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37 - Chanukah III

Este documento discute o simbolismo da Menorá e sua relação com a Torá e o relacionamento entre o povo judeu e Deus. A Menorá representa a presença divina entre o povo judeu e a luz da Torá. O milagre da Menorá em Chanuká ensina que mesmo uma pequena quantidade de óleo puro pode propagar a luz da Torá para todas as gerações.

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37 - Chanukah III

Este documento discute o simbolismo da Menorá e sua relação com a Torá e o relacionamento entre o povo judeu e Deus. A Menorá representa a presença divina entre o povo judeu e a luz da Torá. O milagre da Menorá em Chanuká ensina que mesmo uma pequena quantidade de óleo puro pode propagar a luz da Torá para todas as gerações.

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BS”D

Chanuká III

Tudo Depende de Nós – Difundir a Luz


A primeira aula da Morashá sobre Chanuká discutiu a natureza do conflito com a Grécia e
os decretos que eles impuseram. A segunda aula da Morashá tratou da natureza, do
simbolismo e das implicações dos milagres de Chanuká. Este terceiro e último shiur procura
entender o motivo pelo qual D’us queria que o Templo fosse reinaugurado através do
milagre do acendimento da Menorá e o que o acendimento da Menorá simboliza. Esta aula
também tratará das razões pelas quais nós comemoramos Chanuká hoje em dia acendendo
uma Menorá e expressando Hodaá e Halel – agradecendo e louvando D’us nas nossas rezas.
Finalmente, nós discutiremos os costumes de comer alimentos que contém óleo e laticínios
e de brincar com o sevivon.

Esta aula procura explicar as seguintes questões:

• Se os milagres de Chanuká foram uma resposta a um pequeno número de


líderes judeus, por que a mitzvá de comemorar Chanuká é obrigatória para
todos os judeus?
• Por que D’us escolheu a Menorá como a fonte do milagre de Chanuká na
reinauguração do Templo?
• O que a Menorá simboliza?
• Como a nossa observância de Chanuká demonstra o papel essencial da
autoridade rabínica?
• Como nós comemoramos os milagres de Chanuká?
• O que está por trás dos costumes de comer latkes e de girar o sevivon?

Esquema da Aula:

Introdução. Tudo Depende de Nós – Difundir a Luz

Seção I. O Simbolismo da Menorá e da Sua Luz


Parte A. O Relacionamento Entre D’us e o Povo Judeu
Parte B. A Luz da Torá
Parte C. A Torá Oral e a Autoridade Rabínica

Seção II. O Acendimento da Menorá em Chanuká


Parte A. Como Acender a Menorá
Parte B. Divulgar o Milagre
Parte C. A Recitação das Bênçãos

Seção III. Hodaá e Halel – Agradecimento e Louvor

Seção IV. Outras Tradições de Chanuká


Parte A. As Delícias de Chanuká
Parte B. Sevivon, Sevivon, Sevivon
Introdução. Tudo Depende de Nós – Difundir a Luz

Nós aprendemos do Rabino Chaim Fridlander nas duas primeiras aulas da Morashá que a
medida que nós nos preparamos para Chanuká determina a nossa capacidade de aproveitar
a tremenda energia espiritual que está disponível nesta época. Nós estudamos com o Rabino
Itzchak Berkovits que a luta entre a Grécia Antiga e os judeus da época do Segundo
Templo é a mesma batalha que nós enfrentamos hoje. As forças do estrito intelectualismo
acadêmico, sem conexão alguma com D’us debilitam a capacidade de se conectar com D’us
e de crescer espiritualmente como um ser humano completo. Hoje em dia, o conflito que
existe é entre aqueles que veem o Judaísmo como uma “tradição”, algo com um valor
sentimental que proporciona algum sentido para a vida, mas, em última instância, não é
“real” e aqueles que veem o Judaísmo como uma realidade onde cada ato possui
implicações cósmicas.

O Rabino Eliahu Desler nos ensinou que os milagres de Chanuká da guerra e do azeite
foram desencadeados pela determinação inabalável de um pequeno grupo de líderes. E,
graças a eles, o povo judeu superou o desafio sírio-grego, e Chanuká foi instituída como
uma festa para todas as gerações. No entanto, após a luta, nós ficamos com uma pergunta
fundamental. Os milagres de Chanuká foram causados por um grupo relativamente
pequeno de judeus determinados. Eles atuaram como líderes e lutaram pela própria
sobrevivência do Judaísmo. Então, por que a mitzvá de comemorar Chanuká é ordenada a
todo judeu – homens, mulheres e crianças!? Por que não obrigar só os líderes de cada
comunidade a acenderem a Menorá, representando simbolicamente os nossos
antepassados?

Como nós veremos nesta aula, Chanuká, como com todas as mitzvot do Judaísmo, está
relacionada com a capacidade e a importância de cada judeu, independente do seu status, de
participar de forma ativa na vida judaica. Durante Chanuká, ao acender a Menorá, nós
divulgamos os milagres da guerra e do azeite. Ao agradecer e louvar D’us, nós
reconhecemos e expressamos a nossa apreciação sincera que a nossa existência e sucesso
são totalmente dependentes Dele. Nós iluminamos um planeta obscurecido pela falta de
claridade e levamos conosco as mensagens de Chanuká dos milagres da natureza e da vida
cotidiana, da Providência Divina, da gratidão a D’us e do potencial singular que nós todos
temos.

Seção I. O Simbolismo da Menorá e da Sua Luz

A Menorá foi um dos utensílios sagrados do Templo. Embora hoje certamente ela tenha se
tornado o símbolo de Chanuká, o que a Menorá do Templo simbolizou? Para responder a
esta pergunta, nós descobriremos que a Menorá está muito mais relacionada com Chanuká
do que parece à primeira vista.

Parte A. O Relacionamento Entre D’us e o Povo Judeu

Em sincronia com o tema discutido na aula anterior da Morashá sobre Chanuká, ou seja,
que os gregos procuraram negar a transcendência e qualquer tipo de relacionamento com
D’us, a Menorá é um símbolo adequado de tudo o que os macabeus defendiam.

1. Talmud Bavli (Talmud Babilônico), Shabat 22b – A Menorá representa a


Presença Divina.
Aharon deve preparar (a Menorá) fora da ...‫מחוץ לפרכת העדת באהל מועד יערך אתו אהרן‬
cortina da Ohel Moed (Tenda do Encontro) ]‫ג‬:‫[ויקרא כד‬

2
[Vaikrá/Levítico 24:3].

Por acaso D’us precisa da luz da Menorá? ‫וכי לאורה הוא צריך והלא כל ארבעים שנה שהלכו‬
Durante os quarenta anos no deserto, os ‫בני ישראל במדבר לא הלכו אלא לאורו; אלא עדות‬
Filhos de Israel só viajaram com a Sua luz. .‫היא לבאי עולם שהשכינה שורה בישראל‬
Na verdade, a Menorá é a testemunha para
todo o mundo que a Presença Divina
repousa sobre o povo judeu.

Consequentemente, foi a Menorá, que representa a Presença Divina, que D’us escolheu
como um meio para demonstrar de forma milagrosa a Sua Providência Divina. Além disto,
a Menorá também reflete que D’us deseja construir um relacionamento com o povo judeu.

2. Midrash Bamidbar (Números) Rabá 15:5 – A Menorá manifesta o


relacionamento de Israel com D’us.
O versículo traz: “Pois Tu és quem acende a ‫זה שאמר הכתוב (תהלים יח) כי אתה תאיר נרי‬
minha vela” (Tehilim/Salmos 18:29). Israel ‫אמרו ישראל לפני הקב"ה רבש"ע לנו אתה אומר‬
disse para o Sagrado, Abençoado seja Ele: ‫שנאיר לפניך אתה הוא אורו של עולם והאורה דרה‬
“Senhor do Universo, Tu pedes que nós Te ‫ ואתה‬,‫אצלך דכתיב (דניאל ב) ונהורא עמיה שרא‬
demos luz? Tu és a Luz do universo, e a .‫אומר אל מול פני המנורה‬
luminosidade reside Contigo, como está
escrito: ‘A luz habita com Ele’ (Daniel 2:22)!
No entanto, Tu dizes: ‘As velas devem
iluminar a Menorá!’”

Isto explica o versículo: “Pois és Tu que


acendes a minha vela.” O Sagrado, ‫ אמר להם הקב"ה לא שאני‬,‫הוי כי אתה תאיר נרי‬
Abençoado seja Ele, disse a Israel: “Não é ‫צריך לכם אלא שתאירו לי כדרך שהארתי לכם למה‬
porque eu preciso do seu serviço, mas é para ‫לעלות אתכם בפני האומות שיהיו אומרים ראו היאך‬
que vocês me deem luz, como Eu lhes dei .‫ישראל מאירין למי שהוא מאיר לכל העולם‬
luz. Com que propósito? Para que vocês se
elevem na estima dos povos, que dirão:
‘Vejam como Israel dá luz a Ele Que dá luz
a todo o mundo!’”

D’us não precisa da luz da nossa Menorá. Não há nada comparável ao sol a as milhões de
estrelas que existem no céu. Porém, D’us deseja estabelecer um relacionamento conosco, e,
como tal, Ele nos concede uma forma de poder devolver algo a Ele. Nós acendemos para
Aquele Que ilumina o mundo com o propósito de expressar esta relação.

Parte B. A Luz da Torá

Obviamente, o maior símbolo do nosso relacionamento com D’us é a Torá que Ele nos
deu. A Menorá também é o símbolo disto: a função da Menorá é iluminar com a sua luz, a
luz da Torá.

1. Bereshit Rabá 3:5 – A Torá é um tipo de luz.


Rabi Simon disse: “A palavra ‘luz’ está ‫א"ר סימון ה' פעמים כתיב כאן אורה כנגד חמשה‬
escrita cinco vezes [no primeiro parágrafo .‫חומשי תורה‬
da Torá] e corresponde aos cinco livros da
Torá.”

3
2. Talmud Bavli, Ketubot 111b – A luz da Torá é uma força que sustenta a
vida.
Todos aqueles que fazem uso da luz da .‫כל המשתמש באור תורה אור תורה מחייהו‬
Torá, a luz da Torá os sustenta.

3. Rabino Aharon Kotler, Mishnat Rabi Aharon, Vol. III, p. 68 – Chanuká nos ensina
o valor da Torá para todas as gerações.
O milagre de Chanuká ensina aos judeus de ‫ לפני‬,‫נס חנוכה בא להורות לכל ישראל לדורות‬...
todas as gerações, antes do longo exílio… que ‫ שהמנורה והנרות רומזים‬...,‫הגלות הארוך‬
a Menorá e as velas simbolizam a Torá, como ..."‫כג) "ותורה אור‬:‫ (משלי ו‬...‫לתורה‬
está escrito: “… e a Torá é luz.”

4. Rabino Eliahu Kitov, Sefer HaTodaá, cap. 10 – A Menorá é uma alusão a


pureza e a sabedoria.
Sempre que a Torá ou os Sábios se referem ao ‫כל מקום שנזכר שמן בתורה ובדברי חכמים לענין‬
azeite usado para acender a Menorá, uma ‫ רומז לחכמת הלב ולמחשבה‬- ‫הדלקת המנורה‬
alusão é feita a sabedoria de coração e aos ,‫ טמאו כל השמנים‬,‫ וכשנכנסו היונים להיכל‬.‫שבמח‬
pensamentos da mente. Quando os gregos ‫כלומר פגמו בחכמה ובמחשבות הלב אצל רוב‬
entraram no Templo Sagrado e profanaram o ‫ שהתחילו גם הם נוהים בלבם אחר החכמה‬,‫ישראל‬
azeite, eles danificaram os pensamentos e os .‫של היונים וחשבו שיש בה ממש‬:
sentimentos da maioria do povo judeu, que
começou a aceitar que a sabedoria dos gregos
continha uma realidade eterna.

Quando os Chashmonaim voltaram e entraram ‫וכשחזרו החשמונאים ונכנסו להיכל לא מצאו אלא‬
no Santuário, eles encontraram somente um ‫פך אחד של שמן טהור שלא היה בו להדליק אלא‬
frasco que continha azeite puro, uma ‫ עם כל מה שפגמו היונים‬,‫ כלומר‬,‫יום אחד‬
quantidade suficiente para um dia de ‫ עדיִן מאירה‬,‫במחשבות הלב של ישראל קדושים‬
acendimento. Apesar de tudo que os gregos ‫בלבותם מחשבה טהורה אחת וניצוץ אחד של‬
fizeram para corromper os pensamentos do ‫ לידע שהם קדושים ובחירים מכל‬,‫חכמת אמת‬
povo judeu, ainda restou uma pequena luz nos ‫ ולא ישראל‬,‫האומות וכל הגויים ילכו לאור ישראל‬
seus corações, uma única chispa de sabedoria .‫ילכו לאורם‬
verdadeira, que permitiu que eles soubessem
que eles são sagrados e que eles foram
escolhidos entre todos os povos. As nações do
mundo estavam destinadas a seguir a luz de
Israel, ao invés de Israel seguir a luz dos
outros povos.

Parte C. A Torá Oral e a Autoridade Rabínica

Se a luz da Menorá é a luz da Torá, como é possível nós acendermos as velas por nossa
própria iniciativa? A luz da Torá pode ser acesa através de mãos humanas? A resposta é sim,
pode. Este é o segredo profundo da Torá Oral, que constitui o tema fundamental da festa
de Chanuká.

A profecia, que atuou como o meio de estabelecer a lei judaica desde a época de Moshe
Rabeinu (Moisés), terminou na época do reinado de Alexandre Magno. Aos Sábios, foi
delegado o poder de legislar a lei judaica: “De agora em diante, escutem as palavras dos
Sábios” (Seder Olam, cap. 30). Depois que a ideologia grega conquistou o mundo, as palavras
de Torá, que, até então, eram provenientes de Cima, passaram a emanar das mentes e dos
corações dos Sábios. O ingresso da luz Divina no nosso mundo, que é o tema das velas de
Chanuká, é alcançado através do nosso próprio acendimento de velas.

4
1. Rabino Guedalia Schor, Or Guedaliahu, Chanuká, p. 22 – O Templo continha
recipientes sagrados que simbolizavam tanto a Torá Escrita, quanto a Torá Oral.
No Templo e no Tabernáculo havia dois ‫ הארון שבו היו‬,‫בהמקדש והמשכן היו שני כלים‬
recipientes especiais: a Arca, que continha ‫ הארון שהוא לפנים‬,‫ והמנורה‬,‫מונחין לוחות העדות‬
as Duas Tábuas da Lei, e a Menorá. A ‫ וכל הנבואות‬,‫מהפרוכת הי' יסוד של תושב"כ‬
Arca, que estava atrás da cortina, dentro do ‫ כדכתיב (שמות‬,‫ששמע משה הי' מעל הכפורת‬
Kodesh HaKodashim (Santo dos Santos), ‫כב) ונועדתי לך שם ודברתי אתך מעל הכפורת‬:‫כה‬
atuava como a base da Lei Escrita. Todas ‫ שמשם הי' ההשפעה של‬,‫מבין שני הכרובים‬
as profecias que Moshe escutou eram ,‫ ומחוץ לפרוכת הי' המנורה‬,‫תושב"כ לכלל ישראל‬
provenientes do opérculo da Arca, como ‫שמשם הי' השפעת החכמה והתושבע"פ לחכמי‬
está escrito: “E eu te encontrarei lá e falarei .‫התורה‬
contigo de cima do opérculo da Arca, entre
os dois Kruvim (Querubins).” De lá, se
originava a influência da Lei Escrita para o
povo de Israel. Fora da cortina do Kodesh
HaKodashim, estava a Menorá, que era a
fonte da influência da Lei Oral para os
Sábios de Torá.

Há uma alusão ao simbolismo na Menorá )‫ורמז לדבר הוא מה שאמרו חז"ל (בבא בתרא כה‬
citada pelos nossos Sábios no Talmud: ,‫ ומנורה בדרום‬...‫הרוצה להחכים ידרים וסימנך‬
“Quem quiser obter sabedoria deve estar
‫ והשפעת החכמה לחכמי‬,‫שהמנורה היא ענין חכמה‬
defronte [à Menorá], localizada na parte sul
.. .‫ישראל‬
no Templo [durante a reza]” (Bava Batra
25a). A Menorá é associada com a
sabedoria, e a influência da sabedoria é
efetuada através dos ensinamentos dos
Sábios judeus.

A Menorá representa a Torá da Tradição Oral.

2. Rabino Isroel Gordon, Focus: A Chanukah Reader, p. 42-3 – A Menorá representa


o aspecto da Torá que requer o envolvimento humano.
A Arca Sagrada representa a Torá Escrita, mas a Menorá representa a Torá Oral, os
ensinamentos do Monte Sinai que são derivados e iluminam o texto da Torá Escrita que, de
outra forma, são incompreensíveis. Isto é aludido na estrutura da própria Menorá. A
Menorá possui seis braços provenientes de um suporte central, que correspondem às seis
ordens da Mishná extraídas do texto da Torá Escrita. Há uma diferença fundamental entre a
Torá Escrita e a Torá Oral, e a Arca e a Menorá expressam esta diferença. A Arca é
trancada no Kodesh HaKodashim e está fora do alcance do homem. O mesmo pode ser dito
em relação ao texto de Torá Escrita; as suas palavras são eternas e imutáveis. No entanto,
no que diz respeito a Torá Oral o homem possui um papel ativo. D’us deu ao homem a
tarefa sagrada de interpretar os versículos da Torá Escrita dentro do contexto da tradição e
da determinação de como aplicar os princípios haláchicos a realidade mútavel da vida. Além
disto, para que um professor tenha sucesso na sua transmissão da Torá Oral aos seus
alunos, uma linguagem contemporânea e inovadora deve ser empregada. Ao utilizarmos a
Torá Oral, nós damos vida ao Judaísmo.

De forma similar, os milagres de Chanuká constituem a base da primeira festa que é


transmitida somente de forma oral. À diferença de todas as outras festas, não há uma
referência a Chanuká nas Escrituras.

5
3. Rabino Itzchak Hutner, Pachad Itzchak, Chanuká, Maamar n° 1 – Por que
Chanuká não possui a sua própria Meguilá?
É sabido que há partes da Torá que deviam ‫ידועים הם הדברים כי ישנם דברי תורה שניתנו‬
ser escritas e há partes que não deviam ser ...‫ וישנם דברי תורה שלא שניתנו להיכתב‬,‫להיכתב‬
escritas [e que continuaram fazendo parte .‫אלא שיעויין יומא דף כט‬
da Tradição Oral], como é ensinado no
Talmud Ioma 29a:

“A Meguilat Esther é comparada à manhã:


assim como a manhã é o fim da noite, os
acontecimentos de Purim foram os últimos ‫דנמשלה אסתר לשחר מה שחר סוף הלילה אף‬
milagres que ocorreram. O Talmud ‫ ומשני‬,‫ ופריך והא איכא חנוכה‬,‫אסתר סוף הנסים‬
pergunta: ‘E os milagres de Chanuká?’ O .‫ניתנה להכתב קא אמרינן‬
Talmud responde: ‘Estamos nos referindo
aos eventos de Purim, sobre os quais
deviam ser escritos na Meguilá.’ [Por outro
lado, os milagres de Chanuká não deviam
ser escritos, mas sim, fazer parte da
Tradição Oral].”

(Observação: Embora hajam vários volumes dos Livros dos Macabeus, eles nunca foram
incorporados ao Tanach. Além disto, a maioria deles é de origem helenística grega e não são
muito historicamente precisos.)

O conceito da Torá Oral é tão fundamental em Chanuká que a fonte principal em relação a
autoridade rabínica é baseada em uma discussão do Talmud em relação ao mandamento de
acender as velas de Chanuká!

4. Talmud Bavli, Shabat 23a – Chanuká é a mitzvá rabínica por excelência.


Qual é a benção [recitada quando nós ‫מאי מברך? מברך אשר קדשנו במצותיו וצונו‬
acendemos as velas de Chanuká]? Dizemos a .‫להדליק נר של חנוכה‬
bênção: “[Abençoado és Tu, Eterno, nosso
D’us, Rei do universo] que nos ordenou
acender as velas de Chanuká.”

Onde se encontra a fonte bíblica deste .‫ (דברים יז) מלא תסור‬:‫והיכן צונו? רב אויא אמר‬
mandamento? [A observância de Chanuká ‫ (דברים לב) שאל אביך ויגדך זקניך‬:‫רב נחמיה אמר‬
foi legislada durante o período do Segundo .‫ויאמרו לך‬
Templo. Como é possível que haja uma base
bíblica para esta comemoração?] Rav Avia
disse: “De ‘não se desvie [das coisas que eles
lhe dizem…]’” (Devarim 17:11). Rav
Nechemia disse: “[Do versículo] ‘Pergunte
para o teu pai e ele te dirá, pergunte para os
Anciões e eles te dirão’” (Devarim 32:7).

Temas Centrais da Seção I:

• A Menorá no Templo é o maior símbolo do relacionamento do homem


com D’us. Embora D’us não precise que nós façamos nada por Ele, Ele
nos deu a oportunidade de acender a Menorá para que nós possamos
construir um relacionamento com Ele.

6
• A Menorá, como um símbolo de luz representa a Torá e a pureza interna
do povo judeu.

• Mais especificamente, a Menorá é o símbolo da Torá Oral, o elemento da


Torá no qual nós mesmos participamos. Ao invés de cair do Céu, a
chama espiritual da Menorá foi acendida por mãos humanas.

Seção II. O Acendimento da Menorá em Chanuká

A forma principal que os acontecimentos de Chanuká são comemorados é através do


cumprimento da mitzvá de acender a Menorá de Chanuká.

É surpreendente que, de todas as velas que nós acendemos durante todo o ano, inclusive as
velas de Shabat e de Iom Tov, somente as velas de Chanuká são consideradas “sagradas”.
Por conseguinte, nós somos proibidos de ter qualquer benefício delas. Nas palavras da
canção HaNerot HaLalu: “Estas velas são sagradas, e nós não temos permissão de utilizá-las,
somente de vê-las.” Por que nós só podemos observá-las?

A resposta a isto pode ser extraída do que nós aprendemos na segunda aula da Morashá
sobre Chanuká. O conceito do milagre de Chanuká e a correspondente comemoração do
acendimento de velas de Chanuká demonstram a penetração da luz Divina no mundo
obscurecido pelo império grego. Durante o ano, a luz é oculta, os milagres são
dissimulados. No entanto, em Chanuká, as próprias velas que nós acendemos manifestam a
luz brilhante da intervenção Divina. Portanto, esta luz é sagrada, e nós só temos permissão
de vê-la, de internalizar o milagre de Chanuká e os milagres que sempre estão a nossa volta.

Nesta seção, nós analisaremos como as velas de Chanuká são acesas e tentaremos entender
o significado profundo latente do seu acendimento.

Parte A. Como Acender a Menorá

1. Talmud Bavli, Shabat 21b – Há duas abordagens em relação a forma de cumprir a


mitzvá de acender as velas de Chanuká.
Os Rabinos ensinaram: A mitzvá de ‫תנו רבנן מצות חנוכה נר איש וביתו והמהדרין נר‬
[acender a] [Menorá de] Chanuká é [uma] ‫לכל אחד ואחד והמהדרין מן המהדרין בית שמאי‬
vela por pessoa e pela sua casa. Uma forma ‫אומרים יום ראשון מדליק שמנה מכאן ואילך פוחת‬
de embelecer esta mitzvá é [acender] uma ‫והולך ובית הלל אומרים יום ראשון מדליק אחת‬
vela para cada membro da família. A Escola .‫מכאן ואילך מוסיף והולך‬
de Shamai disse que a forma mais bela de
cumprir esta mitzvá é acender oito velas no
primeiro dia de Chanuká e ir diminuindo [a
cada noite sucessiva]; a Escola de Hilel disse
para acender uma vela na primeira noite e ir
aumentando [uma vela a cada noite
sucessiva].

A lei judaica segue a opinião haláchica de Beit Hilel (acender uma vela adicional a cada dia),
e esta é a prática que quase todas as pessoas estão acostumadas a efetuar.

Uma vela adicional – a nona vela – é acendida como um shamash. Esta vela assegura que nós
não tenhamos nenhum benefício direto das próprias velas de Chanuká, pois, como nós
explicamos acima, nós somos proibidos de ter benefício delas.

7
2. Rabino Eliahu Kitov, Sefer HaTodaá (Book of Our Heritage), cap. 10 – O
procedimento do acender a Menorá segue a opinião haláchica de Beit Hilel.
Uma vela é acesa na primeira noite, e uma ‫ ומוסיף בכל לילה נר‬,‫לילה הראשון מדליק נר אחד‬
vela adicional é acrescida a cada noite; na .‫ ובלילה השמיני מדליק שמונה נרות‬,‫אחד‬
oitava noite, oito velas são acendidas.

Se a pessoa possui uma Menorá fixa de ‫ בלילה‬,‫היתה לו מנורה קבועה של שמונה נרות‬
oito velas, ela acende a vela da extrema ‫ למחרת‬.‫הראשון מדליק את הנר הקיצוני שבצד ימין‬
direita da sua Menorá na primeira noite de ‫ ופונה‬,‫מוסיף עליו שכנו משמאל ומדליק אותו תחילה‬
Chanuká. Na segunda noite, ela acende ‫ שמוסיף‬,‫ וכן בכל לילה‬.‫לימין ומדליק זה של אתמול‬
primeiro a vela que está à esquerda da vela ‫תמיד מצד שמאל ובו מדליק תחילה והולך ומדליק‬
da primeira noite e, em seguida, acende :‫משמאל לימין‬
também a da noite anterior. Isto é feito a
cada noite subsequente, sempre
adicionando uma nova vela à esquerda das
que foram acesas nas noites anteriores, e,
em seguida, regressando e acendendo as
velas remanescentes da esquerda para a
direita.

É costume acender uma vela adicional a ‫נוהגים להדליק בכל לילה נר אחד נוסף על נרות‬
cada noite, a parte das velas de Chanuká. ‫ נר זה מותר‬,‫ כלומר‬,'‫חנוכה והוא הנקרא 'שַׁ מש‬
Esta vela é chamada de “Shamash,” que ‫ להדליק ממנו לאחרים‬,‫ לראות לאורו‬,‫להשתמש בו‬
indica que é permitido fazer uso da sua luz ‫ ואילו נרות חנוכה אסור להשתמש‬.‫וכיוצא באלה‬
e acender outras velas a partir dela. Não é
‫ לפיכך מדליקים‬.‫לאורם כל זמן שהם דולקים למצוה‬
permitido usar a luz das velas de Chanuká
‫ אלא‬,‫את השמש כדי שלא יבוא להנות מן המצוה‬
todo o tempo que elas estão queimando
.‫ממנו בלבד‬
com o propósito da mitzvá. Portanto, nós
acendemos o shamash para que nós não
tenhamos benefício das [velas da] mitzvá,
mas somente da vela shamash.

O Talmud oferece a seguinte justificativa para a visão de Beit Hilel, na qual nós seguimos.

3. Talmud Bavli, Shabat 21b – Nós aumentamos a luz a medida que nós
aumentamos a santidade.
A razão por trás da [opinião haláchica da] .‫וטעמא דבית הלל דמעלין בקדש ואין מורידין‬
Escola de Hilel é que nós procuramos elevar
o nosso nível de santidade e tentamos não
reduzí-lo.

“Elevar o nosso nível de santidade” implica um processo contínuo. A primeira noite de


Chanuká nos ensina sobre o grande milagre que ocorreu. Na segunda noite, nós
aprofundamos a nossa consciência do milagre e permitimos que a sua luz inspire as nossas
próprias vidas. Na terceira noite, nós seguimos este caminho, avançando um passo adiante,
ao aprofundarmos a nossa apreciação dos milagres que sempre nos acompanham. E assim
por diante. Os dias de Chanuká nos oferecem uma oportunidade de construir um edifício
espiritual dentro das nossas próprias vidas.

4. Rabino Iaacov Astor, “Reality and Potential,” de www.aish.com – Beit Hilel nos
ensinou a construir o nosso potencial espiritual.
Os Sábios do Talmud trazem uma discussão clássica em relação a Menorá de Chanuká. O

8
Rabino Eliahu Desler, no seu livro Michtav MeEliahu (volume II, páginas 120-122) usa este
debate como um trampolim para chegar a um entendimento mais profundo sobre Chanuká.
Ele começa com a seguinte parábola:

Imagine dois amigos. Um deles vai para uma loja para comprar um bilhete lotérico. No dia
seguinte, ele descobre que possui o bilhete premiado e, no seu grande entusiasmo, ele conta
ao seu amigo. Nós podemos imaginar a alegria de ambos – tanto do amigo que ganhou a
loteria, bem como daquele quem não ganhou. Um tempo depois, o ganhador da loteria
compra outro bilhete. Como a sorte continua o acompanhando, ele ganha outra vez e não
vê a hora de contar de novo para o seu amigo. O amigo se alegra, mas não muito. Ele sente
um pouco de ressentimento que o seu amigo está ganhando tanto dinheiro e ele não está.
Mais uma vez, o amigo rico compra outro bilhete, e ele ganha de novo! Sem poder acreditar
no que aconteceu, ele corre para o seu amigo para contar a ele as boas notícias. A esta
altura, o seu amigo está morrendo de inveja. A situação está ficando difícil. Mas para quem
continua ganhando, cada bilhete só faz com que o seu entusiasmo e a sua felicidade
cresçam. Vamos imaginar que isto tenha acontecido uma quarta ou quinta vez, e assim por
diante. Para o amigo que está acumulando a sua fortuna, cada bilhete premiado é um
acúmulo de alegria que é acrescido a última vez que ele ganhou. Por outro lado, a felicidade
do outro amigo diminui cada vez mais.

O Rabino Desler explica que esta disparidade também ocorre na forma como as pessoas
vivenciam Chanuká. A maioria das pessoas pode vivenciar a alegria inicial que acompanha o
acendimento de velas da Menorá. No segundo dia, para muitos de nós, a emoção da
experiência não é tão intensa. No terceiro dia, é ainda menor, e ela continua diminuindo a
cada dia que segue. Porém, outras pessoas, cuja sensibilidade espiritual é profunda e interna,
vivenciam a alegria da festa de forma cada vez mais intensa, chegando ao clímax no seu
último dia.

Esta distinção envolve uma questão mais abrangente que está relacionada com a maneira
que nós vivemos as nossas vidas. Eu devo viver a minha vida religiosa como eu me sinto
em relação a ela no momento? Ou eu devo agir como se eu vivesse em um nível mais
elevado, com a esperança de um dia viver à altura dela?

Há um argumento lógico para cada uma destas abordagens. A primeira é válida porque nós
não queremos ser hipócritas. Nós não queremos mostrar que nós somos mais do que nós
realmente somos. A desvantagem desta filosofia é que há o perigo de se acostumar com um
padrão mediano. Pode ser que nós não alcancemos grandes níveis porque nós nunca
lutamos por eles. Nós nos limitamos a uma profecia que está predestinada a se cumprir
baseada na nossa percepção limitada de nós mesmos.

Por outro lado, a segunda abordagem tem a vantagem de nos abrirmos para o nosso
potencial interno que, de outra forma, nós poderíamos nunca conhecer… A lei judaica está
de acordo com o Beit Hilel. Nós acendemos uma vela na primeira noite e continuamos a
aumentar e construir o nosso potencial com oito velas acesas na última noite. Sendo assim,
de acordo com esta perspectiva, a lei nos diz que a nossa principal responsabilidade é nos
empenharmos para crescermos. A mediania como um estilo de vida predeterminado é
inaceitável.

Parte B. Divulgar o Milagre

A mitzvá de acender a nossa Menorá tem o intuito de divulgar o milagre da Menorá que
ocorreu no Templo. A mitzvá expressa intrinsecamente o nosso desejo de que a

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intervenção Divina de Chanuká entre no nosso mundo o máximo possível. Este objetivo
nos ajuda a determinar quando e onde acender a Menorá.

1. Talmud Bavli, Shabat 21b – O local onde a Menorá é colocada tem o intuito de
divulgar o milagre.
A mitzvá das velas de Chanuká é de colocá- ...‫נר חנוכה מצוה להניחה על פתח ביתו מבחוץ‬
las na entrada de casa, do lado de fora…

Rashi ‫רש"י‬
Isto é feito para divulgar o milagre. .‫משום פרסומי ניסא‬

2. Rabino Eliahu Kitov, Sefer HaTodaá, cap. 10 – A entrada da casa é o lugar ideal
para acender a nossa Menorá.
Os nossos Rabinos estabeleceram que nós ‫תקנו חכמים להניח נרות חנוכה בפתח ביתו הסמוך‬
devemos deixar as velas de Chanuká na ‫ מזוזה‬,‫ ובצד שמאל של הפתח‬,‫לרשות הרבים מבחוץ‬
entrada das nossas casas, próximas a uma ‫וכל הדברים האלה מפני‬....‫בימין ונר חנוכה בשמאל‬
via pública. A Menorá é colocada no lado ‫ שנכֶּרת יותר המצוה אם נר חנוכה ליד‬,‫פרסום הנס‬
esquerdo da entrada com a mezuzá no lado ‫הפתח הפתוח לרשות הרבים ואינו מונח נמוך מדי‬
direito, [simbolizando que nós devemos :‫ולא גבוה יותר מדי‬
estar cercados de mitzvot]… Isto é feito
para divulgar o milagre. A mitzvá das velas
de Chanuká é mais óbvia quando as velas
são colocadas na entrada da casa, onde o
público possa vê-las e onde elas não
estejam nem muito baixas, nem muito
altas.

Nos últimos tempos, as pessoas se ‫ובדורות האחרונים נהגו רוב העולם להניח נרות‬
acostumaram a colocar as velas de ‫ אבל לא‬.‫חנוכה על החלון הפונה לרשות הרבים‬
Chanuká em um parapeito da janela que dá ‫יניחם על שלחנו ולא על כיוצא בו לפי שאין בזה‬
vista para uma via pública. Não devemos ‫ שכן נראה שהדליק את הנר למאור‬,‫פרסום הנס‬
colocá-las na nossa mesa, nem em algo
:'‫וכדו‬
similar, pois não o milagre não é divulgado
desta forma, mas sim, parece que nós
acendemos as velas para iluminar a nossa
casa.

No entanto, em lugares onde as pessoas temem o vandalismo e o antissemitismo, é


permitido acender a Chanukiá dentro de casa. Esta prática se tornou comum fora da Terra
de Israel.

3. Shulchan Aruch, Hilchot Chanuká 672:1-2 – O momento do acendimento da


Menorá também tem o intuito de divulgar ao máximo o milagre.
Acende-se a vela de Chanuká desde o pôr .‫אין מדליקין נר חנוכה קודם שתשקע החמה‬
do sol em diante.

Quem não se acendeu no pôr do sol, deve ‫שכח או הזיד ולא הדליק עם שקיעת החמה מדליק‬
acender contanto que haja pessoas ‫והולך עד שתכלה רגל מן השוק שהוא כמו חצי שעה‬
voltando do mercado, que é ‫אבל‬... ‫שאז העם עוברים ושבים ואיכא פרסומי ניסא‬
aproximadamente meia hora [após o pôr ...‫אם עבר זה הזמן ולא הדליק מדליק והולך כל הלילה‬
do sol], já que esta é a melhor hora para
divulgar o milagre… Se este momento
passou e a pessoa ainda não acendeu as

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velas, ela pode acendê-las durante a noite
inteira.

Conforme expressam as fontes seguintes, a divulgação do milagre não se limita a esfera


pública. Nós também podemos “divulgar” o milagre dentro da nossa própria família.

4. Mishná Berurá, ib. – A pessoa pode divulgar o milagre para a sua própria família.
Se a pessoa chega em casa antes da ‫ואם בא לביתו קודם עה"ש ומצא ב"ב ישנים מן הנכון‬
primeira luz do amanhecer e encontra os :‫שיקיצם כדי שיוכל להדליק בברכה‬
seus familiares dormindo, é aceitável
despertá-los para poder acender com a
recitação das bênçãos do acendimento.

5. Rabino Shalom Brezovsky, Netivot Shalom, Chanuká, p. 57 – O propósito de


divulgar o milagre é incutir a fé.
“Divulgar o milagre” não é especificamente ‫ אלא נר איש‬,‫ופרסומי ניסא אינו בדוקא לאחרים‬
mostrar para os outros; é também para .‫ בו בעצמו ובתוך ביתו את בהירות האמונה‬,‫וביתו‬
cada um e para a sua família – para incutir
em si mesmo e na sua própria família a
claridade da fé judaica.

Parte C. A Recitação das Bênçãos

1. Rabino Eliahu Kitov, Sefer HaTodaá, cap. 11 – Na primeira noite, nós


acrescentamos uma bênção adicional.
Na primeira noite, três benções são ...‫ קודם שמדליק מברך שלש ברכות‬,‫לילה הראשון‬
recitadas antes do acendimento de velas
(veja a fonte n° 2 abaixo).

Em todas as outras noites, duas benções ‫ מברך שתי ברכות הראשונות בלבד‬,‫ובשאר הלילות‬
são recitadas, mas a benção “Que nos .'‫אבל אינו מברך 'שהחיָנו‬
manteve vivos, nos sustentou, etc.” não é
recitada.

2. Sidur – As benções recitadas no acendimento das velas de Chanuká.


Abençoado és Tu, Eterno, nosso D’us, Rei ‫בָ רּוְך אַׁ תָ ה ה' אֱלהֵ ינּו מֶּ לְֶּך הָ עֹולָם אֲשֶּ ר קִ דְּ שָ נּו‬
do universo, Que nos santificou com as :‫בְּ ִמצְּ ֹותָ יו וְּ צִ ּוָנּו לְּ הַׁ דְּ לִ יק נֵר ֲחנֻכָה‬
Suas mitzvot e nos ordenou a acender as
velas de Chanuká.

Abençoado és Tu, Eterno, nosso D’us, Rei ‫בָ רּוְך אַׁ תָ ה ה' אֱלהֵ ינּו מֶּ לְֶּך הָ עֹולָם שֶּ עָשָ ה נִ סִ ים‬
do universo, Que fez milagres para os :‫ַׁלאֲבֹותֵ ינּו בַׁ י ִָמים הָ הֵ ם בַׁ זְּמַׁ ן הַׁ זֶּה‬
nossos antepassados nesses dias, neste
momento.
‫בָ רּוְך אַׁ תָ ה ה' אֱלהֵ ינּו מֶּ לְֶּך הָ עֹולָם שֶּ הֶּ ֱחיָנּו וְּ קִ ְּימָ נּו‬
Abençoado és Tu, Eterno, nosso D’us, Rei :‫וְּ הִ גִ יעָנּו ַׁלזְּמַׁ ן הַׁ זֶּה‬
do universo, Que nos manteve vivos, nos
sustentou e nos fez chegar neste momento.

O que significa que D’us “realizou milagres nesses dias, neste momento”? Como nós
explicamos na introdução da segunda aula da Morashá sobre Chanuká, a energia espiritual
dos milagres de Chanuká é renovada a cada ano.

