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Ciências Do Esporte e Educação Física

Este documento é um livro sobre Ciências do Esporte e Educação Física, organizado em capítulos escritos por diferentes autores. O livro contém pesquisas contemporâneas da área, abordando temas como análise do equilíbrio postural de atletas, apropriações teórico-metodológicas para Educação Física escolar, aspectos da imagem corporal de mulheres pré e pós-cirurgia bariátrica, efeitos do treinamento de baixa carga sobre hipertrofia muscular

Enviado por

Marion Cunha
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Ciências Do Esporte e Educação Física

Este documento é um livro sobre Ciências do Esporte e Educação Física, organizado em capítulos escritos por diferentes autores. O livro contém pesquisas contemporâneas da área, abordando temas como análise do equilíbrio postural de atletas, apropriações teórico-metodológicas para Educação Física escolar, aspectos da imagem corporal de mulheres pré e pós-cirurgia bariátrica, efeitos do treinamento de baixa carga sobre hipertrofia muscular

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Rogério de Melo Grillo

Gilson Santos Rodrigues


Marcelo Vicentin
(Orgs.)

VOL. 2

CIÊNCIAS DO ESPORTE
E EDUCAÇÃO FÍSICA
CONTRIBUIÇÕES CONTEMPORÂNEAS EM PESQUISA

científica digital
EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA
Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.com.br - [email protected]

Diagramação e Arte Edição © 2023 Editora Científica Digital


Equipe Editorial Texto © 2023 Os Autores
Imagens da Capa 1a Edição - 2023
Adobe Stock - 2023 Acesso Livre - Open Access
Revisão
Os Autores

© COPYRIGHT DIREITOS RESERVADOS. A editora detém os direitos autorais pela edição


e projeto gráfico. Os autores detêm os direitos autorais dos seus respectivos textos. Esta
obra foi licenciada com uma Licença de Atribuição Creative Commons – Atribuição 4.0
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


C569
Ciências do esporte e educação física: contribuições contemporâneas em pesquisa:
volume 2 / Organizadores Rogério de Melo Grillo, Gilson Santos Rodrigues, Octávio
Barbosa Neto. – Guarujá-SP: Científica Digital, 2023. ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA
E-BOOK
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui Bibliografia
ISBN 978-65-5360-517-6
DOI 10.37885/978-65-5360-517-6

1. Esporte. 2. Educação física. I. Grillo, Rogério de Melo (Organizador). II. Rodrigues, Gilson
Santos (Organizador). III. Barbosa Neto, Octávio (Organizador). IV. Título.
CDD 613.7

Elaborado por Janaína Ramos – CRB-8/9166

Índice para catálogo sistemático:


I. Esporte : Educação física
2023
Rogério de Melo Grillo
Gilson Santos Rodrigues
Marcelo Vicentin
(Orgs.)

Ciências do Esporte e Educação Física:


contribuições contemporâneas em
pesquisa

Volume 2

1ª EDIÇÃO

científica digital

2023 - GUARUJÁ - SP
CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Humberto Costa
Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo Neto
Prof. Dr. Jónata Ferreira de Moura
Prof. Dr. André Cutrim Carvalho Prof. Dr. José Aderval Aragão
Prof. Dr. Antônio Marcos Mota Miranda Prof. Me. Julianno Pizzano Ayoub
Profª. Ma. Auristela Correa Castro Prof. Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli
Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro Prof. Dr. Luiz Gonzaga Lapa Junior
Prof. Dr. Carlos Alexandre Oelke Prof. Me. Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva
Profª. Dra. Caroline Nóbrega de Almeida Profª. Dra. Maria Cristina Zago
Profª. Dra. Clara Mockdece Neves Profª. Dra. Maria Otília Zangão
Profª. Dra. Claudia Maria Rinhel-Silva Prof. Dr. Mário Henrique Gomes
Profª. Dra. Clecia Simone Gonçalves Rosa Pacheco Prof. Dr. Nelson J. Almeida
Prof. Dr. Cristiano Marins Prof. Dr. Octávio Barbosa Neto
Profª. Dra. Cristina Berger Fadel Prof. Dr. Pedro Afonso Cortez
Prof. Dr. Daniel Luciano Gevehr Prof. Dr. Reinaldo Pacheco dos Santos
Prof. Dr. Diogo da Silva Cardoso Prof. Dr. Rogério de Melo Grillo
Prof. Dr. Ernane Rosa Martins Profª. Dra. Rosenery Pimentel Nascimento
Prof. Dr. Everaldo dos Santos Mendes Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin
Prof. Dr. Fabricio Gomes Gonçalves Prof. Me. Silvio Almeida Junior
Profª. Dra. Fernanda Rezende Profª. Dra. Thays Zigante Furlan Ribeiro
Prof. Dr. Flávio Aparecido de Almeida Prof. Dr. Wescley Viana Evangelista
Profª. Dra. Francine Náthalie Ferraresi Queluz Prof. Dr. Willian Carboni Viana
Profª. Dra. Geuciane Felipe Guerim Fernandes Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme

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Os textos que compõem esta obra foram submetidos para avaliação do Conselho
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Nota: Esta obra é uma produção colaborativa, tornando-se uma coletânea


com reservas de direitos autorais para os autores. Alguns capítulos podem ser
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APRESENTAÇÃO

Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre pro-


fessores, estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as
discussões neste espaço formativo. Resulta, também, de movimentos interinsti-
tucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das
mais diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação
Superior públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Tem como
objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais e internacionais com redes
de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conheci-
mentos das diversas áreas do Saberes.
Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação
para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta
obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores
dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela
temática.

Rogério de Melo Grillo


Gilson Santos Rodrigues
Marcelo Vicentin
SUMÁRIO
Capítulo 01
ANÁLISE ESTABILOMÉTRICA DO EQUILÍBRIO POSTURAL ESTÁTICO DE
CRIANÇAS E JOVENS ATLETAS
Mateus Ibrahim Cardoso; Vinícius Camael Mapa Silva; Laryssa Fernandes Pereira Silva; Diego
de Alcantara Borba; João Batista Ferreira Júnior; Izinara Cruz Rosse; Emerson Cruz de Oliveira;
Lenice Kappes Becker; Daniel Barbosa Coelho

' 10.37885/231014709........................................................................................................................................ 8

Capítulo 02

APROPRIAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR
Solange Izabel Balbino; Geizi Kelly Floriano Raposo

' 10.37885/231215255....................................................................................................................................... 22

Capítulo 03

ASPECTOS DA IMAGEM CORPORAL DE MULHERES EM PROCESSO PRÉ E


PÓS-CIRURGIA BARIÁTRICA
Alesandra Freitas Angelo Toledo; Heglison Custódio Toledo; Júlia Loth Costa; Larissa C. Ramos
Laurentino; Natália Christinne Ferreira de Oliveira; Beatriz Pardal de Matos; Claudia Xavier Correa;
Clara Mockdece Neves

' 10.37885/231115001........................................................................................................................................ 38

Capítulo 04

EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO COM BAIXAS CARGAS SOBRE A


HIPERTROFIA MUSCULAR DE INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
Bianch Alexsandro da Silva; Brenda Hilary Avelino de Vasconcelos; Eduardo Cavalcante de
Oliveira; Letícia Lira Xavier; Sandrelly Mirelly da Silva Santos; Márcia José do Espírito Santo;
Maria Vitória dos Santos Costa; Vanessa Moreira dos Passos Justiniano; Anna Carolina Kokeny;
Mayara Silva Lins Belém

' 10.37885/231115016........................................................................................................................................ 55
SUMÁRIO

Capítulo 05

FATORES INTERVENIENTES DA IMAGEM CORPORAL NA GESTAÇÃO


Eduardo Borba Salzer; Juliana Fernandes Filgueiras Meireles; Júlia Loth Costa; Larissa C. Ramos
Laurentino; Natália Christinne Ferreira de Oliveira; Beatriz Pardal de Matos; Clara Mockdece
Neves; Marcela Rodrigues de Siqueira
' 10.37885/231115000....................................................................................................................................... 72

Capítulo 06

IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA -


REVISÃO SISTEMÁTICA
Glaucineide Araújo Nunes de Souza; Fabiana Coalho Lino Marchesi; Loraine Laisa Gonçalves
Mazeto; Erica Feio Carneiro Nunes; Gustavo Fernando Sutter Latorre

' 10.37885/231014772....................................................................................................................................... 87

Capítulo 07

IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA -


REVISÃO SISTEMÁTICA
Glaucineide Araújo Nunes de Souza; Fabiana Coalho Lino Marchesi; Loraine Laisa Gonçalves
Mazeto; Erica Feio Carneiro Nunes; Gustavo Fernando Sutter Latorre

' 10.37885/231014771........................................................................................................................................ 98

Capítulo 08

PEDAGOGIA DO ESPORTE NO FUTEBOL E FUTSAL ESCOLAR: PANORAMA


DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA E POSSÍVEIS DIRECIONAMENTOS
Jairo Schantz Junior; Ueliton Peres de Oliveira

' 10.37885/231014819.......................................................................................................................................109

Capítulo 09

PERFORMANCE ESPORTIVA NO FUTEBOL E HIDRATAÇÃO: UMA REVISÃO


NARRATIVA DE LITERATURA
Breno Araujo Nunes; Carlos Afonso Ferreira dos Santos; Ederson Fonseca da Cruz Filho; Gilberto
Otavio de Neto Souza Portilho; Lucas Araújo Conegundes; Priscila de Faial Ribeiro; Raimundo
Viegas Lima Filho; Ronan Hiroyuki Yrie; Vanessa Moura Pereira; Vinicius Patrick da Silva Tavares

' 10.37885/231215273......................................................................................................................................123

SOBRE OS ORGANIZADORES................................................................................................... 133


ÍNDICE REMISSIVO.................................................................................................................................. 135
01

ANÁLISE ESTABILOMÉTRICA DO
EQUILÍBRIO POSTURAL ESTÁTICO DE
CRIANÇAS E JOVENS ATLETAS

Mateus Ibrahim Cardoso


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Vinícius Camael Mapa Silva


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Laryssa Fernandes Pereira Silva


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Diego de Alcantara Borba


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

João Batista Ferreira Júnior


IF Sudeste MG Campus Rio Pomba

Izinara Cruz Rosse


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Emerson Cruz de Oliveira


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP))

Lenice Kappes Becker


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Daniel Barbosa Coelho


Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Artigo original publicado em: 2022 CADERNO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE ISSN: 2318-5104
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais
Lei 9610/98.

' 10.37885/231014709
RESUMO

INTRODUÇÃO: O equilíbrio postural estático é a capacidade de manter o centro


de massa corporal dentro da base de sustentação. Trata-se de uma capacidade
complexa, pois envolve ações coordenadas dos componentes biomecânicos,
sensoriais e neuromotores. A estabilometria mensura variáveis relacionadas ao
equilíbrio postural estático, por meio da quantificação de oscilações corporais nos
eixos de deslocamentos anteroposteriores e laterolaterais do centro de pressão.
OBJETIVO: comparar o equilíbrio postural estático de atletas de taekwondo
(TKD), ginástica de trampolim (GTR) e um grupo de escolares, e investigar se o
treinamento esportivo melhora o equilíbrio postural estático. MÉTODOS: Foram
avaliados 34 lutadores amadores de taekwondo, 62 ginastas profissionais de
trampolim e 21 alunos cursando o ensino fundamental. O teste estabilométrico
foi realizado utilizando plataforma de força para coleta das seguintes variáveis:
amplitude anteroposterior (AML-AP), amplitude médio-lateral (AMP-ML), área
de deslocamento total (Área), velocidade anteroposterior (VEL-AP), velocidade
médio lateral (VEL-ML), frequência anteroposterior (FREQAP), frequência médio-
-lateral (FREQ-ML). RESULTADOS: Os testes revelaram diferenças significativas
apenas na variável de oscilação FREQ-AP (Hz) entre o grupo de atletas de TKD
(0,30±0,16) e escolares (0,22±0,07), que foi desprezada. CONCLUSÃO: Assim,
não foi possível afirmar que as práticas de TDK e GTR contribuem positivamente
na capacidade de equilíbrio estático, pois não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas nas variáveis de oscilações dos grupos estudados.

Palavras-chave: Postural Balance, Taekwondo, Trampoline Gymnastics.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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INTRODUÇÃO

O equilíbrio postural é responsável por promover o alinhamento adequado


dos segmentos corporais em relação à gravidade (IVANENKO; GURFINKEL,
2018). É parte componente do sistema de controle postural e envolve ações
coordenadas dos componentes biomecânicos, sensoriais e neuromotores (ASS-
LÄNDER; PETERKA, 2014; DUARTE; FREITAS, 2010; HORAK, 2006; POLLOCK
et al., 2000). Estratégias neurais podem mudar em diferentes situações para
controlar o equilíbrio e reações posturais frente a perturbações provocadas ao
corpo indivíduo (IVANENKO; GURFINKEL, 2018; CHIBA et al., 2015). O tônus
muscular também é considerado de forte influência na manutenção do equilíbrio
corporal na postura ereta estável (MANN et al., 2009).
Pequenos movimentos oscilatórios são definidos como oscilações pos-
turais que podem ser mensuráveis (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003). A medida
quantitativa comumente utilizada para caracterizar o equilíbrio corporal é o
deslocamento do centro de pressão (COP) (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003;
GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Esse deslocamento pode ser mensurado em uma plataforma de força
e apresentado em dados numéricos para as direções anteroposterior (AP) e
médio-lateral (ML) em relação à orientação do sujeito (MOCHIZUKI; AMADIO,
2003; HSU; KUAN; YOUNG 2009). A técnica relacionada com a mensuração
do deslocamento de COP é comumente referida como estabilometria, um dos
métodos mais utilizados para medir as oscilações de equilíbrio (MOCHIZUKI;
AMADIO, 2003; FIUSA; FRÉZ; PEREIRA, 2015; OLIVEIRA et al., 2008; SANTOS;
DUARTE, 2016). Essa técnica mede as oscilações do equilíbrio postural estático
nas seguintes variáveis: amplitude do deslocamento anteroposterior, amplitude
do deslocamento médio-lateral, comprimento total do centro de pressão, velo-
cidade média de deslocamento e área da elipse 95%.
Alguns estudos relatam que a prática regular de treinamento físico pode
ocasionar em melhoras no sistema de controle postural e consequentemente,
no equilíbrio corporal (MANN et al., 2009; KUKKIWON, 2012; RABELLO et al.,
2014). Nesse sentido, exercícios específicos de propriocepção são capazes de
aprimorar as capacidades posturais que ajudam na manutenção do equilíbrio
(THOMPSON et al., 2017). Ricotti et al. (2013) realizaram testes em jogadores de

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


10
futebol e encontraram resultados significativos no aperfeiçoamento do equilíbrio
estático, assim como no estudo comparativo de Bieć e Kuczyński (2010), que
apresentou resultados na melhora da estabilidade postural de atletas de futebol.
Existem ainda estudos que mostram uma melhora significativa no equilíbrio
corporal estático em atletas pré-adolescentes de karatê (VANDO et al., 2013).
Em relação às contribuições do taekwondo (TKD) para o equilíbrio pos-
tural estático, observou-se que grupos de praticantes da modalidade sofreram
influências do treinamento, promovendo desenvolvimento de habilidades motoras
e psicossociais que ajudam no aperfeiçoamento e manutenção do equilíbrio
postural (HADDAD et al., 2014). Fong et al. (2010) ao pesquisarem sobre o efeito
do treinamento de TKD no desenvolvimento de sistemas de equilíbrio em jovens
adolescentes, concluíram que o treinamento acelerou o desenvolvimento do
sistema vestibular contribuindo para a manutenção da estabilidade corporal.
Outros estudos relacionados também revelaram melhorias no equilíbrio pos-
tural de praticantes de TKD (FONG et al., 2010; FONG et al., 2012; FONG et al.,
2013; LEONG et al., 2011). Os resultados dos estudos reforçam positivamente o
impacto da prática do TKD na capacidade de equilíbrio dos indivíduos.
O equilíbrio postural estático pode também ser aperfeiçoado pela prática
de outras modalidades esportivas, como a ginástica de trampolim (GTR), ape-
sar de ainda serem escassas as pesquisas que relacionam equilíbrio postural
estático com a modalidade, alguns estudos recentes se destacam (AALIZADEH
et al., 2016; ARABATZI, 2016; ATILGAN, 2013), e mostram a eficiência do treina-
mento em trampolim no aperfeiçoamento da força e equilíbrio em crianças, em
consequência de respostas coordenadas musculares que afetam positivamente
a estabilidade corporal. Do mesmo modo, Aalizadeh et al. (2016) evidenciou
resultados de que o treinamento com exercícios de trampolim, favoreceram o
nível de desempenho motor contribuindo para a estabilidade corporal. O impacto
dos exercícios pliométricos do trampolim no controle postural também foram
investigados por Arabatzi (2016) que revelou importante contribuição na esta-
bilidade corporal.
Tais resultados corroboram com pesquisas que revelaram que crianças
submetidas a práticas esportivas e intervenções motoras apresentam mudan-
ças significativas no comportamento postural que ajudam na manutenção do
controle postural (RICOTTI et al., 2013; ARABATZI, 2016; KOCHANOWICZ;

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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KUCHARSKA, 2010; HAN et al., 2018). Portanto, considerando resultados que
apresentam interferências benéficas da prática do exercício físico no controle
postural de uma forma geral (RICOTTI et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2008; ZAREI
et al., 2020), pode-se sugerir que crianças e jovens praticantes de treinamento
físico específico apresentem controle postural mais eficaz que crianças e
jovens não treinados.
Sob essa perspectiva, o presente estudo comparou as variáveis de equi-
líbrio estático em crianças e jovens praticantes de TKD e GTR, com o objetivo
de evidenciar possíveis benefícios no equilíbrio estático decorrentes da prática
dessas modalidades esportivas em relação a crianças e jovens não praticantes
de treinamento sistematizado.

MÉTODOS

Participaram do estudo 117 voluntários saudáveis, de ambos os sexos, com


idades entre 11 e 21 anos, sendo 62 atletas de elite da ginástica de trampolim,
34 lutadores amadores de taekwondo e 21 estudantes do ensino fundamen-
tal. A caracterização dos grupos está descrita na Tabela 1.
Todos os voluntários, ou seus responsáveis, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, como recomendado pelo Conselho Nacio-
nal de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Ouro Preto (Protocolo 004365/2018). Antes do início
da pesquisa todos os procedimentos foram esclarecidos e foi informado aos
voluntários que eles poderiam deixar de participar da pesquisa quando desejado.
Por meio de uma plataforma de estabilometria foram capturados, através
de um software específico, os valores referentes às oscilações de equilíbrio
dos voluntários. Foram mensuradas as variações de amplitude anteroposterior
(AML-AP), amplitude médio-lateral (AMP-ML), área de deslocamento total
(Área), velocidade anteroposterior (VEL-AP) velocidade médio lateral (VEL-ML),
frequência anteroposterior (FREQ-AP), e frequência médio lateral (FREQ-ML).
A análise do equilíbrio foi registrada por 60 segundos na postura ereta
irrestrita, com os braços ao longo do corpo sobre uma plataforma de força, pés
descalços, em apoio bipodal (pés dispostos em ângulo de 30º, aproximadamente,
com calcanhares afastados em uma distância de cerca de 2 cm). Durante a

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


12
coleta os participantes foram instruídos a permanecer com olhos abertos, e
olhando fixamente para um ponto posicionado a 3 metros de distância, na altura
de seus olhos (SILVA, 2006).
O tratamento estatístico foi realizado por meio do pacote estatístico
GraphPad Prism 7.4 para Windows. Na análise dos dados foi utilizado o teste de
Shapiro Wilk para avaliar a normalidade dos dados e Anova One Way para ana-
lisar as diferenças entre as médias e de características entre os grupos. O nível
de significância aplicado foi de p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta a caracterização da amostra, contendo a idade


dos participantes e dados antropométricos, sobre os quais houve diferenças
de idade e peso entre os grupos, enquanto os valores de estatura se mos-
traram homogêneos.

Tabela 1. Caracterização da amostra de atletas de TKD, GTR e um grupo de escolares.


Ginástica de
Variáveis Taekwondo (n=43) Escolares (n=21)
trampolim (n=62)
Idade 13,55±3,38* 16,36±5,74* 12±0,86
Peso (kg) 45,64±12,38* 53,24±12,41* 39,50±6,7
Estatura (m) 1,52±0,13 1,60±0,14* 1,45±0,10
* p<0,05

Embora os resultados de caracterização da amostra tenham em sua


maioria sido diferentes entre os grupos, estes não exercem influência sobre
a variável de tratamento, tendo em vista que o objetivo principal do presente
estudo é comparar a influência de diferentes modalidades esportivas sobre o
equilíbrio estático de jovens atletas.
Na Tabela 2 são apresentados os valores dos testes apurados para
as variáveis de oscilações do equilíbrio, média e desvio padrão de cada uma
delas. Dentre as variáveis analisadas observou-se diferença entre os atletas de
taekwondo (TKD) e os escolares para a variável FREQ-AP (p<0,05). Não foram
identificadas diferenças entre as demais variáveis e grupos analisados.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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O presente estudo objetivou comparar as variáveis de equilíbrio estático
em praticantes de taekwondo e ginástica de trampolim, buscando evidenciar
possíveis benefícios no equilíbrio estático decorrentes da prática dessas moda-
lidades esportivas em relação a indivíduos não praticantes de treinamento
sistematizado. Após as análises estatísticas foi constatada uma diferença na
variável FREQ-AP, relacionada à oscilação da amplitude anteroposterior dos
atletas de taekwondo em comparação aos escolares. Considerando que o
equilíbrio estático foi avaliado por um conjunto de variáveis, essa variação foi
desprezada, pois acredita-se que esse fato não seja capaz de intervir na capa-
cidade de equilíbrio.

Tabela 2. Variáveis de oscilações do equilíbrio estático nos atletas de GTR, TKD e no grupo de escolares.
Ginástica de
Variáveis Taekwondo (n=43) Escolares (n=21)
trampolim (n=62)
AMP-AP (cm) 3,38±0,78 2,92±1,02 2,58±0,76
AMP-ML (cm) 1,30±0,48 1,37±0,72 1,43±0,63
Área (cm²) 1,41±0,73 1,76±1,01 1,81±0,93
VEL-AP (cm/s) 0,96±0,22 1,04±0,39 0,94±0,23
VEL-ML (cm/s) 0,85±0,20 0,92±0,32 0,82±0,20
FREQ-AP (Hz) 0,26±0,09 0,30±0,16* 0,22±0,07
FREQ-ML (Hz) 0,77±0,17 0,77±0,21 0,79±0,23

Em contrapartida, estudos consideram que as interferências da prática


do exercício físico são benéficas e contribuem significativamente no controle
postural de uma forma geral (KOCHANOWICZ; KUCHARSKA; 2010; ZAEREI
et al., 2020; BALDAÇO et al., 2010), sugerindo que crianças e jovens praticantes
de treinamento físico específico apresentam controle postural mais eficaz que
indivíduos não treinados. Outros estudos têm demonstrado que a prática esportiva
e programas de treinamento sistematizados têm sido eficientes na promoção de
alterações positivas na capacidade de equilíbrio de crianças e jovens (RICOTTI
et al., 2013; HAN et al., 2018; BALDAÇO et al., 2010; TEIXEIRA, 2010).
Sob esse aspecto, o treinamento esportivo em diferentes modalidades
pode ser capaz de induzir um aperfeiçoamento do controle postural (MANN et al.,
2009; KUKKIWON, 2006; RABELLO et al., 2014; VANDO et al., 2013). Ao con-

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


14
trário do presente estudo, Thompson et al. (2017) compararam o equilíbrio
entre atletas de futebol e não atletas e observaram um melhor desempenho
desta capacidade entre a amostra de atletas. No entanto, Thompson et al. (2017)
avaliaram uma modalidade diferente das utilizadas no corrente estudo, além
disso a amostra continha atletas a nível universitário, sendo uma possível jus-
tificativa pela divergência dos resultados, assim como aspectos maturacionais,
tendo em vista a diferença de idade dos voluntários se comparados ao corrente
estudo (HALL, 2020).
Da mesma forma, Kochanowicz e Kucharska (2010) aplicaram a médio
prazo, exercícios físicos específicos com intuito de moldar o equilíbrio corporal
em crianças de 11 a 13 anos e observaram eficiência dos exercícios na melhora
do controle do equilíbrio estático. Entretanto, a amostra utilizada nesse estudo
era de crianças não treinadas, e quanto menor o nível de treinamento do
indivíduo maior a facilidade para que ocorram adaptações (SAMULSKI; MEN-
ZEL; PRADO, 2013).
Especificamente relacionado aos atletas de taekwondo, destaca-se
o estudo de Shirabe et al. (2017) que concluiu que atletas desta modalidade
apresentam melhor controle postural em relação a atletas de handebol e futsal,
resultados que apresentaram implicações diretas na avaliação do equilíbrio e
podem ser associados a exigência da modalidade de constante apoio de mem-
bros inferiores, de maneira bipodal e unipodal (RABELLO et al., 2014).
Analogamente, Haddad et al. (2014) também observaram grupos de
praticantes de taekwondo (TKD) e perceberam influências do treinamento,
evidenciando que a prática do esporte foi capaz de desenvolver habilidades
motoras que contribuíram para o aperfeiçoamento da manutenção do equilí-
brio postural. De maneira semelhante, Fong et al. (2010) analisaram o efeito do
treinamento de TKD no desenvolvimento de sistemas de equilíbrio em jovens
adolescentes, e concluíram que o treinamento do TKD foi capaz de acelerar o
desenvolvimento do sistema vestibular nos adolescentes, contribuindo assim,
para a manutenção da estabilidade corporal. Nesse sentido, é importante res-
saltar que o nível de treinamento dos atletas é um fator influenciador quando
se mensura o equilíbrio estático (BRIGIDA et al., 2016), e que esta pode ser
uma possível justificativa para as divergências de resultados entre os estudos
citados e à corrente pesquisa.

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Quanto aos estudos concernentes à (GTR), ainda são escassas as
pesquisas relacionadas a sua interferência no equilíbrio estático, contudo,
algumas investigações foram consideradas relevantes. Um estudo de Atilgan
(2013) mostrou que o treinamento em trampolim foi capaz de melhorar a força
e o equilíbrio de crianças, considerando vários fatores físicos de respostas
coordenadas musculares que afetam positivamente a estabilidade corporal.
Aalizadeh (2016) também analisou o treinamento com exercícios de trampolim
e verificou que contribuiu no nível de desempenho motor favorecendo a esta-
bilidade corporal. Da mesma forma, Arabatzi (2016) investigou o impacto dos
exercícios pliométricos do trampolim no controle postural e revelou importante
contribuição na estabilidade corporal.
Em síntese, tem-se então um conjunto de estudos que corroboram entre
si, considerando que os exercícios e treinamento físico exercem influência
positiva sobre o controle postural e equilíbrio estático. Contrariamente, nossos
testes não revelaram resultados positivos do treinamento físico como fator de
aperfeiçoamento do equilíbrio estático.
Corroborando com nosso estudo, outros pesquisadores também não
encontraram diferenças significativas quanto à contribuição positiva do trei-
namento físico em relação à capacidade de equilíbrio. Cita-se o estudo de
Oliveira (2008) que não demonstrou diferenças significativas entre as variáveis
de equilíbrio estático entre crianças praticantes e não praticantes de exer-
cício físico, assim como Baldaço et al. (2010) que também não encontraram
resultados significativos no controle do equilíbrio do sistema proprioceptivo
decorrente do treinamento.
Do mesmo modo, Atilgan (2013), em um estudo semelhante, não observou
melhoras nos parâmetros bipodais do equilíbrio estático ao aplicar 12 semanas
de exercícios físicos com trampolim para crianças não atletas. Similarmente,
o estudo de Brachman (2017) sobre a influência do treinamento de equilíbrio
no desempenho dos atletas, não encontrou resultados relevantes. Da mesma
forma, os resultados do estudo de Vuillerme et al. (2001) relacionados à prática
de ginástica não mostraram evidências diretas que os ginastas teriam um melhor
senso de equilíbrio do que quaisquer outros desportistas na posição unipodal.
Na visão de Brachman (2016) essa controvérsia que surge entre os
estudos pode ser concernente a variabilidade dos tipos de treinamento, assim

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


16
como a frequência, a intensidade e a duração do exercício, fatores esses que
poderiam ser mais ou menos benéficos para interferência positiva do equilíbrio
postural. Ainda segundo o autor, pode-se dizer que os estudos disponíveis na
literatura não são plenamente capazes de apontar quais os tipos de treinamento
geram melhores resultados. Além disso, é preciso considerar as variações do
COP, uma vez que apresentam particularidades nos processos de mensuração
e no significado físico, sugerindo diferentes interpretações para o controle do
equilíbrio (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003).
Assim, levando em conta essas considerações, vale destacar que os estu-
dos nessa área de pesquisa devem associar e relacionar variáveis em condições
diversas, pois a estabilização postural depende tanto de mecanismos periféricos
relativamente simples, bem como de mecanismos complexos que envolvem altos
níveis de função cognitiva e integração sensório-motora (DUARTE; FREITAS,
2010; CARVALHO; ALMEIDA, 2009). Como afirma Hrysomallis (2011), apesar de
o equilíbrio ser considerado uma capacidade importante em muitas habilidades
atléticas, a relação entre o treinamento esportivo e o equilíbrio ainda não é
absolutamente compreendida.
A literatura ainda apresenta muitas controvérsias no que concerne às
práticas de treinamento sobre a melhoria do equilíbrio estático de crianças e
jovens (HRYSOMALLIS, 2011). Nesse sentido, algumas implicações práticas
precisam ser analisadas mais profundamente, para melhor compreensão dos
aspectos que se relacionam direta ou indiretamente com a capacidade de
equilíbrio estático, não considerando apenas a condição física como única
determinante (CARVALHO; ALMEIDA, 2011).

CONCLUSÃO

As pesquisas relacionadas aos benefícios do treinamento físico no aper-


feiçoamento do equilíbrio postural estático não são totalmente consonantes.
Enquanto alguns estudos apresentam relação positiva entre treinamento físico
e equilíbrio estático, outros apresentam resultados controversos.
O presente estudo revelou diferenças apenas na variável FREQ-AP, rela-
cionada à oscilação da amplitude anteroposterior dos atletas de Taekwondo em
comparação aos estudantes do ensino fundamental. Os resultados mostraram

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


17
que as práticas de TDK e GTR não foram capazes de alterar positivamente a
capacidade de equilíbrio estático.
Considerando os resultados controversos que se apresentam na literatura,
vale destacar a necessidade de elaboração de princípios metodológicos mais
consistentes para análise do equilíbrio postural estático de crianças e jovens,
visando utilizar amostras mais homogêneas. Entretanto o presente estudo
possui grande aplicabilidade prática, por lidar com dados reais da população
de atletas de Taekwondo e Ginástica de Trampolim.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-


tífico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (FAPEMIG) e a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Inovação da Universi-
dade Federal de Ouro Preto (PROPPI-UFOP) por viabilizarem o presente estudo.

Conflito de interesse

Os autores do estudo declaram não haver conflito de interesses.

Financiamento

Este estudo teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pes-


quisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e da Universidade Federal de
Ouro Preto (UFOP).

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ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


21
02

APROPRIAÇÕES TEÓRICO-
METODOLÓGICAS PARA A EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR

Solange Izabel Balbino


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Geizi Kelly Floriano Raposo


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Publicado pela Editora Cortez, pela primeira vez em 1992.


Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais -
Lei 9610/98.

' 10.37885/231215255
RESUMO

Esta é uma análise bibliográfica que procurou identificar as influências do mate-


rialismo histórico-dialético (MHD) e as apropriações dos conceitos da Teoria
histórico-cultural (THC) na abordagem crítico-superadora para o ensino de
Educação Física proposta pelo Coletivo de Autores em 1992 e compreender se
a Educação Física, como todo seu histórico militarista, higienista e esportivista,
pode ser abordada na escola com uma visão dialética e cultural dos conteú-
dos e da formação humana e consequentemente se sua prática pedagógica
permite a apropriação dos conceitos da THC na busca pela formação integral
e crítica do sujeito. Foi feita a análise da obra “Metodologia para o Ensino da
Educação Física”, e nos textos de Marx, Vigotski e seus estudiosos procurando
compreender de que maneira ocorre a aproximação com o MHD e com a THC
e em que sentido caminham essas aproximações para a formação omnilateral
do indivíduo. Concluímos que a abordagem crítico-superadora, pelo método
adotado e pelas características pedagógicas da proposta busca a superação do
paradigma da educação física escolar tecnicista com o objetivo de transformar
a sociedade por meio da educação.

Palavras-chave: Educação Física, Materialismo Histórico Dialético, Teoria


Histórico-Cultural, Abordagem Crítico Superadora.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


23
INTRODUÇÃO

A educação física, desde sua inserção no currículo escolar brasileiro,


esteve a serviço das classes dominantes. Em um primeiro momento, esteve
ligada aos conceitos higienistas, que visavam à manutenção da saúde e da
força física da população. Posteriormente, passou a ser associada ao rendi-
mento esportivo, com o objetivo de formar atletas para representar o país em
competições internacionais. Suas práticas estiverem intimamente pautadas
em métodos militares, sendo, inclusive, transmitida por instrutores do exército
e não por professores formados na área.
Com a crise pedagógica pela qual passou a educação brasileira, cujo
ápice se deu na década de 1980, novas tendências para o ensino da educação
física começaram a surgir. Dentre estas, algumas faziam severas críticas ao
modelo de educação física escolar utilizado até o momento, especialmente às
perspectivas da disciplina durante o regime militar brasileiro, período em que
a educação física foi utilizada como meio de adestramento e alienação social
além, de servir como propaganda ao regime autoritário.
Primeiro, sendo utilizada para a manutenção ou promoção da saúde
e força física do indivíduo e segundo ao utilizar o esporte educacional como
estratégia para demonstrar o bem-estar da população pelo acesso ao esporte
e lazer e pela alienação promovida pela prática do esporte profissional e sua
força de comoção social.
Castellani Filho (1994) afirma que, durante esse período, a educação
física não era pautada por uma reflexão teórica. O movimento era reproduzido
de forma acrítica e fazia parte de uma experiência limitada. Essas característi-
cas da prática pedagógica reforçavam a percepção de que a educação física
era um componente mecânico e de práticas técnicas cujo fim era o bem-estar
bio-fisiológico do sujeito.
Desta maneira e, considerando a história da educação física escolar e sua
crise de paradigmas da década de 1980, desencadeada pela redemocratização
brasileira, o retorno de professores exilados e o fim da censura vivida pela edu-
cação no período da ditadura militar, surge a dúvida quanto às possibilidades
críticas e práticas sociais para a disciplina. Poderia a educação física, com o
estereótipo que carrega em si, sugerir uma abordagem metodológica que se auto

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


24
define como crítica e superadora, cujo fundamento teórico e filosófico encontra
amparo no método marxista e, por consequência, propor práticas pedagógicas
sob apropriações dos conceitos da teoria histórico-cultural?
O presente estudo, por meio da análise documental dos textos de Karl
Marx, Vigotski e seus seguidores e dos autores da educação física crítico-su-
peradora, pretende identificar as raízes do materialismo histórico-dialético e
a apropriação dos conceitos da teoria histórico-cultural em sua abordagem
metodológica para o ensino de educação física.
Betti (1997) esclarece que a matriz pedagógica da educação física críti-
co-superadora questiona os fundamentos e o papel social da disciplina. Essa
matriz argumenta ser necessário, à educação física, a valorização da prática dos
elementos da cultura corporal e de movimento associada a prática pedagógica.

Neste contexto histórico, a concepção de Educação Física deve ser


repensada, com a correspondente transformação em sua prática
pedagógica. A Educação Física deve assumir a responsabilidade
de formar o cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante
das novas formas da cultura corporal (p.12).

Compreendemos, deste modo, que para a educação física não há mais


possibilidades de reforçar a dualidade da formação humana. Corpo e mente
fazem parte do mesmo sujeito e a educação física deve se propor a trabalhar
pela omnilateralidade da formação humana.
Ainda nesse sentido, Bracht et al (2007), argumentam que a contribui-
ção da educação física para a formação integral do ser humano, mesmo não
sendo um argumento novo, tem sido amplamente utilizado afim de reforçar o
distanciamento da prática da dicotomia corpo e mente.
Foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica que consiste na coleta
e análise de informações já publicadas sobre o tema. No primeiro momento
foi definido o tema específico e os objetivos da pesquisa. Em seguido após
a elaboração do plano da pesquisa, passamos ao levantamento do material
a ser analisado.

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O material escolhido foram a obra “Metodologia para o Ensino da Edu-
cação Física” proposta pelo Coletivo de Autores1 da educação física e em obras
de Karl Marx e L. S. Foi feita a leitura do material selecionado e, posteriormente
elencados os conceitos que se aproximam entre as obras e que respondem a
questão levantada nesta pesquisa.
Após a realização das análises para a produção deste texto esperamos
compreender como a abordagem crítico-superadora se utiliza do método mar-
xista em sua concepção teórica e em que sentido são realizadas apropriações
da THC na prática pedagógica para a formação omnilateral do indivíduo.

FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA

Antes de procurar aproximações entre a abordagem crítico-superadora


e a obra de Marx e, por conseguinte, de Vigotski e seus seguidores, devemos
esclarecer a natureza desta proposta pedagógica. Contudo acreditamos que
escrever sobre ela já evidencia essas aproximações e isso vai ficando mais
claro ao longo do texto.
A abordagem crítico-superadora foi sistematizada na obra ‘Metodologia
do Ensino de Educação Física’ elaborada por um Coletivo de Autores e publicada
em 1992. Recebeu esta denominação pois os autores pretendiam construir uma
nova abordagem para o ensino da educação física por meio da superação do
que ela já representava “para construir o novo não é preciso eliminar o velho,
apenas apreendê-lo e subsequentemente superá-lo” (p. 10).
Para os autores, a prática pedagógica existente servia aos interesses da
classe dominante já que em qualquer época a educação escolar esteve posta de
modo a favorecer os interesses imediatos e históricos das classes sociais e dos
fatores hegemonicamente determinantes. Ou seja, a função da escola é reforçar
a condição de alienação do sujeito, o que como afirma Marx (2004), consiste
na não consciência acerca de sua realidade social por parte do trabalhador, no
caso da escola essa não consciência é representada pelo aluno. Deste modo,

1 Grupo de seis autores responsáveis pela elaboração da obra ‘Metodologia do Ensino de Educação Física’
composto por Carmen Lúcia Soares, Celi Nelza Zulke Taffarel, Elisabeth Varjal, Lino Castellani Filho, Micheli
Ortega Escobar e Valter Bracht. Neste texto citaremos como Soares et al.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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entendemos que à escola compete o papel de reforçar a falsa consciência que
beneficia as classes dominantes.
Buscando romper com esse paradigma, a pedagogia, de um modo geral,
entrou em conflito para emergir com características críticas rompendo com os
padrões hegemônicos militaristas e tecnicistas. O mesmo se deu com a educação
física, devido ao surgimento de estudos relacionados às ciências humanas e
sociais descontinuando a predominância da tendência biologicista e esportivista.
Essa nova educação física estava fundamentada numa visão histórica e
numa interpretação dialética dos fenômenos que envolvem a sociedade. Apoian-
do-se no método desenvolvido por Marx, os autores da abordagem propunham
“ampliar a reflexão pedagógica desenvolvendo nos alunos uma lógica dialética,
mesmo com ênfase no conhecimento técnico, desde que historicizando, ou seja,
retraçado desde sua gênese” (p. 28).
Compreendendo que mesmo que se use os conteúdos básicos relacio-
nados à educação física é possível organizar o ensino de modo que se supere
o estereotipo mecanicista que essa prática tem. Essa intervenção pedagógica é
dialética pois interpreta os fenômenos além de sua aparência, em sua contradição
além de sua singularidade em sua totalidade. E é histórica pois reconhece que
tais fenômenos são frutos de determinadas condições históricas, não surgiram
do nada, foram construídos pelo homem em algum momento, Marx (1985).
Deste modo, não seria preciso retirar os elementos da cultura corporal ou
cultura do movimento da educação física escolar. Apenas dar a estes elementos
um desenvolvimento historicizado. “[...] é fundamental para essa perspectiva
da prática pedagógica da Educação Física o desenvolvimento da noção de
historicidade da cultura corporal”. (SOARES et al, p. 39, 1992).
A abordagem crítico-superadora também considera, para uma educa-
ção completa, a totalidade das ciências do conhecimento e propõe a relação
das categorias ou setores da sociedade na educação escolar. Ela imprime em
seus ideais a não segregação das áreas e sim a integração na construção de
um homem crítico, emancipado e transformador, consciente de sua realidade.
Nesse sentido, cabe à escola “formar o cidadão crítico e consciente da
realidade social em que vive, para poder nela intervir na direção dos seus inte-
resses de classe” (SOARES et al, p. 36, 1992). Para tal, o currículo escolar deve

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ser organizado visando a totalidade da formação e não privilegiando determi-
nadas dimensões da realidade.
Soares et al (1992), propõe o tratamento articulado do conhecimento
abrangendo diferentes áreas, o que permitiria ao aluno “constatar, interpretar,
compreender e explicar a realidade social complexa” (p. 29). Assim o aluno
torna-se capaz de formular sua própria síntese de pensamento, enquanto se
apropria do conhecimento proveniente das diferentes áreas contempladas pelo
currículo escolar.
O método, neste caso, está relacionado ao entendimento da realidade
dos alunos, da tomada de consciência sobre o mundo e a sociedade e, mais,
como esta é estratificada. Marx (1996), coloca a dialética a serviço da compreen-
são profunda das relações sociais para entender como elas mudam, como se
desenvolvem e como se transformam de uma para outra.
A transformação, apenas ocorre por meio da contradição e do conflito.
Essa é a relação dialética das ideias que dão origem às condições humanas,
condições sociais e historicamente construídas. A isso se propõe a abordagem
crítico-superadora: romper com a ideologia existente na educação física por
meio da tomada de consciência de sua condição e consequente transformação
de sua história.
A abordagem proposta busca orientar a prática docente dos professores
de educação física para esse processo de transformação social. Nesse sentido,
cabe estabelecer a relação com o paradigma filosófico em que se constrói. Suas
referências correspondem à leitura dos dados da realidade, à justiça social, à
crítica e à contestação dos conteúdos e das relações de dominação.
Essa concepção de mundo, predominante na obra de Marx, compreende
que a apropriação dos elementos da cultura corporal, para a educação física,
estabelece os conceitos produzidos pela consciência social que se tem deles,
isto é, o significado adquirido por meio das relações sociais.
Logo, uma proposta pedagógica que se denomine superadora, não poderia
fundamentar-se em outro método que não fosse o materialismo histórico-dialé-
tico que se propõe a interpretar os movimentos históricos da humanidade e
como estes levam à superação e a transformação de determinado estágio social.
A diferença deste método para seu antecessor mais proeminente, a meta-
física, como afirma Marx (1888), é que este propõe a transformação do mundo

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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e das relações sociais enquanto que o outro pretende apenas interpretar essas
relações. Para o filosofo, a missão da história seria revelar a verdade em torno
do ser humano e cooperar para sua transformação.

Portanto a tarefa da história, depois de desaparecido o além da


verdade, é estabelecer a verdade do aquém. A tarefa imediata da
filosofia, que está a serviço da história, é, depois de desmascarada
a forma sagrada da autoalienação [Selbstentfremdung] humana,
desmascarar a autoalienação nas suas formas não sagradas. A
crítica do céu transforma-se, assim, na crítica da terra, a crítica
da religião, na crítica do direito, a crítica da teologia, na crítica da
política. (MARX, 2010, p. 146)

Tal método denota a relevância da historicidade do fenômeno e da sua


visão total. O mesmo não pode considerar o indivíduo como um dado da natu-
reza e sim resultado histórico das relações humanas. A ideia anterior que se
tinha de homem, deveria ser superada para que houvesse uma transformação
concreta da sociedade.
Os autores da abordagem crítico-superadora aplicam esse mesmo
princípio de superação tanto à educação física quanto ao homem por meio de
sua prática. Uma nova prática da educação física escolar pode proporcionar à
transformação das ideias do sujeito.
Marx (1857), esclarece a ideia de homem a ser superada “este indivíduo
aparece como um ser ideal cuja a existência situavam no passado; não o veem
como um resultado histórico, mas sim como ponto de partida da história” (p. 6).
Não se poderia mais, olhando à luz do método marxista, considerar o homem
de outra forma que não seja sujeito atuante que constrói sua própria história,
que trabalha para a mudança a própria realidade.
O homem não é uma essência ideal e abstrata da natureza ou um ser
imutável, antes, é um sujeito histórico construído a partir das condições mate-
riais e concretas de sua existência e, portanto, em permanente mutação, Marx
(2010). E se o homem constrói sua história por meio de seu trabalho ou atividade
isso é o que o diferencia dos demais seres vivos.
Marx (1857), considera que a base das mudanças da sociedade é a ques-
tão das condições materiais. Assim o homem se constitui por meio do trabalho
e, deste modo, constitui a sociedade e produz história. Compreendemos que

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a principal característica humana é, de fato, o trabalho que torna o indivíduo
consciente de si e do mundo. Assim é que a educação física escolar, como a
educação em geral, deve propor-se a transformar suas práticas pedagógicas afim
de viabilizar a consciência da realidade, do trabalho realizado e da sociedade.
Na teoria histórico-cultural, cuja base filosófica é o marxismo, encontramos
a categoria ‘atividade’ como o traço marcante da personalidade do sujeito. Sendo
a atividade, desenvolvida por um desejo consciente, fundamental ao desenvolvi-
mento histórico e social da humanidade e do indivíduo em si. É por meio da sua
atividade que o sujeito se constitui, pelas relações estabelecidas com o meio.
Davidov (1988), define atividade como categoria filosófica de abstra-
ção teórica de toda e qualquer prática humana e que tem caráter histórico e
social. O autor afirma, ainda, que a forma inicial de atividade do indivíduo é a
prática histórica e social da humanidade. Ou seja, é por meio da atividade que
o ser humano transforma a natureza das coisas, por meio dela se torna um ser
social, ativo e consciente.
A abordagem crítico-superadora afirma que a dimensão corporal do
homem está relacionada às três atividades (categorias) produtivas da história:
a linguagem, o trabalho e o poder. A linguagem pela expressão corporal em
suas diferentes formas, o trabalho na concepção de desenvolvimento de movi-
mentos sistematizados, organizados, articulados e institucionalizados e o poder
na expressão da disputa ou na dominação pela força.
Dito isto, compreende-se que as atividades relacionadas à expressão
corporal, são articuladas e não podem ser fragmentadas correndo o risco de
perder seu sentido histórico. O seu conhecimento, deve ser historicamente
tratado, assumindo uma investigação desde sua gênese. Permitir essa visão
de historicidade é mostrar ao aluno que a produção humana é histórica e per-
manece em constante movimento.
Assim, seguindo a lógica do materialismo histórico-dialético e, de acordo
com Soares et al (1992), o conhecimento é “organizado de modo a ser com-
preendido como provisório, produzido historicamente e, de forma espiralada,
vai ampliando a referência do pensamento do aluno” (p. 40-41).
Posto isso, o professor de educação física, assim como qualquer outro
educador, deve definir sua base político-pedagógica pois, é ela que orienta a
sua prática em sala de aula. É daí que se determina a relação com os alunos, os

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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conteúdos ensinados e qual o tratamento metodológico dado a eles. Contudo, é
importante lembrar que o currículo escolar reflete o status quo da sociedade em
que se organiza, negando ou afirmando as concepções que se tem de mundo,
Soares et al (1992).
Cabe a este tipo de abordagem, que surge, também, dado o momento
histórico, estabelecer o grau de confronto e contraposição dos saberes em res-
posta às exigências das relações sociais estabelecidas. É esta oposição de ideias
que instiga o aluno a superar o senso comum. Sem este movimento dialético o
conhecimento passado e adquirido está fadado a reproduzir o que a sociedade já
é. E esta nova pedagogia busca romper com o que já está forçadamente aceito.
Sobre o que foi a educação física escolar, até os anos que deram início
à crise pedagógica Soares et al (1992), esclarece que,

[...] apoia-se nos fundamentos sociológicos, filosóficos,


antropológicos, psicológicos e, enfaticamente, nos biológicos
para educar o homem forte, ágil, apto, empreendedor, que disputa
uma situação social privilegiada na sociedade competitiva de
livre concorrência: a capitalista. Procura, através da educação
adaptar o homem à sociedade, alienando-o da sua condição de
sujeito histórico, capaz de interferir na transformação do mesmo.
Recorre à filosofia liberal para a formação do caráter do indivíduo,
valorizando a obediência, o respeito às normas e à hierarquia.
Apoia-se na pedagogia tradicional influenciada pela tendência
biologicista para adestrá-lo” (p. 36)

Nesse sentido, se organizava a educação física no currículo escolar,


vindo a entender esses interesses, contemplando conhecimentos que viessem
a desenvolver as aptidões físicas do sujeito. A abordagem crítico-superadora
busca, justamente, a superação desse modelo de educação física escolar, por
meio da reflexão pedagógica acerca dos elementos da cultura corporal e às
representações ou significados que o ser humano atribui a eles.
A exteriorização, pela expressão corporal, desses elementos, sejam as
danças, os jogos, as lutas ou os esportes, entre outros, é identificada como
símbolo da realidade vivida pelo homem em determinado momento histórico,
assim são expressões historicamente criadas e culturalmente modificadas e
desenvolvidas. Por isso, como afirma Soares et al (1992), existe uma cultura
corporal em que se encaixam esses elementos do movimento humano, pois

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é resultado de um conhecimento que foi produzido socialmente e acumulado
historicamente pela humanidade.
Deste modo, cabe à educação física escolar, por meio destes elementos
possibilitar a apropriação do conhecimento pelos alunos. Assim, ao ensinar o
esporte, que se faça compreender além das regras e domínios táticos e sim as
múltiplas atividades desenvolvidas nele como, processo de ensino-aprendiza-
gem, relação social, cooperação, superação de problemas, valores sociais, erros
e acertos dentre outras possibilidades.

CONTEÚDOS E POSSIBILIDADES PARA O ENSINO

As propostas da abordagem crítico-superadora partem de uma visão de


totalidade do sistema educacional para a apropriação do conhecimento e transfor-
mação da sociedade. Propõe o ensino de maneira refletida e crítica da realidade
do homem, exercendo papel político e considerando as mudanças constantes
dessa realidade com o objetivo de formar um indivíduo atuante na sociedade.
Por ter essa visão é que, acreditamos que em sua proposta de organi-
zação do ensino a abordagem faça apropriações da teoria histórico-cultural,
visto que ambos adotam a interpretação dialética da realidade. Vigotski (1930),
descreve a importância de considerar o desenvolvimento histórico do homem,
desenvolvimento mental e material. Para o autor o indivíduo só existe como ser
social por ser membro de um grupo e evoluir socialmente de acordo com as
determinações históricas desse grupo.
Vigotski (2007), identifica no materialismo histórico-dialético o método
necessário para solucionar os paradoxos científicos da psicologia de sua época.
Para o autor a eficiência do método se confirmava, pois, seu princípio era inves-
tigar os fenômenos em movimento e mudança constante.
Soares et al (1992), assim como Vigotski (2000), enxerga na sociedade e
na cultura o meio pelo qual é possível a mudança dos indivíduos, sendo o ser
humano o sujeito histórico que é. Assim, não basta propor uma nova educação
física escolar se ela não se propõe à superação real do que já está posto. É neces-
sário considerá-la em sua função social e quanto às possibilidades que pode
proporcionar para a formação crítica do aluno.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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Em um componente curricular, quando falamos em visão de totalidade,
superação do estado das coisas, transformação social, por exemplo, devemos
relacionar esses conceitos à seleção dos conteúdos e à maneira que estabelece
o ensino. Para Soares et al (1992), esses conteúdos devem estar relacionados
à realidade social dos alunos, ser relevantes à sua vida em comunidade e ade-
quados às possibilidades sócio-cognitivas deles.
Quanto à organização dos conteúdos, a abordagem crítico-superadora,
propõe o ensino por meio dos ciclos de escolarização, tratando os conteúdos
simultaneamente e ampliando-se como um espiral. Assim, os dados da realidade
seriam tratados, por meio dos conteúdos, até a interpretação, compreensão e
explicação destes.
Soares et al (1992), busca em Davidov as referências para o ensino por
ciclos de aprendizagem. O autor (1988), afirma que a proposta ideal de ensino-
-aprendizagem reconhece o caráter progressivo do desenvolvimento do aluno.
Deste modo, a abordagem do Coletivo de autores propõe a simultaneidade dos
conteúdos a fim de superar o etapismo da pedagogia vigente.
Numa perspectiva dialética os conteúdos devem ser apresentados
simultaneamente, explicando a relação que tem entre si. Assim o pensamento,
por meio da apropriação do conhecimento, se amplia. O ensino por ciclos
pode desenvolver o pensamento, por meio da compreensão das coisas e das
condições históricas que proporcionam seu desenvolvimento, Davidov (1988).
O conhecimento não tem fim, o que se tem sobre ele tem caráter provi-
sório e daí demonstra-se a necessidade de trabalhar os conteúdos desde sua
gênese, desenvolvendo, no aluno, a noção de historicidade dos fatos. Portanto,
o conhecimento que se tem de determinada realidade se remete ao estágio de
desenvolvimento da humanidade e pode ser superado.
É, exatamente a isso, que o ensino por ciclos se propõe: a organização da
realidade, a sistematização do conhecimento, a ampliação da atividade teórica
e o aprofundamento e consequente superação da realidade dos conteúdos,
Soares et al (1992).

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[...] a dinâmica curricular na perspectiva dialética favorece a
formação do sujeito histórico à medida que lhe permite construir,
por aproximações sucessivas, novas e diferentes referências sobre o
real no seu pensamento. Permite-lhe, portanto, compreender como
o conhecimento foi produzido historicamente pela humanidade e
o seu papel na história dessa produção (SOARES et al, 1992, p. 34).

Nessa perspectiva orienta-se que os conteúdos, também podemos dizer


conhecimentos, selecionados devem estar de acordo com o objetivo e a reali-
dade escolar e dos alunos. Contudo não é o objetivo desta abordagem ensinar
aos alunos o que eles já sabem a respeito da cultura corporal e sim, por meio
dos ciclos de ensino, propiciar o aprendizado do que está além daquilo que já
se conhece. Reconhecemos nessa proposta o conceito de Vigotski acerca das
zonas de desenvolvimento da aprendizagem.
Vigotski (2007), define a existência da zona de desenvolvimento proxi-
mal, potencial ou iminente e a zona de desenvolvimento real, em que a zona de
desenvolvimento real diz respeito ao que o aluno já sabe ou é capaz de fazer
sozinho e a zona de desenvolvimento iminente se refere ao que o aluno, para
o autor ‘a criança’, ainda não aprendeu, mas está em vias de aprender. Esse
conceito orienta a intervenção do professor e a seleção dos conteúdos.
Outro conceito importante, apropriado pela abordagem crítico-supera-
dora, é a interação entre os sujeitos e o meio. É por meio dessa interação que o
indivíduo se apropria da cultura, o que explica a constituição histórica e social
do desenvolvimento humano. Por isso a proposta desta abordagem enfatiza
que os conteúdos devem orientar a percepção dos alunos para a apropriação
do conhecimento, evolução do pensamento e transformação da realidade.

[...] por essas considerações podemos dizer que os temas da cultura


corporal, tratados na escola, expressam um sentido/significado
onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos
do homem e as intenções/objetivos da sociedade. (SOARES et
al, 1992, p. 63)

Na perspectiva educacional proposta, o objeto de estudo da educação


física é a expressão corporal como linguagem. Portanto é este o elemento
mediador no processo de sociabilização, apreensão e atuação no campo do

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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conhecimento. Logo os conteúdos selecionados devem desenvolver as capa-
cidades de compreensão e transformação.
Como afirma Soares et al (1992), para a prática pedagógica, nessa con-
cepção de ensino, mais importante que selecionar os conteúdos é necessário
estabelecer uma dinâmica de aula em que se priorize a prática do aluno para
a apreensão da realidade.

[...] os conteúdos selecionados, organizados e sistematizados


devem promover uma concepção científica de mundo, a formação
de interesses e a manifestação de possibilidades e aptidões para
conhecer a natureza e a sociedade. Para isso o método deve apontar
o incremento da atividade criadora e de um sistema de relações
sociais entre os homens (SOARES et al, 1992, p. 87).

Precisamos compreender que qualquer conteúdo relacionado à cultura


corporal e ao movimento poderá ser trabalhado em todos os ciclos de ensino,
gerando o que os autores definiram como ‘evolução espiralada do conhecimento’.
Podemos tomar o exemplo do jogo, uma ação intencional, criada pelo homem,
modificada e adaptada de acordo com as necessidades históricas da sociedade.
Primeiro o jogo pode ser trabalhado de forma que envolva o sujeito e
seu autoconhecimento, reconhecimento de suas propriedades, identificação
de possibilidades e, assim sucessivamente. Em seguida inclui-se noções de
coletividade, emprego de técnicas primárias e elaboradas. Depois caracteriza-se
os jogos em categorias, pela organização e arbitragem para a solução de pro-
blemas. Por último o jogo deve envolver a sistematização e o aprofundamento
em capacidades específicas, lembrando que o objetivo não é o aprimoramento
técnico nem a competição.
Deste modo, podemos perceber que a ideia que se tem de que deter-
minado conteúdo só poderá ser trabalhado/ensinado em determinada fase
está erroneamente instituída na educação física escolar. Ou seja, assim como
os jogos e brincadeiras não são indicados exclusivamente para crianças, os
esportes não o são para os jovens, as danças e as lutas não são para meninas
e meninos apenas.

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CONCLUSÃO

Concluímos que para superar a visão tecnicista da educação física na


escola, temos que trabalhar pela superação do conceito, intimamente ligado
aos paradigmas biológicos, esportivistas e militares que se tem dela, e nesse
ponto é importante dizer que o método adotado para realizar essa mudança
diz muito a respeito do que se espera da e para a disciplina.
Para os autores da abordagem crítico-superadora, a mudança estava
relacionada ao papel ocupado pela educação física dentro da escola e na socie-
dade. Se a proposta era transformar a sociedade por meio da educação nada
mais lógico do que buscar a fundamentação no materialismo histórico-dialético
e a apropriação dos conceitos da teoria histórico-cultural na prática pedagógica.
Essa abordagem, juntamente a outras surgidas na mesma época, preten-
dia estabelecer a função social da educação física dentro da educação formal
brasileira. Percebe-se, pelo método adotado e pelas características da proposta,
a intenção de transformar a sociedade por meio da educação. Especificamente,
a busca pela superação do modelo tecnicista e da pedagogia militarista e
esportivista da educação física.
Demonstrava-se, assim, a necessidade de fornecer uma identidade à
educação física escolar, numa perspectiva em que o movimento humano e os
elementos da cultura corporal não estivessem subordinados às demais dis-
ciplinas e sim constituísse um saber próprio e relevante à educação escolar.
Assim como os autores da abordagem crítico-superadora, entendemos
que para a transformação da sociedade é preciso formar um homem crítico,
capaz de analisar seu meio social historicamente, estabelecendo considerações
dialéticas acerca de seu modo de vida buscando sua superação. Portanto,
entendemos que cabe à escola, como um todo, trabalhar para essa formação
omnilateral dos sujeitos, de modo que não venham a ser, somente, indivíduos
qualificados e úteis ao mercado de trabalho.
Acreditamos que, embora a prática da educação física escolar seja
resistente às mudanças, a produção do conhecimento na área das ciências
humanas e sociais não pode sucumbir à predominância das ciências biológicas
e do esporte. Não é parte dessa proposta romper com os aspectos biológicos e
tampouco com a prática esportiva na escola. A ideia é, justamente, estabelecer

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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uma conexão entre essas áreas no trabalho de formação de um sujeito crítico,
reflexivo, emancipado e transformador.

REFERÊNCIAS
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BETTI, Mauro. A Janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Tese – UNICAMP. Campinas:
1997. Disponível em http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000116974 acesso
em 04/jul/2022

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 2ª Ed. Campinas:
Papirus, 1994.

DAVIDOV, Vasiliv. La Enseñanza Escolar y el Desarrollo Psiquico: investigación, psicología teórica y


experimental. Moscou: Progress Publishers. 1988.

SOARES, Carmen Lucia et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez. 1992.

MARX, Karl. Para uma crítica da Economia Política. 1857. Fonte digital. Trad. Nelson Jahr Garcia.
Disponível em http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/criticadaeconomia.pdf acesso em 04/jul/2022

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www.marxists.org/portugues/marx/1845/tesfeuer.htm acesos em 06/jul/2022

MARX, Karl. A Miseria da Filosofia. São Paulo: Global. 1985. Trad. José Paulo Netto

MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova cultural. 1996. Trad. Régis Barbosa e Flávio R. Kothe

MARX, Karl. Manuscritos Econômicos e Filosóficos. São Paulo: Boitempo. 2004. Trad. Jesus Ranieri

MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo. 2010. Trad. Rubens Enderle
e Leonardo de Deus

VIGOTSKI, Liev Semionovich. Manuscritos de 1929. Educação e Sociedade, ano XXI, n. 71, jul. 2000.
Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302000000200002
acesso em 13/mai/2022

VIGOTSKI, Liev Semionovich. A Transformação Socialista do Homem. 1930. Fonte Digital. Trad. Nilson
Dória. Disponível em http://marxists.anu.edu.au/portugues/vygotsky/1930/mes/transformacao.htm
Acesso em 13/mai/2022

VIGOTSKI, Liev Semionovich. A Formação Social da Mente. 7ª Ed. São Paulo: Martins Fontes. 2007.
Trad. José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche

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03

ASPECTOS DA IMAGEM CORPORAL DE


MULHERES EM PROCESSO PRÉ E PÓS-
CIRURGIA BARIÁTRICA

Alesandra Freitas Angelo Toledo


Universidade Federal de Juiz de Fora

Heglison Custódio Toledo


Universidade Federal de Juiz de Fora

Júlia Loth Costa


Universidade Federal de Juiz de Fora

Larissa C. Ramos Laurentino


Universidade Federal de Juiz de Fora

Natália Christinne Ferreira de Oliveira


Universidade Federal de Juiz de Fora

Beatriz Pardal de Matos


Universidade Federal de Juiz de Fora

Claudia Xavier Correa


Universidade Federal de Juiz de Fora

Clara Mockdece Neves


Universidade Federal de Juiz de Fora

' 10.37885/231115001
RESUMO

A obesidade é considerada uma doença crônica, que atinge proporções epidê-


micas. Um dos tratamentos mais buscados para a obesidade é a cirurgia bariá-
trica. O estudo da imagem corporal é relevante para pessoas com obesidade
em preparação para a cirurgia bariátrica, como também para pessoas que já
realizaram a cirurgia, uma vez que a rápida alteração do peso corporal pode
ser um fator determinante na construção de sentimentos, comportamentos,
pensamentos e crenças relacionadas ao corpo. Nesse sentido, compreender
os aspectos da imagem corporal de mulheres em processo pré e pós-cirur-
gia bariátrica, traz informações úteis para unir os profissionais envolvidos no
tratamento e prevenção da obesidade, apoiar as pessoas que vivem com a
obesidade e desenvolver políticas públicas com o objetivo final de reverter a
crise global de obesidade.

Palavras-chave: Obesidade, Imagem Corporal, Cirurgia Bariátrica.

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INTRODUÇÃO

A obesidade é considerada uma doença crônica, de abrangência global,


que atinge proporções epidêmicas (WHO, 2021). Com índices de cerca de 18,9%
de acometimento em adultos (BRASIL, 2018), a obesidade pode desencadear
diversas questões relacionadas à saúde do indivíduo obeso, dentre as quais
estão problemas vinculados à imagem corporal, baixa autoestima, dificuldade
no relacionamento social, dificuldade nos relacionamentos afetivos e na rea-
lização de atividades diárias. Além disso, a doença também pode ocasionar
alterações ligadas a fatores psicológicos. Por isso, o tema desperta interesse
e investigações sistemáticas sobre aspectos psicológicos, psicossociais e
psiquiátricos, demandando a articulação de várias áreas do conhecimento
(MARESE; TANAKA; LINARTEVICHI, 2019; MULLER; SILVA; VARGAS, 2019;
SEGAL; CARDEAL; CORDÁS, 2002).
Nos últimos anos, um dos tratamentos para a obesidade que mais tem
sido buscado é a intervenção cirúrgica, conhecida como cirurgia bariátrica
(PEREIRA et al., 2019). A cirurgia tem atraído muitos pacientes, uma vez que os
resultados no emagrecimento se tornam evidentes de maneira rápida (O’BRIEN
et al., 2019). No entanto, a realização da cirurgia requer diversos procedimentos,
tanto de ordem clínica quanto de ordem psicológica. Assim, diferentes elemen-
tos são abordados na condução do paciente para a intervenção cirúrgica. Isso,
por sua vez, requer alguns cuidados, pois tal condução afeta as percepções e
atitudes dos pacientes obesos (MOLINER; RABUSKE, 2008). A cirurgia bariátrica
pode gerar representações mentais significantes ao impacto psicológico poten-
cial para refletir positivamente sobre baixa autoestima, ansiedade, depressão,
percepção negativa do sujeito e distúrbios da imagem corporal (FLORES, 2014;
SANTOS et al., 2012; SARWER, et al. 2019).
A imagem corporal se desenvolve no contexto de uma consciência das
normas sociais sobre os tipos de corpos que são considerados atraentes e
desejáveis (BAIR et al., 2014). E tem por definição, a representação mental das
experiências tanto positivas quanto negativas, as quais são manifestadas por
elementos cognitivos, comportamentais e afetivos do sujeito. Assim, nesse
construto, faz-se presente a representação mental que o indivíduo tem com

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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relação às medidas, os contornos e forma do próprio corpo, acoplada às res-
postas emocionais associadas (CASH; SMOLAK, 2011).

DESENVOLVIMENTO

Nesta revisão narrativa da literatura serão abordados os principais fatores


físicos e psicológicos que podem acometer pessoas que realizam a cirurgia
bariátrica. Os tópicos relacionados neste trabalho são: a obesidade, a cirurgia
bariátrica, a imagem corporal e a imagem corporal no contexto da obesidade e
da cirurgia bariátrica. Além disso, serão abordados os principais desdobramentos
desses temas, sendo eles: os tipos de tratamentos para obesidade; as etapas
que compreendem a cirurgia (1 – o programa pré-operatório para cirurgia; 2
– o pós-operatório imediato de até 12 meses de cirurgia; 3 – o pós-operatório
de 12 a 36 meses de cirurgia; e 4 – o seguimento prolongado de mais de 36
meses de cirurgia/manutenção do tratamento); e os aspectos psicológicos e
psiquiátricos da cirurgia bariátrica. Ademais, ainda consideramos necessário
abordar a Perspectiva Sociocultural da imagem corporal e as especificidades
da imagem corporal e do sexo feminino.

A obesidade

A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial


da Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, o
qual pode comprometer a saúde do sujeito (REIS; PRADO; PITITTO, 2019; OMS,
2022). A obesidade se tornou um grave problema de saúde pública por ser um
fator desencadeante ou agravante de outras doenças, configurando-se como
uma das suas principais causas de mortalidade (JIMÉNEZ, 2013). O desenvol-
vimento da obesidade pode ser assintomático e lento, intercalando períodos
de remissão e de exacerbação. Todavia, é importante ressaltar que as lesões
celulares podem ser irreversíveis, gerando diferentes níveis de incapacidade e
até mesmo a morte. Assim, é relevante desenvolver uma conscientização acerca
da doença, para que ações mais assertivas possam assessorar e gerenciar o
cuidado voltado à saúde da população com obesidade.

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Conforme apontam Silva et al. (2021), a obesidade pode ter sua origem
ainda no período fetal, quando processos nutricionais, hormonais, físicos e psico-
lógicos seriam ativados. Assim, um mecanismo de programação, que atua como
um gatilho para o desenvolvimento da doença, pode ser ativado em períodos
críticos da vida, moldando certas funções fisiológicas (ALBUQUERQUE, 2017;
SILVA et al., 2021). Isso pode sugerir que alguns indivíduos são mais suscetí-
veis ao ganho de peso do que outros, ainda que expostos ao mesmo ambiente
(BOSELLO; CUZZOLARO, 2010). Essa diferença pode ser resultado do perfil
genético individual. Pesquisas (BERGE, et al. 2014; BOSELLO; CUZZOLARO,
2010; DANTAS, SILVA, 2019) sugerem que o ambiente familiar pode ocasionar
impacto significativo no desenvolvimento do comportamento alimentar, o que
fomenta a necessidade de um bom modelo de comportamento alimentar para
as crianças. Diante disso, é importante analisar a influência do ambiente no
processo de desenvolvimento da pessoa com obesidade, posto que se trata
de “uma doença genética, metabólica, modificada por fatores ambientais”
(FISBERG et al., 2016, p. 31).
Fischler (2011) aponta que a modernização das sociedades desencadeou
uma reorganização no modo de vida do homem. Por meio do desenvolvimento
das tecnologias, passou a haver uma maior oferta e consumo de alimentos. Isso
levou a uma mudança nos hábitos alimentares, caracterizada por uma ingestão
rica em gordura, açúcares e alimentos refinados. Paralelamente, houve uma
redução da atividade física e um aumento da privação de sono, do uso de medi-
camentos, das disfunções hormonais, do estresse, da obesidade materna e do
estilo de vida sedentário. Tudo isso se deve a alterações na esfera do trabalho,
do lazer e do modo de vida moderno, entre outros fatores, conforme aponta
o Fórum Intersetorial de Combate às Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(FÓRUM DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS, 2022).
A obesidade é condenada de forma implacável pela sociedade con-
temporânea e é representada, muitas vezes, como um problema moral, uma
falha de conduta ou um sinal de desorganização da vida pessoal e emocional
(BOSELLO; CUZZOLARO, 2010; WHO, 2021). Essa realidade vivenciada pelo
obeso pode conduzir o mesmo a buscar tratamento para essa condição, seja
com profissionais de saúde ou até mesmo por vias alternativas. Nesse sentido,
alguns pesquisadores, como Beyruti e Vidigal (2015), apontam o surgimento de

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42
novas dietas com a promessa de redução de peso, conhecidas como “dietas da
moda”. Esse fenômeno demonstra o quanto a obesidade abala o indivíduo em
nossa sociedade. Diante dessas dietas “milagrosas”, a pessoa com obesidade
renova a esperança de alcançar a sonhada perda de peso; a maioria dos obesos
tem em seu histórico de tratamento inúmeras tentativas de emagrecimento
sem sucesso. Tendo em vista todos os problemas associados à obesidade, a
comunidade científica tem buscado alternativas para o tratamento dessa doença.

Tipos de tratamentos para a obesidade

Para uma perda de peso eficaz, é necessário estabelecer um balanço


energético negativo, seja pela diminuição da ingestão calórica e/ou pelo aumento
do gasto energético. Os principais objetivos dos tratamentos para a obesidade
vão além da simples perda de peso; associada a ela, devem ocorrer mudanças
no estilo de vida do indivíduo, para garantir a melhoria na sua qualidade de vida
(SEGAL; FANDIÑO, 2002).
Entre as terapêuticas para o tratamento da obesidade, incluem-se as
práticas conservadoras e as cirúrgicas. As primeiras contemplam a mudança
do estilo de vida, com orientação nutricional conciliada à atividade física e,
dependendo do aumento do IMC, o uso de medicamentos. As segundas envol-
vem a intervenção gástrica via cirurgia bariátrica. A abordagem conservadora
é a primeira opção recomendada de tratamento, e a intervenção cirúrgica deve
ser realizada quando seus resultados são insatisfatórios (VASCONCELOS;
COSTA NETO, 2008; COSENLHO FEDERAL DE MEDICINA, 2018). Caso esses
tratamentos conservadores não tragam os benefícios esperados, é indicado
o tratamento cirúrgico. A realização da cirurgia bariátrica, contudo, requer
diversos procedimentos preparatórios, tanto de ordem clínica quanto de ordem
psicológica, uma vez que os resultados da intervenção afetam as percepções e
atitudes dos pacientes obesos.

A cirurgia bariátrica

Atualmente, devido à necessidade de uma intervenção mais eficaz na


condução clínica de obesos graves, a indicação da cirurgia bariátrica tem

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crescido. A cirurgia bariátrica é também conhecida como gastroplastia ou
cirurgia de redução de estômago (ZEVE; NOVAIS; JÚNIOR, 2012). Pesquisas
apontam que a intervenção cirúrgica é considerada uma ferramenta estratégica
em indivíduos com obesidade mórbida que já tenham percorrido tratamentos
conservadores por um período mínimo de dois anos de desenvolvimento da
obesidade e que não tenham obtido resultados satisfatórios (BRASIL, 2013;
MARCELINO; PATRÍCIO, 2011).
De acordo com Sallet, Monclaro e Pizani (2019), em termos de técnicas,
as formas de intervenção cirúrgica se diferenciam de acordo com o mecanismo
de ação. Elas podem ser de dois tipos: restritivas, isto é, aquelas que reduzem
o tamanho do estômago; ou disabsortivas, aquelas que, além da redução,
promovem uma alteração na forma de absorção do alimento – sendo, por isso,
também chamadas de mistas. Logo, é importante salientar os aspectos rela-
cionados aos desdobramentos da cirurgia bariátrica, sejam eles positivos ou
negativos. Diversos fatores influenciam no prognóstico da cirurgia, bem como
nas incidências e complicações.
Dentre as consequências negativas, Berti et al. (2015) destacam possíveis
riscos no processo pós-operatório, que podem acarretar complicações imedia-
tas ou tardias, como queda de cabelos, mudanças nos hábitos alimentares e
deficiência nutricional. Pereira et al. (2019) apontam ainda a probabilidade con-
siderada de lesão ou morte. Dentre os principais eventos associados à cirurgia,
destacam-se algumas complicações típicas do procedimento cirúrgico, como,
por exemplo: perfuração, sangramento interno (hemorragia), infecções, fístula
e embolia pulmonar (PEREIRA et al., 2019). Outras possíveis consequências
adversas do procedimento incluem a permanência de cicatrizes e a presença
de um excesso de pele, as quais, embora não sejam caracterizadas como com-
plicações cirúrgicas, também afetam o paciente e o processo pós-operatório.
Por outro lado, como fatores positivos advindos do tratamento, desta-
cam-se os benefícios mecânicos, como a carga reduzida de peso sobre as arti-
culações e a melhora na obstrução de via respiratória superior. Além disso, “há
importante melhora da ‘doença da alma’, com melhora do humor, da autoestima
e da qualidade e quantidade de vida” (BERTI et al., 2015, p. 1574).
Segundo Souza et al. (2014), os resultados da cirurgia bariátrica nem
sempre são satisfatórios e uniformes. Por ser um procedimento complexo, assim

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como a própria obesidade, requer atenção a uma variedade de aspectos. Desse
modo, a cirurgia é dividida em várias etapas, a começar pelo pré-operatório.
Vale ressaltar que os cuidados associados à doença se estenderão por toda a
vida do paciente. Sendo assim, apresentaremos a seguir algumas etapas que
compreendem a cirurgia bariátrica.
O processo pré-operatório compreende o intervalo de tempo da primeira
consulta até o momento da cirurgia. A equipe multidisciplinar é composta por
seis profissionais: cirurgião, cardiologista, endocrinologista, pneumologista, psi-
cólogo e nutricionista (CFM, 2017). Uma abordagem com equipe multidisciplinar
para o cuidado pré-operatório é obrigatória, com atenção especial às questões
nutricionais e metabólicas. De acordo com Troisi (2022), a avaliação pré-ope-
ratória não se limita aos diagnósticos psiquiátricos e deve ser estendida aos
motivos e expectativas do paciente quanto à busca por esse tratamento. Assim,
a psicoeducação quanto à gastroplastia nessa etapa se justifica pela proposta
de reduzir expectativas irreais de uma possível cura da doença. O paciente
precisa ressignificar suas crenças quanto ao tratamento para obesidade, redu-
zindo, portanto, danos no pós-operatório, como depressão e até resistência à
implementação de mudanças comportamentais.
Realizada a intervenção cirúrgica, inicia-se um novo momento da cirurgia
bariátrica: o pós-operatório. O primeiro ano de cirurgia é considerado um marco
na vida do paciente, visto que, durante esse período, ocorre a perda de peso mais
significativa (MÜLLER; OLIVEIRA, 2021, NASCIMENTO; BEZERRA; ANGELIM,
2013). O momento posterior é marcado pelas eventuais dificuldades com as fases
nutricionais iniciais e com os novos hábitos comportamentais. O bariátrico deve
ser monitorado no desenvolver dessa etapa, evitando o risco de complicações
pós-operatórias atuais e futuras. Outro aspecto relevante nesse momento é a
necessidade de o paciente adaptar seu comportamento alimentar à sua nova
fisiologia gastrintestinal. Bosetto et al. (2017) ressaltam que as modificações
fisiológicas produzidas pela gastroplastia exigem cuidados. Portanto, o acompa-
nhamento nutricional é fundamental para evitar desidratação, vômitos, síndrome
de dumping, déficit nutricional, entre outras intercorrências.
O prejuízo psicossocial é a principal motivação do paciente obeso mórbido
para realizar a cirurgia bariátrica. Assim sendo, a cirurgia bariátrica representa
a possibilidade de inúmeras melhorias psicossociais, dentre as quais podemos

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citar a melhoria da qualidade de vida, da depressão, da ansiedade, da autoestima
e da imagem corporal relacionada à obesidade. Em muitos casos pós-cirurgia,
o hábito alimentar pode ser substituído por comportamentos intensos, como
alcoolismo, transtornos alimentares, jogos, compras, atividade física, remédios,
compulsão alimentar, entre outras dependências. Autores como Meleiro (2021),
Segal e Kussunoki (2021) apontam correlações entre a obesidade e alguns trans-
tornos psiquiátricos, como depressão, transtornos do humor (TH), transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos alimentares (TA),
entre outros. No entanto, é relevante apontar que a incidência diverge quanto
ao sexo, sendo mais forte para as mulheres do que para os homens, visto que
a sociedade impõe mais pressão sobre a aparência física feminina. Assim, a
avaliação psicológica e psiquiátrica serve ao propósito de identificar e avaliar
possíveis desafios pré e pós-operatórios do candidato à cirurgia, uma vez que
há risco de se instalar um sofrimento psicológico pós-cirúrgico no paciente,
que pode se sentir frustrado caso os resultados da cirurgia não alcancem suas
expectativas – por vezes irreais – com relação à aparência. Isso pode levá-los a
um descontentamento diante do resultado estético do procedimento (SARWER;
DILKS; RITTER, 2012; TINDLE et al., 2013).
Dessa forma, também tem sido observada uma preocupação crescente
com a imagem corporal e, por conseguinte, com o excesso de pele após a cirur-
gia bariátrica (MULLER et al., 2019). Por essa razão, a seguir, no desenvolver
desta pesquisa, daremos ênfase à importância da imagem corporal diante do
desenvolvimento psicossocial do bariátrico.

Imagem corporal

De acordo com Cash e Smolak (2011), entende-se a imagem corporal como


a figuração que a mente faz sobre o próprio corpo, ou seja, o modo pelo qual este
se apresenta para cada sujeito. Essa figuração pode ser alterada ao longo do
tempo, conforme a relação e a integração do corpo às situações vividas, sofrendo
influência do meio externo (SCHILDER, 1999). Autores de grande relevância
no tema apontam que representação mental do corpo não é estática, consti-
tuindo-se tanto como uma estrutura quanto como um processo. No constante

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desenvolvimento da imagem corporal, o indivíduo tem a possibilidade de res-
significar elementos da sua vida (NEVES; HIRATA; TAVARES, 2015).
Conforme as relevantes pesquisas de Cash e Pruzinsky (2002), Cash e
Smolak (2011), Castro e Morgado (2014) e Ferreira e Gardner (2012), é possível
abordar a imagem corporal por duas grandes dimensões: a perceptiva e a atitu-
dinal. A dimensão perceptiva está relacionada à análise (acurácia) no julgamento
do corpo por parte do indivíduo, ou seja, ao tamanho, ao peso e à forma como
o sujeito percebe seu próprio corpo (FERREIRA; CASTRO; MORGADO, 2014;
NAZARÉ; MOREIRA; CANAVARRO, 2010). A dimensão atitudinal da imagem
corporal está associada às atitudes do sujeito, incluindo as emoções, as estraté-
gias de enfrentamento, as cognições e ações quanto ao corpo e à aparência de
acordo com os contextos sociais. Dessa forma, dentro da dimensão atitudinal da
imagem corporal, autores apontam três componentes a considerar: (1) cognitivo,
constituído pelos pensamentos e crenças sobre o corpo e revelador de um senso
crítico mental a respeito dele; (2) comportamental, formado pelas ações sobre
ou relacionadas ao próprio corpo, como evitação de situações de exposição e
adoção de comportamentos de checagem corporal; (3) e afetivo, vinculado às
emoções e aos sentimentos direcionados ao corpo, incluindo a insatisfação
corporal/avaliação negativa do próprio corpo (CASH; PRUZINSKY, 2002; CASH;
SMOLAK, 2011; FERREIRA; CASTRO; MORGADO, 2014; THOMPSON, 2004.

Perspectiva Sociocultural da imagem corporal

O meio sociocultural interfere na aparência física de uma pessoa. Os estí-


mulos provenientes da sociedade geram respostas particulares nos indivíduos,
dado que, enquanto seres sociais, o meio determina nossas ações e compor-
tamentos. Nesse sentido, o sujeito tende a apresentar uma resposta em con-
formidade com as expectativas do meio, já que se busca a aceitação como ser
sócio-histórico (TIGGEMANN, 2011).
A primeira premissa é primordialmente vinculada ao ideal de beleza.
Partindo do pressuposto de que os ideais de corpos são constituídos de acordo
com cada cultura, os indivíduos são conduzidos a viver em constante conflito
entre seus desejos e as expectativas sociais. A segunda premissa do modelo
sociocultural é a difusão de ideais corporais nos indivíduos, a qual acontece

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por diferentes canais, dentre os quais estão três fontes culturais: os pais, os
amigos e a mídia. Esses sujeitos podem influenciar a satisfação corporal e o
comportamento alimentar por duas vias: a internalização de um ideal corpo-
ral e a comparação social do corpo. A terceira premissa é representada pela
transmissão de ideais de corpos propagados, os quais são internalizados pelos
indivíduos como modelo de corpo ideal. Tiggemann (2011) aponta que a aceitação
desse ideal acontece pelas vias já citadas da internalização e da comparação
social. Na busca por atingir esse modelo de corpo internalizado, o sujeito se
coloca a desenvolver comportamentos que podem afetar sua saúde física e
mental (AMARAL; CARVALHO; FERREIRA, 2014). Por fim, a quarta premissa é
representada pela internalização e a comparação que os indivíduos tendem a
desenvolver na relação entre a influência sociocultural e a insatisfação com a sua
própria aparência (AMARAL; CARVALHO; FERREIRA, 2014). Tiggemann (2011)
aponta ainda, a esse respeito, a tendência ao desenvolvimento da insatisfação
corporal e de distúrbios alimentares pelo sujeito.
O Modelo de Influência Tripartite foi desenvolvido para avaliar os fatores
de risco associados à insatisfação corporal e ao desenvolvimento de transtornos
alimentares em mulheres. O referido modelo aponta que os pais, os amigos e
a mídia são fontes de influência e pressão (THOMPSON et al., 1999). Assim, o
modelo teórico permite a compreensão sustentável e comprovada da imagem
corporal vigente (TIGGEMANN, 2011). O modelo foi adaptado inúmeras vezes,
mantendo como base os conceitos de Thompson et al. (1999). No entanto, alguns
autores (SCHAEFER et al., 2016) apontam e incluem os pares românticos e/ou
pessoas significantes como uma variável de influência sociocultural, renomeando
o modelo como Modelo de Influência Quadripartite. Quando aplicado à insatis-
fação corporal, os pares amorosos e/ou pessoas significantes podem influenciar
os indivíduos potencialmente propensos a terem crenças de desvalor sob seus
corpos, muitas vezes, levando em consideração comentários depreciativos para
manter a proximidade no relacionamento (CARRIERE; KLUCK, 2014). De acordo
com Amaral, Carvalho e Ferreira (2014), a Perspectiva Sociocultural permite
“discutir o corpo como ator e autor da cultura, enquanto produto e produtor do
meio em que vive” (AMARAL; CARVALHO; FERREIRA, 2014, p. 173).

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Imagem corporal e o sexo feminino

Várias pesquisas (CASH; SMOLAK, 2011; DEMAREST; ALLEN, 2000;


LATNER, 2012; MURNEN, 2011; TIGGEMANN, 2011) apontam que homens e
mulheres experimentam algum grau de insatisfação corporal. Ao explorarmos
as teorias socioculturais, encontramos os mesmos fatores de pressão (pais,
colegas, mídia e pares) exercendo influência sobre mulheres e homens, mas em
proporções distintas. É notório um foco maior na beleza feminina, bem como
uma maior variação nas transformações do padrão de beleza feminino ocorridas
ao longo da história. Na revisão dos estudos de Grogan (2011) e Murnen (2011),
foi possível identificar que a exposição ao ideal de imagem corporal magro na
mídia está associado a transtornos alimentares, enquanto as evidências de
insatisfação corporal atingem um número tão representativo entre as mulheres
que chegam a ser descritas como normativas

Imagem corporal no contexto da obesidade e da cirurgia bariátrica

Muitos estudos (Grilo et al., 2005; Heinberg et al. 2020; Rosenberger,


Henderson, Grilo, 2006) destacam a necessidade de abordar a imagem corporal
durante todas as etapas de desenvolvimento da cirurgia bariátrica. Williams
et al. (2017) corrobora com essa proposta ao sugerir que as pessoas com obe-
sidade tendem a apresentar distúrbios na maneira como sentem, comportam,
pensam e experimentam seus corpos. Tal situação pode justificar a busca pelo
tratamento cirúrgico, uma vez que candidatos à cirurgia bariátrica demonstram
altos níveis de insatisfação corporal. Inserido no contexto de uma lógica social da
magreza, o indivíduo obeso é tratado, não raro, com discriminação e preconceito.
Sentimentos de baixa autoestima, dificuldades nos relacionamentos sociais e
afetivos, privações na realização de atividades diárias, além de diversas outras
questões ligadas a fatores psicológicos perfazem as atitudes e percepções do
obeso. Além disso, de acordo com Janet et al. (2011), há evidências de que a
obesidade está relacionada a doenças crônicas e ao encurtamento da vida útil
do sujeito. Em consonância com isso, cria-se um estigma severo na sociedade.
De acordo com Castro, Pinhatti e Rodrigues (2017), pesquisas identificam
que, no que tange à avaliação da imagem corporal em indivíduos candidatos à

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cirurgia bariátrica, há prevalência de foco na avaliação da dimensão atitudinal
do processo. Pona et al. (2017) sugerem que pessoas com obesidade tendem a
passar por traumas psicossociais que influenciam negativamente sua imagem
corporal, pois, uma vez que a magreza representa, em determinadas sociedades,
felicidade e sucesso, isso afeta diretamente o autovalor de indivíduos obesos,
geralmente envergonhados de si mesmos. A pessoa considerada gravemente
obesa descreve emoções como estar “presa” em um corpo enorme (KNUTSEN
et al., 2011; PONA, et al., 2017). De acordo com Blasco et al. (2020), a depressão
na obesidade também está associada à preocupação com a imagem corporal,
pois o estigma relacionado ao peso nas pessoas obesas pode estar associado
ao aparecimento da sintomatologia depressiva. Diante de tal contexto, apesar
de a cirurgia bariátrica ser o tratamento mais eficaz para a obesidade grave, é
fundamental considerar o papel das preocupações com a imagem corporal na
abordagem clínica da pessoa que se submeteu à cirurgia bariátrica, de modo
a otimizar o funcionamento psicológico desses indivíduos (SOUSA et al., 2014).
As evidências indicam que, após a cirurgia bariátrica, os pacientes têm
sentimentos, pensamentos e comportamentos mistos sobre sua imagem cor-
poral. As modificações corporais geram sentimentos ressignificados expressos
através de uma satisfação (ou insatisfação) mental (VARNS; FISH; FAHA,
2018). A avaliação da equipe multidisciplinar também pode ajudar a identificar
potenciais desafios pós-operatórios e inibir alterações comportamentais que
possam gerar o reganho de peso a longo prazo.

CONSIDERAÇÃOES FINAIS

A obesidade é considerada pela OMS como um dos maiores desafios


de saúde pública no Brasil e no mundo. Ao longo das últimas décadas houve
aprimoramentos no controle e tratamento da doença, tendo a cirurgia bariátrica
se tornado o padrão ouro no tratamento da obesidade mórbida em casos em
que não foi possível obter resultados satisfatórios com os tratamentos conser-
vadores. Por conseguinte, compreender a dinâmica interpessoal da obesidade
faz-se necessário à atuação de linhas de cuidados que englobem ações de
prevenção, detecção precoce, tratamento da doença crônica (HUANG, et al,
2016; OMS, 2020).

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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A investigação da imagem corporal em pessoas com obesidade mórbida
tratadas pelo procedimento cirúrgico demanda uma investigação ampla para
que haja o entendimento do processo de tratamento gerado pelas mudanças
corporais, cognitivas e sociais. Barros (2005) destaca que a interação entre os
aspectos fisiológicos, emocionais e sociais precisa ser explorada concomitante-
mente para se obter uma análise completa quanto às experiências da imagem
corporal do corpo obeso. Assim sendo, é relevante destacar que, para analisar
e compreender esse processo de mudança corporal, a pesquisa analisou os
referidos aspectos simultaneamente, considerando que eles se retroalimentam
e, caso analisados separadamente, poderiam apresentar falhas e até incom-
pletude no estudo.
Nesse sentido, ressaltamos que mais pesquisas são necessárias para uma
avaliação minuciosa da imagem corporal, bem como os fatores associados, para
que seja possível traçar um panorama situacional e para que sejam estabeleci-
das políticas públicas voltadas ao cuidado multidisciplinar e à identificação de
possíveis vulnerabilidades e necessidades do público obeso, bem como buscar
estratégias para solucioná-las.

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Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


54
04

EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO


COM BAIXAS CARGAS SOBRE A
HIPERTROFIA MUSCULAR DE
INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS

Bianch Alexsandro da Silva


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Brenda Hilary Avelino de Vasconcelos


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Eduardo Cavalcante de Oliveira


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Letícia Lira Xavier


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Sandrelly Mirelly da Silva Santos


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Márcia José do Espírito Santo


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Maria Vitória dos Santos Costa


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Vanessa Moreira dos Passos Justiniano


Centro Universitário dos Guararapes (UniFG)

Anna Carolina Kokeny


Centro Universitário dos Guararapes (UniFG)

Mayara Silva Lins Belém


Centro Universitário dos Guararapes (UniFG)

' 10.37885/231115016
RESUMO

O treinamento resistido (TR) é uma das formas mais conhecidas de exercício


físico para alcançar melhorias associadas ao condicionamento físico e aumento
de massa muscular, visando também adquirir e aprimorar a aptidão física. O TR
é um exercício onde se realiza força contra uma carga opositora, com diversas
variáveis agudas, sendo a intensidade das cargas uma das que mais se destaca.
Através desta revisão, fez-se um levantamento de estudos para investigar os
efeitos do treinamento resistido com cargas baixas sobre a hipertrofia muscular
de indivíduos saudáveis. Apesar de grande parte da literatura trazer a utilização de
cargas altas como meio primário quando o objetivo do programa de treinamento
é a hipertrofia muscular, os resultados encontrados neste estudo sugerem que
o padrão hipertrófico obtido com carga baixa é similar às alterações observadas
com o treinamento convencional de carga alta. Visto que, a maioria dos estudos
demonstram evidências significativas que, desde que o TR seja conduzido até
a falha, os ganhos de hipertrofia e força muscular são independentes da carga.

Palavras-chave: Carga Baixa, Hipertrofia, Intensidade, Treinamento Resistido.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


56
INTRODUÇÃO

O treinamento resistido (TR) é uma das formas mais conhecidas de


exercício físico para alcançar melhorias associadas ao condicionamento físico
e aumento de massa muscular, visando também adquirir e aprimorar a aptidão
física. Dentre os tantos objetivos do TR, podemos destacar a hipertrofia muscular
como principal objetivo do público não esportista (Santarem, 2022).
A hipertrofia muscular é induzida por meio de processos mecânicos,
metabólicos e hormonais, existindo concordância de que o TR é capaz de
promover esses eventos que estão relacionados ao ganho de massa muscu-
lar. O processo de aumento de massa muscular ocorre no sarcoplasma das
fibras musculares pela aplicação de estresse mecânico, induzindo aumento das
proteínas contráteis actina e miosina, e substâncias não contráteis, sobretudo
água e glicogênio, decorrente do balanço positivo na razão síntese/degradação
proteica (Andrade e Carvalho, 2019; Fleck e Kraemer, 2017).
O TR é um exercício onde se realiza força contra uma carga opositora
e dentro dele há diversas variáveis agudas, sendo desenvolvidos diversos pro-
gramas de treinamento e recomendações. Entre as variáveis mais sugeridas,
a intensidade das cargas, número de séries, número de repetições, intervalos,
descanso, frequência e cadência, são as que mais se destacam, estando envol-
vidas com diferentes estímulos biomecânicos ligados à hipertrofia (Santarem,
2022; Gentil, 2019).
É visto de maneira geral, que a carga que será utilizada é uma das variáveis
de maior significância nos programas de treinamento (Fleck & Kraemer, 2017).
Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM) (2009), a recomendação
para ganhos de força e hipertrofia, é a utilização de 60% a 85% de uma repe-
tição máxima (1 RM), quando se tem por objetivo o ganho de massa muscular.
Entretanto, alguns indivíduos podem não tolerar altas forças musculoes-
queléticas, como idosos frágeis, pacientes em recuperação de lesões esporti-
vas, e/ou para atletas altamente treinados que atingiram um platô de massa e
força muscular, para os quais o treinamento de força com carga pesada pode
ser problemático e contraindicado. O que torna as baixas cargas, tipicamente
20% a 50% de 1RM, associadas ao exercício de resistência com restrição de

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fluxo sanguíneo, uma modalidade de treinamento atraente (Duchateau, 2021;
Wernbom e Agard, 2020).
Estudos recentes demonstram que o treinamento resistido com baixas
cargas induz aumento no tamanho e na força muscular semelhantes na área de
seção transversal muscular, e menor percepção de esforço e dor em comparação
com os protocolos tradicionais de treinamento de resistência, além da execução
correta dos exercícios sobre o ponto de vista biomecânico (Bergamasco et al.,
2022; Ikezoe, 2020; Lasevicius et al. 2018; Nobrega et al., 2018; Pereira, 2016).
A similaridade das respostas nos ganhos de massa muscular ao realizar
treinamentos com baixa e alta intensidade de carga não é completamente escla-
recida até o presente momento. Todavia, existem teorias sobre mecanismos que
podem explicar essa semelhança. É especulado que treinamentos com baixas
cargas de intensidade quando levados até a falha muscular, prolongaram a
exposição a metabólitos, o que poderia atuar estimulando a hipertrofia mus-
cular de modo similar ao treinamento com altas cargas de intensidade devido
um maior estresse metabólico gerado (Duchateau, 2021; Jenkins et al., 2016).
Presume-se também que o recrutamento de unidades motoras seja seme-
lhante quando se utiliza o treinamento com baixas cargas de intensidade até a
falha muscular concêntrica, resultando em ganho de hipertrofia muscular similar
ao treinamento resistido com altas cargas (Burd et al., 2012; Mitchell et al., 2012).
Além disso, Schoenfeld e colaboradores (2017), em uma revisão sistemá-
tica e meta-análise sugeriram que cargas altas e baixas podem ser igualmente
eficazes na promoção do crescimento muscular, desde que o treinamento
seja realizado com um alto nível de esforço. Curiosamente, foi analisado um
potencial efeito específico do tipo de fibra das zonas de carga, mostrando que
cargas mais pesadas apresentaram maior aumento na área transversal da fibra
muscular tipo II e cargas mais leves mostraram maior aumento no crescimento
da fibra muscular tipo I.
Portanto, é desejável identificar estratégias de exercícios de baixa carga/
baixa intensidade que sejam eficazes em termos de tempo e capazes de produzir
um espectro mais amplo de adaptações do músculo esquelético.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


58
TREINAMENTO RESISTIDO

O treinamento resistido (TR) é uma intervenção de exercício primário usada


para desenvolver força e estimular a hipertrofia muscular. Sendo o aumento de
massa muscular, um dos principais objetivos para fisiculturistas e indivíduos
que treinam de forma recreativa. Ademais, baixos níveis de massa muscular
estão associados a riscos aumentados de doenças cardiovasculares e risco
cardiometabólico em adolescentes, bem como diabetes tipo II em adultos de
meia-idade e idosos (Krzysztofik et al., 2019).
Desde o início do século passado até os dias atuais, preconiza-se que a
carga de volume (VL = séries × repetições × carga [kg]) seja proposta como
uma das principais forças motrizes por trás das adaptações ao treinamento
de resistência (Nobrega et al., 2023). Dessa forma, tem sido aplicada de forma
abrangente como sendo estratégia primordial para aumentos de força e massa
muscular. Tais adaptações musculares relatadas são influenciadas pela manipu-
lação adequada das principais variáveis que envolvem o treinamento resistido,
como volume, intensidade, frequência, e intervalo de descanso entre séries
(Fleck e Kraemer et al., 2009).
O ACMS (2009) afirma em suas diretrizes que cargas superiores a 70%
de 1 repetição máxima (RM) são necessárias para potencializar adaptações de
hipertrofia e força muscular com o treinamento resistido. Baechle e Earle (2008)
sugerem que para obtenção de maiores ganhos de hipertrofia são melhores
aproveitadas cargas que utilizam de 6 a 12 repetições máximas, enquanto que
para força muscular, cargas de 1 a 5 RM promovem ganhos mais expressivos.
De acordo com Schoenfeld (2017), essas recomendações são baseadas
na crença de que cargas altas são necessárias para recrutamento de unidades
motoras responsáveis ​​por promover adaptações musculares máximas de limiar
mais alto. Essas evidências apontam para a necessidade da utilização de cargas
pesadas para maximizar as adaptações musculares, entretanto, estudos postu-
lam que o treinamento com intensidades tão baixas quanto 30% 1RM resultará
no recrutamento completo de UM, desde que as séries sejam realizadas até a
falha muscular momentânea (Burd et al., 2012; Carpinelli, 2008).

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59
Variáveis no treinamento resistido

Para que o treinamento mantenha sua eficiência e permaneça instigando


a sensação de desafio, é necessário realizar alterações periódicas no TR. Nesse
sentido, as variáveis de treinamento são ferramentas utilizadas para realizar
mudanças de estímulo na estrutura do programa para que continue ocorrendo
progressão, visto que o processo de adaptação do corpo humano acontece
em um curto espaço de tempo. Realizar variações sistemáticas nas variáveis
volume e intensidade resultam em maior progresso à longo prazo, sendo estas
variáveis as mais estudadas geralmente (Franco et al., 2019; Lim et al., 2019;
Stone et al., 2000).

Treinamento resistido de baixa carga

A combinação de protocolos que impliquem na alternância da intensidade


empregada parece trazer benefícios práticos para indivíduos altamente treinados
(Schoenfeld et al., 2021). Sendo presente inclusive em rotinas de treinamento
de fisiculturistas, seja em uma mesma sessão, entre uma sessão e outra, ou em
fases específicas de um programa de treinamento periodizado, o que deve ser
conciliada com o gerenciamento do estresse imposto nas sessões de treinamento,
a fim de minimizar o risco de “overtraining” à longo prazo (Alves et al., 2020).
Neste sentido, a utilização de métodos de treinamento que permitam
o aumento do tempo sob tensão, sem maior intensidade, surge como uma
alternativa eficaz para romper o efeito platô (Krzysztofik et al., 2019). Outras
evidências também sugerem que a estratégia de TR com restrição de fluxo
sanguíneo estimula a sinalização anabólica e a síntese de proteínas, e resulta
em hipertrofia muscular à longo prazo (Rolnick; Schoenfeld, 2020).
Nesse cenário, o treinamento Kaatsu, consiste na aplicação de intensidades
reduzidas (40% de 1RM), combinada com a restrição de fluxo sanguíneo a partir
de um manguito para induzir uma isquemia muscular, resultando em acúmulo
acentuado de metabólitos (Wilson et al., 2013). O método envolve a aplicação
de um dispositivo restritivo (torniquete, manguito inflável ou faixas elásticas) na
parte proximal do membro, a fim de reduzir o fluxo sanguíneo arterial e ocluir
o retorno venoso (Krzysztofik, 2019).

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


60
Treinamento resistido com variações de carga

Durante as buscas na base de dados sobre o tema proposto, foi possível


observar que a hipótese de que o treinamento com cargas baixas pode promo-
ver hipertrofia muscular similar ao treinamento resistido com cargas altas em
indivíduos saudáveis foi confirmada.
Nesse sentido, parece ser apontado que qualquer carga de treinamento
pode produzir uma magnitude semelhante de hipertrofia muscular para partici-
pantes de ambos os sexos (Meghan et al., 2016), em membros superiores (Fink
et al., 2016; Stefanaki Dzulkarnain, e Gray, 2019;) e inferiores (Assunção et al.
2016; Meghan et al., 2016; Meister et al., 2016). Fink et al. (2016) corrobora com
esses achados, e observou que a combinação de descanso curto combinado
com TR de baixa carga levaria a uma hipertrofia muscular melhorada, enquanto
descanso longo combinado com TR de alta carga pode levar a aumentos
superiores de força.
Ainda, Fink e colaboradores (2016), investigaram a hipótese segundo o qual
um protocolo de TR com cargas mistas levaria a ganhos musculares superiores
em comparação com protocolos de TR contínuo com cargas altas ou baixas.
Para tal, vinte e um jovens atletas de ginástica masculinos não habituados ao
treinamento resistido, foram aleatoriamente designados para 1 dos 3 grupos
(n=7) durante 8 semanas: grupo H (3 séries de 80% 1RM), grupo L (3 séries de
30% 1RM) e grupo M (protocolo mudando a cada 2 semanas, começando com 2
semanas a 80% 1RM seguido por 2 semanas a 30% 1RM e assim por diante), com
intervalos de descanso entre as séries de 90 segundos para todos os grupos. O
exercício escolhido foi a rosca pregador de bíceps unilateral por causa de seu
isolamento único e capacidade de controle, nos braços esquerdos, enquanto o
braço direito serviu como controle. O TR foi realizado 3 vezes/semana, e cada
série foi levada à falha volitiva com uma cadência de 1 s para a parte concên-
trica e 2 s para a parte excêntrica do movimento. Embora cada grupo tenha
mostrado um aumento significativo da área transversal no braço treinado, não
foram observadas diferenças entre os grupos. Este estudo demonstra que a
carga não é um determinante primário de mudanças na hipertrofia muscular
quando o exercício é realizado até a falha voluntária.

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Meister e colaboradores (2016) observou que o método de treinamento
com oclusão vascular poderia otimizar os resultados do treinamento com
baixas cargas de intensidade, uma alternativa interessante para quem busca
hipertrofia. E que o TR com intervalo isométrico (ISO) à 20% de 1RM, não possui
diferenças significativas (p > 0,05) com o método de oclusão vascular (OCL)
após analisar 12 homens jovens saudáveis foram treinados com ambos os méto-
dos por 10 semanas com o exercício de extensão de joelhos com 20% de 1RM.
Assim, o treinamento metabólico sem oclusão vascular pode ser tão eficiente
quanto o treinamento com oclusão, quando o objetivo é preservar as estruturas
articulares. Visto que, apesar das evidências sobre a eficácia do treinamento
com oclusão vascular, tal método requer aparato específico (manguito) para
controle da pressão e pode não ser adequado para pessoas com fragilidade
vascular ou hipertensão arterial crônica, sendo o treinamento com cargas baixas
com intervalo isométrico um meio viável de substituição do método.
Nesse sentido, Fink e colaboradores (2016), reforça o pressuposto que
o descanso curto combinado com treinamento de baixa carga pode contribuir
na hipertrofia muscular, uma vez que a presença dos marcadores de estresse
agudo, como alterações no hormônio do crescimento (GH) e na espessura
muscular (EM), poderiam levar a uma hipertrofia muscular melhorada pela
quantidade de estresse metabólico gerada. O que favorece de forma significa-
tiva a melhora da composição corporal e aumento da circunferência da área
transversal (MORTON et al., 2016).
Diversos estudos revelaram que a combinação de treinamento resistido
de baixa carga (20%-35% uma repetição máxima (1RM) com restrição de fluxo
sanguíneo facilitou aumentos substanciais no crescimento muscular (Centner
et al., 2023; Shiromaru et al., 2019; Kim et al., 2017; Meghan et al., 2016) e força
muscular (FINK et al., 2016), que são normalmente observados após treinamento
de alta carga com 70% a 85% de 1RM (Centner et al., 2023).
Os efeitos do treinamento resistido de baixa intensidade combinado com
a oclusão vascular têm sido investigados por diversos estudos (Centner et al.,
2023; Fink et al., 2016; Meghan et al., 2016; Shiromaru et al., 2019). Resultados
semelhantes de força e hipertrofia foram observados quando esse método foi
comparado a protocolos de alta intensidade (Centner et al., 2023). Contudo,
existe uma dificuldade em instrumentalizar a oclusão vascular na prática em

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


62
alguns exercícios resistidos, diante desse cenário, outras formas de execução
são realizadas, como as que associam a utilização de intervalos em contração
isométrica (Meister et al., 2016).
Enquanto que Meghan et al. (2016) randomizou dezesseis indivíduos
saudáveis em grupos de alta carga de resistência e baixa carga com restri-
ção de fluxo. O grupo de alta carga treinou 3x semanalmente em 3 séries de
8 repetições com 2-3 minutos de descanso e o treinamento de baixa carga
com oclusão treinou 2x semanalmente para repetições de 30-15-15-15 com
30 segundos de descanso entre as séries, de modo que o volume não fosse
igualado entre as condições.
Curiosamente, em oposição à literatura atual, relatou-se que, no TR com
baixa carga e restrição de fluxo usando exercícios compostos de cadeia cinética
fechada, pode ser eficaz para treinamento de força. Uma possível explicação
seria porque os intervalos de descanso eram diferentes entre as condições
(2-3 min versus 30 segundos em carga alta e baixa, respectivamente), o que
pode ter influenciado os resultados para estratégias de carga (Meghan et al.,
2016). No estudo de Fink et al., (2017) os intervalos de descanso entre séries
para a condição de carga baixa foram de 30 segundos, enquanto a condição
de carga alta descansou 3 minutos.
Embora não tenha havido diferenças entre as cargas de treinamento
para hipertrofia muscular, Lim et al. (2019) investigou alterações na muscula-
tura, força muscular, atividade das células satélites, adição mionuclear e pro-
teína mitocondrial após TR prolongado com baixa e alta carga. Esses achados
sugerem que mudanças na massa e força muscular foram independentes da
carga quando as repetições foram realizadas até a falha. E, ainda, especula
que as diferenças observadas sejam amplamente consistentes, mesmo com
treinamento progressivo.
A síntese dos estudos experimentais que investigaram os efeitos do trei-
namento resistido com baixa carga sobre a hipertrofia muscular de indivíduos
saudáveis é relatada na tabela a seguir:

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63
Tabela 1. Principais resultados dos efeitos do treinamento resistido com baixa carga sobre a hipertrofia
muscular de indivíduos saudáveis.
AUTOR/ANO MÉTODO OBJETIVO RESULTADO
Centner et Estudo experi- Investigar o padrão hipertrofico in- O padrão hipertrófico obtido com
al. 2023 mental duzido no tendão de Aquiles pela carga baixa com restrição de fluxo
baixa carga com RFS, em compara- foi semelhante às alterações obser-
ção com a hipertrofia regional tipica- vadas com o treinamento conven-
mente observada com o treinamento cional de carga alta.
resistido convencional de alta carga.
Shiromaru et Estudo experi- Determinar se os aumentos na área Os autores sugerem que o TR de
al. 2019 mental transversal do quadríceps com TR carga baixa com RFS de alta frequ-
de baixa carga com RFS foram im- ência e curta duração constitui uma
pulsionados pela hipertrofia mus- estratégia com potencial terapêutico
cular ou pelo inchaço induzido por relevante para indivíduos frágeis, ou
edema, comparado com o TR de com limitações.
alta carga.
Lim et al. 2019 Estudo experi- Investigar mudanças na massa mus- Mudanças na massa e força mus-
mental cular, força, atividade de células sa- cular foram independentes da carga
télites, adição mionuclear e contéu- quando as repetições foram realiza-
do de proteína mitocondrial após TR das até
prolongado com baixa e alta carga. à fadiga volitiva
Morton et al. Estudo experi- Determinar os efeitos de uma in- Não foi encontrada diferença signifi-
2016 mental tervenção de TR de 12 semanas cativa na depleção de glicogênio das
de repetição mais alta (carga mais fibras tipo I e tipo II, o que sugere
baixa), versus uma intervenção de que os efeitos do TR de alta e baixa
TR de repetição mais baixa (carga carga na hipertrofia das fibras mus-
mais alta), na hipertrofia e força em culares sejam semelhantes.
homens jovens treinados.
Stefanaki, Estudo experi- Comparar os efeitos de 6 semanas Quando o exercício resistido é rea-
Dzulkarnain e mental de treinamento de resistência até a lizado até a falha volitiva, os ganhos
Gray, 2019. falha voluntária em cargas baixas de tamanho e força muscular são
(30% 1 RM), ou altas (80% 1 RM) nos independentes da carga em mu-
ganhos de tamanho e força muscu- lheres jovens. Visto que aumentos
lar de mulheres jovens. na espessura muscular e força não
foram estatisticamente significativas
entre as cargas.
Fink et al., Estudo experi- Investigar os efeitos do TR de vo- Apesar da área transversal do bra-
2018. mental lume combinado com diferentes ço em ambos os grupos terem au-
cargas de treinamento e intervalos mentado significativamente, cargas
de descanso em respostas agudas e baixas combinadas com descanso
ganhos musculares de força a longo curto parecem induzir uma grande
prazo. quantidade de estresse metabólico
(alterações no hormônio do cresci-
mento e na espessura muscular),
levando a uma hipertrofia muscular
melhorada, enquanto que descanso
longo com treinamento de alta carga
podem levar a aumentos superior de
força.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


64
AUTOR/ANO MÉTODO OBJETIVO RESULTADO
Assunção et Estudo experi- Comparar os efeitos dos regimes de Verificou-se aumentos significativos
al. 2016 mental treinamento de resistência de alta na força máxima de supino e aga-
carga e baixa repetição máxima, e chamento para ambos os grupos,
baixa carga e alta repetição máxima, enquanto nenhuma mudança foi
sobre a aptidão muscular em ado- observada no grupo controle.
lescentes não treinados. Ganhos semelhantes de força e
resistência foram observados nos
grupos experimentais.
FINK et al. Estudo experi- Comparar os efeitos de protocolos Não houve diferenças significativas
2016 mental de TR de baixa, alta e carga mista com relação à hipertrofia muscular
com tempo fixo na hipertrofia mus- para diferentes cargas de treina-
cular crônica e força. mento, desde que o TR seja condu-
zido até a falha.
Ainda, alternar entre diferentes fai-
xas de estimulação mecânica não
melhorou a hipertrofia ou a força
muscular.
MEGHAN et Comparar mudanças na força, po- Ambos os grupos tiveram aumen-
al. 2016 tência e hipertrofia entre alta carga tos significativos na potência, força
(70% 1 RM) e baixa carga com RFS e circunferência da coxa. Não houve
(30% 1 RM) diferença estatisticamente significa-
tiva entre os dois grupos em nenhu-
ma categoria.

MEISTER, Ca- Avaliar os efeitos de dois protoco- As medições de ultrassom mostra-


rolina Brandt los de treinamento resistido com ram um aumento significativo (p ≤
et al. 2016 características metabólicas na for- 0,05) entre o PRÉ e o PÓS de am-
ça (1 RM), circunferência, espessura bos os treinamentos ISO e OCL. Não
muscular (medida por ultrassono- foram encontradas diferenças (p >
grafia) e percepção subjetiva de 0,05) entre os métodos. A percepção
desconforto. de desconforto foi maior para o ISO,
no início e no final do programa de
treinamento.
ISO, intervalo isométrico; MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; OCL, oclusão vascular; Rep,
repetição; RFS, restrição de fluxo sanguíneo; TR, treinamento resistido;
Fonte: O autor, 2023.

HIPERTROFIA MUSCULAR E ESTRESSE METABÓLICO

O inchaço muscular imediato após o TR pode ser induzido por estresse


metabólico, e, o acúmulo de estresse metabólico promove a hipertrofia muscular
após várias semanas de treinamento de resistência periodizado (Hirono et al.,
2022). A hipertrofia muscular ocorre quando a síntese de proteína muscular
excede a quebra de proteína muscular e resulta em balanço positivo de proteína
líquida em períodos cumulativos. Isso pode ser alcançado com RT e ingestão de
proteínas, o que estimula a síntese de proteínas musculares e leva à diminuição
da quebra de proteínas musculares (Krzysztofik, 2019).

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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Segundo Pearson e Hussain (2015), o estresse metabólico, causado
pelo acúmulo de metabolitos no tecido muscular durante exercício físico, é tão
importante quanto a tensão mecânica, para a indução de crescimento muscular.
Nesse sentido, artigos demonstraram que este aumenta a síntese proteica (Burd,
2012), o recrutamento de fibras musculares (Carpinelli, 2008; Schoenfeld, 2011),
as respostas hormonais e inchaço das células musculares (Schoenfeld, 2013).
Em uma meta-regressão Lopez et al. (2021), revela que a hipertrofia
muscular derivada de regimes de treinamento resistido de baixa, moderada
e alta carga, parece ser afetada pelo status do treinamento e pelo número de
sessões concluídas, ou seja, pelo volume total de treinamento.

MÉTODOS DE TREINAMENTO

Além das variáveis anteriores, algumas técnicas avançadas podem ser


manipuladas para maximizar a hipertrofia durante o treinamento, tais como:
drop-sets, super-sets, bi-sets, repetições forçadas, pirâmides, pré-exaustão
(De Salles, 2020). Essas estratégias podem ser utilizadas a fim de aumentar a
intensidade e volume do treinamento, entretanto, se o mesmo volume total é
mantido, não haverá ganhos maiores de hipertrofia em relação ao treinamento
tradicional (Lasevicius et al., 2018; Schoenfeld et al., 2014).
Dentre as técnicas empregadas, o drop set consiste na realização de uma
série de fadiga volitiva com uma determinada carga, seguido de uma imediata
redução de carga (por exemplo, aproximadamente 20%) até a fadiga volitiva
subsequente. De maneira geral, esta técnica é justificada pelo alto estresse
metabólico induzido pelo alto número de repetições realizadas com um pequeno
intervalo de descanso (Schoenfeld, 2011).
Indivíduos treinados, geralmente, fazem o uso de cargas relativamente
altas durante longos períodos de treinamento (Alves et al., 2020; Hackett;
Johnson; Chow, 2013), nesse sentido, manipular os métodos de treinamento
trazem segurança, ao abrandar as cargas mecânicas e estresse imposto sobre
as articulações; sem prejuízos, em tese, para a continuidade das adaptações
fisiológicas. Nesse cenário, é proposto na literatura um amplo espectro de cargas
(≥ ~30% 1RM) e zonas de repetições máximas (RM), com efeitos similares na
hipertrofia muscular (Schoenfeld et al., 2021).

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


66
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à insuficiência de evidências, é difícil fornecer diretrizes específicas


para volume, intensidade de esforço e frequência das técnicas e métodos de
TR. No entanto, integrar intensidades diferentes de forma periodizada trazem
um estímulo adicional para romper os platôs e evitar a monotonia do treina-
mento. A utilização de cargas baixas em um planejamento para ganhos de
massa muscular se mostrou eficaz quando realizado até a falha, com volume
de treinamento equalizado, com ou sem restrição de fluxo sanguíneo, sendo
similar aos resultados alcançados com TR de alta carga. Variações de carga
em um planejamento de treinamento se mostraram importantes devido às
diferentes adaptações geradas. A utilização de cargas baixas demonstrou maior
estresse metabólico, ocorrendo assim aumento da espessura muscular, sendo
também possível observar alterações em marcadores de estresse agudo, como
no hormônio do crescimento, favorecendo a melhora da composição corporal
e aumento da circunferência da área transversal. Treinamentos com baixas e
altas cargas se mostraram igualmente efetivos para hipertrofia muscular.

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05

FATORES INTERVENIENTES DA IMAGEM


CORPORAL NA GESTAÇÃO

Eduardo Borba Salzer


Universidade Federal de Juiz de Fora

Juliana Fernandes Filgueiras Meireles


University of Oklahoma

Júlia Loth Costa


Universidade Federal de Juiz de Fora

Larissa C. Ramos Laurentino


Universidade Federal de Juiz de Fora

Natália Christinne Ferreira de Oliveira


Universidade Federal de Juiz de Fora

Beatriz Pardal de Matos


Universidade Federal de Juiz de Fora

Clara Mockdece Neves


Universidade Federal de Juiz de Fora

Marcela Rodrigues de Siqueira


Universidade Federal de Juiz de Fora

' 10.37885/231115000
RESUMO

A gestação é um momento marcante e gera na mulher diversas alterações


em um curto espaço de tempo. A imagem corporal é compreendida como a
representação mental do próprio corpo e, embora as alterações corporais sejam
consideradas saudáveis, elas podem impactar a imagem corporal das grávidas.
Problemas relacionados à imagem corporal na gestação podem afetar a saúde
da mãe e do feto. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi compreender os
fatores que influenciam a imagem corporal no período gestacional.

Palavras-chave: Gravidez, Imagem Corporal, Mulheres.

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INTRODUÇÃO

Compreende-se imagem corporal como uma representação mental do


próprio corpo, que pode vir a influenciar aspectos fisiológicos, sociológicos e
libidinais (SHILDER, 1999), sendo uma construção multidimensional, que envolve
elementos cognitivos, afetivos e comportamentais (WERTHEIN; PAXTON,
2011). No período gestacional, as alterações biopsicossociais que ocorrem em
um curto espaço de tempo (SKOUTERIS, et al., 2005; KIRK; PRESTON, 2019),
podem impactar diretamente a imagem corporal das mulheres grávidas (BROWN;
RANCE; WARREN, 2015).
Diversas alterações ocorrem no corpo da mulher durante a gestação,
dessa forma é inportante conhecer quais são os fatores intervenientes da
imagem corporal das gestantes tais como: autoaceitação, que é a aceitação
que o indivíduo apresenta em relação aos seus próprios atributos (MORGADO
et al., 2014); consciência interoceptiva, que ocorre quando o sistema nervoso
sente, interpreta e integra sinais internos do organismo de maneira consciente
(SALVADOR et al. 2020); o vínculo materno-fetal que é definido como o desen-
volvimento, por parte dos pais, de sentimentos pelo bebê, ao longo da gestação
(CONDON, 1993); a satisfação conjugal que pode ser compreendida como uma
atitude relacionada a aspectos do cônjuge e da interação entre eles (DELA
COLETA, 1989; PICK DE WEISS; ANDRADE, 1988); a ansiedade e depressão
que podem desencadear problemas psicopatológicos (APA, 2014); e a atividade
física na gestão que trazem diversos benefícios no período gestacional (ACOG,
2020). Salzer et al. (2023) sugerem que uma compreensão adequada da imagem
corporal na gestação pode promover uma gravidez mais saudável, tanto para as
mães quanto aos fetos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi compreender
os fatores que influenciam a imagem corporal no período gestacional.

DESENVOLVIMENTO

Optou-se por alcançar o objetivo desta pesquisa através de uma revisão


narrativa da literatura. Para tal, realizaram-se buscas nos períodicos American
Psychological Association (APA), EMBASE, PubMed, Scientific Eletronic Library
Online (Scielo) e Google Escolar. Utilizaram-se as palavras-chave imagem

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


74
corporal e gravidez como base para a pesquisa, combinando-as entre si a partir
do operador booleano AND, buscando-se fatores que influenciavam a imagem
corporal de grávidas. A revisão foi dividida a partir dos pontos intervenientes
da imagem corporal na gravidez destacados na literatura.

Autoaceitação

Compreende-se autoaceitação como a aceitação que o indivíduo apre-


senta em relação aos seus próprios atributos, sejam eles positivos ou negativos,
demonstrando pensamentos bons e um amor incondicional sobre o próprio
ser (MORGADO et al., 2014). Este construto envolve as atitudes positivas em
relação a si mesmo, incluindo as qualidades boas e ruins, tais como: aceitar e
apreciar o próprio corpo como ele é, entender e respeitar as próprias limitações
e não se incomodar com opiniões negativas dos outros (MORGADO et al., 2014).
Relaciona-se a capacidade dos indivíduos avaliarem adequadamente seus atri-
butos eficientes e ineficientes, aceitando os aspectos negativos e valorizando
os positivos (WILLIAMS; LYNN, 2010).
Morgado et al. (2014) indicam que níveis mais elevados de autoaceita-
ção se relacionam a uma imagem corporal positiva na gestação. Meireles et al.
(2021a) detectaram uma maior valorização corporal, autoestima e satisfação
corporal nas grávidas que apresentavam maior autoaceitação. Já Fahami, Ami-
ni-Abchuyeh e Aghaei (2018) indicaram que o bem-estar proporcionado pela
autoaceitação da gestação cria um ciclo positivo para a imagem corporal, tor-
nando a gestação um momento aceitável e agradável para a mulher, apontando,
portanto, a autoaceitação como um fator preditor de bem-estar psicológico na
gestação. Da mesma forma, Meireles et al. (2020) indicam que as mulheres
que possuem uma maior capacidade de valorização das informações positivas
a seu respeito e discernimento em lidar com informações negativas recebidas
de pessoas próximas ou da mídia, apresentam uma maior autoaceitação e,
consequentemente, um maior bem-estar psicológico.

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Consciência interoceptiva

A interocepção é um processo ao qual o sistema nervoso sente, interpreta


e integra sinais internos do organismo, tais como sentir a respiração, as sensa-
ções gástricas, os batimentos cardíacos, o calor, a dor e o prazer (CRAIG, 2002)
e sua função fisiológica é controlar a estabilidade do organismo (BERNTSON;
CACIOPPO; QUIGLEY, 1993). Já a consciência interoceptiva somente ocorre,
de acordo com Salvador et al. (2020), caso essas percepções aconteçam de
maneira consciente.
Devido ao crescimento do feto e as diversas alterações biopsicossociais,
o período gestacional propicia as gestantes um momento de maior atenção aos
sinais internos do organismo, como por exemplo a sensação do bebê chutando a
barriga, podendo favorecer positivamente o processo de adaptação às mudanças
corporais neste período (CLARK et al., 2009). Crossland, Kirk e Preston (2022)
acrescentam que os sinais interoceptivos podem variar ao longo da gestação.
Em relação à imagem corporal, a literatura demonstra uma relação entre
a consciência interoceptiva e alterações na imagem corporal (BEHAR; VAR-
GAS. CABRERA, 2011; TODD et al., 2019; TODD et al., 2019b; KIRK; PRESTON,
2019). Kirk e Preston (2019) demonstraram uma relação entre a consciência
interoceptiva e a satisfação corporal, concluindo que experimentar o corpo
mais seguro e confiável está relacionado a uma maior aceitação das mudanças
corporais da gestação. Logo, confiar em seu corpo para crescer e nutrir o feto
é necessário e importante para uma experiência corporal positiva na gestação
(KIRK; PRESTON, 2019).

Vínculo materno-fetal

Schmidt e Argimon (2005) indicam que a vinculação significa formar,


potencializar e conservar laços afetivos durante a vida. Em relação ao vínculo
materno-fetal, Condon (1993) a define como o desenvolvimento, por parte dos
pais, de sentimentos pelo bebê, ao longo da gestação. Condon (1993) ainda
aponta que almejar ter conhecimento sobre o feto, buscar prazer na interação
com ele, desejar protegê-lo e atender suas necessidades são indicadores da
presença e da intensidade da vinculação entre os pais e o bebê.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


76
Muller e Mercer (1993) definiram vinculação pré-natal como uma relação
afetiva única, desenvolvida entre a mãe e o feto, que aumenta no decorrer da
gestação. Salysbury et al. (2003) acrescentam que esta vinculação é baseada
em representações cognitivas do feto e são manifestadas através de afeto e
cuidados com o bebê, tendendo a aumentar a partir dos primeiros movimentos
do feto (PICCININI et al., 2008).
A literatura apresenta alguns fatores que influenciam na qualidade desta
vinculação. Klauss, Kennel e Klauss (2000) apontam que o planejamento da
gestação, bem como atitudes de falar com o feto, dar-lhe um nome, acariciar a
barriga e incentivar o parceiro a realizar tais ações, são comportamentos que
favorecem uma maior vinculação materno-fetal. Já a idade é apontada como
um fator determinante, a qual mulheres com idade superior a 35 anos, tendiam
a apresentar uma menor vinculação em comparação a gestantes mais jovens
(MALM et al., 2016). O número de filhos também é um fator interveniente na
vinculação materno-fetal, com gestantes primíparas tendendo a desprender
mais tempo na vivência da gravidez e na relação com o feto e, consequente-
mente, apresentando uma maior vinculação (BORGES, 2019; MALM et al., 2016).
Chimuco (2017) cita que conflitos e falta de união entre casais resultam em uma
vinculação menor, enquanto Chang, Chao e Kanney (2006) e Kirk e Preston (2019)
apontam que uma uma boa relação entre a mãe e o feto tendem a apresentar
um melhor sentimento em relação ao corpo grávido e, consequentemente, uma
imagem corporal positiva.

Satisfação conjugal

Olson (1991) apresenta três dimensões para análise da dinâmica familiar


e conjugal: a coesão, que pode ser explicada como o grau de ligação entre os
membros conjugais; a adaptabilidade, que se refere à capacidade de se adap-
tar a mudanças; e a comunicação, entendida como a interação comunicativa
entre o casal e que interfere nas outras dimensões. O surgimento de novas
demandas pode exigir do casal uma reelaboração da imagem que se tem de si
mesmo, do outro e do próprio relacionamento conjugal, alterando a forma de se
relacionar (BERTHOUD, 2002). A satisfação conjugal pode ser compreendida
como uma atitude relacionada a aspectos do cônjuge e da interação entre eles

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(DELA COLETA, 1989; PICK DE WEISS; ANDRADE, 1988), sendo determinada
pelo equilíbrio entre o custo e o benefício no relacionamento (ARIAS; HOUSE,
1998). Fatores estressantes podem interferir na qualidade do relacionamento.
Bradt (1995) indica que a transição para a parentalidade é considerada como
um dos fatores mais estressantes na vida do casal. Essa alteração de configu-
ração familiar, com o surgimento de um novo membro, pode afetar dimensões
importantes da relação conjugal, tal como a intimidade, a comunicação e o sexo
(BRADT, 1995). Twenge, Campbell e Foster (2003) complementam dizendo que
a existência de filhos pode resultar em restrições de liberdade.
Ademais, a gravidez é exatamente o período em que os casais se pre-
param física e psicologicamente para todas as mudanças e o apoio afetivo e
emocional do cônjuge pode predizer uma melhor satisfação corporal (MELTZER;
MCNULTY, 2010). A satisfação conjugal é, portanto, um elemento importantís-
simo em termos sociais e de saúde mental. Os autores ainda observaram que
a insatisfação conjugal aumentou em 35% a possibilidade de adoecimento
devido ao fato de os indivíduos apresentarem uma irritação crônica, estresse
físico e emocional, afetando, assim o funcionamento do sistema imunológico
(GOTTMAN; SILVER, 2000).
Além disso, pesquisas demonstram que a relação conjugal intervém na
imagem corporal das mulheres. Alguns autores observaram que mulheres menos
satisfeitas com seus corpos apresentam menores níveis de satisfação conjugal
(FRIEDMAN et al., 1999; KIRK; PRESTON, 2019). Watson et al. (2016) afirmam
que se deve levar em consideração o papel único dos parceiros na construção
do corpo e da imagem corporal durante a gravidez. Os autores demonstraram
que parceiros que encorajaram as mulheres em relação às mudanças que
vinham ocorrendo e davam feedbacks positivos em relação aos corpos grávidos
reforçavam a satisfação corporal (WATSON et al., 2016). Kirk e Preston (2019)
indicam que maiores índices de qualidade no relacionamento estão relacionados
a um melhor sentimento em relação ao corpo grávido.

Ansiedade e depressão

De acordo com o Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (APA,


2014), ansiedade é um estado emocional responsável por adaptar o organismo

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78
a situações de perigo. A ansiedade, segundo D’el Rey (2005), é uma resposta
normal para diversos acontecimentos da vida, sendo um sentimento vital que se
caracteriza pela tensão, preocupação, nervosismo, inquietude interna e medo.
Entretanto, seus níveis exacerbados podem desencadear problemas nesta
capacidade adaptativa, tornando-se patológica quando o indivíduo apresenta
insegurança, antecipação apreensiva, dificuldades em se adaptar ao ambiente e
sintomas de sofrimento, deixando de representar uma resposta correta ao estí-
mulo que se apresenta (APA, 2014). Devido às diversas alterações advindas da
gestação, as mulheres podem desenvolver ou intensificar essas psicopatologias.
Entre as principais causas estão as mudanças rápidas advindas da gestação,
ausência de suporte social, ser mãe solteira, violência doméstica, menor nível
econômico e educacional (FERNANDES; SÁ, 2019).
Em relação à ansiedade, Cavaleiro (2011) afirma que ela é extremamente
frequente na gravidez, variando de mulher para mulher de acordo com suas
experiências e características. A autora ainda sugere que esta ansiedade
ocorre devido à necessidade de adaptação e às exigências que o período
impõe (CAVALEIRO, 2011). Piccinini et al. (2008) citam que a proximidade do
parto pode trazer instabilidade emocional, medo e ansiedade para a grávida,
além da necessidade de reajustar os papéis e condições exercidas, tal como
relacionamento conjugal, situação socioeconômica e atividades profissionais.
Além disso, Clark et al. (2009) afirmam que a imagem corporal desempenha
um papel fundamental no desenvolvimento de depressão perinatal. Gestantes
com sintomas de distúrbios psicológicos podem apresentam maior risco de
pré-eclâmpsia, diabetes mellitus gestacional, maior predisposição ao con-
sumo de álcool e tabaco e aborto autoinduzido e baixa adesão às consultas
pré-natais (FERNANDES; SÁ, 2019), maior incidência de depressão pós-parto
(SWEENEY; FINGERHUT, 2013) e piores hábitos alimentares (MEIRELES et al.,
2017). Sobre os efeitos para o bebê, destacam-se prematuridade e baixo peso
ao nascer (FERNANDES; SÁ, 2019). Meireles et al. (2017) indicaram, ainda, que
a depressão seria um preditor de sentimentos negativos sobre o corpo. No que
concerne aos efeitos da ansiedade na gestação e suas consequências para o
feto, Hasanjanzadeh e Faramazi (2017) apontam para possíveis más formações
craniofaciais, deficiências cardíacas ou anomalias congênitas neonatais. Além
disso, há a possibilidade de nascimento pré-maturo e com baixo peso (BROWN;

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RANCE; WARREN, 2015; HASANJANZADEH; FARAMAZI, 2017). Assim como
a depressão, a ansiedade também predispõe a gestante a comportamentos
de risco, tais como ingestão de álcool, tabagismo e falhas nos procedimentos
médicos prénatais (LITTLETON; BREITKOPF; BERENSON, 2007).
Enquanto alguns estudos apontam fatores responsáveis pelo aumento
do nível de ansiedade em gestantes, como por exemplo, transtorno alimentar
(SANTOS, 2015), multigestação (SCHIAVO; RODRIGUES; PEROSA, 2018), tri-
mestre gestacional (DOMINGUES et al., 2020), imagem corporal negativa e IMC
(CAVALEIROS, 2011), outros estudos descrevem fatores protetivos na gestação,
que tendem a reduzir o nível de ansiedade, como por exemplo: melhor apoio social
(CARVALHO; BENINCASA, 2019), casamento (ALVES; DE SIQUEIRA; PEREIRA,
2018) e exercício físico (VIEIRA; PORCU; ROCHA, 2007). Especificamente em
relação à depressão, Rawahi et al. (2020) apontam que a depressão na gestação
tem efeitos prejudiciais na saúde da mãe e do bebê, além de estar associada a
vários problemas para as mulheres. Entre eles, destacam-se risco aumentado de
pré-eclâmpsia (MELVILLE et al., 2011), maior incidência de cesariana (RAWAHI
et al., 2020), maior necessidade de analgesia peridural durante o parto, idea-
ção suicida (MELVILLE et al., 2011) e desenvolvimento de depressão pós-parto
(RAWAHI et al., 2020). Além disso, Bind et al. (2021) indicam que gestantes que
apresentam depressão pré-natal tendem a ter uma diminuição na qualidade
de interação com o bebê após o nascimento. Os tratamentos farmacológicos
e fitoterápicos são os mais utilizados no combate aos sintomas de ansiedade
e depressão, seguidos das terapias (FLECK et al., 2009). Entretanto, Camacho
et al. (2006) constataram que gestantes que tomavam antidepressivos antes
da gravidez interrompiam o seu uso ao descobrirem a gestação com receio de
riscos ao feto, levando a recaídas da doença.

Atividade física na gestação

Compreende-se atividade física como qualquer movimento corporal volun-


tário, produzido pelos músculos esqueléticos, que demande gasto energético
acima do repouso. O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG,
2020) e a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) recomendam que todas
as mulheres que iniciam sua gestação com um estilo de vida saudável (exercício

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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físico, boa alimentação e sem tabaco) sejam incentivadas a manterem os seus
hábitos saudáveis. Isso porque a adoção de hábitos saudáveis proporciona
benefícios ao desenvolvimento do bebê (ACOG, 2020; OMS, 2020). Além disso,
devem ser considerados treinamentos resistidos e de fortalecimento do assoalho
pélvico (ACOG, 2020; OMS, 2020).
As diversas alterações que a mulher sofre no decorrer da gestação devem
ser levadas em conta no momento de prescrição dos treinamentos (ACOG, 2020).
Mesmo com as alterações sistêmicas do organismo, a reserva circulatória para
sustentar o feto e a gestante é mantida. Entretanto, considera-se importante
não prescrever exercícios em posição supinada a partir da 16ª à 20ª semana
de gestação, pois há possibilidade de compressão da artéria aorta e da veia
cava e consequente diminuição do retorno venoso, levando a uma hipotensão
(FERNANDES; SÁ, 2019; ACOG, 2020). Importante ressaltar que o treinamento
aeróbio aumenta a capacidade aeróbia das gestantes (ACOG, 2020; CUN-
NINGHAM et al., 2021). Outro ponto que merece destaque são as vestimentas
e a hidratação, a fim de evitar hipertermia e desidratação. Além dos cuidados
citados acima, gestantes que apresentarem contraindicações devem evitar o
exercício físico ou os praticarem com maior precaução e maior acompanha-
mento profissional (ACOG, 2020). Caso a gestante apresente algum sintoma
durante a prática do exercício, tais como: sangramento vaginal, dor abdominal,
contrações dolorosas e regulares, vazamento de líquido amniótico, dispneia
antes do esforço, tontura, dor de cabeça, dor no peito, fraqueza muscular que
afete seu equilíbrio, dor ou inchaço nas panturrilhas, o treinamento deverá ser
interrompido imediatamente (ACOG, 2020). Apesar dos riscos, são diversos
os benefícios do exercício físico na gestação e estes devem ser incentivados
sempre que possíveis. Destacam-se uma menor incidência de ganho de peso
gestacional excessivo, de diabetes mellitus gestacional, de problemas hiper-
tensivos, de nascimentos prematuros, de cesáreas, de o bebê nascer com baixo
peso, de apresentar hipertensão arterial gestacional ou pré-eclâmpsia, além de
uma maior incidência de parto vaginal (ACOG, 2020). Além disso, a prática do
exercício físico regular pode melhorar ou manter a aptidão física, diminuir as
possíveis dores nas costas, reduzir o risco de depressão, melhorar a capacidade
de a gestante realizar suas atividades cotidianas e promover o desenvolvimento

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humano e bem-estar, auxiliando as grávidas a desfrutarem de uma vida plena
com melhor qualidade de vida (BRASIL, 2021).
Outro ponto importante e que merece destaque em relação à atividade
física na gestação é que ela pode impactar à imagem corporal das mulheres
grávidas (THOMPSON, 2001). Thompson (2001) e Sun et al. (2018) afirmam que
o exercício físico auxilia a neutralizar a insatisfação corporal, além de promo-
ver maior aceitação do corpo. Ademais, o exercício físico diminui os impactos
causados e ainda ajudam a promover a melhora da autoestima, da imagem
corporal e da aceitação do seu novo corpo (FERRAZ et al., 2021). Tang, Tiggeman
e Hainer (2022) apontam que, embora as mídias sociais tendam a aumentar
a inspiração da mãe em ser fisicamente ativa, ela tende a aumentar a insatis-
fação corporal e o comportamento alimentar inadequado. Ademais, Sun et al.
(2018) encontraram resultados positivos para o efeito do exercício físico para
a imagem corporal positiva. A gestação é, portanto, o momento oportuno para
conscientizar as mulheres sobre a importância da promoção da saúde (ACOG,
2020). Para isso, torna-se fundamental conscientizar as futuras mamães e os
profissionais da saúde sobre a importância e os benefícios do exercício físico
na gestação (FERNANDES; SÁ, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestação é um momento especial na vida da mulher, mas que promove


diversas alterações biopsicossociais. Apesar do ganho de peso e do tamanho
do corpo serem considerados saudáveis, essas alterações são vividas pelas
gestantes de diferentes formas, afetando as relações com seus corpos. A ges-
tação provoca alterações biopsicossociais importantes na vida da mulher em
um curto espaço de tempo, que faz com que ela reavalie seu corpo, podendo
desencadear distúrbios, tanto para sua saúde quanto para a do bebê.
Como a imagem corporal é multidimensional, torna-se importante incluir
em pesquisas, uma ampla gama de fatores que possam influenciar o público
analisado. Logo, os achados deste estudo apresentam uma diversidade de
dimensões apresentadas, fazendo-se necessário conhecer os diversos fatores
intervenientes na imagem corporal de gestantes, de modo a auxiliar no atendi-
mento e no tratamento de possíveis distúrbios de imagem corporal na gestação.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


82
Assim, conclui-se que, a partir da compreensão adequada da imagem
corporal neste público, os profissionais da saúde podem auxiliar e adotar pos-
turas que previnam eventuais adversidades durante a gravidez. A compreensão
adequada dos fatores que intervém na imagem corporal pode amenizar as pres-
sões sofridas pela gestantes, tornando o processo gestacional mais saudável
para as mães e bebês.

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Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


86
06

IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A


INCONTINÊNCIA URINÁRIA - REVISÃO
SISTEMÁTICA

Glaucineide Araújo Nunes de Souza


(iNSPIRAR)

Fabiana Coalho Lino Marchesi


(iNSPIRAR)

Loraine Laisa Gonçalves Mazeto


(iNSPIRAR)

Erica Feio Carneiro Nunes

Gustavo Fernando Sutter Latorre

Artigo original publicado em: 2021 - Rev. Kinesis, Santa Maria - ISSN: 2316-5464
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais -
Lei 9610/98.

' 10.37885/231014772
RESUMO

O objetivo deste estudo foi discutir o impacto da atividade física sobre a incon-
tinência urinária feminina. Foi realizada uma revisão sistemática de ensaios
clínicos, usando as bases de dados PUBMED, LILACS, PEDro e Scielo. Utilizou-se
os descritores atividade física, esporte, incontinência urinária e mulheres para
a busca. Foram incluídos estudos publicados entre 2005 e 2017, sendo excluí-
dos ensaios em cobaias e duplicados nas bases. Os resultados mostraram que
atividades de alto impacto estão relacionadas à incontinência urinária. A maior
prevalência foi em praticantes de Jump de 25 a 76%. A prevalência geral de
incontinência urinária em praticantes de atividade física ou desporto oscilou
de 12,5 a 76%. Desta forma, conclui-se que a prática de atividade física impacta
negativamente sobre o assoalho pélvico, e atividades de alto impacto são for-
temente correlacionadas à incontinência urinária.

Palavras-chave: Incontinência Urinária, Mulheres, Exercício.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


88
INTRODUÇÃO

A incontinência urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de


Continência como qualquer perda involuntária de urina. Os fatores de risco
para IU são: idade avançada, obesidade, gestação, parto vaginal com lesão de
nervos periféricos, de fáscias e de ligamentos, deficiência estrogênica (meno-
pausa), tabagismo, doenças do colágeno, fragilidade do tecido conjuntivo e dos
músculos do assoalho pélvico, neuropatias e histerectomia prévia (BARROS;
LUCENA; ANSELMO, 2007).
Na última década, a IU tem sido um problema muito comum entre mulheres
nulíparas, jovens e praticantes de atividade física (MARTINS et al., 2017), pois
exercícios físicos que exigem bastante esforço físico e demandam alto impacto
podem acarretar em incontinência urinária de esforço (IUE) (CAETANO; TAVA-
RES; LOPES, 2007). Dessa forma, o exercício físico se transforma em um fator
de risco para a IUE em mulheres atletas, principalmente aquelas que não têm
histórico de partos e gestações.
A IU durante a atividade esportiva em atletas de elite apresenta uma
incidência que varia de 0% (golfe) a 80% (trampolim) (ALMEIDA et al., 2011).
Ocorre com maior frequência entre jovens que realizam alguma atividade que
envolvem longos saltos, pois apresentam alto impacto e causam maior pressão
sobre a musculatura de assoalho pélvico (MAP) (ARAUJO et al.,2015).
Algumas teorias tentam esclarecer a etiologia da IUE em mulheres
atletas: 1) apesar das atletas apresentarem MAP fortalecida, o exercício físico
intenso poderia causar a elevação da pressão abdominal, predispondo a IUE;
2) as atletas apresentam sobrecarga, estiramento e enfraquecimento da MAP;
3) a amenorreia hipotalâmica, decorrente da intensa atividade física, distúrbios
alimentares ou a associação de ambos, devido à diminuição dos níveis de
estrogênio, também poderia favorecer o surgimento da IUE nessas mulheres
(ARAÚJO et al., 2008); 4) atividades de alto impacto podem afetar o processo
de continência devido ao aumento da quantidade de força transmitida para a
MAP (PATRIZZI et al., 2014).
Considerando a importância de se trabalhar a musculatura do assoalho
pélvico em mulheres fisicamente ativas para evitar o surgimento de IU, esta

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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revisão tem como objetivo discutir o impacto da atividade física sobre a incon-
tinência urinária feminina, por meio de uma revisão sistemática.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática, construída a partir do levantamento


em bancos de dados eletrônicos da Scientific Electronic Library Online (SciELO),
National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed) Litera-
tura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Physio-
therapy Evidence Database (PEDro). Utilizaram-se os descritores incontinência
urinária, mulheres e exercícios físicos, bem como suas variantes em inglês e
respectivas associações.
Foram incluídos estudos publicados no intervalo compreendido entre
2005 a 2017, que, de alguma forma, cruzaram dados sobre incontinência
urinária e alguma atividade física em mulheres. Foram excluídos estudos em
animais e em homens.
O processo de seleção foi conduzido por duas pesquisadoras inde-
pendentes, e as divergências resolvidas em reunião de consenso. Os estudos
encontrados foram selecionados pelo título, em seguida, pelo resumo e, por
fim, pelo texto na íntegra, e classificados em uma tabela por autor, ano, tipo de
incontinência urinária e tipo de atividade física. O escore PEDro de cada estudo
foi apresentado entre colchetes e após a identificação do autor principal e ano,
na próxima sessão, de resultados.
As buscas eletrônicas nas bases de dados Pubmed, LILACS, PEDro e
Scielo, perfizeram um total bruto de 3564 artigos, com 2030 artigos na base
Pubmed, 882 na LILACS, 610 na PEDro e 42 na base Scielo. Entretanto, após
aplicados os critérios de elegibilidade do estudo, foram selecionados 8 artigos
para compor a presente revisão

RESULTADOS

Foram selecionados 8 artigos para compor a presente revisão (Figura


1). Os artigos são apresentados com a nota obtida na escala PEDro entre colchetes.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


90
Figura 1. Fluxograma com o processo de seleção, inclusão e exclusão dos artigos primários.

Fonte: dos autores.

Araújo et al. (2008) [3/10], estudaram a função urinária de 37 corredoras


de longa distância, que perfaziam treinos diários de pelo menos uma hora e
que participavam de competições regulares. As corredoras realizaram pad test
e completaram os questionários International Consultation on Incontinence
Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF), que avalia os sintomas de IU, e o Eating
Attitudes Test (EAT-26), sobre hábitos alimentares. Ao final do estudo, consta-
tou-se que 23 atletas (62,2%) apresentaram queixas de perda de urina, sendo
que cerca de 60,9% delas apresentavam IU durante o treino e 65,2% perdiam
urina durante a competição.
Almeida e Machado (2012) [3/10] estudaram 32 voluntárias de um grupo
de mulheres praticantes de jump. As mesmas responderam ao questionário

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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sobre histórico obstétrico e rotinas da atividade física e ao questionário ICIQ-
-SF. Houve relatos de perda urinária por 37,5% das entrevistadas, em que as
praticantes da atividade três ou mais vezes na semana apresentaram 2,45 mais
chances de apresentar IU.
Fozzatti et al. (2012) [6/10] avaliaram 488 atletas divididas em dois grupos.
Para a avaliação, foram utilizados ICIQ-SF, e um questionário específico sobre
a atividade física, com tipo e frequência de exercício e a relação entre a perda
de urina e a atividade. O primeiro grupo com atletas de diversas modalidades
esportivas, dentre elas caminhada, corrida, ginástica abdominal, jump, ciclismo,
exercícios localizados, step, alongamento, hidroginástica, Pilates, musculação
e natação; o segundo grupo com mulheres que não frequentavam acade-
mias. Ao final, 24,6% das mulheres que praticavam atividades físicas avaliadas
relataram IU. O jump foi a atividade que mais levou a perda de urina (25%).
Patrizzi et. al. (2014) [5/10] dividiram 108 atletas de faixa etária de 18 a 30
anos, nulíparas, praticantes de exercícios físicos com frequência de três dias
ou mais por semana e duração de no mínimo uma hora, em três grupos: G1 de
musculação, G2 de exercício aeróbico e G3 de natação, avaliando a função uri-
nária por um questionário desenvolvido pelas autoras. A perda urinária esteve
presente nas mulheres questionadas durante a prática de exercício físico com
percentual de 42,5%. Evidenciaram-se maiores queixas de IU no G1, quando
comparado com o G3 (p=0,01). Os resultados sugerem maior proporção de IU em
praticantes de musculação, quando comparadas a praticantes de exercícios
aeróbicos (p=0,09) e, não houve diferença estatística (p=0,12) entre as prati-
cantes de exercícios aeróbicos, quando comparadas às praticantes de natação.
Roza et al. (2015) [6/10] investigaram 386 estudantes com idade entre
14 e 33 anos, divididas em quatro grupos, G1: mulheres sedentárias ou que
praticavam de 0 a 30 minutos por semana, consideradas fisicamente inativas;
G2: mulheres praticantes de atividade física moderada com variação de 31 a
180 minutos de exercícios por semana; G3: estudantes de educação física que
praticavam de 181 a 420 minutos de exercícios por semana; e G4: atletas pro-
fissionais que praticavam de 421 a 940 minutos por semana, tendo como base
as recomendações dos critérios do Colégio Americano de Medicina Esportiva
(ACSM). Todas elas realizavam diferentes disciplinas esportivas, como o trampo-
lim, futebol, handebol, natação, voleibol, atletismo e artes marciais. Para avaliar

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


92
os sintomas de IU, os autores utilizaram um questionário composto por 13 itens
para análise das características sociodemográficas, história médica, obstétrica,
e o questionário ICIQ-SF. Ao final do estudo, 19,9% das participantes relataram
perda de urina, para todos os grupos. A perda urinária foi mais frequente nas
atletas profissionais, que apresentaram um risco relativo 2,53% maior, quando
comparadas com mulheres que não praticavam atividade física. Ao comparar
as atletas com as mulheres que praticavam atividade moderada, o risco foi 0,8%
maior para as atletas, que também apresentaram risco 1% maior na prevalência
de IU quando comparadas às estudantes de educação física.
Roza et al. (2015) [3/10], analisaram 22 atletas do sexo feminino durante o
campeonato nacional Português de trampolim. Antes da competição, foi realizado
um questionário com duas sessões de questões, uma relacionada com a vida
esportiva das voluntárias, dados antropométricos, menarca, escolaridade, fase
da vida em que apareceram os sintomas de IUE e rotina de treino no trampolim;
e outra sessão com o ICIQ-SF. Ao término da competição foi estabelecida a
relação entre perda urinária e a classificação das atletas de elite, levando em
consideração que as esportistas com melhor pontuação são as que passam por
treinos mais desgastantes. A atividade física foi dividida em tercis de volume de
treino (horas de treino por semana x anos de prática). Ao final, cerca de 72,7%
das participantes informaram ter perda de urina durante a prática de jump
sendo descrito que os episódios de perda começaram após o início desse tipo
de prática desportiva.
Araújo et al. (2015) [6/10] estudaram a função urinária de 93 mulheres,
dentre as 49 atletas e 44 sedentárias. As atletas eram praticantes de basquete,
ginástica olímpica e corrida de longa distância. As sedentárias realizavam
no máximo 150 minutos por semana de atividades moderadas ou vigorosas.
Para as medidas, os autores utilizaram o ICIQ-SF. Os resultados evidenciaram
a prevalência de incontinência urinária nas atletas de 76%, contra 16% nas
sedentárias (p=0,005).
Finalmente, Rosa et al. (2016) [4/10] estudaram 59 mulheres, praticantes
de jump por um período de cerca de cinco meses e com frequência semanal de
três vezes na semana. Para as medidas, utilizaram o King’s Health Questionnaire,
com o objetivo de avaliar o impacto da IU na qualidade de vida. Houve uma
prevalência de 66,1% de incontinência urinaria nas mulheres estudadas. Quanto

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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à qualidade de vida, os autores descreveram que, quanto maior o período da
atividade física, menor a percepção total de saúde (r = 0,340; p < 0,05). Ainda,
a prática do jump aumentou as restrições funcionais em atividades de vida
diária (r = 0,368; p < 0,05) e a restrição física (r = 0,328; p < 0,05). Também, os
autores verificaram que atletas praticantes da modalidade por mais de 3 meses
aumentaram o risco de IU em 13,38 vezes, corroborando as observações de que,
quanto maior período de pratica física, menor a qualidade de vida em mulheres
com perdas urinárias aos esforços.

DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou discutir o impacto da atividade física sobre


a IU feminina. De modo geral, a prática desportiva esteve associada à IU nos
estudos. As modalidades descritas foram natação, musculação, caminhada,
corrida, ginástica abdominal, jump, ciclismo, exercícios localizados, step, alon-
gamento, hidroginástica, pilates, futebol, handebol, natação, voleibol, atletismo,
artes marciais, basquete, ginástica olímpica e corrida de longa distância. Dentre
elas, a modalidade que apresentou maior prevalência de IU foi o jump com
prevalência oscilando entre 25 e 76%.
Fozzatti et al (2012) estudaram a ocorrência de IU em 488 mulheres
divididas entre as que praticavam academia e as que praticavam esporte,
observando que a frequência de IU no jump foi de 25%, seguida de step 23,3%,
corrida 19,5%, abdominal 16,1%, exercício localizado 15,1%, hidroginástica 14,3%,
musculação 14%, alongamento 13,2%, caminhada 12,1%, bicicleta 10,1%, natação
7,1% e pilates 5,6%. Ressalta-se que a maioria de mulheres eram jovens (média
de 25,68 anos no grupo de esporte e 22,8 anos no grupo academia).
Quanto ao tipo de IU, o mais comumente descrito em desportistas é a IU por
esforço, seguida de IU mista e IU de urgência (Roza et al., 2015). As modalidades
de esporte que incluem salto, como o jump, são as atividades físicas que impac-
taram negativamente a função urinária. Essa observação poderia ser explicada
pelo fato de que as contrações dos músculos do assoalho pélvico, por repetição,
causadas pelo impacto, afetariam negativamente a função do assoalho pélvico,
cuja consequente falência desencadearia disfunções sobre as três funções
fisiológicas: evacuatória, sexual e urinária. De fato, atividades classificadas

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


94
como alto impacto apresentam maiores chances de escapes urinários, dentre
estas o jump, o atletismo e a ginástica, uma vez que as forças de reação do solo
no decorrer do pouso vertical máximo podem atingir 16 vezes a carga corporal
da praticante. Por esse motivo, modalidades envolvendo o salto são correla-
cionadas a maiores prevalências de IU (MARTINS et al., 2017). Em diferentes
atividades esportivas, a força de impacto corresponde de três a quatro vezes o
peso corporal durante a corrida; em pulos, cerca de 5 a 12 vezes; e de 9 vezes
durante a realização de salto com vara (ALMEIDA et al., 2011).
Atualmente, devido à prática de atividade física estar se tornando mais
frequente na vida das mulheres, as elevações bruscas da pressão intra-abdominal
relativas à essas modalidades desportivas pode ser um fator de ameaça para o
surgimento de IU de esforço (REIS et al., 2011). Por isso, estratégias preventivas
devem ser traçadas e implementadas, visando esses grupos de risco específicos,
formados por mulheres que praticam atividades de impacto.
O exercício físico promove melhoria na saúde em geral e na qualidade de
vida; por outro lado, o esporte, que visa não à saúde, mas ao resultado, focado,
portanto, no rendimento, pode gerar consequências para a saúde, tanto pelo
excesso de carga, quanto pelos mecanismos de repetição gestual (ROZA, 2011).
São descritas diversas lesões associadas ao desporto de rendimento. Par-
ticularmente, as disfunções do assoalho pélvico têm sido relatadas recentemente
em mulheres atletas. Embora essa disfunção ocorra com mais frequência em
mulheres com idade mais avançada, alguns estudos mais recentes têm citado a
perda involuntária de urina em atletas nulíparas e jovens. Isso acontece com maior
prevalência em esportes que envolvem atividades de alto impacto, por exemplo
a ginástica, o atletismo e alguns jogos desportivos (ROZA, 2011). Os dados da
presente revisão corroboram esta inquietude presente na literatura, tornando
urgente, mais uma vez, a implementação de estratégias preventivas específicas.
A IU causa restrições na vida social das mulheres acometidas, como o
abandono ou a diminuição das atividades físicas, e mesmo atividades em geral,
como frequentar lugares públicos, viajar e visitar amigos, dentre várias outras
atividades de lazer. Isso acontece pelo constrangimento que a IU causa, além
do medo relacionado ao estar “suja de urina”.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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Como limitação, aponta-se a carência de estudos epidemiológicos sobre
o tema, uma vez que esta revisão teve de ser construída sobre os oito estudos
hoje disponíveis, mesmo lançando mão de critérios de seleção amplos.
Deste modo, o presente conhecimento e estado da arte abrem importante
horizonte de prevenção para mulheres que praticam atividades desportivas,
especialmente aqueles exercícios relacionados ao impacto, além de forne-
cer as melhores ferramentas da atualidade para o tratamento de possíveis
sequelas já instaladas, por conta da falência do assoalho pélvico, relacionada
à prática desportiva.

CONCLUSÃO

Modalidades desportivas de alto impacto, em especial atividades com


salto, estão relacionadas com a queixa de perda de urina. A IU gera sentimen-
tos de medo, vergonha e constrangimento, consequentemente tendendo ao
isolamento social as pessoas que sofrem desse acometimento. Nas praticantes
de atividade física, soma-se ainda a queda no rendimento ou até mesmo o
abandono da prática desportiva.
Apesar da relevância social do tema, são escassos os estudos longitu-
dinais a respeito das disfunções do assoalho pélvico em mulheres atletas, e,
considerando a amplitude dos impactos sobre a saúde e qualidade de vida
dessa população, bem como a qualidade metodológica de média para baixa
dos estudos presentes, novos estudos nesse sentido se fazem urgentes.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. B. A. et al., Disfunções de assoalho pélvico em atletas. Revista FEMINA, vol.39, n.8,
pág. 395-402, 2011.

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Urinária? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, vol.21, n.6, 2015.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


96
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de incontinência urinária. Fisioterapia Brasil, vol.13, n.6, pág.67-72, 2012.

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treino? Uma revisão sistemática. Revisa Brasileia de Medicina do Esporte. vol. 23, n.1, 2017.

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Brasileira Ciência e Movimento, vol.22, n.3, pág.105-110, 2014.

REIS, A. O. et al., Estudo comparativo da capacidade de contração do assoalho pélvico em atletas de


voleibol e basquetebol. Revista Brasileira de Medicina e Esporte, vol.17, n.2, pág.97-101, 2011.

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sedentárias e mulheres que praticam atividade física. Universidade da Amazônia, Belém, Pará, 2006.

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mulheres nulíparas. Revista Salusvita, vol.24, n.2, pág. 195-206, 2005.

Como citar este artigo

SOUZA, G. A. N.; MARCHESI, F. C. L.; MAZETO, L. L. G.; NUNES, E. F. C.; LATORRE, G. F. S. Impacto
da atividade física sobre a incontinência urinária - Revisão sistemática. Revista Kinesis, Santa Maria,
v. 39, p.01-10, 2021.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


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07

IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A


INCONTINÊNCIA URINÁRIA - REVISÃO
SISTEMÁTICA

Glaucineide Araújo Nunes de Souza


Faculdade Inspirar (INSPIRAR)

Fabiana Coalho Lino Marchesi


Faculdade Inspirar (INSPIRAR)

Loraine Laisa Gonçalves Mazeto


Faculdade Inspirar (INSPIRAR)

Erica Feio Carneiro Nunes

Gustavo Fernando Sutter Latorre

Artigo original publicado em: 2021 - Rev. Kinesis - ISSN: 2316-5464


Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais -
Lei 9610/98.

' 10.37885/231014771
RESUMO

O objetivo deste estudo foi discutir o impacto da atividade física sobre a incon-
tinência urinária feminina. Foi realizada uma revisão sistemática de ensaios
clínicos, usando as bases de dados PUBMED, LILACS, PEDro e Scielo. Utilizou-se
os descritores atividade física, esporte, incontinência urinária e mulheres para
a busca. Foram incluídos estudos publicados entre 2005 e 2017, sendo excluí-
dos ensaios em cobaias e duplicados nas bases. Os resultados mostraram que
atividades de alto impacto estão relacionadas à incontinência urinária. A maior
prevalência foi em praticantes de Jump de 25 a 76%. A prevalência geral de
incontinência urinária em praticantes de atividade física ou desporto oscilou
de 12,5 a 76%. Desta forma, conclui-se que a prática de atividade física impacta
negativamente sobre o assoalho pélvico, e atividades de alto impacto são for-
temente correlacionadas à incontinência urinária.

Palavras-chave: Incontinência Urinária, Mulheres, Exercício.

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INTRODUÇÃO

A incontinência urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de


Continência como qualquer perda involuntária de urina. Os fatores de risco
para IU são: idade avançada, obesidade, gestação, parto vaginal com lesão de
nervos periféricos, de fáscias e de ligamentos, deficiência estrogênica (meno-
pausa), tabagismo, doenças do colágeno, fragilidade do tecido conjuntivo e dos
músculos do assoalho pélvico, neuropatias e histerectomia prévia (BARROS;
LUCENA; ANSELMO, 2007).
Na última década, a IU tem sido um problema muito comum entre mulheres
nulíparas, jovens e praticantes de atividade física (MARTINS et al., 2017), pois
exercícios físicos que exigem bastante esforço físico e demandam alto impacto
podem acarretar em incontinência urinária de esforço (IUE) (CAETANO; TAVA-
RES; LOPES, 2007). Dessa forma, o exercício físico se transforma em um fator
de risco para a IUE em mulheres atletas, principalmente aquelas que não têm
histórico de partos e gestações.
A IU durante a atividade esportiva em atletas de elite apresenta uma
incidência que varia de 0% (golfe) a 80% (trampolim) (ALMEIDA et al., 2011).
Ocorre com maior frequência entre jovens que realizam alguma atividade que
envolvem longos saltos, pois apresentam alto impacto e causam maior pressão
sobre a musculatura de assoalho pélvico (MAP) (ARAUJO et al.,2015).
Algumas teorias tentam esclarecer a etiologia da IUE em mulheres
atletas: 1) apesar das atletas apresentarem MAP fortalecida, o exercício físico
intenso poderia causar a elevação da pressão abdominal, predispondo a IUE;
2) as atletas apresentam sobrecarga, estiramento e enfraquecimento da MAP;
3) a amenorreia hipotalâmica, decorrente da intensa atividade física, distúrbios
alimentares ou a associação de ambos, devido à diminuição dos níveis de
estrogênio, também poderia favorecer o surgimento da IUE nessas mulheres
(ARAÚJO et al., 2008); 4) atividades de alto impacto podem afetar o processo
de continência devido ao aumento da quantidade de força transmitida para a
MAP (PATRIZZI et al., 2014).
Considerando a importância de se trabalhar a musculatura do assoalho
pélvico em mulheres fisicamente ativas para evitar o surgimento de IU, esta

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


100
revisão tem como objetivo discutir o impacto da atividade física sobre a incon-
tinência urinária feminina, por meio de uma revisão sistemática.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática, construída a partir do levantamento


em bancos de dados eletrônicos da Scientific Electronic Library Online (SciELO),
National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed) Litera-
tura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Physio-
therapy Evidence Database (PEDro). Utilizaram-se os descritores incontinência
urinária, mulheres e exercícios físicos, bem como suas variantes em inglês e
respectivas associações.
Foram incluídos estudos publicados no intervalo compreendido entre
2005 a 2017, que, de alguma forma, cruzaram dados sobre incontinência
urinária e alguma atividade física em mulheres. Foram excluídos estudos em
animais e em homens.
O processo de seleção foi conduzido por duas pesquisadoras inde-
pendentes, e as divergências resolvidas em reunião de consenso. Os estudos
encontrados foram selecionados pelo título, em seguida, pelo resumo e, por
fim, pelo texto na íntegra, e classificados em uma tabela por autor, ano, tipo de
incontinência urinária e tipo de atividade física. O escore PEDro de cada estudo
foi apresentado entre colchetes e após a identificação do autor principal e ano,
na próxima sessão, de resultados.

As buscas eletrônicas nas bases de dados Pubmed, LILACS, PEDro e Scielo,


perfizeram um total bruto de 3564 artigos, com 2030 artigos na base Pubmed,
882 na LILACS, 610 na PEDro e 42 na base Scielo. Entretanto, após aplicados os
critérios de elegibilidade do estudo, foram selecionados 8 artigos para compor
a presente revisão

RESULTADOS

Foram selecionados 8 artigos para compor a presente revisão (Figura


1). Os artigos são apresentados com a nota obtida na escala PEDro entre colchetes.

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Figura 1. Fluxograma com o processo de seleção, inclusão e exclusão dos artigos primários.

Fonte: dos autores.

