Projeto v04
Projeto v04
Instituições parceiras
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Equipe
Nome Instituição Papel
Legenda
Coordenador: pessoa responsável legal pela pelo planejamento e gestão do projeto de pesquisa.
2
Comitê Gestor
Nome Instituição E-mail
Eixos de pesquisa
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são poucos os esforços e estudos no sentido de qualificar os profissionais docentes e
estudantes para apropriação pedagógica das habilidades do raciocínio computacional e para
desenvolvimento da criatividade, da criticidade e da logicidade por estudantes dos anos finais
do ensino fundamental de escolas públicas. Além disso, considerando a amplitude territorial
do Brasil, a sofisticação das atuais tecnologias educacionais (em sentido amplo) pouco
chegam em alguns espaços escolares, como as escolas rurais, sem infraestrutura tecnológica
que suporte tal demanda. Nesse sentido, este projeto tem o objetivo de Identificar elementos
de práticas pedagógicas e de formação de professores para estimular o raciocínio
computacional em prol do desenvolvimento da criatividade, criticidade e logicidade por
estudantes dos anos finais do ensino fundamental, considerando as competências gerais e
específicas da BNCC. Espera-se, por meio de um conjunto de ações de extensão e estudo de
caso, adaptar o projeto de extensão universitária em curso desde 2014, intitulado
“Computação Desplugada Interdisciplinar”, por meio de ações de formação continuada de
professores, certificadas pela universidade, para desenvolvimento de práticas pedagógicas
apoiadas nas habilidades do raciocínio computacional; além de ações pedagógicas situadas e
interdisciplinares considerando elementos culturais sem o uso de equipamentos e tecnologias
digitais, com vistas à sustentabilidade ambiental e pedagógica. Para além da investigação per
si, espera-se contribuir para ampliação dos potenciais de ensino dos professores e da
aprendizagem dos estudantes das escolas-alvo, bem como oferecer mecanismos a estudantes
e professores dos anos finais de escolas para superação de barreiras enfrentadas no acesso ao
conhecimento das ciência da computação e das suas potencialidades para o cotidiano; além
de oferecer ao final da pesquisa documento referencial (catálogo/livro/roteiro/manual) de
estratégias (auto)sustentáveis para formação docente e discente do ensino fundamental II
considerando a utilização das habilidades do Raciocínio Computacional, com valorização da
diversidade escolar.
Palavras-chave: raciocínio computacional; formação de professores; interdisciplinaridade;
escola pública; ensino fundamental; ensino de computação; educação em computação.
Justificativa
4
Nesses novos computares, a Computação deixa de ser protagonista como a ciência do
desenvolvimento tecnológico, em que os aparatos desenvolvidos são o foco, para uma ciência
mais social e humanística, cujos processos podem ser poderosas ferramentas para resolução
de problemas e leitura do mundo (Santos, Vera e Matos, 2017).
5
tudo, é um conjunto de processos intelectuais que prescindem da máquina, ao tempo que
dependem dos seres humanos.
6
sobre) o desenvolvimento de competências disciplinares e interdisciplinares por meio do
Raciocínio Computacional.
As primeiras ações desse projeto ocorreram na formação de estudantes, em aulas das
disciplinas regulares, em colaboração (co-autoria) com os respectivos professores, na busca
por suprir a demanda de ausência de aulas de “informática” e ausência de sala de
computadores na escola. Essas ações circunscrevem estudos e aplicações relacionados à
interlocução da Ciência da Computação às disciplinas escolares, como Português, Filosofia,
História, Sociologia, Geografia, Matemática, Artes, Biologia, Química, Educação Física e
Inglês; e, fundamentalmente, formação inicial de professores (em nível de graduação -
licenciatura) e formação de professores em serviço. Alguns dos resultados e avaliação podem
ser encontrados em Matos, Paiva e Corlett (2016), Santos, Vera e Matos (2017), Vera et al.
(2016), Matos et al. (2015a) e Matos et al. (2015b).
Após três edições anuais (as ações vão de março a dezembro, incluindo planejamento
colaborativo, aplicação e avaliação dos resultados), percebemos a necessidade de trabalhar a
autonomia do professor, de modo que ele não dependesse dos pesquisadores e extensionistas.