11
3. Rabino Chaim Fridlander, Siftei Chaim, Vol. II, p. 53 – Como nós podemos
absorver a energia espiritual de Chanuká nas nossas vidas?
Na reza de “Al HaNissim,” está escrito: ‫שעשית לאבותינו‬..." :‫בתפילת על הניסים נאמר‬
“[Pelos milagres] que Tu realizaste para os ‫" כל המועדים והימים הטובים‬.‫בימים ההם בזמן הזה‬
nossos antepassados nesses dias, neste ,‫שיש לנו אינם חגים היסטוריים לזכר העבר שחלף‬
momento.” As festas judaicas não são ‫ הישועות והשפע הרוחני והגשמי‬,‫אלא כל האירועים‬
simplesmente dias de significado histórico, .... ‫ מתעוררים ומתחדשים מדי שנה בזמניהם‬,‫שהיה‬
comemorando acontecimentos do passado,
mas sim tudo o que ocorreu nessa época –
a salvação e as benções espirituais e físicas
abundantes voltam e são renovadas a cada
ano nos dias da festa.

No entanto, esta forma especial de


influência e elevação Divina, que pode ser
alcançada em cada festa judaica, depende ‫אך מידת ההשפעה וההתעלות המיוחדת לכל מועד‬
do nível que a pessoa se preparou com ,‫ תלויה במידת ההכנה שלו‬,‫שמקבל כל אחד מהשי"ת‬
antecedência, dedicando tempo para .‫ההתבוננות במהות היום וההתחזקות הבאה בעקבותיה‬
refletir sobre a essência da festa e, desta ‫ א"כ עלינו להבין מה היתה גלות‬,‫וכן הוא בימי החנוכה‬
forma, conquistando o fortalecimento ‫ כדי שנתעורר לתקן את קלקוליה ועי"כ נחזק את‬,‫יוון‬
espiritual que inevitavelmente é .‫שפע גאולתה המאיר בכל שנה‬
consequente desta preparação. O mesmo
se aplica em relação aos dias de Chanuká.
Precisamos entender a essência do exílio
grego para nos despertar para reparar as
suas consequências nocivas, e, através
disto, nós seremos capazes de receber as
influências de redenção [inerentes à festa],
que iluminam novamente cada ano.

Temas Centrais da Seção II:

• Nós acendemos a Menorá de Chanuká, acrescentando mais uma vela a


cada noite adicional. A ideia por trás desta prática é se empenhar para
alcançar conquistas espirituais maiores.

• A Menorá é acendida diante dos olhos do público e em um momento que


as pessoas normalmente estão na rua com o intuito de divulgar o milagre
da Menorá.

• O propósito de divulgar o milagre é inculcar a fé. A luz espiritual de


Chanuká penetra no nosso mundo, inculcando dentro de nós a fé em
relação a guia e a supervisão constantes de D’us sobre o Seu mundo.

Seção III. Hodaá e Halel – Agradecimento e Louvor

Acender a Chanukiá é a mitzvá mais conhecida de Chanuká, mas há outra mitzvá


fundamental da festa – expressar agradecimento e louvor para D’us por ter realizado os
milagres da guerra e do azeite.

1. Rashi, Shabat 24a – Chanuká foi instituída para que nós pudéssemos
desenvolver a característica de gratidão.

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Chanuká foi instituída somente em prol da .‫כולה מילתא דחנוכה עיקרה להודאה נתקנה‬
gratidão.

O tema do agradecimento e louvor é expresso explicitamente na reza adicional acrescida


tanto na Amidá (Shemone Esre), quanto no Birkat Hamazon: Al HaNissim (veja o texto integral
da reza na aula Chanuká II, Seção I, Parte B, fonte n° 2).

2. Reza Al HaNissim – As nossas rezas especiais em Chanuká expressam


agradecimento e louvor.
[E nós te agradecemos] pelos milagres, pela ‫על הנסים ועל הפורקן ועל הגבורות ועל התשועות‬
redenção, pelos atos poderosos, pelas ‫ועל המלחמות שעשית לאבותינו בימים ההם בזמן‬
salvações e pelas maravilhas que Tu :‫הזה‬
realizaste pelos nossos antepassados nesses
dias, nesta época.

Na época de Matitiahu, o filho de Iochanan, ...‫בימי מתתיהו בן יוחנן כהן גדול חשמונאי ובניו‬
o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), o
Chashmonai (Hasmonean) e os seus filhos…

Este tema também é expresso na reza especial recitada no acendimento de velas de


Chanuká: HaNerot HaLalu.

3. HaNerot HaLalu – Ao observarmos a Menorá de Chanuká, nós agradecemos a


D’us pelos milagres.
Nós acendemos estas velas [para ‫הַׁ נֵרֹות הַׁ לָלּו אָ נּו מַׁ דְּ לִ יקִ ין עַׁל הַׁ נִ סִ ים וְּ עַׁל הַׁ נִפְּ לָאֹות‬
comemorar] os milagres e as maravilhas que ‫ שֶּ ע ִָשיתָ ַׁלאֲבֹותֵ ינּו‬.‫וְּ עַׁל הַׁ ְּתשּועֹות וְּ עַׁל הַׁ ִמלְּ חָ מֹות‬
Tu realizaste pelos nossos antepassados, .‫דֹושים‬ִ ְּ‫ עַׁל יְּדֵ י כֹּ ֲהנֶּיָך הַׁ ק‬.‫בַׁ י ִָמים הָ הֵ ם בַׁ זְּמַׁ ן הַׁ זֶּה‬
nesses dias, neste momento através dos
Teus sacerdotes sagrados.

Além disto, nós agradecemos a D’us a cada dia de Chanuká ao recitarmos a reza Halel
durante Shacharit (o serviço matinal). Mas por que o agradecimento e o louvor são tão
fundamentais na comemoração de Chanuká?

4. Bach, comentário sobre Tur, Orach Chaim 670 – O milagre ocorreu como
resultado de uma mudança de atitude. Por conseguinte, a comemoração é efetuada
de forma que recorde esta mudança.
Quando os judeus se arrependeram e ‫וכשחזרו בתשובה למסור נפשם על העבודה‬
começaram a dedicar sinceramente as suas .‫הושיעם ה' ע"י כהנים עובדי העבודה בבית השם‬
vidas para o serviço de D’us, Ele os salvou ‫על כן נעשה הנס ג"כ בנרות תחת אשר הערו‬
através dos Cohanim (sacerdotes), aqueles que ‫ ולפיכך לא קבעום‬,‫נפשם למות על קיום העבודה‬
realizavam o serviço do Templo. Este é o .‫אלא להלל ולהודות שהיא העבודה שבלב‬
motivo pelo qual o milagre foi feito com as
velas, uma vez que os judeus arriscaram as
suas vidas para poderem efetuar o Serviço do
Templo [que incluía o acendimento da
Menorá]. Portanto, estes dias foram
estabelecidos unicamente para a
comemoração com agradecimento e louvor a
D’us, que é um trabalho do coração.

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O serviço efetuado no Templo é chamado de avodá, e assim a reza também é chamada. Por
conseguinte, a forma que nós comemoramos a dedicação a este serviço e o milagre que
ocorreu para possibilitá-lo é através das nossas próprias rezas.

