Universidade do Estado do Pará
Pró-Reitora de Graduação
Curso de Letras – Língua Portuguesa
PROGRAMA FORMA PARÁ
Marcleynne da Silva Gomes
Monte Alegre-Pará
2023
RESENHA
Segue abaixo uma resenha crítica, feita pela discente Marcleynne Gomes, do
artigo “O texto, o leitor e contexto: a leitura numa perspectiva interacionista”, escrito
pelo graduado em Licenciatura plena em Letras, especialista em Psicopedagogia,
especialista em LIBRAS, mestre e doutor pela Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte, José Marcos Rosendo de Souza, o qual trabalha temáticas como:
ensino, letramento literário para surdos, Libras, educação inclusiva e (sócio)
terminológica. O autor também é membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Planejamento do Processo de Ensino de Ensino-Aprendizagem.
Em seu escrito, o autor aborda nos primeiros parágrafos a falta de uma
técnica infalível para incentivar os educandos a desenvolverem interesse pelo
universo da leitura, no entanto, ele aconselha levar ao conhecimento das pessoas, o
quão importante a leitura é para quem faz uso dela. Marcos Rosendo também
ressalta que atualmente, o desenvolvimento da leitura está atrasado e
desinteressante. As observações do autor são bem atuais e fundamentais, já que o
público leitor encontra-se desanimado, o que se faz necessário buscar novos
métodos de incentivo à leitura.
Continuando a leitura, vemos que o texto pode se apresentar em múltiplos
gêneros e variadas categorias, e a concepção de texto é dada como “qualquer
produção linguística, falada ou escrita, sem tamanho específico, que faça sentido, e
assim haja comunicação humana, isto é, uma interlocução”. (COSTA VAL, 2004,
p.113 apud SOUZA). O ato de interlocução ocorre não só a partir da produção
discursiva, mas também entre o sujeito e o texto, de maneira que, o leitor crie
acepção do texto a partir do contato com ele. Em outra perspectiva, outros autores
sugerem que a noção básica, que se tem de texto são de “palavras escritas sem
muita importância” (GOMES & SOUZA, 2010, p.3 apud SOUZA), deste modo, o
texto é visto como algo desinteressante e mal empregado, deixando de lado todo
interesse que leitor poderia constituir para explorá-lo. É extremamente necessário
que, para desenvolver qualquer tipo de capacidade textual, o leitor ingresse no
universo da leitura , já que é o único caminho para interagir com o texto.
Percebe-se que ao longo do tempo, o foco das abordagens teóricas tem
variado constantemente, em momentos se enfatiza o sistema linguístico, em outra
ocasião, o leitor por meio das teorias cognitivas, e ainda, a interação do leitor com o
texto. Desse modo, o ensino da língua sofre influência, que para se compreender
cada concepção, as quais circundam a prática da leitura, Duran (2009) explicita as
particularidades de cada uma delas: a concepção de Botton-up é a que leva em
consideração a decodificação no processo de leitura, de maneira que o leitor
compreenda o texto, e entenda seu sentido a partir do momento que decodifica as
palavras, as quais o constituem, e assim atribuindo significado a essas palavras; a
concepção de Top-down é a concepção que diz que o leitor só constrói um
sentindo do texto a partir da leitura e segundo uma leitura cognitiva já adquirida, ou
seja, é caracterizada pela vida ativa do leitor, fazendo com que o leitor formule
hipóteses sobre o texto; e a concepção interacionista diz que há o hibridismo das
concepções anteriores, considera a leitura como um processo cognitivo e perceptivo,
a prática leitora condensa tanto as informações presentes no texto quanto as
informações que o leitor traz consigo e a construção dos sentidos ocorre por via da
interação entre leitor e texto. Afirmo que a concepção mais completa seja a
interacionista, a qual faz maior sentido na leitura, pois para entendermos o que está
escrito em um texto, certamente temos que saber o que significam as palavras que o
compõem, também construímos uma bagagem de conhecimentos ao lermos
frequentemente, a qual facilita a compreensão e interpretação do que está implícito
em um texto e por fim, desenvolvemos a capacidade de interagir com ele.
O processo de leitura é visto como um ato interacional, pelo qual se constrói o
conhecimento. Logo, ato de ler expande o leque de experiências do ser, tanto adulto
como criança, possibilitando novos pontos de vista de mundo e de si mesmo, por
isso é importante instigar a leitura desde os anos iniciais de todo indivíduo. Quanto
ao contexto, percebe-se que ele contribui grandemente na formação da leitura de
mundo de todo ser humano, que deverá ter um contato constante com a leitura e
com o texto. Professores devem se tornar pontes para conduzir os estudantes ao
universo da leitura, lhes apresentando obras e variados gêneros textuais,
especialmente ensinar as crianças a seguirem por este caminho, assim elas terão
capacidade de desenvolver comportamentos de leitores. No entanto, os educadores
devem adotar a concepção interacionista, não apenas para decodificação de
palavras, mas sim para construção de significados, na perspectiva de interação
entre dois mundos, no qual em um se encontra o autor e no outro o leitor. Na minha
visão, o leitor, o texto e o contexto estão completamente ligados e são inseparáveis,
já que a existência de um é indispensável para a existência do outro, visto que só
existe texto se existir leitor e contexto, só existe leitor se tiver um texto e nele um
com texto e assim por diante.
Portanto, em todo o seu texto, Marcos Rosendo trata a relação que o texto
deve ter com o leitor e com o contexto, o que é imprescindível no universo da leitura.
O autor tem uma colocação plausível ao falar sobre a necessidade de apresentar a
leitura nos primeiros anos, certamente que ele é prudente ao afirmar que essa
responsabilidade que é imposta aos professores de Educação Infantil, pois os
mesmos devem fazer a apresentação de obras e textos, os quais são fundamentais
no desenvolvimento de futuros leitores, os quais terão uma estreita relação com
texto e com o contexto a partir destas apresentações. Com todas essas informações
precisas apresentadas por Rosendo, é possível ter uma direção para ser e construir
leitores interacionistas, os quais conseguem ler um texto, entender seu sentindo,
criar hipóteses e associar o significado às palavras contidas. Considerando toda
essa relevância do conteúdo construído pelo escritor deste artigo, recomendaria que
não só estudantes como professores, mas especificamente de Educação Infantil,
tomassem conhecimento deste texto e atentasse para o que é repassado,
observando cada detalhe do que o autor propõem quanto a leitura e contexto, pois
assim sendo, emergiriam leitores interacionistas em grande escala.
REFERÊNCIAS
COSTA VAL, Maria Graça. Texto, textualidade e textualização. In: J.L. Tápias
Ceccantini; R.F>Pereira & J. Zanchetta Jr. (orgs), Pedagogia Cidadã: Cadernos de
formação: Língua Portuguesa, v. 1. São Paulo: UNESP. prograd. 2004.
DURAN, Guilherme Rocha. As concepções de leitura e a produção do sentido
no texto. Revista Prolíngua – ISSN 1983-9979. Volume 2, número 2 – Jul./Dez. De
2009.
GOMES, F. F. L. & Souza. J. M. R. Os caminhos para um ensino produtivo de
Língua Portuguesa. V Semana de Letras – Linguagem e entrechoques culturais.
Língua, literatura e cultura brasileira. Catolé do Rocha – PB, 2010.