FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS
Prof (a): Eliana R. Adami
Doutoranda em Farmacologia (UFPR),
Mestre em Farmacologia (UFPR),
Mestre em Bioética (PUC-PR),
Farmacêutica-Bioquímica e Bióloga
Depressão
É o mais comum dos distúrbios afetivos.
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OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza,
perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa
autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite.
Medicina e a psicologia: é uma síndrome ou um conjunto de sintomas que afetam
principalmente a área afetiva/emocional de uma pessoa.
Pode variar de uma afecção muito leve, beirando a normalidade, a depressão grave
acompanhada de alucinações e delírios.
Depressão
Causa de incapacidade e morte.
Deve ser diferenciada de tristeza,
mágoa e desespero.
Foto internet, 2016
Afecção psiquiátrica extremamente comum, sobre a qual existem
muitas teorias, e cujo tratamento são utilizados vários tipos de
fármacos (Rang & Dale, 2007).
Depressão
Depressão - Mais de 350 milhões de
pessoas sofrem de depressão no mundo
(OMS, 2015).
Causa 850 mil suicídios por ano em
todo o mundo (OMS, 2014).
No Brasil - 13 milhões de depressivos
(OMS, 2014).
Depressão e ansiedade são responsáveis
pela metade (740 milhões de pessoas)
Foto internet, 2016 das doenças mentais existentes no
mundo (OMS, 2014).
Depressão
A prevalência anual na população em geral varia entre 3% e 11%;
Pacientes internados por qualquer doença física a prevalência varia
entre 22% e 33%;
Em populações especificas:
pacientes com infarto recente é de 33%;
47% nos pacientes com câncer ;
A depressão é mais freqüente em mulheres;
A depressão é pouco diagnosticada pelo médico não-psiquiatra
(30% a 50% dos casos de depressão não são diagnosticados);
A depressão é um transtorno incapacitante.
Depressão
Sintomas emocionais: sintomas biológicos:
- infelicidade;
- apatia; - retardo do pensamento e
- pessimismo; da ação;
- auto-estima baixa;
- sentimentos de culpa; - perda de libido;
- inadequação; Vincent van Gogh, 1890
-sentimentos de feiúra; -distúrbios do sono;
- indecisão; - perda de apetite.
- perda de motivação. (Rang & Dale, 2007).
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR – DSM IV - TR
DSM
A. NoIV - TR 5=dos
mínimo Manual desintomas
seguintes Diagnóstico e Estudos
estiveram presentes de Transtornos
durante Mentais
o mesmo período de 2 semanas e
representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos 1 dos sintomas é (1) humor
deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
(1). Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
(2). Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia
quase todos os dias
(3). Perda ou ganho significativo de peso (>5%)
(4). Insônia ou hipersonia quase todos os dias
(5). Agitação ou retardo psicomotor
(6). Fadiga ou perda de energia
Foto internet, 2016
(7). Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva/ inadequada
(8). Redução da capacidade de pensar ou concentrar
(9). Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, tentativa de suicídio
Depressão
Caracteriza por desequilíbrio do
humor e emoções,
Anormalidades de estruturas do
sistema límbico.
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Depressão
Redução na sinalização monoaminérgico, principalmente
serotonina (5-HT) (Meyer et al., 2006).
Além disso, a depressão está associada com alterações no eixo
HPA-hipotálamo-hipófise-adrenal pela elevação de
glicocorticóides na circulação (Ge et al, 2013;. Ouro e Chrousos, 1999; Kostowski, 1985).
Vincent van Gogh, 1890
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Hipótese das monoaminas
“A depressão é causada por déficit funcional de
transmissores monoaminas em certos locais do
cérebro, enquanto a mania resulta de excesso
funcional”
Joseph Jacob Schildkraut, 1965.
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Hipótese das monoaminas
catecolaminas indolaminas
noradrenalina dopamina serotonina
(NA) (DA) (5-HT)
catecol indol
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Hipótese das monoaminas
Evidências que sustentam a hipótese das monoaminas na depressão
fármaco/ ação principal efeito em pacientes
agente depressivos
ADT bloqueio da recaptação de NA e 5-HT ↑ humor
IMAO aumento dos depósitos de NA e 5-HT ↑ humor
ECT aumento das respostas do SNC à NA e ↑ humor
(Eletroconvulsoterapia) 5-HT
5-hidroxitriptofano
Fármaco aumento da síntese de
ação principal efeito↑ em
humor (?)
pacientes
5-HT depressivos
Reserpina inibição do armazenamento de NA e 5- ↓ humor
HT
α-metiltirosina inibição da síntese de NA ↓ humor
Metildopa inibição da síntese de NA ↓ humor
(Rang & Dale, 2007).
