Metataxes por inversão: Cleno dos Santos Vieira
Metataxes referem-se às figuras que afetam a estrutura frásica do discurso. (desvios de ordem
sintática)
Hipérbato (por imese, anástrofe, prolepse)
Hipérbato - recurso estilístico que consiste na inversão da ordem habitual das palavras de um
período (exemplo: Enfrenta ele triste situação), quando na ordem convencional essa construção
deveria ser da seguinte forma: Ele enfrenta situação triste. Observação: Nem toda construção inversa
pode ser considerada hipérbato, pois se não houver nexo (sentido) ocorre apenas um embaralhamento
de palavras (exemplo: Triste enfrenta ele situação). Colocar uma imagem tratando do exemplo:
A ordem direta do nosso hino é “das margens plácidas do Ipiranga ouviram um brado
retumbante de um povo heroico.”
O hipérbato pode ser causado pela imese, que é dada pela inserção de um elemento estranho
entre dois componentes estruturalmente inseparáveis:
“Dar-te-ei, senhor, ilustre relação”, (Camões, Luís, 1, 64)
ou pela anástrofe (anteposição do determinante ao determinado):
“Ai! tu virias comigo
Sonhar das veigas no abrigo,
Das folhas verdes no leito”,
(Fagundes Varela)
ou pela prolepse (antecipação enfática de um termo da oração):
“Prima Justina creio que se levantou e foi ter com ela”.
(Machado de Assis)
Exemplos de anástrofe:
Ao filho, a mãe deu um sorvete.
Para todos os familiares mandou lembranças.
Que faço eu com essa indecisão minha? Correto, eu acho que é!
Prolepse é a resposta antecipada a uma objecção) que designa uma figura retórica que consiste na
antecipação gramatical de palavras pertencentes a um sintagma posterior da frase, de forma a realçá-
lo, como se observa no exemplo: «E estas calças, veja em que estado deixou estas calças…» (José
Saramago, Todos os Nomes, 7ª ed., Caminho, Lisboa, 1998, 145).
A inversão pode ser causada também pelo quiasmo ou quiasma – Apesar do nome estranho e
sinônimo de patologia (doença) trata-se de mais uma figura de linguagem que implica trocar a ordem
dos elementos de uma oração/frase realizando uma simetria cruzada, repetindo frases ou termos, mas
de forma simétrica. Podendo provocar uma nova significação na expressão com o intuito de reforçar
uma ideia. Exemplos: “Quando faço por me lembrar, não me lembro, mas às vezes lembro-me sem
fazer por isso”. No exemplo vemos que há uma troca/ inversão na ordem frásica: o que reforça o
quiasma é que, se a pessoa fizer um esforço para se lembrar de alguma coisa, não se consegue
lembrar. Mas, no entanto, às vezes, a lembrança aparece na sua mente, embora não estando a fazer
qualquer esforço nesse sentido. Como consequência temos a realização de outras figuras de
linguagem como antítese e paralelismo: Exemplo: “vou sempre ao cinema, ao teatro não vou nunca;
meu filho abraçou-me carinhosamente, carinhosamente o abracei.”
Foram incluídos no estudo do nível sintático algumas figuras de estilo que, mesmo não sendo
verdadeiras figuras de linguagem, põem em evidencia a estrutura retórica de uma frase ou de um
período;
A interrogação pode ser utilizada como uma dessas figuras retóricas quando seu uso não está
estritamente ligado a uma dúvida ou provocar uma resposta, e sim tendo a finalidade de expressar
diferentes sentimentos que adentram o espirito do enunciante: indignação, dor, medo etc.:
“Senhor Jesus! O século está podre;
Onde é que vou buscar poesia?”
(Jorge de Lima)
“Onde é que vamos parar com tanta violência?”
“Como podemos viver com tanta insegurança?”
Diferente de perguntas como: Que horas são?
Você gosta de canjica?
Onde fica a avenida Beira Mar?
Diferentemente do sinal gráfico apóstrofo a apóstrofe é uma figura de linguagem/pensamento usada
para dar ênfase ao texto. Geralmente é acompanhada de exclamação (que pode ser considerada em
alguns casos, outra figura retórica), faz menção direta aos elementos do mundo real ou imaginário, a
seres animados ou inanimados, ou a si próprio, para expressar uma emoção viva e profunda que de
repente invade o espirito do narrador:
“Ó formas vagas, nebulosidades!
Essência das eternas virgindades!
Ó intensas quimeras do desejo!”
(Cruz e Souza)
Assim podemos ver o uso dessa figura retórica em um verso de um poema de minha coautoria
Senhora Saudade:
“Quando ouço o grito da saudade
Lembro-me de você
O coração se angustia no sentido de te ver”!
(Cleno Vieira, Janiele de Oliveira)
Do grego (epiphonema, juízo final) epifonema, dos recursos retóricos é o mais enfático, pois procura
simplesmente através de forma exclamativa iniciar ou finalizar uma narrativa e/ou discurso:
“Tanta veneração aos país se deve”
(Camões, Luís, III, 33)
A hipotipose é figura de retórica que procura uma a descrição viva e animada de um
acontecimento, de um objeto ou de uma realidade, de forma a apresentá-lo ao leitor como se fosse
visível, como se fosse uma imagem pictórica ou uma cena de teatro, um quadro. O poema Família de
Carlos Drummond de Andrade, pela ausência de verbos de oração principal, oferece uma impressão
de plasticidade:
Percebe-se que Drummond de Andrade buscou do início ao fim do poema descrever
os personagens caracterizando-os de forma reta e clara.
Referencias:
Forma e sentido no texto literário. SALVATORE, D’Onofro.
dicionarioinformal.com.br
Imagens retiradas da internet (Google)
https://www.todamateria.com.br/figuras-de-linguagem/
Brasões para serem usados no primeiro slide se precisar: