frases curtas, devagar, com
entonação vocal rica;
- esteja seguro de que a criança sabe sobre o que está sendo falado. No
final da sua apresentação, garantir que a matéria dada foi compreendida
argüindo-a com discrição.
- permitir que a criança, nas tarefas e provas, faça a leitura oralmente em
volume baixo, para não prejudicar as demais. Com o feed-back auditivo, a
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sua concentração e atenção será melhor;
- as crianças com DPA , frequentemente, necessitam de anotações
organizadas e de lembretes;
- fazer intervalos mais freqüentes, pois insistir no ensino de uma criança
cansada implica na frustração do professor e do aluno. As crianças com
DPA despendem mais esforço em prestar atenção e entender sua fala.
- A oclusão monoaural (tampão de silicone na orelha pior de desempenho),
também é um recurso que se pode utilizar em sala de aula. A orelha pior
não contribui para o proveito biaural, e pode alterar o desenvolvimento da
orelha pior. Procurar saber com a fonoaudióloga se há uma orelha pior que a
outra e qual é. Entretanto, para o treino dos exercícios de PAC em terapia
fonoaudiológica, ou em casa, dar ênfase no treino da orelha pior.
- procurar manter contato com o fonoaudiólogo que, que explicará as
dificuldades da criança, facilitando a compreensão do problema do
problema e orientando com estratégias facilitadoras em sala de aula;
- provavelmente seu aluno tem dificuldades em sequencializar. Use
palavras-chaves como: primeiro por último, antes depois, ..... Nas tarefas
orais e escritas, assegurar-se de que ele tenha bem organizado a seqüência
lógica dos acontecimentos (início, meio e fim).
- trabalhar reforçando a relação fonema-grafema, mesmo que o seu método
de ensino não siga está linha. O trabalho de consciência fonológica
(especialmente análise e síntese fonêmica) é de fundamental importância.
ORIENTAÇÃO AOS PAIS
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O treino das habilidades auditivas realizado em casa complementa a
terapia fonoaudiológica da criança com distúrbio do processamento
auditivo.
Tanto a criança ou adolescente como os pais necessitam estar
conscientes da importância deste treino e cooperar para que o processo de
reeducação se dê em mesmo tempo.
Assim, alguns cuidados especiais devem ser observados pelos pais, na
estimulação das habilidades auditivas centrais:
- Em casa, a criança deve ocluir, com tampão intra-auricular, a orelha
de melhor desempenho detectada na avaliação do PAC, sempre que ouvir
músicas, televisão ou histórias. Uma boa alternativa é usar fone acoplado à
TV, ao MP3 com músicas infantis e selecionadas pela criança. O fone deve
ser colocado na orelha pior.
- sempre falar com a criança, garantir a sua atenção, chamando-a
pelo nome ou tocando-a antes de começar a falar e usando a expressão de
alerta: “ preste atenção”;
- falar sempre de frente e olhando para a criança, assegurando-se de
que ela faça o mesmo;
- falar com a criança um pouco mais alto do que o normal, porém sem
gritar;
- falar mais devagar, com articulação clara e utilizar pausas de forma
adequada;
- para facilitar a compreensão usar frases curtas, claras e objetivas;
- enfatizar a entonação vocal, tornando-a o mais rica possível;
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- repetir a mesma ordem ou mesma explicação quantas vezes se
fizerem necessários, com frases e palavras diferentes, reestruturando a
mensagem e não simplesmente repetindo a mesma frase;
- para assegurar que a criança entendeu as suas solicitações, pedir
que repita e não apenas perguntar se ela entendeu;
- gradativamente, ir ampliando o tamanho das frases, acrescentando
novas informações;
- procurar estabelecer um diálogo, sempre que solicitado pelas
crianças;
- “brincar” com as palavras usando as propostas da terapia
fonoaudiológica, que devem lhes servir de exemplo. O horário de trânsito,
dentro do carro , pode ser um bom momento para estimular as habilidades
auditivas. Entretanto, observar se a criança já pode realizar as atividades
com ruído de fundo, uma vez que dentro do carro o barulho é intenso;
- pedir ajuda para a criança para a confecção de listas de palavras de
atividades rotineiras da casa como, por exemplo, compras de supermercado,
feira, padaria, utensílios para colocar na mala de viagem, ingredientes de
uma receita ou salada, entre outros. Essas tarefas auxiliam no
desenvolvimento da organização, uma vez que, geralmente, apresentam
dificuldades nessa área;
- durante as atividades de rotina da casa (enquanto cozinha, faz a
limpeza, rega as plantas ou arruma as camas) verbalizar e fazer
comentários sobre o que está fazendo ou conversar sobre qualquer outro
assunto;
- incentivar a criança a fazer listas de palavras iniciadas ou
terminadas por determinadas sílabas ou por determinados fonemas.
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- inicialmente, sempre que estudar, garantir, um ambiente silencioso,
sem som de rádio ou televisão. Em seguida, gradativamente, introduzir
ruídos: ruído branco, música instrumental, músicas cantadas, locução de
rádio, pessoas conversando, conforme a criança apresente respostas
adequadas para isso;
- para crianças com alteração do tipo decodificação, é necessário o
treinamento fonêmico (especialmente análise e síntese fonêmica), para
melhorar a consciência fonológica e as habilidades de leitura e escrita
(peça orientação ao fonoaudiólogo de seu filho, como realizar estes
exercícios).
- para crianças com alteração do tipo codificação, é necessário o
treinamento de compreensão de linguagem em ambiente ruidoso.
- para crianças com alteração do tipo integração e organização, o
trabalho de sequencializar se faz necessário.
O sucesso no diagnóstico e na intervenção precoce das desordens da
fluência depende fundamentalmente da cooperação dos professores. É
claro que a participação da família e o fonoaudiólogo são imprescindíveis,
mas se a escola não estiver envolvida nesse processo, pode-se pensar
num prognóstico menos favorável. As atitudes listadas não substituem o
bom senso nem são “receitas” que possam ser aplicadas
indiscriminadamente. O importante é ter sempre em mente a
individualidade de cada criança, e que o professor com uma atitude
positiva poderá objetivar uma grande diferença.
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Bibliografia
- Schettini, Regina Celi. Distúrbio do processamento auditivo: o que é?
Brasília : editora Ser, 2008.
- Rubas, A. Tozi, G. O teste da fala com ruído ipsilateral em crianças em
distúrbio de aprendizagem. Acesso: 05 de junho de 2008;
http://www.utp.br/tuiuticienciaecultura/TCC_online/O teste da fala/ o
teste.pdf.
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