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Hipótese das monoaminas
Hipótese monoaminérgica
problemas...
os metabólitos da NA estão deficientes somente em alguns pacientes.
→ ↓5HIAA (hidroxiindoloacético-metabólito de 5-HT) no líquor de pacientes deprimidos
com comportamento impulsivo (tentativas de suicídio de natureza violenta).
→ indivíduos com crises violentas de descontrole dos impulsos, mas sem depressão
(incendiários com transtorno de personalidade anti-social; comportamento auto-
destrutivo) também apresentam ↓5HIAA no líquor (Leonard, 1997).
o tempo para os efeitos dos ADs sobre os NTs é muito diferente do tempo para os efeitos
ADs sobre o humor.
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Hipótese das monoaminas
Hipótese monoaminérgica
problemas...
Anfetamina e cocaína não têm ação antidepressiva, apesar de aumentar a transmissão de
monoaminas (Stahl, 1998).
Alguns antidepressivos clinicamente eficazes parecem não possuir ação que poderia
aumentar a transmissão das monoaminas.
Alterações bioquímicas associadas à depressão têm sido, idênticas às alterações observadas
nos pacientes maníacos, em vários estudos.
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO – Teoria hipotalâmica
(1999) - Hormônio CRH (corticotrofina):
- distribui-se amplamente no cérebro;
- efeitos comportamentais ≠ funções endócrinas;
-experimentos em animais: ↓ atividade, ↓ apetite,
↑ sinais de ansiedade;
-↑ da [ ] de CRH no cérebro e no líquor de ptes
depressivos.
Foto internet, 2016
BASE BIOLÓGICA DA DEPRESSÃO
– Hipótese monoaminérgica da expressão gênica
Os neurotransmissores e receptores estão normais na depressão, mas há
falha na transdução de sinais.
BDNF- fator neurotrófico derivado do cérebro
Fisiopatologia da depressão
+
hipotálamo
hipófise
- - - + + +
+
adrenal
Hipocampo
+ - - +
Córtex pré-frontal
+ -
(Rang & Dale, 2007).
Depressão - Modelos Animais
Não há relação correspondente;
Procedimentos que produzem estados comportamentais: perda de apetite,
redução atividade motora e retraimento da interação social.
Estímulos dolorosos.
Separação entre mãe e filho.
Gaiolas.
Cepilho.
Fármacos.
Cryan, 2002
Depressão - Tratamento
Os cinco “Rs” do tratamento antidepressivo
Resposta: 50% de redução dos sintomas, avaliado por meio de uma escala psiquiátrica
padronizada, como a Escala de Hamilton para a Avaliação da Depressão; o paciente relata
estar melhor ou muito melhor.
Remissão: todos os sintomas desaparecem.
Recuperação: remissão que perdura por 6 a 12 meses.
Recaída: piora antes de haver remissão completa ou antes de a remissão ter se
transformado em recuperação.
Recorrência: piora após alguns meses de recuperação completa.
Depressão - Tratamento
Curva de Kupfer
normalidade
sintomas
síndrome
fases do
tratamento aguda continuação manutenção
6 a 12 semanas 4 a 9 meses 1 ano ou mais
DEMETRIO & ROCCO. In: TENG & DEMETRIO, Psicofarmacologia Aplicada, 2006
DEPRESSÃ Depressão - Tratamento
Boas notícias sobre o tratamento
antidepressivo
• ½ a 2/3 dos pacientes respondem a
qualquer antidepressivo.
Foto internet, 2016
• 90% ou mais podem responder (vários antidepressivos ou associação).
• Até ½ dos que respondem → remissão (seis meses).
• 2/3 dos que respondem → remissão (dois anos de tratamento).
• Os antidepressivos reduzem os índices de recaída durante os primeiros seis a 12 meses
após a resposta inicial; só 10 a 25% recaem.
Depressão - Tratamento
Más notícias sobre o tratamento
antidepressivo
Metade dos pacientes que respondem não
remitem (resposta apática* ou ansiosa**).
Foto internet, 2016
Depressão - Tratamento
Más notícias sobre o tratamento
antidepressivo
Foto internet, 2016
• 20 a 30% não mantém resposta satisfatória alcançada durante os primeiros
18 meses após o tratamento bem-sucedido.
