UNIVERSIDADE PITAGORAS - UNIDADE DE PORTO GRANDE
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA - EAD
RONALD ADRIANO SILVA DOS SANTOS
EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL
Porto Grande-AP
2022
UNIVERSIDADE PITAGORAS - UNIDADE DE PORTO GRANDE
RONALD ADRIANO DA SILVA
EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL
Trabalho apresentado à UNOPAR (Universidade Pitágoras de
Porto Grande), como requisito parcial à aprovação no 5º
semestre do curso LICENCIATURA em EDUCAÇÃO
FÍSICA.
Porto Grande-AP
2022
UNIVERSIDADE PITAGORAS - UNIDADE DE PORTO GRANDE
SUMÁRIO
I-
INTRODUÇÃO_________________________________________________________
II-DESENVOLVIMENTO__________________________________________________
III-CONSIDERAÇÕES FINAIS____________________________________________
IV-REFERENCIAS_______________________________________________________
I) INTRODUÇÃO
A simples escolha do tema educação e esporte nos possibilitariam dissertar inúmeras teses.
Isto porque a educação e o esporte são temas amplos que abrangem diferentes campos do
conhecimento e, ainda, pouco discutidos por parte de educadores e profissionais. Assim,
procuramos tratar neste trabalho questões relativas à pedagogia do esporte, voltando o nosso
olhar para a formação do professor de Educação Física.
É sabido que vivemos numa sociedade complexa. A instituição família encontra-se, hoje,
de "mãos atadas" que, somado ao desaparecimento da socialização primária, mergulha numa
profunda crise de valores sociais. É neste ponto que entendemos o papel decisivo do esporte,
juntamente com a educação, na busca por princípios e valores sociais, morais e éticos. É
necessário, portanto, buscarmos uma nova orientação a qual os valores do esporte, do jogo e
da brincadeira, não permaneçam apenas dentro das escolas ou dos clubes, mas que transitem
para além. Dessa forma, cabe ao professor de Educação Física criar condições para que o
esporte seja assumido como um valor de referência na inclusão e no bem-estar, não apenas de
crianças e jovens, como também de adultos e idosos.
Sendo assim, este trabalho está organizado em quatro momentos, quais sejam: inicialmente
buscamos discutir a pedagogia e a pedagogia do esporte, procurando entender que a
pedagogia é uma reflexão sobre o contexto, o todo, que envolve a ação educativa e formativa,
contribuindo para uma prática pedagógica - nesse caso, a Educação Física - mais inclusiva;
posteriormente, num segundo momento, de modo mais reflexivo, buscamos problematizar a
questão da diversidade, da desigualdade e da inclusão no contexto escolar e na prática
pedagógica do professor de Educação Física; no terceiro momento, procuramos apontar, de
maneira sucinta, os motivos que levam crianças e jovens a praticarem uma modalidade
esportiva, bem como o papel do esporte como meio de sociabilização para muitos jovens; e,
por fim, apontamos para a necessidade de se repensar os valores do esporte e o papel do
professor enquanto agente transformador da realidade de seus alunos e da própria sociedade.
II) DESENVOLVIMENTO
A pedagogia e o esporte: primeiras impressões
Primeiramente, antes de refletirmos sobre as questões concernentes à pedagogia do esporte
e sua implicação para a prática pedagógica em Educação Física, é preciso refletir sobre o
conceito de pedagogia, substrato para pensarmos e trabalharmos pedagogicamente o esporte.
De um modo geral, a pedagogia não se refere unicamente ao modo como vamos ensinar
nossos alunos - seja no âmbito escolar ou acadêmico - mas, poderíamos dizer que:
“A pedagogia seria uma reflexão sobre todo o contexto que envolve a ação educativa,
coadunando numa efetiva prática de intervenção. Uma intervenção comprometida,
intencional, dirigida, organizada e ciente de suas responsabilidades educacionais”
O professor de Educação Física pode ser visto como um pedagogo e, como tal, este possui
algumas responsabilidades no que tange a transmissão de conhecimentos, dando um
tratamento, uma direção pedagógica que pode ser intencional, consciente ou organizada. Com
efeito, é correto afirmar que para se ensinar um determinado conteúdo não basta que o
professor seja um especialista em determinada área do conhecimento.
Nas palavras de Libâneo
[...] para ensinar matemática não basta ser um bom especialista em matemática. É preciso
que o professor agregue o pedagógico-didático, ou seja: que conteúdo da matemática-
ciência devem constituir-se na matemática-matéria de ensino visando à formação dos
alunos? A que objetivos sociopolíticos serve o conhecimento escolar da matemática? Que
representações, atitudes, convicções são formadas em cima do conhecimento matemático?
[...] que sequências de conteúdo é mais adequada à aprendizagem dos alunos, considerando
sua idade, nível de escolarização, conceitos já disponíveis dos alunos, etc.?
Portanto, não basta apenas conduzir ao saber, ao conhecimento; o professor deve ir além e
pensar no "como ensinar", "para quem ensinar" e "por que ensinar". Devemos buscar novos
métodos, novas formas em nossas aulas para atingirmos o objetivo proposto, qual seja: um
ensino de qualidade.
Diversidade e inclusão na prática pedagógica
No exercício da prática docente, podemos perceber algumas dificuldades, por parte de
muitas escolas e educadores, em entenderem os conceitos de diferença e desigualdade. Ao
consultarmos o dicionário podemos perceber que diversidade significa variedade,
multiplicidade, podendo inclusive ser entendida no âmbito das diferenças. E é justamente das
diferenças, da diversidade que pretendemos lidar.
Tomamos como exemplo o professor de Educação Física e seus alunos. Podemos dizer que
jamais poderiam existir indivíduos idênticos, uma vez que cada ser humano, isto é, cada
criança ou adolescente, possui características singulares que as fazem únicas, especiais. No
entanto, por mais que reconheçamos que as diferenças são inerentes à condição humana,
somos levados a admitir e a presenciar que muitas escolas e todos aqueles que formam o
"sistema-escola" (professores, pedagogos e alunos) não vêm avançando no sentido de melhor
lidar com a diversidade, tão rica e tão importante para o desenvolvimento do respeito, da
convivialidade, da compreensão e da solidariedade.
Na maioria das vezes o professor confunde diferença com desigualdade. E o não
discernimento entre estes dois conceitos podem trazer consequências sérias as nossas crianças
e jovens - dizemos isto porque a desigualdade é algo construído socialmente o que, de certo
modo, acaba produzindo sentimentos de inferioridade. Dessa forma, o educador e a escola
devem estar preparados para considerar as características próprias de seus alunos e que tais
características não podem servir de condição para possível hierarquização dos indivíduos.
Sendo assim, como poderíamos "semear" a inclusão em nossas escolas? De um modo geral,
ao pensarmos em inclusão não basta criarmos vagas é preciso, sim, pensarmos em uma escola
que atenda a todos de forma igual, com profissionais e professores aptos a trabalharem com a
diferença, não havendo espaço para a criação e conservação de valores segregacionistas.
O esporte como meio de sociabilização.
Os motivos que levam crianças e adolescentes a praticarem uma determinada atividade
física e desportiva são muitos e a sociabilidade pode estar associada a esta escolha. A
necessidade de pertencer a um grupo é muito forte na adolescência e isto pode ser um dos
fatores primordiais para os jovens se envolverem com o esporte. Segundo Weinberg e Gould
(2001), as crianças apreciam o esporte devido às oportunidades que o mesmo proporciona de
estar com os amigos e fazer novas amizades. Não há menor dúvida de que as atividades
físicas e principalmente esportivas constitua sendo um dos melhores meios de convivência
humana.
É por meio dessa convivência que as muitas oportunidades de contato social são
proporcionadas à criança, contribuindo para o seu desenvolvimento moral, portanto, estar com
amigos, fazer parte de um grupo ou fazer novas amizades, tem um papel importante no
desenvolvimento, tanto psicológico quanto moral e ético de crianças e jovens.
A questão do ensinar na Educação Física e no esporte
Não raro, ainda nos deparamos nas escolas com métodos de ensino tecnicistas,
mecanicistas1 e, mesmo, biologistas da Educação Física. Tais discursos e métodos, de um
modo geral, caracterizam-se por uma preocupação excessiva no desenvolvimento das
habilidades físicas e motoras dos alunos - na busca pelos mais "aptos" ao esporte. Em outras
palavras, uma visão positivista de que o movimento nada mais é que um comportamento, um
gesto motor, onde o corpo é tido apenas como uma "máquina perfeita", constituído por
músculos, ossos, órgãos e tecidos.
O movimento deve ser compreendido, acima de tudo, como humano. O homem deve ser
encarado como um ser social. Sabendo disso (pelo menos deveria saber), o professor de
Educação Física tem a responsabilidade de preparar seus alunos para a cidadania. Neste
sentido, um desafio que se impõe ao professor e ao futuro profissional da área está na
superação da visão de desenvolvimento (do aluno) que enfatiza simplesmente o mecânico, o
rendimento, o alto nível.
Não estamos querendo, com isso, abolir a competição entre os que praticam esporte. Pelo
contrário, sabendo dosar, a competição é extremamente sadia entre as crianças e jovens.
Gostaríamos apenas que o educador físico ciente de seu compromisso social - pois, a
Educação Física também contribui para a formação cultural e moral - pensasse, em primeiro
lugar, no seu aluno e não nos recordes, nos rendimentos, nas vitórias. Que o futuro
profissional da área pensasse na criança e no jovem como um todo, como um ser em formação
e não mais um corpo a ser trabalhado.
III) CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Podemos perceber que no esporte, assim como na educação em geral, o desenvolvimento
dos valores (sociais, morais e éticos) também se faz importante e necessário quando o que
está em jogo é a formação humana. Numa época de profundas mudanças, em que há um
pluralismo de ideias e de culturas, as crianças e os jovens carecem de encontrar na prática
esportiva, um modelo de esporte que respeite a sua identidade, suas diferenças e seus limites.
Portanto, uma das formas de se alcançar este objetivo é pensarmos numa prática educativa
do esporte orientada por um viés inclusivo, que vise a promoção de atividades recreativas,
formativas e sociais. Uma prática que construa valores, tais como: responsabilidade, respeito
ao próximo, respeito às regras, desenvolvimento da personalidade, da tolerância, da
integração e convivialidade. E para que isso ocorra é preciso que o professor acredite na
mudança, zele por uma coerência total entre suas ideias e suas ações na prática educacional;
busque conteúdos e uma metodologia de ensino dinâmica. Em suma, uma aprendizagem
formativa que faça do seu aluno um ser pensante, autônomo, criativo e crítico.
IV) REFERÊNCIAS
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