Então, desde 2017 iniciamos um curso de formação de professores experimental, com apoio
financeiro (bolsas de graduação) da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da
Bahia (UFBA). Em 2017 esse curso, com carga-horária de 80h, ocorreu nas dependências da
UFBA. Em 2018, ousamos uma versão totalmente a distância com apoio logístico da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Esse curso tem despertado novas percepções dos professores de diferentes áreas do
conhecimento. Todavia, ações como essa perdem força ao confrontar com a realidade escolar,
além de serem voltadas a profissionais docentes do ensino médio. Sabemos das necessidades
da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, especialmente em seus últimos anos, e
7
acreditamos que está no momento de tentar contribuir nesses níveis com o nosso projeto de
extensão. Isto porque autores afirmam que o desenvolvimento do RC pelo estudante favorece
sua autonomia, a autopoiese, sua organização cognitiva e o aprendizado escolar; além de
familiarizar o estudante com resolução de problemas e estimular a vontade de aprender,
auxiliando no entendimento do conteúdo de modo mais intuitivo, ao tornar o abstrato em algo
mais “simples” (Pereira et al., 2010; Fernandes e Silveira, 2017; Alves et al., 2017; Cápay et
al., 2017).
Diante desse contexto, das altas taxas de reprovação dos estudantes dos anos finais do
ensino fundamental apontadas pelo Censo Escolar de 2016 (Brasil, 2016), das especificidades
dos estudantes dos anos finais do ensino fundamental, além das necessidades de melhoria da
qualidade da aprendizagem desses estudantes e promoção da motivação intrínseca aos
escolares, nos desafiamos a procurar possíveis respostas para as seguintes questões de
pesquisa.
Questões de pesquisa
Objetivo geral
Identificar elementos de práticas pedagógicas e de formação de professores para
estimular o Raciocínio Computacional em prol do desenvolvimento da criatividade,
criticidade e logicidade por estudantes dos anos finais do ensino fundamental,
considerando as competências gerais e específicas da BNCC.
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Objetivos específicos
OE1. Compreender as especificidades e realidades estruturais, curriculares, sociais e
culturais das escolas participantes.
Metodologia
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Etapa 1 - Ambientação e exploração dos espaços escolares. Nesta etapa pretendemos
identificar as principais características, demandas, necessidades e especificidades dos
sujeitos, dos espaços escolares e seus currículos. Esta etapa está relacionada aos objetivos
específicos OE1 e OE2.
Serão planejadas (pelo Comitê Gestor) e realizadas visitas aos espaços escolares para
identificação de elementos caracterizadores desses espaços e diálogo com alguns
sujeitos escolares, especialmente estudantes dos anos finais do ensino fundamental
voluntários e alguns escolhidos por critérios pré-definidos, como rendimento (alto ou
baixo), disciplina (ou indisciplina) e outros fatores sociais, procurando equacionar
considerando aspectos de gênero e raça. Espera-se coletar dados que possibilitem a
compreensão das especificidades e realidades estruturais, curriculares, sociais e
culturais. Os dados coletados nesta subetapa serão fundamentais para a etapa de
pesquisa seguinte.
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envolvidas, com implementações parciais ao longo da formação. Será uma etapa de
(re)construção colaborativa para adaptação do projeto “Computação Desplugada
Interdisciplinar” para as realidades e especificidades dos estudantes dos anos finais do ensino
fundamental das escolas parceiras. Esta etapa está relacionada ao objetivo específico OE3.
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Calendário das reuniões presenciais de (auto)formação (preliminar):
14/12/2019* 8*
1/2/2020 6
15/2/2020 6
29/2/2020 4
14/3/2020 4
12
microlearning1.
1
Uma abordagem de ensino que entrega, por meio de ferramentas online, projetadas para dispositivos
móveis, conteúdos relevantes e de breve apresentação, de modo simples e visual, com riqueza de imagens.
2
plicativo multiplataforma de mensagens instantâneas de propriedade da Facebook Inc.
A
13
aprendizagem
Esta subetapa visa ser o momento de planejamento didático das intervenções (práticas
didáticas), bem como preparação dos objetos de aprendizagem (OA), como jogos,
cards, dinâmicas, projetos. Por conta do isolamento social e fechamento das escolas,
os professores serão incentivados a planejar todas as práticas e OA em duas versões:
para aulas online e presenciais.
Cada professor(a) será acompanhado(a) por uma dupla ou trio de tutores. Todos
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fazem parte do grupo de pesquisa da UFBA, possuem experiência docente e de
articulação pedagógica e conceitual do RC e são as mesmas pessoas com quem
mantiveram contato durante o processo de formação
Os tutores poderão ser contatados por e-mail, telefone, WhatsApp, Telegram, reuniões
virtuais ou presenciais. Pelo menos uma vez por semana deverá ocorrer um encontro
(preferencialmente online no período de isolamento social) entre tutores(as) e o
professor(a), com duração média de 1 (uma) hora. As datas e duração dos encontros
deverão ser acordados previamente entre tutores e professor(a).
15
que os professores do Comitê Propositivo promovam, junto com a equipe de
pesquisadores, ambientes de colaboração com os demais professores da escola, numa
perspectiva multiplicadora e colaborativa. Ao longo dessa etapa, todos os professores
do Comitê Propositivo continuarão em processo formativo, com acompanhamento
online, no local por meio dos assistentes de pesquisa e presencialmente nas reuniões
mensais. Esse será o segundo momento formativo. Além disso, serão propostas ao
menos três momentos formativos nas escolas parcerias, de modo que os professores
do Comitê Propositivo sejam formadores dos seus pares, de modo a incentivar o
trabalho colaborativo na escola. As escolas da rede pública estadual baiana trabalham
com três unidades letivas. Por conta do isolamento social face à pandemia do
COVID-19, essa etapa está prevista para ocorrer nas duas primeiras unidades letivas
de 2021. Caso o isolamento se mantenha, todas as atividades planejadas ocorrerão
remotamente.
Análise dos dados coletados na subetapa EM3A. Esses dados serão analisados sob a
perspectiva da Teoria Fundamentada (Grounded Theory), em que não há definição
apriorística de perspectiva teórica, mas construção teórica a partir dos dados e
posterior diálogo com teoria(s) existente(s), se necessário.
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Espera-se que esses resultados subsidiem a proposição de recomendações para
superação de desafios específicos dessa etapa escolar em diálogo com as
especificidades do modo de oferta, dos próprios espaços escolares, dos currículos e
dos profissionais docentes, por meio do Raciocínio Computacional.
Etapa 4 - Síntese e finalização. Nesta etapa pretendemos, a partir dos resultados obtidos,
propor documento referencial (catálogo/livro/roteiro/manual) com licença Creative Commons
de estratégias (auto) sustentáveis para formação docente e discente do ensino fundamental II
considerando a utilização das habilidades do RC, com valorização da diversidade escolar.
Esta etapa está relacionada ao objetivo específico OE6.
Para finalizar será confeccionado o relatório técnico final, bem como publicações
científicas dos resultados alcançados.
17
no formato de grupo de estudo e desenvolvimento sobre o Raciocínio Computacional, em
uma perspectiva integradora (universidade-escola) e colaborativa, em que os professores
serão também pesquisadores e definirão elementos importantes sobre o quê pesquisar e como
intervir nos espaços escolares, em vez de prescricionista. A segunda atividade de extensão,
indicada na subetapa EM3A, será o projeto de extensão original, implementado desde 2014,
adaptado às especificidades e necessidades pedagógicas dos estudantes dos anos finais do
ensino fundamental, cujo título provisório é “Raciocínio Computacional na Escola: proposta
de formação para estudantes dos últimos anos do ensino fundamental”.
Fundamentação teórica
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O uso de equipamentos tem revolucionado a era digital da informação. Existe uma
necessidade de compreender o escopo e impacto do que isso pode significar em diferentes
setores da vida contemporânea. Nesse sentido, a escola, mas não somente ela, tem papel
fundamental no desenvolvimento de competências disciplinares e interdisciplinares.
Lopes (2005) aponta que as políticas de currículo de outros países parecem ter
contribuído para ampliar as pesquisas educacionais brasileiras. Na busca por novas
metodologias, em uma mixagem das concepções tradicionais com as novas concepções, o
currículo escolar brasileiro tem sofrido reinterpretações contextuais, mostrando-se como um
currículo recontextualizado em sua prática. A autora também apresenta a necessidade de
investigar políticas educacionais, considerando as articulações e reinterpretações em
múltiplos contextos das influências internacionais nas práticas escolares.
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valorizando a lógica da disciplinaridade e, ao mesmo tempo, a articulação entre os
conhecimentos específicos de cada disciplina” (Matos, 2013a, p. 26).
Nesse sentido, Fortes (2009, p. 4) explica que com a efetiva ação interdisciplinar é
possível “[...] estabelecer ligações de complementaridade, convergência, interconexões e
passagens entre os conhecimentos”, e ações de integração curricular realizadas
interdisciplinarmente por meio da Computação podem favorecer a perspectiva do
desenvolvimento de uma nova habilidade: o Raciocínio Computacional (também conhecido
pelo termo em inglês Computational Thinking). Ribeiro et al. (2013) explicam que sem
diretrizes claras sobre o que deve ser ensinado e quando isso deve acontecer, torna-se muito
difícil incluir com sucesso o RC no currículo da maioria das escolas brasileiras.