• 15 a 20% dos pacientes são refratários ao tratamento.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - ADT
Amineptina (Survector®)
Amitriptilina (Amytril®, Tryptanol®, Limbitrol®)
Clomipramina (Anafranil®)
Imipramina (Tofranil®)
Nortriptilina (Pamelor®)
ROMEIRO et al. Química Nova, 26(3): 347-358, 2003
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - ADT
Mecanismo de ação:
Bloqueio da recaptação de NA e 5-HT → Efeito antidepressivo
Tirosina Hidroxilase
Dopa Dexcarboxilase
β-Hidroxilase
Foto internet, 2016
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - ADT
Efeitos adversos:
Bloqueio de receptores colinérgicos muscarínicos:
- Boca seca
- Visão turva
- Retenção urinária
- Constipação intestinal
- Distúrbios de memória
Bloqueio de receptores histaminérgicos H1:
- Sedação
- Ganho de peso
Bloqueio de receptores adrenérgicos α1:
- Hipotensão ortostática
- Tontura.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - ADT
Interação com outros fármacos:
Inibidos por antipsicóticos (↑ risco arritmias e efeitos
anticolinérgicos) e alguns esteróides;
Potencializa efeitos do álcool e dos anestésicos – morte devido
depressão respiratória grave após consumo de bebida;
Interfere na ação de vários anti-hipertensivos ↓;
Perigosos em superdosagem aguda: confusão e mania, arritmias
cardíacas.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - ADT
Farmacocinética:
Absorção rápida por via oral;
Ligam fortemente a albumina, permanece 90-95% ligados em
[ ] terapêuticas;
Metabolizados no fígado;
Eliminados pela urina.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Foto internet, 2016 Foto internet, 2016
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Mecanismo de ação
Foto internet, 2016
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Mecanismo de ação
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Parnate ®
Stelapar®
Marplan®
Aurorix®
Niar ®
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
MAO-A: NA e 5-HT
MAO-B: DA (cérebro) fenetilamina e benzilamina (plaquetas).
inibição da MAO A inibição da MAO B
ação antidepressiva prevenção de processos
neurodegenerativos
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Efeitos adversos:
- Infra regulação tardia dos receptores β e 5HT2
- Hipotensão
- Aumento de peso
- Boca seca, visão embaçada, insônia, convulsões, hepatopatias.
Interações:
Reações do queijo – Tiramina não sofre desaminação oxidativa no fígado. Acentuada
pelo não seletivos da recaptação.
Resultado: Crises hipertensivas- cefaléias intensas-hemorragias intracraniana.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Tiramina:
- Amina pressora;
- Libera catecolaminas armazenadas;
- ↑PA.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Orientações dietéticas:
queijos maturados ou envelhecidos
queijos proibidos comidas preparadas com estes queijos (pizza,
lasanha, fondue)
queijos processados, desde que frescos
Prato
Minas
queijos permitidos Requeijão
Ricota
Cream cheese
Mussarela
Melo M, Moreno RA. Inibidores da monoaminooxidase (IMAOs): Qual a melhor dieta?. Boletim de Transtornos Afetivos e Alimentares 1998, 3:4-5.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Orientações dietéticas:
frios embutidos, defumados ou conservados fora
da geladeira (salame, mortadela, pastrami,
carnes proibidas
salsichas, paio, linguiça), carne de sol, carne
seca
precaução fígado (somente fresco).
carnes permitidas carnes, peixes e aves frescos.
fava
vegetais proibidos
doce de casca de banana
Melo M, Moreno RA. Inibidores da monoaminooxidase (IMAOs): Qual a melhor dieta?. Boletim de Transtornos Afetivos e Alimentares 1998, 3:4-5.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Orientações dietéticas:
bebidas alcoólicas proibidas chope
2 latas de cerveja
bebidas alcoólicas permitidas
4 cálices de vinho tinto ou branco
extrato de levedura concentrada
chucrute
comidas variadas proibidas molho de soja (shoyu)
outros condimentos de soja
outros alimentos de soja
comidas variadas permitidas outros tipo de levedura (ex. cerveja)
leite de soja
Melo M, Moreno RA. Inibidores da monoaminooxidase (IMAOs): Qual a melhor dieta?. Boletim de Transtornos Afetivos e Alimentares 1998, 3:4-5.
INIBIDORES DA MONOAMINOOXIDASE - IMAO
Orientação sobre medicamentos:
Antidepressivos;
Dolantina, cocaína, inibidores do apetite,
anfetaminas e outros estimulantes;
medicamentos proibidos
Medicamentos para gripe, descongestionantes
nasais, xaropes para tosse e medicamentos
para asma;
Anestésicos locais com adrenalina.
Melo M, Moreno RA. Inibidores da monoaminooxidase (IMAOs): Qual a melhor dieta?. Boletim de Transtornos Afetivos e Alimentares 1998, 3:4-5.
Obrigada!!!
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