Araújo et al. (2008) [3/10], estudaram a função urinária de 37 corredoras


de longa distância, que perfaziam treinos diários de pelo menos uma hora e
que participavam de competições regulares. As corredoras realizaram pad test
e completaram os questionários International Consultation on Incontinence Ques-
tionnaire - Short Form (ICIQ-SF), que avalia os sintomas de IU, e o Eating Attitudes
Test (EAT-26), sobre hábitos alimentares. Ao final do estudo, constatou-se que
23 atletas (62,2%) apresentaram queixas de perda de urina, sendo que cerca de
60,9% delas apresentavam IU durante o treino e 65,2% perdiam urina durante a
competição. Almeida e Machado (2012) [3/10] estudaram 32 voluntárias de um
grupo de mulheres praticantes de jump. As mesmas responderam ao questio-
nário sobre histórico obstétrico e rotinas da atividade física e ao questionário
ICIQ-SF. Houve relatos de perda urinária por 37,5% das entrevistadas, em que
as praticantes da atividade três ou mais vezes na semana apresentaram 2,45
mais chances de apresentar IU.
Fozzatti et al. (2012) [6/10] avaliaram 488 atletas divididas em dois grupos.
Para a avaliação, foram utilizados ICIQ-SF, e um questionário específico sobre

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


102
a atividade física, com tipo e frequência de exercício e a relação entre a perda
de urina e a atividade. O primeiro grupo com atletas de diversas modalidades
esportivas, dentre elas caminhada, corrida, ginástica abdominal, jump, ciclismo,
exercícios localizados, step, alongamento, hidroginástica, Pilates, musculação
e natação; o segundo grupo com mulheres que não frequentavam acade-
mias. Ao final, 24,6% das mulheres que praticavam atividades físicas avaliadas
relataram IU. O jump foi a atividade que mais levou a perda de urina (25%).
Patrizzi et. al. (2014) [5/10] dividiram 108 atletas de faixa etária de 18 a 30
anos, nulíparas, praticantes de exercícios físicos com frequência de três dias
ou mais por semana e duração de no mínimo uma hora, em três grupos: G1 de
musculação, G2 de exercício aeróbico e G3 de natação, avaliando a função uri-
nária por um questionário desenvolvido pelas autoras. A perda urinária esteve
presente nas mulheres questionadas durante a prática de exercício físico com
percentual de 42,5%. Evidenciaram-se maiores queixas de IU no G1, quando
comparado com o G3 (p=0,01). Os resultados sugerem maior proporção de IU em
praticantes de musculação, quando comparadas a praticantes de exercícios
aeróbicos (p=0,09) e, não houve diferença estatística (p=0,12) entre as prati-
cantes de exercícios aeróbicos, quando comparadas às praticantes de natação.
Roza et al. (2015) [6/10] investigaram 386 estudantes com idade entre
14 e 33 anos, divididas em quatro grupos, G1: mulheres sedentárias ou que
praticavam de 0 a 30 minutos por semana, consideradas fisicamente inativas;
G2: mulheres praticantes de atividade física moderada com variação de 31 a
180 minutos de exercícios por semana; G3: estudantes de educação física que
praticavam de 181 a 420 minutos de exercícios por semana; e G4: atletas pro-
fissionais que praticavam de 421 a 940 minutos por semana, tendo como base
as recomendações dos critérios do Colégio Americano de Medicina Esportiva
(ACSM). Todas elas realizavam diferentes disciplinas esportivas, como o trampo-
lim, futebol, handebol, natação, voleibol, atletismo e artes marciais. Para avaliar
os sintomas de IU, os autores utilizaram um questionário composto por 13 itens
para análise das características sociodemográficas, história médica, obstétrica,
e o questionário ICIQ-SF. Ao final do estudo, 19,9% das participantes relataram
perda de urina, para todos os grupos. A perda urinária foi mais frequente nas
atletas profissionais, que apresentaram um risco relativo 2,53% maior, quando
comparadas com mulheres que não praticavam atividade física. Ao comparar

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as atletas com as mulheres que praticavam atividade moderada, o risco foi 0,8%
maior para as atletas, que também apresentaram risco 1% maior na prevalência
de IU quando comparadas às estudantes de educação física.
Roza et al. (2015) [3/10], analisaram 22 atletas do sexo feminino durante o
campeonato nacional Português de trampolim. Antes da competição, foi realizado
um questionário com duas sessões de questões, uma relacionada com a vida
esportiva das voluntárias, dados antropométricos, menarca, escolaridade, fase
da vida em que apareceram os sintomas de IUE e rotina de treino no trampolim;
e outra sessão com o ICIQ-SF. Ao término da competição foi estabelecida a
relação entre perda urinária e a classificação das atletas de elite, levando em
consideração que as esportistas com melhor pontuação são as que passam por
treinos mais desgastantes. A atividade física foi dividida em tercis de volume de
treino (horas de treino por semana x anos de prática). Ao final, cerca de 72,7%
das participantes informaram ter perda de urina durante a prática de jump
sendo descrito que os episódios de perda começaram após o início desse tipo
de prática desportiva.
Araújo et al. (2015) [6/10] estudaram a função urinária de 93 mulheres,
dentre as 49 atletas e 44 sedentárias. As atletas eram praticantes de basquete,
ginástica olímpica e corrida de longa distância. As sedentárias realizavam
no máximo 150 minutos por semana de atividades moderadas ou vigorosas.
Para as medidas, os autores utilizaram o ICIQ-SF. Os resultados evidenciaram
a prevalência de incontinência urinária nas atletas de 76%, contra 16% nas
sedentárias (p=0,005).
Finalmente, Rosa et al. (2016) [4/10] estudaram 59 mulheres, praticantes
de jump por um período de cerca de cinco meses e com frequência semanal de
três vezes na semana. Para as medidas, utilizaram o King’s Health Questionnaire,
com o objetivo de avaliar o impacto da IU na qualidade de vida. Houve uma
prevalência de 66,1% de incontinência urinaria nas mulheres estudadas. Quanto
à qualidade de vida, os autores descreveram que, quanto maior o período da
atividade física, menor a percepção total de saúde (r = 0,340; p < 0,05). Ainda,
a prática do jump aumentou as restrições funcionais em atividades de vida
diária (r = 0,368; p < 0,05) e a restrição física (r = 0,328; p < 0,05). Também, os
autores verificaram que atletas praticantes da modalidade por mais de 3 meses
aumentaram o risco de IU em 13,38 vezes, corroborando as observações de que,

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


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quanto maior período de pratica física, menor a qualidade de vida em mulheres
com perdas urinárias aos esforços.

DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou discutir o impacto da atividade física sobre


a IU feminina. De modo geral, a prática desportiva esteve associada à IU nos
estudos. As modalidades descritas foram natação, musculação, caminhada,
corrida, ginástica abdominal, jump, ciclismo, exercícios localizados, step, alon-
gamento, hidroginástica, pilates, futebol, handebol, natação, voleibol, atletismo,
artes marciais, basquete, ginástica olímpica e corrida de longa distância. Dentre
elas, a modalidade que apresentou maior prevalência de IU foi o jump com
prevalência oscilando entre 25 e 76%.
Fozzatti et al (2012) estudaram a ocorrência de IU em 488 mulheres
divididas entre as que praticavam academia e as que praticavam esporte,
observando que a frequência de IU no jump foi de 25%, seguida de step 23,3%,
corrida 19,5%, abdominal 16,1%, exercício localizado 15,1%, hidroginástica 14,3%,
musculação 14%, alongamento 13,2%, caminhada 12,1%, bicicleta 10,1%, natação
7,1% e pilates 5,6%. Ressalta-se que a maioria de mulheres eram jovens (média
de 25,68 anos no grupo de esporte e 22,8 anos no grupo academia).
Quanto ao tipo de IU, o mais comumente descrito em desportistas é a IU por
esforço, seguida de IU mista e IU de urgência (Roza et al., 2015). As modalida-
des de esporte que incluem salto, como o jump, são as atividades físicas que
impactaram negativamente a função urinária. Essa observação poderia ser
explicada pelo fato de que as contrações dos músculos do assoalho pélvico,
por repetição, causadas pelo impacto, afetariam negativamente a função do
assoalho pélvico, cuja consequente falência desencadearia disfunções sobre as
três funções fisiológicas: evacuatória, sexual e urinária. De fato, atividades clas-
sificadas como alto impacto apresentam maiores chances de escapes urinários,
dentre estas o jump, o atletismo e a ginástica, uma vez que as forças de reação
do solo no decorrer do pouso vertical máximo podem atingir 16 vezes a carga
corporal da praticante. Por esse motivo, modalidades envolvendo o salto são
correlacionadas a maiores prevalências de IU (MARTINS et al., 2017). Em dife-
rentes atividades esportivas, a força de impacto corresponde de três a quatro

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vezes o peso corporal durante a corrida; em pulos, cerca de 5 a 12 vezes; e de
9 vezes durante a realização de salto com vara (ALMEIDA et al., 2011).
Atualmente, devido à prática de atividade física estar se tornando mais
frequente na vida das mulheres, as elevações bruscas da pressão intra-abdominal
relativas à essas modalidades desportivas pode ser um fator de ameaça para o
surgimento de IU de esforço (REIS et al., 2011). Por isso, estratégias preventivas
devem ser traçadas e implementadas, visando esses grupos de risco específicos,
formados por mulheres que praticam atividades de impacto.
O exercício físico promove melhoria na saúde em geral e na qualidade de
vida; por outro lado, o esporte, que visa não à saúde, mas ao resultado, focado,
portanto, no rendimento, pode gerar consequências para a saúde, tanto pelo
excesso de carga, quanto pelos mecanismos de repetição gestual (ROZA, 2011).
São descritas diversas lesões associadas ao desporto de rendimento. Par-
ticularmente, as disfunções do assoalho pélvico têm sido relatadas recentemente
em mulheres atletas. Embora essa disfunção ocorra com mais frequência em
mulheres com idade mais avançada, alguns estudos mais recentes têm citado a
perda involuntária de urina em atletas nulíparas e jovens. Isso acontece com maior
prevalência em esportes que envolvem atividades de alto impacto, por exemplo
a ginástica, o atletismo e alguns jogos desportivos (ROZA, 2011). Os dados da
presente revisão corroboram esta inquietude presente na literatura, tornando
urgente, mais uma vez, a implementação de estratégias preventivas específicas.
A IU causa restrições na vida social das mulheres acometidas, como o
abandono ou a diminuição das atividades físicas, e mesmo atividades em geral,
como frequentar lugares públicos, viajar e visitar amigos, dentre várias outras
atividades de lazer. Isso acontece pelo constrangimento que a IU causa, além
do medo relacionado ao estar “suja de urina”.
Como limitação, aponta-se a carência de estudos epidemiológicos sobre
o tema, uma vez que esta revisão teve de ser construída sobre os oito estudos
hoje disponíveis, mesmo lançando mão de critérios de seleção amplos.
Deste modo, o presente conhecimento e estado da arte abrem importante
horizonte de prevenção para mulheres que praticam atividades desportivas,
especialmente aqueles exercícios relacionados ao impacto, além de forne-
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sequelas já instaladas, por conta da falência do assoalho pélvico, relacionada
à prática desportiva.

CONCLUSÃO

Modalidades desportivas de alto impacto, em especial atividades com


salto, estão relacionadas com a queixa de perda de urina. A IU gera sentimen-
tos de medo, vergonha e constrangimento, consequentemente tendendo ao
isolamento social as pessoas que sofrem desse acometimento. Nas praticantes
de atividade física, soma-se ainda a queda no rendimento ou até mesmo o
abandono da prática desportiva.
Apesar da relevância social do tema, são escassos os estudos longitu-
dinais a respeito das disfunções do assoalho pélvico em mulheres atletas, e,
considerando a amplitude dos impactos sobre a saúde e qualidade de vida
dessa população, bem como a qualidade metodológica de média para baixa
dos estudos presentes, novos estudos nesse sentido se fazem urgentes.

REFERÊNCIAS
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Como citar este artigo

SOUZA, G. A. N.; MARCHESI, F. C. L.; MAZETO, L. L. G.; NUNES, E. F. C.; LATORRE, G. F. S. Impacto
da atividade física sobre a incontinência urinária - Revisão sistemática. Revista Kinesis, Santa Maria,
v. 39, p.01-10, 2021.

* O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


108
08

PEDAGOGIA DO ESPORTE NO FUTEBOL E


FUTSAL ESCOLAR: PANORAMA DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA E POSSÍVEIS
DIRECIONAMENTOS

Jairo Schantz Junior


Secretaria Municiapal de Educação de Cuiabá (SME - Cuiabá)

Ueliton Peres de Oliveira


Secretaria de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso (SEPS - MT)

' 10.37885/231014819
RESUMO

Objetivo: analisar o atual panorama da produção científica no que se refere


ao futebol e futsal escolar nas escolas municipais de Cuiabá e escolas esta-
duais de Mato Grosso. Método: Revisão integrativa da literatura nacional. Para
tratarmos os dados referentes aos resultados das pesquisas que compõem o
corpus deste estudo, utilizou-se o método da análise de conteúdo. Conclusão:
Conclui-se, que vários pontos devem ser levados em consideração por profis-
sionais e gestores responsáveis pelo percurso acadêmico dos estudantes. Para
melhor rendimento esportivo e global no que tange ao desempenho corporal, é
indispensável a maior relação entre faixa etária, características dos praticantes
e metodologia de ensino.

Palavras-chave: Educação Física, Escolas, Futebol, Futsal.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


110
INTRODUÇÃO

O futsal está profundamente enraizado nos contextos e currículos esco-


lares (GALATTI et al., 2017), sendo ensinado frequentemente de forma ainda
tradicional e analítica, seja no contexto escolar ou fora dele (TUBINO, 2001).
Nessa dimensão, cada um dos fundamentos é transmitido repetidamente e,
por vezes, sem que haja os componentes do jogo inseridos em sua prática
(FILGUEIRAS, 2014).
Porém, atualmente, presenciamos mudanças nos currículos e planejamen-
tos de profissionais que atuam com a modalidade. Estas mudanças pautam-se
no método global, com a inserção de características presentes no jogo, bem
como o ensino construído com táticas relacionadas a sua dinâmica (SILVA,
2018), evidenciando a necessidade de implementar ações que façam o indivíduo
raciocinar e planejar suas ações contextualizadas. De acordo com Paes (2001)
e Balbino (2005), a Pedagogia do Esporte tem sua abordagem caracterizada
a partir da pedagogia, na qual objetiva-se mais do que simplesmente repetir
movimentos, buscando uma iniciação e formação esportiva plural, livre de este-
reótipos, usando as diversas inteligências humanas. Assim, pensar na estratégia
é pensar no jogo, seja através de atividades lúdicas, jogos pré-desportivos ou
brincadeiras populares. Ainda, o processo de ensino tem foco no indivíduo, em
sua autonomia e motivações, baseando-se nos princípios pedagógicos do ensi-
nar esportes a todos, ensinar esporte bem a todos, ensinar mais que esportes
e ensinar a gostar de esportes (FREIRE, 2003). Utiliza-se o jogo para ensinar
a compreender o jogo, com ênfase na capacidade tática, para que através da
especificidade técnica alcance a resolução de tais situações.
Diante do exposto, o presente estudo justifica-se pela necessidade de
realizar discussões que se articulem aos estudos realizados no âmbito nacional
e às práticas presentes nos currículos escolares e esportivos presentes no con-
texto investigado, visando a partir desta elucidação, contribuir para a melhoria
da prática pedagógica profissional de professores, treinadores e técnicos. Neste
sentido, objetiva-se analisar o atual panorama da produção científica em relação
ao futebol e futsal no ensino fundamental de escolas municipais e estaduais de
Cuiabá e Mato Grosso.

ISBN 978-65-5360-517-6 - Vol. 2 - Ano 2023 - www.editoracientifica.com.br


111
MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica da literatura nacional. Este método


busca analisar criticamente as publicações relevantes do tema buscando atualizar
e desenvolver o conhecimento que contribuem com a pesquisa (BOCCATO, 2006)
Para tal, realizou-se entre os meses de abril e junho do ano corrente, uma
busca sistemática por artigos científicos, produzidos entre 1980 e 2023, nos
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar. Estas
bases foram escolhidas por reunirem grande quantidade de artigos acadêmicos
da área, bem como a relevância destas bases para a área acadêmica. O recorte
temporal justifica-se pelo crescente do número de publicações de estudos da
pedagogia do esporte a partir de 1980.
Inicialmente, para o levantamento do quantitativo de artigos, foram
utilizados os seguintes descritores em Ciências da Saúde (DeCS): ‘“Educação
física”, treinamento, escolas, “ensino fundamental”. A priori as buscas foram
realizadas somente com estes descritores. Em seguida, ante a incipiência de
estudos, utilizaram-se as palavras-chave: esporte, “pedagogia do esporte”, Fut-
sal, Cuiabá, “Mato Grosso”. Em sequência, foi empregado o operador booleano
‘AND’ para relacionar os descritores com as palavras-chave.
Para a escolha dos manuscritos que compuseram o corpus deste estudo,
adotou-se como critérios de inclusão os artigos completos, publicados em por-
tuguês, realizados em escolas municipais de Cuiabá e estaduais de Mato Grosso
e, que se relacionassem diretamente com panorama de estudos sobre o ensino
do futebol e futsal, partindo dos pressupostos da pedagogia do esporte. Como
critérios de exclusão, adotou a não disponibilidade integral do artigo, artigos
duplicados e publicados em outros idiomas que não sejam o português. A busca
e seleção dos artigos foram realizadas pelo autor, respeitando os critérios de
inclusão e exclusão.
A partir das buscas utilizando os descritores e palavras-chave, identificou-
-se um total de 438 resultados. Para seleção refinada dos artigos, foi analisado
primeiramente o título dos trabalhos, seguindo para o resumo. Caso estes dois
critérios fossem aceitos, aplicava-se os critérios de inclusão e exclusão para
selecionar os artigos. Para tanto, foi realizada a leitura dos artigos como passo

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


112
inicial. Em seguida, realizou-se o recorte dos artigos e resultados obtidos nestes
estudos, finalizando com a interpretação dos resultamos em busca das respostas
necessárias para elucidar a questão problema que permeia este estudo. A partir
da aplicação desses critérios, restaram apenas seis (n=6) artigos que compu-
seram o corpus deste estudo, evidenciando a incipiência de manuscritos que
abordem tal temática e contexto pesquisado.
Quanto à análise, os dados relacionados aos aspectos gerais das pes-
quisas foram expostos de forma descritiva. Para tratarmos os dados referentes
aos objetivos e resultados das pesquisas que compõem o corpus deste estudo,
utilizou-se o método da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Na primeira fase,
denominada de pré análise, realizou-se a leitura flutuante dos artigos com o
objetivo de sistematizar as ideias iniciais e estabelecer indicadores para interpre-
tação dos estudos. A segunda fase corresponde à exploração e categorização do
material. A partir da leitura aprofundada dos estudos, os dados foram agrupados
tematicamente, emergindo uma categoria de análise para discussão, intitulada
de ‘Planejamento de atividades no contexto escolar e confluências com a peda-
gogia do esporte’. Esta categoria visa estabelecer conexão entre os resultados
encontrados nos estudos descritos anteriormente a partir da prática pautada
na pedagogia do esporte. Na terceira fase realizou-se o tratamento, inferências
e interpretação dos resultados relacionados a essa categoria de análise.

RESULTADOS

Os aspectos gerais dos artigos foram sumarizados, conforme Quadro 1, o


qual possibilitou identificar o panorama das pesquisas relacionadas à temática.
Ao analisar os artigos a seguir sumarizados, nota-se que os estudos
foram produzidos em sua maioria nos últimos três anos, com predominância
de publicações no ano de 2021. Estes achados recentes demonstram o cres-
cente interesse em entender as necessidades e possíveis respostas visando o
desenvolvimento dos estudantes. Observa-se também que autores têm buscado
esclarecer questões relacionadas ao contexto escolar, seja na esfera municipal
ou estadual. Predominam entre eles as pesquisas de campo e intervenção,
visando encontrar os desdobramentos gerados a partir da prática de ensino
do futsal e futebol. Quando aos periódicos de publicação, é possível observar

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113
que a maioria é especializado em temáticas relacionadas à área da Educação
Física, esporte e afins. Por fim, evidencia-se que, dos seis artigos selecionados,
um utilizou somente da modalidade futebol, um utilizou somente da modali-
dade futsal, um abordava as concepções dos professores da rede municipal de
Cuiabá acerca dos conteúdos, dois abordavam questões relacionadas à escola
vocacionada ao esporte e, por fim, um abordava os efeitos da especialização
precoce em esportes coletivos e individuais.

Quadro 1. Artigos selecionados a partir dos critérios estabelecidos.


Nome do Artigo Autor/Ano Revista Objetivo Principais Resultados
Conteúdos de Educa- Kawashima Motrivivência Identificar como os pro- De modo geral, ao atre-
ção Física: percep- (2009) fessores de Educação lar todos os conteúdos
ções dos professores Física sistematizam os trabalhados pelos pro-
da rede conteúdos para o 1º e 2º fessores pesquisados,
ciclo do Ensino funda- temos como resultado
mental, compreendendo um trabalho sistema-
como ocorre a constru- tizado para as séries
ção deste saber em seus iniciais, com conteúdo
planejamentos. diversificado e específi-
co para cada ciclo. Mas,
individualmente, cada
professor precisa com-
plementar seu trabalho,
oferecendo outros con-
teúdos não trabalhados.
Iniciação esportiva Araújo e co- Pensar a Prá- Identificar os impactos A aprendizagem inciden-
para escolares: os la b o ra d o re s tica do Iniciação Esportiva tal foi capaz de provocar
impactos na coorde- (2021) Universal + Escola da melhorias na coordena-
nação e no desempe- Bola para a formação ção motora e no desen-
nho motor após um esportiva geral de crian- volvimento motor, com
programa de ensino ças de oito a 10 anos, grande efeito após a
no contexto de ensino intervenção e aumento
escolar, sobre o nível de chances de altera-
de coordenação motora ção das classificações
e do desenvolvimento propostas pelos testes
motor, considerando os aplicados.
efeitos tempo e sexo, e
analisar a chance de al-
teração na classificação
das variáveis.
Escola plena em Cuia- Motta e co- Anais Princi- Diferenciar os modelos Vimos que durante a
bá: práticas pedagó- la b o ra d o re s pais Do Se- educacionais presentes pandemia Covid19 os
gicas vocacionada (2021) m i ná ri o D e na escola pública na atu- profissionais tiveram que
ao esporte na escola Educação alidade e mostrar o tra- adaptarem-se com as
estadual Governador balho docente da escola. tecnologias e, de forma
José Fragelli - Arena muito rápida, adequa-
da Educação rem-se a novas formas e
modelos de aula.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


114
Nome do Artigo Autor/Ano Revista Objetivo Principais Resultados
Coordenação moto- Aburachid e Revista Brasi- Comparar o nível de O tempo de prática no
ra de praticantes de colaboradores leira de Futsal coordenação motora futebol, assim como a
futebol: um estudo (2021) e Futebol com bola de praticantes experiência competitiva
comparativo entre de futebol de distintos não foram fatores deter-
locais de prática locais de prática, con- minantes para obtenção
siderando o tempo de de maiores escores nas
prática e a experiência tarefas da coordenação
competitiva. motora com bola e, que
nos distintos locais de
prática ora a habilidade
de transportar a bola
ora a condução na linha
sobressaíram para a as-
sociação de bairro e para
a escolinha franqueada,
respectivamente, o que
indica a necessidade de
avaliação da capacidade
coordenativa com bola
como indicar do desen-
volvimento das habilida-
des esportivas.
Concepções e estra- Castro e Mon- Educação Pú- Conhecer como funcio- O modelo de ensino da
tégias pedagógicas teiro (2022) blica na o modelo de ensino referida escola exige
inovadoras: um mo- “Escola Plena” ofertado muita dedicação e em-
delo de ensino na es- na Escola Estadual Gov. penho por se tratar de
cola plena arena da José Fragelli contem- um contexto em que o
educação em Mato plando as estratégias aluno e os professores
Grosso pedagógicas, que os se dedicam integralmen-
docentes adotam para te. As práticas pedagógi-
articular os saberes da cas adotadas pelos do-
Base Nacional Comum centes contribuem para
Curricular e das moda- a qualidade na educação
lidades esportivas. e para formação integral
do estudante e a cons-
trução do seu projeto
de vida.
Especialização espor- Na s c i m e n t o Corpoconsci- Analisar as consequ- Conclui-se que a es-
tiva precoce e suas e Fernandes ência ências negativas da pecialização esportiva
consequências ne- (2023) especialização esporti- precoce não beneficia
gativas: uma revisão va precoce na vida das o desenvolvimento da
sistemática crianças através de uma criança, pode prejudicar
revisão sistemática. futuramente o treina-
mento na fase do alto
rendimento e causar o
abandono da prática
esportiva.
Fonte: Construção do autor.

Após analisados os resultados gerais dos estudos que compuseram este


trabalho, passamos às discussões da categoria de análise.

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DISCUSSÃO

Planejamento de atividades no contexto escolar e confluências com a


pedagogia do esporte

O futsal é considerado um Jogo Esportivo Coletivo (JEC) de invasão que,


mesmo com suas especificidades, possui certa proximidade com outros esportes
coletivos. Então, o praticante pode aprender e criar conexões técnicas e táti-
cas a partir do aprendizado esportivo que não sejam somente futebol e futsal.
São comuns a estes esportes a compreensão de ataque/defesa, as formas de
realização destes, bem como os gestos técnicos e específicos (BAYER, 1994;
GONZALEZ, 2004). Pensando na estruturação e melhor difusão para um con-
teúdo estruturado e padronizado, há diversas iniciativas municipais, estaduais
e nacionais em andamento após sua criação. Como resultados a este estudo,
a partir da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), se tem uma iniciativa no
estado de Mato Grosso e que visa dar suporte e embasamento curricular aos
profissionais inseridos nesta realidade. A partir desta iniciativa, os referenciais
utilizados pelos profissionais devem ser: I - Desenvolver ações inovadoras rela-
tivas ao currículo e à gestão escolar, direcionadas à melhoria da qualidade do
ensino na rede estadual de educação; II - Sistematizar, implementar e difundir o
modelo de educação integral na rede estadual de ensino; III - Oferecer atividades
que influenciem práticas inovadoras ao processo de ensino-aprendizagem, a
fim de melhorar a sua qualidade; IV - Estimular a participação da comunidade
escolar na elaboração do projeto político-pedagógico da escola; V - Ampliar a
jornada escolar, a fim de promover a formação integral e integrada do estudante;
e VI - Integrar o ensino médio à educação profissional (MATO GROSSO, 2017).
Castro e Monteiro (2022) verificaram que os docentes da escola pesquisada
faziam uso de diversas metodologias buscando melhor aprendizagem dos alu-
nos a partir do aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Ainda, constataram
a articulação entre os componentes curriculares da BNCC e do componente
esportivo. Como metodologia, utilizaram aulas teóricas, práticas, extraclasse,
realização de experimentos científicos, uso de tecnologias de comunicação e
informação, aulas de campo e o uso constante da interdisciplinaridade e da
transdisciplinaridade.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


116
Neste mesmo ambiente escolar pesquisado, Motta e colaboradores (2021)
encontraram resultados que corroboram com o exposto anterior. Os autores
destacam que a qualidade do processo de ensino aprendizagem é o foco dentro
do processo, pautados em algumas atribuições: reunir com a equipe para discutir
atividades relevantes a serem desenvolvidas; registrar no Programa de Ação
as atividades relevantes; definir e socializar, com a equipe escolar, a agenda
do professor alinhada com a agenda da escola; monitorar a agenda pessoal
pedagógica; fazer uso do PDCA1 para cumprir a tarefa institucional de forma
colaborativa e cooperativa, visando ao cumprimento do plano de ação da Escola;
planejar, desenvolver e atuar na parte diversificada do currículo, no que se refere
às disciplinas eletivas, estudo orientado e apoio aos clubes; incentivar e apoiar
as atividades de Protagonismo e Projeto de vida; atuar em atividades de tutoria
aos estudantes dando ênfase a construção do seu Projeto de vida; incentivar
o acompanhamento dos estudantes dos guias de aprendizagem disponíveis
em sala de aula; promover o nivelamento; promover o protagonismo juvenil,
tornando o estudante autônomo, solidário e competente, visando concretizar
o seu Projeto de vida.
É evidente a conexão presente entre a BNCC e o currículo desenvolvido
nesta escola que é vocacionada ao esporte. Percebe-se que o foco está no
desenvolvimento do estudante em múltiplas frentes, para que se torne um indi-
víduo com autonomia. Com enfoque similar, Kawashima (2009), ao investigar
a Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, observou que os planejamentos dos
professores das diversas modalidades presentes na escola continham compo-
nentes comuns: a manipulação de bola (agarrar, girar com a bola, saltar), jogos
pré-desportivos, iniciação desportiva (passes baixos, ombro, peito, parabólicos),
gincanas esportivas e culturais bem como competições com a participação de
todos os alunos. Ainda, verificou que havia diversificação dos conteúdos e con-
templação das dimensões do saber. Destacou também que os trabalhos eram
organizados e diversificados, complementando-se de acordo com os blocos ou
ciclos pelos quais os alunos transitam durante a vida acadêmica.

1 O Ciclo PDCA é um método de gestão de projetos que tem como objetivo promover a melhoria contínua dos
processos, produtos e serviços por meio de quatro etapas: planejar (plan), fazer (do), checar (check) e agir (act).

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117
Esta estruturação busca contemplar vivências e aprendizados contex-
tualizados e adequados aos estágios de formação e desempenho dos pra-
ticantes. Ao comparar praticantes de futebol com locais de prática distintos
(escolinhas franqueadas e associações de bairros), Aburachid e colaboradores
(2021) identificaram que ambos têm desempenho similar no que se refere à
coordenação motora. Ainda, aponta que para bom desenvolvimento dos atletas
em ambos os locais se faz necessária uma boa organização sistemática dos
conteúdos de acordo com a necessidade dos praticantes, recomendando inclu-
sive que as propostas se baseiem no ensino da técnica por meio de exercícios
coordenativos e de jogos. É necessário abordar todas as dimensões, levando
em consideração conhecimentos e habilidades advindas do praticante para que
este conhecimento seja associado ao contexto de jogo, levando em conside-
ração o contexto social e cultural, refletido no egresso do processo (GIMENO
SACRISTAN, 2000).
Porém, mesmo que de extrema importância, este planejamento sistema-
tizado não é visto dessa forma. Quando realizado, utiliza de forma descontex-
tualizada e tecnicista as partes do jogo: fundamentos, gestos técnicos táticas
e componentes físicos, esperando que a partir deste aprendizado o praticante
transfira o que aprendeu para o contexto de jogo recorrente (REVERDITO;
SCAGLIA; PAES, 2009). Sem o planejamento adequado a partir da necessidade
do praticante e estágio de desenvolvimento individual, teme-se que ocorra
o processo de especialização precoce. Nascimento e Fernandes (2023), em
sua revisão de literatura, elucidam que este processo pode gerar inúmeras
consequências negativas. Aulas e treinamentos deixam de ser um momento
de diversão e tornam-se atividades monótonas e desgastantes, prejudicando
o desenvolvimento esportivo, ou até mesmo o abandono da prática esportiva.
Nessa mesma perspectiva, resultados similares foram evidenciados por
Oliveira e Grunennvaldt (2015), em que apontam certo reducionismo nas ações
de operacionalização do esporte, em que os profissionais responsáveis pelos
treinamentos em escolinhas esportivas destacavam que certos jogadores pos-
suem dádivas não tocáveis ou que não poderiam ser alteradas externamente.
Ora, a pedagogia do esporte destaca-se justamente pelo estudo e intervenção
pelo processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento do esporte,

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


118
tendo sua aplicação e avaliação realizada de forma organizada e sistematizada
(GALATTI et al., 2014).
Portanto, planejar adequadamente as aulas e treinamentos são indis-
pensáveis visto que o futsal exige dos jogadores ações coordenadas, seja para
progredir ou recuperar a bola, dadas as situações de oposição. Então, enquanto
no ataque se busca progredir em direção à quadra adversária mantendo a
posse da bola, a defesa busca justamente o oposto, ou seja, impedir o avanço
dos jogadores adversários e da bola com foco na retomada desta (GARGANTA,
1998). Cabe ao professor, no processo de ensino, criar conexões entre as ati-
vidades e a lógica do jogo, podendo flexibilizar as regras, campo de jogo e as
características funcionais deste. Porém, deve manter a estrutura básica do jogo
em questão, pois é para ele que se ensina, para que o praticante saiba reagir a
novas situações-problema a que será exposto posteriormente.
Pois, de acordo com Garganta (1998, p. 13):

Os JDC são actividades ricas em situações imprevistas às quais


o indivíduo que joga tem que responder. O comportamento dos
jogadores é determinado pela interligação complexa de vários
factores (de natureza psíquica, física, táctica, técnica...). Nesta
medida, devem os jogadores resolver situações de jogo que, dadas
as diversas configurações, exigem uma elevada adaptabilidade,
especialmente no que respeito à dimensão táctica-cognitiva. (sic.).

Assim, o praticante deve resolver questões envolvidas em situações de


jogo, utilizando a técnica e tática quando desafiado. Necessita desenvolver
através destes pontos a autonomia, criatividade e capacidade de reflexão. Habi-
lidades e competências estas, que podem ser transferidas e utilizadas em outros
esportes coletivos, por possuírem uma mesma ou similar lógica (BAYER, 1994).

CONCLUSÃO

Durante o percurso deste estudo buscou-se analisar o atual panorama


da produção científica em relação ao futebol e futsal no ensino fundamental
de escolas municipais e estaduais de Cuiabá e Mato Grosso. Diante de tais
discussões, é possível concluir que os estudos realizados se utilizam de progra-
mas esportivos já existentes, bem como a apresentação de possíveis práticas

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pedagógicas encontradas em escolas estaduais de referência vocacionadas
para o esporte e em escolas municipais de Cuiabá. Percebe-se ainda, que os
resultados apontam para a importância da sistematização dos conteúdos, de
forma com que o planejamento vise o ensino de diversas habilidades, utili-
zando principalmente o jogo no ensino destas. Também, evidencia que caso
estas habilidades sejam trabalhadas de forma isolada ou haja um processo de
especialização precoce, o praticante tem menores ganhos ou até prejuízos no
rendimento se comparado aos que aprendem através do jogo.
Assim, vários pontos devem ser levados em consideração por profissio-
nais e gestores responsáveis pelo percurso acadêmico dos estudantes. Para
melhor rendimento esportivo e global no que tange ao desempenho corporal, é
indispensável a maior relação entre faixa etária, características dos praticantes
e metodologia de ensino. Destarte, para melhor compreensão do jogo e seus
componentes é de suma importância que a prática seja significativa e que o
praticante seja levado a pensar, resolver situações desafiadoras e que estão
presentes no jogo.
Para o embasamento profissional e construção do saber em relação ao
currículo e atuação, deve-se estimular um maior envolvimento de instituições
públicas e privadas no que se refere à quantidade de publicações que visem e
direcionem para o currículo e prática dos professores de escolas municipais de
Cuiabá e de escolas estaduais de Mato Grosso. Neste sentido, destaca-se como
limitação do estudo a baixa quantidade de artigos publicados nacionalmente sobre
o tema no contexto municipal de Cuiabá e em escolas estaduais de Mato Grosso.
Dessa forma, como proposta para futuros estudos, entende-se que a
descrição do panorama atual de publicações serve para direcionar possíveis
produções que avaliem o contexto escolar. Este estudo pode também contribuir
com a formação dos professores para que compreendam e atuem de forma
embasada no contexto da pedagogia do esporte em suas aulas.
É necessário por parte dos profissionais a busca pela maior aplicabilidade
das habilidades e conteúdos presentes nas matrizes de referência, sejam elas
municipais, estaduais ou nacionais, para que os praticantes/estudantes tenham
contato com estas situações em todo o processo educacional.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


120
Por fim, faz-se necessário que os programas de pós-graduação tema-
tizem a questão dada a sua importância e relevância para a atuação dos pro-
fissionais da área.

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Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


122
09

PERFORMANCE ESPORTIVA NO FUTEBOL


E HIDRATAÇÃO: UMA REVISÃO
NARRATIVA DE LITERATURA

Breno Araujo Nunes


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Carlos Afonso Ferreira dos Santos


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Ederson Fonseca da Cruz Filho


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Gilberto Otavio de Neto Souza Portilho


Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (UNIPLAN)

Lucas Araújo Conegundes


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Priscila de Faial Ribeiro


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Raimundo Viegas Lima Filho


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Ronan Hiroyuki Yrie


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Vanessa Moura Pereira


Universidade da Amazônia (UNAMA)

Vinicius Patrick da Silva Tavares


Universidade da Amazônia (UNAMA)

' 10.37885/231215273
RESUMO

A ciência do futebol nos mostra que existem muitos fatores que influenciam na
performance esportiva dos atletas, dentre estes temos a hidratação. A hidrata-
ção, além de proporcionar inúmeros benefícios como a manutenção da saúde
e prevenção de doenças, mostra-se primordial para atletas de performance no
futebol, promovendo a prevenção dos quadros de desidratação, manutenção
do funcionamento do sistema cardiovascular e das funções termorreguladoras
do organismo. Este trabalho, através de uma revisão narrativa de literatura,
buscou levantar estudos que evidenciassem a importância da hidratação na
performance esportiva no futebol.

Palavras-chave: Futebol, Hidratação, Performance.

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


124
INTRODUÇÃO

O futebol desfruta incontestavelmente da privilegiada posição de esporte


mais difundido e praticado no mundo, movimentando uma grande quantidade
de profissionais, dinheiro e mídia todos os anos. (DE JESUS, 2002).
A performance no futebol é vista hoje como ciência, Costa et al (2021)
comenta que a performance dos atletas varia entre momentos de agilidade,
velocidade, força, resistência e endurance. Cada vez mais profissionais tem bus-
cado entender os fatores que influenciam a performance dos atletas e buscado
basear suas atuações profissionais em evidências científicas. (COSTA et al., 2021)
A manutenção do estado de hidratação adequado nos atletas de futebol
é fundamental para manutenção da saúde e prevenção dos quadros de desidra-
tação, além de dar suporte para o funcionamento do sistema cardiovascular e
das funções termorreguladoras envolvidas na melhora do desempenho esportivo
(PETRIE et al., 2004).
O processo de desidratação é um fator associado à redução da per-
formance no exercício, à limitação da capacidade fisiológica e a redução da
força. Em níveis mais elevados, déficits hídricos acentuados podem induzir
a redução da tolerância ao calor e a capacidade da musculatura em realizar
trabalho (CASA et al., 2000).
O desempenho no futebol é prejudicado quando o indivíduo se encontra
desidratado a 2% do seu peso corporal e que, se essa perda aumenta para 5%,
pode diminuir a capacidade de trabalho em cerca de 30%. A função cognitiva é
um aspecto importante nos jogos coletivos, tais como o futebol, e é prejudicada
quando a desidratação e a hipertermia estão presentes (MONTEIRO et al., 2003).
A indicação do nível de desidratação pode ser obtida através da pesagem
antes e após treinamento e/ou competição, porém a quantidade de informação
a respeito da perda de peso (suor) do jogador de futebol durante o treinamento
e a competição é limitada. Alguns estudos reportam que a perda de líquidos
através do suor durante uma partida de futebol varia de 1 a 3,5 litros. (MON-
TEIRO et al., 2003).
Este trabalho, através de uma revisão narrativa de literatura, levanta ques-
tões pertinentes sobre a hidratação no futebol, buscando auxiliar o Profissional

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125
de Educação Física em sua intervenção profissional para se atingir a perfor-
mance no futebol.

DESENVOLVIMENTO

Hidratação no Esporte

Hidratação é o ato de regular a quantidade certa de água que o corpo


precisa para sobreviver (MAUGHAN et al., 1999). Mais de 70% da massa corporal
é água, que precisa de uma constante reposição, suficiente para a regulação
correta do corpo (AMABIS e MARTHO et al., 1997). Uma das principais funções
da água é o mantimento da temperatura corporal interna e externa constante,
trabalhando na produção e dissipação (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005; MORAIS
et al., 2007) mantendo a pressão arterial e função cardiovascular sempre regu-
ladas. (WILMORE; COSTILL et al., 2007).
Dentro da temática de hidratação no esporte, é importante conhecermos
duas vertentes: 1)A hipoidratação, onde à uma baixa quantidade de água e
eletrólitos ingeridas na prática esportiva cuja o gasto de água é alto; e 2)A hipe-
ridratação onde a quantidade ingerida de água é além da quantidade dissipada
pelo corpo (HERNANDEZ; NAHAS et al., 2009). Ao praticar esportes o corpo
perde líquido onde influencia diretamente no funcionamento corporal do atleta
e no seu rendimento, sendo assim, a hidratação na prática esportiva permite
uma diminuição na taxa de hipertermia (elevação da temperatura corporal)
sempre repondo o líquido que o corpo está dissipando evitando o desgaste
e influenciando diretamente no rendimento do atleta (GUERRA, et al., 2004).
Durante a prática esportiva o atleta precisa estar se reidratando de acordo
com o que perde na sudorese (Suor). (LETIERI; et al., 2012)
Nos esportes de modo geral, é recomendado que o atleta faça o con-
sumo de água e repositores hidroeletrolíticos com carboidratos, pois algumas
atividades proporcionam redução rápida da reserva do glicogênio muscular e
o consumo dos repositores mantém os níveis glicêmicos, além de acumular o
glicogênio muscular e atrasar os sintomas da fadiga (GUTTIERRES, 2011).
A nutrição pode ter grande impacto no desempenho no futebol (KIR-
KENDALL, 2007). O aumento da sudorese, sem reposição adequada dessa

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


126
perda hídrica, pode resultar em desidratação e perda de eletrólitos (MAUGHAN
et al., 2004; MORAIS et al., 2007). Em especial em práticas esportivas de caráter
intermitente, aeróbia, de intensidade variável e de longa duração a exemplo do
futebol. (MORAIS et al., 2007).

Hidratação pré, durante e após o exercício

Técnicos e atletas necessitam ser educados quanto à questão da hidra-


tação para prevenção de efeitos prejudiciais à saúde e no desempenho, pois a
manutenção do balanço hídrico nos momentos antes, durante e após o exer-
cício é um fator determinante para o desempenho esportivo (NICASTRO et al.
2008). Galloway (1999) fala que a hidratação é um fator importante que deve
ser considerado antes, durante e depois do exercício. A hidratação antes do
início do exercício e durante o mesmo melhora o desempenho, principalmente
se o líquido a ser consumido contém carboidrato. (MAUGHAN; LEIPER, 1999).
A U.S. Soccer Federation (2006), recomenda um volume de líquido para
jovens jogadores de 12-16 oz., ou seja, aproximadamente 350-450 ml, 30 minutos
antes do início das partidas.
É indicado que o jogador comece sua partida ou jogo, em ótimo estado
de hidratação, para isso, deve ingerir 250-500 ml de água duas horas antes
do exercício. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 2009)
Em relação a hidratação durante prática, a desidratação durante o exer-
cício físico prejudica a capacidade de distribuição do fluxo sanguíneo para as
regiões onde há maior necessidade e, consequentemente, o desempenho do
atleta durante a prática pode ficar diminuído (LETIERI et al., 2012).
Durante o exercício, os jogadores dissipam o calor, sendo que nos
ambientes quentes, a evaporação é responsável por mais de 80% da perda
metabólica de calor.
Durante a prática, deve iniciar a ingestão nos primeiros 15 minutos e dar
continuidade a cada 15 a 20 minutos, sendo que a quantidade é determinada
conforme a taxa de sudorese eliminada, o que varia entre 500 e 2000 ml/hora.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 2009)
Caso a determinada sequência de atividades durarem mais de uma hora,
ou mesmo dure menos, porém tenha grande intensidade, o atleta deverá repor

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carboidrato com uma quantidade de 30 a 60 g/hora e sódio de 0,5-0,7 g/l, a
bebida que possuir esses componentes deverá estar com uma temperatura
de 15 a 22ºC e deve conter o sabor com a preferência do atleta. (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 2009)
Em relação a hidratação pós-exercício, a ingestão de água neste período
resulta em rápida queda da concentração de sódio e na osmolalidade do plasma,
reduzindo o estímulo para beber e estimulando a eliminação de líquidos via urina,
ambos fatores que interferem no processo de reidratação. (MAUGHAN, 2000)
As bebidas alcoólicas, assim como aquelas contendo cafeína, devem
ser evitadas nesse período de reidratação, já que estas substâncias têm ação
diurética (MAUGHAN, 2000; MURRAY, 1998).

Desidratação e seus efeitos

A consequência direta de uma desidratação combinada com o estresse


por calor é um rendimento físico diminuído, podendo haver um aumento dos
riscos de exaustão, fadiga e choques térmicos, coma e até morte (MORAIS et al.,
2007; WILMORE et al., 2007; HERNANDEZ et al., 2009). O risco de enfermidade
induzida pelo calor aumenta muito quando alguém começa a exercitar-se em
um estado desidratado (MCARDLE et al., 2008).
Em atletas de provas de longa duração, o mecanismo de desidra-
tação se dá principalmente pela perda de suor, que pode chegar a ser de
até dois litros/hora, sendo que fatores como as condições ambientais,
condicionamento físico, aclimatação, grau de intensidade de esforço e
tempo de exposição influenciam o volume da perda. Principalmente,
mas não somente, as atividades de longa duração em climas quentes
expõem o indivíduo às doenças relacionadas com o calor, sendo importante
o diagnóstico do estado de hidratação nesse contexto. (LOPEZ; CASA, 2009)
O grau de desidratação pode ser determinado pela massa corpo- ral
verificada imediatamente antes e após a atividade física, sendo a perda de cada
0,5kg correspondente a aproximadamente 480-500ml de líquido (GUYTON,
2002). A partir de certo ponto, a desidratação, que espolia os compartimentos
intracelular e extracelular, acarreta diminuição do fluxo sanguíneo periférico

Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


128
e do ritmo da transpiração, podendo mesmo interromper a dissipação do
calor. (SAWKA, 1992).
Sabe-se que a desidratação representada por 2% da perda de peso
corporal prejudica a performance. Enquanto perdas de apenas 1% do peso
corporal é capaz elevar a temperatura central durante o exercício segundo a
National Athletic Trainers’s Association – NATA (2000). Desta forma, é impor-
tante preservar o estado de homeostase hídrica do jovem jogador de modo que
não supere os 2% de desidratação.

Monitoramento de Hidratação

Normalmente jogadores de futebol não repõem os líquidos adequada-


mente (SHIRREFFS et al.,2005). O American Academy of Pediatrics (2000),
falam que adolescentes que realizam exercícios regularmente não fazem a
recomposição de água e eletrólitos corretamente, o que pode levar a um per-
manente estado hipoidratado.
Um acompanhamento diário é o melhor recurso usado para garantir que
todos os jovens atletas de futebol realizem treinos mais intensos e frequentes.
Isto se torna especialmente importante em um público infanto-juvenil subme-
tido a um treinamento sistematizado. As realizações de hidratação podem ser
calculadas através da diferença de massa corporal pré e pós-exercício. A massa
corporal é um marcador, mas importante e suficientemente estável para monitorar
o equilíbrio hídrico diário, considerando que a cada 1ml de água corresponde
a 1g perdida no corpo (CHEVROUNT SN, SAWKA 2006).
O monitoramento do estado de hidratação através da urina e sede é de
grande utilidade. Os pais dos atletas podem ir educando seus filhos desde a
menor idade a um ritual de verificação da cor da primeira urina da manhã. A urina
de cor escura está associada a níveis precários de hidratação, assim como a
sensação de sede muito intensa (CHEVROUNT; SAWKA, 2006).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da revisão narrativa de literatura mostrada neste trabalho podemos


concluir que a hidratação na prática do futebol se mostra como fundamental

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129
para alcance da performance no mesmo, promovendo prevenção dos quadros
de desidratação, manutenção do funcionamento do sistema cardiovascular e
das funções termorreguladoras do organismo.
Portanto, recomenda-se o monitoramento da hidratação dos atletas
pré, durante e após a prática do futebol, devendo o profissional prescrever
corretamente a reposição hídrica de acordo com a sudorese e perda de peso
de cada atleta. Os isotônicos são considerados uma excelente opção para esta
reposição e ganho energético.

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Ciências do Esporte e Educação Física: contribuições contemporâneas em pesquisa


132
SOBRE OS ORGANIZADORES
Rogério de Melo Grillo
Pós-Doutor em Educação Científica e Tecnológica pela Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC (2020-2022). Doutor em Educação Física pela Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP (2018). Mestre em Educação pela Universidade
São Francisco (2012), campus Itatiba/SP. Licenciado e Bacharel em Educação
Física (2005) e Especialista em Educação Física Escolar (2007) pelo Centro
Universitário Claretiano de Batatais/SP. Graduado em Pedagogia pela FAFIBE
(MG). É pesquisador na Universidade Federal do Ceará, sendo coordenador
de pesquisa do Centro de Estudo sobre Ludicidade e Lazer (CELULA - UFC);
na UFSC, sendo membro do GEPROFEM. É membro da “The Association for
the Study of Play (TASP)”. Fez estágio doutoral (Edital Cooperação Mundial) na
Universidad de Buenos Aires (UBA) - Argentina, sob a orientação da profa. Dra.
Carolina Duek (UBA/Conicet). É membro titular do Conselho Editorial da Editora
Científica e da Brazilian Journal of Policy and Development. Vice-presidente da
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE XADREZ ESCOLAR - CBXE. Tem 20 anos de
experiência na Educação Básica, atuando nas funções de professor, coordenador,
diretor e consultor pedagógico; e 10 no Ensino Superior, na função de professor
e pesquisador. Realiza pesquisas na área da Educação e da Epistemologia, com
ênfase em: Teorias sobre Jogo, Lúdico e Cultura Lúdica; Didática e comportamento
lúdico; Inclusão e Teoria Histórico-Cultural.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3406955208027254

Gilson Santos Rodrigues


Formado Bacharel (2014), Licenciado (2015) e Mestre (2018) pela Faculdade
de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas | FEF-Unicamp, e
especialista Lato Sensu (2022) em “Processos didáticos-pedagógicos para cursos
na modalidade a distância” pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo |
Univesp. Atualmente é professor do Magistério Secundário Técnico (2022-2023)
no Cotuca | Colégio Técnico de Campinas - Unicamp e estudante de doutorado
(2019-2023) na FEF-Unicamp. Tem experiências nas áreas da Educação Física e
Arte-Educação atuando como professor, pesquisador e arte-educador circense.
É membro do Grupo de Pesquisa em Circo - CIRCUS. Desenvolve pesquisas na
área da Educação Física com ênfase na Educação Física, Circo e Jogo, atuando
principalmente com os seguintes temas: Pedagogias do Circo, Jogo e Cultura
Lúdica, Educação Física Escolar e Tecnologias Educacionais. Tem as pesquisas
fundamentadas principalmente na Fenomenologia, Pedagogia e Sociologia da
Educação.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5381606413420083

Marcelo Vicentin
Professor substituto do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal
da Fronteira Sul, campus Chapecó (2022-); Professor Colaborador do Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp (2020-). Pós-Doutor em
Educação (2022), Doutor em Educação (2018) e Mestre em Educação (2013) pela
Universidade São Francisco (USF) Especialista em Mídias na Educação (2012) pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Bacharel em Comunicação Social-
Cinema (1995) pela Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP), Licenciado em
Língua Portuguesa pela Faculdades Integradas Teresa Martin (2003); Licenciado
em Pedagogia pela Universidade de Jaguariúna (2020). Pesquisador junto aos
grupos Phala (Pesquisa em Educação, Linguagem e Práticas Culturais), Transversal
e GPEFE (Estudos Foucaultianos e Educação), com enfoque em discussões que
atravessam temas associados à educação: currículo e políticas públicas; à arte:
cinema; subjetivação; práticas culturais e filosofia contemporânea. Editor da Revista
Linha Mestra (2023-). Atuação como professor no curso de Licenciatura da UFFS
nos CCRs de Didática, Políticas Públicas e Arte; no programa Lato Sensu da
Faculdade Zumbi dos Palmares (2018) nas disciplinas Didática, Metodologia do
Ensino e da Pesquisa, e A Imagem do Negro nos Meios de Comunicação; Professor
de Língua Portuguesa no Colégio Objetivo (2009-2014) e na Rede Estadual de
São Paulo (2006-2018), para o EF2, EM e EJA.O mestrado problematizou relações
curriculares e o uso da linguagem cinematográfica no espaço escolar. O doutorado
discutiu as relações entre o campo educacional e a governamentalidade neoliberal,
contemplando conflitos com o mundo escolar. O Pós-doutorado envolveu a nova
agenda educacional brasileira e a produção de subjetividade.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7624558088673225
ÍNDICE M
Materialismo Histórico Dialético: 23

REMISSIVO Mulheres: 38, 39, 46, 48, 49, 54, 64, 73, 74, 75, 77,
78, 79, 80, 82, 85, 86, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95,
96, 97, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108
A
O
Abordagem Crítico Superadora: 23
Obesidade: 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 49, 50,
C 51, 52, 53, 54, 89, 100
Carga Baixa: 56, 63, 64 P
Cirurgia Bariátrica: 38, 39, 40, 41, 43, 44, 45, 46, Performance: 18, 19, 20, 21, 68, 123, 124, 125, 126,
49, 50, 51, 52, 53, 54 129, 130, 131
E Postural Balance: 9, 21
Educação Física: 8, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, T
29, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 37, 53, 68, 92, 93, 103,
104, 110, 112, 114, 121, 122, 126 Taekwondo: 9, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 21
Educação Física: 8, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, Teoria Histórico-Cultural: 23, 25, 30, 32, 36
29, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 37, 53, 68, 92, 93, 103, Trampoline Gymnastics: 9
104, 110, 112, 114, 121, 122, 126
Treinamento Resistido: 55, 56, 57, 58, 59, 60,
Escolas: 110, 111, 112, 119, 120, 122 61, 62, 63, 64, 65, 66, 70
Exercício: 12, 14, 16, 17, 56, 57, 59, 61, 62, 64, 66,
80, 81, 82, 88, 89, 92, 94, 95, 97, 99, 100, 103, 105,
106, 108, 125, 127, 128, 129, 131, 132

F
Futebol: 11, 15, 21, 92, 94, 103, 105, 109, 110, 111, 112,
113, 114, 115, 116, 118, 119, 121, 122, 123, 124, 125, 126,
127, 129, 130, 131
Futsal: 15, 19, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116,
119, 121

G
Gravidez: 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80, 83, 84

H
Hidratação: 81, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129,
130, 131
Hipertrofia: 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64,
65, 66, 67, 68, 69, 70

I
Imagem Corporal: 38, 39, 40, 41, 46, 47, 48, 49,
50, 51, 52, 53, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 82,
83, 84, 85
Imagem Corporal: 38, 39, 40, 41, 46, 47, 48, 49,
50, 51, 52, 53, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 82,
83, 84, 85
Incontinência Urinária: 87, 88, 89, 90, 93, 96,
97, 98, 99, 100, 101, 104, 107, 108
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