5. Rabino Chaim Fridlander, Siftei Chaim, Vol. II, p. 25-26 – A reza “Al HaNissim”
associa as conquistas militares com D’us.
O ponto principal de Chanuká é agradecer, ‫עיקר מהות חנוכה היא ה"הודאה" כמש"כ רש"י‬
como Rashi afirma: “Chanuká foi ‫ ד"ה מה) "כולה מילתא דחנוכה עיקרה‬.‫(שבת כד‬
estabelecida somente para que nós ‫" ולכן תיקנו חז"ל את תפילת "על‬.‫להודאה נתקנה‬
possamos expressar a nossa gratidão.” Por "‫ ל"הודאה‬.)‫ שם‬,‫הניסים" בברכת הודאה (גמ' ורש"י‬
conseguinte, os nossos Sábios instituíram a .‫ נותן תודה‬.‫ ב‬.‫ מודה על האמת‬.‫ א‬:‫שני מובנים‬
reza “Al HaNissim” na benção da Amidá de ‫ ראשית צריך אדם המקבל‬:‫ושניהם קשורים זה בזה‬
agradecimento. A palavra hodaá, ou seja, ‫ להודות על‬,'‫ בריאות ופרנסה ושאר צרכיו מה‬,‫חיים‬
agradecimento, possui dois significados: 1) .‫האמת שכל מה שיש לו – מתנה היא מאת השי"ת‬
reconhecer a verdade e 2) agradecer.
Ambos estão conectados: o homem, que
recebe vida, saúde, sustento e todas as suas
outras necessidades de D’us deve
reconhecer a verdade que tudo que ele
possui é, na realidade, um presente de D’us.

Isto é algo muito difícil para a pessoa, já que ‫ כי נדמה לו שהוא בעל‬,‫דבר זה קשה מאד לאדם‬
parece que ela é quem está encarregada de ‫ וחושב בלבו פעמים רבות "כוחי ועוצם ידי‬,‫היכולת‬
tudo e, frequentemente, pensa consigo ‫ ואף כאשר מתבונן ורואה‬,"‫עשה לי את החיל הזה‬
mesma: “A minha própria força e o poder ‫ומכיר שהשי"ת הוא הנותן לו כח לעשות חיל [או‬
da minha mão é que me levam a minha ‫במקרים שאינו יכול לתלות את הדבר בכשרונותיו‬
vitória.” Mesmo quando o homem reflete e ,‫ אכן הקב"ה הוא הנותן‬,‫ עדיין חושב בלבו‬,]‫ויכולתו‬
percebe que é D’us Quem dá a ele a força ‫ כשם שכולם‬,‫ או‬,‫אבל "מגיע לי" עבור מעשי הטובים‬
para ser bem-sucedido [ou, às vezes, ‫ לכן אינני חייב‬,‫מקבלים ואני איני שונה מאחרים‬
quando ele não pode atribuir as suas
.‫להכיר טובה ולתת תודה להשי"ת‬
conquistas aos seus próprios talentos e
capacidades], ele ainda pensa para si que,
embora D’us tenha dado a ele isto, ele
mereça devido aos seus bons atos. Ou ele
acha que, assim como outras pessoas
recebem coisas, ele se pergunta por que ele
deveria ser diferente dos outros. Portanto,
ele acha que ele não deve se sentir
endividado e agradecer a D’us.

Portanto, cabe ao homem se empenhar e


inculcar na sua alma para reconhecer, ,‫על האדם מוטלת החובה לעמול ולהשריש בנפשו‬
admitir e agradecer por tudo o que ele ‫להכיר ולהודות שכל מה שיש לו הוא מקבל מהשי"ת‬
possui, que ele recebe de D’us como uma ‫ ועי"כ יגיע למדריגה של נתינת תודה‬,‫בחסד חינם‬
dádiva gratuita. Desta forma, ele chegará ao .‫להשי"ת‬
nível de agradecer a D’us.

Este é o propósito de dizer Al HaNissim: ‫ להתבונן ולהודות‬,"‫זהו הענין של אמירת "על הניסים‬
refletir e admitir verdadeiramente que as ‫ ולא בגבורת‬,‫באמת שהישועות היו מאת השי"ת‬
vitórias são provenientes de D’us e não se ‫ ומתוך כך לתת להשי"ת שבח והודיה‬,‫החשמונאים‬
devem ao poder dos Chashmonaim. Desta .‫על שהיטיב עמנו‬
forma, nós agradecemos e louvamos a D’us.

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6. Mishná Berurá 670:2 – À diferença de Purim, quando a ameaça era física,
Chanuká é um momento de agradecer a D’us por nos ter salvado de uma ameaça
espiritual.
Os Rabinos não estabeleceram Chanuká .‫ אלא להלל ולהודות‬- ‫שלא קבעום למשתה ושמחה‬
para que ela fosse comemorada através de ‫ונראה הטעם דלא קבעו כאן לשמחה כמו בפורים כי‬
um banquete, mas sim, a dedicaram para o ‫בפורים היה הגזירה להשמיד ולהרוג את הגופות‬
louvor e agradecimento a D’us. A razão ‫שהוא בטול משתה ושמחה ולא את הנפשות שאפילו‬
aparente é que, em Purim, o decreto foi ‫המירו דתם ח"ו לא היה מקבל אותם לכך כשהצילם‬
destruir e exterminar a existência física dos ‫הקב"ה ממנו קבעו להללו ולשבחו ית' ג"כ ע"י‬
judeus, o que é uma contradição com a .‫משתה ושמחה‬
alegria e a festa. Os persas não estavam
interessados em destruir as suas almas, já
que nós sabemos que mesmo se eles
tivessem se convertido, eles não teriam sido
poupados. Portanto, quando D’us os salvou,
os Rabinos estabeleceram que nós
deveríamos comemorar através de um
banquete e alegria.

No entanto, no que diz respeito a ‫משא"כ במעשה דאנטיוכוס שלא גזר עליהם להרוג‬
Antióquio, ele não decretou a morte deles, ‫ לכך‬... ‫ולהשמיד רק צרות ושמדות כדי להמיר דתם‬
mas sim, opressão e sofrimentos para fazer ‫לא קבעום אלא להלל ולהודות לבד כלומר כיון שהם‬
com que eles abandonassem o Judaísmo… '‫רצו למנוע אותנו מזה לכפור בדתו ח"ו ובעזרתו ית‬
Portanto, eles [os Sábios] estabeleceram [a ...‫לא הפיקו זממם‬
festa de Chanuká] como um período
exclusivamente dedicado ao louvor e ao
agradecimento. Queremos expressar que
somos gratos, que apesar do fato deles
terem tentado nos impedir de seguir o
Judaísmo… Com a Sua ajuda, o plano deles
falhou…

Portanto, nós somos gratos e O louvamos ‫לכך אנו מודים ומשבחים לו על שהיה לנו לאלהים‬
por Ele ter interferido e não nos ter :‫ולא עזבנו מעבודתו‬
abandonado para que nós pudéssemos
continuar O servindo.

Temas Centrais da Seção III:

• A expressão de louvor e agradecimento a D’us por ter realizado a nossa


salvação através de milagres é uma parte fundamental da observância de
Chanuká.

• É importante expressar gratidão, pois, desta forma, nós criamos a


consciência que a nossa existência e sucesso dependem de D’us.

Seção IV. Outras Tradições de Chanuká

Comemorar Chanuká vai além do acendimento da Menorá e da expressão de gratidão e


louvor a D’us nas nossas rezas. Esta festa também é comemorada através de alimentos (o
que não nos surpreende) e inclusive através de um “jogo”.

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Parte A. As Delícias de Chanuká

Embora a comemoração de Chanuká não gire em torno de em uma refeição festiva, como
ocorre em Purim, mesmo assim, Chanuká não carece das suas próprias delícias
gastronômicas. Por diversos motivos, determinados alimentos se tornaram tradicionais em
Chanuká.

1. Rabino Eliahu Kitov, Sefer HaTodaá, cap. 11 – Alimentos fritos lembram o


milagre do azeite.
Em Chanuká, é adequado comer alimentos ‫וכן מקובל לאכול בחנוכה מאכלים מטוגנים בשמן‬
fritos em óleo para recordar do milagre que .‫לזכר פך השמן שנעשה בו נס‬
ocorreu com o frasco de azeite.

Por este motivo, latkes de batata e sonhos doces (chamados de sufganiot em Israel), que são
alimentos fritos em óleo, se tornaram as guloseimas preferidas de Chanuká.

Também é costume comer laticínios, que estão relacionados com a história de Iehudit (veja
Otzar HaMidrashim, Chanuká, p. 192).

