A inimiga
[Luis Rufasto]
O que se vai ler passa-se em uma rede virtual. Eco e Sofia retratam um diálogo
acerca do isolamento social planetário.
Sofia. Estamos vivendo uma pandemia! E agora?
Eco. Já estamos em isolamento e isso é o melhor a ser feito.
Sofia. O melhor? Esqueceu que somos seres sociais, precisamos de outras
pessoas ou, caso contrário, teremos muitos problemas.
Eco. Quais seriam eles, além de ficar em paz?
Sofia. Muitos! Quando ficamos isolados por longos períodos há estresse
oxidativo das nossas células e isso causa mudanças neurais que podem
acarretar na depressão, ansiedade, estresse e outros.
Eco. Mas isso é estranho, pois em alguns momentos da nossa vida precisamos
estar sozinhos e isso não nos causa nenhum impasse.
Sofia. Isso realmente acontece. Na verdade, apesar de alguns momentos
precisarmos estar sozinhos, grande parte dele passamos pensando em outras
pessoas.
Eco. Hum. Isso é algo que ainda não tinha pensado antes. Mas faz muito
sentido. Grande parte das nossas vidas planejamos situações que ainda nem
sabemos se acontecerá ou momentos que poderíamos ter passado de forma
diferente do que passamos e, nesse momento, estão os pensamentos sobre as
pessoas.
Sofia. Isso mesmo! Somos tão sociais que, antes mesmo de nascer,
dependemos das nossas mães para praticamente tudo.
Eco. Além disso, poderíamos ter outros problemas?
Sofia. Sim. A solidão é um dos maiores estressores para os humanos,
principalmente, quando temos que lidar com a incerteza. Ela nos causa
ansiedade, pois a nossa natureza instintiva, quando há a ameaça vital, é a
autodefesa.
Eco. Faz sentido, afinal quem com fome e com a oportunidade de brigar por
um prato de comida não o faria?
Sofia. Muitos brigariam. Você me recordou acerca de uma questão. Sabe um
motivo de muitos rejeitarem o isolamento?
Eco. Não! Qual seria?
Sofia. Em alguns países temos uma grande inimiga do isolamento: a
desigualdade social.
Eco. Nossa! Isso parece ser muito estressante, pois imagina não ter a certeza
se você terá o que comer amanhã ou como irá alimentar a sua família.
Sofia. Sim, verdade. É por isso que muitas pessoas ficam ansiosas nessa
situação. É por essa questão que muitos abandonam a ideia do isolamento,
apesar de ser altamente perigoso e outros acabam por desenvolver problemas
futuros.
Eco. Um deles: o estresse. A Ciência relata que ele é comparado ao fumo de
quinze cigarros, diminui a expectativa de vida e enfraquece o sistema
imunológico.
Sofia. Nossa! Isso significa que deveríamos fumar quinze cigarros por dia?
Eco. Não! Isso é o resultado do isolamento social, que é necessário nesse
momento, apesar das situações de vida, a exemplo da desigualdade. Por isso,
espero que isso acabe logo!
Sofia. Acabará em breve. Mas saiba que cada pessoa carregará uma dor
dentro de si.
Sobre o Autor
Luis Rufasto Castro Filho, 22 anos. Acadêmico do Curso de Ciências Naturais
– Noturno.