Considerando a Computação como mais uma linguagem, muitas vezes tratada com as
mesmas complexidades de aprendizado das línguas estrangeiras, faz-se necessário analisar a
dinâmica do processo dialético de pseudoconfronto entre as linguagens, numa perspectiva de
estabelecimento de possibilidades intersemióticas; além de problematizar conflitos e/ou
soluções criativas nas interlocuções entre as mais diversas linguagens que permeiam o nosso
cotidiano, influenciando diretamente as políticas e ações de formação humana, em nível
macro (propostas curriculares, parâmetros curriculares, programas e metodologias de ensino e
de aprendizagem) ou em nível micro, no âmbito das unidades escolares e nas salas de aula de
graduação.
3
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
20
entretanto, na proposta da BNCC, o RC está restrito à área da Matemática no Ensino
Fundamental - Anos Finais, ainda de maneira incipiente e fortemente associado ao uso de
artefatos computacionais. Vale salientar que o ensino dos fundamentos da Computação não é
de competência dos licenciados em Matemática, mas dos licenciados em Computação, por
proporcionar uma formação ampla de tais fundamentos, a fim de explorar as diversas
possibilidades que a Computação pode proporcionar para uma leitura de mundo efetiva e
significativa, principalmente no que concerne ao desenvolvimento das habilidades do
Raciocínio Computacional, para além do trabalho com algoritmos, fluxogramas e tecnologias
digitais, como caracterizado na/pela BNCC.
Não se pode reduzir os saberes para ensinar apenas os conhecimentos das disciplinas.
Quem ensina, segundo Gariglio e Burnier (2012), sabe que o conhecimento técnico é
fundamental, mas não é suficiente. Alguns confundem as habilidades para ensinar,
reduzindo-as ao bom senso, experiência ou cultura, pertencentes a determinado professor.
Tais ideias preconceituosas culminam por prejudicar a profissionalização do ensino.
Nesse sentido, várias áreas científicas têm um campo de estudo do ensino, como a
Educação Matemática, por exemplo. A formação de professores de matemática tem sido um
campo alvo de investigações científicas. Todavia, a formação de professores de computação
ainda tem sido um campo pouco explorado. Formar o profissional de computação para além
dos conhecimentos técnicos é um dos desafios para os cursos de Licenciatura em
Computação.
21
Symposium on Computer Science Education - SIGCSE4”, um evento que em 2018 estará em
sua 48ª. edição, cuja organização está sob a responsabilidade do Special Interest Group on
Computer Science Education d a ACM5 (Association for Computing Machinery) , uma das
principais sociedades científicas internacionais da Ciência da Computação.
Alguns estudos baseados nos dados fornecidos pelo Inep/MEC apontam carência de
professores de uma forma geral no sistema educacional brasileiro. Sampaio et al. (2002)
apontam números para carência de professores há 15 anos, em que cursos de licenciatura
“encontravam-se entre aqueles com o maior número de vagas não preenchidas” (p. 87).
Há três anos, essa situação ainda era alarmante, afirma Pinto (2014). Segundo o autor,
há falta de licenciados em número suficiente a partir de uma estimativa de demanda; o autor
também aponta para um grande crescimento na oferta de vagas nas licenciaturas.
4
http://sigcse2018.sigcse.org
5
www.acm.org
6
Nos anos de 2014, 2015 e 2016 o WEI foi coordenado pelo proponente deste projeto. Website do último WEI
(2017): http://csbc2017.mackenzie.br/anais/eventos/25-wei
7
www.sbc.org.br
8
www.ondadigital.ufba.br/WLIC/
9
https://cbie.sabertecnologias.com.br/
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(PROUNI/FIES), aponta Pinto (2014), proporcionaram aumento dos cursos de licenciatura
em Computação.
As diretrizes curriculares propostas pelo CSTA (2011) para o K-1210, indica que o
estudante deve aprender não somente a computação em seu sentido tecnológico, mas também
o Raciocínio Computacional como abordagem para solucionar problemas utilizando
ferramentas e conceitos computacionais.
Por sua vez, França, Silva e Amaral (2015) fazem uma reflexão sobre a distinção
entre Informática e Computação. A Informática limita-se a questões de software e hardware,
ao passo que a Computação está para além disso, abordando aspectos subjacentes.
Computação abrange conhecimentos de áreas diversas que podem ser utilizados na
proposição e resolução de problemas, o uso desses conhecimentos aplicado é denominado
pensamento computacional. Há evidências de contribuições do RC aos estudantes do nível
médio (França, Silva e Amaral, 2015).
10
Equivalente à Educação Básica brasileira.