2. Rema, Shulchan Aruch (Código de Lei Judaica) 670:2, com comentário da Mishná
Berurá – O êxito de Iehudit está relacionado com laticínios.
Alguns dizem que é adequado comer ‫יש אומרים שיש לאכול גבינה בחנוכה לפי שהנס‬
laticínios em Chanuká para lembrar do ‫נעשה בחלב שהאכילה יהודית את האויב (כל בו‬
milagre que ocorreu com Iehudit, que .)‫ור"ן‬
alimentou o inimigo com laticínios [para
que ele sentisse sede].

Mishná Berurá ‫היא היתה בתו של יוחנן כ"ג והיתה גזירה שכל‬
Ela era a filha de Iochanan, o Cohen Gadol ‫ארוסה תבעל לטפסר תחלה והאכילה לראש הצוררים‬
(Sumo Sacerdote). Uma vez que havia um :‫גבינה לשכרותו וחתכה את ראשו וברחו כולם‬
decreto no qual todas as noivas deveriam
ser entregues primeiro ao governador grego,
ela alimentou o líder inimigo com queijo (e
vinho) para embebedá-lo. Em seguida, ela o
decapitou e eles todos escaparam.

Comer laticínios é uma forma de comemorar este incidente, que atuou como um dos
catalisadores da rebelião contra os gregos.

Parte B. Sevivon, Sevivon, Sevivon

1. Rabino Shimon Apisdorf, “Dreidel Secrets”, de aish.com – O sevivon é um


símbolo da resistência dos judeus.
No Judaísmo, mesmo algo tão simples como “girar o pião” não é tão simples quanto
parece. Durante a época dos Macabeus, os judeus eram presos pelo “crime” de estudar
Torá. Enquanto eles estavam na cadeia, estes judeus se reuniam e rodavam o pião.
Aparentando como se eles estivessem desperdiçando o seu tempo, eles se ocupavam com
discussões de Torá e, desta forma, resistiam aos inimigos do Judaísmo.

Cada sevivon possui quatro lados com uma letra em Hebraico em cada um deles. Cada letra é
a inicial de uma palavra. As quatro letras são:

• Nun – a primeira letra da palavra nes, que significa “milagre”;

16
• Guimel – a primeira letra de gadol, que significa “grande”;
• Hei – a primeira letra de haihá, que significa “aconteceu” e
• Shin – a primeira de sham, que significa “lá”.

Ao reunirmos estas letras, elas expressam: “Um grande milagre aconteceu lá.” Até hoje, a
“brincadeira do sevivon” nos lembra da resistência eterna a quem tenta afastar um judeu da
sua Torá.

O costume de rodar o pião também possui um simbolismo cabalístico mais profundo. De


certa forma, o sevivon resume o significado de Chanuká.

2. Rabino Avraham Itzchak Sperling, Taamei HaMinhagim 859, citando o Korban


Ani em nome do HaRitza – Há uma profunda diferença entre girar um sevivon em
Chanuká e sacudir uma matraca (raashan) em Purim.
A razão pela qual brincamos com um ‫ ובפורים‬,‫טעם שמשחקין בדרעדיל (סביבון) בחנוכה‬
sevivon (pião) em Chanuká e um raashan ‫ דבחנוכה לא היתה התעוררות‬,)‫בגראגער (רעשן‬
(matraca) em Purim é porque em Chanuká ‫ רק‬,‫ כי לא עשו תשובה כהוגן‬,‫ רק מלעילא‬,‫מלמטה‬
só houve um despertar Celestial, já que os ‫ לכן משחקין בדרעדיל ואוחזין‬,‫השם יתברך ברחמיו‬
judeus como um Povo não reagiram ‫ ובפורים שגזרו צום ושק ואפר יוצע‬.‫אותו מלמעלה‬
adequadamente fazendo teshuvá. D’us os ‫ על כן אוחזין‬,‫לרבים והיתה התעוררות מלמטה‬
salvou com a Sua misericórdia. Isto é .)‫מלמטה (קרבן עני בשם הריצ"א זצוק"ל‬
simbolizado pelo fato que nós seguramos o
sevivon por cima. Em Purim, os judeus se
despertaram através do jejum e do luto.
Por este motivo, nós seguramos o raashan
por baixo.

Nós aprendemos nas aulas Chanuká I e Chanuká II que a grande dedicação de um pequeno
grupo de judeus catalisou os milagres de Chanuká. De acordo com o HaRitza, uma vez que
a maioria do povo judeu não se mobilizou contra a ameaça síria-grega contra o Judaísmo, o
despertar espiritual principal para todo o povo judeu é considerado como sendo
proveniente do Céu.

Temas Centrais da Seção IV:

• Embora comer não seja a parte principal de Chanuká, é costume ingerir


alimentos fritos em óleo e laticínios para comemorar os acontecimentos
desta festa.

• À parte de comer latkes e laticínios, brincar com o sevivon é o


passatempo preferido de Chanuká. Mais do que simplesmente um
brinquedo, o sevivon é o símbolo da resistência judaica e da assistência
Divina.

Resumo da Aula:

Se os milagres de Chanuká foram uma resposta a um pequeno número de líderes


judeus, por que a mitzvá de comemorar Chanuká é obrigatória para todos os
judeus?
• Chanuká, como em todas as outras mitzvot no Judaísmo, está relacionada com a
capacidade e a importância de cada judeu, independente do seu status, de
participar de forma ativa na vida judaica.

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• Ao acendermos a Menorá em Chanuká, nós divulgamos os milagres da guerra e
do azeite e afirmamos o que nós valorizamos e o que nos define. Nós
iluminamos o planeta obscurecido com a perda de claridade e levamos as
mensagens de Chanuká em relação ao milagre da natureza, a Providência Divina
e ao potencial incrível de cada um em relação a si mesmo, a sua família, a sua
comunidade e a todo o mundo.

Por que D’us escolheu a Menorá como a fonte do milagre de Chanuká na


reinauguração do Templo?
• D’us escolheu a Menorá, que representa a Presença Divina, como um meio de
demonstrar de forma milagrosa a Sua Providência Divina. Além disto, a Menorá
também reflete que D’us procura construir um relacionamento com o povo
judeu.

O que a Menorá simboliza?


• A Menorá, um dos utensílios sagrados do Templo, era o símbolo da Torá
Escrita, da sabedoria e da Torá Oral.

• A participação humana no acendimento das velas para D’us é um símbolo da


forma que D’us nos dá a oportunidade de estabelecer um relacionamento com
Ele.

• As velas possibilitam a visão do que há a nossa volta. A Menorá nos mostra que
D’us está aqui.

Como a nossa observância de Chanuká demonstra o papel essencial da


autoridade rabínica?
• Depois que a filosofia grega conquistou o mundo, as palavras da Torá, no lugar
de serem provenientes de Cima, passaram a emanar das mentes e dos corações
dos Sábios. O ingresso da luz Divina no nosso mundo, que é o tema das velas
de Chanuká, é alcançado através do nosso próprio acendimento das velas.

• A própria Torá delega aos rabinos o poder de legislar a lei, o que é mencionado
no Talmud (Talmud Bavli, Shabat 23a) no estabelecimento de Chanuká.

Como nós comemoramos os milagres de Chanuká?


• A forma principal que nós comemoramos os milagres de Chanuká é acendendo
a Menorá, que traz a “luz sagrada” para o nosso mundo. Nós o fazemos
publicamente, preferivelmente na porta das nossas casas para divulgar os
milagres aos outros. Ao fazê-lo, nós renegamos a visão de mundo helenística
segundo a qual não há conexão entre o nosso mundo e D’us.

• Nós também comemoramos Chanuká nas nossas rezas, ao agradecermos e


louvarmos D’us por ter nos salvado das ameaças dos gregos.

O que está por trás dos costumes de comer latkes e de girar o sevivon?
• Outra forma de comemorar o milagre que ocorreu com o azeite é comer
alimentos fritos em Chanuká. Ao rodarmos o sevivon (pião), nós nos lembramos
da resistência dos Macabeus e nos conscientizamos da Mão de D’us que nos
ajuda de lá de Cima.

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