23
Todavia, o raciocínio computacional não é uma habilidade necessário e útil somente
ao professor (ou profissional) de Computação. Segundo Valente (2016), a concepção de que a
Computação ajuda a pensar melhor não é nova. Papert (1971) já argumentara que a
computação pode ter "um impacto profundo por concretizar e elucidar muitos
conceitos anteriormente sutis em psicologia, linguística, biologia, e os fundamentos da
lógica e da matemática" (p. 2). Para Valente (2016), isso é possível pelo fato de proporcionar
a um sujeito a capacidade "de articular o trabalho de sua própria mente e, particularmente, a
interação entre ela e a realidade no decurso da aprendizagem e do pensamento" (Papert, 1971,
p. 3).
Zapata-Ros (2015), por sua vez, define 14 componentes, como análise ascendente,
heurística, pensamento divergente, criatividade, resolução de problema, pensamento
abstrato, interação, recursividade, métodos colaborativos, metacognição.
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França e Tedesco (2015) afirmam que uma possibilidade é assumir o
desenvolvimento do Raciocínio Computacional em uma perspectiva interdisciplinar, em que
ele estaria se relacionando intrinsecamente com as disciplinas já existentes no currículo
escolar e nas realidades específicas de cada escola e de cada nível de ensino.
Outro aspecto levantado pelas autoras é sobre o quê e quando ensinar, dado que ainda
não há diretrizes claras de como e o quê focalizar para o desenvolvimento do Raciocínio
Computacional nas Escolas, ação que esta pesquisa pretende iniciar. França e Tedesco (2016)
afirmam que a inserção do Raciocínio Computacional nas escolas “não deve cobrir apenas a
manipulação de recursos digitais, mas sim os fundamentos da Computação, enquanto
ciência”.
Resultados esperados
Este projeto de pesquisa visa adequar uma proposta de extensão universitária exitosa
no ensino médio para o contexto dos anos finais do ensino fundamental em três escolas
públicas de Salvador e Região Metropolitana, sendo uma escola rural.
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estudantes dos anos finais do ensino fundamental, de modo a superar desafios
de aprendizado em múltiplas disciplinas, focalizando no desenvolvimento da
criatividade, da criticidade e da logicidade por meio do Raciocínio
Computacional;
Serão produzidos dois modelos de TCLE. O primeiro será voltado aos professores e
11
https://br.creativecommons.org/
26
outros sujeitos escolares e acadêmicos (exceto estudantes). O segundo será voltado
exclusivamente aos estudantes e deverá ser assinado pelo(a) seu responsável legal. Esses
documentos serão digitalizados e armazenados para casos de posterior auditoria.
Para realização desta pesquisa utilizaremos a infraestrutura dos espaços escolares e do Grupo
de Pesquisa e Extensão Onda Digital, vinculado ao Instituto de Matemática e Estatística da
Universidade Federal da Bahia, liderado pelo proponente.
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projetor multimídia e sistema de som, com capacidade para 150 pessoas.
Além disso, as ações serão publicizadas pelos canais oficiais da universidade e pelos perfis
do grupo nas redes sociais, sempre considerando os aspectos éticos envolvidos nesse tipo de
ação. Os resultados dos trabalhos serão discutidos nas edições do Fórum Interdisciplinar
sobre Formação Docente com Tecnologias, coordenado pelo proponente e realizado quase
sempre sem ou com pouco apoio financeiro. Neste ano, o Fórum está na sua 4ª edição, tendo
ocorrido entre os dias 12 e 14 de dezembro de 2018, em conjunto com o IV Workshop de
Pesquisa e Extensão Onda Digital.
Cronograma
05/07/2019 a 31/07/2019 EM1A. Seleção e ambientação dos sujeitos colaboradores:
auxiliares de pesquisa
24/07/2019 a 02/08/2019 EM1A. Seleção e ambientação dos sujeitos colaboradores:
professores para o Comitê Propositivo
24/07/2019 a 31/12/2019 EM1B. Exploração dos espaços escolares
10/08/2019 a 14/03/2020 EM2A. (Auto)Capacitação do Comitê Propositivo (teoria,
concepção e aplicação)
15/03/2020 a 20/07/2020 EM2B. Adaptação do projeto de extensão original
21/07/2020 a 14/02/2021 EM2C. Planejamento das práticas online e presenciais e preparação
dos objetos de aprendizagem
15/02/2021 a 31/08/2021 EM3A. Implementação do projeto de extensão com estudantes
01/09/2021 a 28/02/2022 EM3B. Análise dos dados
01/09/2021 a 28/02/2022 EM4A. Sistematização do projeto de extensão por meio de
documento referencial
01/02/2022 a 28/02/2022 EM4B. Finalização do projeto de pesquisa (e extensão)
28
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